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TCC Pedagogia Hospitalar


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CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ 
 
BRUNA FEIJÓ TAVARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PEDAGOGIA NO ESPAÇO HOSPITALAR: CONTRIBUIÇÕES 
PEDAGÓGICAS A UM AMBIENTE DE RENOVAÇÃO E 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São José 
2011 
 
 
BRUNA FEIJÓ TAVARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PEDAGOGIA NO ESPAÇO HOSPITALAR: CONTRIBUIÇÕES 
PEDAGÓGICAS A UM AMBIENTE DE RENOVAÇÃO E 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Centro Universitário 
Municipal de São José – USJ como 
requisito para aprovação do Curso 
de Graduação em Pedagogia. 
Orientadora: Profª. Dra. Izabel 
Cristina Feijó de Andrade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São José 
2011 
 
 
BRUNA FEIJÓ TAVARES 
 
 
 
 
 
 
 
A PEDAGOGIA NO ESPAÇO HOSPITALAR: CONTRIBUIÇÕES 
PEDAGÓGICAS A UM AMBIENTE DE RENOVAÇÃO E 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito final para 
aprovação do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Municipal de São 
José – USJ 
 
Avaliado em: 21 de Junho de 2011 por: 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Izabel Cristina Feijó de Andrade - Orientadora 
USJ 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
 Prof.ª MSc. Silvanira Lisboa Scheffler 
 
 
 
 
_______________________________________________________________ 
Prof.ª MSc. Marli Lucia Lisboa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus que me deu 
forças nessa caminhada acadêmica, aos 
meus pais e meu noivo que sem dúvida 
são meus maiores incentivadores, e a 
todas as crianças que passaram ou 
passarão por um Hospital, crianças essas 
que não podem ser esquecidas pela 
sociedade e sim atendidas em todos os 
aspectos. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, criatura onipotente que me 
proporcionou surpresas diárias e fez minha vida se entrelaçar a pessoas 
maravilhosas que contribuíram na construção da pessoa que sou e serei. A 
cada momento vivido acredito mais no quanto sou abençoada. 
Aos meus maravilhosos pais Batista e Cida, que souberam instruir em 
minha caminhada, e se hoje cheguei até aqui, é porque foram eles que me 
guiaram. 
Agradeço as minhas irmãs, Tatiana e Karolina, fundamentais ao meu dia 
a dia, me fazendo rir quando eu tinha vontade de chorar e ao me entender nos 
momentos em que estava brava por passar a noite fazendo TCC. 
Ao meu sobrinho Marco, coração inocente, anjo na minha vida, que 
muitas vezes dormiu tarde da noite porque queria me ajudar e não me deixar 
sozinha fazendo trabalho. 
Agradeço ao Jhonas, meu presente de Deus, noivo amado, que me deu 
forças e acalento quando tudo parecia difícil e sempre acreditou na minha 
capacidade. 
A minha Vó Bernardete que anseia ver seus netos crescerem na vida e 
frisa sempre quanto o conhecimento é necessário e importante. 
A minha orientadora Izabel, pessoa iluminada, professora pelo qual 
pretendo me espelhar, que compartilhou comigo seus saberes e sempre esteve 
disposta a me ajudar. 
Agradeço as Pedagogas do HIJG, que me acolheram, compartilharam 
experiências e me ajudaram muito na conclusão deste trabalho, minha paixão 
pela Pedagogia Hospitalar só se intensificou e criou raízes profundas quando 
estive com elas. 
Aos professores que estiveram diretamente envolvidos com esta 
pesquisa. 
Por fim, agradeço as minhas amigas, Ana, Camila, Luana, Monique, 
Juliana e Sabrini, pessoas inigualáveis, que só contribuíram para meu 
crescimento e foram fundamentais nesta caminhada árdua. 
 Sou muito agraciada por ter todas estas pessoas em minha vida, espero 
que se sintam tão homenageados quanto merecem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não é a toa que entendo os que buscam 
caminho, como busquei arduamente o 
meu! 
E como hoje busco com sofreguidão e 
aspereza o meu melhor modo de ser, o 
meu atalho, já que não ouso mais falar 
em caminho. 
Eu que tinha querido. O caminho, com 
letra maiúscula, hoje me agarro 
ferozmente à procura de um modo de 
andar, de um passo certo. Mas, o atalho 
com sombras refrescantes e reflexo de luz 
entre as árvores, o atalho onde eu seja 
finalmente eu, isso não encontrei. Mas sei 
de uma coisa; meu caminho não sou eu, é 
o outro, são os outros. 
Quando eu puder sentir plenamente o 
outro, estarei salva e pensarei: eis o meu 
porto de chegada. 
 
 (Clarice Lispector) 
 
 
 
RESUMO 
 
Considerando a Educação como um direito, e importante ao desenvolvimento 
de todas as crianças, independente das dificuldades que as mesmas possam 
enfrentar, esta pesquisa para o trabalho de conclusão de curso (TCC) objetiva 
analisar os processos que envolvem a Pedagogia Hospitalar no contexto das 
crianças/pacientes. Com respaldo de referências teóricas, o trabalho esclarece 
o percurso desta área educacional no Brasil, as Bases Legais que norteiam a 
temática, relações dos pedagogos hospitalares com as crianças, e os projetos 
pedagógicos existentes no Hospital infantil Joana de Gusmão (HIJG). A 
referente pesquisa denomina-se qualitativa, pois não se quantificou as 
contribuições educacionais no espaço hospitalar, mas sim, significaram-se os 
fatos apresentados. Para pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas 
não-estruturadas com quatro pedagogas do HIJG, no qual se observou como 
fator emergente, a importância que a Pedagogia Hospitalar exerce nos 
hospitais, auxiliando muitas vezes no tratamento da criança/paciente. 
 
Palavras-Chave: Educação. Criança. Pedagogia Hospitalar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8 
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 9 
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 11 
1.2.1 Geral ....................................................................................................... 11 
1.2.2 Específicos ............................................................................................ 11 
1.3 METODOLOGIA ......................................................................................... 11 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 14 
2.1 O QUE É, E QUANDO SURGIU A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO BRASIL
 ......................................................................................................................... 14 
2.2 BASES LEGAIS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR ..................................... 15 
2.3 O CONTEXTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA (Uma atenção especial do 
pedagogo) ........................................................................................................ 19 
2.4 A PEDAGOGIA E O PEDAGOGO HOSPITALAR ...................................... 22 
2.5 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO HOSPITAL INFANTIL JOANA DE 
GUSMÃO - HIJG .............................................................................................. 25 
 
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS: A IMPORTÂNCIA DAS 
CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS EM AMBIENTE HOSPITALAR ............. 29 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................40 
 
REFERENCIAS ................................................................................................ 42 
 
APÊNDICE ....................................................................................................... 45 
APÊNDICE A – Apresentação do acadêmico em campo..................................47 
APÊNDICE B – Entrevistas...............................................................................48 
8 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Toda criança e adolescente tem o direito ao acesso à saúde e à uma 
educação de qualidade, sendo que através de pesquisas como esta, se propõe 
ao leitor uma análise sobre a Pedagogia Hospitalar para a criança debilitada 
física, emocional ou cognitivamente. 
A referente pesquisa sobre a questão Pedagógica no contexto da 
criança/paciente aborda qualitativamente aspectos importantes desta área 
educacional, apresenta um estudo bibliográfico juntamente com uma pesquisa 
de campo no Hospital Infantil Joana de Gusmão - HIJG. Para as análises, 
foram utilizadas entrevistas não estruturadas com as pedagogas responsáveis 
pela Pedagogia Hospitalar no HIJG, observando como tema central, as 
contribuições que a pedagogia traz ao ambiente hospitalar. 
A indagação que surgiu como plano de fundo deste estudo foi: Como a 
pedagogia em hospitais pode auxiliar no tratamento da criança/paciente? 
Esta pesquisa apresenta fontes que comprovam a relevância de projetos 
educacionais na área hospitalar e responde perguntas sobre a funcionalidade 
da Pedagogia Hospitalar, instigando ao leitor à buscar novas informações e 
conhecimentos nesta área que por mais que tenha se expandido, ainda é 
pouco estudada. 
O leitor encontra aqui, como um pequeno respaldo, leis que 
regulamentam a Educação Especial, sendo a Classe Hospitalar uma categoria 
desta área. Para a análise das leis, o autor Carneiro (2010) contribuiu muito, 
com obras crítico-compreensivas. 
Como autores estudados, se destacaram Matos e Mugiatti (2009), e 
Fontes (2005), grandes estudiosos da classe, que organizaram livros contendo 
artigos com autores de interesse da área. 
Este trabalho está organizado da seguinte forma: 
Apresenta-se o porquê pretendeu-se explorar o tema, após expõe-se os 
objetivos a serem atingidos. O trabalho segue com uma pequena denominação 
do que é Pedagogia Hospitalar, programas e bases legais que a 
regulamentam, discorre sobre a relação da Pedagogia e o Pedagogo da Classe 
9 
 
 
 
Hospitalar, e apresenta uma breve descrição do contexto das crianças que se 
encontram internados ou desfrutam dos projetos ambulatoriais e educacionais. 
O Hospital Infantil Joana de Gusmão, aparece nesta pesquisa como a 
ligação da saúde com a educação, no qual se oportuniza a continuação dos 
aprendizados escolares. Por fim, nas considerações finais aparecem pontos de 
reflexão que podem auxiliar a todos os envolvidos com a Pedagogia Hospitalar 
na busca pela excelência da área, tendo o aluno/paciente sempre como foco 
principal. 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
Ainda quando criança, antes mesmo de saber que poderia usufruir de uma 
oportunidade acadêmica dotada em pesquisas que fizessem sentido para 
pessoa que sou, passava meus dias brincando de “escolinha”, mas não era 
uma escola qualquer e nem de longe eu era uma professora qualquer, pois na 
minha imaginaria escola misturavam-se aulas com momentos de cuidados com 
a “saúde” de minhas bonequinhas, isto mesmo, o estoque de band-aid e 
atadura que minha mãe insistia em comprar para uma possível eventualidade 
era utilizado por mim para sarar minhas alunas que estavam doentes. Para 
mim aquilo era um momento mágico e mal sabia eu que essa seria uma das 
paixões que me motivaria pessoal e profissionalmente. 
Quando perguntada pelas pessoas o que eu realmente seria quando fosse 
adulta, sempre confusa afirmava que seria enfermeira e professora, pois o que 
eu queria mesmo era auxiliar as crianças em todos os aspectos. 
Já crescida minhas preferências ficaram cada vez mais evidentes e na hora 
do vestibular, lá estava eu, batalhando pela Pedagogia e Enfermagem. Não 
satisfeita em ter que esperar os resultados logo engatei em um curso técnico 
de enfermagem, quando então recebi a notícia de que havia passado no 
vestibular para Pedagogia. 
Estagiei como Técnica de Enfermagem no Hospital Infantil Joana de 
Gusmão, onde lá fui surpreendida quando pude conhecer a Pedagogia 
Hospitalar. Era tudo que eu almejava, como se eu pudesse ligar minhas 
paixões, ali estava à solução, é na Pedagogia Hospitalar que se atende a 
10 
 
 
 
criança/adolescente em sua integridade. Equipes multiprofissionais, ligadas por 
um único objetivo, o bem das crianças ou adolescentes debilitados. 
Observando, passei a perceber a relevância desta classe que ao longo dos 
tempos vem crescendo, porém as pesquisas sobre o tema ainda são escassas 
comparadas à dimensão que exercem para a Educação Especial, e estuda-las, 
criando novas pesquisas é fundamental para o crescimento qualitativo da 
Educação Hospitalar. 
A dificuldade em encontrar bibliografias sobre o tema foi um fator crucial 
e de interesse para o estudo, faz com que novas pesquisas possuam uma 
grande valoração e contribuam significativamente para análises que visem à 
qualidade de vida da criança adoecida, e consecutivamente hospitalizada. 
A infância tem como especificidade um momento de descobertas, pelo qual 
as crianças querem se sentir livres para brincar, imaginar, enfim interagir com o 
mundo e a relação com a educação é ligada a esta fase, porém uma 
enfermidade abala significativamente não só suas rotinas diárias como também 
aspectos de seu desenvolvimento. Apresentar ao leitor a Pedagogia Hospitalar, 
bem como seus aspectos envolventes pode auxiliar não só a educadores, 
como também a todos interessados na educação. É uma possibilidade de 
material de pesquisa que poderá ser utilizado para futuros estudos ou apenas 
como instrumento esclarecedor. 
Aqui não se falará em morte; não por negar que ela possa acontecer, o que 
certamente acontecerá com todo o mundo independente da época, e nem por 
que é um assunto delicado. Não aparece nesta pesquisa questões envolvendo 
possíveis falecimentos que possa ocorrer na trajetória dos envolvidos com a 
Pedagogia Hospitalar, pois o grande motivo deste estudo é apresentar 
questões que melhorem a qualidade da criança ou adolescente com a saúde 
debilitada para auxiliar no desenvolvimento do processo cognitivo e emocional 
do paciente. 
É sempre possível o aumento na gravidade da enfermidade da criança, 
assim o pedagogo deve estar preparado para continuar desenvolvendo seu 
trabalho sendo maleável, empático e buscando contribuir para a melhora da 
criança/paciente. 
11 
 
 
 
A Classe Hospitalar possibilita à continuidade dos estudos do aluno que se 
ausentou da escola de origem por motivo de doença e insere a 
criança/adolescente a um contexto escolar. 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 Geral 
 
Analisar os processos que envolvem a Pedagogia Hospitalar no contexto 
das crianças/pacientes. 
 
1.2.2 Específicos 
 
• Apontar aspectos importantes da Pedagogia em Hospitais; 
• Reconhecer a vivencia escolar que alunos/pacientes adquirem ao 
estudar, interagir ou brincar em um âmbito hospitalar adaptado 
pedagogicamente; 
• Conhecer programas educacionais que contribuem com o tratamento 
das enfermidades de crianças hospitalizadas no Hospital Infantil Joana 
de Gusmão. 
 
1.3 METODOLOGIA 
 
A ideia inicial da referente pesquisa surgiu ainda em 2008 quando tive o 
primeiro contato com a Pedagogia Hospitalar no HIJG, mesmo estando no 
Hospital para estagiar como Técnica de Enfermagem fui apresentada 
superficialmente as ações pedagógicas existentes. Na época estava na 
primeira fase do curso de Pedagogia e decidi que pesquisaria sobre o tema.Passei a me aprofundar à ideia, lendo entrevistas, textos, artigos 
condizentes e observando melhor o funcionamento da Pedagogia em ambiente 
hospitalar. 
12 
 
 
 
Segundo Silva e Menezes (2005, p. 30) “[...] deverá levar em conta, para a 
escolha do tema, sua atualidade e relevância, seu conhecimento a respeito, 
sua preferencia e sua opinião pessoal para lidar com o tema escolhido.” 
No começo tive uma grande dificuldade, pois encontrava pouco material 
referente à Pedagogia Hospitalar, porém esta foi mais uma razão para realizar 
uma pesquisa do tema tão pouco explorado. 
Como autores fundamentais, destaco Matos e Mugiatti (2009) e Fontes 
(2005), que contribuem significativamente com o tema. 
No ano de 2010 comecei a fazer meu levantamento bibliográfico, 
analisando e pesquisando as produções teóricas, como livros e artigos. Silva e 
Menezes (2005 p. 20) esclarecem que “Pesquisa é um conjunto de ações 
propostas para encontrar a solução para um problema, que tem por base 
procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem 
um problema e não se tem informações para solucioná-lo.” 
Nesta pesquisa socializa com o leitor, ideias, argumentos e referenciais que 
expressam a grandiosa dimensão da Pedagogia Hospitalar no contexto da 
criança que se encontra adoecida, com o corpo debilitado e muitas vezes 
fechada a conversas e indagações. 
Não se teve a pretensão de tomar como verdade absoluta os Referenciais 
Teóricos aqui expostos, até mesmo porque a verdade é um ponto de vista que 
depende de cada pessoa, mas sim de compartilhar um estudo feito acerca de 
diferentes bibliografias que tiveram relação com este tema, colocando este 
trabalho a disposição para futuros estudos ou ate mesmo para que tomem 
conhecimento da Pedagogia Hospitalar e seus respectivos projetos. 
Foi realizado um planejamento, buscando alcançar objetivos concretos 
ao assunto proposto. Segundo P. Ramos e M. Ramos (2008, p. 11) “[...] 
planejamento é compreendido como um instrumento de intervenção na 
pesquisa. É preciso perceber que a pesquisa não ocorre espontaneamente, 
mas o que transforma ela são as ações.” 
A partir de então, optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa 
bibliográfica como procedimento técnico, no qual não se busca resultar os 
estudos através de quantidades analisadas e sim significar os fatos. 
Ramos P. e Ramos M. (2008, p. 38), descrevem a abordagem qualitativa 
da seguinte forma: 
13 
 
 
 
 
Qualitativa: há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, 
que não pode ser traduzido em números. A interpretação do sujeito e 
a atribuição de significados são basicamente na pesquisa qualitativa. 
O pesquisador tende a analisar os dados indutivamente. 
 
Para dar maior veracidade a pesquisa, foram realizadas entrevistas não 
estruturados com quatro pedagogas do Hospital Infantil Joana de Gusmão e 
através das conversas indutivas se conheceu e se analisou os processos 
envolvidos ao tema. 
Para Silva e Menezes (2005, p. 33), entrevista não estruturada é “[...] a 
obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou 
problema. [...] não existe rigidez de roteiro. Pode-se explorar mais 
amplamente algumas questões.” 
Quanto ao material utilizado, se analisou os materiais já publicados, ou 
seja, uma pesquisa bibliográfica. Ramos P. e Ramos M (2008, p. 39) 
entendem como pesquisa bibliográfica aquela que é “elaborada a partir de 
material já publicado, tais como livros, artigos de periódicos e materiais 
disponibilizados na internet”. 
 Quanto à natureza da pesquisa, descreve-se como básica pelo qual 
objetiva-se trazer a analise dos dados como contribuição a novos estudos. 
 Silva e Menezes (2005, p. 20) descrevem como básica a pesquisa que 
“objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem 
aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais”. 
Buscando preservar a identidade das Pedagogas entrevistadas seus 
nomes foram modificados por flores. Esta escolha se deu por considerar o 
Hospital como um jardim no qual ali florescem e renovam-se os botões 
(crianças), e seriam as pedagogas responsáveis por criar raízes profundas que 
auxiliam no desenvolvimento dos seres. 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Neste capítulo se encontra a fundamentação teórica que trata de 
questões como o surgimento da Pedagogia Hospitalar no Brasil, as Bases 
Legais da Educação em Hospitais, o contexto das crianças hospitalizadas, o 
pedagogo que trabalha nesse ambiente e a Pedagogia Hospitalar no Hospital 
Infantil Joana de Gusmão. 
 
2.1 O QUE É, E QUANDO SURGIU A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO BRASIL 
 
Através de pesquisas, Schilke (2008, p. 15) esclarece o surgimento da 
Pedagogia Hospitalar, relatando que no Brasil as primeiras notícias que se 
tinham sobre aulas para crianças internadas foram no ano de 1950, no Rio de 
Janeiro, Hospital Municipal de Jesus, porém não tinha vinculação alguma com 
a Secretaria de Educação. O que aconteceu é que profissionais na área da 
saúde observaram a necessidade cognitiva que as crianças internadas por 
longos tempos apresentavam e então começaram a realizar ações educativas 
por conta própria. 
Ainda segundo, Schike (2008, p. 16), no ano de 1960, o Hospital Barata 
Ribeiro no Estado do Rio de Janeiro implementou as aulas para crianças 
hospitalizadas, contando com uma professora específica. Foi também neste 
ano que os profissionais que dirigiam os dois Hospitais buscaram junto a 
Secretaria de Educação a regulamentação da Pedagogia Hospitalar, porém o 
reconhecimento de modalidade educacional veio apenas em 2002. 
Sobre a regulamentação da Pedagogia em âmbito Hospitalar, Schike 
(2008, p. 16) afirma que: 
 
Apenas em 2002 o Ministério da Educação, por meio da Secretaria da 
Educação Especial, regulamenta esse tipo de trabalho com a 
publicação do documento intitulado “Classe Hospitalar e 
Atendimentos pedagógicos domiciliar; estratégias e orientações.” Que 
tinha por objetivo estruturar ações políticas de organização do 
sistema de atendimento educacional em ambientes hospitalares e 
domiciliares. 
 
A denominação Classe Hospitalar aparece como acompanhamento 
didático ao ser hospitalizado, para que não ocorra uma defasagem no ensino 
regular do educando e consecutivamente um atraso cognitivo por conta de sua 
15 
 
 
 
internação. Já a Pedagogia Hospitalar é o conjunto de ações pedagógicas que 
beneficiam o aprendizado da aluno/paciente, ou seja, uma modalidade está 
inserida na outra. 
 Colaborando para o significado da Pedagogia Hospitalar, bem como 
suas especificidades, Schilke (2008 p. 17) explica que: 
 
Este modelo educacional defende a ideia de que o conhecimento 
deve contribuir para o bem estar físico, psíquico e emocional da 
criança enferma, enfocando mais os aspectos emocionais que os 
cognitivos. Essa modalidade busca uma ação diferenciada do 
professor no hospital e apesar de trazer uma perspectiva 
transformadora intrínseca na sua atuação, é de difícil realização e 
pode ser banalizada. 
 
.Um fator a ser levado em conta é que o termo Pedagogia Hospitalar não 
esta explicito na Legislação Brasileira, o que normalmente se encontra é o 
termo Classe Hospitalar, porém segundo autores como Fontes (2005, p. 121) e 
Schilke (2008, p. 17) o termo Classe Hospitalar é muito delimitado para a 
modalidade da Educação Especial, pois não abrange todos os projetos 
existentes em um Hospital, o que então, se torna mais propício a Pedagogia 
Hospitalar. 
 
2.2 BASES LEGAIS DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
A educação e a saúde são elementos fundamentais de transformações 
sociais que visam o desenvolvimento do mundo em que se vive. A 
preocupação do governo em aspectos que envolvem tanto a educação quanto 
a saúde, diz respeito exatamenteao desenvolvimento social da população e 
são as leis que dispõe sobre os direitos e deveres de cada pessoa, 
fundamentando os projetos existentes. 
Os educadores devem pesquisar constantemente sobre os direitos e 
deveres dos cidadãos, para exercê-los e ensinarem aos seus alunos, fazendo 
com que eles se tornem educandos críticos e conscientes. 
Quanto ao envolvimento dos pedagogos no conhecimento das leis, Cruz 
(2009, p. 4) relata que: 
 
16 
 
 
 
[...] todos os cidadãos são iguais e tem seus direitos e deveres 
assistidos nas leis dentro da nossa sociedade. Leis essa que são de 
suma importância para nós pedagogos, conhecermos, discutirmos e 
criticarmos (quando for o caso) com o intuito de que elas melhorem e 
de fato se façam valer, principalmente na educação, a qual queremos 
ao alcance de todos, e com a mais alta qualidade, visando o 
desenvolvimento de pessoas cada vez mais críticas e realizadas no 
mundo que as cerca. 
 
Se tratando de crianças hospitalizadas, é necessário que se pense em 
todos os aspectos que envolvem uma situação de hospitalização infantil. 
Uma situação de enfermidade carrega junto de si circunstâncias 
complexas que devem ser tratadas com destreza por todas as pessoas que 
estão diretamente ligadas a esta condição. 
É um momento na vida no qual o ser doente se encontra perdido em 
dúvidas e fragilidades e por este motivo devem-se destinar ações integradas 
que auxiliem e não excluam estas pessoas da sociedade e de suas próprias 
vidas. 
Beneficiar o cidadão adoentado através de bases legais é mais do que 
tratar o corpo doente, é realizar um conjunto de ações que visem à melhora por 
completo do ser humano, ou seja, não só o físico como também o psíquico e 
todas as suas relações. 
A criança ou adolescente que se encontra privada de seu ambiente 
escolar por adoecer e consecutivamente estar hospitalizada, faz valer seus 
direitos legais contidos na legislação vigente que assegura o direito à educação 
e saúde, continuando a ter um acompanhamento escolar. 
A Lei 8.069/90 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, nos arts. 3º e 4º afirma que: 
 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por 
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes 
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, 
em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL, ECA 1990, Art. 
3º) 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e 
do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação 
dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 
ECA 1990 Art. 4º) 
 
17 
 
 
 
O Estatuto da Criança e Adolescente vem para tornar legítimo o que 
deve ser assegurado para crianças ou adolescentes, direitos essenciais como 
a saúde e educação. 
As leis são uma forma de garantir direitos, e tratando-se de 
especificamente crianças e/ou adolescentes hospitalizados, o Poder Público 
dispõe através destas leis, garantias que beneficiam direta ou indiretamente o 
tratamento e o contexto integral dos pacientes. 
Para Carneiro (2010, p. 414), o que se pretende com a respaldo das leis 
que beneficiam a prática pedagógica em âmbito hospitalar é: 
 
[...] propiciar rotas de humanização para alguém (o aluno) que, de 
repente, se sente descompensado em seu processo de 
desenvolvimento. E a descompensação permitida está na fronteira do 
desrespeito à dignidade da pessoa humana, fundamento 
constitucional irrenunciável. 
 
Quando ocorre um afastamento da criança em seu cotidiano, por motivo 
de hospitalização, costumes e rotinas como ir à sua escola de origem são 
modificados, então elas são tomadas por um forte impacto e tendem a passar 
por momentos de confusão com a nova rotina, o que pode prejudicar seu 
estado físico e emocional e é no amparo das leis educacionais que poderá 
resgatar um pouquinho de seu mundo. 
A Lei n. 9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação – LDB é um 
dispositivo legal que assegura o direito das crianças e jovens à Educação, e 
compreende-la é fundamental aos educadores comprometidos. No capítulo V 
da LDB, encontra-se à Educação Especial, que tem como uma das 
modalidades a Classe Hospitalar, e é no Art. 59 o respaldo quanto aos direitos 
educacionais desta classe: 
 
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com 
necessidades especiais: 
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização 
específicos, para atender às suas necessidades; 
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o 
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de 
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o 
programa escolar para os superdotados; [...] 
(BRASIL, LDB,1996 Art. 59) 
 
18 
 
 
 
As crianças ou adolescentes devem ser tratados dignamente e quando 
adoentados a humanização torna-se palavra-chave, devendo ser exercida nos 
processos que os envolvem. 
Através do Art. 59 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o paciente 
tem garantias quanto à continuação à educação, mesmo debilitado e 
fragilizado. 
Segundo a Secretaria do Estado da Educação de Santa Catarina -
SEESC, conforme o site <http://www.sed.sc.gov.br/educadores/programas-e-
projetos/539> (Acesso em: 09 de Setembro de 2010) o atendimento 
pedagógico hospitalar que corresponde com Classes Hospitalares e 
atendimentos específicos, efetivou-se em Santa Catarina no ano de 1999, 
tendo como objetivos possibilitar e garantir o acesso ao desenvolvimento 
escolar dos alunos que encontram-se hospitalizados, fincando um elo entre a 
criança ou adolescente e sua vivencia educacional. 
A SEESC (Disponível em: 
<http://www.sed.sc.gov.br/educadores/programas-e-projetos/539> Acesso em 
09 de Setembro de 2010) afirma sobre o Programa da Classe Hospitalar, com 
atendimento pedagógico que: 
 
É um programa de acolhimento diferenciado às crianças e jovens 
internados em hospitais que necessitam de acompanhamento 
educacional especial, para que os mesmos não percam a ligação 
com a escola, oferecendo-se atendimento sistemático e diferenciado. 
 
 E ressalta, quanto aos danos que uma hospitalização pode causar ao 
desenvolvimento das crianças e adolescentes e a contribuição das leis para o 
auxílio educacional do educando: 
 
O período de hospitalização pode trazer muitos danos para o 
desenvolvimento das crianças e adolescentes e, além disso, é 
potencialmente traumático e os afasta dos espaços educativos 
formais. A educação nos hospitais é um direito que vem contribuir 
para a formação integral, para que mesmo debilitados não 
interrompam sua aprendizagem. Desta forma, esta modalidade de 
educação facilita na reinserção à escola regular do aluno pós-
hospitalizado, através de um currículo flexibilizado e adaptado da 
ação docente. (SEESC, acesso em 09/09/10) 
 
A carência de aprendizagem pode acarretar na exclusão da criança ou 
adolescente a um de seus direitos fundamentais, e cabe ao governo fazer valer 
19 
 
 
 
estas respectivas leis para uma melhor qualidade de vida ao doente que vise 
“reascender” seu desenvolvimento cognitivo. 
Quando se fala em bases legais, encontra-se também a Resolução do 
Conselho Nacional de Educação, CNE/CEB n. 2/01, instituindo as Diretrizes 
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Esta trata no art.13 
de especificidades do atendimento educacional à criança hospitalizada, 
esclarece o dever dos sistemas de ensino e da saúde para com o atendimento 
especial aos alunosadoentados. 
 
Art. 13. Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os 
sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional 
especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em 
razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, 
atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio. 
(BRASIL, 2001, p. 4) 
 
A atenção Pedagógica em ambiente hospitalar legitima direitos e em 
conjunto com profissionais da área da saúde, possibilita um efeito amenizador 
no tratamento do paciente, ou seja, diminui o afastamento brusco do cotidiano 
e das tarefas antes exercidas como de costume pela criança/adolescente. É 
relevante que sejam realizados novos estudos e pesquisas em prol da 
Pedagogia Hospitalar e consecutivamente a criança hospitalizada, pensando 
em uma expansão do atendimento pedagógico hospitalar e almejando sempre 
novas classes que auxiliem o aluno/paciente. 
 
2.3 O CONTEXTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA (Uma atenção especial do 
pedagogo) 
 
A hospitalização acontece quando ocorre uma enfermidade em que a 
pessoa necessita de atenção integral, exigindo cuidados especiais como um 
âmbito hospitalar adaptado para seu tratamento. 
 A internação faz com que o paciente seja retirado bruscamente de seu 
ambiente natural, bem como sua rotina, podendo ocasionar insegurança, 
estresse e momentos de ansiedade. Tratando-se de crianças se faz necessário 
que a atenção seja redobrada, pois seu ritmo habitual é modificado 
forçadamente e a mesma ainda não consegue ter uma noção clara de que a 
hospitalização acontecerá para o beneficio de seu tratamento. 
20 
 
 
 
 Amorin e Ferro (2007) esclarecem que: 
 
O ser infantil pode perceber a doença, os procedimentos e a 
hospitalização como uma agressão externa; uma punição, podendo 
trazer sentimentos de culpa que repercutirão de forma desfavorável 
no processo de doença, internação e durante sua vida. Esse 
sentimento virá acompanhado de muito sofrimento que poderá ser 
aliviado quando entender o verdadeiro sentido do aparecimento de 
sua doença, da necessidade da hospitalização e dos procedimentos. 
 
 Tratar um ser humano doente envolve muito mais do que medica-lo ou 
fazer curativos. Os cuidados devem suprir também outras necessidades como, 
por exemplo, dar condições de realizar algumas tarefas que faziam antes da 
situação apresentada. Ferreira e Moura contemplam (2008, p. 6) que ”Com 
relação à pessoa hospitalizada, o tratamento de saúde não envolve apenas os 
aspectos biológicos da tradicional assistência médica à enfermidade.” 
Cabe ao Pedagogo ajudar à criança/paciente a entender o processo de 
internação e buscar ferramentas educativas que auxiliem na compreensão do 
mesmo. Não se trata de realizar um trabalho de psicólogo, mas reinserir a 
criança/adolescente no meio educacional de modo que a mesma consiga suprir 
a falta cognitiva que ela poderia apresentar por sua doença. 
 
O ser infantil pode perceber a doença, os procedimentos e a 
hospitalização como uma agressão externa; uma punição, podendo 
trazer sentimentos de culpa que repercutirão de forma desfavorável 
no processo de doença, internação e durante sua vida. Esse 
sentimento virá acompanhado de muito sofrimento, que poderá será 
aliviado quando entender o verdadeiro sentido do aparecimento de 
sua doença, da necessidade da hospitalização e dos procedimentos. 
(AMORIN; FERRO, 2007) 
 
Buscar uma melhor qualidade de vida a estas pessoas é importante para 
amenizar o sofrimento dos pacientes e colaborar para a não exclusão delas em 
seus contextos integrais. 
Se tratando de crianças e adolescentes hospitalizados, eles por muitas 
vezes se encontram mais confusos do que adultos, pois possuem a capacidade 
de compreensão fragilizada pelo momento doloroso, e a classe educacional 
hospitalar auxilia ao não isolamento do cotidiano social dos mesmos, inserindo 
(mesmo que diferentemente) a criança/adolescente em seu antigo contexto. 
Deve-se manter uma atenção especial aos pacientes, sem que olhem apenas a 
enfermidade, e sem que os rotulem pelas patologias clínicas. 
21 
 
 
 
 
A assistência humanizada não é só condição técnica, mas 
primeiramente solidariedade, amor e respeito pelo ser humano, 
uma vez que a criança em sua condição “indefesa” busca nos adultos 
apoio, carinho e compreensão. (AMORIN; FERRO, 2007) 
 
Os profissionais envolvidos com uma estrutura hospitalar, não devem 
esquecer jamais que primeiramente ali se encontram pessoas, cidadãos de 
direitos, pequenos cidadãos que encontram enormes desafios pela situação 
vivente. 
Dar assistência humanizada aos pacientes, tanto na área da saúde 
como na área da educação, fortalece o vínculo que a criança/adolescente tem 
com a sociedade em que vive e traz um pouco mais de segurança quanto à 
continuidade de vida do ser adoentado. 
Um organismo debilitado de saúde fragilizada afeta toda estrutura do 
desenvolvimento de uma pessoa. Tratando-se de crianças e adolescentes, a 
preocupação é ainda maior pela fragilidade que a situação acarreta no 
desenvolvimento físico, psíquico e cognitivo e social da criança, o susto e a 
surpresa são muito maiores quando falamos em crianças, pois a doença é algo 
doloroso que caminha para trás na ordem natural das coisas. 
 
A hospitalização pode tornar-se uma experiência aterrorizante para a 
criança por causa da constante exploração de seu corpo, pela 
realização de inúmeros procedimentos, pela submissão a restrições e 
pela forma como a equipe hospitalar maneja essa experiência. A 
maioria das crianças não são preparadas para a realização de 
exames, não recebem explicações sobre eles, havendo apenas 
instruções de como agir durante sua execução. Como consequência 
desse despreparo sentem medo do desconhecido, que resulta numa 
exacerbação de fantasias que através de seu pensamento mágico e 
simbolismo permitem-na acreditar que suas ideias e pensamentos 
são reais. (AMORIN; FERRO, 2007) 
 
 A criança que realiza um acompanhamento escolar em um Hospital 
diminui seus medos e fantasias aterrorizadas quanto à sua internação. Faz 
com que seu novo cotidiano que possivelmente será de caráter temporário seja 
um pouco mais parecido com o anterior à sua doença, compreende melhor 
esta passagem e neste momento delicado de sua vida não deixará uma lacuna 
cognitiva no paciente. 
22 
 
 
 
 
2.4 A PEDAGOGIA E O PEDAGOGO HOSPITALAR 
 
Pensa-se na educação contemporânea como estrutura norteadora do 
desenvolvimento integral do ser. Mais do que apenas transmitir conhecimentos 
científicos julgados como fundamentais pela sociedade, o papel da educação 
tomou proporções significativas na construção do cidadão, caminhando por 
diferentes áreas, físicas, psíquicas e cognitivas. 
Ao pedagogo cabe uma tarefa transformadora que auxilie ao 
aluno/paciente a passar por este momento angustiante e de plenas condições 
a eles de devagar conseguir se reestabelecer em sua totalidade. 
 
A criança e o adolescente hospitalizados enfrentam um período em 
que sua maneira de ser e estar encontram-se temporariamente 
modificada. Nesse processo, a intervenção pedagógica auxilia a 
criança e o adolescente a darem um significado diferente a esse 
momento de suas vidas. Esse novo significado é possível através de 
dinâmicas pedagógicas e interações com a família e a escola. 
(FONTANA; SALAMUNES, 2009, p. 58) 
 
Ocorrem significativas mudanças na pedagogia enquanto classe 
hospitalar, como a flexibilidade de horários, ritmo das atividades o que depende 
das condições físicas do aluno, e questões emocionais mais explícitas, no qual 
o pedagogo deve estar preparado pra estas situações. A pedagogia é 
necessária para a educação de uma sociedade, porém quando falamos de 
Pedagogia Hospitalar, sua dimensão se expande com força máxima 
envolvendo grandesquestões que sustentam com veemência o 
desenvolvimento integral do ser, pois é nesta área que a visão do Pedagogo 
deve não só abranger o paciente em sua totalidade, como também levar em 
consideração as partes específicas do desenvolvimento da 
criança/adolescente. 
 
Sob a influência de nova mentalidade, novos enfoques, com 
abrangência no homem como ser total vem a Pedagogia Hospitalar 
despontando com enorme força de contribuição para o afastamento 
do enfoque conservador exclusivamente biológico, quando ignorada 
as múltiplas contradições presentes no processo saúde – doença. O 
aspecto biológico da doença/hospitalização por tanto não ocorre de 
forma isolada. Faz ele parte de um intricado complexo de sistemas, 
dentre os quais de natureza psicológica e social se associam num 
intimo e intenso entrelaçamento. (MATOS; MUGIATTI, 2009 p. 89) 
 
23 
 
 
 
Abrem-se literalmente os olhos para a criança/adolescente e suas totais 
especificidades e deixa de lado o fato de tratar o paciente por sua doença sem 
outras preocupações integrais ou sem levar em consideração que são pessoas 
no auge de seus desenvolvimentos. 
Na educação hospitalar os profissionais da área da saúde trabalham em 
parcerias com os pedagogos, fazendo assim um constante trabalho de 
reestabelecimento do paciente. 
 
Sabe-se, também, da importância da comunicação e do diálogo entre 
os elementos das equipes no ambiente hospitalar. Reitera-se aqui a 
imperiosa necessidade de observação e ação integrada em todos os 
aspectos conflitantes que particularizam cada caso, como também da 
necessidade do encontro dos profissionais em linguagens comum, 
para as respectivas discussões, considerando o individuo em sua 
totalidade. (MATOS e MUGIATTI, 2009, p. 101) 
 
A Pedagogia Hospitalar como área educacional busca primeiramente dar 
continuidade a escolarização regular das crianças e adolescentes que estão 
hospitalizadas, porém diversos fatores surgem nesta classe, os profissionais 
envolvidos são preparados para atender as especificidades de cada um. 
Os conteúdos realizados na Classe Hospitalar incluem diversas áreas do 
conhecimento que dependem das necessidades apresentadas pelos 
educandos para serem trabalhadas. 
A área da educação em âmbito hospitalar realiza um trabalho amplo, 
que diariamente analisa as situações físicas e emocionais dos alunos/pacientes 
para então depois adaptar um trabalho que se adeque a cada 
criança/adolescente. 
 
A Pedagogia Hospitalar, destarte, com o devido respaldo cientifico, 
vem se constituir na exata e necessária resposta: vem contribuir, no 
âmbito da Ciência do Conhecimento, para uma inovadora forma de 
enfrentar os problemas clínicos, com elevado nível de discernimento. 
Trata-se, justamente, do desenvolvimento de ações educativas, em 
natural sintonia com as demais áreas, num trabalho integrado , de 
sentido complementar, coerente e cooperativo, numa fecunda 
aproximação de benefício do enfermo, em situação de fragilidade 
ocasionada pela doença.” (MATOS, MUGIATTI, 2009, p. 16) 
 
Os educadores tem nas mãos um papel valioso de grande dimensão, 
faz-se necessário que estejam preparados para tal, busquem sempre 
diferentes formas de colocar em prática uma educação de qualidade para 
24 
 
 
 
contribuir ao desenvolvimento integral das crianças e adolescentes 
hospitalizados. 
Cabe ao educador estabelecer uma relação de confiança, estando 
aberto ao diálogo para que consiga trabalhar a autoestima e promova 
resultados visíveis ao tratamento do doente. 
 
O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces 
(política, pedagógica, psicológica, social, ideológica), mas nenhuma 
delas é tão constante quanto à da disponibilidade de estar com o 
outro e para o outro. Certamente, fica menos traumático enfrentar 
esse percurso quando não se está sozinho, podendo compartilhar 
com o outro a dor, por meio do diálogo e da escuta atenciosa. 
(FONTES, 2005, p. 123) 
 
O pedagogo hospitalar trabalha para dar uma nova significação ao 
momento vivido pela criança, lançando um olhar de empatia e fazendo o 
educando sentir-se um pouco mais confortável a nova rotina. 
O hospital, por si só torna-se um local tenso com pessoas muitas vezes 
angustiadas pela situação vivida, sendo que não apenas o enfermo como 
também sua família se envolvem neste momento, portanto o trabalho da 
pedagogia é bem mais amplo do que as pessoas imaginam. O pedagogo deve 
saber quando falar e quando se calar, ele faz uma ponte fundamental entre 
escola e hospital, entre os sofrimentos vividos para os conhecimentos 
adquiridos, é como um efeito amenizador das dores provocadas nestas 
circunstancias. 
 
A escuta pedagógica diferencia-se das demais escutas realizadas 
pelo serviço social ou pela psicologia no hospital, ao trazer a marca 
da construção do conhecimento sobre aquele espaço, aquela rotina, 
as informações médicas ou aquela doença, de forma lúdica e, ao 
mesmo tempo, didática. Na realidade, não é uma escuta sem eco. É 
uma escuta da qual brota o diálogo, que é à base de toda a 
educação. (FONTES, 2005, p. 123 a 124) 
 
 Todos que de alguma forma estão envolvidos com esta situação de 
cuidados e atenção à criança/ adolescente, incluindo a Pedagogia Hospitalar, 
devem buscar desenvolver projetos e ações que resignifiquem este momento 
sem excluir a criança a sua total rotina e vontades de infância e adolescência. 
 Trata-se de restabelecer a criança em todos os aspectos para que 
quando ocorrer uma possível alta a mesma não se sinta excluída. 
25 
 
 
 
2.5 A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO HOSPITAL INFANTIL JOANA DE 
GUSMÃO - HIJG 
 
Falar sobre Pedagogia Hospitalar sem um exemplo prático de 
funcionamento desta área, bem como suas finalidades, é explorar um estudo 
esquecendo sua essência, que por ventura, traz uma concordância maior a 
pesquisa. Por este fato nada melhor do que apresentar ao leitor um exemplo de 
sucesso na aplicabilidade desta área tão nobre inserida em um grande hospital 
pediátrico. 
Segundo o Ministério da Saúde (1977 apud FONTES, 2005, p. 121) um 
hospital além de ser um ambiente que visa à cura do sistema biológico do ser 
humano, também é um centro de educação: 
 
Hospital é a parte integrante de uma organização médica e social, 
cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência 
médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de 
atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro 
de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em 
saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe 
supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele 
vinculados tecnicamente. 
 
Algumas informações sobre a Pedagogia Hospitalar do Hospital Infantil 
Joana de Gusmão foram retiradas do site desta instituição de saúde (HIJG. 
Disponível em: <http:// www.saude.sc.gov.br/hijg/pedagogia/historico/htm> 
Acesso em: 25 de Setembro de 2010), sendo esta uma das fontes de estudo. 
O Hospital Infantil Joana de Gusmão – HIJG, esta localizado na Rua Rui 
Barbosa do bairro Agronômica em Florianópolis – SC, mantém como divisão 
interna 6 unidades de internação, Berçário, Emergência Interna, Isolamento, 
Oncologia, Ortopedia, Unidade de Queimados, UTI Geral e UTI Neonatal. 
Está vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, considerando-o pólo em 
pediatria no estado, sendo que atende não apenas pacientes de Florianópolis 
como também de outros municípios de Santa Catarina. 
Para que o paciente seja acompanhado em sua integridade e não 
apenas em sua doença, o HIJG dispõe de equipes multiprofissionais, uma área 
interage com a outra, ajudando na melhor qualidade de vida para as crianças e 
adolescentes que lá se encontram. É então onde se inclui a Pedagogia. 
26 
 
 
 
No atendimento Pedagógico a criança/adolescentevê a oportunidade de 
continuar desenvolvendo-se cognitivamente como fazia em seu âmbito escolar 
de origem. 
 
O papel da educação no hospital, e com ela, o do professor, é 
propiciar à criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, 
resignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença 
e suas relações nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica 
surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que 
chamamos de pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a 
ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações 
coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos 
que contribuam para uma nova compreensão de sua existência, 
possibilitando a melhora de seu quadro clínico. (FONTES, 2005 apud 
CASTRO, 2010, p. 99 a 100) 
 
Através de suas estruturas e especialidades o HIJG procura dar plenas 
condições aos seus pacientes de se restabelecerem física, psíquica, e 
cognitivamente para que possam voltar para suas rotinas diárias sem 
quaisquer traumas que uma hospitalização possa causar. 
Segundo Brazelton “É necessário tornar a hospitalização positiva para a 
criança, ressaltando que esta pode aprender em situações de tensão e que a 
maneira como se coloca o enfrentamento dessas situações fará com que ela 
seja conduzida positivo para vida futura.” (1990 apud CASTRO, 2010, p. 97) 
A história da pedagogia no HIJG começou quando ainda na década de 
70, fechou-se um convenio entre o Hospital, a Secretaria de Estado da Saúde e 
a Fundação Catarinense de Educação Especial, que em seu início contava 
apenas com uma pedagoga, pois era apenas para um programa de 
estimulação precoce que atendesse a crianças de 0 a 6 anos com dificuldades 
no desenvolvimento psiconeuromotor. 
Foi apenas na década de 80 que se iniciou um programa de atendimento 
pedagógico e psicopedágogico, trazendo para o hospital, mais profissionais da 
área. 
 
A atuação deste profissional iniciou na década de 70 com a 
implantação do Programa de Recuperação Neuropsicomotora de 
Crianças Severamente Desnutridas, onde a equipe multiprofissional 
assistia a criança em suas especificidades afetivas, cognitivas e 
sociais. Atualmente, as ações da equipe pedagógica vêm sendo 
desenvolvidas através de programas educacionais, realizados por 
pedagogas, professoras, recreadoras e estagiários. (HIJG. Disponível 
27 
 
 
 
em: <http:// www.saude.sc.gov.br/hijg/pedagogia/historico/htm> 
Acesso em 25 de Setembro de 2010) 
 
 A partir do ano de 1999 foi implementado à Classe Hospitalar tendo 
como parceria a Secretaria Estadual da Educação e a Secretaria Estadual da 
Saúde, pelo qual recebeu uma sala de aula específica dentro do HIJG para a 
Educação Infantil e Anos Iniciais. 
Atualmente encontra-se no Hospital Infantil Joana de Gusmão 5 
programas educacionais de apoio à criança hospitalizada, o Ambulatório de 
Triagem, Atendimento Pedagógico em Equipe Multidisciplinar, Atendimento 
Escolar Hospitalar, Recreação e Estimulação Essencial. 
No Ambulatório de Dificuldades de Aprendizagem, que dependendo 
da dificuldade apresentada pelo aluno, realiza um trabalho especializado com 
Psicopedagogos. 
 
O atendimento realizado pelo Ambulatório de Dificuldade de 
Aprendizagem do Hospital Infantil Joana de Gusmão tem nos 
demonstrado que a identificação das causas das dificuldades de 
aprendizagem, dependendo da gravidade do quadro, requer uma 
intervenção especializada (psicopedagógica), com profissionais 
capacitados na área. Estes profissionais vão exercer o papel de 
ensinante, solidificando aspectos relacionais, afetivos, e psicológicos 
junto à criança e ao adolescente, a sua família e principalmente junto 
a sua escola. As escolas e os pais devem ser orientados com 
informações práticas, que possam ser utilizadas como ferramentas 
para estes escolares levando-os a resgatar a vontade e o prazer de 
ensinar-aprender, “saber – sabor de aprender”. (HIJG. Disponível 
em: <http:// www.saude.sc.gov.br/hijg/pedagogia/historico/htm> 
Acesso em 25 de Setembro de 2010) 
 
 
 No ambulatório são realizadas avaliações e atendimentos 
psicopedagógicos e um possível diagnóstico ao aluno/paciente que apresenta 
dificuldade de aprendizagem ou atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, 
este diagnóstico é feito por uma equipe de profissionais especializados, 
incluindo Pedagogo, Psicopedagogo, Médico Geneticista e Médico 
Neurologista. Após o diagnóstico são realizadas pela Pedagoga e 
Psicopedagoga orientações à escolar de origem da criança, para a adaptação 
as suas necessidades. Dependendo das condições do paciente as consultas e 
atividades serão individuais ou em grupos por faixa etária. 
28 
 
 
 
O Atendimento Pedagógico em Equipe Multidisciplinar, é o 
atendimento educacional diretamente na unidades em que os pacientes não 
tem condições de deambular, também é um programa educacional que visa a 
interação dos profissionais do HIJG e o processo escolar. 
O Atendimento Escolar Hospitalar são as aulas ministradas por 
Pedagogas que estão vinculadas à Escola Estadual de Educação Básica 
Padre. Anchieta, que se localiza também no bairro Agronômica, encontrando-
se inclusive perto do hospital. O HIJG mantém também parcerias com 
Universidades o que possibilita ao estudante de pedagogia ou psicopedagogia 
a oportunidade de estagiar nesta área. 
Após o terceiro dia em que o educando freqüentar a classe hospitalar é 
realizado um contato por telefone com a sua respectiva escola regular, no qual 
são explicados os procedimentos e organizado as aulas enquanto a criança 
encontra-se hospitalizada, e após alta hospitalar a escola de origem recebe 
pelos correios um relatório descritivo contendo as atividades do aluno e seus 
objetivos alcançados. 
Na Recreação a criança tem acesso a brincadeiras, com ações que 
estimulem o brincar e minimizam o processo dolorido que exerce uma 
hospitalização. 
A Estimulação Essencial é um programa realizado por uma equipe 
com diferentes áreas como Médicos, Psicólogos e Pedagogos, para crianças 
de 0 a 6 anos que apresentam algum atraso Neuropsicomotor e foi criando 
para estimular este processo do desenvolvimento da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS: A IMPORTÂNCIA DAS 
CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS EM AMBIENTE HOSPITALAR 
 
A pesquisa que norteou o referente trabalho teve como foco de análise 
as práticas pedagógicas no Hospital Infantil Joana de Gusmão, no qual através 
das entrevistas realizadas nos dias 30/03, 31/03, 04/04 e 05/04 de 2011 com 
as pedagogas da instituição, pôde se observar as contribuições que a 
pedagogia traz para as crianças que se encontram em tratamento no ambiente 
hospitalar. 
Ao realizar meu estágio em Técnico de Enfermagem no HIJG no ano de 
2008, observava com indagação o fato de que as crianças aceitavam muito 
melhor os cuidados de enfermagem depois que saiam da recreação ou das 
aulas no hospital, elas ficavam felizes com sorrisos nos lábios, isto me 
surpreendia e eu via o quanto a pedagogia contribuía para o tratamento dos 
pacientes, porém faltava-me embasamento teórico que justificasse estas 
contribuições, o que encontrei nesta pesquisa realizada. 
O fator emergente sobre a Pedagogia Hospitalar que se observou em 
muitos momentos nesta pesquisa, incluindo nas entrevistas realizadas foi à 
importância que as práticas pedagógicas exercem nos hospitais, auxiliando 
muitas vezes no tratamento da criança/paciente. A criança enquanto paciente 
não pode ser tratada e vista apenas por sua doença ou deficiência, os 
profissionais diretamente ligados a ela devem tratar todos seus aspectos, 
incluindo o cognitivo e o emocional. 
Matos e Mugiatti (2009) atentam para o fato de que não se pode olhar o 
paciente apenas pelo seu caso físico, mas sim levar em consideraçãoos 
fatores psicossociais por trás da doença. “Trata-se do atendimento a uma 
pessoa, em todas as suas dimensões, e não, simplesmente, da atenção a uma 
determinada doença.” (p.20) As autoras esclarecem que o estado do paciente 
muitas vezes é multifatorial, por isso é necessário compreende-lo em de outros 
aspectos. 
Geralmente o Hospital é visto pela sociedade como um local para se 
tratar doenças, porém algumas pessoas desconhecem as relações presentes 
dentro dele, os benefícios que ali são adquiridos, e não apenas benefícios 
físicos. 
30 
 
 
 
A Pedagoga Margarida, em resposta a pergunta sobre a importância que 
a Pedagogia Hospitalar tem, esclarece o fato de que um hospital vai além de 
um ambiente com diferentes doenças. Segundo ela: 
 
“As pessoas geralmente associam a imagem do Hospital apenas aos 
aspectos ruins, a doenças e sofrimento, o que de certa forma não 
deixa de ser, porém há um apoio, a Pedagogia Hospitalar, que não só 
auxilia ao tratamento do paciente como também serve para auxiliar 
em possíveis dificuldades de aprendizagens das crianças. É uma 
área da Educação Hospitalar que possibilita novos caminhos na 
educação.” (MARGARIDA, entrevista do dia 04 de Abril de2011) 
 
O pedagogo hospitalar tem um trabalho amplo que vai além de 
simplesmente ensinar conteúdos escolares para que os alunos não tenham 
prejuízos cognitivos devido ao tratamento, esse profissional da educação 
realiza uma escuta no sujeito, auxilia na relação que as crianças têm com suas 
inseguranças e medos. Para Martins (2009, p. 100) “A escuta vai muito mais 
além dos choros e das vozes, ela interpreta o desejo, o olhar, a dor da criança, 
lê nas entrelinhas dos movimentos à sua volta, visualizando a esperança que a 
criança tem em viver.” Cabe ao pedagogo ter sensibilidade para compreender e 
buscar subsídios para trabalhar com as necessidades cognitivas e 
possivelmente acopladas às necessidades emocionais apresentadas pela 
criança. 
As crianças hospitalizadas por diversas vezes se amedrontam com a 
rotina de um hospital. É como observar com os olhos minguados, todo aquele 
ar de dor, todas aquelas doenças pairando aos seus redores e não entenderem 
porque fazem parte daquele sofrimento. 
Angustiam-se na chegada daquelas pessoas de branco (médicos e 
enfermeiros), pois já não sabem o que lhes esperam, se são notícias boas ou 
mais um daqueles momentos em que terão que passar por algum 
procedimento médico. 
É uma rotina árdua que mexe com toda a estrutura do sujeito adoentado, 
distanciando ele do seu cotidiano natural, as brincadeiras e conversas com 
seus colegas, sua escola de origem e o aconchego do lar, isso pode deixa-lo 
inseguro, com medo, muitas vezes se sentindo sozinho, deprimido e sendo 
obrigado a se estabelecer em um local diferenciado. 
31 
 
 
 
 Carneiro (2010, p. 412) aponta os aspectos apresentados pela criança 
quanto a sua internação: 
 
No caso de doenças graves e prolongadas a criança vai se deixando 
tomar por um quadro de progressivo silencio com repercussões 
agudas em sua autoestima. Pode-se dizer então que a ausência de 
escolarização decorrentes de estados patológicos é um fator de 
exclusão da criança da vida natural e espontânea à medida que há 
um comprometimento de todo o processo de escolarização. 
 
 A Pedagogia Hospitalar pode trazer para a criança a segurança de que 
não será arrancada bruscamente de sua vida cotidiana, que mesmo em um 
hospital, participará de momentos educacionais, resgatará sua confiança e 
firmará sua capacidade de criação. 
 Para a pedagoga Rosa, responsável pelo setor de recreação do Hospital 
Infantil Joana de Gusmão, a Pedagogia Hospitalar traz consigo um pedacinho 
do cotidiano do paciente, em entrevista no dia 30 de Março de 2011, a mesma 
relatou que: “Quando há a Pedagogia dentro de um Hospital a criança se sente 
mais segura, pois tem um pedacinho de seu cotidiano dentro de um local que 
muitas vezes é visto com tanto temor.” Observa-se que o trabalho pedagógico 
em um hospital é amplo e não se resume às aulas para repor seu afastamento 
à escola de origem. 
 O trabalho pedagógico realizado no HIJG busca atender a criança em 
sua totalidade, respeita suas limitações e estimula suas potencialidades, 
sempre com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento integral do ser. Não se 
trata de apenas disponibilizar um local para que o paciente possa brincar, mas 
de realizar um conjunto de ações que visam melhorar todos os aspectos da 
criança. 
 
“A Pedagogia Hospitalar é muito mais ampla do que as pessoas 
imaginam, quando falamos nela muitas pessoas pensam se tratar de 
algumas professoras que brincam com os pacientes e não sabem o 
quanto é ampla e quantos projetos existem dentro dela. No Hospital 
tem as aulas, as brincadeiras e a brinquedoteca que alguns Hospitais 
têm o ambulatório que auxilia na dificuldade de crianças que não 
necessariamente estejam internadas e a estimulação essencial para 
crianças que estimula o desenvolvimento neuromotor das crianças, é 
uma área da educação importante e necessária.” (MARGARIDA, 
entrevista do dia 30 de Março de 2011) 
 
32 
 
 
 
 A partir da fala de Margarida, pôde-se perceber que o trabalho 
educacional dentro de um Hospital Infantil não se resume em atividades 
escolares para que não ocorra uma defasagem quanto ao seu aprendizado 
regular, a educação neste ambiente é muito mais explorada, existem vários 
projetos que juntos, criam uma teia de aprendizagem e objetivam sempre, o 
desenvolvimento qualitativo das crianças em todos seus aspectos. 
Fontes (2005, p. 21) entende que o trabalho especializado da pedagogia 
em ambiente hospitalar, traz bens maiores do que simplesmente os benefícios 
cognitivos. Na concepção da autora: 
 
A Pedagogia Hospitalar é um trabalho especializado bastante amplo 
que não se reduz à escolarização da criança hospitalizada. Ela busca 
levar a criança a compreender seu cotidiano hospitalar, de forma que 
este conhecimento lhe traga um certo conforto emocional. Isso lhe 
pode ajudar a interagir com o meio de uma forma mais participativa. 
 
 O pedagogo pode também colaborar com outros profissionais ligados ao 
tratamento do paciente, quando essa relação acontece, beneficia muito a 
criança, por exemplo, quando o educador desenvolve atividades que levantam 
a autoestima dela, esta passa não a se conformar, mas aceitar sua condição 
temporária e perceber que a doença não a faz incapacitada, pelo contrário, 
com orientação encontrará dentro do hospital, possibilidades para seu 
desenvolvimento. 
Quando perguntado sobre os benefícios da Pedagogia Hospitalar, 
Amarílis (Entrevista no dia 31 de Março de 2011) respondeu que: 
 
“Os benefícios no tratamento das crianças são muitos, pois mesmo 
com a saúde debilitada os pacientes estudam, brincam e interagem 
com outros pacientes, o que faz com que eles aceitem melhor o 
momento que estão passando, além de que quando trabalhando com 
seu cognitivo esquecem muitas vezes das dores que passam ou pelo 
menos diminui, pois estão com a mente ocupada.” 
 
Nesta concepção, analisa-se que o profissional da educação, em 
hospitais que tem um olhar atento aos pequeninos, saberá fazer dos momentos 
de insegurança apresentados por eles, momentos únicos de aprendizado, e 
consecutivamente, as crianças poderão se sentir mais confiantes. 
Sobre os momentos educacionais presentes nas diversas atividades 
pedagógicas de auxilio ao paciente, Oliveira (2010, p. 231) aponta que: 
33 
 
 
 
 
Aproveitar este momento para explorar o potencial criador da criança 
ou adolescente hospitalizado valendo-se das artes plásticas, da 
musicalização, da contação de histórias, da poesia e leitura, do 
brincar e tantos outros meios, é pode-se dizer, atender as 
necessidades sócio, afetivas, cognitivas da criançaque se nos 
apresenta naquele momento, muitas vezes fragilizada física e/ ou 
emocionalmente. 
 
Estas atividades melhoram o jeito em que o paciente olha para seu 
tratamento passando a vê-lo como um estágio que tem que passar para sua 
melhora e por consequência facilita os procedimentos dos médicos e 
enfermeiros. As crianças precisam ser informadas dos que esta acontecendo, 
de suas possibilidades, de suas limitações, precisam entender o porquê será 
necessário tal procedimento, e é preciso que estes aspectos sejam trabalhados 
com ele. 
 Ferreira e Moura (2008, p. 6) consideram importante à reorganização da 
assistência hospitalar para assegurar as necessidades à pessoa hospitalizada: 
 
A experiência de adoecimento e hospitalização implica mudar rotinas; 
separar-se de familiares, amigos e objetos significativos; sujeitar-se a 
procedimentos invasivos e dolorosos e ainda, sofrer com a solidão e 
o medo da morte – uma realidade constante nos hospitais. 
Reorganizar a assistência hospitalar, para que dê conta desse 
conjunto de experiências, significa assegurar, entre outros cuidados, 
o acesso ao lazer, ao convívio com o meio externo, às informações 
sobre seu processo de adoecimento, cuidados terapêuticos e ao 
exercício intelectual. 
 
 Como ponto relevante que contempla a importância das contribuições 
pedagógicas no hospital, trabalhando, por exemplo, a autoestima do paciente, 
a pedagoga Rosa destaca um fato que a marcou: 
 
“Esses tempos foi realizado uma conferencia de Cardiologistas, e um 
médico me perguntou se tinha como eu fazer junto com os pacientes 
a lembrancinha do evento, suamos mais fizemos em uns três dias 
mais de 100 caixinhas decoradas, os adolescentes adoraram e 
faziam com a maior vontade, estavam se sentindo úteis e saber que 
as lembranças de uma conferencia de Médico foi feita por eles 
aumentou muito a autoestima de todos. Isso mostra como é 
importante esses trabalhos manuais, estes artesanatos e esta 
produção que realizam na recreação, é um momento de esquecer os 
problemas.” (ROSA, entrevista no dia 30 de Março de 2011) 
 
 Constata-se na fala de Rosa, que a educadora possui a capacidade de 
fazer um momento recreativo mexer com a visão que as crianças estão tendo 
34 
 
 
 
de si mesmas dentro de um hospital, esta sensibilidade aguçada permite ao 
profissional buscar sempre maneiras para fazer uma situação difícil, 
transformar-se em exercícios cognitivos, sociais e emocionais. 
 A ação docente na especificidade hospitalar deve ser capaz de construir 
uma ponte entre educação e saúde, desenvolvendo a evolução de ambos os 
aspectos na criança/paciente. 
 Respaldando tais constatações, encontra-se na obra das autoras Matos 
e Mugiatti (2009, p. 116) o esclarecimento de que a estrutura da Pedagogia 
Hospitalar rompe as barreiras do simples trabalho de escolarização. Segundo 
elas: 
 
A estruturação de uma pedagogia hospitalar deve trazer uma ação 
docente que provoque o encontro entre a educação e a saúde. A sua 
respectiva atuação não pode visar, como ponto principal, o resgate da 
escolaridade, mas o atendimento da criança/adolescente que 
demanda atendimento pedagógico. Para tanto os educadores devem 
estar de posse de habilidades que o faça capaz de refletir sobre suas 
ações pedagógicas, bem como de poder ainda oferecer uma atuação 
sustentada pelas necessidades e peculiaridades de cada criança e 
adolescente hospitalizado. 
 
 Do decorrer de toda a pesquisa, pode se observar que a relação de 
confiança entre criança e pedagogo é um fator fundamental para o 
desenvolvimento de um trabalho significativo e eficaz ao paciente. A conexão 
entre ambos deve ser estabelecida antes de qualquer processo, só assim a 
criança se sentirá a vontade para expressar suas angustias e também 
colaborará para que o trabalho do educador seja voltado para as 
especificidades dela. 
 No dia 05 de Abril de 2011, a pedagoga Iris relatou que em seu trabalho 
é necessário primeiro de tudo a confiança, em entrevista neste dia, ela relatou 
que: 
 
“Para um bom trabalho primeiramente estabeleço uma relação de 
confiança com a criança, faço com que ela sinta que pode confiar em 
mim, que respeito seu momento, que estou aqui para ajuda-la, então 
após nos conhecermos e ficarmos a vontade um com o outro começo 
meu trabalho. Na Pedagogia Hospitalar devemos sempre respeitar e 
apoiar as crianças, pois sempre quem esta no Hospital esta passando 
por um momento difícil, precisa de atenção e estabelecer uma 
conexão com o mundo real.” 
 
35 
 
 
 
Como já mencionado, observa-se o quanto é fundamental a relação que 
o pedagogo estabelece com o paciente em sua passagem pelo hospital. 
Autores que estudam a pedagogia hospitalar frisam exatamente esta conexão, 
como é o caso de Fontes (2005, p. 123) ressaltando que: 
 
O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces 
(política, pedagógica, psicológica, social, ideológica), mas nenhuma 
delas é tão constante quanto a da disponibilidade de estar com o 
outro e para com o outro. Certamente, fica menos traumático 
enfrentar esse percurso quando não se está sozinho, podendo 
compartilhar com o outro a dor, por meio do diálogo e da escuta 
atenciosa. 
 
O olhar pedagógico quanto às especificidades de cada criança é 
fundamental, não basta ensinar algo, passar tarefas, ou entreter o paciente 
com jogos e leituras, o pedagogo hospitalar faz muito mais do que isso, é um 
ser empático que sabe o momento de falar e de calar, de escutar e de 
contribuir. As atividades que estes profissionais destinam aos pacientes 
sempre apresentam um objetivo que respalda no momento vivido, estas 
atividades contribuem com o cognitivo dos alunos como também com o 
psicológico e o físico. 
A pedagoga Rosa traz um fato que exemplifica como se oportunizar, 
através de uma atividade, momentos de aprendizagem significativa, de 
entretenimento e de auxílio ao tratamento dos pacientes. Em entrevista, no dia 
30 de Março de 2011 ela afirma que: 
 
“Na sala de recreação trago opções de atividades para que 
escolham, por exemplo, a pascoa esta chegando, então conversei 
com eles sobre a pascoa e seus significados, o que este dia 
representa para cada um e juntos confeccionamos uma espécie de 
cestinha com EVA com tubo usado para enrolar linha. Adoraram a 
possibilidade, pois mesmo eles estando internados puderam fazer as 
cestas para dar de presente aos irmãos, pai, mãe e amigos, 
geralmente querem fazer mais de uma. Vê a importância, ao invés de 
ficarem deitados na cama do Hospital esperando a medicação ou só 
vendo televisão quando tem, estão produzindo, interagindo com os 
outros pacientes e até esquecendo mesmo que por um momento, de 
suas doenças.” 
 
Através das falas das pedagogas responsáveis pelo setor da Pedagogia 
Hospitalar do Hospital Infantil Joana de Gusmão, observa-se o fato de que 
neste âmbito o trabalho pedagógico é entrelaçado por uma série de 
36 
 
 
 
significados e objetivos, é como se estas profissionais não se atentassem em 
apenas desenvolver o lado cognitivo das crianças para que elas não se sintam 
prejudicadas em suas escolas regulares, estas educadoras conseguem fazer 
de seus exercícios e atividades uma espécie de ciclo, integrando a saúde e 
bem estar do paciente com sua educação e desenvolvimento. Contribuindo 
para tal, Matos e Mugiatti (2009, p. 29) afirmam que esta área da Pedagogia, 
“[...] aponta, ainda, mais um recurso contributivo à cura. Favorece a associação 
do resgate, de forma muiti/inter/transdisciplinar, da condição inata do 
organismo, de saúde e bem-estar, ao resgate da humanização e da cidadania.” 
Outro destaque na educação em âmbito hospitalar é a Classe 
Hospitalar, na qual acontece um resgate de aprendizagem, ou seja, é nela que 
o aluno/paciente poderá dar continuidade aos seus estudosescolares mesmo 
estando em tratamento médico. O Pedagogo neste aspecto serve como uma 
ponte que propicia ao aluno a ligação entre escola e hospital, físico e cognitivo. 
Schilke (2008, p. 15) registra que a Classe Hospitalar “Tem por objetivo 
propiciar o acompanhamento curricular do aluno, quando este estiver 
hospitalizado, garantindo a manutenção do vínculo com as escolas por meio de 
um currículo flexibilizado.” 
A professora Amarílis, responsável pela Classe Hospitalar no HIJG, em 
entrevista, faz um relato interessante sobre a relevância que esta classe tem 
para o paciente: 
 
“Quando a criança chega a um Hospital para tratamento, esta com 
medo, insegura não sabe como passar por esse momento difícil, pois 
sua rotina muda completamente. Muitas vezes as medicações são 
fortes e ela não intende o porquê precisou estar ali e quando 
descobre as possibilidades que existe em seu cotidiano e que 
também tem no Hospital Infantil, como as aulas ela passa a lidar 
melhor com sua doença e seu tratamento. Na classe a criança se 
sente importante, faz uma ligação entre a escola de origem e suas 
aulas no espaço hospitalar, se esforça para mostrar o que aprendia e 
quer aprender mais e mais para quando voltar para sua escola 
mostrar que sabe igual ou até mais que seus colegas.” (Amarílis, 
entrevistada no dia 31 de Março de 2011) 
 
Vê-se em seu relato a consciência que a educadora tem da dimensão 
que a pedagogia exerce em um hospital, a criança que usufrui dos projetos 
educacionais existentes neste ambiente sentem-se menos agredidas pela vida, 
37 
 
 
 
passam a ver o hospital como um lugar de renovação, de aprendizado e muitas 
vezes inconscientemente tornam-se mais fortes. 
A clareza do que é, e para que serve a Pedagogia Hospitalar é outro 
ponto de reflexão bastante emergente, um fato interessante é que muitas 
pessoa não tem este esclarecimento, ou não tem a noção do quanto o trabalho 
pedagógico é amplo. Os materiais, comparados a outros temas educacionais 
ainda são poucos e seria importante um trabalho de esclarecimento sobre o 
assunto, não só aos profissionais da área da educação, como também para a 
sociedade em geral, pois ninguém esta livre de um dia talvez ter que passar 
alguma situação delicada em um hospital. 
Fontes (2005, p. 121) destaca as interfaces do trabalho pedagógico nos 
ambientes hospitalares: 
 
O trabalho pedagógico em hospitais apresenta diversas interfaces de 
atuação e esta na mira de diferentes olhares que o tentam 
compreender, explicar, e construir um modelo que o possa 
enquadrar. No entanto, é preciso deixar claro que tanto a educação 
não é elemento exclusivo da escola quanto a saúde não é elemento 
exclusivo do hospital. 
 
O trabalho educacional no hospital atinge áreas extensas, acalma e 
distrai nos momentos difíceis que o paciente pode estar passando, encontra 
muitas vezes soluções que melhoram o ensino do aluno como é no caso do 
ambulatório de aprendizagem e na estimulação essencial, propicia momentos 
de alegria mediante a dor apresentada e faz com que as crianças possam 
continuar a serem crianças, brincando, interagindo e se desenvolvendo de 
forma significativa. Atingindo estes objetivos, consecutivamente a pedagogia 
pode auxiliar para que o tratamento da criança apresente um quadro de 
melhora, pois desenvolve a autoconfiança, ou pelo menos a Pedagogia 
Hospitalar, auxiliar para que os momentos vividos dentro de um hospital não 
sejam tão dolorosos e tristes. 
Contribuindo com este ponto, Íris, pedagoga responsável pela 
estimulação essencial do HIJG, em entrevista no dia 05 de Abril de 2011, 
responde sobre a importância que a Pedagogia Hospitalar tem para ela: 
 
“A criança é um ser em constante transformação e aprendizagem que 
algumas vezes apresenta necessidades específicas, a Pedagogia 
38 
 
 
 
Hospitalar vai até estas necessidades e tenta encontrar um caminho 
para auxilia-las. O Hospital por si só já é um ambiente relacionado à 
dor e sofrimento e a criança se amedronta com o fato de estar ali 
sendo arrancada involuntariamente de seu cotidiano e trazer um 
pouquinho da Pedagogia até ela a faz com que ela se sinta segura e 
mais perto de sua realidade de costume. Na Pedagogia Hospitalar a 
criança encontra apoio Pedagógico para um problema que esta 
enfrentando e aprende com o momento vivido. A criança sente 
segurança e acredita mais em seu potencial.” 
 
Nas respostas das Pedagogas do HIJG, em vários momentos o que se 
observa é o papel fundamental que a educação tem em um Hospital Pediátrico, 
fazendo com que este ambiente que geralmente é carregado de significados 
ruins se transforme em um ambiente de renovação e aprendizagem. O ser 
essencial de foco nesta área da educação é a criança e suas especificidades, 
sejam elas físicas, cognitivas, ou até mesmo emocionais, e o que se evidencia 
nas pedagogas é a percepção que elas têm sobre as contribuições que a 
Pedagogia Hospitalar propicia aos tratamentos de seus educandos/pacientes. 
O que se coloca como fator reflexivo é o quão importante e bem 
estruturado devem ser os projetos educacionais neste ambiente e como é 
necessário que os educadores que fazem parte destes projetos tenham um 
olhar empático e delicado a cada ser, que entendam a criança não como um 
ser que esta adoecido e que por ventura possa falecer, mas sim como uma 
criança que luta, que sonha que aprende e não deve ser esquecida pela 
educação, como Castro (2010, p. 49) faz referência: 
 
[...] no hospital se trabalha diariamente na luta entre a vida e a morte, 
o corpo, pode estar doente, no entanto, a mente é sã, portanto não se 
detém o olhar, o fantasiar e se planejar a vida que ficou do lado de 
fora. Pode-se até saber que amanhã não se encontrará aquela 
criança, mas isto não lhe dá o direito, como professor, de julgar ou 
escolher se vale a pena ou não compartilhar o conhecimento 
humano. Realizar-se! Este é o papel do professor. 
 
O Pedagogo hospitalar é mais que um educador, é um ouvido amigo, um 
olhar atento, uma possibilidade à criança que não consegue achar 
possibilidades nesse ambiente carregado de dor e sofrimento, não cabe ao 
pedagogo julgar, mas possibilitar, apresentar caminhos de aprendizagem, de 
conhecimento. 
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Como momento mais bonito de reflexão e exemplificador da relevância 
desta pesquisa, bem como da Pedagogia Hospitalar, a Professora Amarílis 
relata um caso de uma menina internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão: 
 
“Há uma paciente a Girassol, ocorreu um acidente domestico quando 
ela tinha 4 anos e a menina sofreu queimadura em 80% do corpo. 
Fazem 4 anos que ela se interna com frequência no Hospital para 
cirurgias de reconstrução e outros tratamentos. Sua família mora no 
interior de Santa Catarina e por ser muito longe quando não esta 
internada fica de favor em uma casa lar que é apenas assistencial e 
para crianças bem pequenas, assim Girassol nunca pode ter contato 
com uma Escola regular e foi alfabetizada no HIJG, vê então a 
grande importância que tem esta área educacional. O espaço 
Pedagógico é a escola da menina e a Classe Hospitalar é sua sala de 
aula, aqui ela aprendeu a ler a escrever, aprendeu matemática e 
outras matérias, o que não tem oportunidade de usufruir fora do 
Hospital.” (Amarílis, entrevistada no dia 31 de Março de 2011) 
 
 Amarílis continua seu relato expondo a importância da Pedagogia 
Hospitalar. Segundo a educadora: 
 
“Acho este caso lindo, é maravilhoso saber que faço parte desta 
história, que contribuo de alguma forma para a educação desta 
criança, se não fosse pela Pedagogia Hospitalar esta menina ainda 
não teria contato com a escola.” (Amarílis, entrevistada no dia 31 de 
Março de 2011) 
 
 As ações pedagógicas exercem um papel fundamental na situação de 
internação, realizando um trabalho de