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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: http://www.researchgate.net/publication/229760960 EPR, FTIR, Raman, UV–Visible Absorption, and Fluorescence Spectroscopies in Studies of NOM CHAPTER · AUGUST 2009 DOI: 10.1002/9780470494950.ch16 CITATIONS 3 DOWNLOADS 604 VIEWS 181 4 AUTHORS, INCLUDING: Debora Marcondes Bastos Pereira Milori Brazilian Agricultural Research Corporation… 90 PUBLICATIONS 747 CITATIONS SEE PROFILE Wilson Tadeu Lopes Da Silva Brazilian Agricultural Research Corporation… 48 PUBLICATIONS 203 CITATIONS SEE PROFILE Available from: Debora Marcondes Bastos Pereira Milori Retrieved on: 22 June 2015 XXI – MÉTODOS ANALÍTICOS UTILIZADOS EM QUÍMICA DO SOLO Cassio Hamilton Abreu Junior1/, Ladislau Martin Neto2/, Débora Marcondes Bastos Pereira Milori2/, Marcelo Luiz Simões2/ & Wilson Tadeu Lopes da Silva2/ 1/ Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Centro de Energia Nuclear na Agricultura - CENA/ USP. Caixa postal 96, CEP 13400-970 Piracicaba (SP). cahabreu@cena.usp.br 2/ Embrapa Instrumentação Agropecuária. Caixa Postal 741, CEP 13560-970 São Carlos (SP). martin@cnpdia.embrapa.br; debora@cnpdia.embrapa.br; marcelo@cnpdia.embrapa.br; wilson@cnpdia.embrapa.br. Conteúdo INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................... xxx ANÁLISE QUÍMICA COMO FERRAMENTA PARA A CARACTERIZAÇÃO DO SOLO .......................... xxx Caracterização Química Elementar .............................................................................................................................. xxx Considerações Gerais .................................................................................................................................................... xxx Digestão em Meio Ácido ............................................................................................................................................. xxx Fusão Alcalina ................................................................................................................................................................ xxx Decomposição Assistida por Radiação Microondas .......................................................................................... xxx Método de Extração de Ferro e Alumínio de Óxidos Pedogenéticos ................................................................. xxx Determinações Utilizadas para a Classificação dos Solos .................................................................................... xxx Avaliação da Disponibilidade de Nutrientes no Solo ............................................................................................. xxx MÉTODOS ISOTÓPICOS .................................................................................................................................................... xxx Princípios da Técnica ........................................................................................................................................................ xxx Determinação da Disponibilidade de Elementos Químicos no Solo .................................................................. xxx Valor E ............................................................................................................................................................................... xxx Valor L ............................................................................................................................................................................... xxx Valor A .............................................................................................................................................................................. xxx Outras Aplicações .............................................................................................................................................................. xxx MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS COM FONTE DE PLASMA .......................................................................... xxx Plasma Produzido por Acoplamento Indutivo ........................................................................................................ xxx Tocha e Formação do Plasma ........................................................................................................................................ xxx SBCS, Viçosa, 2008. Química e Mineralogia do Solo, xxxxp. (eds. xxxxxxxxxxxxx; xxxxxx xxxx xxxxx xxxxxxx; xxxxx xxx x x x x x x xxxxxxxx; xxxxxxxxx.). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 2 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÔMICA COM PLASMA ACOPLADO INDUTIVAMENTE ........ xxx Introdução de Amostra .................................................................................................................................................... xxx Processos de Emissão no Plasma .................................................................................................................................. xxx Espectrômetros Ópticos ................................................................................................................................................... xxx Interferências ........................................................................................................................................................................ xxx ESPECTROMETRIA DE MASSAS COM PLASMA ACOPLADO INDUTIVAMENTE ................................. xxx Introdução da Amostra ................................................................................................................................................... xxx Tipos de Nebulizadores para Amostras Líquidas ................................................................................................... xxx Interferências ........................................................................................................................................................................ xxx Interferência Isobárica Elementar .............................................................................................................................. xxx Abundância em Sensibilidade .................................................................................................................................... xxx Interferências Isobáricas Molecular, de Íons com Carga Dupla e de Óxidos .............................................. xxx Interferências da Matriz ............................................................................................................................................... xxx Efeito de Memória .......................................................................................................................................................... xxx Cela de Colisão e Reação ................................................................................................................................................. xxx ANÁLISE INSTRUMENTAL POR ATIVAÇÃO COM NÊUTRONS .................................................................... xxx Princípio da Técnica .......................................................................................................................................................... xxx Aplicação .............................................................................................................................................................................. xxx ANÁLISE DE ELEMENTOS QUÍMICOS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X ........................................... xxx Princípio da Técnica ..........................................................................................................................................................xxx Aplicação .............................................................................................................................................................................. xxx MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS .................................................................................................................................. xxx Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) ....................................................................... xxx Princípios e Conceitos Básicos de RPE .................................................................................................................... xxx Aplicações ........................................................................................................................................................................ xxx Caracterização de Solos Intactos e Frações Organominerais ....................................................................... xxx Caracterização de Substâncias Húmicas sob Diferentes Condições Climáticas e de Manejo de Solos ..... xxx Estudos da Complexação de Íons Metálicos com Substâncias Húmicas ................................................ xxx Estudos das Interações entre Pesticidas e Substâncias Húmicas .............................................................. xxx Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .................................................................................. xxx Princípios e Conceitos Básicos de RMN .................................................................................................................. xxx Técnica de 13C RMN VACP-MAS .............................................................................................................................. xxx Aplicações ........................................................................................................................................................................ xxx Caracterização da Matéria Orgânica e Substâncias Húmicas de Solos ................................................... xxx Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) .......................................................... xxx Princípios e Conceitos Básicos de FTIR ................................................................................................................... xxx Aplicações ........................................................................................................................................................................ xxx Caracterização de Substâncias Húmicas de Solos sob Diferentes Manejos ............................................ xxx Mecanismos de Reações entre Pesticidas e Substâncias Húmicas ............................................................. xxx Quantificação de Carbono Através do Uso de Espectroscopia na Região do Infravermelho Próximo (NIRS) ..................................................................................................................................................... xxx Espectroscopia de Absorção de Luz Ultravioleta Visível (UV vis) .................................................................... xxx Princípios e Conceitos Básicos de UV vis ............................................................................................................... xxx Aplicações ........................................................................................................................................................................ xxx Razão E4/E6 em Substâncias Húmicas ............................................................................................................ xxx Mecanismos de Reações e Fotorreações de Substâncias Húmicas em Solo e Água .............................. xxx Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 3 Espectroscopia de Fluorescência de Luz Ultravioleta Visível (UV vis) ............................................................. xxx Conceitos Básicos de Fluorescência .......................................................................................................................... xxx Metodologia para Medir Fluorescência ................................................................................................................... xxx Instrumentação para Análise da Fluorescência .................................................................................................... xxx Espectroscopia de Fluorescência Induzida por Laser (FIL) ............................................................................. xxx Fluorescência das Substâncias Húmicas ................................................................................................................ xxx Fluorescência Induzida por Laser (FIL) de Solos Intactos ................................................................................ xxx LITERATURA CITADA ..................................................................................................................................................... xxx INTRODUÇÃO As oportunidades e os desafios para os cientistas do solo são grandes. A função primordial do solo de produção de alimentos e fibras - produtos essenciais em demandas crescentes decorrente do aumento da população no Mundo - é ampliada para produzir combustíveis renováveis (etanol e biodiesel) e biomateriais (como substituintes dos derivados do petróleo). O solo tem outras importantes funções relacionadas com o ambiente sustentável e saudável, tais como: a complexação dos pesticidas e metais pesados - oriundos de práticas agrícolas - e a filtração e a proteção para preservação das águas, sobretudo do nível hidrostático. O solo é o terceiro maior reservatório de C no Planeta, superando a atmosfera e a biomassa, e é importante seqüestrador de C e pode contribuir na mitigação do efeito estufa, exercendo, portanto, função primordial e direta sobre as mudanças climáticas do Planeta. O solo pode ser usado ainda, dentro de limite definido, como um reator na reciclagem de elementos inorgânicos e de compostos orgânicos contidos em resíduos urbanos e rurais. Ressalta-se que o relativo conforto do uso dos adubos minerais, em boa parte derivados do petróleo, necessariamente demandará a busca de alternativas sustentáveis, o que, sem dúvida, é outro formidável desafio. Mas, não obstante a tudo isto, há uma singularidade incomensurável, o solo é um recurso natural não-renovável, mas vivo, sobre o qual crescem cidades e influencia a qualidade de vida das pessoas. É um patrimônio de uma Nação, cujo desenvolvimento sócio- econômico e soberania dependem de sua qualidade. Dessa forma, é fundamental a visão de que a ciência do solo tem enorme oportunidade de ampliar seu campo de atuação e ganhar maior destaque dentro da ciência e da sociedade como um todo. Contudo, se, por um lado, inúmeras novas oportunidades existem para atender a essa nova agenda, o perfil do profissional na área e as formas de resolver as inúmeras demandas exigem novos conhecimentos e métodos. Nas últimas duas décadas, as técnicas analíticas evoluíram significativamente na capacidade de análise quantitativa e qualitativa. Dentre elas, destacam-se algumas técnicas espectrométricas e métodos espectroscópicos, que permitem detalhado conhecimento dos processos químicos relacionados com a transferência e transformação de elementos e de compostos no sistema solo-água-planta-atmosfera. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 4 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. Neste capítulo, são abordados tópicos relacionados com a química do solo, a saber: caracterização elementar, métodos de análise multielementar,método de extração de Fe e Al, métodos isotópicos, métodos espectrométricos com fonte de plasma, espectrometria de emissão atômica com plasma acoplado indutivamente, espectrometria de massas com plasma acoplado indutivamente, análise instrumental por ativação de nêutrons, análise de elementos em baixas concentrações por fluorescência de raios X e métodos espectroscópicos, como ressonância paramagnética eletrônica, ressonância magnética nuclear, infravermelho, absorção e fluorescência de luz ultravioleta e visível. A compreensão desses métodos e de suas aplicações permitirá aos interessados uma visão mais ampla e atualizada sobre a química do solo, tema tão importante e desafiante para o presente e futuro da ciência do solo e para desenvolvimento sustentável das atividades agrossilvopastoris. ANÁLISE QUÍMICA COMO FERRAMENTA PARA A CARACTERIZAÇÃO DO SOLO Caracterização Química Elementar A análise química elementar de amostras do solo tem por objetivo caracterizar qualitativa e quantitativamente determinado solo. Trata-se, portanto, de importante ferramenta para a caracterização química do solo, seja para uso agrícola, florestal, urbano, seja para outro fim. Atualmente, o grande enfoque para a análise de teores totais está voltado para o estudo de contaminação do solo e, principalmente, para definição de valores orientadores de qualidade do solo, principalmente na definição de concentrações de referência de qualidade, de alerta, de intervenção e de limites permissíveis de elementos potencialmente tóxicos nos solos agrícolas. Considerações Gerais Para um país com as dimensões e diversidades geográficas do Brasil, a questão da análise de teores totais em solos é bastante complexa. Por exemplo, no Estado de São Paulo, há a DECISÃO DE DIRETORIA No 195-2005-E, de 23 de novembro de 2005, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, 2005). Essa norma define os valores orientadores de qualidade e de contaminação para prata (Ag), alumínio (Al), arsênio (As), bário (Ba), boro (B), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), ferro (Fe), mercúrio (Hg), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), antimônio (Sb), selênio (Se), vanádio (V) e zinco (Zn), além dos valores de compostos orgânicos, para solos e águas subterrâneas. Os valores são revisados a cada quatro anos, em virtude da pouca informação disponível sobre elementos potencialmente tóxicos em solos brasileiros, não obstante as pesquisas sejam cada vez mais numerosas. Uma das dificuldades é o levantamento de "teores totais naturais" ou "backgrounds" dos elementos potencialmente tóxicos. Isto exige técnicas de preparo e de análise que possibilitem a determinação de teores na ordem de algumas dezenas de µg kg-1, ou seja, ppb (parte por Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 5 bilhão, m/m) (Abreu Junior et al., 2008). Parte do problema analítico consiste em responder qual é o procedimento a ser adotado para a decomposição (digestão), solubilização ou extração dos elementos contidos nas amostras e qual é a melhor técnica de análise química para a caracterização elementar do solo. Os métodos analíticos convencionais requerem o uso de soluções homogêneas para a análise de teores totais, exceto os métodos não destrutivos. Assim, a análise elementar de uma amostra de solo é feita após sua solubilização por meio de digestão ácida ou de fusão alcalina (Jarvis et al., 1995; Hossner, 1996; Oliveira, 2003; Krug, 2006; Rossete, 2006). De modo geral, a solubilização ácida é o método de digestão preferido, principalmente quando a quantificação for feita por espectrometria de absorção atômica (AAS), por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP OES) ou por espectrometria de massas com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS), haja vista que a fusão alcalina produz solução final com maior concentração salina, graças ao emprego de Na, ou de K, ou de Li. A dissolução ácida pode ser feita em sistema aberto ou fechado, e com fontes de energia térmica, ultra-sônica ou radiante (infravermelho, ultravioleta e microondas) (Oliveira, 2003; Krug, 2006). Ácidos inorgânicos fortes, como ácido nítrico 16 mol L-1 (70 % v/v), ácido clorídrico 12 mol L-1 (36 % v/v), ou suas misturas, às vezes em combinação com ácido ortofosfórico 15 mol L-1 (85 % v/v) ou ácido fluorídrico 29 mol L 1 (48 % v/v), pelas suas propriedades complexantes, são usados para a decomposição de amostras de solo ou geológicas (Hossner, 1996; Krug, 2006). A adição de ácido fluorídrico é imprescindível à determinação de teores totais em amostras que contenham silicatos, como as de solo (Vieira et al., 2005). A fusão alcalina normalmente é empregada para a decomposição de materiais insolúveis ou de difícil manipulação em meio ácido (Hossner, 1996; Krug, 2006). Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency - USEPA), em seu Manual SW 846 (USEPA, 2006), preconiza três métodos para dissolução ácida de amostras de solo: o método 3050B, o método 3051A e o método 3052. Estes métodos são válidos para a determinação dos seguintes elementos: Ag, Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, Hg, K, Mg, Mn, Mo, Ni, Pb, Sb, Se, Tl, V e Zn, combinando a detecção dos elementos com as técnicas de AAS com chama (FAAS) ou eletrotérmica (forno de grafite) (EAAS ou GFAAS) e ICP-OES, e, para Hg, espectrometria de absorção atômica com vapor frio (CVAAS). Alternativamente, todos os elementos podem ser determinados "simultaneamente" por ICP-MS, conforme descrito no método 6020A (USEPA, 1998), do Manual SW-846 (USEPA, 2006), que foi adaptado para análises de pesquisa e rotina de amostras de água, fertilizante, lodo de esgoto, planta, solo, etc. (Abreu Junior et al., 2008). De acordo com o método 6020A, para a determinação de Hg, as amostras devem ser tratadas com solução de Au antes da digestão, para evitar perda do elemento por volatilização e minimizar o efeito de memória durante sua determinação. O método 3050B será discutido no item sobre digestão em meio ácido e os métodos 3050A e 3052 no item sobre digestão em sistema de microondas. As normas da CETESB P 4.230 (CETESB, 1999a), P 4.233 (CETESB, 1999b) e a DECISÃO DE DIRETORIA No 195-2005-E (CETESB, 2005), para uso agrícola de lodo de esgoto e lodo de curtume e para o monitoramento da qualidade do solo do Estado de São Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 6 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. Paulo, respectivamente, e a resolução 375, do CONAMA (CONAMA, 2006), para uso agrícola de lodo no Brasil, que tratam da análise de solo tratado com lodo de esgoto, assim como as normas de monitoramento da USEPA, preconizam o uso dos métodos 3050B e 3051A (USEPA, 2006). A recomendação de uso destes dois métodos, que não fazem uso do ácido fluorídrico pelas normas ambientais, deve-se, basicamente, ao fato de eles permitirem a liberação de elementos ligados às frações de matéria orgânica e de óxidos, mas não à fração silicatada, portanto, das frações com grande potencial de contaminar o ambiente e os seres vivos. Além disso, eles apresentam relativa simplicidade e adequação para as condições de rotina dos laboratórios e têm sido utilizados com sucesso para determinação de elementos potencialmente tóxicos em amostras de solos tratados com resíduos ou sujeitos à ação antropogênica (Raij et al., 2001). Os métodos 3050B e 3051A não permitem a obtenção de teores totais em amostras de solo, de lodos e de outros resíduos, visto que não solubilizam a fração de "metais" ligada aos silicatos. Por isso é de bom senso explicitar que os resultados obtidos por tais métodos não são os teores totais nosolo, mas, sim, teores relacionados com elementos solubilizados por ácido nítrico concentrado e cujos valores estão relacionados com a qualidade do solo. O National Institute of Standards and Technology (NIST), em seus certificados de análises de amostras de referência de solo, emprega o termo "leachable concentrations", ou seja, "concentrações lixiviáveis" para os resultados obtidos por estes dois métodos. Os três métodos apresentam protocolos relativamente flexíveis com relação à massa de amostra, ao volume e aos tipos de ácidos e ao uso ou não de peróxido de hidrogênio. Sugere-se que o protocolo original seja consultado pelo analista. O manual SW 846 e seus métodos podem ser acessados eletronicamente no endereço http://www.epa.gov/ sw-846/sw846.htm. Quando da análise de amostras de solo para determinação multielementar de teores totais por dissolução ácida, em sistema fechado, os principais problemas são a necessidade do uso de ácido fluorídrico e a formação de fluoretos insolúveis. Portanto, a complexação do ácido fluorídrico, ou uso de sistemas de introdução de amostras que admitam este ácido, e a solubilização dos fluoretos são os principais fatores a serem equacionados para o sucesso do procedimento, seja com aquecimento convencional seja com forno microondas (Hossner, 1996; Jones & Dreher, 1996; Sandroni & Smith, 2002; Sandroni et al., 2003; Vieira et al., 2005; Krug, 2006). A escolha do método para dissolução de amostras sólidas deve considerar os seguintes aspectos (adaptado de Krug, 2006): - O procedimento é capaz de dissolver a amostra por completo, sem deixar resíduo; - O procedimento é razoavelmente rápido para ser executado, permitindo o preparo de amostras em número e quantidade suficientes; - A solução obtida permite uma taxa de amostragem compatível com o método de detecção, a relação massa/volume na solução final é adequada; - Os reagentes não devem interferir na determinação dos elementos ou constituintes de interesse. Caso isto ocorra, os interferentes devem ser facilmente removíveis da solução da amostra; Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 7 - Os reagentes devem estar disponíveis em alto grau de pureza para não contaminarem as amostras; - As perdas dos analitos de interesse por volatilização, por formação de aerossóis, por adsorção e, ou, absorção pelas paredes dos tubos de reação, ou por quaisquer outras razões, devem ser desprezíveis; - Os reagentes e as amostras não devem reagir com os tubos de reação; - A contaminação devida ao ambiente de preparo e, ou, de análise deve ser desprezível; - O método de decomposição deve apresentar o mínimo de insalubridade e de periculosidade; - A solução final deve conter todos os elementos de interesse; - Há segurança e equipamentos adequados para se trabalhar com os reagentes: HF causa queimadura, HClO4 é altamente explosivo, H2S e outros vapores tóxicos exigem manipulação em capelas com exaustão de gases ácidos, fusões a temperaturas elevadas, etc. Em suma, há uma gama de métodos de decomposição e de suas variações para análise elementar em amostras de solos, conforme os analitos de interesse, o método de detecção, o objetivo da análise de solo e sua exigência ou não por norma ou lei. De acordo com os elementos de interesse e os equipamentos disponíveis para a dissolução da amostra e para a análise química, é imprescindível que o método escolhido seja validado com o uso de amostras de referência certificadas de solo, por exemplo, do NIST. Os principais aspectos dos métodos de dissolução são apresentados a seguir. Outros detalhes, implicações, importâncias, vantagens e desvantagens dos métodos de pré- tratamento e de decomposição das amostras de solo são apresentados posteriormente, conforme exigido pelo método de detecção. Digestão em Meio Ácido A obtenção de teores totais para a análise elementar de amostras de solo exige o emprego do ácido fluorídrico para a dissolução de silicatos (Equação 1), em combinação com um ou mais ácidos concentrados, geralmente o ácido nítrico, em tubos reacionais de perfluoroalcoxi-fluorcarbono (PFA ou TFM) ou de Teflon, em sistema aberto ou fechado (Hossner, 1996; Vieira et al., 2005; Krug, 2006). Não obstante os perigos, cuidados e morosidade, a decomposição ácida de materiais silicatados com ácido fluorídrico evita a produção de soluções com concentrações apreciáveis de íons alcalinos, elementos estranhos à amostra, porisso a digestão ácida tem sido preferida quando se objetiva a análise multielementar (Hossner, 1996). Em sistema aberto, a solução obtida por dissolução com mistura ácida contendo ácido fluorídrico e ácido nítrico, e, ou, perclórico 12 mol L-1 (70 % v/v), e, ou, sulfúrico 18 mol L-1 (98 % v/v), é isenta de ácido fluorídrico, quando a digestão é feita em temperatura acima de 111 oC, que corresponde ao ponto de ebulição do ácido fluorídrico, que evapora. Além disto, sob aquecimento, ocorre a perda de tetrafluoreto de silício (SiF4) gasoso, graças à dissociação do ácido fluorosilícico (H2SiF6) (Equação 2) (Krug, 2006). Em sistema Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 8 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. fechado, tais processos não ocorrem quando o tubo reacional é aberto após resfriamento, permanecendo o ácido fluorídrico e o Si na solução. SiO2 + 6HF ® H2SiF6 + 2H2O (1) H2SiF6 ® SiF4(g) + 2HF(g) (2) A solução que contém ácido fluorídrico pode ser analisada diretamente quando o método de detecção possibilita o fábrico de equipamentos cujos sistemas de introdução de amostra, de detecção, de dreno do efluente líquido, de exaustão de gases, enfim, de toda parte que tiver contato com o ácido for de material inerte. Por exemplo, solução com ácido fluorídrico pode ser analisada diretamente por ICP-OES ou ICP-MS empregando- se nebulizador e câmara de nebulização de polipropileno ou Teflon, incluindo dreno e conexão com a tocha, e tocha com tubo de platina ou safira para condução da amostra ao plasma, inclusive os cones de amostragem e de separação do ICP-MS (Figura 1). Neste caso, a concentração do ácido na solução de trabalho, o volume máximo de amostra a ser introduzida no equipamento e todos os procedimentos devem seguir obrigatoriamente as recomendações no manual do fabricante do equipamento e as normas oficiais de segurança. Em contato com a pele, o ácido fluorídrico pode causar queimaduras profundas e de difícil cicatrização. Antes da análise química, freqüentemente, o ácido fluorídrico contido na solução obtida por digestão em sistema fechado é removido nas formas gasosas de SiF4 e HF (Equação 2) em uma segunda etapa de aquecimento em sistema aberto, ou, então, neutralizado temporariamente, complexando-se o fluoreto com ácido bórico (Equações 3 e 4) (Hossner, 1996; Krug, 2006). O ácido fluorídrico é fraco, cuja reatividade baseia-se na sua natureza complexante, sendo o íon fluoreto o mais poderoso ânion complexante (Krug, 2006). O íon fluoreto forma fluoretos estáveis e complexos com vários elementos; porém a formação de cristais de fluoretos metálicos prejudica a recuperação de alguns analitos. Desta forma, em amostras de solo com elevados teores de Ca, Mg e terras raras, o fluoreto poderá formar sais insolúveis após resfriamento do digerido, oriundo de digestão em sistema fechado (Vieira et al., 2005). No processo de remoção de SiF4 gasoso, por fervura (Equação 2), também há perdas de As, B, Cr, Ge, Nb, Os, Re, Ru, Sb, Se, Tl, Te e Ti, na forma de fluoretos voláteis (Vieira et al., 2005; Krug, 2006). Quando estes elementos voláteis são de interesse analítico, sistema de destilação apropriado deve ser usado (Krug, 2006). Paraevitar a perda de elementos por volatilização numa análise multielementar em amostras de solo, inclusive para determinação de Si, sugere-se a digestão total com uma mistura de ácidos concentrados: uma parte de ácido nítrico com três partes de ácido clorídrico, ou seja, de água régia, e ácido fluorídrico em tubos ou bombas de Teflon, com tampas. Após resfriamento, imediatamente após a abertura dos frascos, adiciona-se ácido bórico para promover o "mascaramento" dos íons fluoretos e a ressolubização de fluoretos insolúveis, completando-se a decomposição de silicatos e mantendo-se o Si em solução (Hossner, 1996; Jones & Dreher, 1996; Krug, 2006). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 9 Figura 1. Sistema inerte de introdução de amostra em espectrometria de massas com plasma (ICP-MS), para análise de solução com ácido fluorídrico, com nebulizador de fluxo cruzado, de perfluoroalcoxi-fluorcarbono (PFA) (a), com detalhes externo (b) e interno (c), com tocha (d) e tubo interno de platina (e), em conexão desmontável (f), e com cones de amostragem e de separação de platina (a ) (b ) (c ) (d ) (e ) (f ) To ch a e tu bo in te rn o de pl at in a (d es m on tá ve l) Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 10 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. O uso de ácido bórico, quando compatível com o método de detecção do elemento de interesse, promove reação com ácido fluorídrico em processo exotérmico de duas etapas, com complexação dos íons fluoretos e formação de ácido fluobórico (HBF4) (Equações 3 e 4). Para que a reação com o ácido fluorídrico seja eficiente e não acarrete danos ao analista e aos equipamentos, pode-se resfriar a solução em banho de gelo após a adição de ácido bórico, aumentando-se a velocidade da reação, ou, então, adicionar ácido bórico em excesso, de 10 a 50 vezes, sendo esta última opção a geralmente preferida (Hossner, 1966; Jones & Dreher, 1996; Vieira et al., 2005; Krug, 2006). O ácido bórico em excesso suprime a decomposição hidrolítica do HBF4 em íons hidroxifluorboratos [HBF3OH, HBF2(OH)2-, HBF(OH)3-], em HF e em H3BO3, ou seja, faz com que haja predomínio da forma não-reativa, HBF4 em relação à forma reativa, HF (Equações 3 e 4), por um período de pelo menos duas horas. Durante este período, nenhuma contaminação altera a análise se por qualquer motivo for usado material de vidro (Hossner, 1996), podendo-se utilizar equipamentos convencionais para a análise química da solução tratada com ácido bórico em excesso. H3BO3 + 3HF ® HBF3(OH) + 2H2O (3) HBF3(OH) + HF ® HBF4 + H2O (4) A digestão de amostras de solo em sistema aberto, em cadinho de platina ou béquer de Teflon, pode ser feita por meio de uma mistura de ácido fluorídrico, ácido perclórico e ácido sulfúrico (Hossner, 1996). O ácido sulfúrico é recomendado para a remoção do ácido fluorídrico e, ou, solubilização de fluorocomplexos, por exemplo, na análise de minérios com F. Os fluoretos de metais reagem com ácido sulfúrico, promovendo a liberação de HF gasoso e a formação dos sulfatos metálicos correspondentes (Krug, 2006). Desta forma, embora este método não seja de uso comum, o ácido sulfúrico é adicionado em quantidade muito pequena, algumas gotas suficientes apenas para umedecer a amostra de solo, com a finalidade de evitar a secura do extrato durante a digestão (200-225 oC) e de promover a formação de sulfatos, em conversão aos fluoretos insolúveis, à medida que o ácido fluorídrico e o perclórico são evaporados (Hossner, 1996). Embora o ácido perclórico não seja tão efetivo quanto o ácido sulfúrico para a remoção do ácido fluorídrico, a maioria dos métodos de dissolução de amostras de solo não contempla o uso de ácido sulfúrico, uma vez que com ácido sulfúrico residual gera mais interferência em determinações espectrométricas do que aquela que contém ácido perclórico. O ácido perclórico é um poderoso oxidante, e os percloratos são prontamente solúveis, exceto o perclorato de potássio. Neste procedimento, a solução de ácido perclórico e fluorídrico deverá ser evaporada à quase secura. Amostras de solos orgânicos (teor de carbono orgânico (g kg-1) > [8 + (0,062 x teor de argila em g kg-1) requerem o uso de ácido nítrico, como pré-tratamento, para evitar reação explosiva entre a matéria orgânica da amostra e o ácido perclórico (Hossner, 1996). Durante a digestão, o uso inadvertido de ácido perclórico pode causar violentas explosões. Portanto, em sistema aberto, um dos métodos de dissolução de amostras de solo de uso mais comum na rotina para a análise elementar total consiste em tratar 500 mg de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 11 amostra, contidos em béquer de Teflon, com 5 mL de ácido nítrico, 5 mL de ácido fluorídrico e 3 mL de ácido perclórico, com fervura em chapa de aquecimento (220-250 oC), com evaporação do ácido nítrico e fluorídrico, secura do perclórico e ressolubilização com ácido nítrico 0,1 mol L-1, para análise por ICP MS, ou ácido clorídrico 0,1 mol L-1, para análise por ICP OES. Quando o material não é completamente dissolvido, uma segunda etapa de digestão com ácido fluorídrico pode ser necessária, antes da solubilização do resíduo com solução de ácido clorídrico. Para análise multielementar, inclusive de S, a solução final é diluída conforme a técnica de detecção. Alternativamente, para amostras de interesse agronômico, com teor de material inerte (vidro, terra, metal, material orgânico recalcitrante, etc.) superior a 175 g kg-1, porém com C orgânico inferior a 200 g kg-1 e C total inferior a 475 g kg-1, pode ser feita substituição do ácido nítrico por ácido clorídrico, para obtenção de digeridos límpidos, conforme sugerido por Boaventura et al. (1995) para a digestão de amostras de composto de lixo e adaptado por Abreu Júnior (1999) para amostras de solo. O teor de S total em amostras de solo pode ser determinado em extrato de digestão ácida sem adição de ácido fluorídrico e, portando, com uso de vidraria comum, porém o método é moroso (Abreu Junior, 1993). O extrato é obtido utilizando-se tubo de vidro e bloco de digestão ou de béquer Phillips e chapa de aquecimento. Inicialmente, faz-se pré- digestão da matéria orgânica da amostra de solo, de 2,0 g, com 3 mL de ácido nítrico; posteriormente, após adição de 3 mL de ácido perclórico e 7 mL ácido ortofosfórico, são feitas duas digestões: a primeira digestão a 190-210 oC, por 30 min após aparecimento de fumos do ácido perclórico, e, posteriormente, após resfriamento e adição de 3 mL ácido clorídrico, a segunda digestão, até aparecimento de fumos do ácido perclórico (Tabatabai, 1996). Para determinação de N total em amostras de solo, o método de Kjeldahl é o mais empregado (Raij et al., 2001). O N orgânico é convertido em NH4+ por digestão com ácido sulfúrico em mistura com sulfato de potássio, sulfato de cobre e Se, que agem como catalisadores. O método 3050B (USEPA, 2006), objetivando a análise química multielementar, recomenda a solubilização parcial da amostra de solo (1,0 a 2,0 g), em erlenmeyer coberto com vidro de relógio, em chapa quente, em refluxo com 10 mL de solução de ácido nítrico 1+1 (v/v) por 10-15 min, sem fervura; em refluxo, após resfriamento, com 5 mL de ácido nítrico concentrado por 30 minutos, sem fervura, repetindo-se esta etapa se necessário; após resfriamento, em aquecimento com efervescência branda com 2 mL de água e 3 mL de peróxido de hidrogênio a 30 % (v/v), com sucessivasadições de 1 mL de peróxido, sem exceder 10 mL, até que a efervescência diminua e a aparência do digerido não se altere; para análise por EAAS ou ICP-MS, diluir com água para 100 mL; e, para análise por espectrometria de absorção atômica com chama (FAAS) ou ICP-OES, após tratamento com peróxido, proceder refluxo com 10 mL de ácido clorídrico concentrado, a 95 oC, por 15 min, diluindo com água para 100 mL. O peróxido de hidrogênio tem por objetivo oxidar a matéria orgânica contida na amostra, enquanto o ácido clorídrico objetiva aumentar a estabilidade de alguns elementos, como Ag, Ba, Sb, V, etc. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 12 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. Fusão Alcalina Muitos materiais não são dissolvidos com ácidos concentrados a quente, outros materiais são digeridos lentamente e, ou, dissolvidos parcialmente, e ainda há outros que geram soluções ácidas instáveis, apresentando componentes com tendência a precipitar, como a sílica. Assim, amostras de cimento, aluminatos, silicatos, minérios de Ti e Zr, minerais mistos de Al, Be e Si, resíduos insolúveis de minérios de Fe, óxidos de Cr, Fe e Si e óxidos mistos de Al, Si e Tg constituem materiais de difícil dissolução em meio ácido, cuja dissolução por fusão é satisfatória (Krug, 2006). Os métodos de decomposição por fusão baseiam-se nos seguintes princípios (Krug, 2006): - A amostra finamente moída é misturada intimamente com um eletrólito ácido ou básico, conhecidos por fundente, e, eventualmente, com um agente oxidante. - A proporção entre a massa da amostra e do fundente é muito importante, podendo variar de 1:2 a 1:50. - Normalmente, a mistura é colocada em um cadinho de Ni ou de Pt. - A mistura contida no cadinho é aquecida por período de tempo suficiente para que a amostra se dissolva por completo na solução fundida, resultando em um líquido bem claro. - À temperatura ambiente, o líquido se solidifica, sendo o sólido formado quebrado em pequenos pedaços e transferido para um recipiente. - Se a fusão for bem-sucedida, o material solidificado será facilmente solubilizado em água ou ácido diluído. Importante exemplo de aplicação da decomposição alcalina é o emprego do carbonato de sódio para abertura de amostras com sílica. Quando aquecido, o carbonato é um excelente doador de O2- (Equação 5), que reage, então, com a sílica, formando o íon SiO32- (Equação 6). O sal sódico do SiO32, formado no processo, é solúvel em água; então, a sílica é solubilizada (Krug, 2006). CO32- ® CO2 + O2 (5) SiO2 + O2- ® SiO32- (6) O carbonato de sódio (Na2CO3) e o peróxido de sódio (Na2O2) são os fundentes mais comumente empregados na fusão de amostras de solo, embora boratos, hidróxidos, dissulfatos, fluoretos e óxidos possam ter algumas aplicações específicas. Os reagentes comerciais de Na2CO3 e Na2O2 geralmente são puros o suficiente para permitir a análise dos principais constituintes do solo. Eles apresentam ponto de fusão de 841oC e 460 oC, respectivamente, e proporcionam eficiente decomposição de materiais resistentes e refratários. O bicarbonato de sódio (NaHCO3) pode ser usado como fundente, haja vista sua disponibilidade em alta pureza e a possibilidade de ele ser convertido em carbonato a 300 oC (Hossner, 1996). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 13 Em estudo para análise do isótopo estável 34S em amostras de solo, verificou-se que a decomposição de amostras de solo por fusão com NaHCO3 e com óxido de prata (AgO2), a 550 oC por 8 h, apresentou ótima eficiência analítica tanto para a determinação de S total quanto para a razão isotópica de elemento, em átomos per cento de 34S (Rossete, 2006). Neste caso, a razão isotópica foi determinada por espectrometria de massas de razão isotópica (IRMS), situação em que os isótopos são detectados nas formas gasosas e em espectrômetro de massas de alta resolução, e a quantificação de S, por turbidimetria. Procedimento semelhante é adequado para determinação da razão isotópica de silício (28Si, 29Si e 30Si), em amostras de material vegetal e de solo, por IRMS; porém não é adequado para determinação por ICP-MS, em virtude de interferências isobáricas sobre os isótopos do Si e da alta concentração de Na na matriz (Abreu Júnior et al., 2008). Todavia, esta última técnica pode permitir a determinação simultânea da razão isotópica e da concentração total de Si em solução aquosa (Oliveira et al., 2007). Decomposição Assistida por Radiação Microondas A técnica de digestão de amostras assistida por radiação microondas, como estratégia analítica para a decomposição de amostras, surgiu na segunda metade da década de 70 e está- se tornando comum nos laboratórios de análise de solo e planta (Raij et al., 2001; Oliveira, 2003; Krug, 2006). A decomposição de amostras de solo com ácidos oxidantes concentrados, por meio de microondas, utilizando tubos reacionais resistentes à pressão e à temperatura alta, tem a principal vantagem de ser um método de dissolução eficiente e rápido (Hossner, 1996; Vieira et al., 2005), além de propiciar um mínimo de contaminação. Além disso, não há perdas de elementos voláteis, quando são utilizados frascos fechados de Teflon, de PFA ou de TFM (Oliveira, 2003; Vieira et al., 2005; Krug, 2006). Constitui, assim, excelente método de preparo de amostras a serem posteriormente analisadas por ICP-MS, técnica em que os limites de detecção são limitados pelo sinal do branco de preparo das amostras. O aquecimento por microondas proporciona digestões mais rápidas e seguras do que digestões com aquecimento convencional, quando utilizado equipamento adequado (Krug, 2006). A maior limitação é o custo elevado do equipamento e de sua manutenção. A fonte de microondas é um magnetron, cuja potência pode ser de até 1.600 W (Milestone, 2005), porém os equipamentos analíticos operam com potência de 1.100 W, ou seja, fornecem 15.774 cal min-1 (Krug, 2006). As microondas são ondas eletromagnéticas, possuem campos elétricos e magnéticos alternados e viajam na velocidade da luz. Os fornos microondas fabricados para uso em laboratórios, assim como os domésticos, geram microondas com freqüência de 2.450 MHz. A interação das microondas com a amostra e os ácidos causa tanto migração iônica quanto rotação dipolar (com aquecimento interno e externo das partículas), resultando no rápido aquecimento da mistura contida no tubo de reação, com conseqüente decomposição da amostra. Um bom contato entre a amostra e os ácidos é fator-chave para decomposição (Hossner, 1996; Oliveira, 2003; Krug, 2006). Nos equipamentos mais novos, geralmente produzidos a partir de 2003, a reação de decomposição da amostra, dentro do tubo reacional, é controlada adequadamente pelo Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 14 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. monitoramento da temperatura e, durante desenvolvimento metodológico, da pressão (Figura 2). Em equipamentos mais simples e, ou, antigos, a reação é controlada pela potência aplicada aos tubos. O controle de temperatura e de pressão garante um controle mais seguro e eficiente da decomposição da amostra do que apenas o controle da potência aplicada. Este controle pode ser feito por meio de sensores, como termopar e transdutor, instalados em um tubo de referência, ou então por meio de sensores de infravermelho e de pressão de vapor, instalados na cavidade do forno microondas, que monitoram a temperatura e a pressão de todo o conjunto de frascos contido no rotor em trabalho (Figura 3). Apesar de ser maiscaro, este último promove um controle muito mais eficaz do que o do tubo de referência, além de propiciar o uso de menor volume de ácido, de facilitar o manuseio do rotor e, conseqüentemente, de diminuir o tempo entre uma rodada e outra de amostras no rotor para outro procedimento de digestão, aumentando o rendimento no preparo de amostras. Em sistema microondas com rotores tendo tubo de referência, o controle de pressão, junto com o de temperatura, é essencial durante o desenvolvimento do método de decomposição, envolvendo a massa da amostra e os volumes dos reagentes; posteriormente, sabendo-se o perfil de pressão, deve-se manter apenas o controle da temperatura para otimizar o rendimento no preparo de amostras (Milestone, 2005). Os métodos de dissolução total de amostras de solo assistida por radiação microondas propostos pelos Métodos de Análise Química de Solo (Methods of Soil Analysis. Part 3 - Chemical Methods) (Hossner, 1996) e pelo Manual SW-846 (USEPA, 2006), método 3052, são muito semelhantes, embora apresentem peculiaridades. Hossner (1996) indica o uso de 100 mg de amostra, 5 mL de água régia (mistura de uma parte de ácido nítrico, com três partes de ácido clorídrico), 3 mL de ácido fluorídrico, em tubo reacional de 250 mL, com aquecimento a 650 W por 30 s; remover os tubos, abri-los, fechá-los (em capela com exaustão de gás), retorná-los ao microondas e aquecer Figura 2. Sistema microondas com rotor de 24 amostras, com tubo reacional de referência conectado ao sensor de controle de temperatura (a), e com rotor de 12 amostras, com tubo reacional de referência conectado aos sensores de controle de temperatura e de pressão (b), para digestão de amostras de interesse agronômico e ambiental. (a) (b) Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 15 novamente a 650 W por 2 min; remover os tubos, esfriá-los em banho de água fria; quando o digerido estiver frio, abrir os tubos, adicionar 100 mL de solução ácido bórico 15 g L-1 e fechar os tubos; e, então, aquecer os tubos à temperatura de 75 a 100 oC, em chapa quente, até a solução tornar-se clara e esfriar. Provavelmente, a proposta de duas etapas de aquecimento deve-se ao fato de os equipamentos disponíveis, na época que ele foi elaborado, não disporem de controle adequado da temperatura e pressão da reação. Figura 3. Exemplos de rotores do tipo monobloco, para 24 amostras (a), para oito amostras (b), para dez amostras (c) e rotor do tipo segmentado, para 12 amostras (d). O método 3052 preconiza a digestão de 250 a 500 mg de amostra com 9 mL de ácido nítrico e, geralmente, 3 mL de ácido fluorídrico, em tubo reacional (volume interno mínimo de 45 mL, pressão interna máxima de 3.000 kPa (30 bar ou 435 psi) e com sistema de liberação de sobrepressão, ou seja, de mecanismo que permite que a pressão em excesso seja rapidamente liberada do frasco sem que haja explosão violenta e danos maiores ao equipamento, ao usuário e ao laboratório), em etapa única de aquecimento: 0 a 180 oC em 5,5 min e manutenção desta temperatura por 9,5 min (Figura 4a). Para determinação de Ag, Ba e Sb, é necessária a adição de 2 mL de ácido clorídrico. A adição de até 5 mL de (a) (b) (c) (d) Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 16 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. água tipo 1 (resistividade > 18 MW cm e C orgânico < 10 µg L-1)(1) pode melhorar a solubilidade dos elementos e evitar pressão em excesso decorrente da reação exotérmica. Se o teor de dióxido de silício for conhecido, pode-se ajustar o volume de ácido fluorídrico. Amostras com mais de 70 % de dióxido de silício podem requerer mais de 3 mL de ácido fluorídrico e amostras com menos de 10 % de dióxido de silício, de 0,5 a 0 mL do ácido. Pode-se empregar peróxido de hidrogênio, contanto que se conheça a reatividade da amostra. Após resfriamento e abertura dos frascos, o método explicita que se deve transferir o digerido para frasco volumétrico e diluir para volume conhecido e que, se o equipamento de detecção não dispuser de sistema inerte de introdução de amostra, o ácido fluorídrico contido no extrato final deve ser complexado com ácido bórico, para evitar corrosão do sistema de introdução de amostra e da tocha, de quartzo, e dos cones, de níquel. A figura 1 mostra um aparelho de ICP-MS com sistema inerte de inserção de amostra para análise direta de solução que contém ácido fluorídrico. Uma opção alternativa para a decomposição de amostras de solo por microondas consiste em procedimento de digestão em duas etapas sugerido por Vieira et al. (2005), porém, diferentemente do recomendado pelo método 3052, usam-se tubos reacionais de 50 mL que suportem pressão interna máxima de 30 bar (3.000 kPa) e menores volumes de ácidos, mas que apresentam boa recuperação dos teores totais. Inicialmente, digere-se a amostra (100 mg) em microondas, com uso de água régia (2 mL) e peróxido de hidrogênio (1 mL), com pré-aquecimento por 3 min em potência de 400 W, com aquecimento por 6 min a 850 W e mais 10 min a 1.000 W. Após resfriamento, o resíduo silicatado é separado quantitativamente da solução por centrifugação. Numa segunda etapa, o resíduo silicatado é dissolvido com ácido fluorídrico (1 mL), sob temperatura ambiente, e, após dissolução, adiciona-se ácido bórico (500 mg) para complexação dos fluoretos remanescentes. Esta solução é acrescentada ao sobrenadante obtido inicialmente, e, após completar-se o volume (15 mL), a solução está pronta para análise química. O método 3051A, do Manual SW 846 (USEPA, 2006), recomenda a solubilização parcial da amostra de solo (100 a 500 mg) com ácido nítrico concentrado (10 mL) ou, alternativamente, com ácido nítrico (9 mL) e ácido clorídrico (3 mL), com o aquecimento a 175 ± 5 oC em 5,5 min, mantendo-se esta temperatura por 4,5 min e com 10 min de resfriamento. O uso de ácido clorídrico para decomposição de amostra de solo em microondas causa incremento de pressão em cerca de 10 bar ou 1.000 kPa (Figura 4b). Embora este método não possibilite a determinação dos teores totais dos elementos no solo, ele, ou o método 3050B para digestão em sistema aberto, deve ser empregado pelos laboratórios em suas análises que objetivam o monitoramento da qualidade do solo em atendimento às normas da CETESB (1999a, b, 2005) e do CONAMA (2006); porém, sugere- se que os laudos emitidos explicitem que os resultados não são teores totais, mas, sim, teores de metais em ácido nítrico concentrado. (1)Água tipo 1: água recomendada para aplicações críticas em laboratório, tais como preparação de brancos e diluições em ICP-MS, cromatografia gasosa (GC) e cromatografia líquida de alta performance (HPLC). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 17 Figura 4. Perfil típico de temperatura e pressão durante solubilização de amostra de solo (0,25 g) pelos métodos 3052 (a) e 3051A (b) do manual SW-846 (USEPA, 2006). Método de Extração de Ferro e Alumínio de Óxidos Pedogenéticos Há vários procedimentos de dissolução seletiva que possibilitam a determinação da distribuição relativa de formas do Fe e do Al no solo, com importantes aplicações nos estudos de mineralogia, de pedogênese, de classificação e do comportamento físico e químico do solo (Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996; Embrapa, 1997; Gomes et al., 1998; Melo et., 2001, 2002a; Inda Júnior & Kämpf, 2003; SBCS/CQFS, 2004). Estes procedimentos também permitem a análise de Mn e de Si (Ross & Wang, Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.comFor evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 18 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. 1993; Melo et al., 2001, 2002a), e, em combinação ou não com outros agentes extratores, podem também ser utilizados para obtenção da fração oxídicas em extração seqüencial e seletiva, seja no estudo da composição química e mineralógica das frações argila e silte do solo (Melo et al., 2002b), seja na definição de micronutrientes e, ou, de elementos tóxicos associados aos componentes da fase sólida do solo: solúvel em água, fração trocável, fração sorvida, fração orgânica, fração oxídica, fração carbonatada e fração residual (silicatada) (Tessier et al., 1979; Shuman, 1991; Abreu et al., 2002; Lã et al., 2003) (veja capítulo XV). Os métodos do ditionito-citrato-bicarbonato de sódio, com uma ou mais extrações sucessivas de 15 min a 80 oC (DCB) (Mehra & Jackson, 1960; Mckeague & Day, 1966); do ditionito-citrato de sódio, com uma única extração após 16 h de agitação à temperatura ambiente (DC) (Holmgren, 1967); e uma modificação deste último com adição de bicarbonato de sódio como agente-tampão (DCB20) são utilizados para extrair o Fe livre ou pedogênico (Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996; Melo et al., 2001, 2002a; Inda Júnior & Kämpf, 2003), principalmente na forma de óxidos cristalinos (predomínio de hematita e goethita), mas também de baixa cristalinidade (como ferrihidrita), e não-cristalinos (amorfo), ou mesmo ligado organicamente aos constituintes do solo. Estes procedimentos de extração de óxidos de Fe permitem também a extração do Al livre ou pedogênico (Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996; Melo et al., 2001, 2002a; Inda Júnior & Kämpf, 2003), principalmente na forma de óxidos de Al de baixa cristalinidade; embora também possam extrair o Al de complexos orgânicos (Farmer et al., 1983; Gomes et al., 1998). O DCB não extrai gibbsita. Em amostras de solos e argila previamente tratadas com soluções específicas para remoção de óxidos de Fe e Al de baixa cristalinidade, como o oxalato de amônio ácido, o Al extraído pelo DCB pode ser interpretado como elemento que substitui isomorficamente o Fe na estrutura cristalina dos óxidos (Melo et al., 2001, 2002a; Inda Júnior & Kämpf, 2003). O método original do DCB (Mehra & Jackson, 1960) recomenda o uso de 0,5 a 1,0 g de ditionito de sódio para cada 10 g de argila por extração. Para solos de regiões de clima tropical há a seguinte adaptação (Inda Júnior & Kämpf, 2003), em quatro extrações sucessivas, para garantir a dissolução dos óxidos cristalinos: adicionar 1 g de ditionito de sódio (Na2S2O4), parcelado em três alíquotas de cerca de 0,33 g, a 200 mg da amostra de solo contida em 40 mL de solução de citrato de sódio (Na3C6H5O7.2H2O) 0,3 mol L-1 e de solução de NaHCO3 1,0 mol L-1, na razão 8:1, em tubo de centrífuga de 50 mL. Após a adição de cada alíquota de ditionito, agitar manualmente a suspensão com uma espátula por 1 min. Em cada extração de 15 min, a temperatura de extração deve ser mantida rigorosamente na faixa de 75 a 80 oC em banho-maria, para evitar a decomposição do ditionito em temperatura acima de 80 oC e a possível formação de FeS. Ao fim de cada etapa de extração, centrifugar a suspensão a 3.000 rpm por 5 min, coletar o sobrenadante e completar o volume para 50 mL. Para o procedimento do DCB20, conforme descrito por Inda Júnior & Kämpf (2003), adicionar 2 g de ditionito de sódio a 200 mg de amostra contida em 40 mL de solução de citrato de sódio 0,3 mol L-1 e de solução de bicarbonato de sódio 1,0 mol L-1, na razão 8:1, Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 19 em tubos plásticos de 50 mL. Tampar e agitar por 16 h os tubos à temperatura ambiente (20 oC), em agitador rotativo a 50 rpm. Ao fim da extração, centrifugar a suspensão a 3.000 rpm por 5 min, coletar o sobrenadante e completar o volume para 50 mL. O método DC (Holmgren, 1967) pode ser utilizado tal como o do DCB20, excluindo-se, porém, a solução de bicarbonato de sódio. O método do DCB descrito pela Embrapa (1997) recomenda a extração de Fe, Al, Mn e Si livres em 1 g de amostra, se teor de Fe2O3 total > 5 %, ou em 2 g de amostra, se teor de Fe2O3 total < 5 %, juntando-se três porções de 1g de ditionito em uma única extração de cerca de 15 min. De modo geral, para amostras de Latossolos, o método DC apresenta eficiência de dissolução dos óxidos de Fe cristalino menor do que os métodos DCB20 e DCB, que apresentam eficiências semelhantes, exceto para amostras com goethita, situação em que o DCB20 apresenta menor eficiência (Inda Júnior & Kämpf, 2003). O oxalato ácido de amônio é usado para a extração, na ausência de luz, de parte do Fe e do Al de materiais amorfos, de óxidos de baixa cristalinidade (Mckeague & Day, 1966; Farmer et al., 1983; Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996). O procedimento, descrito por McKeague & Day (1966) e modificado por Loeppert & Inskeep (1996), consiste em tratar 500 mg de amostra com 30 mL de solução de oxalato ácido de amônio, pH 3,0, contendo oxalato de amônio 0,175 mol L-1 e ácido oxálico 0,1 mol L-1, em tubo de polipropileno de 50 mL de volume. Imediatamente após a adição da solução, os tubos devem ser fechados, mantidos no escuro e agitados por exatamente 2 h. Centrifugar a suspensão, coletar o sobrenadante e diluir com água deionizada para volume adequado. Se o extrato não for analisado de imediato, mantê-lo no escuro para evitar a decomposição fotoinduzida do oxalato. Amostra de solo com teor de carbonato de cálcio superior ou igual a 50 g kg-1 deve ser pré-tratada com acetato de amônio 1 mol L-1 para remoção do carbonato em excesso. O método do oxalato ácido de amônio apresentado pela Embrapa (1997) para extração de Fe, Al, Mn e Si amorfos difere do descrito acima por recomendar solução de oxalato de amônio 0,2 mol L-1 (e ácido oxálico 0,1 mol L-1) e agitação por 4 h no escuro. Com o mesmo objetivo de determinação de Fe e Al de óxidos de baixa cristalinidade, também tem sido empregada solução de oxalato de amônio na concentração de 2 mol L-1 (Inda Júnior & Kämpf, 2003), para amostras de solo, ou de 0,2 mol L-1, para amostras de argila (Melo et al., 2001, 2002a), com extração na ausência de luz. O procedimento, conforme descrito por Tedesco et al. (1995), consiste em tratar 1,5 cm3 de solo com 30 mL de solução de oxalato de amônio 2 mol L-1, pH 3,0, em frasco de vidro de 50 mL. Após adição da solução, os tubos devem ser fechados com tampa de pressão, cobertos com papel escuro individualmente, ou, em conjunto, cobertos com caixa de papelão, e agitados por 2 h. Terminada a agitação, transferir imediatamente 1 mL do sobrenadante para outro frasco (ex., copo plástico descartável), adicionar 25 mL de água destilada e proceder à determinação. O Programa da Rede Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina - ROLAS faz uso deste procedimento para diagnosticar a disponibilidade de Fe no solo, estando os teores de Fe amorfo acima de 5,0 g dm 3 relacionados com a toxidez de Fe, podendo causar "bronzeamento" das folhas em alguns cultivares de arroz irrigado (SBCS/CQFS, 2004). Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 20 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. O pirofosfato de sódio alcalino, pH 10, além de extrair ácidos fúlvicos e ácidos húmicos, pode também ser empregado para a extração de Fe e Al complexados pela matéria orgânica (Farmer et al., 1983; Embrapa, 1997). O método descrito pela Embrapa (1997) preconiza a extração de Fe e Al ligado à matéria orgânica em 0,3 g de amostra de solo e 30 mL de soluçãode pirofosfato de sódio 0,1 mol L-1, com agitação por uma noite, ou agitar por 2 h, repouso por 1 noite e novamente agitar por 2 h. Detalhes deste procedimento para a extração de Fe, assim como dos demais métodos anteriormente discutidos, são apresentados por Ross & Wang (1993), Loeppert & Inskeep (1996) e Embrapa (1997). Determinações Utilizadas para a Classificação dos Solos As principais características físico-químicas para classificação de solos (Embrapa, 1999) e os respectivos métodos de análise (Embrapa, 1997) são: - pH em H2O, em KCl 1 mol L-1 e em CaCl2 1 mol L-1: medidas por eletrodo de vidro em suspensão de solo-H2O, ou solo-KCl, ou solo-CaCl2 na proporção solo-solução de 1:2,5 (v/v). - Bases Trocáveis: Ca2+ e Mg2+ extraídos com KCl 1 mol L-1 e titulação por EDTA; K+ e Na+ extraídos com HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,0125 mol L-1 e determinados por fotometria de chama. Quando necessário nessas medições de bases extraíveis, cumpre deduzir os quantitativos contidos nos sais solúveis para obtenção dos valores de bases trocáveis. - Soma de bases (valor S): cálculo do somatório dos resultados das bases trocáveis. - Acidez: extraída com KCl 1 mol L-1 e titulada por NaOH 0,025 mol L-1 com azul- bromotimol como indicador, sendo expressa com Al3+ trocável; H+Al extraídos com Ca(OAc)2 1 mol L-1, a pH 7,0, e acidez titulada por NaOH 0,0606 mol L-1, com fenolftaleína como indicador; H calculado por diferença. Dessa determinação de Al3+ extraível, deve ser deduzido o teor de sulfato de alumínio presente em solos tiomórficos, para obtenção do valor Al3+ trocável. - Capacidade de troca de cátions (CTC): cálculo do somatório dos resultados de bases trocáveis e acidez das determinações anteriores. A CTC efetiva ou CTC a pH do solo é obtida pela expressão: S + Al3+ e a CTC total ou CTC a pH 7,0, somando-se à CTC efetiva o valor da acidez potencial (H+Al). - Percentagem de saturação por bases (valor V): cálculo da proporção de bases trocáveis abrangidas na CTC total, segundo determinações anteriores. - Percentagem de saturação por Al3+ (valor m): cálculo da proporção de Al trocável abrangida na capacidade de troca de cátions, segundo determinações anteriores. - Percentagem de saturação por Na3+: cálculo da proporção de Na trocável abrangido na capacidade de troca de cátions, segundo determinações anteriores. - Fósforo disponível: extraído com HCl 0,05 mol L-1 + H2SO4 0,0125 mol L 1 e determinado por colorimetria. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 21 - Carbono orgânico: oxidação por via úmida com K2Cr2O7 0,4 mol L-1 e titulação pelo Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O 0,1 mol L-1, com difenilamina como indicador. - Nitrogênio total (Kjeldahl): digestão com mistura ácida, difusão e titulação do NH3 com HCl 0,01 mol L-1 ou H2SO4 0,005 mol L-1. - Ataque por H2SO4: tratamento por fervura da terra fina com solução de H2SO4 1:1 (v/v) para: (1) no filtrado, proceder à extração de Fe e de Al, determinados complexometricamente por titulação e expressos nas formas de Fe2O3 e de Al2O3; (2) também no filtrado, extração do Ti, do Mn e do P (total), determinados colorimetricamente por titulação e expressos na forma TiO2, MnO e P2O5; e (3) no resíduo do ataque sulfúrico, proceder à extração de sílica com NaOH 0,8 mol L-1 (baixando a 6 % p/v), determinada colorimetricamente e expressa na forma SiO2. - Relações moleculares SiO2/Al2O3 (índice Ki), SiO2/Al2O3 + Fe2O3 (índice Kr) e Al2O3/Fe2O3: cálculos baseados nas determinações acima. - Ferro livre (extraível): extraído com DCB, determinado por espectrometria de absorção atômica (AAS) e expresso na forma de Fe2O3. O método DCB descrito pela Embrapa (1997) difere do método descrito no item Método de Extração de Ferro e Alumínio de Óxidos Pedogenéticos, principalmente quanto à relação amostra:ditionito (2 g de terra fina: 1 g ditionito) e à quantificação (colorimetria com tiocianato de potássio). - Percentagem de água na pasta saturada: cálculo da taxa percentual (v/p) de água de saturação contida em preparado pastoso produzido de terra fina. - Condutividade elétrica no extrato de saturação: preparação de pasta saturada, obtenção do extrato por filtração e determinação por condutimetria. - Sais solúveis no extrato de saturação: Ca2+, Mg2+, K+ e Na+ determinados por métodos similares aos das bases trocáveis; CO32-, HCO3- e Cl- por volumetria e SO42- por gravimetria. - Equivalente de CaCO3: determinado na terra fina por ataque por HCl 0,5 mol L-1 a quente e acidez titulada por NaOH 0,25 mol L 1, usando fenolftaleína como indicador. Convencionalmente, os carbonatos presentes, de Ca ou de Mg, são expressos como CaCO3. - Enxofre total: ataque por HCl 1:1 (v/v) a quente, precipitação com BaCl2 10 % e determinação gravimétrica. Avaliação da Disponibilidade de Nutrientes no Solo A avaliação da disponibilidade de elementos químicos no solo, no contexto agronômico, tem por objetivo básico gerar informações sobre sua fertilidade, em conseqüência de diferentes condições de manejo, para recomendação de aplicação de corretivos e de fertilizantes. No Brasil, os métodos de análise química para avaliação da fertilidade do solo, de modo abrangente, podem ser divididos em dois grandes sistemas: o "Sistema IAC de Análise de Solo" (Raij et al., 2001) e o "Sistema Embrapa de Análise de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 22 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. Solo" (Embrapa, 1997), excetuando-se os critérios para determinação da necessidade de calcário adotados pelos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, com base no tampão SMP (Tedesco et al., 1995). Em relação aos métodos de análise de solo para avaliação de sua fertilidade, pode- se afirmar que: "A análise de solo, na agricultura moderna, é a atividade central do processo de correção do solo e de aplicação de adubos, que se inicia com a retirada de amostra de solo, prossegue com a análise química e a prescrição de quantidades adequadas de corretivos do solo e de fertilizantes, e termina com a aplicação desses insumos. Para que esse processo tenha eficácia, a análise do solo precisa ter um embasamento científico adequado, de maneira que as quantidades recomendadas de corretivos e de fertilizantes sejam adequadas, conciliando as necessidades de correção de solos e de exigências nutricionais de culturas, com a economia da produção e a qualidade ambiental" (Raij et al., 2001). As principais propriedades do solo e os respectivos métodos de avaliação em rotina, para avaliação da fertilidade, detalhados em Tedesco et al. (1995) e Raij et al. (2001), dentre outros, são apresentadas resumidamente a seguir. Alguns métodos da Embrapa (1997), relacionados no item Determinações Utilizadas para a Classificação dos Solos - também são empregados nos estudos de fertilidade do solo: C orgânico, reação do solo, acidez potencial, cátions trocáveis e P disponível e não são reapresentados abaixo; exceto diferenças do método descrito em Raij et al. (2001), em que o uso de outros métodos para determinar a mesma propriedade pode gerar resultados com valores e interpretações distintas. - Matéria orgânica: é avaliada por colorimetria, após oxidação da matéria orgânica por dicromato de sódio e ácido sulfúrico. Como o método determina o teor de C orgânico, a conversão para matéria orgânica é feita pelo fator de 1,724, considerando que a matéria orgânica do solo tenha 580 g kg-1 de C orgânico. O método colorimétrico deve ser calibrado com resultados oriundos do método volumétrico. - Acidez potencial: determinada potenciometricamente após adição do tampão SMP à mesma solução usada para determinação do pH emCaCl2 0,01 mol L-1. - Cátions trocáveis: extração de Ca2+, K+ e Mg2+ com resina de troca de cátions, com determinação de Ca e Mg por AAS e de K por fotometria de chama. Opcionalmente, os cátions trocáveis, incluindo o Al e Na, podem ser extraídos com cloreto de amônio. - Fósforo extraível: extração com resina de troca de ânions e determinação por espectrofotometria, em espectrofotômetro ou fotocolorímetro. - Sulfatos: extração com solução de fosfato de cálcio e quantificação por turbidimetria, após adição de cloreto de bário. - Micronutrientes: Cu, Mn, Zn e Fe são extraídos com a solução de ácido dietilenotriaminopentacético (DTPA), a pH 7,3, com determinação por AAS ou ICP-OES. Zn e Cu podem ser extraídos com solução HCl 0,1 mol L-1. Os extratos obtidos também podem ser usados para a determinação de Cd, Cr, Ni e Pb, por ICP-OES ou então por ICP- MS, no caso de os contaminantes estarem em concentrações da ordem de µg dm-3. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO XXI – Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 23 - Boro: é extraído em cloreto de bário, com aquecimento em microondas, e determinado por ICP-OES ou por colorimetria com azometina-H. Pode ser também extraído em água quente, em bloco digestor, e quantificado colorimetricamente com reagente curcumina. A planta é o melhor extrator de um elemento contido no solo. Portanto, a habilidade de um extrator em predizer a disponibilidade de nutrientes ou a fitotoxiez de elementos tóxicos contidos no solo para as plantas é avaliada pelo grau de correlação entre os teores do elemento nos solos, obtidos pelo extrator, e as quantidades deste elemento acumuladas pelas plantas. Concomitantemente à necessidade de avaliar a disponibilidade e acúmulo de nutrientes e de elementos potencialmente tóxicos no solo e nas plantas, decorrente da aplicação de fertilizantes e resíduos, tais como o lodo de esgoto e composto de lixo, existe a problemática dos procedimentos para extração dos elementos do solo. Não é recente, na Ciência do Solo, a busca por extratores que possibilitem a determinação simultânea do maior número possível de elementos, nutrientes ou contaminantes, do solo, proporcionando uma economia de tempo e recursos financeiros (Jones Junior, 1990; Raij, 1994; Abreu Junior, 1999; McLaughlin et al., 2000; Raij et al., 2001; Abreu et al., 2002, 2007; Cantarutti et al., 2007). Dependendo do enfoque, tais extratores são chamados de extratores multinutrientes ou multielementares ou ainda de universais. Tais termos têm sido utilizados para designar extratores que possibilitam a determinação simultânea da concentração de vários elementos ou íons no solo, permitindo o estabelecimento dos níveis de fertilidade e de toxidez (Jones Junior, 1990; Raij, 1994; Abreu et al., 2002, 2007), sendo cada extrator composto por um ou mais reagentes. Estes extratores são de grande aplicabilidade em estudos agronômicos ou ambientais que objetivam avaliar a qualidade do ambiente em virtude do uso agrícola de resíduos, tais como compostos de lixo urbanos e lodo de esgoto. Eles devem possibilitar uma avaliação eficaz das alterações químicas no solo e da conseqüente disponibilidade de nutrientes e de elementos potencialmente tóxicos às plantas (Wolf, 1982; Soltanpour, 1985; Houba et al., 1990, 1992; Sippola, 1994; Hanlon et al., 1996). Para este mister, os métodos 3050B e 3051A (USEPA, 2006) constituem boas opções. Mais detalhes sobre a determinação de metais pesados no solo são apresentados no capítulo XV. Os laboratórios de análise de solo do Estado de São Paulo têm utilizado a resina trocadora de íons e o DTPA como os métodos oficiais para a análise de P, K, Ca e Mg e de Cu, Fe, Mn e Zn, respectivamente (Cantarella et al., 1995; Raij et al., 2001; Cantarutti et al., 2007). O DTPA também tem sido utilizado para a extração de elementos tóxicos do solo (Abreu et al., 1995, 2002; Raij et al., 2001). Todavia, o extrator para micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn) mais empregado nos laboratórios de análise de solo no Brasil é Mehlich-1, solução de HCl 0,05 mol L-1 e H2SO4 0,0125 mol L-1, na relação solo:solução de 1:10 (Cantarella et al., 1995; Embrapa, 1997; Raij et al., 2001). A solução de Morgan (acetato de sódio 0,73 mol L-1, tamponado em pH 4,8 com ácido acético) foi muito usada para determinação de Al, As, Ca, Cu, Fe, Hg, K, Mg, Mn, N- NO3, N-NH4+, P, S-SO4, Pb e Zn em solos, na década de 50 e início de 60, nos Estados Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO 24 CASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL. Unidos, sendo atualmente pouco empregada (Jones Júnior, 1990). Wolf (1982) modificou este extrator por meio da combinação com DTPA, para melhorar a extração de Cu, Fe, Mn e Zn, que passou a ser conhecido como extrator Wolf-Morgan. O pH 4,8 foi escolhido pela similaridade com a solução do solo saturada em CO2, próximo às raízes secundárias, que poderia atuar como um solvente moderado de nutrientes. O uso do acetato de sódio e ácido acético permite a extração de quase todos os nutrientes, exceto Na. A introdução de DTPA na solução de Morgan somente foi possível após avaliação de agentes quelantes (DTPA, Na2-EDTA e NTA), em diversas concentrações. A adição de DTPA promoveu aumento significativo nas correlações entre as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn nas folhas de várias culturas e no solo (Wolf, 1982). O extrator Wolf-Morgan tem sido utilizado com êxito para a avaliação de Al, B, Ca, Cu, F, Fe, K, Mg, Mn, N-NO3-, N-NH4+, P, S-SO4- e Zn em solos ácidos e neutros (Wolf, 1982; Jones Junior, 1990) e, pelas suas características, mostra-se promissor para avaliação de metais pesados em amostras de solos do Brasil (Abreu Júnior, 1999). Uma solução com bicarbonato de amônio 1 mol L-1 e ácido dietileno triaminopen- tacético 0,005 mol L-1, a pH 7,6, conhecida como AB-DTPA, foi proposta por Soltanpour & Schwab (1977) para a extração de NO3-, P, K, Cu, Fe, Mn e Zn em amostras de solos alcalinos. Posteriormente, com a eliminação do uso de carvão ativado durante a filtragem, para evitar adsorção de complexos metais-DTPA (Soltanpour & Workman, 1979), o método passou a ser mais abrangente e possibilitou a extração de P, K, Cd, Fe, Mn, Mo, Ni, Pb, Se e Zn (Soltanpour, 1985). Teoricamente, este extrator também poderia avaliar o S, As e Cu em condições normais e o B em níveis tóxicos, por ICP-OES ou ICP-MS (Soltanpour et al., 1996). Este extrator tem apresentado bons resultados para o monitoramento de nutrientes e de Cd, Mo, Ni e Pb em amostras de solos alcalinos (Soltanpour, 1985; Hanlon et al., 1996; Soltanpour et al., 1996); os resultados, porém, não são tão animadores em amostras de solos ácidos, visto que o extrator não discrimina adequadamente a disponibilidade de elementos, por exemplo, entre amostras do solo tratado e não tratado com calcário (Abreu et al., 2002, 2007). O extrator Mehlich-1 tem sido utilizado para extração de P, Ca, Mg, K, Cu, Mn, Na e Zn (Sims, 1989; Jones Júnior, 1990). Amaral Sobrinho et al. (1993) estudaram a eficiência de extração de Cu, Fe, Mn, Ni e Zn pelos extratores Mehlich-1 e Na2-EDTA, em um Latossolo Vermelho-Amarelo tratado com resíduo siderúrgico. O extrator Mehlich-1 apresentou maior capacidade extratora, exceto para o Cu. Os teores de Cu e Ni extraídos com a solução Mehlich-1 foram positivamente correlacionados com as concentrações desses elementos na parte aérea de plantas de sorgo. Todavia, tal extrator mostrou-se ineficiente para avaliar a disponibilidade de Fe, Mn e Zn. Posteriormente, surgiu o extrator Mehlich-3, ampliando a possibilidade para determinação de P, Ca, Mg, K, B, Cu, Fe, Mn, Na e Zn (Mehlich, 1984; Jones Júnior, 1990). A solução contém ácido acético 0,2 mol L-1, nitrato
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