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resumo direito civil av2

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• Clausulas gerais e conceitos indeterminados 
Cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados ou vagos, se tratam da flexibilização do 
sistema jurídico, através da linguagem possibilitando ao juiz a interpretação da lei para a 
aplicação no caso concreto. 
• Mudança dos princípios norteadores do direito 
O código civil de 2002 trabalha com três princípios norteadores básicos são eles os seguintes: 
princípio da eticidade, princípio da operabilidade, princípio da sociabilidade. 
 
Princípio da eticidade: procurou-se superar o apego ao formalismo jurídico, mas conservando 
as conquistas técnicas jurídicas (normas genéricas ou clausulas gerais), sem a preocupação 
com rigorismo conceitual, buscando com ênfase proteger a pessoa humana, priorizando a boa-
fé, a justa causa, a equidade e outros critérios éticos. 
 
Princípio da sociabilidade: buscou afastar o caráter individualista da lei. 
 
Princípio da operabilidade: busca soluções simples que se estabeleça de moda a facilitar a 
interpretação do direito e dar maior efetividade ao seu operador. 
 
• Pessoa natural 
 
Pessoa natural é o nome que o direito civil atribui ao ser da espécie humana, considerado 
enquanto sujeito de direito e obrigações. Para ser pessoa natural, basta existir, enquanto ser 
da espécie humana. 
 
• A personalidade jurídica 
A personalidade civil ou jurídica é a aptidão genérica para ser sujeito de direitos e deveres, 
aptidão esta que poderá ser exercida a partir do seu nascimento com vida e dura até a sua 
morte. O simples fato de nascer, constatado pela oxigenação de seus pulmões, é suficiente 
a lhe garantir a personalidade jurídica. 
 
• As teorias relativas ao início da personalidade 
A teoria natalista ou nativista defende que o ser humano adquire personalidade civil ou 
jurídica somente a partir do seu nascimento com vida, antes disto o que se tem é mera 
expectativa de direito. 
 
TEORIA CONCEPCIONISTA 
Para os concepcionistas, é possível o ser humano adquirir a personalidade civil ou jurídica 
desde a concepção, ou seja, antes de nascer. 
 
TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL 
Para esta teoria, o nascituro é uma “pessoa condicional”, e por este motivo a lei lhe garante 
expectativas de direitos, que dependem do seu nascimento com vida para que se convalidem. 
 
• Capacidade e incapacidade 
Capacidade 
Chamamos de capacidade civil, ou capacidade jurídica, a medida ou proporção do exercício da 
personalidade jurídica de cada pessoa, que pode ser classificada em: a) capacidade de direito; 
b) capacidade de fato; c) capacidade plena; ou d) capacidade limitada 
 
a) Capacidade de direito é a capacidade que todas as pessoas possuem, basta nascer com 
vida para possuir capacidade de direito. 
 
 
b) Capacidade de fato exige uma aptidão descrita na lei, é aquela que se adquire quando 
atingida a maioridade civil, aos dezoito anos de idade completos, ou por escritura de 
emancipação, passando a poder exercer por si mesmo todos os atos da vida civil. 
 
c) Capacidade plena se identifica presente quando a pessoa possui tanto a capacidade de 
direito quanto a de fato ao mesmo tempo. 
 
d) Capacidade limitada se dá quando uma pessoa possui a capacidade de direito, mas não 
possui a capacidade de fato. 
 
Incapacidade 
A incapacidade nada mais é do que a restrição ao exercício dos direitos e obrigações da 
pessoa, e pode ser classificada em: a) absoluta ou b) relativa. 
 
a) Incapacidade absoluta: A prática de um ato por pessoa absolutamente incapaz acarreta 
a sua nulidade, pois se trata de proibição total. Desse modo, para que o absolutamente 
incapaz possa praticar algum ato civil, ele deverá ser representado por outra pessoa capaz. 
São absolutamente incapazes: os menores de 16 anos 
 
b) Incapacidade relativa – A lei permite aos relativamente capazes que pratiquem os atos 
da vida civil, desde que assistidos; se praticarem atos sozinhos, o ato será anulável. 
São relativamente incapazes: os maiores de 16 anos e os menores de 18 anos; 
 Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
Aqueles por causa transitória o permanente não poderem exprimir sua vontade; 
Os pródigos; 
 
• Direitos da personalidade 
 
Direitos da personalidade são direitos subjetivos conferidos a todas as pessoas naturais 
(seres humanos) com o intuito de proteger a sua integridade física, moral e intelectual. 
 
a) Inatos: todos os seres humanos, ao nascer, já se encontram dotados de direitos da 
personalidade. 
 
b) Vitalícios: os direitos da personalidade acompanham o ser humano ao longo da vida. 
 
c) Absolutos: os direitos da personalidade impõem um dever geral de abstenção a todas as 
pessoas (sujeição passiva universal); todas as pessoas devem abster-se de praticar qualquer 
ato que possa prejudicar a integridade de um ser humano. 
 
d) Ilimitados: os direitos da personalidade são ilimitados porque não existe um número certo 
de direitos da personalidade, por esse motivo eles não podem ser quantificados. 
 
e) Extrapatrimoniais: é impossível atribuir valor econômico aos direitos da personalidade, 
pois não integram o patrimônio da pessoa (ou seja, dizem respeito ao ser, e não ao ter). 
 
f) Imprescritíveis: os direitos da personalidade são considerados imprescritíveis, pois o não 
exercício pelo seu titular não acarreta a extinção do direito nem o afastamento da proteção 
dada pelo ordenamento jurídico. 
 
 
g) Intransmissíveis: os direitos da personalidade estão ligados de tal forma à personalidade 
jurídica de cada ser humano que não se admite a sua transmissão. 
 
h) Relativamente disponíveis: embora não se admita a transmissão dos direitos da 
personalidade, nada impede que uma pessoa disponha de algum aspecto de sua personalidade 
de forma relativa e temporária. 
 
i) Irrenunciáveis: os titulares dos direitos da personalidade não podem ser renunciados, pois 
surgem com o ser humano e o acompanham ao longo da vida (vitalícios). 
 
j) Inexpropriáveis: por serem inatos e ligados à pessoa, os direitos da personalidade não 
podem ser retirados da esfera de seu titular. 
 
• O fim da personalidade 
Extingue-se a personalidade jurídica da pessoa natural quando esta vier a morrer. A morte da 
pessoa natural pode ser real ou presumida. 
 
A morte real ocorre quando cessam as atividades cardíacas ou respiratórias da pessoa, ou 
quando se dá a morte cerebral ou encefálica. 
A morte presumida pode ser de dois tipos: 
 
Morte presumida com decretação de ausência: 
Vai ocorrer no processo de ausência quando for aberta a sucessão definitiva. 
 
Morte presumida sem decretação de ausência: 
Quando era provável a morte da pessoa que estava correndo risco de vida; 
Quando a pessoa foi feita prisioneira de guerra ou de campanha e não foi encontrada até dois 
anos após o termino da guerra; 
 
COMORIÊNCIA – Quando dois ou mais indivíduos vierem a falecer ao mesmo tempo, havendo 
dúvidas quanto a quem tenha morrido primeiro, a legislação civil permite a aplicação da 
presunção de que tenham morrido ao mesmo tempo. Esta regra afasta a incidência da 
sucessão entre os comorientes. 
 
• Domicilio 
Art. 70: “O domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com 
animo definitivo.” 
 
É no domicílio que a pessoa se presume presente para dar cumprimento aos seus atos e 
negócios jurídicos. 
 
Quanto ao número, o domicílio pode ser único ou plúrimo. Quanto à existência, é real ou 
presumido. Quanto à liberdade de escolha, pode ser necessário ou voluntário, sendo que o 
necessário é aquele descrito por lei, e o voluntário o que pode ser estipulado pelas partes emrelação jurídica. 
• Bens 
Bens Imóveis 
Bens imóveis ou bens de raiz são aqueles que não podem ser transportados, sem destruição, 
de um lugar para outro. A remoção causaria alteração de sua substância ou de sua forma. 
 
a) Por natureza (ou por essência): trata-se do solo e tudo quanto lhe for incorporado de 
forma natural (p. ex.: árvores, frutos, pedras etc.). 
 
 
b) Por acessão física artificial: são todos os bens que as pessoas incorporam ao solo de 
forma artificial e permanente – não podem ser retirados, em regra, sem destruição, modificação, 
fratura ou danos. 
Exemplo: o deslocamento de uma casa de madeira ou mesmo de alvenaria de um lugar para 
outro. 
 
c) Por acessão intelectual (ou por destinação): são todos os bens móveis que o 
proprietário mantém empregados de forma duradoura e intencional na exploração industrial, 
aformoseamento (embelezamento) ou comodidade do bem imóvel. 
 
Exemplo: (vasos, estátuas nos jardins, cortinas etc.), máquinas agrícolas, animais e materiais 
utilizados para plantação, escadas de emergência justapostas nos edifícios, geradores, 
aquecedores, aparelhos de ar-condicionado. 
 
Bens móveis 
São aqueles que podem ser movidos de um local para outro sem que seja alterada a substância 
ou a destinação econômico-social. 
 
a) Por natureza: compreendem tanto os semoventes (aqueles que se movem por força 
própria – exemplo: os animais). 
 
b) Por antecipação: são aqueles mobilizados (transformados em bens móveis) pelos seres 
humanos em atenção a sua finalidade econômica (p. ex.: fruta colhida, madeira cortada, pedra 
extraída, casa vendida para ser demolida etc.). 
 
c) Por determinação legal: são: 
 
I. as energias que têm valor econômico: elétrica, térmica, solar, nuclear, eólica, radioativa, 
radiante, sonora, da água represada etc.; 
 
II. os direitos reais sobre bens móveis (direito de propriedade, usufruto, penhor e 
propriedade fiduciária) e as ações correspondentes; 
 
III. os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações: direitos obrigacionais, 
também denominados de crédito; 
 
IV. os direitos autorais: 
 
V. A propriedade industrial: 
 
Bens fungíveis 
São os móveis passíveis de substituição por outros da mesma espécie (gênero), qualidade e 
quantidade. Como exemplo de bens fungíveis, podemos citar dinheiro, milho, água etc. 
 
Bens infungíveis 
São os bens que não podem ser substituídos por outros em razão de determinadas qualidades 
individuais e específicas. 
Exemplo: uma obra de arte, um livro autografado, etc. 
 
Bens consumíveis 
Bens consumíveis são os destinados à satisfação de necessidades e interesses das pessoas. 
 
a) Consumíveis de fato: são os bens cujo uso importa na destruição imediata da própria 
substância ou na sua extinção – a consuntibilidade é natural – p. ex.: frutas, verduras etc.; 
 
b) Consumíveis de direito: são os bens destinados à alienação – a consuntibilidade 
(característica dos bens consumíveis) é jurídica – ex.: livros e automóveis à venda em uma loja. 
 
Bens inconsumíveis 
São os que podem ser usados de forma contínua e reiterada, sem que isso importe na sua 
destruição imediata. 
(p. ex.: o empréstimo de uma garrafa de vinho para exposição, roupa). 
Bens divisíveis 
Os bens divisíveis são os que podem ser fracionados em partes homogêneas e distintas, sem 
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo para o uso a que se 
destinam. 
 
Exemplo: um saco de feijão é divisível, pois pode ser fracionado em duas ou mais partes, 
mantendo as suas características originais. 
 
• Bens indivisíveis 
Não podem ser fracionados. A indivisibilidade de um bem pode ser de três espécies: 
a) Por sua natureza: 
São os bens que não podem ser divididos sob pena de alterarem sua substância, perderem sua 
utilidade ou reduzirem consideravelmente o seu valor. 
Exemplos: touro reprodutor, automóvel, obra de arte etc. 
 
b) Por determinação legal: são os bens considerados indivisíveis por força de dispositivo 
legal expresso. 
Exemplos: o direito à sucessão aberta/herança, que é considerado indivisível até o momento 
da partilha. 
 
c) Por vontade das partes: 
são os bens divisíveis transformados em indivisíveis por força da vontade manifestada em 
contrato (exercício da autonomia privada), deixando seu aspecto de divisibilidade para trás. 
 
Bens materiais (res corporalis) 
Também denominados bens corpóreos ou tangíveis, são aqueles que têm existência material, 
podendo ser percebidos por nossos sentidos. 
Exemplos: armários, lâmpadas, telefones celulares, livros etc. 
 
 Bens imateriais (res incorporalis) Também denominados bens incorpóreos ou intangíveis, são 
todos os bens que possuem existência abstrata, não podendo ser sentidos/toca dos fisicamente 
pelos seres humanos. 
Exemplo: direitos autorais de quem escreveu um livro, direitos de crédito, direito à herança, 
invenções, direitos reais, direitos obrigacionais etc. 
• Bens singulares 
Bens singulares ou individuais são aqueles que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais. 
a) Bens singulares simples: são os bens cujas partes formam um todo homogêneo e estão 
agrupadas em razão da sua própria natureza (a coesão é natural). Podem ser materiais (p. 
ex.: árvore) ou imateriais (p. ex.: crédito). 
 
 
b) Bens singulares compostos: são aqueles bens que, reunidos, formam um só todo, mas 
sem desaparecer a condição jurídica de cada parte (a coesão é artificial – p. ex.: navios, 
materiais utilizados na construção de uma casa etc.). 
 
• Bens coletivos 
Bens coletivos ou universais são aqueles formados por vários bens singulares que, reunidos, 
passam a formar uma coisa só (individualidade incomum), mas sem que desapareça a condição 
jurídica de cada parte (autonomia funcional). 
 
Dessa forma, o titular dos bens pode contratar sobre a coletividade dos bens (p. ex.: vender 
uma biblioteca) ou sobre um dos bens de forma individualizada (p. ex.: alienar apenas um livro 
de uma biblioteca). 
 
a) Universalidade de fato (universitas rerum): é a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
 
Exemplos: rebanho, biblioteca, pinacoteca, frota, floresta, cardume etc. 
 
b) Universalidade de direito (universitas iuri): complexo de relações jurídicas de uma mesma 
pessoa, dotadas de valor econômico. 
Exemplo: herança, patrimônio, massa falida. 
Bens principais 
Considera-se bem principal todo aquele que tem sua existência independente de qualquer 
outro. 
 
Bens acessórios 
ligado ao bem principal 
 
❖ Naturais: arvore e frutos 
❖ Civis: lei: aluguel, juros 
❖ Industrial: engenho humano 
 
• Negócios jurídicos: 
Negócios jurídicos são atos humanos que demonstram a intenção (vontade) de produzir 
efeitos jurídicos: 
a) Adquirir direitos; 
b) Extinguir direitos; 
c) Modificar direitos; 
d) Conservar direitos; 
Classificação 
Quanto ao número de declarantes: 
Unilaterais: são os negócios jurídicos formados pela declaração de vontade de apenas uma 
pessoa (p. ex.: testamento, renúncia de crédito, promessa de recompensa). 
Subdividem-se em: 
a) receptícios: aqueles em que a declaração de vontade deve ser levada ao conhecimento 
do destinatário para que produza efeitos (p. ex.: promessa de recompensa); 
b) não receptícios: aqueles em que o conhecimento do destinatário é irrelevante (p. ex.: 
testamento). 
 
Bilaterais: aqueles em que há duas manifestações de vontade. Os contratos, por exemplo, 
exigem, ao menos, dois contratantes, duas manifestaçõesde vontade. 
 
Plurilaterais: são os negócios jurídicos em que há mais de duas pessoas com interesses 
coincidentes. Essa situação é comumente verificada em alguns contratos, como o de 
incorporação imobiliária. 
Quantas às vantagens patrimoniais: 
 
Gratuitos: são os negócios jurídicos representados por atos de liberalidade, isto é, atos que 
outorgam vantagens sem exigir uma contraprestação. Exemplos: contrato de doação pura, 
contrato de comodato, testamento etc. 
 
Onerosos: são aqueles negócios que envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para 
todos os envolvidos. Exemplos: contrato de compra e venda, contrato de locação etc. 
 
Bifrontes: são os negócios jurídicos que, de acordo com a vontade das partes, podem ser 
gratuitos ou onerosos. Exemplos: contrato de depósito, contrato de mútuo, contrato de 
mandato etc. 
 
Neutros: são aqueles que não podem ser enquadrados na categoria de gratuitos nem de 
onerosos. Os negócios jurídicos neutros caracterizam-se pela ausência de atribuição 
patrimonial. Exemplos: instituição de bem de família (Código Civil, arts. 1.711 a 1.722), 
cláusula de inalienabilidade, incomunicabilidade ou impenhorabilidade, etc. 
 
Classificação quanto ao momento da produção dos efeitos 
 
Inter vivos: são os negócios jurídicos que têm por objetivo a produção de efeitos durante a 
vida dos participantes. 
Como exemplos de negócios inter vivos: podem ser citados os contratos, a promessa de 
recompensa, o pacto antenupcial. 
Obs.: Eventualmente, podem continuar produzindo efeitos após a morte, como ocorre com 
alguns contratos. 
 
Mortis causa: são aqueles que somente produzem efeitos após a morte da pessoa que 
manifestou à vontade. A morte é considerada requisito de eficácia do negócio jurídico. 
Exemplos: testamento e codicilo (ato simplificado de última vontade, para as disposições de 
pequena monta). 
 
Classificação quanto à forma: 
Solenes ou formais: são os negócios jurídicos que devem seguir uma solenidade ou 
formalidade imposta pela lei para que sejam válidos. 
Exemplos: testamentos, contrato de compra e venda ou doação de imóvel com valor superior 
a trinta salários mínimos. 
 
Não solenes ou informais: são os negócios jurídicos que têm forma livre 
Exemplos: os contratos de comodato (contrato unilateral e gratuito, pelo qual alguém 
(comodante) entrega a outrem (comodatário) coisa infungível, para ser usada 
temporariamente e restituída no tempo combinado) e de locação podem ser celebrados 
verbalmente. 
 
Classificação quanto à independência ou autonomia: 
Principais (ou independentes): são os negócios jurídicos que têm existência própria, não 
dependendo de qualquer outro para que tenham validade ou eficácia. 
Exemplo: A locação é um exemplo clássico de contrato principal. 
Acessórios (ou dependentes): são aqueles cuja existência está subordinada a outro 
negócio jurídico. 
Exemplos: a cláusula penal e os contratos de fiança, hipoteca, penhor e anticrese. 
Classificação quanto às condições pessoais dos negociantes: 
 
Impessoais: são os negócios jurídicos que independem da condição pessoal dos 
envolvidos. Se uma das partes não cumprir a obrigação assumida, outra pessoa poderá 
cumpri-la. 
Exemplo: compra e venda 
Pessoais: também conhecidos como personalíssimos ou intuitu personae, são os 
negócios jurídicos que dependem de condição pessoal dos negociantes, havendo obrigação 
infungível (insubstituível). 
Exemplo: contrato de prestação de serviço e contrato de fiança. 
 
Classificação quanto à causa determinante: 
Causais (ou materiais): são os negócios jurídicos em que o motivo consta expressamente 
do seu conteúdo. 
Exemplo: termo de separação ou divórcio. 
Abstratos (ou formais): são aqueles em que a razão não está inserida no conteúdo. 
Exemplo: termo de transmissão da propriedade; simples emissão de título de crédito etc. 
Classificação quanto ao momento da eficácia: 
Consensuais: são os negócios jurídicos que se consideram formados a partir do momento 
em que há acordo de vontades. 
Exemplo: compra e venda pura. 
Reais: são os negócios que somente se aperfeiçoam após a entrega do objeto. Exemplos: 
contrato de comodato, contrato de depósito e contrato estimatório. 
 
Classificação quanto à extensão dos efeitos: 
Constitutivos: são os negócios jurídicos que geram efeitos ex nunc (não retroativos), a 
partir de sua celebração para o futuro. Em geral os contratos têm eficácia constitutiva. 
Declarativos: são aqueles que produzem efeitos ex tunc (retroativos), a partir do momento 
em que ocorreu o fato que constitui seu objeto. 
Como exemplo de negócio declarativo, temos a partilha de bens na sucessão de uma 
pessoa, que retroage ao momento da morte. 
 
Plano de existência do negócio jurídico: 
 
 Elementos substantivos se não estão presentes o negócio jurídico é 
inexistente. 
Obs.: poderá ser proposta ação declaratória de inexistência. 
 
 
Plano de validade: 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - Agente capaz; 
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - Forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
 
 
Defeitos nos negócios jurídicos 
 
• Erro substancial 
Erro substancial (error in substantia) ou erro essencial é aquele que recai sobre aspecto determinante 
(relevante) do negócio, incidindo sobre o núcleo essencial da declaração. 
Obs.: 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro 
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias 
do negócio. 
O erro é substancial quando: 
I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
Exemplo quanto a natureza (error in negotio): a pessoa aluga uma casa, mas achava 
que a estava emprestando. 
Agente 
Objeto 
Vontade 
Forma 
 
Exemplo quanto ao objeto principal da declaração (error in corpore):– a pessoa acredita 
que está comprando um determinado carro e na verdade adquire outro. 
Exemplo quanto a alguma das qualidades a ele essenciais (error in qualitate ou in 
substantia): a pessoa compra um relógio de latão, achando que é de ouro 
II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
Exemplo: a pessoa acha que está contratando uma banda famosa, mas acaba 
contratando uma homônima (mesmo nome). 
III - Sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal 
do negócio jurídico. 
• Erro acidental 
É aquele que recai sobre aspecto secundário, não é anulável. 
Exemplo: qualidade acessória, medida, peso ou quantidade. 
• Erro obstativo 
O erro obstativo, obstáculo ou impróprio é aquele de exagerada importância, 
constituindo uma profunda divergência entre as partes contratantes de tal modo que não 
haveria vontade negocial. 
No direito brasileiro o legislador não fez distinção entre o erro obstativo e o erro 
substancial, acolhendo todas as hipóteses como erro substancial e, portanto, 
anuláveis. 
• Escusabilidade ou recognoscibilidade 
Para a doutrina majoritária, o dispositivo não exige mais a escusabilidade como um requisito 
para a anulação do negócio jurídico, mas, sim, a recognoscibilidade ou cognoscibilidade. 
• DOlO 
É o artifício (manobra, maquinação) utilizado com o propósito de enganar uma pessoa para 
que ela celebre determinado negócio. Para que o negócio seja anulável, não se exige a 
demonstração de efetivo prejuízo, sendo suficiente a intenção de prejudicar. 
 
Erro: equivoco espontâneo 
Dolo: equivocoinduzido 
 
Consequências do dolo 
Anulável 
Ação anulatória 
prazo decadência 4 anos 
• Classificação 
Dolo essencial: contamina o negócio jurídico 
Dolo acidental: não acarreta anulação, mas apenas satisfação em perdas e danos. 
Quanto a conduta: 
Positivo: ação voltada para enganar. Permite a anulação. 
 
Negativo: omissão (silencio) acerca de aspecto relevante para a realização do negócio. 
Permite a anulação. 
Dolo bilateral ou reciproco: quando ambos agem com dolo, não permite a anulação, nem 
reparação em danos. O dolo de uma parte compensa o da outra, mesmos essencial ou 
acidental. 
Quanto a conteúdo: 
Dolo mau: manobras para enganar. Para prejudicar alguém. 
Dolo bom: 
1) Comportamento licito e tolerado no comercio. Havendo abuso o negócio poderá ser 
anulado. 
2) Quando uma pessoa engana com o objetivo de beneficiar a pessoa enganada. 
Dolo a terceiro: quando uma terceira pessoa fora do negócio quer se aproveitar da ação 
enganosa. 
Dolo do representante: 
Representação convencional: solidariedade 
Representação legal: há maior proteção do representado. 
Obs.: ambos são negócios anuláveis. 
• Coação 
Ameaça (física ou moral) 
Objetivo: força uma pessoa a fazer algo que é contra a vontade. 
Coator: quem exerce a coação 
Coato: quem sofre a ação 
• Espécies: 
Absoluta: A coação absoluta, também denominada física ou vis absoluta, é o 
constrangimento corporal que retira toda a capacidade de manifestação de vontade, 
implicando ausência total de consentimento. 
Relativa: coação moral, psicológica ou vis compulsiva. 
• Requisitos da coação: 
A ameaça deve ser grave; Iminente; Injusta; Recair sobre a pessoa, seus familiares ou 
bens; A ameaça deve ser causa da celebração do negócio. 
Consequências: 
Anulável: ação anulatória 
Decadência: 4 anos 
Legitimidade: pessoa coagida 
Obs.: Poderá preitar perdas e danos e reparação por danos morais. 
 
Coação a terceiro 
Se outra pessoa realizar a coação em vez do contratante, o negócio será anulável desde 
que o contratante beneficiado tivesse ou devesse ter conhecimento da coação realizada. 
 
Estado de perigo 
O estado de perigo consiste na celebração de um negócio jurídico com onerosidade 
excessiva porque o agente estava premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de 
sua família, de grave dano conhecido pela outra parte. 
Requisitos de estado de perigo 
Onerosidade 
Situação de perigo 
Dolo de aproveitamento 
Consequência 
Anulabilidade 
Ação anulatória 
Prazo decadência de 4 anos, contados da celebração do negócio. 
 
• Lesão 
negócio jurídico com onerosidade excessiva porque o agente se encontrava em uma 
situação de premente necessidade ou de inexperiência (Art.157). 
Exemplo: qualquer contrato bilateral 
Requisitos: 
Onerosidade excessiva 
Premente necessidade ou inexperiência 
 
Fraude contra credores 
O ato do devedor insolvente ou próximo da insolvência alienar (vender ou desfazer-se de 
algum outro modo) de um bem com o objetivo de prejudicar o credor, em virtude da 
diminuição do seu patrimônio. 
Exemplo: uma pessoa está devendo cem mil reais e, sem quitar a dívida, doa para um amigo 
o único bem que poderia ser utilizado para pagá-la 
 
Simulação 
uma declaração enganosa da vontade com o objetivo de provocar uma ilusão no público, 
seja por não existir negócio de fato, seja por existir um negócio diferente daquele que se 
aparenta. Há, portanto, um desacordo intencional entre a vontade interna (intenção) e a 
vontade externa (manifestação), com o objetivo de iludir terceiro. 
 
Prescrição 
a prescrição pode ser definida como a perda da pretensão de reparação do direito violado 
em virtude da inércia de seu titular, no prazo previsto em lei. 
 
Pretensão é o poder de exigir de outrem, coercitivamente, o cumprimento de um dever 
jurídico previsto em lei ou em contrato. A pretensão é, portanto, o poder de exigir o 
cumprimento de um direito subjetivo patrimonial em juízo. 
 
Prescrição Extintiva: é tratada na Parte Geral do Código Civil de 2002 e se refere à perda 
de um direito. 
Prescrição Aquisitiva: também denominada usucapião, se refere à aquisição de um direito 
e vem regulada na Parte Especial do Código. 
 
Decadência 
Decadência é a perda efetiva de um direito potestativo, pela falta de seu exercício, no 
período previsto na lei (decadência legal), ou pela vontade das partes (decadência 
convencional). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum 
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão 
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções 
prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos 
de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - Agente capaz; 
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - Forma prescrita ou não defesa em lei. 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. 
 
Lei 9434 de 4 de fevereiro de 1997 
Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e 
tratamento e dá outras providências. 
 
Art. 9o É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do 
próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos 
até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante 
autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.

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