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Direito Concorrencial e Econômico
Caderno de Concorrencial - Sarah Machado Acuña - 9B
Professor: Mário Cabral (marioandremc@gmail.com)
Bibliografi: eduardo molanga? Direiro Antitruste
16/08 (primeira aula)
Até o século XIX: o direito limitava o estado.
Garantia de direitos e liberdades individuais.
Crise do liberalismo na segunda metade do século XIX, por conta do aumento da
industrialização e a necessidade de investimentos em infraestrutura (ferroviar, portos,
estradas, etc.), o aumento da população urbana, o aumento da demanda por serviços
públicos (transporte urbano, energia, saneamento, habitação, etc.), o aumento da
demanda por direitos (trabalhistas, de voto, etc.).
Primeira Guerra Mundial
- "Economia da guerra"
- Mobilização de todas as forças econômicas e sociais lara a guerra
- Estado intervém na economia para organizá-la para o esforço bélico
- Economia deixava de ser tema privado para ser objeto de intervenção do estado
Contituição de Weimar (1919):
- Direitos individuais + direitos sociais e econômicos
- Constituição consagra a intervenção do estado na economia
- Ordem econômica ("A vida econômica"): justiça, dignidade, liberdade econômica,
direiro ao trabalho, à assistência social e à sindicalização, função social, etc.
- Prevê o estabelecimento de órgão formados por trabalhadores e empregadores para
gerir as empresas
- Intervenção do estado na economia deixa de ser algo excepcional, de guerra
- Trata-se de nova concepção do papel do estado e do direito em relação à economia
Ante todos os fatos históricos acima narrados, qual o objeto do Direito Econômico?
Direito a serviço da execução do programa econômico previsto constitucionalmente e
direito instrumental à realização dos objetivos constitucionais.
"Conjunto de normas de conteúdo econômico (regulamentação da política econômica),
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Direito Concorrencial e Econômico
assegurando a harmonia entre interesses individuais e coletivos, de acordo com a
ideologia adotada na ordem jurídica". (Washigton Peluso Albino de Souza)
"Conjunto das técnicas jurídicas de que lança mão o estado contemporâneo na
realização de sua política econômica". (Fábio K. Comparato)
Técnicas jurídicas = 
Políticas Econômicas = programa econômico previsto constitucionalmente
Artigo 3° da CF: constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Ou seja, temos uma CF dirigente/programática/diretiva, a qual se caracteriza por
conter normas definidoras de tarefas e programas de ação a serem concretizados
pelos poderes públicos. As constituições dirigentes têm como traço comum a
tendência, em maior ou menor medida, a serem uma constituição total . (NOVELINO,
Marcelo. Direito Constitucional . São Paulo: Método, 2009, 3ª ed, p. 113). A Carta
Magna de 1988 é um exemplo de Constituição dirigente, pois consagra inúmeras
normas programáticas, como, por exemplo, as que estabelecem os objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil previstos no artigo 3º.
Anotações/Fichamento do Texto "O Indispensável Direito Econômico" de Fábio
Konder Comparato:
O Direito Econômico nasce com a a Primeira Guerra Mundial, no fim do século XIX.
A guerra é um fenômeno social totalitário, que submete a seus fins todas as tarefas e
ocupações, que interessa diretamente todas as classes sociais, sem exceção.
Doravante, em período bélico, todas as funções do Estado são monopolizadas pelo
conflito armado.
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Direito Concorrencial e Econômico
Fenômenos pós guerra influenciadores no surgimento do Direito Econômico:
- Crise de 1929: representou o verdadeiro dobre de finados do clássico laissez
faire (símbolo/expressão utilizada como forma representativa do liberalismo
econômico).
- Obra de Lord Keynes: o ordenamento jurídico tornou-se em pouco tempo prenhe de
disposições de ordem pública, não raro sancionadas penalmente, de caráter
particularista e muitas vezes contraditório. Surgimento de novas técnicas jurídicas de
economia mista, no campo do direito contratual.
- Guerra Fria -> corrida atômica e armamentista -> o Estado abandona a área dos
agentes privados, para fixar-se na competência do Poder Público, ou seja, se submete
ao regime de concorrência, segundo a conhecida fórmula de Sauvy, sucedida a
concorrência de regimes.
- Término da Primeira Guerra Mundial, a qual coincide com a fundação por
Hedermann, na Alemanha, do Instituto de Direito Econômico (sugestão recolhida da
Itália, antes da guerra, pelo professor Lorenzo Mossa, da Universidade de Pisa, bem
como impulso de investimentos na doutrina econômica pelas doutrinas francesa e
italiana). A primeira concepção de direito econômico de Hedermann é voluntariamente
vaga e indefinida (nova concepção das relações jurídicas em geral, que são doravante
fortemente impregnadas de conteúdo econômico). Assim, a tarefa primordial do jurista
moderno, passou a consistir na reelaboração de sua ciência a partir dessa nova
realidade econômica do pós guerra.
Enquanto certos autores operavam, sob a noção de direito econômico, um simples
reenquadramento dos institutos públicos ou privados de conteúdo econômico
(empresas públicas, direito comercial, direito do trabalho e da previdência social,
direito rural etc.), outros, preferem conceber o novo direito como uma espécie de
ordenamento constitucional da economia, no qual se situariam os princípios básicos
que devem reger as instituições econômicas. Esta última concepção, na verdade,
aproxima-se muito daquela que vê no direito econômico a tradução jurídica da
economia dirigida, concepção que nos parece a mais acertada.
A primeira noção de uma economia política coincide com o advento do Estado liberal,
e corresponde a uma concepção estática da vida econômica, toda centrada em torno
do equilíbrio natural na produção e circulação da riqueza. A função do Estado é
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Direito Concorrencial e Econômico
assegurar a existência das condições gerais de manutenção deste equilíbrio e de
funcionar eventualmente como um redutor de crises. À ciência social pura
corresponde, pois, uma ciência social aplicada, ou uma técnica social; à economia
política, uma política econômica, destinada a garantir o máximo de liberdade aos
agentes privados da economia.
Ora, o que caracteriza a política econômica do Estado contemporâneo, tanto a Leste
quanto a Oeste,
não só nas sociedades industrializadas como nos países subdesenvolvidos, é o
objetivo de expansão.
O direito privado patrimonial, notadamente o direito comercial, deixava de ser o centro
de gravidade das normas jurídicas de conteúdo econômico, para passar a seu turno a
gravitar em torno de uma nova constelação de regras e institutos jurídicos.
O Direito Econômico se constitui assim a disciplina normativa da ação estatal sobre as
estruturas do sistema econômico, seja este centralizado ou descentralizado.
Frequentemente, tais técnicas são coordenadas num quadro geral que exprime o
conjunto da política econômica, e que é o plano (Plano SALTE – Saúde, Alimentação,
Transportes e Energia durante o “Governo do Mal”; Programa de Metas durante o
Governo de Juscelino Kubitscheck; Plano de Ação no Governo do Estado de São
Paulo em 1958; criação da Superintendência da Valorização Econômica da Amazônia,
da Comissão de Valorização do Vale do São Francisco e, sobretudo, da SUDENE;
etc.).
Na execução de sua política econômica, o Estado pode agir unilateralmente,
exercendo as prerrogativas do “imperium”, ou entrar em colaboração com os agentes
privados da economia, numa posição de relativa igualdade. Atuando de forma
imperativasobre as estruturas econômicas, o Estado poderá agir diretamente, ou por
intermédio de entidades públicas descentralizadas. No primeiro caso, a ação estatal
traduzir-se-á por um conjunto de normas impositivas, disciplinando a emissão, o valor
e a circulação do papel-moeda nacional; o crédito, o sistema bancário e as
sociedades de financiamento; as atividades das companhias de seguro e
capitalização; as condições de exploração das riquezas minerais e energéticas; o
preço dos produtos básicos na fase de produção e de consumo etc.
Além desta ação unilateral e imperativa, o Estado atua sobre as estruturas
econômicas, quando colabora diretamente com os agentes privados, instituindo um
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Direito Concorrencial e Econômico
regime de economia mista. O instrumento predileto deste tipo de política econômica é
o contrato. A economia de massa contemporânea transformou o contrato de individual
em coletivo. Coletivo, em primeiro lugar, quanto aos seus participantes ou, mais
largamente, quanto aos seus dependentes: ele deixa de ser exclusivamente o
instrumento de manifestação de vontades individuais na troca de bens ou serviços,
para transformar-se em técnica de colaboração de empresas, profissões e sindicatos,
entre si ou com o Poder Público. Mas os contratos da economia de massa são
também coletivos com relação à sua causa, pois eles tendem a integrar-se em
quadros globais de programação ou de planejamento econômico.
O estudo das técnicas jurídicas de economia mista divide-se pois em dois capítulos:
as sociedades de
economia mista, e as relações de economia mista, ou seja, as técnicas contratuais de
colaboração da iniciativa privada com o Poder Público.
Anotações/Fichamento do Texto "O Ainda Indispensável Direito Econômico" de
Gilberto Bercovici:
De acordo com Eros Grau, o modo de produção capitalista é um modo
essencialmente jurídico, ou seja, o direito é um elemento constitutivo deste modo de
produção (racional e formal, caracterizando-se pela universalidade abstrata das formas
jurídicas e pela igualdade formal perante a lei). O direito é também uma condição de
possibilidade do sistema capitalista e não um elemento externo. Já mercado não seria
uma ordem espontânea/natural, mas é fruto da história e de decisões políticas e
jurídicas que servem a determinados interesses, em detrimento de outros.
A reflexão sobre o Direito Econômico propriamente dito surge apenas com a Primeira
Guerra mundial (1914-1918), mas isso não significa que ele esteja vinculado apenas ao
declínio do liberalismo ou à intervenção do estado. Conforme Clemens Zacher, todas
as dificuldades em identificar o objeto/relações do direito econômico o simplificam à
mero "ramo" do direito, perdendo, assim, segundo Vital Moreira, a sua especificidade,
que vem, justamente do seu contexto histórico, único meio pelo qual pode ser
compreendido.
Século XIX: positivismo jurídico. Divisão do Direito em "ramos" especializados e
adoção do "método exclusivamente jurídico".
1840 - Savigny (Alemanha) - Escola Histórica - Europa: abandono das explicações
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Direito Concorrencial e Econômico
históricas e orgânicas e preocupação com a construção de um sistema jurídico
privado, por meio da racionalidade do direito, de forma abstrata e formal.
Pandectística: utiliza as ideias de Savigny, mas abandona a sua visão unilateral
contrária à lei. O direito legislado passa a ser também fruto da evolução histórica da
experiência jurídica.
Jurisprudência dos Conceitos: primado da lógo a formal, onde os conceitos são
entendidos como modelos formais dotados de coerência lógica interna, que
constituem a base do direito objetivo dos institutos. Assim,ma tarefa do jurista passa
ser a de vincular o objetivo (institutos) ao direito formulado (normas).
Consolidação do Constitucionalismo - Giovanni Tarello: a concomitância entre a
codificação do direito privado e do constitucional, permitiria que a atividade do jurista
passasse a ser cognitiva, não mais prático-valorativa, ou seja, o jurista passou a ser
mais técnico do que político.
A Teoria Jurídica do estado surge então por meio da junção das concepções de
Sabigny e da Pandectístoca do direito privado para o público.
Publicistas Alemães: pós Savigny/Pandectístoca, os quais partiam do pressuposto de
uma identificação organicista do Estado (Volk), sem conflitos. Elaboração de um
modelo de estado dotado de personalidade jurídica, soberano e limitado ao mesmo
tempo. Daí o surgimento da teoria europeia do final do século XIX, que era a
supremacia da lei. Ou seja, a lei entendida como proveniente da Nação, representada
pelo Parlamento. A lei garantia direitos e deveria ser obedecida também pelo Estado,
que é a personificação jurídica da Nação, que se configurava em Estado de Direito, ou
seja, o Estado que obedece o direito posto por esse mesmo Estado. Logo, ao criar o
direito, o Estado obriga-se a si mesmo e, ao se submeter ao direito, também se torna
sujeito de direitos e de deveres.
O discurso liberal do século XIX, ao negar as vinculações entre direito e economia,
impossibilitava o discurso sobre um direito econômico. No entanto, além de terem
ocorrido vários debates sobre as relações de direito e economia, pode-se afirmar que
começou a se estruturar no final do século XIX, com as transformações advindas da
revolução industrial, uma era, de acordo com Michael Stolleis, muito marcada pela
crise e mudanças do direito privado tradicional, focado em torno da empresa.
Em 1913, Heirich Lehmann escreveu um ensaio no qual pregava a indústria e a
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Direito Concorrencial e Econômico
economia industrial como centro de suas preocupações e buscava nelas a
possibilidade de alteração do direito privado tradicional, com a proposta de criação de
uma nova disciplina jurídica pautada na indústria. Assim, propunha a compatibilização
entre os interesses públicos e privados, tendo em vista a tarefa de organização da
nova economia industrial.
Com a Primeira Guerra Mundial, os estados envolvidos dão obrigados a se
reestruturar, justificando a ampliação dos poderes do executivo em todos os países.
Com a sua crise, o estado de sítio e os plenos poderes passaram, segundo Rossiter,
de instituições repressivas a instituições preventivas. Esta guerra exigiu uma
mobilização nunca antes vista de todas as forças econômicas e sociais dos países
envolvidos para o esforço bélico. Assim, em 1918, Richard Kahn definiu que direito
econômico seria um direito excepcional, de guerra, voltado apenas para a organização
da economia de guerra. Ernst Heymann acabou sendo intermediário entre as
definições de Lehmann e Kahn e definiu que, como não seria mais possível uma volta
ao passado, o direito econômico seria apenas de guerra ou um direito industrial.
Após a guerra, com a derrota da Alemanha e com a queda da sua monarquia,
especificamente neste país, as definições de Rudolf Hilferding de capitalismo
financeiro seriam vistas como o desenvolvimento da teoria marxista, no sentido da
concretização de sua estratégia revolucionária no contexto do processo de
concentração e centralização do capital. Com a supressão da livre concorrência pela
concentração de capital, a dominação burguesa passa a necessitar de um estado
politicamente poderoso para garantir o mercado nacional e se expandir em busca de
novos mercados. Os conglomerados, assim, representariam o interesse do capital pelo
fortalecimento estatal, unificando o poder econômico e aumentando seu poder de
pressão perante o estado. Para Hilferding, a tarefa do proletariado é a luta pela
desapropriação da oligarquia que controla o capital financeiro, atuando por meio do
estado, que deve ser controlado pelos trabalhadores como meio de encerrar com sua
exploração econômica. Assim, a conquista do poder político pelo proletariado é
condição de sua emancipação econômica.
1919 - Constituição de Weimar: é vista como um projeto quese expandiu para todas
as relações sociais. O conflito é incorporado no texto constitucional, que não
representa mais apenas as concepções da classe dominante, pelo contrário, torna-se
um espaço onde ocorre a disputa político-jurídica. Nessa época, Walter Rathenau
afirmava que "a economia é nosso direito", no sentido dela deixar de ser privada para
se tornar um problema de toda a comunidade, com o objetivo final da democracia e da
igualdade.
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Direito Concorrencial e Econômico
Durante a Constituição de Weimar é que Justis Wilhelm Hedemann utilizará a
expressão "direito econômico" pela primeira vez, definida como uma disciplina
jurídica. Gérard Farjat, nessa época afirmava que o direito econômico não seria
público ou privado, mas teria surgido justamente da decadência desta dicotomia.
No Brasil, Washington Peluso Albino de Souza defendeu a autonomia doutrinal do
direito econômico como um "ramo", que utilizava-se do princípio da economicidade. A
autonomia do direito econômico, inclusive, estaria formalmente assegurada pelo
disposto no artigo 24, I da CF/88, que elenca o direito econômico como uma das
matérias de competência concorrente entre a União e os demais entes da federação.
Na França, Joseph Hamel e Claude Champaud também se destacaram por suas
teorias. Para Hamel, o direito econômico deveria reger a vida econômica,
especialmente a produção e circulação de riquezas, consistindo em um alargamento
do direito comercial. Em contrapartida, Campaud alinhava o conceito de direito
econômico simplesmente vinculado à empresa. Trata-se, pois, no fundo, de uma
espécie de continuidade das visões de Lehmann e de Heymann sobre o "direito
industrial", justificada pela superação do capitalismo mercantil, pelo capitalismo
industrial ou monopolista. Na mesma época, ainda, Geraldo Camargo Vidigal, na
Alemanha, falava em "direito da organização dos mercados", onde o direito econômico
não se situaria nem no direito público, nem no privado.
Ou seja, boa parte dos autores, integrando uma vertente em muitos aspectos
majoritária até hoje, entende o direito econômico como o direito da intervenção estatal
na economia, denominando-o direito público econômico ou direito administrativo
econômico. Não se trata, portanto, de um direito geral da economia, mas do direito
especial da intervenção estatal no domínio econômico.
Para Ernst Rudolf Huber, em sentido amplo, o direito econômico é o direito das
relações econômicas e, em sentido estrito, o direito das relações econômicas da
moderna sociedade industrial. Não é, pois, um direito da economia livre de mercado,
mas uma disciplina crítica que deve sempre levar em conta o conflito entre a liberdade
individual e o compromisso coletivo, revelando-se, portanto, como um direito
dinâmico/direito em conflito (fundado no confronto daquela liberdade e do
compromisso coletivo, ambos princípios constitucionais, mas cuja resolução caberia à
Administração Pública, como executora das decisões econômicas fundamentais).
Huber escreve no período final da República de Weimar acerca do "Estado total", que
é a definição acima.
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Direito Concorrencial e Econômico
Para Eros Roberto Graus, direito econômico seria um método de análise do direito, a
partir da compreensão do mesmo como parte integrante da realidade social e
incorporando essa realidade e o conflito social na análise jurídica, destacando suas
possibilidades transformadoras ou, como afirma Dimitri Dimoulis, sua finalidade de
modificar ou transformar a realidade ("caráter contrafático").
Fabio Konder Comparato entende o direito econômico como o direito que
instrumentaliza a política econômica. E, no caso de países como Brasil, a sua tarefa é
transformar as estruturas econômicas e sociais, com o objetivo de superar o
subdesenvolvimento.
A tarefa do estado brasileiro é, portanto, a superação do subdesenvolvimento da sua
condição periférica, e, para isso, é necessário reestruturar e fortalecer o Estado, sob
uma perspectiva democrática e emancipatória, e não desmontar o aspecto estatal,
como vem ocorrendo no Brasil desde 1994. Sem uma reflexão si re o Estado brasileiro
e como deve ser reestruturado, bem como os seus objetivos, não é possível abordar
temas como planejamento, políticas públicas e desenvolvimento. Ou seja, é uma tarefa
preponderantemente do direito econômico, conforme expõe Norbert Reich, da sua
dupla instrumentalidade: ao mesmo tempo em que oferece instrumentos para a
organização do processo econômico capitalista de mercado, o direito econômico pode
ser utilizado pelo estado como um instrumento de influência, manipulação e
transformação da economia, vinculado a objetivos sociais ou coletivos, incorporando,
assim, os conflitos entre a política e a economia.
23/08
Constituição e Economia: quais as relações?
R: Constituição Econômica Fundamenta o Direito Econômico
O que é “Constituição Econômica”?
R: É a Constituição política aplicada às relações econômicas (Natalino Irti). Aquela que
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Direito Concorrencial e Econômico
contém dispositivos constitucionais que orientam a busca pela realização dos
objetivos econômicos da Constituição (= aplicação do programa de transformações
econômicas previsto na CF).
A Experiência Brasileira de Constituição Econômica
REVOLUÇÃO DE 1930
- Fim da República Velha e da Constituição liberal de 1891.
- Ascensão de novas elites (incluindo incipiente burguesia industrial).
- Estado interventor antes da Constituição de 1934:
a) Ministério da Educação e Saúde.
b) Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
c) Código de Águas.
d) Código de Minas.
CONSTITUIÇÃO DE 1934
- Direitos individuais e direitos políticos (voto secreto, voto feminino).
- Constitucionalização do Estado interventor:
a) Educação, cultura, saúde, energia, mineração, trabalho.
“Artigo 113. [...] 17) é garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido
contra o interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. [...]”
“Artigo 115: a ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da
Justiça e as necessidades da vida nacional, de modo que possibilite a todos
existência digna. Dentro desses limites, é garantida a liberdade
econômica. Parágrafo único - Os Poderes Públicos verificarão, periodicamente, o
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Direito Concorrencial e Econômico
padrão de vida nas várias regiões da País. ”
“Artigo 116: por motivo de interesse público e autorizada em lei especial, a União
poderá monopolizar determinada indústria ou atividade econômica, asseguradas
as indenizações, devidas, conforme o art. 112, nº 17, e ressalvados os serviços
municipalizados ou de competência dos Poderes locais. ”
CONSTITUIÇÃO DE 1937 - Estado Novo (1937-45)
- Restringiu direitos individuais e políticos.
- Manteve intervencionismo econômico estatal:
a) “Artigo 135 [...] a intervenção no domínio econômico poderá ser mediata e imediata,
revestindo a forma do controle, do estimulo ou da gestão direta.”
b) CLT (1943).
c) Conselho Nacional do Petróleo (1938), Depto. Administrativo do Serviço Público -
Dasp (1938), Cia. Siderúrgica Nacional (1941), Superintendência da Moeda e do
Crédito - Sumoc (1945), Comissão Administrativa de Defesa Econômica - C.A.D.E.
(1945), etc.
CONSTITUIÇÃO DE 1946 - Interregno democrático (1946-64)
- Volta da garantia de direitos individuais e políticos.
- Continuação da intervenção econômica estatal:
“Artigo 145: a ordem econômica deve ser organizada conforme os princípios da justiça
social, conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho
humano.”
“Artigo 146: a União poderá, mediante lei especial, intervir no domínio econômico e
monopolizar determinada indústria ou atividade. [...]”
“Artigo 147: o uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. [...]”
“Artigo 148: a lei reprimirá toda e qualquer forma de abusodo poder econômico,
inclusive as uniões ou agrupamentos de empresas individuais ou sociais, seja qual for a
sua natureza, que tenham por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a
concorrência e aumentar arbitrariamente os lucros. ”
- Planos econômicos (Salte, Metas, Trienal), BNDE (1952), Banco do Nordeste (1952),
Petrobrás (1953), Sudene (1959), Cade (1962).
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Direito Concorrencial e Econômico
CONSTITUIÇÃO DE 1967/69 - Ditadura Militar (1964-1985)
- Restringiu direitos individuais e políticos.
- Atuação do Estado na economia:
a) Reiteração formal dos dispositivos da ordem econômica das constituições
anteriores: 
“Artigo 160: a ordem econômica e social tem por fim realizar o desenvolvimento
nacional e a justiça social, com base nos seguintes princípios: [...]”.
b) Favorecimento à expansão da grande empresa privada nacional e internacional à
concentração de poder econômico (“Brasil Potência”) à esvaziamento da política
antitruste.
d) Empresas estatais: funcionamento e operação idênticas às do setor privado.
CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA DE 1988
Artigo 3º: constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Artigo 170: a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV -
livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive
mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das
desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento
favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.
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Direito Concorrencial e Econômico
Artigo 218: o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. [...] § 2º A pesquisa
tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas
brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
Artigo 219: o mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de
modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da
população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.
CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE
O que é “Constituição Dirigente”?
- Constituições que positivam tarefas e políticas a serem realizadas no domínio
econômico e social para atingir certos objetivos (Canotilho; Bercovici).
- Caráter “contra-fático”: não recebe a estrutura econômica existente, mas quer alterá-
la.
A constituição de 1988 é dirigente? R: Sim.
Direito Econômico e Subdesenvolvimento 
Realidade: subdesenvolvimento.
Objetivo: superar o subdesenvolvimento.
Instrumentos: Estado e Direito (Direito Econômico).
Fundamento: Constituição.
Dupla Instrumentalidade do Direiro Econômico (Norbert Reich)
- Institucionalizar/organizar as relações econômicas
- Influenciar ou transformar a realidade econômica com vistas a alcançar os fins
constitucionais.
“[...] no caso de países como o Brasil, a tarefa do direito econômico é transformar as
estruturas econômicas e sociais, com o objetivo de superar o subdesenvolvimento”
(Bercovici e Octaviani).
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Direito Concorrencial e Econômico
Anotações/Fichamento do Texto "Constituição Econômica e Desenvolvimento:
Uma Leitura a Partir da Constituição de 1988" de Gilberto Bercovici:
As constituições elaboradas após o final da Primeira Guerra Mundial, têm algumas
características comuns - particularmente, a declaração, ao lado dos tradicionais
direitos individuais, os direitos sociais ou direitos de prestação, logados ao princípio da
igualdade material que dependem de prestações diretas ou indiretas do Estado para
serem usufruídos pelos cidadãos. Estas novas constituições (também chamadas de
sociais, programáticas ou econômicas) são consideradas parte do novo
"constitucionalismo social" que se estabelece em boa parte dos estados europeus e
em alguns americanos.
Visão equivocada de acordo com o autor, dos autores da escola ordo-liberal de
Freiburg, os quais entendiam que existia uma dualidade entre a Constituição da
Economia e a Constituição do Estado, ou seja, a Constituição Econômica é entendida
como autônoma à Constituição Política do Estado. Defendiam ainda a necessidade de
a Constituição Econômica fundar-se na decisão da forma pura e fundamental da
economia, cujas alternativas se reduziam, para eles, à economia de mercado ou à
economia planejada e dirigida. Para o autor (em linha com o pensamento de
Natalino Irti e Washington Peluso Albino de Souza), devemos nos concentrar em
aplicar a Constituição como uma unidade nos vários campos e áreas específicos,
inclusive a economia. Ou seja, a Constituição Econômica é como arte integrante e nào
autônoma da Constituição total, caracterizando-se pela presença econômica no texto
constitucional, por meio do qual se elabora uma política e ideologia econômicas do
Estado.
"Constitucionalismo Social" surgiu com a Constituição Mexicana de 1917 (revolução
de 1910), a qual apresentava conflitos referentes aos direitos sociais e à função social
da propriedade (reforma agrária), mas que dava amplo destaque ao direiro dos
trabalhadores.
A Constituição de Weimar de 1919, é dividida em duas partes: 1) Organização do
Estado; e 2) Direitos e Deveres (direitos individuais, sociais e à vida econômica). Para
Miguel Herrera, por outro lado, a referida Constituição era dividida de três formas, a
qual buscava a transformação social, dando um papel central aos sindicatos para a
execução de tal tarefa: 1) direitos fundamentais, sociais e econômicos; 2) controla da
ordem econômica capitalista, por meio da função social da propriedade; e 3)
mecanismo de colaboração entre trabalhadores.
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Direito Concorrencial e Econômico
A Lei Fundamental de Bonn de 1949: não tinha em seu texto nenhuma fundamentação
econômica. Era neutra e aberta, cabendo ao legislador a tomada das decisões
econômicas. Previa a chamada "economia social de mercado" que era a tarefa
precípua do estado alemão quanto a garabtia da livre concorrência.
A nossa Constituição de 1934 seguiu os parâmetros da de Weimar: incluiu um capítulo
referente à ordem econômica e social, onde era permitido à União monopolizar
determinado setor ou atividade econômica, desde que agisse segundo o interesse
público e autorizada por lei. Havia também preocupação com o fomento da economia
popular, o qual era morivo que justificava a proteção da concorrência entre as
empresas.
Todas as constituições brasileiras posteriores passaram a incluir um capítulo sobre a
ordem econômico e social, em que se trataca da intervenção do Estado na economia
e nos direitos trabalhistas.
A Constituição de 1937, determinou que o estado intervinha na economia para cuidar
dos "interesses da nação", com a inovação de criar o Conselho da Economia
Nacional, o qual era formado por representantes do governo, industriais, comerciais,
produtores e trabalhadores, os quais analisariam as condições de trabalho e produção
nacional. Buscou fomentar a economia popular por meio da repressão aos crimes
contra a economia popular, equiparando-os como crimes contra o Estado.
Decreto-Lei n° 1.716/39 no Brasil: o direito econômico não nascecomo consequencia
do liberalismo econômico, mas como repressão ao abuso do poder econômico,
buscando proteger a população em geral e o consumidor em particular.
Decreto-Lei n° 7.666/45 no Brasil - "Lei Malaia" do Ministro Agamemnon Magalhães:
definiu as mais importantes formas de abuso de poder econômico, as quais eram
levadas à Comissão Administrativa de Defesa Econômica (CADE), subordinada ao
Presidente da República. 
O CADE era composto pelo Ministro da Justiça, que presidia, pelo Procurador-Geral
da República, pelo Diretor-Geral do CADE, representantes do Ministério do Trabalho e
da Fazenda, representantes das classes produtores e técnicos em economia e
finanças.
Suas funções era, verificar a existência dos atos contrários aos interesses da
economia nacional, notificar as empresas para a cessação dos atos ilícitos e, em caso
de descumprimento, aplicar intervenções (a sanção para os atos lesivos ao interesse
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Direito Concorrencial e Econômico
públivo era a desapropriação das empresas).
Constituição de 1946: consagrou a intervenção estatal na economia como forma de
corrigir os desequilíbrios causados pelo mercado e como alternativa para desenvolver
os setores que não interessassem à iniciativa privada (baseada CEPAL - Comissión
Económica para América Latina, criada na década 1950). A defesa concorrência
deixou de ser simplesmente da "economia popular" para abranger para ordem
econômica e noção de defesa do consumidor. Os objetivos da legislação deixariam de
ser meramente repressivos para adquirir caráter preventivo e de orientação da conduta
com agentes econômicos de acordo com os princípios da ordme econômica e social.
Lei n° 4.137/62: previa a prática de abuso no poder econômico a utilização da
empresa pelo seu titular (PF ou PJ), como instrumento de obtenção do fim ilícito
previsto em seu artigo 2º de forma taxativa. Assim, o CADE foi criado para apurar e
reprimir os abusos do poder econômico.
A razão da pouca importância dada ao CADE e à legislação antitruste no Brasil na
época de 1960/70, é porque o regime militar era francamente favorável à concentração
empresarial e à formação de conglomerados.
Constituição de 1988: traz princípios fundamentais da ordem econômica brasileira,
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, assegurando a todos a
existência digna de acordo com a justiça social. Ex: soberania nacional, função social
da propriedade, livre concorrência, redução das desigualdades sociais e regionais,
busca pelo emprego, etc (artigo 170).
Formalmente, as constituições do século XX diferemciam-se das anteriores, por entre
outros motivos, conterem uma expressão formal da Constituição Econômica, com uma
estruturação mais ou menos sistemática em um capítulo próprio ("Da Ordem
Econômica"). Elas positivavam tarefas e políticas a serem realizadas no domínio
econômico e social para atingir certos objetivos (a ordem econômica era
"programática" ou, como se diz atualmente, "dirigente").
Definição de Constituição Dirigente de Peter Lerche: possuem uma série de diretrizes
donstitucionais que configuram imposições permanentes para o legislador. Segundo
Canotilho, o problema da Constituição Dirigente é de legitimação. Ela é uma
Constituição estatal/social e, no fundo, está ligada à defesa da mudança da realidade
pelo direito. Seu objetivo é o de dar força e substrato jurídico para a mudança social,
ou seja, é um programa de ação para alterar a sociedade.
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Direito Concorrencial e Econômico
"Cláusula Transformadora" de Pablo lucas Verdú: explicita o contraste entre a
realidade social injusta e a necessidade de eliminá-la. Desse modo, ela impede que a
Constituição conseidere realizado o que ainda está por se realizar, implicando a
obrigação do Estado em promover a transformação da estrutura econômico-social
(caráter progressivo e dinâmico e, de certo modo, sempre inacabado). Sua
materialização não significa a imediata exigência de prestação estatal concreta, mas
uma atitute positiva, constante e diligente do Estado. Objetiva a superaçào do
desenvolvimento.
A característica essencial das constituições econômicas do século XX é, portanto, o
seu caráter diretivo ou dirigente.
Teoria da Constituição de Carl Schmitt de 1928 - "Compromissos Dilatórios": a
constituição, como a de Weimar, possui inúmeros compromissos adiados e
obscuridades. Daí o surgimento da definição das atuais "normas programáticas"
(definição de Vezio Crisafulli - Itália - 1947), que, de acordo com José Afonso da
Silva, são normas constitucionais por meio das quais o constituinte, em vez de regular,
direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios
para serem cumpridos pelos seus órgãos com programas das respectivas atividades,
vidando à realização dos fins sociais do Estado. Porém, sua aplicação prática foi
decepcionantes (no Brasil e na Itália), pois norma programática passou a ser sinônimo
de norma que não tem valor concreto/incômoda, constrariando as intenções de seus
divulgadores, bloqueando, na prática, a efetividade da Constituição e, especialmente,
da Constituição Econômica e dos direitos sociais.
Teoria da Constituição Dirigente: a Constituição, por si só, resolve todos os problemas
("intrumentalisml constitucional" = é possível mudar a sociedade, trabsformar a
realidade, apenas com os dispositivos constitucionais, deixando o Estado e a política
de lado). É uma teoria sem estado e sem política. Porém, embora sua juridicidade seja
essencial, a Constituição não pode ser entendida isoladamente, sem ligações com a
teoria social, história, economia e política.
Anotações/Fichamento do Texto "Estudos, Pareceres e Votos de Direito
Econômico - Direito e Subdesenvolvimento" de Alessandro Octaviani:
O desenvolvimento é um fenômeno de dominação, portanto de natureza cultura e
política, não apenas econômica, derivado e alimentador de desiguais relações de
poder.
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Direito Concorrencial e Econômico
A autonomia do estado no brasil se materializa (embora nunca se torne plena ou
absoluta) conforme a sua capacidade intervencionista é ampliada. Sua natureza,
portanto, é heterogênce e contraditória, pois é um estado nacionalista cuja estratégia
de acumulação ê condicionada por sua inserção na economia internacional e
depende, em muitos aspectos, da cooperação das empresas miltinacionais
(detentoras da camada mais sofiscada do progresso), ou seja, é um estado
intervencionista que atua de forma profunda e transformadora em determinados
setores, mas é limitado e insuficiente em outros.
Direito econômico é tanto um ramo como um método do direito. Ê o direito que
instrumentaliza a política econômica do Estado, assim como um método que permite
compreender o direito como parcela da realidade social, como mediação específica e
necessária das relações econômicas.
A racionalidade microeconômica não torna agentes econômicos aptos a modificar as
estruturas do sistema econômico, ao contrário da racionalidade macroeconômica, que
entende que o estado como dotado da capacidade de controlar, induzir ou direcionar
o comportamento econômico dos agentes econômicos individuais e, portanto, de
planejar e alterar o sistema.
A finalidade do direito em heral, e do direito econômico, em particular, é modificar a
realidade social, conformando os comportamentos sociais. Se o direito econômico nào
tivesse caráter contrafático, limitar-se-ia a ser um mero reflexo das relações
econômicas dominantes, portanto, sem função alguma de ordenação social, o direito
econômico, inclusive, não se limita a institucionalizar as relações econômicas, mas
também busca transformá-las (como instrumento de influencia, manupulação e
transformação), daí a sua "dupla instrumentalidade" (característica atribuída por
Norbert Reich). 
De acordo com Fabio Konder Comparato, o direito econômico engloba o conjunto de
técnicas jurídicasutilizadad pelo Estado na realização de sua política econômica.
Busca diaciplinar o regime geral da atividade econômica em suas mais variadas
formas, com destaque para a organização/condução/controle da economia, análise
macroeconômicados centros não estatais e as possibilidades de redistribuição de
riquezas e recursos de poder. O direito econômico visa atingir as estruturas do sistema
econômico, biscando o seu aperfeiçoamento ou sua transformação, sendo que, no
caso dos países como o Brasil, a sua tarefa é transformar as estruturas econômicas e
sociais, com o objetivo de superar o subdesenvolvimento.
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Direito Concorrencial e Econômico
Poupança não seria derivada da existência de um excedente, mas de um ato de
contenção racional do agente econômico poupador (teoria dos economistas clássicos,
contrária à ideia excedente de Karl Marx, que vinculava o excedente à taxa de
exploração).
Para Prebisch, excedente é um fenômeno estrutural. Na periferia do capotalismo, é a
fonte principal de capital reproditovo que multiplica emprego e a produtividade, mas
também é, simultaneamente, o que proporciona o incremento do consumo privilegiado
dos estratos sociais mais elevados, que imitam o padrão de consumo dos centros. O
capotalismo periférico se funda essencialmente na desigualdade. Assim, o estado
necessita regular o uso social do excedente, corrigindo por meio do planejamento
democrático, progressivamente, as desigualdades distributivas de caráter estrutural. O
estado só deveria atuat sobre os excedentes de duas formas: assumindo diretamente
a propriedade e a gestão dos meios de produção de onde surge o excedente ou se
apropriado do excedente para utilizá-lo vo, racionalidade coletiva, sem concentrar a
propriedade em suas mãos.
Para Celso Furtado, o essencial do processo acima, não é a apropriação do
excedente por um grupo minoritário, mas a transformação deste excedente em
capacidade produtiva, ou seja, o excedente é a expressão material da diferenciação
social.
O direiro econômico tem uma racionalidade essencialmente macroeconômica, pois
trata da ordenação dos processos econômicos ou da organização jurídica dos
espaços de acumulação. Possui várias dimensões: histórica; dogmática (uso dos
textos normativos para a consecução dos objetivos); eficácia social (sistema
estruturado dogmamente com suas condições histórocas); e prospectiva (estrutura
que pode ser analisada e transformada).
30/08
A ORDEM ECONÔMICA DE 1988
O que é ordem econômica?
1 – Modo de ser empírico de uma determinada economia concreta.
2 – Conjunto de normas de regulação do comportamento de sujeitos econômicos.
3 – Ordem jurídica da economia (Vital Moreira).
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Direito Concorrencial e Econômico
“Ordem econômica” é norma-objetivo: indica tarefas a serem cumpridas pelo Estado e
pela sociedade em relação à economia (Eros Grau).
Artigo 170 da CF: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:
Porém, o artigo acima deve ser lido da seguinte maneira: “As relações econômicas –
ou as atividades econômicas – deverão ser (estar) fundadas na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tendo por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”.
Valorização do Trabalho e Livre Iniciativa (artigo 170, caput)
- Fundamentos da República (CF/88, art. 1º, IV): “valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa” - dignidade da pessoa humana.
Comparato:
a) Dignidade + direito à vida: núcleo essencial dos direitos humanos
b) Dignidade: liberdades formais + liberdades reais
- Livre iniciativa: à valorização do trabalho humano.
- Modelo de Estado estabelecido pela CF/88: capitalismo + Estado interventor/social.
- “[...] a livre iniciativa não é tomada como expressão individualista, mas sim no quanto
expressa de valioso. [...] livre iniciativa não se resume a ‘princípio básico do liberalismo
econômico [...]. Em outros termos, não se pode visualizar no princípio tão-somente
uma afirmação do capitalismo” (Eros Grau).
"Mínimo existencial?" 
Garantia de condições mínimas: salário mínimo, assistência social, previdência social,
moradia, saúde, educação (Ingo Sarlet), direitos individuais, políticos, econômicos e
sociais, etc.
É uma crítica à interpretação individualista.
Soberania Nacional
 
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Direito Concorrencial e Econômico
- Fundamentos da República (CF/88, art. 1º, I): soberania.
- Princípios das relações internacionais (CF/88, art. 4º, I): independência nacional.
- Não supõe isolamento econômico, mas modernização e ruptura da situação de
dependência, ou seja, uma integração sob o ponto de vista tecnológico (vinculação
com o objetivo de autonomia tecnológica - artigo 219) - definição de Eros Grau.
- Controle nacional sobre os recursos naturais estratégicos - insumos (Bercovici).
Artigo 176: as jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de
energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.
Artigo 177: constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro.
Celso Furtado fala que a divisão internacional do trabalho está organizada em países
do centro (países que conseguiram incorporar princípios, mais autônomos e fortes
economicamente e politicamente, com maior tecnologia) e da periferia (são os países
que vendem produtos primários e não conseguiram se desenvolver tanto como os
países de centro e são dependentes desses últimos, tanto da demanda, quanto do
aparato tecnológico).
Função Social da Propriedade
Constituição 1891 e Código Civil 1916: propriedade à absolutividade e individualismo.
Revolução de 1930 e Constituição de 1934: funcionalização social da propriedade.
- Função social é mais do que limite à propriedade privada; é o seu fundamento.
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Direito Concorrencial e Econômico
- Valor máximo da ordem jurídica não é mais a proteção do patrimônio, mas da
dignidade humana.
Desapropriação
1) Desapropriação Comum:
a) Por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social
CF/88
Artigo 5º [...] XXIV: a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia
indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Artigo 182: a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus
habitantes. [...] § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e
justa indenização em dinheiro.
b) Por necessidade ou utilidade pública
Decreto-Lei nº 3.365/1941.
Artigo 5o: consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia
hidráulica;
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Direito Concorrencial e Econômico
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saude, clínicas,
estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a
execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação,
para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética;a construção ou ampliação
de distritos industriais; 
 j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou
integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a
manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a
proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens
moveis de valor histórico ou artístico;
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;
c) Por interesse social
Lei nº 4.132/1962.
Artigo 2º: considera-se de interesse social:
I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com
as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que
deve ou possa suprir por seu destino econômico;
II - VETADO;
III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e
trabalho agrícola;
IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa
ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos
residenciais de mais de 10 (dez) famílias;
V - a construção de casa populares;
VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras
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Direito Concorrencial e Econômico
e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação
armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas
socialmente aproveitadas;
VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas
florestais.
VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam
apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas.
2) Desapropriação - Sanção da Propriedade Urbana
Pune o não cumprimento do artigo 182, § 4º da CF/88.
Artigo 182 [...]§ 4º: é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para
área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo
urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.
06/09
Atividade Econômica Vs. Serviço Público
 
Intervenção Do Estado No E Sobre O Domínio Econômico
Sobre o que incide o direito econômico?
De que modo se aplica o direito econômico? Quais as formas de intervenção
econômica estatal?
(respostas abaixo)
Atividade econômica em sentido amplo: atividade econômica em sentido estrito,
serviço público e atividades ilícitas.
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Direito Concorrencial e Econômico
Atividade econômica em sentido estrito: prestada pela iniciativa privada e também
pelo estado, por razões de “segurança nacional” ou “relevante interesse coletivo”.
Artigo 173: ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Artigo 177: constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das
atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados
básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto,
de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob
regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21
desta Constituição Federal.
Serviço Público
“Serviço público é atividade indispensável à realização e desenvolvimento da
interdependência social” (Duguit, Cirne-Lima, Grau) - (permite a "coesão social"). Pode
ser:
a) Serviço público privativo: prestação privativa do Estado, admitida a iniciativa privada
somente em regime de concessão ou permissão, por meio de licitação. Ex: telecom,
energia elétrica, transporte, etc (art. 21, X a XII, art. 30, V, CF/88).
Artigo 175: incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
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b) Serviço público não-privativo: podem ser prestados tanto pelo Estado quanto pela
iniciativa privada, independentemente de concessão ou permissão. Ex: educação e
saúde.
Formas de Intervenção Do Estado
1) Intervenção do estado no domínio econômico: estado é agente econômico
realizando a intervenção econômica, que pode ser:
a) Intervenção do Estado no domínio econômico por absorção: monopólio estatal
- atua sozinho no mercado.
ADI 2649-6/DF (Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 08/05/2008)
Requerente: ABRATI (Associação Brasileira das Empresas de Transporte
Intersestadual, Intermunicipal e Internacional de Passageiros).
Pedido: inconstitucionalidade da Lei nº 8.899/1994 (que concede passe livre às
pessoas portadoras de deficiência).
Decisão: improcedência.
Fundamentos:
(i) Artigo 3º da CF/88: solidariedade e bem-estar.
(ii) Ordem econômica: assegurar a existência digna conforme a justiça social.
(iii) Transporte coletivo é serviço público: interesse público > interesse particular.
Estado modela as políticas públicas para atingir os fins constitucionais.
Anotações/Fichamento do Texto "Regulação Jurídica, Racionalidade Econômica
e Saneamento Básico" de Carlos Emmanuel Joppert:
Dentro de uma perspectiva de um ciclo de menor intervenção, o Estado possuiria três
diferentes formas apara intervir na economia, quais sejam: (i) promoção de atividades
de fomento (incentivo); (ii) formulação de planejamentos; (iii) processos de prestação
direta e/ou de fiscalização e regulação de atividades econômicas (produtos ou
serviço).
No atual ciclo de redução da atuaćão do estado na economia, tornou-se
aparentemente majoritária a teoria neoliberal segundo a qual a intervenção estatal
somente se justificaria nas hipóteses em que o mercado por si só não gera uma
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Direito Concorrencial e Econômico
situação de bem-estar social ótima, o que veio a ser conhecido como falhas de
mercado. O mito a ser desconstituído, então, é o de que a intervenção do estado na
economia apenas e tão socimente se justifica quando há essas falhas.
De acordo com o pensamento neoliberal majoritário, o estado deveria intervir
apenas para corrigir as referidas falhas, equacionando custos e benefícios privados e
públicos, visando aumentar o bem-estar geral.
As falhas de mercado são: 
(i) Bens Públicos: são aqueles que pode, ser consumidos tanto por aqueles que
despenderam recursos quanto por aqueles que não despenderam recursos para seu
consumo (bem não excludente) e o seu uso não impede o uso de terceiro (bem não
rival). Para evitar que isso ocorra, o estado intervém tributando agentes econômicos, a
fim de promover o serviço na quantidade adequada com a receita.(ii) Externalidades: decorrem de efeitos, positivos ou negativos (Ex: poluição),
causados a terceiros oriundos de relações a que eles em princípio são alheios, o que
resulta numa discrepância entre as estruturas de custo e benefício privadas e sociais.
O estado atua definindo corretamente os direitos de propriedade envolvidos,
internalizando os custos resultantes das externalidades negativas, revertendo a
discrepância descrita.
(iii) Mercados Não Competititvos: relacionada tanto a estruturas de mercado
denominadas monopólio natural (Ex: mercados cartelizados), o que resulta em uma
oferta menor de produtos oferecidos no mercado, bem como uma transferência de
escedente do consumidor para o prosutor na forma de licros monopolísticos. O estado
deve, nessa hipótese, intervir para garantir uma quantidade ótima de produtos,
reduzindo ainda os respectivos efeitos nocivos nos preços.
Obs: Afrequentemente, informação assimétrica também é considerada pela doutrina
como uma falha. Aqui, ocorre uma ausência de informações adequadas ao
consumidor, p que restringe a sua capacidade de agir eficientemente, gerando
problemas de risco moral (problemas de oportunismos pós-contruais, que podem ser
reduzidos por meio do monitoramento das condições de execução do contrato) e/ou
seleção adversa (problemas de oportunismo em uma fase pré-contratuais, ou seja, no
recebimento/sinalização ou busca/varredura de informações). Ex: discussões sobre
regulação social de segurança ou de saúde, os quais posteriormente envolvem o CDC.
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Direito Concorrencial e Econômico
Consenso de Washington: consenso ideológico global que ressaltou uma série de
medidas para reduzir a intervenção estatal e contribuiu para eliminar obstáculos ao
crescimento econômico, o que incluía a abertura comercial.
A teoria neoliberal parte da premissa de que todas as atividades econômicas são
similares. Desconsidera, portanto, que as atividades têm retornos diferenciados e
conclui que países em desenvolvimento demandam uma maior intervenção estatal.
Ultrapassadas as falhas de mercado, vale dizer que a intervenção estatal não se limita
a corrigi-las. O estado tutela outros interesses, e à custa ou não de maior eficiência
nos mercados, pode intervir para garantir maior equidade. Sua intervenção também
pode ser justificada por questões de ordem moral, na prestação de determinados
serviços ou bens que se faz necessário incentivar ou spdesencorajar, bem como em
situações em que as relações de mercado não são desejáveis, como, por exemplo, na
doação de sangue ou na adoção de crianças. Também, poderá observar objetivos
essencialmente paternalistas, como nas boas práticas de dispensação em farmácias e
drogarias, vendando à essas a venda de produtos que não sejam medicamentos,
cosméticos e afins, etc.
O Estado na condição de mecanismo de bem comum, deve garantir a autonomia
(liberdade); a satisfação dos desejos privados; e deve garantir e promover a autonomia
dos orocessos de formação de preferências.
Conclui-se, pois, que existe um razoável consenso com relação a duas funções do
estado: (i) a de formulador das instituições; e (ii) de distribuidor de renda, responsável
pela implementação de medidas equitativas, de forma a garantir a redução das
desigualdades sociais. Além disso, existe um constante debate com relação à função
do estado como promotor do crescimento econômico.
No sistema constitucional brasileiro, seria possível a intervenção do estado para
reduzir falhar de mercado (eficiência), promover medidas distributivas (equidade) e
para promover o crescimento econômico? Sim, pois CF também assume as diferentes
funções de um estado, com interesse na esfera distributiva e na promoção de
crescimento econômico, porque entre os princípios a excepcionar a livre iniciativa,
estão: a redução nas desigualdades regionais e sociais (artifo 179, inciso VII); a bisca
pelo pleno emprego (artigo 170, inciso VIII); tratamento favorecido a empresas
brasileiras de capital nacional de pequeno porte (artigo 170, inciso IX); etc. Esses
tratam de falhas de mercado, todos os elencados no artigo 170, com exceção da
soberania nacional
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Direito Concorrencial e Econômico
13/09
Falhas de Mercado
Porque o Estado Deve Intervir na Economia? R: devido as falhas de mercado
Intervenção por falhas de mercado: para gerar eficiência econômica.
Crítica: eficiência não é o único objetivo da ordem econômica constitucional.
Externalidades: efeitos causados a terceiros em decorrência se relações das quais
eles não fazem parte. Podem ser positivas ou negativas (Ex: poluição). A intervenção
do estado se justifica devido às externalidades negativas, pois este atua para controlar
tais efeitos.
Bens Públicos: se trata de um bem, cujo uso de uma pessoa não impede que outros
o utilizem.
- Não Excludente: podem ser consumidos tanto por aqueles que despenderam
recursos quanto por aqueles que não despenderam recursos para o seu consumo.
- Não Rival: seu uso não impede o uso por outros.
O consumidor tende a subavaliar os bens públicos, pois ele não sabe o custo para a
manutenção do bem.
Necessidade de intervenção estatal para prover e manter os bens públicos.
Assimetria de Informação: ausência de informações adequadas para tomar decisões.
Texto: "The Market for Lemons" de Alvelos (fala da venda e compra de carros no
mercado, onde o consumidor pode, muitas vezes, comprar um carro achando que
está adquirindo um limão, quando, na realidade, está adquirindo uma uva. Ou seja,
houve uma assimetria de informação entre o vendedor e o consumidor).
Mercados Não Competitivos: monopólios naturais e mercados centralizados.
O que é e em que contexto surgiu o Direito Concorrencial?
Quais as instituições que compõem o "Sistema Brasileiro de Defesa da
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Concorrência"?
(respostas abaixo)
Direito Concorrencial: Aspectos Históricos e Institucionais
Direito Concorrencial = Direito Antitruste = Direito da Concorrência = Direito de Defesa
da Concorrência (sinônimos).
É o direito responsável pela repressão e prevenção contra o abuso do poder
econômico.
Repressão diz respeito à conduta (o CADE controla as condutas dos agentes
econômicos)
Preventiva diz respeito à estrutura e concentrações.
Artigo 173 da CF, parágrafo 4º: a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros.
Esse artigo está atrelado ao artigo 170, inciso IV que versa sobre a livre concorrência
como princípio de ordem econômica:
Artigo 170: a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
IV - livre concorrência;
Ou seja, concorrência => dignidade e justiça social.
"O texto da CF/88 não deixa dúvidas quanto ao fato de a concorrência ser, entre nós,
meio, instrumento para o alcance de outro bem maior, qual seja, 'assegurar a todos a
existência dogna, conforme os ditames da justiça social". (Forgioni)
Artigo 170, caput e inciso IV e artigo 174, parágrafo 4º => artigo 3º
"Os princípios veiculados em seu artigo 170 e todas as regras que a partir deles se
desdobram estão à disposição dos fins enunciados pelo artigo 3º da própria CF e,
portanto, não podem ser lidos ou tomados apartadamente do sistema ao qual
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pertencem e ao qual, ao mesmo tempo, dão conformação". (Forgioni)
Como Surgiu?
1890: Sherman Act
- "Gilded age" (1970-1890): expansão econômica e industrial
- Concentração de poder econômico nas mão dos trustes
- Lei contra os "contratos, combinações e conspirações e em restrição ao comércio"
(contra monopolizações, cartéis, trustes)
- 1911: decisão da corte americana em face da StandOilpara que ela fosse "fatiada"
de modo a não mais monopolizar o mercado
Truste foi um fenômeno jurídico criado neste contexto, onde o proprietário de uma
industria transfere a titularidade para esse "grupo". É uma estrutura empresarial em
que várias empresas, que já detêm a maior parte de um mercado, se ajustam ou se
fundem para assegurar o controle, estabelecendo preços altos para obter maior
margem de lucro.
(1) Escola de Harvard x (2) Escola de Chicago
(1)
- Década de 50 a 70
- Estrutura-conduta-desempenho
- Mais intervencionista
- Trabalhava com estruturas de mercado concentrado
(2)
- Décadas de 70 a 90
- Eficiência econômica
- Mais liberal
Brasil - Aspectos Históricos
Constituição de 1934
Artigo 117: a lei promoverá o fomento da economia popular, o desenvolvimento do
crédito e a nacionalização progressiva dos bancos de depósito.
Constituição de 1937
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Artigo 141: a lei fomentará a economia popular, assegurando-lhe garantias especiais.
Os crimes contra a economia popular são equiparados aos crimes contra o estado,
devendo a lei, cominar-lhes penas graves e prescrever-lhes processos e julgamentos
adequados à sua pronta e segura punição.
Decreto-Lei n° 869/1938: Lei de Crimes Contra a Economia Popular
Artigo 2º: são crimes dessa natureza (...) III - promover ou participar de consórcio,
convênio, ajuste, aliança ou fusão de capitais, com o fim de impedir ou dificultar, para o
efeito de aumento arbitrário de lucros, a concorrência em matéria de produção,
transporte ou comércio; 
Artigo 3º: são ainda crimes contra a economia popular, sua guarda e seu emprego: I -
celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que
não compre de outro vendedor; 
- "Economia Popular"
- Possui carater penal/antitruste
Decreto-Lei 7.666/1945: "Lei Malaia" (polêmica)
- Conteúdo antitruste
- Comissão adminjstrativa de Defesa Econômica (CADE)
Lei n° 4.137/1962: criou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
1964-1985: Ditadura Militar
- Permanênciado CADE e da Lei n° 4.137/1962
- Falta de efetividade política antitruste: embora o CADE tenha nascido em 1962 e não
ter sido revogada com o Golpe Militar, passou a ter efetividade mesmo na década 90.
Anos 1990:
- Lei n° 8.884/1994: marco histórico/revolucionário, pois a partir dessa lei é que o
CADE passa a ser respeitado no sistema brasileiro, com uma atuação mais incisiva.
Porém, essa lei apresentava dois problemas: (i) controle posterior de concentrações -
"atelria dos Ovos Mexidos", ou seja, a partir do momento que você permite que uma
empresa consuma uma operação sem antes passar pelo CADE, significa que a
empresa já estaria contaminada; e (ii) 3 autoridades antitruste: tinha-se o CADE (que
funcinava como um tribunal de direito administrativo e tinha poder descisório), a SDE
(Secretaria de Direito Econômico, a qual realizada o controle de condutas) e a SEAE
(Secretaria de Acompanhamento Econômico). Porém, isso acabava se misturando e se
perdendo, pois o controle passada por muitos órgaos. 
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Lei n° 12.529/2011 (lei atual)
- Controle prévio de concentrações
- 1 autoridade antitruste apenas: CADE ("super CADE")
*ler artigo 36 desta lei
Obs: Vinicius Carvalho (primeiro presidente do CADE) e Carlos Ragazzo (primeiro
superintendente geral do novo CADE)
Aspectos Institucionais - Órgãos
A SDE de 1994 doi extinguida. A SEAE se manteve, mas tem poder apenas de
advocacia de concorrência.
Superintendência Geral do CADE: instaura e instrui os processos administrativos,
para impor sanções por infração à ordem econômica e analisa os atos de
concentração. Atualmente, faz o papel do SDA e SEAE, repassando um relatório para
o tribunal como palavra final.
Tribunal Administrativo: decide os processos administrativos para a imposição de
sanções por infração à ordem econômica, bem como decide sobre os atos de
concentração.
Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE): é o órgão do Sistema
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Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) responsável por emitir pareceres
econômicos em atos de concentração, investigar condutas para oferecer
representação à SDE, bem como elaborar facultativamente pareceres em
investigações sobre condutas anticoncorrenciais.
Departamento de Estudos Econômicos (DEE)
Foi criado em 2009, por meio da Resolução Cade nº 53/2009, como uma estrutura de
assessoria da Presidência e do Plenário do Cade. Posteriormente, a Lei 12.529/2011,
que reestruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, estabeleceu
formalmente o Departamento de Estudos Econômicos como um dos órgãos que
compõem o Cade, em conjunto com a Superintendência-Geral e o Tribunal
Administrativo de Defesa Econômica (artigo 5º).
As atribuições do DEE se desdobram em várias atividades que constituem
dois ramos de atuação complementares: o primeiro, de assessoria à
Superintendência-Geral e ao Tribunal Administrativo de Defesa Econômica na
instrução e análise de processos administrativos que tratam de atos de
concentração e condutas anticompetitivas; e o segundo, de estudos que
deverão garantir a atualização técnica e científica do Cade.
Entre as principais atividades do DEE destacam-se:
• elaborar e analisar pareceres econômicos
• acompanhar a instrução dos processos
• realizar estudos setoriais com o objetivo de manter o Cade atualizado sobre a
evolução de mercados específicos
• realizar estudos sobre os efeitos das decisões do Cade em determinados mercados
• propor e elaborar guias de análise para os diferentes processos apreciados pelo Cade
• elaborar e publicar estudos técnicos próprios (artigos, documentos de trabalho e
outros)
• disseminar o conhecimento teórico da Ciência Econômica e sua aplicação à defesa
da concorrência para o corpo técnico do Cade
Procuradoria Federal Junto ao CADE (PROCADE)
A Procuradoria Federal Especializada junto ao Cade – PFE/Cade é o órgão da
Advocacia Geral da União – AGU responsável pela consultoria, assessoramento
jurídico e representação judicial/extrajudicial do Cade. Encontra previsão no artigo 15
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da Lei nº 12.529/2011, no artigo 18 do Decreto nº 7.783/2012 e no artigo 28 do
Regimento Interno do Cade.
A PFE/Cade é dirigida por um procurador-chefe nomeado pelo presidente da
república, após aprovação em sabatina pelo Senado Federal, para um mandato de
dois anos, permitida sua recondução para um único período. O procurador-chefe é
diretamente auxiliado por um procurador-adjunto, que também é responsável por
apurar a certeza e liquidez dos créditos do Cade e proceder a sua inscrição em dívida
ativa.
A PFE/CADE possui três Coordenações-Gerais:
• Coordenação-Geral de Estudos e Pareceres - CGEP: órgão consultivo sobre temas
relacionados à atividade finalística do Cade e ao monitoramento do cumprimento
extrajudicial das decisões do Cade
• Coordenação-Geral de Matéria Administrativa - CGMA: órgão consultivo sobre temas
relacionado a licitações, contratos administrativos e convênios, recursos humanos,
procedimentos administrativos disciplinares e sobre outras matérias relacionadas às
atividades-meio do Cade
• Coordenação-Geral do Contencioso Judicial - CGCJ: órgão de representação do
Cade perante o Poder Judiciário para postulação e/ou defesa dos interesses da
autarquia em juízo, bem como na promoção de execuções judiciais das decisões do
Cade.
MPF perante o CADE
A lei 12.529/11 disciplinou a atuação do MPF no artigo 20, disciplinando que terá
membro designado pelo Procurador-Geral da República depois de ouvido o Conselho
Superior do órgão ministerial, para emitir parecer, de ofício ou a requerimento do
Conselheiro-Relator do CADE, nos processos administrativos para imposição de
sanções administrativas por infraçõesa ordem econômica.
Portanto, tem-se como novidade trazida pela legislação acima mencionada que o MPF
pode, agora, emitir parecer, tanto de ofício como a requerimento do Conselheiro-
Relator do CADE, o que não era disciplinado pela lei 8.884/94, nessa antiga lei não
estava previsto a atuação de ofício do membro do MPF.
A atuação do órgão ministerial nos procedimentos sujeitos a apreciação do CADE é de
importância ímpar, seja para efetivar as decisões do CADE que têm força de título
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executivo extrajudicial conforme preceitua o art. 93 da lei 12.529/11, dando maior
eficácia e legitimidade às decisões do CADE, e principalmente para fiscalizar a
aplicação da Constituição.
Importante é o ensinamento do Procurador da República Waldir Alves:
“Enfim, a atuação do Ministério Público Federal deve dar-se para fiscalizar a aplicação
da Constituição, no que se refere ao seu Título VII (Da ordem econômica e financeira), o
respeito e a defesa do consumidor, cuja garantia foi elevada à categoria fundamental
(...) Tudo para dar maior eficácia às decisões do CADE, elevando ainda mais o prestígio
e a imprescindibilidade da atuação do Órgão de Proteção da Ordem Econômica”
(ALVES, Waldir. Ministério Público e a Ordem Social Justa. Atuação do Ministério
Público Federal junto ao CADE e nos processos cíveis e penais de infração contra a
ordem econômica e as relações de consumo, p. 292).
Dispõe o art. 118 da Lei 12.529/11 que “nos processos judiciais em que se discuta a
aplicação desta Lei, o CADE deverá ser intimado para, querendo, intervir no feito na
qualidade de assistente”. Infere-se do citado artigo que o Ministério Público, desde
que munidos de documentos comprobatórios, seja por requerimento de interessado,
seja de ofício, poderá instaurar ação civil pública ou ação judicial com a finalidade de
recompor os danos morais e patrimoniais (art. 1º, V da Lei 7.347/85), bem como, para
proteger a ordem econômica, os consumidores, os interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos (art. 6º, XV, LC 75/93).
Assim sendo, ao ajuizar qualquer ação judicial que tenha por objeto a repressão ou
prevenção de infrações contra a ordem econômica, seja ação civil pública ou não, o
CADE deve ser intimado e funcionará como assistente técnico do MPF, e suas
opiniões devem ser observadas pelo juiz, pois é o órgão que possui conhecimentos
técnicos específicos sobre o assunto.
O artigo 15, III da legislação supracitada, prescreve que compete à Procuradoria
Federal (que não se confunde com Ministério Público) que atua junto ao CADE
promover a execução judicial das decisões e julgados deste órgão. Por este motivo é
que entende Waldir Alves que o MPF atua subsidiariamente à Procuradoria do CADE,
ou seja, “promoverá apenas no caso de recusa ou omissão desta e para a defesa da
ordem econômica, do consumidor e do patrimônio público, a execução de seus
julgados ou do compromisso de cessação” (ALVES, Waldir. Ministério Público e a
Ordem Social Justa. Atuação do Ministério Público Federal junto ao CADE e nos
processos cíveis e penais de infração contra a ordem econômica e as relações de
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consumo, p. 300). Entende ainda, o doutrinador, que o parecer do MP melhor se daria
após a apresentação do parecer da Procuradoria do CADE, antes da sessão de
julgamento.
Importante ainda destacar a importância no que diz respeito a ação do Ministério
Público Federal na fiscalização da atuação dos membros do CADE, como nos casos
de perda de mandato, devendo assim o MPF ser acionado em virtude de sua condição
de garantidor da legalidade.
Anotações/Fichamento do Texto "Os Fundamentos do Antitruste" de Paula A.
Forgioni:
A CF não deixa dúvidas quanto ao fato de a concorrência ser, entre nós, meio,
instrumento para o alcance de outro bem maior, qual seja, "assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social", ou seja, o interesse coletivo,
de ordem pública.
O caráter instrumental da proteção da concorrência permanece na atual CF, que
manda relrimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados e à
eliminação da concorrência (artigo 173, parágrafo 4º), em atenção ao princípio da livre
concorrência (artigo 170, inciso IV). Ordena também que seja reprimido o aumento
arbitrário de lucros (artigo 173, parágrafo 4º), conforme o princípio da defesa do
consumidor (artigo 170, inciso V).
Os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência são instrumentos da promoção
da dignidade humanda. Ou seja, os princípios veiculados no artigo 170 da CF, tem por
fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Isso tudo significa que, no Brasil, não se pode sustentar que a disciplina antitruste visa
apenas a implementar a eficiência, seja ela alocativa, produtiva ou dinâmica. A grande
questão é criar e preservar, nos ditames constitucionais, ambiente no qual as
empresas tenham efetivos oncentivos para competir, inovar e satisfazer as demandas
dos consumidores; proteger o processo competitivo e evitar que os mercados sejam
fossilizados pelos agentes com elevado grau de poder econômico.
O antitruste passa a ser considerado instrumento ou meio de que dispõe o estado
para conduzir e confirmar o sistema. É instrumento de implementação de políticas
públicas.
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Concorrência, é a liberdade de ação do empresário ou como estrutura aberta de
mercado.
Assim, a políticaantitruste pode ser atuada tanto:
(i) por aplicação da Lei Antitruste (mesmo que por via de concessão de autorização ou
isenção); ou 
(ii) pela não aplicação da Lei Antitruste a praticas restritivas (o estado tem o escopo de
formatar o funcionamento do mercado, podendo agastar a lei, eliminando ou
amenizando, por exemplo, a vigilância ou controle sobre o processo de concentração).
20/09
Direito Concorrencial: Controle de Condutas
Infrações à Ordem Econômica
- Responsabilidade objetiva.
- Foco nos efeitos – efetivos e potenciais – e não na forma.
- Mercado relevante.
- Lucros arbitrários.
Artigo 36: constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os
atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os
seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: 
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre
iniciativa; 
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; 
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e 
IV - exercer de forma abusiva posição dominante.
- Eficiência não é punida.
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- Presunção de posição dominante: 20%.
§ 1o A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de
agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II
do caput deste artigo. 
§ 2o Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou grupo de empresas for capaz
de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado ou quando controlar 20%
(vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade
para setores específicos da economia. 
MERCADO RELEVANTE
É determinado pelo produto ( + dimensão geopolítica e substitutibilidade). Ex: mercado
de aço e estacionamentos.
1) Substitutibilidade: a) pelo lado da oferta; b) pelo lado da demanda; e c) dimensão
Produto
2) Dimensão Geográfica
PROCESSO NO CADE
1) Procedimenro Prepatarório: verifica se a representação é um caso de anti truste.
2) Inquérito Administrativo: verificação das provas existentes. Caso existam provas,
instaura-se o processo administrativo, sendo remetido um parecer ao Tribunal do
CADE.
3) Processo Administrativo:
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Multas

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