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Cap 12 Constituições_ Modelos de Democracia_Arend Lijphart

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,.i,,sre capítulo, coloco em discussão duas variáveis ambas t , :~" · • . , . , per encentes a 
i.n1ensão federal -urntana, que estão relacionadas à presen , ,.. l l - ça ou a ausen-
óa de restrições explícitas ao poder legislativo das maiorias parlamenta-
es Existe uma constituição que age como "lei superi·or" · 1 r • · , que vmcu a o 
Parlamento, e que não pode ser alterada por uma maioria regular do Par-
lamento, ou será este Parlamento - isto é, a sua maioria_ 0 supremo e 
soberano criador de leis? A primeira variável é a facilidade ou a dificul-
dade para se fazer emendas à constituição: a distinção convencional se 
faz entre as constituições flexíveis, que podem ser modificadas por maio-
rias regulares, e as constituições rígidas, que requerem supermaiorias para 
poderem sofrer emendas. A segunda variável refere-se à presença ou au-
sência de revisão judicial. Quando a constituição e uma lei ordinária en-
rram em conflito, quem interpretará a constituição? O próprio Parlamento 
- de novo, significando a maioria do mesmo - ou um outro corpo polí-
cico, como uma corte ou um conselho constitucional especial, fora e in-
dependente do Parlamento? No modelo consensual puro, a Constituição 
é rígida e protegida pela revisão judicial. O modelo majoritário puro ca-
racteriza-se por uma constituição flexível e pela ausência de revisão ju-
dicial. 
Na prática, as duas diferenças não constituem dicotomias : existem 
graus de flexibilidade ou de rigidez nas constituições e, quando a revisão 
judicial está presente, os graus em que é empregada ativamente. Neste 
capítulo proponho escalas de quatro pontos para medir tanto a rigidez 
constitucional quanto a revisão judicial. Também analiso a relação entre 
as duas variáveis : as constituições rígidas tendem a ter maior proteção da 
revisão judicial do que as constituições mais flexíveis . Em um breve apên-
dice, discuto O papel dos referendos, aos quais freqüentemente se recor-
2 4 7 
Aíl l NO I I IP II ARI 
__ . h cmcnd:1 collsti t11 cin 11 al: dcvcrnos vê -los . . 
rc nP j't'lh. t s S\) l, . . ' . . Pr1 nc1 p, 
. . ·nt ns nu1 ori t;1r10s ou, ~l!ltes , como in centivo aln,eh 
te l·nmn ,n stl nm c . s Para 6 •1-
a ll 
d t) (nnsc nsti ? se~ 
CONSTITUIÇÕES ESCRITAS E NÃO-ESCRITAS 
A d .. · ção entre constituições escritas e não-escritas não parec . 1st111 , ·· e mu1t . 
t por duas razões. Uma, é que quase todas as constituiçõe d O 1111-portan e, -. - E s o i11t1nd 
são escritas. As não-escritas "sao" extrem~m~n-te ra_ras. ~ nosso conjunto 
d 36 democracias apenas tres tem const1tu1çoes nao-escnras· 0 R . o e ' · e1n0 D . 
d Nova Zelândia - os dois maiores exemplos de democracia"" . . ni. o, a '!lªJorir • 
d·scutidos no capítulo 2- e também Israel. A ausência de uma co . _ªria 1 nstituiç 
escrita na Grã-Bretanha e na Nova Zelândia é normalmente expl' d ª0 
. , 1ca aem 
termos do forte consenso, existente nesses pa1ses, quanto às normas , _ 
, fl . . Polit1-
cas fundamentais o que torna super ua uma const1tu1ção fo rmal A 
' · exp!' 
cação oposta aplica-se ao caso israelense. Embora tenha tentado Is 1 _
1
• 
. . - . ' rae nao 
conseguiu adotar uma const1tmçao escnta porque, em relação a vária 
. . . _ s ques-
tões capitais em especial o papel da rehg1ao no Estado e no sistem 1 , a ega] 
simplesmente não se pôde chegar a nenhum acordo (Gutmann 1988) E ' 
' • sse 
dissenso foi resolvido por um acordo para divergir, enquanto tem sid o su-
ficientemente forte o consenso sobre outras questões fundamentai·s p 
, ara 
permitir ao país ser governado sem uma constituição fo rmal, tal como na 
Grã-Bretanha e na Nova Zelândia. Outra razão é que, partindo do con-
traste fundamental entre os modelos majoritário e consensual de democra-
cia, é mais importante determinar se a constituição, escrita ou não, impõe 
efetivamente restrições significativas sobre a maioria do que ficar se per-
guntando se ela é escrita ou não. As constituições escritas podem sofrer 
emendas com tanta facilidade, e ser tão livres de revisão judicial, quanto as 
não-escritas. 
Há, no entanto, dois fortes argumentos contra essa posição. O primeiro 
deles é que, se a constituição escrita é um documento único, explicitamente 
designado para ser a mais elevada lei do país, é provável que a maioria par-
lamentar se sinta moralmente comprometida a respeitá-la mais do que sen-
do ela uma coleção, mais ou menos amorfa, de leis básicas e costumes, sem 
248 
MODF.1. 05 D E D E M OC RA C I A 
1 .1vcr um ,Kordo bem cla ro sobre o que, de fato, faz parte da consti-s111 n 1• 
,ii~-ão n:°lo escri ta, e o que não faz parte dela. O segundo argumento chama 
rtHÇ .. - 0 n;n a O fato, mui to ma is significativo, de que as constituições não-~ arcn~,t t . - . 
. , . nor sua própri a na tureza - por nao terem um status formal superior 
escnt,1s. r- • • • • • 
das outr~~s leis - ocasiona, logicamente, tanto a completa flex1b1hdade 
ao t-o .3 ausência da revisão judicial. O uso de "cláusulas pétreas" e "leis quan " " . _ _ . . 
. s·· na Nova Zeland1a e Israel sao apenas exceçoes aparentes, pois tais l,ás1CJ, 
cláusulas podem ser removidas ou substituídas de maneira 'relativamente fá-
·i 1 Em contrapartida, as constituições escritas tanto podem ser completa-
c1 . 
mente fl exíveis, quanto completamente desprotegidas por revisão judicial. 
Mas essa combinação é rara, na prática. Em nosso conjunto de 33 democra-
cias com constituições escritas, a França constitui o único exemplo, entre 1958 
e cerca de 1974. 
CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS E CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS 
As democracias usam de uma confusa ordenação de meios para dar dife-
rentes graus de rigidez às suas constituições: maiorias legislativas especiais, 
aprovação por ambas as casas das legislaturas bicamerais (mesmo quando 
estas são assimétricas quanto à legislação ordinária), aprovação por maio-
rias especiais de legislaturas estatais ou provinciais, aprovação por refe-
rendo e aprovação por maiorias especiais em um referendo. Outras 
complicações ainda são estipuladas por algumas constituições, que exi-
gem diferentes métodos de emenda para diferentes cláusulas da consti-
tuição, ou métodos alternativos que podem ser usados para emendar 
qualquer parte da constituição (Maddex, 1995). Entretanto, essa grande 
1No importante caso Bergman, em 1969, a Suprema Corte Israelense pela primeira vez decla-
rou nulo um ato do Knesset (Parlamento), por violar uma lei básica. Entretanto, essa lei básica 
facultava uma emenda sobre si mesma, por maioria absoluta de todos os membros do Knesset, 
tornando o Knesset apto a aprovar uma versão modificada da lei invalidada pela maioria ab-
soluta requerida, mas não por uma supermaioria. Possivelmente, o Knesset também poderia 
ter primeiro implementado a emenda sobre a exigência de maioria absoluta da lei básica (por 
maioria absoluta) e em seguida reaprovado o ato invalidado na sua forma original (e até mes-
mo sem a maioria absoluta). Três novas leis básicas aprovadas em 1992 têm o potencial de 
expandir significativamente o poder da revisão judicial (Arian, 1998 : 267-70). 
2 4 9 
AREND LIJPHART 
··ed·Jde de cláusulas constitucionais pode ser reduzida a quatr . 
va11 • . o tipos 
l ., ·i -os como é mostrado na Tabela 12.1. Esses quatro tipos se ba . -,as e , ~ . . se,a111 
primeiro, na distinção entre aprovaçao por maiorias ordinárias _ ind·~ 
cando completa flexibilidade - e por maiorias maiores que as ord· ,
1 
Ina-
rias. Em seguida, é possível distinguir três categorias de rigidez: (1) 
aprovação por maiorias de dois terços - regra muito comum, baseada na 
idéia de que os defensores da mudança constitucional devem ultrapassar 
0 número de seus opositores por uma razão de pelo menos dois para um• 
' (2) aprovação por uma maioria de menos de dois terços (porém mais que 
uma maioria ordinária) - por exemplo, uma maioria parlamentar de três
quintos, ou uma maioria ordinária mais um referendo; e (3) aprovação 
por uma maioria maior do que dois terços, tais como a maioria de três 
quartos, ou uma maioria de dois terços e mais a aprovação pelas legis-
laturas estaduais. 
O único ajuste maior que se precisa fazer refere-se à classificação das 
maiorias especiais - também chamadas maiorias extraordinárias, ou 
supermaiorias - quando estas são maiorias parlamentares especiais em 
parlamentos eleitos por maioria simples. Em tais legislaturas, freqüen-
temente as grandes maiorias representam maiorias populares muito me-
nores e, algumas vezes, apenas uma maioria simples popular. Além disso, 
essas grandes maiorias são muitas vezes maiorias unipartidárias. Por exem-
plo, pouco depois do assassinato de Indira Gandhi, em 1984, o Partido 
do Congresso Indiano obteve uma imensa maioria de 76,5 por cento das 
cadeiras - muito mais do que a maioria de dois terços necessária para 
emendar a constituição - com apenas 48,1 por cento do voto popular. 
Maiorias de dois terços são também requeridas para realizar emendas na 
constituição em Barbados, mas em três das sete eleições, desde 1966, es-
sas grandes maiorias unipartidárias foram produzidas a partir de SO e 60 
• · Jes por cento dos votos populares, e em uma delas, de uma maioria simP 
de 48,8 por cento. 
MOD EL O S D E 
DE MO C RA C IA 
TABELA 12.1 MAIORIAS OU SUPERMAIORIA 
CONSTITUCIONAL EM 36 DEMOCRACIAS S RE~UERIDAS PARA EMENDA 
-;;;;;;,ai01·ias acima de dois terços /4 .0/ 
A11srd li;l Suíça 
e;1n:1cU Estados Unidos 
Maiori,1s de dois terços ou equiualentes [3JOJ 
Ausrria Jamaica 
tt·ilrnmas Luxemburgo 
Bélgica Malta 
Cosra Rica Maurício 
Espanha Noruega 
Finlândia Papua-Nova Guiné 
Holanda Portugal 
Índia Trinidad 
Entre dois terços e maiorias ordinárias [2J O J 
Barbados Irlanda 
Botsuana 
Dinamarca 
Grécia 
Maiorias ordinárias [ 1 J O J 
Itália 
Venezuela 
Islândia Nova Zelândia 
Israel Reino Unido 
, PER10DO DE 1945 A 1996 
Al emanh a [3,5] 
França [1 ,6] 
(Colômbia depois de 1991) 
(França depois de 1974) 
(Suécia depois de 1980) 
Colômbia [1 , 1] 
Suécia [1 ,3) 
(Colômbia antes de 1991) 
(França antes de 1974) 
(Suécia antes de 1980) 
Nota : Os índices de rigidez constitucional estão entre colchetes 
As supermaiorias, nos sistemas de maioria simples, são obviamente mui-
to menos restritivas que as mesmas supermaiorias nos sistemas de represen-
t~ção proporcional. Para considerar essa diferença, os sistemas de maioria 
simples são classificados na Tabela 12.1 na categoria logo abaixo daquela à 
9
_ual tecnicamente pertencem. A necessidade desse ajuste parece ser reconhe-
cida pelo , . . . . 1 , . , 
s propnos países que adotam a ma10na s1mp es: os umcos pa1ses 
que requerem maiorias parlamentares de três quartos para as emendas consti-
2 5 1 
AREND LIJPHART 
. • ão Bahamas Jamaica, República de Maurício Papua N 
rnc1ona1s Se: ' ' - ova G . 
li.· ·d d _ todos países de maioria simples. Essas cinco dem . uiné e . 11111 a ocracias . 
_1 ·t·cadas na segunda categoria da Tabela 12.1 como os equival sao L ass1 i entes re . 
d Países com regras de maioria de dois terços. Pela mesma razão B b ais os . . . ' ar adas 
e Botsuana são colocados na terceira categoria, muito embora seus re .. 
. . . . . . qu1s1-
tos formais para emendas constituc1ona1s se1am ma1onas de dois terços. 
O problema das diferentes regras, na mesma constituição para e d 
. . . . ' men as 
constitucionais, pode ser resolvido com relativa facilidade. Em primeiro lugar 
quando se podem usar métodos alternativos, o método menos restritivo é ~ 
que deve contar. Por exemplo, a constituição italiana pode receber emendas 
quer por maiorias de dois terços nas duas câmaras, quer por maiorias absolu-
tas - isto é, maiorias de todos os membros das duas câmaras, porém não 
supermaiorias - seguidas por um referendo. O último método é mais flexível 
em termos dos critérios da Tabela 12.1, e por isso a Itália é classificada na ter-
ceira, e não na segunda categoria. Em segundo lugar, quando regras diferentes 
se aplicam a partes diferentes das constituições, o que deve contar é a regra 
pertencente às emendas dos artigos mais básicos da constituição. Por exem-
plo, algumas cláusulas da longa constituição indiana podem ser mudadas por 
maiorias regulares em ambas as casas; outras, por maiorias absolutas de rodos 
os membros das duas casas; e outras, ainda, somente por maiorias de dois ter-
ços mais a aprovação pelas legislaturas de metade dos estados. Esse último grupo 
contém cláusulas de capital importância, con10 a divisão de poder entre O go-
verno central e os estaduais, e é a regra para a en1enda dessas cláusulas que é 
decisiva para a classificação da Índia na segunda categoria da Tabela 12.1: as 
maiorias de dois terços num sistema de maioria simples seria bom apenas para 
. - . d ação pela 
uma posiçao na terceira categoria, mas o requisito adicional e aprov 
metade dos estados coloca a Índia de volta na segunda categoria. , 
As regras para as emendas constitucionais costumam ser baSrante es~a-
v . . urn efeito 
eis, e quaisquer mudanças que de fato ocorram não costumam rer . 
1 
• 
· . s1rnP es 
muno amplo. As mudanças na Colômbia e na Suécia ocasionaram sri· 
mente , · d ·goda con 
. 
0 acrescimo o requisito de um referendo. O último arn ão d:1 
tmção fra · 1 b aprovaÇ ncesa estipu a que as emendas requerem ou em ª beIT1 
maioria das d " 1 . . . ferendo, ou . 
. uas camaras egislanvas, seguida de un1 re , os do15 
uma maioria d " · . d 1 gislarura. , 
, e tres qmntos numa sessão con1unta a e 1 Alert
1 
metodos qualif . d --r bela 12- · icam a França para a terceira categoria a 1ª 
MO DE L OS DE DEMO C RACIA 
J ' . , J .1 decisão do presidente Charles de Gaulle em 1962 d · p 1 uts~< , ~ , , e evitar o ar a-
,ro e submeter utna proposta de e1nenda direto a um r f d 1nc1 . e eren o, aprova-
d ,,smagadoramente pelos votantes, estabeleceu um terc · d ' o ~ ~ · e1ro proce 1rnento 
puramente majoritá~io, par~ as ~mendas constitucionais. Entretanto, até cerc; 
de l 974, ao ser eleito o p r11n e1ro presidente não gaullista, esse método ex-
tra-consti tucional não foi n1ais considerado uma opção viável. 
A maioria dos países se enquadra nas duas categorias médias da Tabela 12.1: 
eles requeren1 mais do que maiorias ordinárias para as emendas constitucionais 
' 
mas não mais que maiorias de dois terços, ou seu equivalente. o índice médio 
de rigidez constitucional é 2,6, e o número mediano, 3,0 pontos. Cinco países 
têm, efetivamente, constituições mais rígidas. A constituição dos Estados Uni-
dos é a menos flexível, porque as emendas requerem maiorias de dois terços, 
tanto no Senado quanto na Câmara de Deputados, como também a aprovação 
por três quartos dos estados. No Canadá, várias cláusulas importantes só podem 
sofrer emendas com a aprovação de cada uma das províncias. Na Austrália e na 
Suíça, as emendas requerem a aprovação por um referendo popular, não apenas 
da maioria dos votantes, mas também das maiorias na maior parte dos estados 
ou cantões. Isto torna os menores estados e cantões, com menos de 20 por cen-
to da população do país, capazes de bloquear as mudanças constitucionais. A 
constituição japonesa requer maiorias de dois terços em ambas as casas da 
legislatura, como também um referendo. Um caso interessante é o da inclusão 
da constituição alemã na mesma categoria, porque são requeridas maiorias de 
dois terços nas duas casas, e porque a composição do Bundesrat difere da do 
Bundestag em vários aspectos importantes. Entretanto, a Tabela 12.1 coloca-a 
mais conservadoramente entre as duas categorias do topo. Todas essas constitui-
ções rígidas, na prática, dificilmente sofrem emendas. De fato, a constituição 
japonesa jamais sofreu emendas, em mais de cinqüenta anos de existência.
REVISÃO JUDICIAL 
Pode-se argumentar que uma constituição escrita e rígida ainda não rep~esen-
ta uma restrição suficiente às maiorias parlamentares, ª menos que haJa um 
c_orpo independente que decida se as leis estão em conformidade com a __ co~s-
tituição Se p 1 f • · da constitucionalidade das suas propnas · o ar amento or o JUIZ 
leis poder,, t· f .1 d resolver todas as dúvidas a seu próprio ' a 1car ac1 mente tenta o a 
/\RENO LIJPHART 
• , ç 1- nort11alt11c11tc proposto é dar aos tribunais, o u a . t.1,·l,r.<...)1<.111u10 . - . . . . urntr1bu 
.·. 1 . -r·rucion;ll, 0 poder da rcv1sao 1ud1c1al - isto é, 0 po d d na1 c~J'l'l.1,1 l.ons 1 • er e tes 
.. · . · 1.111·<.fodc das leis aprovadas pela legislatura nacional tar 
., l.·nn:-.t 1rw .. 101 ,- L- • • 
N, tlllWS:.l dC'cis.io Marbury v. Madrson (1803), que estabeleceu . • 1 • . a revis~ 
i . . . 1 1 1.:·sc:1dos Unidos. o juiz John Marshall afirmou que a presen d ,ao Jlh. ll. 1,1 IH ~ i.::.. • ' · Ça e U 
t ·n1i -·~o cscrin e de um Judiciário independente implicava Iogica ni.a '--(111~ 1 \ , • • • mente 
.1 , 1. J .1 i·evisão 1·udicial pela Suprema Corte: o tnbunal, diante da inco . 
0 
roul li, .. <, • • , • - • mpat1bi-
l. J 1 J , entre a constituição e urna lei ordinana, nao tena escolha senão a 1. 1'-1• ol . . . p 1car a 
lei maior e, assim, invalidar a lei de status 1nfenor. O forte apelo desse argumen-
ro pode ser visto também no comentário de R . H. S. Crossman, membro do 
gabinete trabalhista britânico, responsável pela controvertida lei de imigr -
~· açao 
de 1968, que negava a entrada na Grã-Bretanha de aproximadamente 100 mil 
súditos britânicos que viviam no Quênia. Mais tarde, ele declarou que essa lei 
"reria sido declarada inconstitucional em qualquer país dotado de uma consti-
tuição escrita e urna Suprema Corte" (citado por Rose, 1974: 138). 
A lógica do raciocínio de Marshall e Crossman é inquestionável. Mesmo 
que a constituição não determine explicitamente a revisão judicial, ela está 
implícita no status superior da constituição. Muitas constituições, entretan-
to, garantem especificamente esse poder aos tribunais. Por exemplo, a cons-
tituição grega declara que "as cortes se comprometerão a não aplicar leis cujo 
conteúdo seja contrário à Constituição" (Brewer-Carías, 1989: 169). O Ar-
tigo 2 da constituição de Trinidad afirma: "Esta Constituição é a lei suprema 
de Trinidad e Tobago, e qualquer outra lei incompatível com ela será nula ao 
ponto da incoerência." Linguagem muito semelhante é empregada nas cons-
ti tuições dos outros três países caribenhos. 2 
Várias constituições negam explicitamente o poder da revisão judicial às 
suas corres. O Artigo 120 da constituição holandesa, por exemplo, declara: 
.. A constitucionalidade dos atos do parlamento e dos tratados não será exa-
minada pelas corres". Uma tentativa digna de nota para excluir parte da cons· 
rituiçâo escrita da revisão judicial pode ser vista na proposta de emenda de 
2Es~as comr· r · - d . , · b , estipulam que 1 utçoes, como as e Botsuana e da República d e Maunc10 tam em . 
· 1 ' Ih Pnva· 
ª maisª ta corte para o propósito da revisão judicial é o Comitê Judic ial d o Conse 0 . · 
do, tm Lo d E . . . d d · sões hber315 
_ _ n res. nrreranro, particularmente devido à insatisfação diante as eci . , or 
drJ CrJrnttt Jud · · J b . d · bsnrut-1° P teta so re casos de pena de morte, o s pa íses do Canbe po erao 5tl 
um Tribunal de A J · e -6 pe açoes an enho conjunto. 
M ODELOS DE DEMO C RAC I A 
.1 l rio orçílmcntári o à constitu ição dos Estados U ·d d d d cq 111 1 1 _ " , n 1 os, errota a uas 
,- i1clo Sen~Hio, cm 1995 e 1997: O poder 1·udiciário d E d U . 
r ell~ t , os sta os m-
·~o se estendera sobre nenhum caso ou controvérs · ·d b dos n. , . . 1a surgi a so esta 
nd·t) exceto nos casos espec1 ft camente autorizados pela 1 · l - ,, (N (c Jll C • , . eg1s açao ew 
fork Times , 1 º de março de 199 5' Al 6). Não somente nos países sem cons-
riruição escrita, mas também naqueles que as tê m, porém não dispõem da 
revisão judicial , os parlamentos representam a última garantia da constitui-
ção. A lógica em que se baseia essa alternativa é a do princípio democrático: 
decisões vitais, tais como a conformidade da lei com a constituição, devem 
ser tomadas pelos representantes eleitos do povo, e não por um corpo judi-
cial nomeado e freqüentemente não representativo desse povo. 
Vários países, na tentativa de um acordo entre essas duas lógicas contra-
ditórias, confiam sua revisão judicial a tribunais constitucionais especiais, em 
lugar de sistemas de cortes regulares. As cortes ordinárias podem apresentar 
questões de constitucionalidade ao tribunal constitucional especial, porém 
não podem decidir por si mesmas essas questões. Este tipo é chamado de 
sistema centralizado de revisão judicial. Foi proposto pelo famoso jurista 
austríaco Hans Kelsen, e adotado pela primeira vez pela Áustria em 1920. 
Agora é usado na Alemanha, Itália, Espanha, Portugal e Bélgica. A outra al-
ternativa, da revisão judicial descentralizada, em que todas as cortes podem 
examinar a constitucionalidade das leis, continua sendo o sistema mais co-
mum (Favoreu, 1986; Cappelletti, 1989: 132-66) . 
A França foi por muito tempo considerada o melhor exemplo de país em 
que o princípio da soberania popular impedia qualquer aplicação da revisão 
judicial. A constituição da V República estabeleceu efetivamente um conselho 
constitucional, mas a princípio essa instituição atuou essencialmente para pro-
teger o Poder Executivo dos abusos do legislativo. Só o presidente, o primei-
ro-ministro e os presidentes das duas câmaras tinham permissão para apresentar 
questões de constitucionalidade ao conselho. Entretanto, uma emenda consti-
tucional aprovada em 1974 também concedeu a relativamente pequenas mi-
norias na legislatura - sessenta membros de uma ou outra câmara - 0 direito 
de apelar ao conselho constitucional, e o próprio conselho tem afirmado soli-
damente o seu poder de revisão judicial (Stone, 1992). Embora as cortes ainda 
n- . - , . 
ª0 possam dirigir-se ao conselho constituc10nal, o parlamento nao e mais 0 
último intérprete da constitucionalidade das suas próprias leis, e assim, a França 
deve agora cont ,, om revisão 1·udicial do tipo centralizado. ar-se entre os pa1ses c 
2 5 5 
AREND LIJPHART 
. O JUDICIAL E ATIVISMO JUDICIAL 
REVISA 
. d· ·evisão 1· udicial depende de sua existência formal só até O impacto ,l 1 . .. " . cerro 
• to mais decididamente do vigor e da frequenc1a com que é u d ponto, e mm . . sa o 
\ _ . especialmente as cortes suprema e const1tuc10nal. A Tabela 12 2 pe as \.,01 tes, . _ . . . . 
ta uma classificação quádrupla da força da revisao Judicial baseada apresen " . . , em, 
primeiro lugar, na distinção entre a presença e a ausencia da revisão judicial e, 
em segundo, em três graus de ativismo na afirmação desse poder pelas cones. 
Existem apenas poucos países onde a revisão judicial é muito forte: Estados 
Unidos, Alemanha, Índia, e, desde 1982, o Canadá. As cortes americanas 
ativistas, e a Suprema Corte em particular, têm sido acusadas de formar um 
"Judiciário imperial" (Franck, 1996), porém a Corte Constitucional Alemã tem 
sido ainda mais ativa: de 1951 a 1990, ela invalidou quase 5 por cento de to-
das as leis federais (Landfried, 1995: 308). As cortes da Índia não foram muito 
afirmativas em seus primeiros tempos, mas Carl Baar (1992) declara que a partir 
de 1977 elas se tornaram o "Judiciário mais ativo do mundo". A Suprema Corte 
da Índia tem sido descrita como "o equivalente mais próximo - e não apenas 
o equivalente não-ocidental - da Suprema Corte Americana, tanto como 
autora de projetos quanto como uma importante instituição política. Decla-
rou como inconstitucionais mais de cem leis e decretos, e não manifesta ne-
nhum temor de enfrentar o primeiro-ministro e o Parlamento"
(Gadbois, 1987: 
137-38). No Canadá, a aprovação da Carta dos Direitos e Liberdades, em 1982, 
deu início a "uma era de ativismo judicial" (Baar, 1991: 5 3 ). 
A revisão judicial de força média caracteriza cinco países por todo o perío-
do em consideração neste estudo: Austrália, Áustria, República de Maurício, 
Papua-Nova Guiné e Espanha - e cinco países durante períodos mais curtos: 
Canadá, até 1982; Bélgica, após o estabelecimento da Corte de Arbitragem, 
em 1984 (ver capítulo 3); a França, depois que o Conselho Constitucional se 
tornou um verdadeiro órgão de revisão judicial, em 1974; a Itália, depois que 
ª corre constitucional, criada pela constituição do pós-guerra, finalmente c~-
~eçou ª funcionar, em 1956; e a Colômbia, como resultado de diversas deci· 
soes, cada vez ma· f. · d d , d de 1980. isª 1rmat1vas, a suprema corte no início da eca ª 
Quase metade das d • , ' . . 1 f Mauro emocrac1as esta na categoria da revisão jud1c1a raca. . 
Cappelletti (1989 · 141) Suécia 
· escreve que os juízes na Dinamarca, Noruega e 
exercem o poder d . . dado e 
escentrahzado de revisão judicial "com extremo cui ' 
MODELOS DE DEMOCRACIA 
,, ,, Esses países escandinavos estão provavelmente entre os sistemas 
den1çao . 
t11° s nesse aspecto, e alguns dos outros - como Portugal e depois de 
· fraco ' 
n1ª15 Malta (Agius e Grosselfinger, 1995) - pode1n ser classificados como 
1982, · f d'f - ,,. d 
. te mais artes, 111as a 1 erença nao e gran e. 
lige1ra01en 
TABELA 12.2 FORÇA DA REVISÃO JUDICIAL EM 36 DEMOCRACIAS, 
PERÍODO DE 1945 A 1996 
;;,;;ev;são judicial [4,0] 
Aicm:rnha ~· 
índia 
Estados Unidos 
Rez,isão judicial de força média [ 3, O J 
Papua-Nova Guiné Austrália 
~ • >.."-Au srna 
.Maurício 
Revisão judicial fraca [2,0) 
Bahamas 
Barbados 
Botsuana 
Costa Rica 
Dinamarca 
Grécia 
Irlanda 
Islândia 
Espanha':-
Jamaica 
Japão 
Malta 
Noruega 
Portugal':-
Suécia 
Trinidad 
Venezuela 
Ausência de revisão judicial [1,0) 
Finl ~ d. an 1a Nova Zelândia 
Holanda 
Israel 
Luxemburgo 
Reino Unido 
Suíça 
~R . 
ev1são . d' . 1 . . . N Ju •eia centralizada por tribunais espec1a1s 
ota: Os , d' . 
in ices de revisão judicial estão entre colchetes 
(Canadá depois de 1982) 
Canadá [3 ,3] 
Itália [2,8] 
(Bélgica depois de 1984*) 
(Canadá antes de 1982) 
(Colômbia depois de 1981) 
(França depois de 1974*) 
(Itália depois de 1956*) 
Bélgica [1,5] 
Colômbia [2,4] 
França [2,2] 
(Colômbia antes de 1981) 
(Itália antes de 19 5 6) 
(Bélgica antes de 1984) 
(França antes de 1974) 
/\R E ND LIJPHAR T 
0 i -lo ~cral mostr;Hio 11;1 Tabela 12 .2 é de uma revi sã o iudi . 1 !l10l { • - , i · , 2 2 , eia relati -
,·.,mcntc fr,1ç ;L A pontu;1ç 10 mcota e , , e o num ero mediano d 
ti)' bem ;1h;1ixo do ponto médio d e 2,5 na escal a d e qu atr ' e 2,0 r'l)ll ~ , • " . . . o Ponto 
Enrrcr,rnto. p;trcl'.c have r 11111 ;1 tcnden cta no sentido d e revi sões iud · . ~-
. - . · , _ ~ 1 ' f • ic1a1s 
11 1 i, numcros:1s e to rtcs: os u nco pa tses q ue sao c ass1 1cados em d . f r • · ' t ere 
t(' ' cttc~o riJs. na T;1hcl:1 12.2 , durante di fere ntes p er ío dos pass n-
, . , . . . ' ararn to-
dos de graus ma is baix os pa ra g raus m a is e levados d e força de . _ 
, . , . . rev1sao 
jud iei;, !. Além di sso , os quat ro p a1ses co1n const1tu1ções escritas, poré 
;l inda sem a rev is~10 judici al , são de1nocracias européias mais antigas. ~ 
democr;tci;:is ma is recentes, sem exceção, têm efetivamente uma r . _ 
ev1sao 
l·ud icia l. Finalmente, como o Reino Unido (ver capítulo 2) essas q ' uatro 
democr.ic ias européias mais antigas aceitaram a revisão 1· udicial su pra-
nacional da Corte Européia de Justiça e/ou a Corte Européia de Direitos 
H umanos (Cappelletti, 1989 : 202). Tais tendências confirmam, para ci-
ta r o t ítulo de um livro recente, "a expansão global do poder judicial" 
(Tare e Vall inder, 1995). 
A Tabela 12.2 também mostra que os países com revisão judicial cen-
tralizada costumam ter uma revisão judicial mais forte que aqueles com 
sistemas descentral izados : seis dos sete sistemas centralizados estão nas 
duas categorias superiores. Esta é uma conclusão surpreendente, de fato, 
porque a revisão centralizada foi originalmente desenvolvida como um 
acordo entre não ter absolutamente nenhuma revisão judicial e o tipo des-
centralizado da mesma. A explicação deve ser que, se um órgão especial 
é criado com o propósito expresso e exclusivo de examinar a constitu-
cional idad e da legis lação, é muito provável que ele realize essa tarefa com 
alguma vitalidade. 
RIGIDEZ CONSTITUCIONAL E REVISÃO JUDICIAL 
Há duas razões para se supor que as variáveis relativas à disjuntiva rigidez verSUS 
flexibilidade constitucional e à força da revisão judicial estejam relacionada~-
ann· U d l , · d · · l ~ recursos ma e as e que tanto a rigidez quanto a revisão JU 1cta sao . 
. . , . , . a ausência 
ma1ornan os, e que as constituições completam ente flex1veis, com ' , . 0 é 
de · - · d · · l . • A gunda raza 
revi sao JU 1c1a , permitem a regra irrestrita da m a1ona. se 
MODELOS DE DEMOCRACIA 
1 , r- ,1mbém se ligam logicamente, no sentido em que a revisão 1·udicial só uc e as ,, . . 
'1 de operar de forma efetiva se for apoiada pela rigidez constitucional, e vice-
Pº_ __ Se houver forte revisão judicial, mas a constituição for flexível, a maioria 
,·ct S,l , ' . . 
1 •~1.1rura pode facilmente reagir a uma declaração de inconstitucionalidade, na eg1s, , . . _ 
. , . de uma emenda a constttmçao. Da mesma forma, se a constituição for nr:-1,,es , 
· , ·d· norém não protegida por uma revisão judicial, a maioria parlamentar ng1 ,1. t 
~derá interpretar qualquer lei constitucionalmente questionável que queira 
p ·ar como se não representasse nenhuma violação à constituição . 
.1pro,, , 
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Rigidez constitucional 
♦CAN 
♦ JPN 
♦ SWI 
4 
. - . d' . 1 em 36 democracias, 1945-96 
. . . . . 1 e rev1sao JU 1c1a fig. 12.1 Relação entre ng1dez consntucwna 
,, . duas variáveis para as 3 6 de-A F. l - pinca entre 1gura 12.1 mostra a re açao em - excepcionalmente for-
- ,, de O 3 9 - nao 
mocracias. O coeficiente de relaçao e . ' ,, 1 de 1 por cento. Um 
. . f ativo no mve te, mas ainda estatisticamente s1gm ic 
2 5 9 
AREND LIJPHART 
. poi·t"'tltt' c:iso discrepante é a Suíça, onde, como se destacou no im ·• ~- . . . . . , . , capítulo 
, .~ ·rnsência de revisão 1ud1c1al const1tu1 a umca caractenstica tnaJ· . , . 
·"'· ... . . , . ontar,a 
em um:i democracia que por outro lado e solidamente consensual. Os ou ' 
· · - F. l " d . H 1 d tros importantes casos marg111a1s sao 111 an 1a, o an a e Luxemburgo _ , 
. . d d . d Pai-
ses (Olll regras de ma1ona e 01s terços para as emen as constituc· . 
- , . tonais 
porém sem revisão judicial - e a Ind1a e a Alemanha - onde uma revisã' 
judicial muito forte é combinada a constituições rígidas, porém não a u 0 
ponto máximo. Analistas da revisão judicial muitas vezes observam, també: 
seu uso freqüente nos sistemas federalistas (Becker, 1970:222). De fato, tan~ 
to a revisão judicial quanto as constituições rígidas estão ligadas ao federalis-
mo, como também com as duas outras variáveis da dimensão federal-unitária: 
o bicameralismo e os bancos centrais independentes. Os bancos centrais são 
assunto do próximo capítulo, e as ligações entre todas as cinco variáveis fe-
deral-unitárias serão discutidas no capítulo, 14. 
ADENDO: REFERENDOS E DEMOCRACIA DE CONSENSO 
Uma notável característica dos processos de emendas especificados pelas 
constituições
escritas é o uso freqüente do referendo, quer como requisito 
absoluto, quer como alternativa opcional: ele aparece em 12 das 33 consti-
tuições escritas (a partir de 1996). Se a aprovação por maioria em um refe-
rendo é o único procedimento requerido para a emenda constitucional, o 
referendo atua como recurso majoritário. Entretanto, o único exemplo des-
se tipo, em nosso conjunto de democracias, foi o seu uso extraconstitucional 
na França, pelo presidente de Gaulle. Em todos os demais casos, o referendo 
é determinado em acréscimo à aprovação legislativa por maiorias ordinárias 
ou extraordinárias, tornando as emendas mais difíceis de serem aprovadas e 
as constituições mais rígidas - e assim, atuando como um recurso ancima-
joritário (Gallagher, 1995). 
Essa função do referendo está em desacordo com a opinião comum de 
· -es que ele constitui o método majoritário mais extremo de tomada de deciso 
- ou seja, é ainda mais majoritário do que a democracia majoritária repre-
sentativa u 1 . . 1 s algumas , ma vez que as eg1slaturas eleitas oferecem pe o meno ' 
h ' es-c ances par · · d ' - s sem pr 
ª as mmonas apresentarem sua posição, em 1scussoe 
MOD ELOS OI: DEMO C HA ( I A 
. e ~e cng,1jarcm na barganha e no favorccinv· t ú [ . 
~:1. '-"1 0 m 1tuo. ) av1d Butl cr e 
Austin R;tnncy ( 19 78 : 36) declaram : "Uma vez qu~· ·) . . - d a· 
. . , ~ e.: cs nao po cm me Ir a 
·nrcnsi(fodc das crenças, ou resolver as co isas pela di s . - d L 
1 _ • . cussao e a csc<mcrta, 
')' referendos cstao fad ados a se to rnar ma is pcri g<JS<>s p J· . d 
, . · . . a ra os 1rc1to s as 
ninorias do que as assembl éias representativas " Emh d 
1 e • • ., ora O argumen to C 
11utler e Ranney tenha força considerável na maiori a das ·r - J ) , s1 uaçoes, e e mos-
tra uma evidente necessidade de modifi cação o uso d<) ref d 
• . · eren o no pro-
cesso da emenda constitucional, como requi sito adi ci on al à apro vação 
legislativa, é mais antimajoritário do que majoritário : em particular, oferece 
às minorias insatisfeitas a oportunidade de lançarem uma campanha contra 
a emenda proposta. 
Há um outro aspecto importante pelo qual os referendos diferem do 
caráter majoritário inequívoco que o senso comum lhes atribuí . De fato, isto 
acontece quando eles assumem sua forma mais forte : em combinação com a 
iniciativa popular. A Suíça é o melhor exemplo. Aqui o referendo e a inicia-
tiva conferem até mesmo às minorias menos expressivas uma chance para 
desafiarem as leis aprovadas pela maioria dos representantes eleitos. Mesmo 
que esse esforço não chegue a bom termo, ele força a maioria a pagar os custos 
da campanha do referendo. Por isso, a possibilidade de uma minoria convo-
car um referendo constitui um forte estímulo para que a maioria preste 
atenção às opiniões daquela. Franz Lehner (1984: 30) afirma, de forma con-
vincente, que na Suíça "qualquer coalizão, com uma chance previsível e se-
gura de vitória, tem de incluir todos os partidos e organizações que possam 
vir a convocar um referendo bem-sucedido". O referendo-mais-iniciativa tem, 
assim, reforçado duas tradições suíças: as coalizões amplas de quatro parti-
dos, no Conselho Federal do Executivo, e a busca por maiorias legislativas 
para projetos particulares que estejam o mais perto possível da unanimida-
de. Tanto a lógica do referendo-mais-iniciativa quanto o exemplo de como 
ele deu certo na Suíça comprovam a conclusão de que ele pode ser conside-
rado um forte mecanismo de indução ao consenso, e algo inteiramente oposto 
ª um inequívoco instrumento majoritário CTung, 1996). 
~ r 1

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