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Think PINC Acre Report - Portuguese (2)

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Prévia do material em texto

PENSE PINC ACRE
Transição para o 
desenvolvimento 
sustentável no 
Acre, Brasil 
através de 
Investimento 
Proativo em 
Capital Natural
(PINC)
Um estudo piloto do Global Canopy Programme
Março 2013
Autores
Nick Oakes, Luis Meneses, Andrew Mitchell 
Global Canopy Programme 
Mais informações:
www.globalcanopy.org/thinkpincacre 
n.oakes@globalcanopy.org
Agradecimentos
A autorização para este relatório foi dada ao GCP pelo Governo 
do Acre. O GCP é grato ao governo por seu apoio contínuo 
e, particularmente, aos participantes das reuniões em Rio 
Branco pelos dados e críticas continuadas dos resultados: 
Eufran Amaral (Presidente do Instituto de Mudanças 
Climáticas), Prof. José Fernandes do Rego (Secretário de 
Articulação Institucional), Prof. Edegard de Deus (Secretário 
de Meio Ambiente), Luiz Augusto Mesquita (Presidente 
da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre), Edivaldo 
Pinheiro Andrade (Coordenador de Programa da Secretaria de 
Assistência Técnica, Extensão Rural e Agricultura Familiar), 
Magaly Medeiros (Secretária Adjunta de Meio Ambiente), 
Fabio Vaz (Secretário Adjunto de Desenvolvimento Florestal, 
da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis).
O GCP agradece a Vivid Economics pela produção do 
modelo de fluxo de caixa. Também agradece ao WWF-Reino 
Unido pelo apoio financeiro para a Valoração dos Serviços 
Ecossistêmicos do Estado do Acre e ao Instituto Internacional 
para Sustentabilidade (IIS) pela elaboração do respectivo 
estudo. O GCP gostaria de agradecer também a João Paulo 
Santos Mastrangelo e Tony John de Oliveira por seu trabalho 
de coleta de dados subjacentes que respaldam a análise de 
fluxo de caixa. O GCP é grato aos participantes do Forest 
Finance Lab: John Ward, Thomas Kansy, Edward Davey, 
Simon Petley, Stuart Clenaghan, Sue Charman, Padraig 
Oliver, John Hudson, Zaid Hassan; e a Peter Carter e James 
Ranaivoson (Banco Europeu de Investimento), Juan Jose 
Dada (International Finance Corporation) e Christian del 
Valle (Althelia Ecosphere) pelas críticas informais ao conceito 
do projeto.
Um agradecimento especial a Matthew Cranford pela revisão 
detalhada deste relatório e a Christina MacFarquhar e 
Georgina Lea pelo design e publicação.
Este relatório foi possível graças ao generoso apoio da 
Fundação Prince Albert II de Monaco e Climate and 
Development Knowledge Network (CDKN).
Citation
Oakes, N., Meneses-Filho, L., Mitchell, A., (2013). Think 
PINC Acre: Transição para o desenvolvimento sustentável 
no Acre, Brasil, através do investimento proativo em 
capital natural Global Canopy Programme: Oxford, UK.
© Global Canopy Programme, 2013
23 Park End Street, Oxford OX1 1HU, United Kingdom
The Global Canopy Programme é entidade 
filantrópica registrada.
Número de registro de entidade filantrópica: 1089110 
Número de registro de empresa: 4293417
Isenção de responsabilidade
Este documento resulta de um projeto fnanciando pelo Department for 
International Development (DFID - Departamento para o Desenvolvimento 
Internacional) do Reino Unido e a Directorate-General for International 
Cooperation dos Países Baixos (DGIS - Diretoria-Geral para Cooperação 
Internacional) para o benefício dos países em desenvolvimento. No entanto, 
as opiniões expressas e as informações contidas não são necessariamente do 
DFID ou DGIS ou por eles endossadas; estes não aceitam nenhuma responsa-
bilidade por tais opiniões ou informações ou pela confiança depositada nestas. 
Esta publicação foi elaborada apenas para fins orientação geral sobre assuntos 
de interesse e não constitui recomendações profissionais. Não recomenda-se 
agir de acordo com as informações contidas na presente publicação sem con-
sultar um profissional específico. Nenhuma declaração ou garantia (expressa 
ou tácita) quanto à exatidão ou completude das informações contidas nesta 
publicação e, na medida do permitido por lei, as entidades responsáveis pela 
gestão da Climate and Development Knowledge Network não aceitam nem as-
sumem responsabilidade ou dever de diligência por quaisquer consequências 
de alguém por comissão ou omissão aja com base nas informações contidas 
nesta publicação ou por qualquer decisão baseadas nela. CDKN é liderada e 
administrada pela PricewaterhouseCoopers LLP. A administração da CDKN é 
de responsabilidade PricewaterhouseCoopers LLP e um aliança composta da 
Fundación Futuro Latinoamericano, INTRAC, LEAD International, Overseas 
Development Institute SouthSouthNorth.
05 RESumo ExECutIvo
08 DE quE tRAtA EStE RElAtóRIo?
10 o EStADo Do ACRE
13 vAloRAção DoS SERvIçoS 
ECoSSIStêmICoS Do EStADo Do ACRE
18 o quE SIgNIfICA tRANSIção?
22 o CuSto DA tRANSIção
25 o fluxo DE CAIxA DA tRANSIção
30 o fINANCIAmENto DA tRANSIção
 34 fuNDo INDEPENDENtE
 36 fuNDo vINCulADo 
 A govERNo
 38 fuNDo vINCulADo A IfI
40 o RotEIRo Do PINC PARA o ACRE
ÍNDICE
44 NotAS fINAIS
45 BIBlIogRAfIA
4
© Pedro França/Ministério da Cultura do Brasil
5
Este relatório versa sobre o investimento no capital natural 
do Estado do Acre, Brasil, de modo que o Estado possa 
fazer a transição para um modo de desenvolvimento mais 
sustentável. O objetivo é auxiliar na difícil tarefa de obter 
investimentos para esta transição, valorizando os principais 
componentes do capital natural do Acre, descrevendo as 
atividades da transição, avaliando os custos e fluxos de 
caixa da transição e iniciando uma discussão sobre o que 
isso significa para a atração de investimentos dos setores 
público e privado.
Neste relatório, o termo Capital Natural significa o estoque 
de recursos naturais do Acre – como floresta ou solo – 
que oferece um fluxo de bens ou serviços em benefício da 
população do Acre e de outros lugares. Os bens e serviços 
são conhecidos como serviços ecossistêmicos. A provisão 
de serviços ecossistêmicos no Acre é reduzida quando as 
florestas são derrubadas, muitas vezes como resultado de 
atividades que geram crescimento econômico. O foco deste 
relatório está em como reduzir o desmatamento associado 
a atividades de uso da terra e, ao mesmo tempo, promover 
o crescimento econômico. Ele defende uma transição 
de atividades econômicas ligadas às florestas e ao uso 
da terra para longe daquelas que degradam os serviços 
ecossistêmicos, chamado Cenário de Referência (CR), 
para um cenário onde estas atividades são sustentáveis 
não desencadeando novos desmatamentos. Isto se chama 
transição para o Desenvolvimento Sustentável.
A transição para o desenvolvimento sustentável requer 
investimento. Este investimento é necessário para 
conservar as florestas, transformar as cadeias produtivas 
agrícolas em modelos mais sustentáveis de produção e de 
industrialização, assim como garantir o desenvolvimento 
sustentável e justo para as populações que vivem na ou ao 
redor da floresta. O investimento inicial deve ser feito o 
mais cedo possível, antes que o capital natural que provê 
serviços ecossistêmicos atinja um grau de degradação 
irreversível. Isto visa a garantir que os ecossistemas, bem 
como os meios de subsistência das pessoas que vivem e 
dependem deles, permaneçam resilientes em um clima 
em constante mudança. Esta abordagem é chamada de 
Investimento Proativo em Capital Natural (PINC). Sem o 
PINC, o desmatamento prejudicará a provisão de serviços 
ecossistêmicos do Acre e seus benefícios para a população 
do Acre e de outros locais. (Trivedi et al, 2012).
RESumo ExECutIvo
Este relatório agrupa em três componentes as atividades 
de desenvolvimento sustentável e políticas públicas do 
Acre associadas ao uso do solo e florestas que requerem 
financiamento para sua implementação. São eles: 
1. 	 Conservação	de	florestas: atividades voltadas a 
frear o desmatamento ilegal, preservar a estrutura e 
função da floresta ou restaurar a cobertura florestal 
para sua funçãoecológica inicial. O Governo do 
Estado do Acre tem duas políticas de conservação que 
requerem financiamento para sua implementação. 
2. 	 Cadeias	produtivas	sustentáveis: atividades 
que fazem a transição de onze cadeias produtivas 
de commodities florestais e agrícolas para práticas 
sustentáveis aliviando, assim, a pressão para desmatar 
ou degradar o solo. As onze principais cadeias 
produtivas são aquelas priorizadas pelo Governo 
Estadual para o desenvolvimento sustentável rural. 
3. 	Meios	de	meios	de	vida	sustentáveis: atividades 
que melhoram as condições de vida de comunidades 
rurais que vivem dentro ou nas proximidades da 
floresta, com foco na segurança alimentar e na 
adaptação às mudanças climáticas. O Governo 
Estadual tem duas políticas voltadas aos meios de vida 
sustentáveis que requerem financiamento para sua 
implementação.
6
O investimento deve ser a longo prazo, 
de até 30 anos
Um prazo de até 30 anos oferece o melhor retorno sobre o 
investimento em cadeias produtivas sustentáveis. 
O fluxo de caixa descontado em todas as cadeias produtivas 
durante a vida útil de até 30 anos é de R$ 635 milhões, 
enquanto em 10 anos o fluxo de caixa descontado é 
negativo.
Nem todas as cadeias produtivas podem 
atrair investimento
O óleo de palma e a piscicultura têm um fluxo de caixa 
negativo descontado em 30 anos (quando descontados a 
uma taxa de 8%). É improvável que um investidor financie 
cadeias produtivas com fluxos de caixa negativos. No 
entanto, as mesmas duas cadeias produtivas têm fluxos de 
caixa positivos não descontados.
Conservação e meios de vida sustentáveis 
não	podem	ser	totalmente	financiados	com	
lucros da cadeias produtivas
As áreas temáticas de conservação e meios de vida 
sustentáveis incorrem em custos apenas – não geram 
receitas. Estes custos podem ser cobertos em parte 
através da reciclagem da receita gerada a partir de cadeias 
produtivas sustentáveis mas isto deve ser equilibrado com 
a necessidade de também reembolsar os investidores. 
Dependendo de quanto é necessário para reembolsar os 
investidores, que têm por base suas expectativas de retorno 
e percepção de risco, o percentual dos investimentos que 
não geram receitas os quais podem ser cobertos pela receita 
proveniente das cadeias produtivas varia de zero a 100%, 
sendo que o restante deve ser coberto por capital público.
Várias conclusões e oportunidades emergem da análise 
neste relatório. Cada uma das conclusões e oportunidades 
pode ajudar a avançar o processo de desenvolvimento de 
mecanismos de financiamento para a transição para o 
desenvolvimento sustentável.
Faz sentido econômico e ambiental investir 
no capital natural do Acre
Ao atingir a meta do Governo de redução do desmatamento 
em 76%, em comparação com o cenário de referência 
no período até 2025 [ 1 ], a perda na provisão de serviços 
ecossistêmicos é reduzida em 80% (equivalente em valores 
a R$ 2,8 – 5,6 bilhões). O armazenamento de carbono 
responde por até 61% desta perda evitada em valor.
A transição requer investimento inicial de 
cerca de R$ 2 bilhões [ 2 ]
A transição para o desenvolvimento sustentável requer um 
investimento inicial em valor descontado/não descontado 
de R$ 1,8/2,3 bilhões em 10 anos; destes, R$ 396/546 
milhões são destinados à conservação, R$ 1,1/1,3 bilhão 
para as cadeias produtivas sustentáveis e R$ 325/457 
milhões para os meios de vida sustentáveis.
A transição pode gerar um retorno sobre o 
investimento positivo 
Um investimento na transição para o desenvolvimento 
sustentável pode ser economicamente viável para um 
investidor financiar os desembolsos iniciais de transição 
para todas as onze cadeias produtivas sustentáveis.
O Retorno sobre o Investimento de 14% 
é competitivo
A taxa interna de retorno (TIR) é de 14% sobre o 
investimento em todas as onze cadeias produtivas. Isso é 
cerca de 4% maior do que o rendimento de investimento 
alternativo de risco menor e maturidade similar como os 
títulos do tesouro do Governo Federal brasileiro.
CoNCluSõES E 
oPoRtuNIDADES
6
7
1
2
4
5
3
7
O Governo do Estado pode desempenhar um 
papel fundamental na captação de recursos
Os três mecanismos possíveis para financiar a transição 
oferecem ao Governo do Estado nível variados de 
envolvimento na captação de recursos, que vão de 
simplesmente ajudar a gerir o fundo de transição, a ser um 
investidor em renda variável ou participação acionária ou a 
emitir títulos públicos e canalizar os recursos para o fundo. 
O Governo Federal também pode desempenhar um papel 
semelhante.
Títulos públicos podem ser usados para 
financiar	a	transição
Os rendimentos de um título podem cobrir entre 40% 
e 100% dos desembolsos iniciais da transição para as 
cadeias produtivas sustentáveis. A quantidade exata que 
pode ser coberta depende do emissor do título – o fundo 
de transição, Governo do Estado ou uma Instituição 
Financeira Internacional (IFI) – e se é emitida em reais ou 
dólares norte-americanos.
Na sequência destes resultados, há uma oportunidade 
para o Governo do Estado e o GCP desenvolverem em 
conjunto um projeto detalhado para um mecanismo de 
financiamento público-privado em escala jurisdicional. 
Isso também exige uma compreensão mais detalhada 
das atividades a serem financiadas, os fluxos de caixa, 
os arranjos institucionais, os mecanismos de repasse de 
recursos e um plano de negócios para atrair investidores 
institucionais, instituições financeiras internacionais e 
outros investidores do setor público dentro e fora do Brasil.
8
9
8
Investimento em capital natural
Este relatório trata de canalizar investimento para a 
conservação e restauração do capital natural do Estado do 
Acre, localizado em pleno coração da Amazônia brasileira. 
Capital natural é o termo usado para descrever o estoque 
de recursos naturais do Acre – como floresta ou solo – que 
oferecem um fluxo de bens ou serviços em benefício da 
população. Por exemplo, a vegetação de uma mata ciliar 
pode ajudar a remover o excesso de nutrientes do solo 
carreados para dentro do rio, mantendo a qualidade da 
água que flui para os usuários a jusante em uma cidade. 
Estes bens e serviços são conhecidos como serviços 
ecossistêmicos. O desmatamento no Acre reduz o estoque 
de recursos naturais que, por sua vez reduz ou degrada a 
qualidade da prestação dos serviços dos ecossistemas.
 
Florestas e solos agrícolas férteis são os principais 
componentes do capital natural do Brasil, cada um 
fornecendo uma gama de serviços ecossistêmicos. 
Crescimento econômico frequentemente impulsiona o 
desmatamento, e crescimento que degrada a qualidade da 
provisão de serviços ecossistêmicos é chamado de Cenário 
de Referência (CR). Na economia do Acre, o desafio é 
conciliar a necessidade de terras agrícolas e o decorrente 
crescimento econômico com a necessidade por sistemas 
ambientais resilientes capazes de provisão contínua de 
serviços ecossistêmicos em um cenário de constantes 
mudanças no clima.
Para enfrentar este desafio, este relatório defende uma 
transição do CR para o Desenvolvimento Sustentável. Esta 
transição exige investimento, mais cedo ou mais tarde, no 
capital natural para criar a resiliência dos ecossistemas – e 
das pessoas que neles habitam – às mudanças climáticas. 
Esta abordagem de prover de forma proativa investimento 
inicial para atividades em escala de paisagem antes que 
ocorra a degradação dos serviços ecossistêmicos chamamos 
de Investimento Proativo em Capital Natural (PINC). Este 
se diferencia de um mecanismo como Redução de Emissões 
por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), que 
concentra investimentos em partes específicas da paisagem, 
como por exemplo, a conservação de floresta nativa (Trivedi 
et al, 2012).
Frequentemente, um estado deve contrapor o imperativode crescimento econômico e segurança (por exemplo, 
aumentar os níveis de emprego, proporcionar o 
abastecimento seguro e sustentável de alimentos e água) 
com o imperativo de conservar seu capital natural. O 
objetivo da transição para o desenvolvimento sustentável 
no Acre é minimizar ou remover este dilema destrutivo. O 
investimento em escala de paisagem abordado pelo PINC é 
uma forma de contribuir para este dilema. 
Financiamento do desenvolvimento 
sustentável no Acre
A transição para o desenvolvimento sustentável não é uma 
tarefa simples. Governos subnacionais podem usar recursos 
públicos para atrair financiamento privado mas, muitas 
vezes, não têm a capacidade de fazê-lo na escala de milhões 
ou mesmo bilhões de dólares. Além disso, sem demanda 
de um mercado compulsório local ou global para créditos 
REDD+ antes de 2020, é improvável que uma abordagem 
baseada em carbono atraia hoje investimentos de 
grande escala.
O objetivo deste relatório é ajudar a superar este desafio 
de financiamento no Estado do Acre. Ele inicia uma 
discussão sobre a forma como o Estado do Acre pode 
usar o financiamento público e privado para deter o 
desmatamento, reformar a agricultura e melhorar os meios 
de vida de populações rurais. Isso é feito pela avaliação 
da escala do investimento necessário em todo o estado 
e do papel do setor público e privado no financiamento 
da transição. Este relatório não avalia os mecanismos de 
repasse e arranjos institucionais necessários para empregar 
capital para os diversos atores do Estado do Acre, os quais 
serão analisados na Fase II do projeto (ver abaixo). 
Os componentes de uma abordagem PINC para 
investimento usados neste relatório foram desenvolvidos 
a partir da abordagem usada em estudo anterior para a 
escala nacional no Brasil: parar o desmatamento, restaurar 
florestas e terras degradadas e intensificar a agricultura 
em terras já desmatadas (Trivedi et al, 2012). No contexto 
do Acre, a abordagem PINC para investimento no capital 
natural em escala de paisagem engloba três áreas temáticas 
ou componentes: 
DE quE tRAtA 
EStE RElAtóRIo?
9
1. 	 Conservação	de	florestas: atividades voltadas a 
frear o desmatamento ilegal, preservar a floresta ou 
restaurar a cobertura florestal à sua função 
ecológica inicial. 
2. 	 Cadeias	produtivas	sustentáveis: atividades 
que fazem a transição de cadeias produtivas de 
commodities florestais e outros produtos para práticas 
sustentáveis (por exemplo, intensificação da produção 
ou restauração de solo degradado) reduzindo os 
impactos sociais e ambientais ao aliviar a pressão por 
novos desmatamentos ou a degradação do solo. 
3. 	Meios	de	vida	sustentáveis: atividades que 
melhorem as condições de vida de comunidades rurais 
que vivem dentro ou nas proximidades da floresta, 
com foco na segurança alimentar e na adaptação às 
alterações climáticas. 
A estrutura do presente relatório
Para auxiliar o Governo do Acre a superar o desafio do 
financiamento, o relatório segue uma narrativa simples: a 
transição para o desenvolvimento sustentável previsto pelo 
governo é descrita; a escala de investimento necessário para a 
transição é calculada; as receitas geradas a partir de atividades 
sustentáveis são modeladas e; as implicações para o papel 
do setor público e privado no fornecimento de financiamento 
para a transição são discutidas. A narrativa é estruturada 
em torno de sete perguntas ou questões fundamentais:
O Estado do Acre
O Capítulo 2 apresenta um panorama histórico e político do 
Estado do Acre e descreve seu contexto político e algumas 
políticas relevantes à questão ambiental e de desenvolvimento.
Valoração dos Serviços Ecossistêmicos do Estado do Acre
O Capítulo 3 descreve os serviços ecossistêmicos de 
importância política, ambiental e social para o Acre, os 
impactos de não proteger estes serviços e de valorizar sua 
proteção.
O que significa transição?
O Capítulo 4 descreve as políticas e atividades da transição 
para o desenvolvimento sustentável em três áreas temáticas 
que exigem investimentos para sua implementação 
selecionadas pelo Governo do Estado do Acre.
O custo da transição
O Capítulo 5 pergunta quanto custará a transição para o 
desenvolvimento sustentável no Acre, dividido em três 
áreas temáticas.
O fluxo de caixa da transição
O Capítulo 6 descreve os fluxos de caixa das várias 
atividades na área temática de cadeias produtivas 
sustentáveis e também questiona se a receita gerada 
poderia cobrir os custos de conservação e de meios de vida 
sustentáveis usando um modelo de fluxo de caixa.
Os mecanismos para o financiamento da transição
O Capítulo 7 tem por base a análise de fluxo de caixa 
para propor três diferentes mecanismos para financiar a 
transição para o desenvolvimento sustentável.
O roteiro PINC para o Acre
O Capítulo 8 resume as conclusões do relatório e identifica 
os próximos passos a serem dados para prosseguir 
em direção à meta de investir na transição para o 
desenvolvimento sustentável.
Finalmente, o Anexo 1 descreve, em maior detalhes do que o 
Capítulo 4, as atividades e políticas a serem implementadas 
em cada uma das três áreas temáticas abordadas pelo PINC 
para investimento no Acre descritas acima e de acordo com 
as prioridades do Governo do Estado do Acre.
O relatório é um estudo piloto e encerra a Fase I de um 
projeto de longo prazo no Acre, que visa a desenvolver 
plenamente um mecanismo de financiamento para a 
transição para o desenvolvimento sustentável no Acre. 
Como este relatório descreve, a Fase I tem gerado um 
conjunto de ações necessárias para levar à frente o 
desenvolvimento do mecanismo de financiamento público-
privado, chamadas de roteiro. A Fase II iniciará o trabalho 
sobre os próximos passos descritos no roteiro, avaliará 
os mecanismos de repasse e arranjos institucionais 
necessários para empregar capital para as atividades das 
três áreas temáticas e tomará uma decisão com o Governo 
do Estado sobre a forma de levar o projeto adiante.
10
O Estado do Acre está localizado no sudoeste da Amazônia 
brasileira (ver Figura 1). Sua história está ligada aos ciclos 
de colheita da borracha na Amazônia. Originalmente 
um território pertencente à Bolívia, cidadãos brasileiros 
migraram para o Acre na segunda metade do século 19 com 
a esperança de extrair borracha para atender a crescente 
demanda global. À medida que as plantações na Malásia 
tornaram-se mais produtivas, a economia da borracha 
no Acre encolheu e as políticas públicas promoveram a 
pecuária no início da década de 1970. Isto iniciou um ciclo 
de desmatamento e conflitos fundiários entre pecuaristas 
e as milhares de famílias de seringueiros e indígenas que 
vivem nas florestas, da qual dependem.
No final da década de 1980, os direitos dos seringueiros e 
povos indígenas foram reconhecidos após o assassinato do 
líder seringueiro Chico Mendes. Desde então, o Acre tem 
estado na vanguarda da ação ambiental no Brasil. Marina 
Silva, ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil e candidata 
presidencial em 2010, veio do Acre. Em 1999, o Partido dos 
Trabalhadores (PT) chegou ao poder no Acre e assumiu o 
compromisso com o desenvolvimento sustentável e com 
a criação de uma economia de base florestal, com justiça 
social e inclusão econômica para os povos da floresta. 
Depois de quatro mandatos no poder (1999-2012), o PT 
restaurou a capacidade administrativa e de planejamento 
do governo, aumentou investimentos públicos na economia 
e no bem-estar social, melhorou os serviços públicos e 
implementou políticas para a promoção do desenvolvimento 
sustentável e conservação do meio ambiente (Rego, 2010). 
Doze por cento do território (1,9 milhão ha) do Acre foi 
desmatado, o que representa 3% do total do desmatamento 
na Amazônia brasileira (INPE, 2012). Ele ocorre 
principalmente devido àpecuária – responsável por 80% 
do desmatamento – e agricultura familiar de pequeno 
porte. Desde o segundo pico mais alto em 2003 para 
seu nível mais baixo em 2009 (ver Figura 2), as taxas de 
desmatamento diminuíram 80%, enquanto o Produto 
Interno Bruto do Acre cresceu 157% no mesmo período 
(IBGE, 2010). 
o EStADo Do ACRE
Figura 1: Localização do Acre (em rosa) no Brasil
o EStADo Do ACRE: EStAtÍStICAS PRINCIPAIS [ 3 ]
tERRItóRIo
Area 164.221 km2 (4,2% da Amazônia brasileira)
População 746.375, 70% urbana (2007)
ECoNomIA
PIB R$ 7.3 bilhões (2009), 157% mais do que em 2002
Renda per capita R$ 10.687 (2009), 127% mais do que em 2002
Principais setores 
econômicos Florestal (16,8% do PIB) 
 Agricultura (4,8% do PIB) 
 Indústria (6,6% do PIB) 
 Serviços (71,8% do PIB)
ÁREAS PRotEgIDAS
Áreas protegidas 48% do território (7.170.336 ha)
Terras indígenas 16% do território (2.390.112 ha)
Unidades de 
conservação 32% do território (5.255.072 ha)
11
As políticas que permitiram ao Acre reduzir o desmatamento 
e melhorar suas condições socioeconômicas são: 
• O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), com 
diretrizes para o desenvolvimento sustentável;
• O Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas 
(SEANP), que estabelece os princípios para a criação e 
gestão de Unidades de Conservação incluindo também 
Terras Indígenas como parte do sistema estadual;
• O Plano para Valorização dos Ativos Florestais, 
recompensando pequenos produtores que cumprem a 
legislação ambiental e diminuem o desmatamento;
• Melhoria nos sistemas de comando e controle e 
um sistema preciso de monitoramento remoto do 
desmatamento;
• O Plano para Prevenção e Controle de Desmatamento 
(PPCD Acre), esboçando as políticas e estabelecendo 
uma meta de 80% de redução do desmatamento em 
relação aos índices de 2006 até 2020, levando a um 
desmatamento evitado de 365 mil ha (equivalente à 
redução de 55% em relação ao CR que tem por base a 
média das taxas de desmatamento pré-2006), e 
• Sistemas de Incentivos a Serviços Ambientais (lei 
SISA), desenvolvendo iniciativas para estimular 
e financiar sete serviços ecossistêmicos e definir 
um conjunto de princípios, políticas e arranjos 
institucionais que apoiam a conservação através da 
valorização do capital natural.
Sob os auspícios da lei SISA, em 2010 foi criado o Instituto 
de Mudanças Climáticas (IMC) e está prevista para 2013 a 
implementação da empresa de capital misto, a Companhia 
de Desenvolvimento de Serviços Ambientais. O IMC é 
responsável pela regulamentação e execução das políticas 
relacionadas aos serviços ecossistêmicos, especificamente 
das políticas ligadas ao REDD+ enquanto que o papel da 
Companhia será o de apoiar a implementação de programas 
de serviços ecossistêmicos.
 
O Estado do Acre reúne uma série de fatores que 
contribuirão na busca de financiamento para a transição. 
Apresenta compromisso político com o desenvolvimento 
sustentável, existência de um plano para a transição, 
credibilidade política, disponibilidade de informação de 
qualidade e interesse em atrair financiamento privado.
Figura 2: Taxa anual de desmatamento no Acre
12
© Pedro França/Ministério da Cultura do Brasil
13
vAloRAção
DoS SERvIçoS
ECoSSIStêmICoS
Do ACRE
Serviços e benefícios ambientais
As florestas acreanas proporcionam muitos serviços 
ecossistêmicos. A transição para o desenvolvimento 
sustentável garantirá ou melhorará a qualidade destes 
serviços ecossistêmicos. O desmatamento, por outro lado, 
reduzirá a provisão dos serviços pois as florestas são o 
componente essencial do capital natural necessário para 
assegurar o fornecimento de serviços ecossistêmicos.
Em geral, os serviços ecossistêmicos são divididos em quatro 
categorias: suporte, provisão, regulação e serviços culturais 
(Millennium Ecosystem Assessment, 2005). Os serviços de 
suporte facilitam o contínuo funcionamento dos ecossistemas 
e a provisão de outros serviços ecossistêmicos. Por exemplo, 
o ciclo de nutrientes mantém a contínua produção de matéria 
viva no ecossistema. Serviços de provisão fornecem bens que 
os seres humanos podem usar, por exemplo, água potável ou 
chuvas como insumo para a agricultura.
Os serviços de regulação controlam o fluxo de materiais 
naturais que podem ter um impacto negativo em seres 
humanos. Por exemplo, os poluentes são retidos pela mata ciliar, 
protegendo cursos d'água e usuários a jusante dos poluentes 
que contaminam a água. O desmatamento de matas ciliares 
compromete a qualidade da água para os usuários a jusante. O 
desmatamento também pode causar a erosão do solo, e assim, 
ao se evitar a erosão do solo a sedimentação dos cursos d’água 
é reduzida, a desertificação evitada e a produtividade agrícola, 
mantida. Serviços culturais fornecem benefícios espirituais, 
estéticos, educacionais e recreativos para os usuários.
Os impactos da perda de serviço ambiental
A provisão de serviços ecossistêmicos pelas florestas do Acre 
tem benefícios para os acreanos e o mundo. Se a qualidade 
do serviço é reduzida, a transição para o desenvolvimento 
sustentável será desestabilizada. Isso pode se manifestar 
afetando a economia e a sociedade do Acre, e os beneficiários de 
serviços ecossistêmicos em todo o mundo, de várias maneiras.
Primeiro, uma perda na provisão de serviços ecossistêmicos 
diminuiria o bem-estar humano e impediria o desenvolvimento 
reduzindo o fornecimento de serviços básicos. Isto seria 
oneroso para o governo e, por extensão, o contribuinte, devido 
à necessidade de substituir serviços que eram previamente 
oferecidos pela natureza. Por exemplo, pode ser necessário 
investimento adicional em instalações de tratamento de águas 
devido a uma perda de serviços de retenção de nutrientes e uma 
diminuição da qualidade da água potável.
Segundo, isto poderia reduzir a produção de setores 
econômicos, como a agricultura, que dependem dos 
serviços ecossistêmicos para seus insumos de produção. O 
desmatamento, por exemplo, pode afetar a produção agrícola, 
alterando o ciclo de chuvas e reduzindo a precipitação.
Finalmente, o desmatamento pode reduzir a oportunidade 
de gerar receita pela provisão de serviços ecossistêmicos (por 
exemplo, o armazenamento de carbono em florestas e vegetação) 
aos beneficiários, dentro e fora do Acre. Isso pode significar, por 
exemplo, uma perda em termos de pagamentos pelas emissões 
de carbono evitadas, devido a uma perda de cobertura florestal e, 
consequentemente, uma redução no estoque de carbono florestal.
O valor dos serviços ecossistêmicos do Acre
Ao fazer a transição para o desenvolvimento sustentável, o Acre 
assegura a provisão de serviços ecossistêmicos e evita estes 
impactos negativos. Parte do valor de garantir ou melhorar 
os serviços ecossistêmicos do Acre pode ser quantificada 
através de um processo conhecido como valoração dos serviços 
ecossistêmicos ou ambientais. Este processo é uma ferramenta 
importante para os decisores políticos que planejam uma transição 
para o desenvolvimento sustentável, uma vez que ela pode ser 
usada para demonstrar o valor da perda evitada na provisão 
de serviços ecossistêmicos quando comparando um cenário de 
referência com o de transição para o desenvolvimento sustentável.
Muitos serviços ecossistêmicos são fornecidos pelo 
capital natural do Acre, mas apenas cinco são avaliados 
neste relatório: armazenamento de carbono, retenção de 
sedimentos, retenção de nitrogênio, retenção de fósforo e 
controle de poluição. Estes cinco serviços ecossistêmicos são 
importantes para o Governo do Acre por seus benefícios para a 
população local, por exemplo, a melhora da qualidade da água 
potável. Eles são importantes também devido ao potencial 
de receita pelo fornecimento de serviços ecossistêmicos, 
como o armazenamento de carbono que tem beneficiáriosem todo o mundo, e porque foram priorizados pelo Governo 
do Acre na lei do SISA (ver página 11 para mais informações 
sobre o SISA e a Tabela 2, página 15 para uma explicação de 
14
como esses serviços se vinculam aos serviços descritos no 
SISA). No entanto, avaliar o valor de apenas cinco serviços 
ecossistêmicos significa subestimar o valor total de proteção 
dos serviços ecossistêmicos providos pelas florestas do Acre.
A valorização dos serviços ecosistemicos foi comissionado 
pelo WWF-UK e realizado pelo Instituto Internacional para 
Sustentabilidade (IIS) no Rio de Janeiro [ 4 ]. A análise compara 
dois cenários: Cenário de Referência - CR e Desenvolvimento 
Sustentável. No CR supõe-se que o desmatamento segue 
tendência histórica, aumentando até 2025 para um índice que 
está 10% acima da média histórica anual de aumento desde 1988. 
No cenário de Desenvolvimento Sustentável, o desmatamento 
é reduzido em 76% em relação ao CR até 2025 [ 5 ]. A valoração 
calcula tanto a perda evitada em valor dos serviços ecossistêmicos 
quando o desmatamento prossegue na taxa do cenário de 
Desenvolvimento Sustentável em vez daquela do CR. Em ambos 
os cenários, há desmatamento e, consequentemente, uma 
perda no fornecimento de serviço ambiental, mas é a diferença 
na provisão de serviços ecossistêmicos entre os dois cenários 
que dá o valor de transição para o desenvolvimento sustentável 
(WWF-UK e GCP, 2013). A taxa de desconto de 5% foi usada (ver 
página 17 a explicação de como a taxa de desconto foi calculada).
No CR, o desmatamento de 2012 a 2025 resultaria em uma 
perda anual de fornecimento de serviços ecossistêmicos 
equivalente em valor a US$ 141 – 283 milhões. No cenário 
de Desenvolvimento Sustentável, esta perda diminui para 
US$ 29 – 58 milhões por ano. [ 6 ] Ao fazer a transição para o 
desenvolvimento sustentável, o Acre ganharia em serviços 
ecossistêmicos fornecidos o valor de US$ 1,4 – 2,8 bilhões 
ou R$ 2,8 – 5,6 bilhões no período 2012 a 2015. Isto é 
equivalente a um ganho de 80% em comparação com o cenário 
de referência (CR). Esse valor será internalizado em crescimento 
continuado da economia e bem-estar humano no Acre e 
apresenta oportunidades para captar novas fontes de receita.
A Tabela 2 mostra a distribuição por serviço ambiental da perda 
evitada em valor de serviço ambiental causada pelo desmatamento 
no cenário de Desenvolvimento Sustentável em comparação 
com o cenário de referência (CR). Inclui-se nesta tabela o grau 
de confiança do IIS na qualidade da técnica de valoração. Três 
serviços ecossistêmicos – controle de poluição, a conservação 
da biodiversidade para bioprospecção e existência – têm uma 
avaliação de confiança baixa e por isso não estão incluídos no valor 
total. As receitas para o serviço de armazenamento de carbono 
respondem por até 61% do valor do serviço ambiental ganho pela 
transição do cenário CR para o de Desenvolvimento Sustentável.
O contraste entre os dois cenários é também ilustrado na 
Figura 3. Do primeiro para o segundo mapa, há ganhos em 
todo o Estado do Acre por evitar o nível de desmatamento 
no cenário CR. Isto ilustra a importância de reduzir o 
desmatamento do CR aos níveis de desenvolvimento 
sustentáveis pelo financiamento de atividades que 
conservam a floresta, reformem as cadeias produtivas e 
assegurem o desenvolvimento sustentável de comunidades 
carentes ou vulneráveis.
Tabela 1: Estrutura do valor da provisão de serviços ecossistêmicos cuja perda é evitada no cenário de desenvolvimento sustentável em relação ao CR.
SERvIço AmBIENtAl gRAu DE CoNfIANçA NA 
vAloRAção
vAloR Do gANho No foRNECImENto DE 
SERvIço AmBIENtAl (uS$ mIlhõES)
vAloR Do gANho No foRNECImENto DE 
SERvIço AmBIENtAl PoR hECtARE (uS$)
Armazenamento do carbono Alta 1.099 – 2.198 1.771 – 3.541
Retenção de sedimento Média-Alta 251-501 420 – 840
Retenção de nitrogênio Média 58-115 94 – 188
Retenção de fósforo Média 4 – 8 7 – 14
total 1.412-2.822
Controle de poluição Média-baixa 378-756 588 – 1.176
Conservação da Biodiversidade 
(Bioprospecção)
Baixa 29-917 48-1,500
Conservação da Biodiversidade 
(Existência)
Baixa 10-24 16-41
15
Figura 3: Mapa do Valor em Cenário de Referência (superior) e Cenário Desenvolvimento Sustentável (inferior). A sombra verde mais clara significa menor 
perda na provisão de serviços ecossistêmicos, e assim o cenário DS (inferior) apresenta perda menor na provisão de serviços ecossistêmicos, especialmente 
nos municípios que estão localizados no oeste do Acre.
Tabela 2: Comparação dos serviços ecossistêmicos avaliados neste relatório e dos serviços ecossistêmicos na SISA.
SERvIço AmBIENtAl CoNfoRmE DEfINIção NA lEI SISA 
Do ACRE
SERvIço AmBIENtAl CoRRESPoNDENtE 
NEStE RElAtóRIo
É AvAlIADo NEStE 
RElAtóRIo?
RAzão CASo Não É 
AvAlIADo
Sequestro, conservação, manutenção e aumento do estoque 
e a diminuição do fluxo de carbono
Armazenamento de carbono SIM nd 
Conservação e o melhoramento do solo Retenção de sedimento SIM nd
Conservação das águas e dos serviços hídricos Retenção de sedimentos, nitrogênio e 
fósforo
SIM nd
Regulação do clima Controle da poluição do ar NÃO Baixa confiança na 
estimativa de valoração 
Conservação da sociobiodiversidade Valor da biodiversidade – Valor da 
bioprospecção e existência
NÃO Baixa confiança na 
estimativa de valoração 
Valorização cultural e do conhecimento tradicional X NÃO Sem dados
Conservação da beleza cênica natural X NÃO Sem dados
PERU AMAZONAS
BOLIVIA
0 (ZERO)
0 ATÉ -20
-20 ATÉ -50
-50 ATÉ -100
-100 ATÉ -300
-300 ATÉ -500
-500 ATÉ -2200
0 (ZERO)
0 ATÉ -20
-20 ATÉ -50
-50 ATÉ 100
-100 ATÉ -200
-200 ATÉ -300
PERU AMAZONAS
BOLIVIA
US$ MILHÃO
Perda em valor de Serviços Ecossistêmicos 
no Cenário de Referência
Perda em valor de Serviços Ecossistêmicosno 
Cenário Desenvolvimento Sustentável
US$ MILHÃO
ACRE
ACRE
16
© Neil Palmer/CIAT
17
A tAxA DE DESCoNto
Fundamentos
O montante recebido hoje tem um valor maior do que o 
mesmo montante recebido no futuro. A diferença entre os 
dois é chamada de valor temporal do dinheiro. 
A forma padrão para interpretar o valor temporal do 
dinheiro está no contexto de taxas de juros. Digamos, por 
exemplo, que uma pessoa tem a opção de receber R$ 68 
hoje ou receber R$ 68 daqui a cinco anos. Se ela optar por 
receber R$ 68 hoje e investir o dinheiro, ela receberá 8% 
de juros ao ano; em cinco anos, terá R$ 100. Os R$ 68 hoje 
valerão mais R$ 32 para o destinatário do que os R$ 68 
recebidos em cinco anos.
Com base nesta lógica, quando é dada a um investidor 
uma opção de investir, o retorno sobre o investimento deve 
ser ajustado por um fator que represente o valor temporal 
do dinheiro. Este processo é chamado de desconto. O 
investidor, então, usaria o retorno sobre o investimento 
descontado para comparar os retornos de diferentes 
opções de investimento com sua expectativa mínima de 
retorno. O retorno mínimo exigido pelo investidor é a opção 
alternativa de retorno com menor risco disponível para ele 
que, normalmente, é um investimento no governo.
Por exemplo, digamos que um investidor está considerando 
a compra de ações de uma empresa com risco, onde espera 
receber um retorno de R$ 100 daqui a cinco anos. Para 
avaliar se o investimento na empresa é atraente, primeiro o 
investidor avalia quanto valeria hoje o recebimento de R$ 
100 em cinco anos para ele. Isto é feito descontando R$ 100 
por sua expectativa mínima de retorno: um investimento no 
governo que gera retorno de 8%. Se R$ 68 forem investidos 
no governo hoje, e com incidência de juros de 8% por cinco 
anos, o investidor receberia R$ 100 daqui a cinco anos. 
O valor descontado dos R$ 100 recebidos no futuro da 
empresa com risco é, portanto, R$ 68.
Um investidor poderia, então, comparar o valor descontadodo dinheiro recebido no futuro com o custo de investir na 
empresa em risco hoje, comparar os riscos de ambos os 
investimentos e, finalmente, determinar qual é a opção de 
investimento mais atraente. 
A aplicação para o Acre
No contexto de transição do Acre para o desenvolvimento 
sustentável, há duas formas de aplicar o princípio do valor 
temporal do dinheiro. A primeira é através do desconto do 
fluxo de caixa da transição (ver páginas 25-27), usando a 
interpretação padrão do valor temporal do dinheiro descrita 
no exemplo acima. A taxa de juros mínima absoluta obtida 
em um investimento alternativo de baixo risco no Brasil é a 
taxa básica de juros definida pelo Banco Central do Brasil: 
em torno de 7%. [ 7 ] A taxa de desconto usada na análise de 
custo e de fluxo de caixa é cautelosamente maior, 8%.
O processo de desconto não é apenas aplicável aos fluxos 
de caixa; também pode ser aplicado a uma avaliação 
econômica dos benefícios ambientais e sociais recebidos 
no futuro (ver páginas 13-15). Esta segunda aplicação é 
também relevante para o Acre. Neste caso, o valor do fluxo 
dos serviços ecossistêmicos deve ser ajustado por um fator 
que represente o valor temporal do dinheiro.
As atividades financiadas como parte da transição para o 
desenvolvimento sustentável rendem benefícios ambientais 
e sociais em um futuro distante, por exemplo, tratamento 
de água, retenção de sedimentos ou ciclo de nutrientes; 
porém, eles não estão incluídos nos fluxos de caixa. 
Reconhecer estes benefícios ambientais e sociais invisíveis 
coloca um valor mais alto em benefícios recebidos hoje do 
que seria o caso se a interpretação do padrão de desconto, 
descrita acima, fosse aplicada. Por exemplo, no contexto de 
mudanças climáticas, os benefícios de tomar medidas hoje 
para evitar os impactos destas mudanças no futuro foram 
descontados a uma taxa de 1,4% (Stern, 2006). No Acre, 
o valor dos serviços ecossistêmicos é descontado por uma 
quanta igual à forma pela qual se espera que a população e 
o governo do Acre valorizem hoje, garantindo os benefícios 
futuros dos serviços ecossistêmicos. Este relatório usa uma 
taxa de 5% para a avaliação dos serviços ecossistêmicos.
18
Este capítulo descreve as políticas e atividades existentes e 
emergentes que o Governo do Estado pretende priorizar nas 
três áreas temáticas da transição para o desenvolvimento 
sustentável através da abordagem PINC de investimento 
– conservação de florestas, cadeias produtivas 
sustentáveis e meios de vida sustentáveis. O foco será 
tanto no financiamento de melhorias na produtividade ou 
industrialização das cadeias produtivas quanto no aumento 
da escala e implementação de atividades de conservação e 
aquelas voltadas à melhoria das comunidades rurais.
Para cada área temática, os subcapítulos descreverão 
cada uma das atividades ou políticas que precisam 
ser implementadas como parte da transição para o 
desenvolvimento sustentável. A maioria das atividades que 
necessitam de financiamento nas três áreas temáticas de 
transição enquadram-se nas categorias seguintes: 
• Aquisição de máquinas e equipamentos, animais, 
matérias-primas, terrenos e veículos
• Arrendamento de terras, maquinário e equipamentos
• Reforma de pastagens, remoção de tocos, aração e 
limpeza de áreas
• Construção de infraestrutura física (por exemplo 
unidades de armazenamento, açudes, etc.)
• Prestação de assistência técnica e extensão rural
• Desenvolvimento, revisão e expansão de planos de gestão 
para as unidades de conservação e terras indígenas 
• Custos operacionais gerais (por exemplo, mão de obra, 
seguro, administração, manutenção, etc.)
O conjunto completo de atividades e políticas considerado 
neste relatório é descrito em maior detalhe no Anexo 1. O 
Anexo descreve o sistema sustentável de produção e/ou 
industrialização, a meta do governo para a transição para 
o desenvolvimento sustentável, uma descrição de como o 
dinheiro arrecadado para a atividade será empregado, o 
custo da atividade ou da política e o método de pagamento 
do investimento (se for o caso).
o quE SIgNIfICA 
tRANSIção? 
Conservação 
A primeira etapa do investimento no capital natural 
do Acre, utilizando a abordagem PINC, é investir na 
conservação das florestas que sustentam a provisão de 
serviços ecossistêmicos para o Acre e região. O Governo 
do Acre tem dois programas nesta área temática: o 
Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas (SEANP), 
responsável pela gestão de unidades de conservação 
estaduais e também incluindo aquelas federais cobrindo 
32% do território do estado, e o programa de Revitalização 
do Rio Acre, responsável pela recuperação de matas ciliares 
ao longo do principal rio que atravessa a capital do estado – 
o Rio Acre – o qual garante o fornecimento de água para a 
área mais populosa do Estado.
O SEANP requer financiamento para implementar a 
gestão de 22 unidades de conservação. Inclui atividades 
como: indenização pela desapropriação de terras privadas 
em unidades de conservação; a criação de conselhos de 
gestão em cada uma das 22 unidades de conservação; 
elaboração ou revisão de planos de manejo das unidades 
de conservação; estabelecimento de equipes do SEANP 
nas unidades de conservação; monitoramento e gestão da 
informação; criação de novas unidades de conservação; e 
atividades de gestão de rotina do SEANP.
O programa de Revitalização do Rio Acre requer 
financiamento para restaurar 10.000 hectares de matas 
ciliares ao longo do Rio Acre. Isso inclui atividades como: 
incentivar a participação de 2.000 agricultores da bacia do 
Rio Acre no programa; desenvolver planos de comunicação 
e inclusão social; restaurar 10.000 hectares de áreas de 
proteção permanentes (APP) ao longo da bacia hidrográfica; 
treinamento de 900 agricultores na gestão dos recursos 
hídricos, recuperação de APP, agroecologia e mudança 
climática; e efetuar pagamento a 2.000 agricultores pela 
provisão de serviços ecossistêmicos.
Cadeias produtivas sustentáveis
No Brasil, o desmatamento e a degradação do solo são 
em grande parte causados pela atividade econômica, 
principalmente a expansão da produção de commodities, 
como carne, madeira, soja em terras que foram florestas. 
Para aumentar a atividade econômica no Acre evitando 
19
o desmatamento ou a degradação do solo, os sistemas de 
produção e processamento de commodities – conhecida 
como cadeias produtivas – tem de ser gerida de forma mais 
sustentável. Caso contrário, a gestão deficiente causará mais 
desmatamento e, consequentemente, degradação do solo.
Para cadeias produtivas já estabelecidas no Acre, o modelo de 
produção pode ser aperfeiçoado a sustentabilidade do sistema. 
Isto pode incluir, por exemplo, a intensificação da produção 
usando menos espaço e reduzindo a pressão para abrir novas 
áreas de floresta. Para novas cadeias produtivas que não estão 
estabelecidas no Estado, estas devem ser desenvolvidas de 
forma sustentável desde o início, por exemplo, usando áreas 
desmatadas e solos degradados para a produção.
Para lidar com o aumento da produção nas diversas 
cadeias produtivas, a capacidade de processamento e 
industrialização nas cadeias produtivas deve ser aumentada. 
Se o processamento for realizado dentro do Estado, 
isto permite maior agregação de valor aos produtos e 
consequentemente maior receita gerada dentro do Estado a 
partir da venda de produtos processados e manufaturados.
Foram priorizadas pelo governo onze cadeias produtivas 
para a transição para o desenvolvimento sustentável. 
São elas: carne bovina, carne suína, madeira de 
reflorestamento, madeira de manejo comunitário de floresta 
nativa, madeira de floresta nativa em regime de concessão, 
borracha, castanha-do-brasil, açaí, óleo de palma, 
piscicultura e grãos. A página 20 apresenta uma descrição 
mais detalhada doprocesso de transição e a meta para cada 
cadeia produtiva. Se a receita gerada nas cadeias produtivas 
for usada para pagar os investidores, é fundamental que 
haja demanda por esses produtos no Acre, no Brasil ou 
nos mercados internacionais. Está além do escopo deste 
relatório fazer uma avaliação da demanda do mercado. 
Meios de vida sustentáveis
Um desenvolvimento rural/florestal sustentável deve 
considerar e apoiar a população destas áreas considerada 
como econômica, social e/ou ambientalmente vulnerável. 
Isto é essencial para garantir uma partilha justa dos 
benefícios entre as comunidades que dependem da floresta 
e agricultores familiares, assim como apoiar tanto sua 
capacidade de geração de renda sem novos desmatamentos 
quanto sua capacidade de lidar com os impactos das 
mudanças climáticas e garantir a segurança alimentar. 
Em última análise, a transição para o desenvolvimento 
sustentável deve contribuir para a prosperidade e 
desenvolvimento geral do estado para contar com o apoio 
continuado dos eleitores.
Comunidades rurais/florestais no Acre com situação 
fundiária esclarecida encontram-se em: Projetos de 
Assentamento tradicionais, Projetos de Assentamento 
florestal, Reservas Extrativistas e Terras Indígenas. 
Essas áreas totalizam 9,4 milhões de hectares e mais de 
140.000 pessoas vivem nelas. Terras Indígenas e Reservas 
Extrativistas apresentam alta cobertura florestal, enquanto 
os Projetos de Assentamento tradicionais exercem grande 
pressão sobre a floresta e têm altos índices de desmatamento.
O Governo do Acre tem dois programas para o 
desenvolvimento de meios de vida sustentáveis: Planos 
de Desenvolvimento Comunitário (PDC), destinados 
a Reservas Extrativistas e Projetos de Assentamento, 
e Planos de Gestão de Terra Indígena (PGTI). Para o 
PDC, o Governo do Estado demanda investimentos para 
desenvolver e implementar planos de desenvolvimento 
comunitário em pouco menos de 2.000 comunidades 
rurais. Para o PGTI, o Governo do Estado requer 
financiamento para desenvolver e implementar planos de 
desenvolvimento em 34 terras indígenas.
20
tRANSIção DE CADEIAS 
PRoDutIvAS SuStENtÁvEIS
Tabela 3: Descrição da transição para o desenvolvimento sustentável (DS) para cada cadeia produtiva.
CADEIAS PRoDutIvAS DESCRIção DA tRANSIção PARA o 
DESENvolvImENto SuStENtÁvEl
mEtA PARA tRANSIção PARA DS 
(PRoDução)
mEtA PARA tRANSIção PARA DS 
(INDuStRIAlIzAção, SE foR o CASo)
Carne bovina Transição de parte da área de pecuária 
para a produção em sistema mais 
intensivo
Aumentar a produção do cenário de 
referência (1 Unidade Animal por ha 
– UA/ha) para o de desenvolvimento 
sustentável (1,5 UA/ha) em 400 mil 
hectares de pastagens existentes em 
10 anos
ND
Carne suína Aumentar a produção de carne suína 
usando um sistema intensivo de 
produção
Aumento da produção em 700 
fazendas que usam sistemas de 
produção intensiva, em cinco anos.
ND
Madeira (reflorestamento) Restaurar e reflorestar áreas 
degradadas para a produção de 
madeira
Reflorestamento de 24.000 ha com 
Paricá ao longo de 12 anos, para 
alcançar uma produção de 700.000 
m3 por ano
ND
Madeira (florestas comunitárias) Aumentar a madeira extraída de 
florestas comunitárias através 
de Manejo Florestal Sustentável 
(MFS) e aumentar a capacidade de 
processamento
Implementar o MFS em 280.000 ha 
em florestas comunitárias em quatro 
anos, aumentando a produção de 
17.000 m3 por ano para 280.000 m3 
por ano com um ciclo de corte de 30 
anos
Financiar duas unidades de 
processamento, aumentando a 
capacidade de processamento em 
240.000 m3 por ano. Ambas podem 
processar madeira comunitária e 
oriunda de concessão florestal
Madeira ( concessões florestais) Aumentar a madeira extraída de 
florestas estaduais usando MFS 
e aumentar a capacidade de 
processamento
Implementar planos de MFS em 
480.000 ha em florestas estaduais 
em regime de concessão em um ano, 
movendo a produção de 47.000 m3 
por ano para 260.000 m3 por ano com 
um ciclo de corte de 30 anos
Borracha Aumentar a extração de borracha 
de seringais de reflorestamento 
e aumentar a capacidade de 
processamento
Aumentar a produção em 10 mil 
hectares de reflorestamento com 
seringueira, com a produção 
atingindo 16.000 toneladas/ano em 
um período de 10 anos
Construir uma usina de processamento 
no 7º ano, aumentar a capacidade de 
processamento em 5.000 toneladas 
por ano
Castanha-do-brasil Melhorar a colheita, armazenamento 
e transporte de castanha-do-
brasil e aumentar a capacidade de 
processamento
Aumentar de 11 mil toneladas por 
ano para 19 mil toneladas por ano 
em 10 anos
Construir uma usina de 
processamento, aumentar a 
capacidade de processamento em 
7.500 toneladas por ano
Açaí Aumentar a produção de açaí em 
sistemas agroflorestais em terras 
degradadas e aumentar a capacidade 
de processamento
Aumentar a produção em 2.000 ha 
de sistemas agroflorestais em mais 
de 2 anos, aumentando a capacidade 
de produção para 8 a 12 toneladas 
por ano
Construir uma fábrica de 
processamento, aumentar a 
capacidade de processamento em 24 
toneladas por ano
Óleo de palma Aumentar a produção de óleo de palma 
em sistemas agroflorestais utilizando 
terras degradadas e aumentar a 
capacidade de processamento
Aumentar as plantações de palma de 
450 ha para 5.000 ha em 5 anos
Construir uma fábrica de 
processamento, aumentar a 
capacidade de processamento em 
110.000 toneladas por ano
Piscicultura Melhorar a produtividade de sistemas 
de piscicultura e aumentar da 
capacidade de processamento
Aumentar a produção para 25.000 
toneladas por ano, durante cinco 
anos, com 3.100 hectares de açudes 
Aumentar a capacidade de 
processamento em 25.000 toneladas 
por ano com a construção de duas 
novas fábricas
Grãos Melhorar os processos de 
produtividade e de produção de grãos
Aumentar a área de produção de 
grãos em 20.000 ha, aumentando a 
produção de 1.000 kg para 5.000 kg 
por hectare por ano em 10 anos
ND
21
© Rachel Kramer/National Wildlife Federation
22
Há um custo para implementar as atividades descritas no 
Capítulo 4. O custo indica o montante necessário para a 
transição para o desenvolvimento sustentável, bem como 
formas adequadas de levantar e investir capital.
O custo da transição para o desenvolvimento sustentável é 
mostrado na Tabela 2. A tabela mostra o investimento inicial 
necessário para a transição de produção e processamento do 
cenário de referência para o de desenvolvimento sustentável 
em um período de dez anos. Isso inclui custos como a 
compra de máquinas e equipamentos necessários para 
manejo da terra melhorado e mais sustentável. Seguindo 
orientações contábeis convencionais, os desembolsos 
iniciais não incluem os custos operacionais como os custos 
de mão de obra, seguros e aluguel da terra, que seriam pagos 
ano a ano durante a transição.
A tabela mostra os custos descontados e não descontados. 
O investimento inicial não descontado é o custo real para o 
produtor ou processador realizar o pagamento de despesas 
e compras no ano em que os custos são incorridos. O 
investimento inicial descontado é o custo para o investidor 
depois de levar em consideração o valor temporal do 
dinheiro esperado.
Os custos de investimento iniciais descontados/não 
descontados somam R$ 1,8/2,3 bilhões em 10 anos. Destes, 
R$ 396/546 milhões são destinado à conservação, R$ 
1,1/1,3 bilhão para as cadeias produtivas sustentáveis e R$ 
325/457 milhões para meios de meios de vida sustentáveis. 
A taxa de desconto de 8% foi usada (ver a explicação desta 
taxa na página 17).
o CuSto DA tRANSIção
Tabela 4: Custo da transição para o desenvolvimento sustentável em áreas temáticas
DESEmBolSoS INICIAIS DESCoNtADoS Em mAIS DE 
10 ANoS (R$ mIlhõES)
DESEmBolSoSINICIAIS Não DESCoNtADoS Em mAIS DE 
10 ANoS (R$ mIlhõES)
totAl PRoDução INDÚStRIA totAl PRoDução INDÚStRIA
Açaí 16 7 9 22 7 14
Piscicultura 200 185 19 241 226 16
Carne bovina 454 454 ND 627 627 ND
Castanha 17 6 11 21 9 11
Grãos 26 26 ND 34 34 ND
Óleo de palma 59 35 25 76 41 35
Carne suína 44 44 ND 51 51 ND
Borracha 94 98 4 111 102 9
Madeira (comunitária) 20 2 19 23 3 31
Madeira (concessão) 23 2 20 23 3 20
Madeira (reflorestamento) 130 130 ND 80 80 ND
Cadeias produtivas 
sustentáveis
1,080 990 90 1,307 1,182 126
SEANP 239 ND ND 329 ND ND
Revitalização do Rio Acre 157 ND ND 217 ND ND
Conservação 396 ND ND 546 ND ND
PDC 268 ND ND 375 ND ND
PGTI 57 ND ND 82 ND ND
meios de vida sustentáveis 325 ND ND 457 ND ND
total 1,801 990 990 2,310 ND ND
23
Figura 4: Desembolso inicial para a transição para o desenvolvimento sustentável em 10 anos
DESCONTADO
NÃO DESCONTADO
CUSTO TOTAL EM 10 ANOS: 
R$ 1,8 a 2,3 bilhões
0
300
600
900
1200
1500
IN
VE
ST
IM
EN
TO
 IN
IC
IA
L 
(R
$ 
M
IL
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)
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DA
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ST
EN
TÁV
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24
© iStockphoto.com/Brasil2
25
Este capítulo descreve os fluxos de caixa da transição para o 
desenvolvimento sustentável. Um fluxo de caixa é a diferença 
entre as receitas geradas com a venda de um bem ou serviço 
e os custos de produção ou fornecimento do bem ou serviço. 
É importante compreender os fluxos de caixa porque eles indicam 
a rentabilidade do investimento na transição e porque indicam se a 
produção e processamento da transição podem gerar recursos para 
reembolsar o valor que foi emprestado para cobrir os investimentos 
iniciais (discutidos na Capítulo 5). Este, por sua vez, pode indicar 
como o capital deve ser alocado em áreas temáticas.
Os fluxos de caixa descritos aqui não se destinam a descrever com 
precisão os fluxos de caixa de uma empresa ou fundo que pode 
financiar a transição para o desenvolvimento sustentável. Eles não 
representam os fluxos de caixa de cada empresa ou produtor ativos 
nas cadeias produtivas nem descrevem o lucro de investir em 
qualquer empresa, produtor ou grupo de empresas no Acre.
Os fluxos de caixa são uma primeira tentativa de agregar 
os custos e receitas de produção e processamento em 
todas as onze cadeias produtivas após sua transição. 
Os fluxos de caixa não incluem os custos e receitas de 
qualquer produção contínua usando sistemas produtivos 
do cenário de referência - CR. Da mesma forma, não 
incluem o processamento de produtos produzidos usando 
sistemas do CR. Por exemplo, na cadeia produtiva de 
carne bovina, somente os custos e receitas da produção de 
carne bovina que usam o sistema melhorado de criação 
de gado são usados no modelo de fluxo de caixa; o modelo 
não inclui a parte da cadeia produtiva de carne bovina 
que, no futuro ainda estaria usando o sistema de criação 
de gado atual e menos intensivo. Para calcular os fluxos 
de caixa, o escritório de economia Vivid Economics 
elaborou uma modelo em Excel para o qual os dados brutos 
foram fornecidos pelo Governo do Estado e consultores 
contratados para esta finalidade.
Os fluxos de caixa foram calculados usando dois horizontes 
temporais distintos. O primeiro é um horizonte temporal 
de dez anos. Do ponto de vista de um investidor de renda 
fixa (por exemplo, um investidor em títulos públicos) ou 
um credor (por exemplo, um banco de desenvolvimento), 
na transição para o desenvolvimento sustentável todas as 
cadeias produtivas deve ser consideradas em um horizonte 
temporal padronizado, independente do ciclo produtivo de 
cada cadeia. Caso contrário, os reembolsos aos investidores 
podem variar de ano para ano e provavelmente os retornos 
não se encaixarão em um cronograma de reembolso fixo.
O segundo horizonte temporal é o ciclo produtivo de uma 
cadeia , dependente do ciclo de vida do produto ou do 
sistema produtivo, por exemplo, o ciclo de corte de madeira 
de floresta manejada ou o tempo de produção de borracha 
em seringal plantado. Optou-se por um horizonte temporal 
máximo de 30 anos para análise de fluxo de caixa o qual 
corresponde ao ciclo produtivo daquelas cadeias produtivas 
mais longevas. O fluxo de caixa descontado e a taxa interna 
de retorno [ 8 ] (TIR) são apresentados na Tabela 4 em ambos 
os horizontes temporais. A taxa de desconto usada foi de 8% 
(ver página 17).
o fluxo DE CAIxA
DA tRANSIção
O QUE É UM TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA?
Um título da dívida pública é um tipo de acordo no qual o capital inicial é fornecido por um investidor em troca de uma 
promessa de reembolso ao investidor do valor do título (chamado principal) mais o pagamento de juros periódicos (chamado 
cupom). O recebedor do capital é chamado emissor. Os pagamentos de cupons são efetuados para o investidor em base anual 
ou semestral e o principal do título é reembolsado no final da vida do título, conhecido como maturidade. Um título pode ser 
comprado por um investidor e mantido até o vencimento (maturidade). Se não for mantida até o vencimento, o título pode ser 
negociado no mercado. Diferentes investidores colocarão preços distintos sobre o título, que serão porcentagens do valor do 
principal. Se o preço é igual ao valor do principal, diz-se que o título é negociado ao par.
Para determinar o rendimento total de um investimento em um título, um investidor deve somar duas fontes de retorno: os 
pagamentos de cupom e a diferença de preço quando o título é vendido em comparação a quando foi comprado (chamado 
ganhos de capital) (Fabozzi and Mann, 2012) [ 9 ].
26
O	que	o	fluxo	de	caixa	nos	diz?
Em um horizonte temporal de 30 anos, o fluxo de 
caixa não descontado é positivo, o que significa que as 
receitas são geradas além e acima do custo da transição 
para o desenvolvimento sustentável. Isto significa que 
os investidores que financiam a transição podem ser 
reembolsados durante este horizonte de tempo mais 
longo e/ou as receitas podem ser usadas para financiar as 
atividades de conservação e de meios de vida sustentáveis. 
O fluxo de caixa descontado indica a um investidor se 
a transição pode gerar o rendimento exigido. Um fluxo 
de caixa descontado positivo (de R$ 635 milhões em 
30 anos, usando uma taxa de desconto de 8%) significa 
que provavelmente pode. No entanto, algumas cadeias 
produtivas individuais têm fluxo de caixa negativo durante 
30 anos e, portanto, talvez não atraiam investidores.
Em contraste, em um horizonte temporal de 10 anos, o 
fluxo de caixa descontado é negativo (-R$ 405 milhões), o 
que significa que as receitas não são geradas além e acima 
do custo da transição para o desenvolvimento sustentável 
no período de dez anos. Nem pode dar aos investidores um 
retorno sobre seu investimento neste período.
É comum comparar uma TIR com o rendimento dos títulos da 
dívida pública, porque estes são, muitas vezes, considerados 
como referência para os retornos esperados pelos investidores 
no país pois são o investimento alternativo de menor risco (para 
mais explicações, veja página 17). Os retornos sobre os títulos 
do Governo Federal brasileiro de 30 a 40 anos apresentam 
um rendimento anual pouco abaixo de 10% [ 10 ]. Portanto, 
uma TIR de 14% em um horizonte de tempo de 30 anos é um 
retorno atraente para investidores privados. Um investidor na 
transição para o desenvolvimento sustentável pode receber uma 
TIR que é aproximadamente 4% maior do que o rendimento 
do investimento alternativo de menor risco mas vencimento 
similar (maturidade) aos títulos da dívida pública brasileira.
Comparando os resultados dos ciclos produtivos de 10 e 30 anos 
nas cadeias produtivas de maneira individual, o período de 
30 anos em todas as cadeias, exceto duas, apresenta fluxos de 
caixa descontadospositivos. Em contraste, sete de onze cadeias 
produtivas apresentam fluxos de caixa descontados negativos 
no horizonte de 10 anos e cinco apresentam TIRs negativos.
Para as duas cadeias produtivas que têm fluxos de caixa 
descontados negativos no período de 30 anos, o gestor do 
fundo encarregado de gerir o investimento na transição para o 
desenvolvimento sustentável terá dificuldade para alocar capital 
para essas cadeias produtivas, pois é difícil de justificar a 
realização de investimentos que podem acarretar em prejuízos.
Uma grande parte do total do fluxo de caixa descontado positivo 
para todas as cadeias produtivas em 30 anos pode ser atribuída 
às cadeias produtivas de carne bovina, castanha-do-brasil e 
grãos. Cada uma tem um fluxo de caixa descontado individual 
de R$ 100 a 300 milhões. Sem essas cadeias produtivas, o fluxo 
de caixa total descontado cai significativamente, para R$ 145 
milhões. A capacidade de extrair uma grande parte dos lucros 
e distribuí-lo para os investidores, portanto, passa a depender 
de um conjunto restrito de cadeias produtivas e torna-se difícil 
justificar investimentos em outras cadeias produtivas pois elas 
contribuem menos para o lucro do investimento na transição 
para o desenvolvimento sustentável. 
 
Conservação e meios de vida sustentáveis
Como resultado de aliviar a pressão para desmatar – por meio 
da conservação, transição de cadeias produtivas e facilitação 
do desenvolvimento sustentável das comunidades rurais 
– o fornecimento de diversos serviços ecossistêmicos está 
garantido. Pagamentos em troca de fornecimento de serviços 
ecossistêmicos podem ser feitos a partir de fontes externas 
para o estado do Acre. Por exemplo, o serviço ambiental de 
armazenamento de carbono resulta em menos emissões de 
carbono do que haveria se este serviço ambiental fosse removido. 
-8% +14%
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)
NO HORIZONTE DE 10 ANOS
TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)
NO HORIZONTE DE 30 ANOS
27
Tabela 5: Fluxos de caixa da transição para o desenvolvimento sustentável em períodos de 10 e 30 anos.
Conforme descrito no Capítulo 3, a redução das emissões de 
carbono é fornecida pelas florestas do Acre para a população 
acreana e para o mundo. O valor desse carbono poderia ser de 
R$ 2,2 – 4,3 bilhões no período de 2012-2025 (ver página 14).
As atividades de conservação e meios de vida sustentáveis 
no modelo de transição contribuem diretamente para o 
fornecimento destes serviços ecossistêmicos e podem, portanto, 
gerar receita de pagamentos recebidos pela provisão destes 
serviços. No entanto, a provisão de serviços ecossistêmicos, 
como a redução das emissões de carbono, atualmente não pode 
ser demonstrada como diretamente associada às atividades 
da transição para o desenvolvimento sustentável devido à falta 
de dados. Por outro lado, o valor do fornecimento de serviço 
ambiental não pode atualmente ser capturado através de, por 
exemplo, mercados de carbono florestal. Portanto as atividades 
de conservação e meios de vida sustentáveis são, para fins do 
presente relatório, consideradas não geradoras de receita.
Esta é a razão por que este relatório avalia se a receita 
gerada a partir das cadeias produtivas sustentáveis pode 
cobrir parte ou a totalidade do custo das atividades que não 
geram receita. Esta questão será discutida mais a fundo no 
Capítulo 7. Aqui, usa-se um rápido cálculo para mostrar se 
pode ser possível pagar pela conservação e meios de vida 
sustentáveis reciclando parte da receita gerada a partir das 
cadeias produtivas considerando um período de investimento 
de 10 anos. Para fazer isso, os fluxos de caixa descontados 
e não descontados são ajustados para incluir os custos das 
atividades que não geram receita (o fluxo de caixa descontado 
é usado por permitir que esse ajuste seja feito enquanto na 
mesma contabilização para pagar um rendimento anual para 
um investidor a uma taxa de desconto de 8%).
O resultado é que, no horizonte de tempo de até 30 anos, o 
fluxo de caixa descontado é negativo após este ajuste ser feito: 
-R$ 86 milhões. Isto significa que as receitas geradas com a 
venda de produtos nas cadeias produtivas sustentáveis não 
podem cobrir todos os desembolsos iniciais de atividades que 
não geram receita, ao mesmo tempo que fornece pelo menos 
um rendimento anual de 8% a um investidor. Em contraste, 
o fluxo de caixa não descontado é positivo após este ajuste 
ser feito: R$ 3,037 milhões. Por conseguinte, é possível que 
a receita gerada a partir das cadeias produtivas possa cobrir 
parte ou a totalidade dos custos de desembolso inicial das 
atividades de conservação e meios de vida sustentáveis. 
No entanto, isso depende do fato do investidor esperar um 
rendimento maior ou menor do que o rendimento anual de 8% 
presumido neste cálculo e no ano em que a receita pode ser 
reciclada. Para simplificar, este relatório presume que a receita 
pode ser reciclada no mesmo ano em que é gerada, embora, na 
realidade, isso provavelmente não será o caso.
AtÉ 10 ANoS AtÉ 30 ANoS
fluxo DE CAIxA 
DESCoNtADo (R$ 
mIlhõES)
fluxo DE CAIxA Não 
DESCoNtADo (R$ 
mIlhõES)
tIR (%) fluxo DE CAIxA 
DESCoNtADo (R$ 
mIlhõES)
fluxo DE CAIxA Não 
DESCoNtADo (R$ 
mIlhõES)
tIR (%)
Açaí 11 36 16 77 242 27
Piscicultura -89 -63 Negativo -12 276 7
Carne bovina -149 -113 Negativo 276 1,755 14
Castanha 54 91 75 108 327 75
Grãos 30 61 36 106 394 40
Óleo de palma -68 -72 Negativo -1 171 8
Carne suína 5 28 11 50 224 19
Borracha -94 -130 Negativo 1 264 8
Madeira (comunitária) -3 6 5 5 5 14
Madeira (concessão) -2 10 6 15 86 14
Madeira (reflorestamento) -103 -156 Negativo 9 296 9
total/média -405 -302 -8 635 4,040 14
28 28
O fluxo de caixa descontado de uma cadeia produtiva é 
negativo se a soma dos custos for maior do que a soma das 
receitas durante o ciclo produtivo desta cadeia . Para um 
investidor, cadeia produtiva com fluxo de caixa descontado 
negativo não é um investimento sensato, porque o retorno 
pode ser menor do que o investimento alternativo de baixo 
risco. Algumas cadeias produtivas do Acre têm fluxos de 
caixa descontados negativos em seu período (veja a tabela de 
fluxo de caixa na página 27). Como resultado, um investidor 
pode não desejar financiar estas cadeias produtivas.
No entanto, cadeias produtivas com fluxo de caixa negativo 
não necessariamente indicam que não sejam lucrativas. 
Na verdade, todas as cadeias produtivas têm um fluxo de 
caixa não descontado positivo (ver página 27). Uma cadeia 
produtiva pode ter um fluxo de caixa positivo (e, portanto, o 
investimento pode receber um retorno positivo no período), 
mas depois que é descontado, o fluxo de caixa torna-se 
negativo (ver página 17). Além disso, grandes custos com 
máquinas e equipamentos, nos primeiros anos da transição, 
terão desconto menor do que as receitas recebidas em 
anos posteriores.
Portanto, as cadeias produtivas de óleo de palma e 
piscicultura, que são consideradas pelo Governo do Estado 
como duas das cadeias produtivas mais rentáveis [ 11 ], têm 
fluxos de caixa descontados negativos em um período de 30 
anos. Veja abaixo uma explicação sobre os fluxos de caixa 
descontados negativos destas duas cadeias produtivas.
Óleo de palma
Em 30 anos, a cadeia de suprimentos do óleo de palma 
apresenta fluxo de caixa descontado negativo de -R$ 1 
milhão. Como pode ser visto na Figura 4, há um fluxo de 
caixa negativo grande nos primeiros anos da transição. 
Isto se deve aos investimentos iniciais em maquinário 
e unidades de processamento nos primeiros anos. As 
receitas não superam esses custos até o ano seis; após, o 
fluxo de caixa continua a ser positivo. No entanto, devido 
aos descontos, o fluxo de caixa positivo dos últimos anos 
diminui de valor; assim, o fluxo de caixa total após o ano 6 
não pode equilibrar o fluxo de caixa negativo de 
anosanteriores.
Piscicultura
Na cadeia de suprimentos de piscicultura, há uma história 
similar ao óleo de palma. Em 30 anos, ela apresenta fluxo 
de caixa descontado negativo de -R$ 12 milhões. O fluxo 
de caixa descontado negativo é o resultado de desembolsos 
iniciais maiores nos primeiros anos da transição e desconto 
posterior. A Figura 5 mostra como o desconto diminui 
o valor do fluxo de caixa positivo nos anos posteriores, 
resultando em um fluxo de caixa negativo descontado 
em 30 anos.
fluxoS DE CAIxA 
DESCoNtADoS 
NEgAtIvoS
Figura 5: Fluxo de caixa de óleo de palma Figura 6: Fluxo de caixa de piscicultura
29
© Yayan Indriatmoko/CIFOR
30
o fINANCIAmENto 
DA tRANSIção
Este capítulo apresenta três possíveis mecanismos para 
financiamento das atividades descritas no Capítulo 4. 
As conclusões dos Capítulos 5 e 6, bem como consultas 
externas realizadas pelo GCP, são usadas como base para a 
discussão neste capítulo. Os mecanismos explorados aqui 
não são conclusivos e têm o intuito de iniciar um diálogo 
sobre o financiamento da transição para o desenvolvimento 
sustentável no Acre. Muitas questões ainda precisam ser 
exploradas em maior detalhe, principalmente aquelas 
relacionadas aos arranjos institucionais dos mecanismos e 
serão tratadas em uma fase posterior do projeto.
Os três mecanismos são definidos principalmente por dois 
fatores. O primeiro é o nível de envolvimento do Governo 
Estadual na captação de recursos para o mecanismo, uma 
consideração essencial na aprovação de um mecanismo 
de financiamento pelo Governo Estadual. O segundo é 
a capacidade de financiar as atividades nas duas áreas 
temáticas de conservação e meios de vida sustentáveis (as 
atividades não geradoras de receita). O financiamento das 
atividades que não geram receita é uma parte essencial 
para garantir que a transição para o desenvolvimento 
sustentável aconteça em todas as três áreas temáticas. Isto 
pode ser conseguido com a reciclagem das receitas geradas 
além e acima dos investimentos (ou seja, os lucros) nas 
cadeias produtivas para cobrir alguns custos da atividades 
que não geram receita.
O nível de envolvimento do Governo do Estado em cada 
um dos mecanismos pode variar de alto para médio, mas 
todos os três mecanismos exigem que Governo do Estado 
invista, catalise o investimento privado (por exemplo, 
fornecendo garantias) ou capte recursos para o fundo. A 
habilidade para reciclar as receitas das cadeias produtivas 
sustentáveis para cobrir parte dos custos das atividades 
que não geram receita varia de improvável para possível. 
Isso ocorre porque os investidores potenciais – diferentes 
em cada mecanismo – decidem se estas atividades podem 
ser financiadas. A Figura 6 apresenta os três mecanismos 
potenciais em uma matriz desses dois fatores.
Em todos os três mecanismos, presumimos que o capital 
será gerido por um novo fundo, criado com o único 
propósito de investir na transição para o desenvolvimento 
sustentável no Acre. Isto recebe o nome de fundo de 
transição. Supõe-se também que o fundo detém os lucros 
gerados a partir das cadeias produtivas sustentáveis. 
Claramente, esta é uma suposição muito simplificada: 
agricultores, empresas ou organizações locais, em geral, 
detêm os lucros. No entanto, para compreender melhor o 
cenário idealizado, este relatório pressupõe que o fundo 
de transição detenha os lucros, e pode, portanto, tomar 
decisões sobre a possibilidade de distribuir lucros aos 
investidores ou destinar para atividades de conservação e 
meios de vida sustentáveis.
Os mecanismos são apresentados em duas etapas. A 
primeira etapa considera o nível e a forma de investimento 
do setor público, a possibilidade de que haja qualquer 
investimento do setor privado e o tipo de capital que 
pode ser captado junto a investidores públicos e privados, 
por exemplo, empréstimos, títulos ou investimentos em 
participações de ações (equity). Nesta etapa considera-se 
o investimento inicial nas cadeias produtivas como o 
investimento necessário. A segunda etapa analisa se as 
áreas temáticas de conservação e meios de vida sustentáveis 
podem ser financiadas através da destinação de parte da 
receita gerada nas cadeias produtivas sustentáveis.
Figura 7: Estrutura de mecanismos para financiar a transição para o desenvolvimento sustentável.
fINANCIAmENto DA CoNSERvAção E mEIoS DE vIDA SuStENtÁvEIS
PoSSÍvEl ImPRovÁvEl
 NÍvEl DE 
ENvolvImENto 
Do govERNo 
EStADuAl
Alto fuNDo vINCulADo Ao govERNo
mÉDIo fuNDo vINCulADo A IfI fuNDo INDEPENDENtE
31
A casa do Chico Mendes
© Eduardo Arraes
32
oS tIPoS DE CAPItAl 
E INvEStIDoRES quE 
PoDERIAm fINANCIAR
A tRANSIção
Fundamentos
Para financiar a transição para o desenvolvimento 
sustentável, o fundo de transição precisará captar recursos 
do setor público, setor privado ou uma combinação de 
ambos. Cada tipo de investidor público ou privado tem 
um apetite diferenciado para risco. Normalmente, um 
investidor do setor público terá um maior apetite por risco 
do que um investidor privado. O apetite por risco de cada 
investidor determinará se as atividades de transição podem 
ser financiadas por aquele investidor.
O capital pode ser na forma de participação (equity), 
doação (fundo perdido) ou empréstimo. Doação ou fundo 
perdido é a provisão de dinheiro de uma organização – 
provavelmente um governo de país doador – ao fundo de 
transição para a qual não há expectativa de reembolso ou 
de retorno financeiro sobre o investimento. A participação 
acionária (equity em inglês) é a provisão de dinheiro 
em troca de propriedade parcial de uma organização, 
geralmente com a expectativa de receber pagamentos 
periódicos (chamados dividendos) e um aumento no valor 
de sua propriedade parcial na empresa (chamado ganho 
de capital). Empréstimo é a provisão de capital inicial em 
troca da promessa de reembolso do capital, com juros, 
durante um período fixo de pagamento. Normalmente, o 
empréstimo é realizado na forma de títulos ou empréstimos 
diretos, os quais se diferenciam pela maneira de como 
o capital é reembolsado ao investidor. A decisão de um 
investidor de oferecer empréstimo depende do rendimento 
esperado e o grau de risco percebido do investimento. 
O risco percebido geralmente é medido por um método 
conhecido como classificação de crédito (credit rating em 
inglês), que é uma medida da capacidade do tomador pagar 
o valor emprestado.
Os tipos de capital e investidores no Acre
A composição de doação, participação acionária e 
empréstimo nos financiamentos do fundo de transição é 
conhecida como estrutura de capital. A transição para o 
desenvolvimento sustentável exige financiamento para 
uma série de atividades, cada uma com um risco diferente 
para os investidores de que o investimento não será 
reembolsado (ou seja, um risco de inadimplência). Como 
resultado, as atividades com alto risco de inadimplência 
atrairão investidores com apetite para o alto risco e as 
atividades com um baixo risco de inadimplência recorrerão 
a investidores com um reduzido apetite para o risco. 
Diferentes tipos de investidores com apetite por risco 
diferenciado podem fornecer diferentes formas de capital. 
Para estruturar o investimento de forma que os investidores 
enfrentem os riscos correspondentes aos seus apetites de 
risco, presume-se que todas as formas de capital podem ser 
combinadas na estrutura de capital do fundo de transição. 
No entanto, os tipos de investidores que oferecem diferentes 
formas de capital serão diferentes em cada um dos três 
mecanismos, bem como a dimensão do seu investimento.
Como doação a fundo perdido não requer reembolso e 
porque a participação acionária é mais arriscada para 
o investidor do que empréstimo, é provável que tanto a 
participação quanto doação venham de fontes do setor 
público (ver mais

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