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GESTÃO E FAMÍLIA NO COMBATE A INDISCIPLINA
 Eny Cândida da silva Oliveira¹
 Maria Leny Dias da Silva²
RESUMO: Este trabalho analisa a postura do gestor escolar diante de grandes desafios como a indisciplina, a falta de limites e o envolvimento da família no processo ensino-aprendizagem dos alunos, enfatizando que ele é o eixo norteador do processo educativo na unidade escolar, portanto deverá ter firmeza e autonomia na busca de soluções eficazes para solucionar ou amenizar esta questão valorizando os alunos e o diálogo como instrumento para a solução de problemas. Foi abordado o conceito de disciplina e indisciplina enfatizando as causas e conseqüências da falta de limites; destaca a importância do envolvimento da família e sua responsabilidade quanto a educar e dar limites aos filhos; pontua a relevância do professor para combater este problema, pois o mesmo é uma figura significativa de referência para o aluno. Descreve ainda as ações realizadas durante o projeto na unidade escolar considerando que a autonomia, o envolvimento do gestor nas questões pedagógicas, o diálogo a participação da família e a postura do professor fazem muita diferença para o sucesso de todos os envolvidos no processo educacional.
Palavras-chaves: indisciplina, limites, gestão, família, professor
ABSTRACT: This study examined the posture of the school manager faces major challenges such as indiscipline, lack of boundaries and family involvement in the teaching-learning students, emphasizing that he is the main guidelines of the educational process at schools, so should tenacity and autonomy in the search for effective solutions to solve or mitigate this issue by emphasizing the students and dialogue as a tool for solving problems. It was discussed the concept of discipline and indiscipline emphasizing the causes and consequences of the lack of boundaries, highlights the importance of family involvement and their responsibility to educate and give limits to children, points out the relevance of the teacher to address this problem, because it is a significant figure of reference for the student. It also describes the actions taken during the project at schools whereas the autonomy, the involvement of the manager in pedagogical issues, the dialogue family involvement and the attitude of the teacher make much difference to the success of everyone involved in the educational process.
Keywords: discipline limits, management, family, teacher
	Não dá para falar sobre a grandeza e dignidade de um povo sem mencionar a única alternativa política e social que é a EDUCAÇÃO. É notável o desenvolvimento da sociedade no que diz respeito à evolução científica na área da saúde, da tecnologia, entre outras áreas, que se bem utilizadas são benéficas ao progresso da humanidade.
	A humanidade entrou num período de mudanças amplas, profundas e rápidas. E conseqüentemente aumentaram os problemas ambientais, as tensões e os conflitos. A generalização de certas normas e de certos comportamentos culturais entra em conflito com os valores tradicionais.
	Mesmo com todos os avanços e modernidades, há muito, o que fazer ainda pela educação. A realidade educacional mostra-se a cada dia, mais assustadora, o índice de aprendizagem é baixíssimo, o grau de violência e desinteresse por parte dos alunos cresce significativamente.
	Pensando no valor da educação para o resgate e construção de uma sociedade mais justa, equilibrada e próspera é que se permanece na luta por uma educação de qualidade. O ato educar não pode ser visto apenas como depositar informações nem transmitir conhecimentos. Educar com qualidade é envolver-se com o aluno, com o conteúdo a ser ministrado, com preparar-se para dar o melhor. Pensando assim é que se decide caminhar na direção do saber, da pesquisa, na tentativa de encontrar respostas satisfatórias para facilitar o trabalho e a relação professor/aluno/escola. 
	O trabalho destaca os significados dos termos “disciplina” e “indisciplina” e suas concepções de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa e alguns autores. Percebe-se que as idéias de disciplina e indisciplina estão relacionadas à capacidade ou não do aluno de permanecer quieto nas aulas e são considerados atos indisciplinados: o aluno agitado, que fala e levanta muito; irrequieto e desatento; o não cumprimento do regimento escolar; situações de desacatos, desrespeito e enfrentamento à figura do professor.
	Pontua algumas causas e conseqüências da falta de limites, pois há quem pense que dar limites aos filhos é uma questão de opção, mas o que não sabem é que a falta de limites pode gerar uma série de problemas. Educar uma criança é um processo muito complexo, com situações totalmente inesperadas para a maioria dos pais, principalmente os que não estão preparados. Mas Tânia Zagury elucida que:
...se agirmos com segurança e firmeza de propósitos, mas com muito afeto e carinho, poderemos atingir nossos objetivos educacionais sem autoritarismo e, muito menos sem bater uma vez nos nossos filhos. (ZAGURY, 2008, p. 32)
	Outro aspecto que merece destaque é a questão da família, sua importância e responsabilidade. Há décadas que se discute a sua participação na vida escolar de seus filhos. Com a crescente globalização, com os problemas éticos cada vez mais complexos é essencial aos seres humanos, o resgate de valores, a busca de uma vida com significado, a construção de uma identidade e a clareza de objetivos. Portanto, os pais não podem delegar essa responsabilidade única e exclusivamente para a escola, e a escola não pode eximir-se de ser co-responsável no processo de formação do aluno, pois se sabe que não basta apenas construir conhecimento, é preciso possibilitar que o aluno construa sua identidade, sua autonomia com responsabilidade, sua cidadania. E isso só será possível se família e escola caminharem juntas, sendo ambas parceiras inseparáveis do processo educativo do aluno. 
	São muito claros os desafios que a disciplina coloca hoje para a sociedade, principalmente para o professor, dada a importância que este possui para o combate à indisciplina. Pois o professor é um referencial seguro no qual o aluno pode se apoiar, é também uma figura significativa de referência, ou seja, pode ser exemplo através de sua conduta podendo assim exercer sem autoritarismo, a sua função educativa, proporcionar na sala de aula, um clima de participação e respeito, sem esquecer que o aluno é um ser com direito a ter dúvidas, a ter dificuldades, a ter opiniões, a colaborar e a ser criança.
	Aponta com especial atenção a postura do gestor escolar diante dessa problemática, pois ele como o principal eixo norteador do processo educativo na unidade escolar deve ter firmeza e autonomia na busca de soluções eficazes para solucionar ou amenizar esta questão. Essa pesquisa pontua algumas sugestões de possíveis posturas que podem resultar em sucesso o processo educativo na unidade escolar, a qual o gestor atua.
	Observar o comportamento humano e suas peculiaridades é uma tarefa complexa, mas por ser a indisciplina dos alunos um dos fatores que tem dificultado e desmotivado o trabalho do professor em sala de aula é que esta pesquisa se deteve.
	O desejo é que a mesma seja um instrumento de reflexão e ação para todos que tiverem acesso a este trabalho, e que de alguma forma possa contribuir para melhorar a qualidade de ensino, pois vale à pena investir no potencial do ser humano. 
	Percebe-se que a indisciplina sempre existiu junto com a história da educação, mas apenas nas últimas décadas é que se tornou uma preocupação pedagógica discutida no âmbito das Unidades Escolares visto que constitui atualmente um dos problemas mais graves que a escola enfrenta. Os motivos da indisciplina podem ser alheios à aula, tais como problemas familiares e sócio-econômicos, falta que a criança sente dos pais, ou seja, carênciaafetiva, etc.
	Segundo Aurélio disciplina é um regime de ordem imposta ou mesmo consentida; ordem que convém ao bom funcionamento de uma organização ou ainda, submissão do aluno ao mestre. Entende-se então que indisciplina é o não cumprimento de ordem imposta; desobediência, etc.
	Segundo Antonucci e Longo, p.3-4 2007, apud FARIAS, 1979 p.27-29
Disciplina vem do latim “disciplina” que significa “ensino” ou “matéria ensinada” [...] O termo deriva do verbo “discere” – aprender – que opõe a “docere” – fazer aprender, ensinar. Há, porém, um segundo significado [...] “Disciplina” quer dizer um conjunto de regras de conduta impostas aos membros de uma coletividade, especialmente escolar ou militar, ou que alguém impõe a si próprio. [...] O termo significa a boa ordem na sala de aula, bem como seu treino promovido nas crianças através de preceito, exemplo, regras e sistema de recompensa e punição. [...] Um processo que procura conseguir o domínio que cada um deve ter de si próprio e do ambiente circundante [...] A disciplina não seria um conjunto de proibições, regras e regulamentos; “embora” tornem-se necessário algumas “regras de base” funcionais que definem um campo para a liberdade [...] O indivíduo indisciplinado seria aquele que domina a si próprio e ao meio ambiente. Não é aquele submisso, psicologicamente subjugado ou coagido [...] O significado antigo da palavra - “ser ensinado” ou “submeter-se às exigências da aprendizagem [...] O termo significava uma escolaridade organizada. (Antonucci e Longo, p.3-4 2007, apud FARIAS, 1979 p.27-29)
 
		Há ainda, os que entendem que disciplina está relacionada a limites, que começam na família através do respeito e do entendimento de que a criança também tem querer, gostos, aptidões e até indisposições passageiras. Mas, com as mudanças que vêm ocorrendo tanto no campo das relações humanas como no da educação o relacionamento entre pais e filhos ganham mais autenticidade e menos autoritarismo. O poder absoluto dos pais sobre os filhos ao ser substituído por uma relação mais democrática, em muitos casos, desencadeou problemas devido às más interpretações da nova forma de relacionamento familiar.
	Para Beatriz Vichessi, (N. Escola p.78) Indisciplina é a transgressão de dois tipos de regras. A primeira é as morais, construídas socialmente com base em princípios que visam o bem comum, ou seja, em princípios éticos. A segunda são as chamadas convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos.
	De acordo (Antonucci e Longo, apud. NOFFS.), a “disciplina” ainda pode ser considerada como a:
[...] Capacidade que o aluno tem de enfrentar situações difíceis e prende-se ao treino de habilidade da inteligência e das emoções, através da aceitação (imposta) da tarefa exigida. O aluno executa tarefa difícil mesmo sem ter condições: estabelecimento de leis, normas e padrões de comportamento e obediência rotineira, habitual. Pressupõe a compreensão da autoridade como hierarquia. Há alguém que emite ordens, normas (autoridade formalmente empossada) e alguém que acata e obedece. A indisciplina implica na não obediência às normas criadas ou situações abertas, carentes de normas criadas pelos professores e autoridades da escola, um complexo de proibições tendo sempre em vista um quadro de referência definido pelo adulto; uma série de problemas que perturbam a ordem da escola. (ANTOUCCI e LONGO, p. 5 – 6. 2007, apud. NOFFS. 1989. p. 40 – 41)
	O aluno é considerado disciplinado quando é capaz de dominar suas emoções, se esforça para realizar tarefas mesmo que estas sejam difíceis e ainda quando obedece às normas e regras estabelecidas pelos adultos. Compreende-se que isso acontece através de treinos, por obediência ou medo de seus superiores.
	Tânia Zagury (2008 p. 35):
Diz que a criança que não aprende a ter limite para o seu querer, para os seus desejos e vontades, que tudo quer e tudo pode tende a desenvolver um quadro de dificuldades que vai se instalando passo a passo: Descontrole emocional, histeria, ataques de raiva; Dificuldade crescente de aceitação e limites; Distúrbios de conduta, desrespeito aos pais, colegas e autoridades, incapacidade de concentração, dificuldade para concluir tarefas, excitabilidade, baixo rendimento; Agressões físicas se contrariado, descontrole, problemas de conduta, problemas psiquiátricos nos casos em que há predisposição. (ZAGURY, 2008, p.35)
 
	Ao refletir sobre as etapas descritas acima, entende-se que afetam diretamente o trabalho da escola, especialmente o do professor na sala de aula. Ao dar limites é fundamental distinguir as necessidades e desejos da criança. Necessidade é algo inevitável, que caso não atendido pode levar o indivíduo a ter problemas sérios no seu desenvolvimento físico, intelectual ou emocional enquanto desejo é a vontade de possuir ou realizar algo, que pode ou não ser importante para o desenvolvimento e está mais vinculado ao prazer.
	 A criança, ao nascer ainda não tem nenhuma noção de valores, então cabe aos pais paulatinamente mostrar aos filhos em todas as ocasiões, pelo seu próprio modo de ser e de viver, o que se pode ou não pode fazer numa sociedade. Sem contar que ninguém pode respeitar seu semelhante se não aprender quais são seus limites incluindo a compreensão de que nem sempre se pode fazer tudo o quer na vida.
	É importante lembrar que para dar limite, os pais têm também que ter limite, eis então a seguir algumas regrinhas básicas sugeridas por Tânia Zagury ( 2OO8, p. 163) que os pais não devem esquecer em hipótese alguma: 
Jamais aplique limites a seu filho visando ao seu próprio interesse ou prazer pessoal;
Não viole regras; isso também é falta de limites. Lembre-se seu filho está aprendendo permanentemente com você;
Não estabeleça regras diferentes para seus filhos. O que vale para um, vale para todos;
Não use os limites como desculpa para sua pouca paciência ou tolerância quanto às necessidades dos filhos;
A pretexto de usar limites, não espere que seu filho compreenda, aceite e se comporte além do que as necessidades da idade permitem. 
Devido à falta de limites é acentuado nas famílias, nas escolas a dificuldade de fazer a criança entender a importância da obediência às normas e o respeito à moral e a ética, tais dificuldades podem acarretar nos jovens problemas de identidade, dificuldade de diálogo, desvios de condutas, busca de refúgios nas drogas e outros tipos de vícios. Na sala de aula, em determinadas situações, a agressão sem motivo ao colega ou a negação ao cumprimento de normas significa a busca de limites e de atenção. São constatados que limites são necessários para a obtenção do equilíbrio emocional do indivíduo.
	A família é a primeira instituição social, segundo a Bíblia é dela a responsabilidade de educar os filhos no caminho em que devem andar, para que quando forem velhos não se desviem dele, ou seja, façam o que é correto.
	Infelizmente essa instituição caiu em descrédito, a constituição familiar modelo, quase não existe mais, para muitos ensinar o caminho certo, é apenas uma questão religiosa, o que torna as coisas ainda mais complicadas do ponto de vista moral, ético e social. 
Qualquer projeto educacional sério depende da participação familiar: em alguns momentos, apenas do incentivo; em outros, de uma participação efetiva no aprendizado, ao pesquisar ao discutir, ao valorizar a preocupação que o filho traz da escola. (CHALLITA, 2004, p. 17)
	Entende-se que família é o primeiro contexto de socialização da criança. Portanto deve exercer grande influência nas ações praticadas pelas crianças e adolescentes, mas segundo relato de professores os alunos chegam às escolas sem a mínima noção de limites e respeito. Percebe-se ainda que onde não há participação efetiva da família na educação da criança, a escola não consegue atingir seus objetivos.
	A família tem a responsabilidade de formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar os valores éticos e morais, acompanhar e orientar os filhos.
	Por ser, odiálogo a base fundamental de qualquer relacionamento, é importante enfatizar que disciplina familiar não é sinônimo de rigidez e de autoritarismo. Em muitos casos, a indisciplina da criança é resultado da falta que elas sentem dos pais que para compensar a ausência e distanciamento dos filhos em função de suas necessidades básicas, alguns pais não cumprem a responsabilidade de educar e deixam os filhos agirem com liberdade fazendo-lhes todos os seus desejos. E, a criança ao perceber que não existe limite para suas vontades e comportamento não cumpre regras em casa e quer fazer o mesmo na escola e conseqüentemente na sociedade.
	O conceito de família tradicional composto por pai, mãe e filhos já não tem muito valor, percebe-se que muitas crianças são criadas e educadas pelos avós, em outras situações a mãe tem dupla função – a de pai e de mãe - e ainda é a única responsável pelo sustento e educação dos filhos. A ausência do pai ou da mãe em muitos casos gera revolta que traz conseqüência como rebeldia, falta de concentração e que muitos interpretam como indisciplina por parte da criança. Há ainda os que presenciam brigas constantes entre os pais e que são vítimas da violência. Nota-se que o conceito de família é complexo e varia de acordo as culturas “... agressividade, rejeições e atitudes impensadas podem criar um alto volume de tensão emocional em nossos filhos, gerando cicatrizes para sempre”. (CURY, p.18, 2008)
	Como afirma Cury, as experiências dolorosas ficam marcadas para sempre na memória, principalmente quando são provocadas por pessoas queridas. Muitos pais quando erram com o filho tentam compensá-lo, comprando-o ou dando-lhes presentes. Sabe-se ainda que as velhas broncas e os sermões não funcionam, só desgastam a relação.
	É provável que quando o filho erra, espera-se uma atitude do pai, mas é preciso saber corrigir erros e ensinar a pensar e muitas vezes criticar comportamentos inadequados de maneira brusca ou ríspida, pode não gerar crescimento, mas agressividade e sofrimento.
	O papel do gestor escolar não é apenas conduzir o processo ensino aprendizagem, mas também o responsável pela socialização de todos que encontram envolvidos no processo educacional. O desafio é grande e precisa coragem e autonomia para encarar as mudanças e transformar os modos convencionais de administração e que numa nova forma de atuação privilegie e valorize os alunos e o diálogo como instrumento para a solução de problemas.
	Só é possível realizar uma gestão democrática quando se acredita que todos juntos têm mais chances de encontrar caminhos para a solução de problemas. Ampliando o número de pessoas que participam da vida escolar é mais fácil estabelecer relações mais flexíveis e menos autoritárias entre educadores e clientela escolar.
	A maioria dos diretores escolares se preocupa apenas com a parte administrativa devido aos excessos de burocracias e, no entanto teria que ser o grande articulador das ações de todos os segmentos; o condutor do projeto da escola, aquele que prioriza as questões pedagógicas e que mantém o ânimo de todos na construção do trabalho educativo.
	É amplo o poder do gestor escolar, pois se trata de um cargo de liderança e sob sua responsabilidade atuam professores, alunos, coordenadores, funcionários, famílias, etc. E sua obrigação é atuar como líder democrático e fazer com que cada pessoa sob sua responsabilidade possa dar o melhor de si, intervir para que o professor se sinta motivado, para que o aluno se sinta feliz e que o espaço de convivência seja agradável.
	Não muito raro, a figura do diretor ainda está relacionada a certo autoritarismo, o aluno ainda é enviado à sua sala para tomar reprimendas ou para que os pais sejam chamados e medidas sérias sejam tomadas. Mas como afirma Chalita, “o medo não leva mais a mudança de comportamento. O que leva a mudança de comportamento é o diálogo, a conquista, a formação da autonomia”. (204, p. 179)
	O gestor da escola precisa estimular o desenvolvimento de liderança dos alunos do estabelecimento que dirige, no entanto é preciso conhecê-los, estar presente nos intervalos, gerar ambiente propício para que o aluno seja verdadeiro. Proporcionar atividades extracurriculares, pois as mesmas ajudam significativamente a incrementar o aprendizado. Conversar com o aluno sobre vários assuntos como família, aprendizagem, não apenas em situações extremas.
	Faz parte ainda do papel do gestor ouvir queixas e reclamações de pais, portanto é preciso saber ouvi-los e seduzi-los, pois os mesmos ao perceberem que há uma pessoa equilibrada capaz de ouvir, de orientar, de reconhecer erro e de reafirmar acerto todos os envolvidos no processo sairão ganhando.
	Para Chalita (2004, p.182,) “... Não basta reclamar da ausência dos pais em reuniões. É preciso que se criem momentos mais formativos e lúdicos do que as monótonas e antiquadas reuniões para motivá-los à participação”.
	É ainda de responsabilidade do gestor, a organização e disciplina do ambiente escolar, pois o aluno tem que entender que há limites, pois o papel de líder é essencialmente o papel de educador.
	O papel do professor é de relevância vital para o amadurecimento da sociedade e a difusão do conhecimento, da cultura. Mas é preciso que ele acredite no que diz que tenha convicção em seus ensinamentos para que os seus alunos também acreditem nele e se sintam envolvidos. Chalita (2004) exemplifica o professor através do filósofo Sócrates, pois o mesmo andava com seus alunos e ironizava a sociedade da época com o objetivo de fazê-los pensar, de provocar-lhes a reflexão, o senso crítico. E ainda destaca, Jesus Cristo, o maior de todos os mestres da humanidade, que convencia multidões através de histórias, parábolas e fazia uso também de uma pedagogia. Vale ressaltar que o Grande Mestre não registrava as matérias, não se desesperava com o conteúdo nem com as formas de avaliação. Sócrates e Jesus Cristo foram educadores formaram pessoas melhores.
	Por mais eficientes que sejam as máquinas, a tecnologia nunca substituirão o professor, pois somente o ser humano é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista de cada aluno, de interagir com a dificuldade ou facilidade da aprendizagem. Muitas vezes, o professor representa segurança para alguns alunos que se sentem perdidos, desamparado e sem limites. “... o mestre tem de transbordar afeto, cumplicidade, participação no sucesso, na conquista de seu educando; o mestre tem de ser o referencial, o líder, o interventor seguro, capaz de auxiliar o aluno em seus sonhos, em seus projetos”. (p. 182, Chalita).
	Vale lembrar que o professor como qualquer ser humano também tem problemas e poderá acontecer de chegar à escola, mais sisudo, que de costume e com certeza com mais dificuldade em desempenhar seu trabalho em sala de aula. É possível que os alunos percebam a diferença e por desconhecerem o motivo poderão interpretar de maneira distorcida e conseqüentemente criar situações que trarão mágoas e ressentimentos.
	Pesquisas revelam que a maioria dos professores em quase todo o mundo estão estressados, e que no Brasil 92% estão com três ou mais sintomas de estresse. “Damos valor ao mercado de petróleo, de carros, de computadores, mas não percebemos que o mercado da inteligência está falindo.” ( CURY, 2008, p.46)
	São vários os problemas que vêm ocasionando o estresse no professor dentre eles destacam-se os baixos salários, superlotação nas salas de aula e a indisciplina dos alunos. Conclui-se então que não apenas os salários e a dignidade dos professores precisam ser resgatados, mas também a saúde.
	No artigo 13 da LDB dispõe sobre a função dos professores e possibilita notar que o papel do professor está muito além da simples transmissão de informações, não deverá apenas participar da elaboração da proposta pedagógica, mas também decidir solidariamente com a comunidade escolar, o perfil de aluno que se quer formar, os objetivos e metas a alcançar.
	Durante a execução do Projeto Gestão e Família no Combateà Indisciplina realizado na Escola Paroquial Municipal São Domingos ocorreram algumas mudanças inclusive do Gestor Escolar. Foi possível observar nesse período duas (02) gestões completamente distintas, vale lembrar que cada indivíduo é único com suas particularidades e diferenças, portanto não cabe fazer comparações, mas ressaltar algumas considerações que foram relevantes ao bom desempenho do projeto.
	É constatado que toda mudança causa impacto, resistência, principalmente tratando-se de limites estabelecidos que devem ser cumpridos por todos, quando sempre reinaram as exceções e o jeitinho brasileiro em quase todos os lugares, não apenas nas repartições de ensino.
	Para garantir os 200 (duzentos) dias letivos e as 800h (oitocentas horas aula) anuais que é garantia de direito do aluno e que muitos teimam em não cumprir foram estabelecidos na Unidade Escolar algumas regras e limites como: tolerância mínima de faltas sem justificativas; horário de entrada e saída dos alunos, entre outros. E os critérios adotados foram o mesmo peso e a mesma medida para todos.
	Os registros de indisciplinas apresentados na unidade escolar e também as queixas dos professores são principalmente da falta de concentração ou desinteresse dos alunos pelas aulas; o não cumprimento das atividades propostas em sala de aula; pequenas brigas entre colegas ou porque a criança conversa muito e atrapalha o andamento das aulas. Percebe-se que não chegam a ser atos de violência e são raros os casos de desacato ao professor, mas que muito interferem no processo ensino-aprendizagem.
	Nas situações citadas acima consideradas graves é solicitada a presença dos pais na escola, nota-se que a maioria das crianças tem um histórico marcado por desajuste familiar, carência afetiva e econômica ou ainda vivem com os pais, que acham que a missão educar é única e exclusiva da escola.
	Os momentos de recreios são acompanhados pela equipe pedagógica e administrativa e são oferecidos aos alunos jogos como xadrez, damas, pega-varetas, quebra-cabeças e brincadeira com elástico.
 	Durante esse período, aconteceu ainda uma excursão com os alunos aos pontos históricos e geográficos da cidade; às emissoras de rádio e televisão, sendo que os alunos que participaram do passeio foram selecionados através de votos dos próprios colegas em sala de aula, percebe-se que as crianças são muito justas nas escolhas.
	Foi iniciado durante a realização do projeto um trabalho com as crianças denominado “Oração Contínua” cujo objetivo é estimular a concentração, a reflexão, à oração pessoal e coletiva. Esses momentos acontecem semanalmente com os alunos distribuídos em pequenos grupos em locais adequados e acompanhado com música suave e contam com a colaboração de voluntários da comunidade local, engajados na igreja. Os momentos cívicos e os eventos realizados enfatizam os temas do “Projeto Ciranda de Valores”, sendo que o professor de cada turma é responsável por trabalhar um valor por um determinado período e todas as apresentações são voltadas ao tema em questão. Alguns desses momentos contam com a participação de pais de alunos que ajudam nos momentos de louvor tocando instrumentos musicais ou emprestando a voz para ensinar cânticos para os alunos com letras que abordam valores.
	Por ser muito complexo e abrangente o tema indisciplina e está relacionado a vários fatores que podem ser até a metodologia usada pelo professor ao ministrar sua aula ou à falta de limites não imposta pelos pais é impossível afirmar que dentro de um ambiente que convive com diferenças físicas, psicológicas, sociais, culturais e econômicas não haverá mais livros de ocorrências ou que todos os problemas de indisciplina foram sanados.
		O diálogo tanto com o aluno quanto com os pais acontecem freqüentemente ou sempre que necessário. Os mesmos podem falar o que estão achando do trabalho da escola ou sugerirem o que pode ser melhorado. Nas conversas os pais são orientados sobre a importância de participarem efetivamente do processo de ensino dos filhos e incentivados a serem parceiros da escola. Vale ressaltar que a autonomia, o diálogo e o envolvimento do gestor nas questões pedagógicas fazem muita diferença.
	Os problemas de indisciplina na Unidade Escolar não foram extintos, porém amenizados, e isso pode ser comprovado através de registros nos livros de ocorrências, de depoimentos de professores, de pais e de alunos, ou durante os recreios. 
	Através da pesquisa foi possível perceber que a indisciplina está relacionada a vários fatores que pode ser emocional, cultural, sócio-econômico ou à falta de limites. E que em muitos casos a família falha, já que é a principal responsável em educar e orientar os filhos.
	Um aspecto marcante é o caso onde a mãe tem dupla função – pai/mãe - e ainda é a única responsável pela educação e sustento dos filhos. Em outras situações, a criança é criada pelos avós que a estraga com excesso de mimos ou já cansados não conseguem impor limites.
	Quanto à figura do professor, observa-se que este tem amplo poder nas mãos e pode fazer muita diferença na vida da criança, pois é capaz de transmitir segurança e afeto; que não adianta agir com autoritarismo, pois agindo assim só conseguirá despertar raiva no aluno e conseqüentemente gerar atitudes consideradas indisciplinadas como desinteresse pelas aulas; desrespeito pelo professor. 
	O gestor, por sua vez precisa ter autonomia e estar fortemente preparado para lidar com a referida problemática, e que as regras e normas estabelecidas no ambiente escolar devem ser seguidas e obedecidas por todos, pois é preciso que o aluno perceba que não tem apenas direitos, mas também deveres. O trabalho precisa ser coletivo, principalmente com a família que deve ser atuante e parceira e se necessário contar com a ajuda de outros setores da sociedade.
	Este desafio só será vencido quando escola, família e sociedade realizarem um trabalho coletivo, contínuo que resgate os valores éticos e morais que foram se perdendo ao longo das mudanças rápidas que a evolução e o progresso vêm impondo à humanidade.
	Mesmo que pareça utópico, é preciso acreditar que um dia no âmbito das unidades escolares não haverá mais livros de ocorrências ou registros de indisciplina, pois o respeito mútuo, a responsabilidade, a consciência dos direitos e dos deveres, os verdadeiros ideais da educação serão contemplados integralmente, e só assim o ser humano poderá desenvolver-se plenamente
	
REFERÊNCIAS
CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. 1ª ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Gente, 2004.
CURY, Augusto. Pais brilhantes professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004.
HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
Revista NOVA Escola, ANO XXIV, Nº 226, outubro 2009. Indisciplina: como se livrar dessa amarra e ensinar melhor. (p. 78 a 89). Revista 
OLIVEIRA, M. A. M. (org.). Gestão Educacional: Novos olhares, novas abordagens. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
Revistas GESTÃO EM REDE.
Revista Pátio, ANO 3 Nº 10 AGO/OUT1999
TIBA, Içami. Quem ama educa. São Paulo: Ed. gente, 2002.
ZAGURY, Tania. Limites sem traumas construindo cidadãos. 82ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record.
TRIPP, Tedd. Pastoreando o coração da criança. São José dos Campos – SP: FIEL, 2002.
¹Formada em Geografia pela UFT – Universidade Federal do Tocantins
²Formada em Matemática pela UNAMA – Universidade da Amazônia, Coordenadora Pedagógica da Escola Paroquial Municipal São Domingos
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