Buscar

capítulo 3 - Caracteristicas qualitativas

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UnB - Universidade de Brasília
FACE - Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação
CCA - Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais
NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL - ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL DE PROPÓSITO GERAL PELAS ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO
Capítulo 3 – Características Qualitativas
Disciplina: Custos Aplicados ao Setor Público
Professor: José Marilson Dantas
Alunas: Ana Carollina da Silva Braz 14/0090002
 Brenda Frota França 14/0132201
 Clara Cristina da Silva Panza 13/0070611
 Layse Sobral Alves 13/0012564
Brasília, DF.
2017
Introdução
Os RCPGs apresentam informações financeiras e não financeiras sobre fenômenos econômicos e outros fenômenos. O objetivo da elaboração e divulgação da informação contábil é fornecer informação para fins de prestação de contas e responsabilização (accountability) e tomada de decisão.
As características qualitativas da informação são: relevância, representação fidedigna, compreensibilidade, tempestividade, comparabilidade e verificabilidade.
As restrições inerentes à informação são: materialidade, custo-benefício e o alcance do equilíbrio apropriado entre as características qualitativas.
Um equilíbrio ou compensação entre algumas das características qualitativas poderá ser necessário caso não seja possível a aplicação de todas elas, podendo haver variação no grau que podem ser alcançadas, dependendo do nível de incerteza e de avaliação subjetiva envolvidos na compilação das informações financeiras e não financeiras. 
REFERENCIAL TEÓRICO
Relevância
Para que haja relevância é necessário que as informações sejam capazes de influenciar significativamente o cumprimento dos objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil, para isso é necessário que haja valor confirmatório, preditivo ou ambos. Assim a informação pode ser capaz de influenciar mesmo se alguns usuários decidirem não considerá-la ou já estiverem cientes dela.
Há valor confirmatório se as informações confirmarem ou alterarem expectativas passadas (ou presentes).
Os RCPGs podem apresentar informação acerca dos objetivos, custos e atividades previstas de prestação de serviços, além do montante e das fontes de recursos que se destinam a serem alocadas na prestação de serviços no futuro (esta possui valor preditivo e é relevante para fins de prestação de contas, responsabilização e tomada de decisão). Informações sobre fenômenos econômicos e outros que existam ou já tenham ocorrido também podem ter valor preditivo ao auxiliar a formar expectativas sobre o futuro. 
Há inter-relação entre as funções confirmatória e preditiva da informação. Uma mesma informação auxilia a confirmar ou corrigir as informações financeiras prospectivas incluídas nos RCPGs anteriores e também expectativas e previsões passadas dos usuários sobre a capacidade da entidade de responder a tais alterações.
Representação fidedigna
A informação deve corresponder à representação fidedigna dos fenômenos representados para ser útil como informação contábil. Para isso a representação do fenômeno deve ser completa, neutra e livre de erro material tanto quanto possível.
A informação apresentada deve ser completa já que certas omissões podem fazer com que a representação do fenômeno econômico ou outro qualquer seja falsa ou enganosa, não sendo útil para os usuários dos RCPGs. As informações financeiras e não financeiras prospectivas e a informação sobre o cumprimento dos objetivos e dos resultados incluídos nos RCPGs devem ser apresentadas em conjunto com as premissas-chave e quaisquer explicações que sejam necessárias para assegurar que a sua representação seja completa e útil para os usuários.
Com a neutralidade, espera-se que a informação contábil não contenha viés, ou seja, a seleção e a apresentação das informações financeiras e não financeiras não devem ser feitas com a intenção de se atingir um resultado particular predeterminado. A informação neutra representa fielmente os fenômenos econômicos e outros fenômenos que ela se propõe a representar, e a neutralidade não significa que não haja propósito ou que não influencie algum comportamento, já que a informação também deve ser relevante (capaz de influenciar as avaliações e as decisões dos seus usuários).
Estar livre de erro material significa que não há erros ou omissões que sejam individualmente ou coletivamente relevantes na descrição do fenômeno, e que o processo utilizado para produzir a informação relatada foi aplicado conforme descrito. Em casos onde não seja possível determinar a exatidão da informação, a estimativa está livre de erro material se o montante for descrito claramente como sendo uma estimativa, se a natureza e as limitações do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro material tiver sido identificado na seleção e na aplicação do processo de elaboração da estimativa.
Compreensibilidade
A compreensibilidade permite que os usuários da informação compreendam o seu significado. As informações devem corresponder às necessidades e à base do conhecimento dos usuários, e também a natureza da informação. A compreensão é aprimorada quando a informação é classificada e apresentada de maneira clara e sucinta, e a comparabilidade também pode auxiliar.
É esperado que os usuários dos RCPGs tenham conhecimento razoável das atividades da entidade e do ambiente no qual ela funciona, além de serem capazes e preparados para ler, revisar e analisar a informação apresentada com a diligência apropriada, porém, pode ocorrer que alguns usuários necessitem de auxiliares para compreender determinados fenômenos econômicos e de outra natureza incluídos nos RCPGs (que devem ser representados de maneira que seja compreensível para a grande quantidade de usuários), mas tal fato não implica na exclusão da informação dos RCPGs.
Tempestividade
A tempestividade se refere a disponibilidade da informação em tempo para esta ser capaz de influenciar as decisões dos usuários. Em geral, informações antigas são menos úteis, contudo, podem continuar sendo úteis por um período mais longo na identificação e avaliação de tendências. 
Para fins de prestação de contas e de tomada de decisão, os usuários dos RCPG podem precisar avaliar as projeções do resultado financeiro e da prestação de serviços da entidade e a sua conformidade com os orçamentos por vários exercícios. 
Comparabilidade
O processo decisório dos investidores envolve a escolha entre diferentes alternativas, como compra/venda/manutenção de um investimento ou investir em uma entidade ou na outra.  Assim, uma informação útil deve ser comparável entre entidades e entre períodos diferentes da mesma entidade.
Comparabilidade é a qualidade da informação que possibilita aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos. A comparabilidade não é uma qualidade de um item individual de informação, mas, ao contrário, a qualidade da relação entre dois ou mais itens de informação. A característica da comparabilidade, na informação contábil-financeira, consiste na possibilidade de que a informação da entidade seja comparada com: informação similar sobre outras entidades e informação similar sobre a mesma entidade, para outro período ou data. A comparabilidade é importante para identificação e compreensão de similaridades e diferenças entre itens. O conceito de comparabilidade não se confunde com o de consistência ou de uniformidade. A consistência se refere ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, de um período para outro. Portanto, a consistência é apenas um meio para alcançar a comparabilidade, esta sim uma qualidade da informação. Também difere da uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas semelhantes devem parecer semelhantes e coisas desiguais devem parecer diferentes. A comparabilidade da informação
nos RCPG não é aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes pareçam semelhantes mais do que fazendo com que coisas semelhantes pareçam diferentes.
A aplicação consistente dos princípios contábeis, das políticas e da base de elaboração para a informação financeira e não financeira prospectiva aprimoram a utilidade de qualquer comparação entre os resultados projetados e os reais. A comparabilidade com outras entidades pode ser menos significativa para as explicações da percepção ou opinião dos gestores acerca de fatores relacionados ao desempenho atual da entidade.
Verificabilidade
A verificabilidade ajuda os usuários a confiar que a informação está representando adequadamente o fenômeno econômico em questão. 
A característica da verificabilidade, na informação contábil-financeira, implica que diferentes observadores independentes possam chegar a um consenso sobre o fenômeno econômico retratado na informação contábil-financeira. 
Também referida como suportabilidade, a qualidade referente àquilo que dá suporte, quando aplicada em relação à informação explicativa e à informação quantitativa financeira e não financeira prospectiva divulgada nos RCPG. Essa característica implica que dois observadores esclarecidos e independentes podem chegar a um consenso geral, mas não necessariamente a um acordo completo, em que: A informação representa os fenômenos econômicos e de outra natureza os quais se pretende representar sem erro material ou viés; ou O reconhecimento apropriado, a mensuração ou o método de representação foi aplicado sem erro material ou viés. Para ser verificável, a informação não precisa ser um único caso estimado. Um intervalo de possíveis valores e suas probabilidades relacionadas também pode ser utilizado.
Em alguns casos mais simples, a verificabilidade pode ser garantida de forma direta, como é o caso da informação sobre o saldo de numerário em caixa, passível de verificação por simples contagem. Em casos mais complexos, entretanto, essa verificabilidade somente pode ser alcançada de forma indireta, ou seja, a partir de dados e de um modelo, é que é realizado o recálculo dos resultados obtidos, utilizando-se a mesma metodologia utilizada para geração da informação contábil-financeira. Esse é o caso, por exemplo, da apuração do saldo dos estoques, que deve ser verificada utilizando-se o método de controle utilizado quando da elaboração da demonstração (geralmente, PEPS – primeiro a entrar, primeiro a sair ou Média Ponderada Móvel).
Quanto mais verificável for a informação incluída nos RCPG, mais se irá assegurar aos usuários de que a informação representa fielmente os fenômenos econômicos ou de outra natureza os quais se pretende representar.
Restrições acerca da informação incluída nos RCPGs
As restrições inerentes à informação contida nos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs) são a materialidade, o custo-benefício e o alcance do equilíbrio apropriado entre as características qualitativas. 
Materialidade
A informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar o cumprimento do dever de prestação de contas e responsabilização (accountability), ou as decisões que os usuários tomam com base nos RCPGs elaborados para aquele exercício.
A materialidade depende tanto da natureza quanto do montante do item analisado dento das particularidades de cada entidade. Mas a evidenciação da informação sobre a conformidade, ou não, com a legislação, pode ser material devido à sua natureza, independentemente da magnitude de quaisquer dos montantes envolvidos. 
Os RCPGs podem englobar informação qualitativa e quantitativa acerca do cumprimento da prestação de serviços durante o período de referência e das expectativas sobre a prestação de serviço e o desempenho no futuro. Consequentemente, não é possível especificar um limite quantitativo uniforme no qual determinada informação se torna material.
As avaliações de materialidade são feitas no contexto do ambiente legislativo, institucional e operacional dentro do qual as entidades funcionam e, em relação às informações financeiras e não financeiras prospectivas, são feitas a partir do conhecimento de quem as elabora e as expectativas acerca do futuro. 
Com isso, para se determinar se um item é material, deve-se levar em consideração questões, tais como a natureza, a legalidade, a sensibilidade e os efeitos de eventos e transações passados ou previstos; as partes envolvidas em tais transações; e as circunstâncias que deram origem a essas transações.
Custo- Benefício
Os benefícios da informação contábil devem exceder o custo de produzi-la. Avaliar se os benefícios da informação justificam seus custos é, com frequência, uma questão de julgamento de valor, pois não é possível identificar todos os custos e todos os benefícios da informação incluída nos RCPGs.
Os custos, para fornecerem a informação, são os de coleta, de processamento e de verificação e/ou de apresentação das premissas e das metodologias que dão suporte a elas, além dos de disseminação. Os usuários incorrem nos custos da análise e interpretação. A omissão da informação útil também impõe custos, inclusive aqueles em que os usuários incorrem na obtenção de informação necessária de terceiros, além dos custos advindos da tomada de decisão utilizando dados incompletos fornecidos pelos RCPGs.
A aplicação da restrição custo-benefício envolve avaliar se os benefícios de divulgar a informação provavelmente justificam os custos incorridos para fornecê-la e utilizá-la. Ao fazer essa avaliação, é necessário considerar se uma ou mais características qualitativas podem ser sacrificadas até certo ponto para reduzir o custo.
Equilíbrio entre as características qualitativas
As características qualitativas funcionam em conjunto e de forma integrada para contribuir com a utilidade da informação. Mas, na prática, talvez não seja possível alcançar todas as características qualitativas, sendo necessário um equilíbrio ou compensação (trade-off). A importância relativa das características qualitativas em cada situação é uma questão de julgamento profissional. O ideal é alcançar o equilíbrio apropriado entre as características para satisfazer aos objetivos da elaboração e da divulgação da informação contábil.
Conclusão
A contabilidade tem como finalidade o fornecimento de informações úteis, para que os seus usuários possam subsidiar o processo de tomada de decisão. Contudo, a informação contábil precisa estar dotada de certas características qualitativas, de modo que, o entendimento do usuário sobre o assunto e a forma como a informação é apresentada determinam a utilidade da mesma diante os diversos modelos decisórios que cada usuário pode ter. 
A informação financeira e não financeira apresentada pelos RCPG deve ser elaborada e publicada de acordo com as características qualitativas da informação, pois isso torna a informação útil para os usuários e apoiam o cumprimento dos objetivos da informação contábil.
REFERÊNCIAS
NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL, DE 23 DE SETEMBRO DE 2016. Disponível em: http://cfc.org.br/noticias/cfc-publica-a-norma-estrutura-conceitual-da-contabilidade-publica/ - Acesso em 08/05/2017.
CARVALHO, F. M. & COLARES, A. C. V. (2013). As características qualitativas fundamentais da informação contábil-financeira que surgiram a partir do processo de harmonização das normas internacionais de contabilidade sob a ótica dos profissionais contábeis. Revista de contabilidade e controladoria, Universidade Federal do Paraná, 05(3), 131-146, set./dez. Disponível em: revistas.ufpr.br/rcc/article/view/31814/21748 – acesso em 08 de maio de 2017. 
Portal de Contabilidade, qualidade informações contabeis. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/qualidade-informacoes-contabeis.htm>. Acesso em 8 de maio de 2017.
SUMARIO DE PRONUNCIAMENTO CONCEITURAL BÁSICO PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO
CONTÁBIL FINANCEIRO. Disponível em: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/148_CPC00_R1_Sumario.pdf - Acesso em 09 de maio de 2017.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando