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Marcela Maria Lopes Costa – 14º Turma de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão Urologia Câncer de Próstata 1.0 INTRODUÇÃO Trata-se de um câncer de alta prevalência de impacto econômico importante, bastante relacionado ao envelhecimento da população. ¾ dos casos acontece > 65 anos • Prevalência Tumor de órgão sólido mais prevalente • Mortalidade 2º tumor mais letal do Brasil • História familiar 2,2 vezes maior com familiar, 4,9 vezes com 2 familiares, 10,9 vezes com familiar do 1º grau • Raça Negra > branca > amarela História Natural: Diversa! Início com forma latente, assintomático, com sintomas urinários e até mtx ósseas. 1. Localizado: assintomático, 70-80% perceptível ao toque; 2. Localmente avançado: Sintomas obstrutivos, hematúria, múltiplos nódulos, limites imprecisos; 3. Avançado: sintomas decorrentes de mtx, dor óssea, compressão vertebral. 2.0 DIAGNÓSTICO Revolução no diagnóstico: PSA Toque retal suspeito com alteração de PSA sugere presença de câncer e necessidade de prosseguir com investigação com biópsia. PSA Glicoproteína produzida na próstata, secretada no fluido seminal, pode se elevar em diversas doenças e a concentração depende da idade. Faixa etária Limite superior (ng/ml) 40-49 2,5 50-59 3,5 60-69 4,5 70-79 6,5 A dosagem do PSA em um único episódio não significa muita coisa, é necessário fazer análise a partir da curva do PSA. É importante fazer relação com: a) Volume prostático b) Elevação em relação a idade c) PSA livre no CA – costuma encontrar-se inferior a população normal d) PSA ligado a proteínas – normalmente em casos de câncer, está elevado. Definições Valores normais Densidade PSA PSA/volume da próstata pela USG <20% Velocidade PSA Elevação anual <0,75ng/ml ano PSA livre/total Livre/conjugada >25% Se no momento do toque retal percebe-se uma nodulação, o paciente é encaminhado à biópsia Marcela Maria Lopes Costa – 14º Turma de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão RNM: exame bastante eficácia, porem inacessível a muitas populações, já aparelhos 3 Tesla que atuam sem necessidade de bobina endorretal, possui um valor diagnóstico com classificação PI-RADS e análise de probabilidade de câncer. Score PI-RADS Descrição Risco de câncer clinicamente significante Conduta 1 D. clinicamente significante altamente improvável ~3% Observação 2 D. clinicamente significante improvável ~10% Observação 3 D. clinicamente significante é equivocada ~7-40% Ponderar biópsia dirigida 4 D. clinicamente significante provável ~65% biópsia dirigida 5 D. clinicamente significante altamente provável ~85% biópsia dirigida Apesar da RNM servir de guia quanto a necessidade de se fazer uma biópsia, vale ressaltar que ela não tem poder irredutível! Pois em muitos casos é válido analisar a agressividade da lesão de maneira individualizada. Biópsia • A biópsia é guiada pela US e a agulha capta um material para análise; • É necessário fazer a coleta de pelo menos 12 fragmentos; • Há um risco de sangramento e infecção. Sendo necessário fazer até antibioticoprofilaxia; • Sedação anestésica; • Adenocarcinoma (95%). Tumor de células escamosas é raro. A biópsia é analisada a partir do sistema de Gleason, que caracteriza a partir de padrão morfológico de 1 (mais próximo do normal) a 5 (mais indiferenciado). A pontuação é dada pela soma dos 2 padrões mais frequentes, então a nota final vai de 2 a 10. • Quando definido um score superior a 6, é entendido como sobrevida reduzida. Sistema TNM Câncer localizado: não invade a capsula Localmente avançado: pode atingir as vesículas seminais, colo vesical ou reto. O acometimento linfodonal acontece principalmente em linfonodos obturadores/cadeia ilíaca externa e estão presentes em 35-46% dos tumores avançados. Marcela Maria Lopes Costa – 14º Turma de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão • PSA >30 possui alto riso de metástase linfática • Recomenda-se um TC com PSA elevado para analisar linfonodos acima de 2cm. E pode-se fazer também uma linfadenectomia tanto no objetivo de analisar o acometimento, como a fim de curar. Há também a possibilidade de fazer congelamento. A disseminação hematogênica acontece mais para ossos, pulmão, fígado e rins. Mas é importante analisar o acometimento ósseo pelo grau de comprometimento que o paciente desenvolve nesses casos. • Avaliação a partir da cintilografia, recomendada quando PSA >10ng/ml. • Metástases ósseas acontecem em 80% das doenças avançadas. E são 80% osteoblásticas, 5% osteolíticas e 15% mistas. Tumor T1 Tu localizado (respeita limites da cápsula) Geralmente produto de RTU, sem nódulo palpável T1a e T1b Achados incidentais em cirurgia de rotina para hiperplasia benigna de próstata T1C Biópsia efetuada por elevação de PSA T2 Tu localizado com nódulo palpável T3 Tu localmente avançado, que invade vesículas seiminais, ou estruturas ou estruturas extracapsulares T4 Invasão de órgãos vizinhos, como reto e bexiga Envolvimento de Linfonodos regionais Nx Linfonodos regionais não analisados N0 Sem metástases para linfonodos regionais N1 Metástases linfonodais regionais Metástases a distância Mx Metástases a distancia não avaliadas M0 Ausência de metástases a distancia M1 Metástases a distancia M1a – linfonodos não regionais M1b – Ossos M1c – Outros órgãos Exames de imagem: • USG: Lesões nodulares hipoecogenicas com bordos irregulares (60%). Baixa sensibilidade e especificidade. • RNM: vê acometimento de capsula. Exames Indicações TC PSA >30 ng/ml, pesquisa de metástase linfonodal >2cm RNM Avaliação de acometimento prostático, feixes vasculonervosos Cintilografia óssea PSA >10ng/ml Linfadenectomia obturatória PSA>20ng/ml, tumores de alto grau 3.0 TRATAMENTO Fatores a serem considerados: • Extensão da doença • Agressividade da neoplasia • Expectativa de vida • Comorbidades • Possíveis complicações Observação Vigilante Idade superior a 75 anos não se beneficia de tratamento radical! - Comorbidades graves/baixa expectativa de vida - Gleason Baixo/PSA pouco elevado. Fazer observação com avaliação periódica de PSA e toque retal Vigilância ativa Aqui já não depende da faixa etária. Indicado para pacientes com Gleason £6 (tumor de baixo grau), ainda que seja um carcinoma!! - Até 2 fragmentos positivos - PSA <10ng/ml - Envolvimento de < 50% do fragmento Marcela Maria Lopes Costa – 14º Turma de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão Novas biópsias periódicas para verificar mudança em padrão histológico Tratamento cirúrgico: Remoção em bloco com vesículas seminais! 1. Via perineal – PSA < 10ng/ml 2. Via retropúbica – dissecção de feixes vasculonervosos Retira-se próstata e vesícula seminal fazendo uma anastomose direta da bexiga com uretra sempre tentando preservar o esfíncter uretral e feixe neuromuscular. Hoje já se tem feito o procedimento por videolaparoscopia e cirurgia robótica. Principal candidato: Paciente com doença localizada (T1-T2) e característica agressiva (Gleason ³7). Com expectativa livre da doença de 10-20 anos. Em pacientes que realizaram prostatectomia radical, entendemos como “livre da doença”, aquele com PSA abaixo de 0,2ng/ml. Linfadenectomia• Condições ideais: doença localizada agressiva • Grande expectativa de vida Sobrevida livre da doença: 85% em 15 anos • Complicações: sangramento • Incontinência urinária/disfunção erétil Radioterapia Apresenta resultados ligeiramente inferiores do que os da prostatectomia radical. Geralmente pacientes idoso com TU avançados. Geralmente é conformacional: sobrevida livre de doença em 5 anos é de 75%. Braquiterapia Agulhas/pastilhas radioativas inseridas na região da próstata guiadas por US. Indicada para pacientes e glândula normal sem manipulação cirúrgica anterior. Complicações: lesões actínicas de reto e bexiga, sintomas urinários e disfunção erétil. Crioterapia Terapia com temperaturas extremamente baixas, indicada para tumores localmente avançados e com recidiva após radioterapia. Também é passível de complicações. Estrogenoterapia Nobel 1946: o bloqueio do androgênico está relacionado com não evolução da doença (regressão de mtx, redução PSA e apoptose do tumor). Como se faz isso? • Castração cirúrgica – ORQUIECTOMIA • Agonistas de hormônios hipofisários Marcela Maria Lopes Costa – 14º Turma de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão • Esteroides antiandrogênicos • Estrogenoterapia Vantagens: melhora sinomas urinários e melhora dor óssea. Desvantagens: não é curativo, anemia, osteoporose, diminuição de libido e disfunção erétil. Quimioterapia Tumores hormoniorresistentes, metastáticos. Quando o Estadiamento ainda não foi definido. Esquemas recentes não consagrados: docetaxel + estramustina + prednisona. 4.0 PROGNÓSTICO Depende da característica do tumor! Neoplasias com baixa agressividade, muitos idosos e com grandes Comorbidades geralmente não possuem grande prejuízo com o desenvolviento do tumor. Neoplasias avançadas possuem um prognóstico reservado. Característica /Estadiamento Tratamento Evolução Localizado Gleason <7 Prostatectomia radical, RT, observação vigilante em casos selecionados 10 anos Localizado Gleason ³7 Prostatectomia radical, radioterapia em idosos Recidiva mais comum sendo necessário tto adicional Localmente avançado RT + hormônioterapia; Prostatectomia radical em casos selecionados Mtx após alguns anos de dx inicial Metastáticos Hormônioterapia, QT na falha hormonal Cuidados Paliativos Reservado, raro quando >5anos
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