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ALVES 2005 - LCFIS_7859_1276288519

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X V I S I M P Ó S I O N A C I O N A L D E EN S I N O D E F Í S I C A 1 
 
A IMPORTÂNCIA DE AULAS EXPERIMENTAIS NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM EM FÍSICA: “ELETRICIDADE”. 
Vagner Camarini Alvesa [vcalves@unoeste.br] 
Marilei Stachaka [vcalves@apecnt.unoeste.br] 
 
a Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE – Presidente Prudente / SP 
 
RESUMO 
Neste trabalho é discutido o ensino experimental nas escolas de ensino médio, 
examinando as contribuições teóricas no ensino-aprendizagem de física, o que é a 
própria natureza do conhecimento em Física. A proposta foi aplicada em escolas 
públicas na cidade de Palmas-To, como ferramenta de apoio no ensino experimental de 
Física, na tentativa de despertar o interesse dos alunos do Ensino Médio. Como 
sustentação da proposta foi realizado um levantamento diagnóstico, prévio, para 
determinar o nível de conhecimento espontâneo dos alunos em relação ao conteúdo a 
ser trabalhado. O trabalho se desenvolveu com as turmas do terceiro ano do Ensino 
Médio. O diagnóstico comprovou que os alunos apresentavam deficiências tais como: 
desinteresse, baixo-estima, dificuldades em compreender a Física e relacioná-la com as 
atividades de seu cotidiano. Na tentativa de melhorar esta situação, propôs-se para os 
mesmos, realizarem uma pesquisa em grupo sobre temas de Eletricidade, onde cada 
grupo desenvolveu seu trabalho, fundamentado em atividades experimentais, 
pesquisando em livros, revistas, jornais e, principalmente, nas atividades do seu dia-a-
dia onde achavam que a Física mais estava presente. Além da pesquisa em grupo os 
alunos construíram vários experimentos proporcionando aulas práticas com materiais de 
baixo custo. Com isso encontraram mais facilidade em sanar suas dúvidas e reconhecer 
a física como uma ciência importante e necessária no desenvolvimento científico e 
tecnológico do homem. 
INTRODUÇÃO 
É comum nas escolas de Ensino Médio nos depararmos com professores de física 
enfrentando grandes dificuldades em construir o conhecimento junto com seus alunos de maneira 
prazerosa, contextualizada e funcional. Tradicionalmente a física é vista pelos professores como 
uma disciplina difícil de ser ensinada e com isso os alunos apresentam desinteresse e dificuldades 
de aprendizagem dos conteúdos. A sociedade hoje se nega a aceitar um procedimento com aulas 
exclusivamente expositivas e exigem do professor aulas dinâmicas e criativas que despertem o 
interesse dos educandos. 
O ato de experimentar no ensino de Física é de fundamental importância no processo 
ensino-aprendizagem e tem sido enfatizado por muitos autores. Esta ênfase por um ensino 
experimental adicionam-se importantes contribuições da teoria da aprendizagem em busca da 
contribuição do conhecimento. 
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Atualmente, o ensino é visto como um objeto abstrato, longe da realidade dos alunos, o qual 
gera um desinteresse total pelo trabalho escolar. Os alunos preocupam-se apenas com a nota e com 
a promoção, os assuntos estudados são logo esquecidos e aumentam os problemas de disciplina. 
Isso agrava também aos professores refletindo-se diretamente no aumento da problemática que se 
enfrenta no ensino médio. Alunos cada vez mais desinteressados estão bloqueados, o raciocínio 
lógico não foi desenvolvido de uma maneira satisfatória, e aí o problema se agrava. 
O presente trabalho trata-se de uma proposta, procura experimentos que despertem o 
interesse e a atenção ao fenômeno e a explanação do professor, para minimizar os problemas 
enfrentados nas escolas de ensino médio, por professores e alunos no processo ensino-
aprendizagem de Física. 
TEORIAS DA APRENDIZAGEM E A EXPERIMENTAÇÃO 
 O desenvolvimento intelectual da criança e seus estágios da construção do conhecimento e 
da aprendizagem definidos por Piaget (1982), tornaram-se conhecido no ensino de física não 
estrutura a diferença entre as operações concretas e operações formais, e a importância da teoria de 
Piaget no processo ensino-aprendizagem em Física. 
Diante disto, justifica-se a experimentação no ensino de Física como ferramenta auxiliar ao 
processo ensino-aprendizagem ou como sendo o próprio processo da construção do conhecimento 
científico, na contribuição positiva no processo de formação do cidadão. 
A experimentação em si, dissociada de uma estratégia de ensino mais abrangente, não é 
suficiente que o aluno apenas manipule “coisas”, isto seria uma apenas contribuição ao seu 
desenvolvimento intelectual. Por outro lado, tais contribuições não devem ser superestimadas e nem 
subestimada demasiadamente e sim associada a uma boa didática, antes da construção do 
conhecimento científico, propiciando que os alunos aprofundem seus conhecimentos em física e 
estimulem a buscar soluções. 
Como nem sempre os experimentos confirmam uma hipótese na forma de generalização ou 
lei, em muitas escolas não existem laboratórios específicos para o ensino de Física, o que aumentam 
as possibilidades de um experimento não atingir seus objetivos, então, cabe ao professor encontrar 
atividades que limitam a demostrar aos alunos, fenômenos com a finalidade de motiva-los e ilustrar 
sua exposição e buscar alternativas para desenvolver as habilidades e competências. 
PROPOSTA 
Com uma pesquisa realizada durante um ano letivo observou-se que a carência maior era nas 
duas turmas da terceira série do ensino médio do período noturno, onde o percentual de reprovação 
chegava a noventa e três pôr cento (93 %) em cada turma. Viram-se daí a urgência de realizar um 
trabalho diferenciado nas duas séries com a finalidade de resgatar o interesse e a motivação dos 
alunos em aprender física. 
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Em virtude das grandes dificuldades apresentadas pelos alunos nas duas turmas de terceiro 
ano do ensino médio, desenvolveu-se um trabalho diferenciado para com as turmas. 
Acreditando-se que a física tem grande ligação aos procedimentos e práticas experimentais, 
procurou-se desenvolver com os alunos um trabalho envolvendo experimentos de física ligados ao 
cotidiano de cada aluno. O trabalho desenvolveu-se em três etapas no decorrer dos quatro 
bimestres: pesquisa feita com os alunos em forma de questionários, pesquisas e experimentos feitos 
pelos grupos de alunos, explanação das pesquisas e experimentos realizados pelos alunos. 
É importante que o professor insista na idéia de que a ciência é muito mais que mera 
descrição dos fenômenos observados. É uma tentativa de descobrir a ordem e a relação entre os 
diversos fenômenos. O estudante deve estar ciente de que o progresso do conhecimento científico 
depende da organização das informações e da procura das regularidades ocorridas. 
No primeiro momento aplicou-se nos alunos uma pesquisa a fim de fazer uma análise 
melhor do grau de deficiência que eles apresentavam e também para se fazer uma comparação da 
situação ates e depois do trabalho. 
Em seguida, no decorrer de cada bimestre foram selecionadas algumas questões do conteúdo 
programático de física do terceiro ano e levando-os para a sala de aula fez-se uma breve introdução 
sobre o que cada tema se tratava. As aulas decorriam fazendo-se uma discussão sobre cada questão, 
sem comentar as fórmulas – que era o “terror” dos alunos. Ao final de cada aula, as quais eram duas 
aulas geminadas por semana os alunos levavam para suas casas questões sobre um determinado 
conteúdo para pesquisarem onde o conteúdo estava presente em suas atividades diárias. As 
pesquisas eram trazidas, demonstradas e discutidas com todos os alunos na aula seguinte. 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
No decorrer do primeiro bimestre já pode-se observar uma pequena, porém significativa 
mudança de comportamento com relação a maioria dos alunos, a baixa freqüência sereduziu e a 
participação dos alunos aumentou durante o período em que as aulas foram ministradas com 
atividades experimentais, manuseando equipamentos elétricos. 
Com as pesquisas realizadas no segundo bimestre observou-se que os próprios grupos 
entravam em debates sobre os experimentos e já conseguiam relacioná-los com várias atividades 
que estavam costumados a fazer no seu dia-a-dia, com isso iam familiarizando-se cada vez mais 
com a física. Muitos grupos não tiveram dificuldade alguma para montar o experimento e até 
enriqueciam suas pesquisas com experiências vividas no cotidiano. 
Durante as pesquisas e atividades experimentais explanadas no terceiro e quarto bimestre, 
procurou-se colocar o aluno na condição de “ator”, permitindo que ele construísse seu material 
experimental – construção de motores, eletroimãs, circuitos simples, etc. –, realizasse seus 
experimentos, elaborasse e testasse suas hipóteses. As atividades foram planejadas de forma que o 
aluno dispusesse de autonomia na busca de respostas e soluções. Nesse período os grupos 
expuseram suas pesquisas, demonstraram e montaram seus experimentos dando abertura a grandes 
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debates e discussões com a classe durante as explanações das pesquisas. Ao final de cada 
apresentação o grupo aplicava à classe atividades referentes ao experimento e à pesquisa. 
CONCLUSÃO 
No decorrer desse trabalho observou-se nos alunos um grande interesse em participar de 
praticamente todas as atividades desenvolvidas. No inicio percebia-se um pouco de “medo” nos 
alunos no momento de tomar as iniciativas de apresentarem para seus colegas suas pesquisas e seus 
experimentos mas durante o processo a maioria dos alunos foi familiarizando-se com a disciplina, 
demonstrando curiosidade em aprender o conteúdo sem se preocupar com as fórmulas matemáticas. 
Conclui-se então que este trabalho foi de grande valia para a maioria dos alunos das duas 
turmas, pois, obteve-se um resultado positivo e significativo, que pode-se observar no rendimento e 
participação dos alunos durante as aulas. Com esta metodologia utilizada resgatou-se nos alunos a 
motivação, o interesse e acima de tudo a auto-estima de cada um pois enquanto iam desenvolvendo 
suas práticas e seus experimentos grande parte dos alunos descobriram que a Física está presente 
nas principais atividades que eles costumam fazer no dia-a-dia, e que as fórmulas de que tanto 
tinham medo e receio também faz parte de cada atividade. Assim, sem dificuldades, pode-se 
trabalhar com os alunos exercícios envolvendo várias fórmulas, pois eles mesmos criavam situações 
problemas em que as fórmulas matemáticas eram indispensáveis. 
Espera-se, que este trabalho sirva de auxílio aos professores que enfrentam dificuldades em 
trabalhar a física de forma dinâmica e ligada a vida dos educandos. 
BIBLIOGRAFIA 
ALVARENGA, Jenner Procópio de et al. Ciências Integradas. v.4. Belo Horizonte: Dimensão. 
2000. 
FROTA, P. R. de O.; ALVES, V. C. Conversando com quem ensina, mas pretende ensinar 
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FERNANDES, Napoleão Lima; CARVALHO, Odair B. Estudando a Energia. 2.ed. São 
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KRASILCHIK, Myrian. Uma visão panorâmica do ensino de ciências nas escolas. Revista 
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LUZ, Antonio Máximo Ribeiro da; ÁLVARES, Beatriz Alvarenga. Física. 1.ed. São 
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PCN – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.

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