Buscar

Filosofia e Ética - Psicologia - Estácio - Resumo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 01 – O QUE É ÉTICA?
“Conhece-te a ti mesmo.” Sócrates
“Sede perfeitos,	como vosso	pai	é perfeito.” Jesus Cristo
“Age moralmente.” Kant
“A triste ciência (...)		se refere	a um domínio	que		por	tempos imemoriais foi		considerado o	específico da filosofia,		porém,	desde	a transformação desta	em método, caiu no	desprezo	intelectual, na arbitrariedade das		sentenças e afinal no	esquecimento: a doutrina	da	vida
A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento.
Didaticamente, costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo, os problema específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética profissional, da ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de bioética, etc.
Os costumas mudam e o que ontem era considerado errado hoje pode ser aceito, assim como o que é aceito entre os índios do Xingu pode ser rejeitado em outros lugares, do mesmo país até.
É claro que, de qualquer maneira, a ética tem pelo menos também uma função descritiva: precisa procurar conhecer, apoiando-se em estudos de antropologia cultural e semelhantes, os costumes das diferentes épocas e dos diferentes lugares. Mas ela não apenas retrata os costumes; apresenta também algumas grandes teorias, que não se identificam totalmente com as formas de sabedoria que geralmente concentram os ideais de cada grupo humano.
Mas não haveria, então, uma ética absoluta?
O exemplo do Cristianismo e suas diversas formas éticas.
No passado, houve épocas em que a pobreza e a castidade eram os valores mais altos da escala ético-religiosa (geralmente em épocas em que se previa para breve o fim do mundo). Isto explica os grandes movimentos monásticos, assim como, em contrapartida, nos permite entender por que, no século passado, o ideal do homem cristão enaltecia muito mais o burguês culto, casado, com família grande e boas economias acumuladas, cultor da vida urbana e social.
Uma boa teoria ética deveria atender a pretensão de universalidade, ainda que simultaneamente capaz de explicar as variações de comportamento, características das diferentes formações culturais e históricas.
Dois nomes merecem ser logo citados, como estrelas de primeira grandeza desse firmamento: o grego antigo Sócrates (470-399 a.C.) e o alemão prussiano Kant (1724-1804).
Sócrates, o filósofo que aparece nos Diálogos de Platão, usando o método da maiêutica (interrogar o interlocutor até que este chegue por si mesmo à verdade, sendo o filósofo uma espécie de "parteiro das idéias"), foi condenado a beber veneno. Mas por quê? A acusação era a de que ele seduzia a juventude, não honrava os deuses da cidade e desprezava as leis da polis (cidade-estado).
Ele ousava perguntar se estas leis eram justas. E mesmo que chegasse a uma conclusão positiva, o conservadorismo grego não podia suportar este tipo de questionamento, pois as leis
Sócrates foi chamado, muitos séculos depois, "o fundador da moral", porque a sua ética (e a palavra moral é sinônimo de ética, acentuando talvez apenas o aspecto de interiorização das normas) não se baseava simplesmente nos costumes do povo e dos ancestrais, assim como nas leis exteriores, mas sim na convicção pessoal, adquirida através de um processo de consulta ao seu "demônio interior" (como ele dizia), na tentativa de compreender a justiça das leis.
Kant buscava uma ética de validade universal, que se apoiasse apenas na igualdade fundamental entre os homens. Sua filosofia se volta sempre, em primeiro lugar, para o homem, e se chama filosofia transcendental porque busca encontrar no homem as condições de possibilidade do conhecimento verdadeiro e do agir livre. No centro das questões éticas, aparece o dever, ou obrigação moral, uma necessidade diferente da natural, ou da matemática, pois necessidade para uma liberdade. O dever obriga moralmente a consciência moral livre, a a vontade verdadeiramente boa deve agir sempre conforme o dever e por respeito ao dever.
Kant precisa chegar a uma moral igual para todos, uma moral racional, a única possível para todo e qualquer ser racional.
Deve-se agir de acordo com o dever e somente por respeito ao dever: porque é dever, eis o único motivo válido da ação moral.
Diante de cada lei, de cada ordem, de cada costume, o sujeito está obrigado, para ser um homem livre, a perguntar qual é o seu dever, e a agir somente da acordo com o seu dever, e isto, exclusivamente, por ser o seu dever.
Para Kant, os conteúdos éticos nunca são dados do exterior. O que cada um de nós tem, porém, é a forma do dever. Esta forma se expressa em várias formulações, no chamado imperativo categórico, o qual tem este nome por ser uma ordem formal nunca baseada em hipóteses ou condições. A formulação clássica do imperativo categórico é a seguinte, conforme o texto da Fundamentação da Metafísica dos Costumes: "devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei universal".
REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. Sócrates e a fundação da filosofia moral ocidental. Platão: a concepção de homem. Aristóteles: as ciências práticas: a ética e a política. História da filosofia: filosofia pagã antiga, v. 1. Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo, Paulus, 2003, p. 91-104, 152-157, 217-224.
AULA 02 - A ÉTICA GREGA
SÓCRATES E A FUNDAÇÃO DA
FILOSOFIA MORAL OCIDENTAL
A vida de Sócrates e a questão socrática ( o problema das fontes)
●	Sócrates nasceu em Atenas em 470/469 a.C. e morreu em 399 a.C. após condenação por “impiedade”.
●	Nada escreveu. Seus discípulos fixaram por escrito uma série de doutrinas a ele atribuídas.
●	Fontes: Aristófanes, Xenofonte e Platão.
●	Uma verdadeira revolução espiritual.
A descoberta da essência do homem (o homem é a sua
psyché)
●	Em	oposição	aos	filósofos	naturalistas,	Sócrates	fixou seu interesse na problemática do homem.
●	“O que é a essência do homem”: o homem é a sua alma.
●	“Alma” seria a sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. Para Sócrates, a alma é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral.
●	Com essa descoberta, Sócrates criou a tradição moral e intelectual sobre a qual a Europa se constituiu.
A descoberta da essência do homem (o homem é a sua
psyché)
●	Logo, é mais importante cuidar da alma que cuidar do corpo.
●	“Que esta (...) é a ordem de Deus; e estou persuadido de que não há para vós maior bem na cidade do que esta minha obediência a Deus. Na verdade, não é outra coisa o que faço nestas minhas andanças a não ser persuadir a vós, jovens e velhos, de que não deveis cuidar do corpo, nem das riquezas, nem de qualquer outra coisa antes e mais do que da alma, de modo que ela se torna ótima e virtuosíssima; e de que não é das riquezas que nasce a
virtude, mas da virtude nascem a riqueza e todas as outras coisas que são bens para os homens” (Apologia de
A descoberta da essência do homem (o homem é a sua
psyché)
●	“A alma nos ordena a conhecer aquele que nos adverte:
conhece-te a ti mesmo”
O novo significado de “virtude” e o novo quadro dos valores
●	Areté: Virtude para os gregos. Aquilo que se torna uma coisa boa e perfeita naquilo que é; atividade ou modo de ser que aperfeiçoa a cada coisa, fazendo-a ser aquilo que deve ser.
●	Para Sócrates, a virtude do homem é a “ciência” ou o “conhecimento”, ao passo que o “vício” seria a privação de ciência ou conhecimento, a “ignorância”.
●	Uma revolução no tradicional quadro de valores: os verdadeiros valores não são os ligados às coisas exteriores, como a riqueza, o poder, a fama, e tampouco, os ligados ao corpo, como a vida, a saúde física e a beleza, mas somente os valores da alma, que se resumem, todos, no “conhecimento”.
Os paradoxos da ética socrática.
●	O chamado intelectualismo socrático:
●	A virtude (cada uma e todas as virtudes: sabedoria, justiça, fortaleza, temperança), e o vício (cada um e todos osvícios) é ignorância.
●	Ninguém peca voluntariamente; quem faz o mal, fá-lo por ignorância do bem.
●	Sócrates tenta submeter a vida humana e os seus valores ao domínio da razão.
●	As virtudes revelam-se como uma forma de conhecimento e ciência.
●	Os filósofos gregos não detiveram sua atenção na “vontade”, que se tornaria central e essencial na ética dos cristãos.
A descoberta socrática do conceito de liberdade
●	A mais significativa manifestação da excelência da psyché ou razão humana se dá naquilo que Sócrates denominou de “autodomínio”, ou seja, no domínio de si mesmo nos estados de prazer, dor e cansaço, no urgir das paixões e dos impulsos: “Considerando o autodomínio como a base da virtude, cada homem deveria procurar tê-lo”
●	O domínio da própria racionalidade sobre a própria animalidade, significa tornar a alma senhora do corpo e dos instintos ligados ao corpo.
●	O verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar seus instintos, o verdadeiro homem escravo é aquele que, não sabendo dominar seus instintos, torna-se escravo deles.
●	O verdadeiro herói é o que vence os inimigos interiores.
O novo conceito de felicidade
●	Em	grego,	“felicidade”	se	diz	eudaimonía,	que, originalmente, significava ter tido a sorte de possuir um demônio	guardião	bom	e	favorável,	que	garantia	boa sorte e vida próspera e agradável.
●	Heráclito:	“o	caráter	moral	é	o	verdadeiro	demônio	do homem” e que “a felicidade é bem diferente dos prazeres”.
●	Demócrito: “não se tem a felicidade nos bens exteriores” e que “ a alma é a morada de nossa sorte”.
●	A felicidade não pode vir das coisas exteriores, do corpo, mas somente da alma, porque esta e só esta é a sua essência. E a alma é feliz quando é ordenada, ou seja, quando é virtuosa.
O novo conceito de felicidade
●	“Para	mim,	quem	é	virtuoso,	seja	homem	ou	mulher,	é feliz, ao passo que o injusto é malvado e infeliz”.
●	O	homem	virtuoso	entendido	nesse	sentido	“não	pode sofrer nenhum mal, nem na vida, nem na morte”.
●	Vale a pena ser virtuoso, porque a própria virtude é um fim em si mesma.
●	O	homem	é	o	verdadeiro	artífice	de	sua	própria felicidade ou infelicidade.
A revolução da não-violência
●	Sua reação à condenação no tribunal de Atenas.
●	“Não se deve desertar, nem retirar-se, nem abandonar o posto, mas sim, na guerra, no tribunal e em qualquer lugar, é preciso fazer aquilo que a pátria e a cidade ordenam, ou então persuadi-las em que consiste a justiça, ao passo que fazer uso da violência é coisa ímpia.”
O método dialético de Sócrates e sua finalidade
●	Dialogar com Sócrates levava a um “exame da alma” e a uma prestação de contas da própria vida, ou seja, a um “exame moral”.
●	Estrutura do método socrático:
●	A “refutação”
●	O momento em que Sócrates levava o interlocutor a reconhecer a sua própria ignorância.
●	“A refutação é a maior, a fundamental purificação”
●	A “maiêutica”
●	A arte obstétrica espiritual que ajuda a verdade a vir à luz
O “não-saber” socrático
●	Uma afirmação de ruptura:
●	Em relação ao saber nos naturalistas;
●	Em relação ao saber dos sofistas, presunçoso;
●	Em relação ao saber dos políticos e dos artistas, inconsistente e acrítico.
●	Contraste com a sabedoria divina
A ironia socrática
●	É o jogo brincalhão, múltiplo e variado das funções e dos estratagemas utilizados por Sócrates para levar o interlocutor a dar conta de si mesmo.
●	É uma brincadeira metódica.
PLATÃO: A CONCEPÇÃO DO
HOMEM
Concepção dualista do homem
●	A distinção entre alma e corpo como oposição.
●	O	corpo	como	prisão	da	alma,	como	raiz	de	todos	os males.
Os	paradoxos	da	“fuga	do	corpo”	e	da	“fuga	do mundo” e seu significado
●	O	verdadeiro	filósofo	deseja	a	morte	e	a	verdadeira filosofia é o exercício da morte ( Fédon)
●	A	morte	do	corpo	é	a	abertura	para	a	verdadeira	vida	da alma.
●	Fugir	do	mundo	significa	tornar-se	virtuoso	e assemelhar-se a Deus.
●	Praticar	a	virtude	e	dedicar-se	ao	conhecimento	significa tornar-se semelhante a Deus.
A	purificação	da	alma	como	conhecimento	e	a dialética como conversão.
●	Sócrates identificava a “cura da alma” como a suprema missão moral do homem.
●	Para	Platão,	esta	cura	consiste	numa	“purificação”,	que
se	realiza	a	medida	que	a	alma,	ultrapassando	os
sentidos,	conquista	o	mundo	do	inteligível	e	do
espiritual.			
●	Para	Platão,	o	processo	de	conhecimento	racional também implica um processo de “conversão moral”.
A imortalidade da alma
●	A influência da religião órfica
●	A alma constitui a dimensão incorruptível do homem.
●	O homem como um ser de duas dimensões.
ARISTÓTELES: AS CIENCIAS PRÁTICAS:
A ÉTICA E A POLÍTICA
O fim supremo do homem, ou seja, a felicidade
●	O estudo da conduta ou fim do homem como indivíduo é a “ética”; o estudo da conduta e do fim do homem como parte da sociedade é a “política”;
●	O bem supremo realizável pelo homem (e, portanto, a felicidade) consiste em aperfeiçoar-se enquanto homem, ou seja, naquela atividade que diferencia o homem de todas as outras coisas: o uso da razão.
As virtudes éticas como “meio justo” ou “meio termo entre os extremos”
●	As virtudes são como “hábitos”, “estados” ou “modos de ser”
●	A razão deve moderar os impulsos, as paixões e os sentimentos porque eles tendem ou para o excesso ou para a falta. A razão deve impor a “justa medida”, que é o “caminho intermediário” ou “meio termo” entre dois excessos.
●	Ex.: A coragem é o caminho intermediário entre a temeridade e a timidez, e a liberalidade é o justo meio termo entre a prodigalidade e a avareza.
●	O “meio termo” é a vitória da razão sobre os instintos.
As virtudes dianéticas e a felicidade perfeita.
●	A	perfeição	da	alma	racional	como	tal	é	chamada	por Aristóteles de virtude dianética.
●	São duas as virtudes dianéticas:
●	A sabedoria (phronésis): dirigir bem a vida do homem, ou seja, em deliberar de modo correto acerca daquilo que é bem ou mal para o homem.
●	A sapiência (sophía) é o conhecimento daquelas realidades que estão acima do homem: a metafísica.
●	É no exercício da sapiência, que constitui a perfeição da atividade contemplativa, que o homem alcança a felicidade máxima, em comunhão com o divino, que é a Mente Suprema, Pensamento de pensamento.
Alusões sobre a psicologia do ato moral
●	Superava o intelectualismo socrático, percebendo que uma coisa é “conhecer o bem” e outra é “fazer e realizar o bem”.
●	Procurou determinar os processos psíquicos do ato moral.
●	Chamou a atenção para o ato da “escolha”, da “deliberação”.
●	Somente o homem virtuoso pode escolher o verdadeiro bem.
AULA 03 – ÉTICA NO PERÍODO HELENISTA 
O FLORESCIMENTO DO CINISMO NA ERA
HEELENISTA
Ética no	período	helenista
A radicalização do cinismo
●	Diógenes	de	Sinope	(412-323	a.C.):	o	principal	expoente	e símbolo deste movimento.
●	Diógenes rompeu a imagem clássica do homem grego.
●	Seu programa: “procuro o homem”
O modo de viver do cínico
●	As necessidades verdadeiramente essenciais do homem são as necessidades de sua animalidade.
●	Um viver sem meta (sem as metas que a sociedade propõe como necessárias), sem necessidade de casa nem de moradia fixa e sem o conforto das comodidades oferecidas pelo progresso.
●	A representação de Diógenes no barril tornou-se um símbolo do pouco que é necessário para viver.
Liberdade de palavra e de vida, exercício e fadiga.
●	Quanto mais se eliminam as necessidades supérfluas, mas se é livre.
●	Demonstrar a “não naturalidade” dos costumes gregos
Desprezo do prazer e autarquia
●	O desprezo do prazer é fundamental na vida do cínico, já que o prazer não só debilita o físico, mas põe em perigo a liberdade, tornando o homem escravo, de vários modos, das coisas e dos homens aos quais os prazeres estão ligados.
●	A “autarquia”, ou seja, o bastar-se a si mesmo, a apatia e a indiferença diante de tudo eram os pontos de chegada da vida cínica.
O “cínico” e o “cão”
●	“Faço festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que nada me dão e mordo os criminosos”
●	0s próprios contemporâneosjá o entendiam assim, erguendo-lhe uma coluna encimada por um cão de mármore de Paros, com a inscrição:" Até o bronze cede ao tempo e envelhece, mas tua gloria, Diógenes, permanecerá intacta eternamente porque só tu ensinaste aos mortais a doutrina de que a vida basta-se a si mesma, e mostraste o caminho mais fácil para viver."
EPICURO E A FUNDAÇÃO DO
“JARDIM”
Os epicuristas e a paz do espírito
●	A primeira das grandes escolas helenísticas, em ordem cronológica, foi a de Epicuro, que surgiu em Atenas, pro volta de 307/306 a.C.
●	Epicuro nasceu em Samos em 341 a.C. e, após ensinar em Colófon, Mitilene e Lâmpsaco, transferiu sua escola para Atenas, a fim de rivalizar com a Academia e o Perípato, que entravam em decadência.
●	Sua mensagem provoca uma verdadeira revolução espiritual.
●	O lugar escolhido para ensinar é um jardim nos subúrbios de Atenas. Os epicuristas passaram a ser reconhecidos como os “filósofos do jardim”.
Os epicuristas e a paz do espírito
●	As palavras que vinham do Jardim podem ser resumidas em algumas proposições gerais:
●	A	realidade	é	perfeitamente	penetrável	e	cognoscível	pela inteligência humana;
●	Nas dimensões do real existe espaço para a felicidade humana;
●	A felicidade é a falta de dor e de perturbação;
●	Para atingir essa felicidade e essa paz, o homem só precisa de si mesmo;
●	Não lhe servem, portanto, a Cidade, as instituições, as riquezas, a nobreza, todas as coisas e nem mesmo os deuses: o homem é perfeitamente “autárquico”.
●	Todos os seres humanos são iguais e o Jardim tem suas portas abertas a todos.
As sensações na origem do conhecimento
●	A ética estuda o fim do homem (a felicidade) e os meios para alcançá-la.
●	Platão afirmava que a sensação confunde a alma e desvia o ser. Epicuro inverte essa posição, afirmando que, ao contrário, a sensação e somente ela “colhe o ser” de modo infalível. Nenhuma sensação jamais pode falhar.
O hedonismo epicurista
●	A essência do homem é material e material é seu bem específico: o bem é o prazer.
●	O verdadeiro prazer consiste na “ausência de dor no corpo” e na “ausência de perturbação na alma”.
●	A regra da vida moral não é o prazer como tal, mas a razão que julga e discrimina, ou seja, a sabedoria prática que, entre os prazeres, escolhe aqueles que não comportam em si dor e perturbação, descartando aqueles que dão gozo momentâneo, mas trazem consigo dores e perturbações subsequentes.
Os diversos tipos de prazeres
●	1. Os prazeres naturais e necessários
●	Prazeres ligados à conservação da vida do indivíduo. Ex.: comer quando se tem fome, beber quando se tem sede, descansar quando se está cansado.
●	Devem ser sempre e habitualmente satisfeitos.
●	2. Os prazeres naturais, mas não necessários
●	Comer bem, beber bebidas refinadas, vestir-se com apuro.
●	Podem provocar notável dano, por isso têm limite.
●	3. Os prazeres não naturais e não necessários
●	Os prazeres vãos, ligados à riqueza, poder e honra.
●	Produzem perturbação na alma.
O mal e a more na ótica epicurista
●	0 que devemos fazer quando somos atingidos pelos males físicos não desejados? Epicuro responde: se é leve, o mal físico é suportável, nunca sendo tal que ofusque a alegria do espírito; se é agudo, passa logo; se é agudíssimo conduz logo à morte.
●	Os males da alma são apenas produtos de opiniões falazes e dos erros da mente.
●	A morte é um mal só para quem nutre falsas opiniões sobre ela. A morte é a dissolução total do humano.
A ÉTICA DO ESTOICISMO
Ética no	período	helenista
●	A filosofia estoica formou-se principalmente pela ação de três filósofos – Zenão de Cício (que chegou em Atenas em 312/311 a.C.), Cleanto de Assos (que dirigiu a escola entre 262 e 232 a.C.) e Crisipo de Sôli (entre 232 e ó fim do século).
●	Tornou-se a mais famosa escola da época helenística.
O viver segundo a natureza
●	O objetivo da vida é alcançar a felicidade, e isso se dá vivendo segundo a natureza: conservar a si mesmo, "apropriar-se" do próprio ser e de tudo quanto é capaz de conservá-lo, evitar aquilo que lhe é contrario e conciliar-se consigo mesmo e com as coisas que são conformes a própria essência.
Conceitos de bem e mal
●	“Bem” é aquilo que conserva e incrementa nosso ser e “mal” é aquilo que o danifica e o diminui. O bem é, portanto, o vantajoso e útil, e o mal, aquilo que é nocivo.
Os indiferentes
●	Todas as coisas relativas ao corpo, são indiferentes, porque não podem afetar o “logos”.
●	O bem e o mal derivam sempre do interior do ser humano e nenhuma circunstancia externa deve poder afetá-lo. É possível ser feliz independente de qualquer circunstância externa, até mesmo a dor.
As ações perfeitas e os deveres
●	As ações humanas cumpridas em tudo e por tudo segundo o logos são “ações moralmente perfeitas”; as contrárias são ações viciosas ou erros morais.
●	As ações cumpridas “conforme a natureza” são ações justificadas moralmente e são chamadas “ações convenientes” ou “deveres”.
●	A maior parte dos homens, que é incapaz de “ações moralmente perfeitas”, ainda assim é capaz de cumprir “deveres”.
●	As leis, para os estoicos, são expressões das leis eternas.
●	A ideia de dever é uma grande contribuição dos estoicos à história da moral ocidental.
O homem como animal comunitário
●	O	homem	é	impulsionada	por	sua	própria	natureza	a	se relacionar com os seus semelhantes e viver em comunidade.
Superação do conceito de escravidão
●	Questionaram os mitos da nobreza do sangue e da superioridade da raça.
●	A nobreza é chamada cinicamente de “escória e raspa da igualdade”; todos os povos são declarados capazes de alcançar a virtude; o homem é proclamado estruturalmente livre, “nenhum homem é, por natureza, escravo”.
●	O logos estabelece a igualdade fundamental entre os homens.
A concepção estoica da apatia
●	As paixões, das quais depende a infelicidade do homem, são, para os Estoicos, erros da razão como já dizia Zenão, elas devem ser destruídas, extirpadas e erradicadas totalmente.
●	Essa é a célebre "apatia" estoica, ou seja, o tolhimento e a ausência de toda paixiio, que é sempre e só perturbação do espirito. A felicidade, pois, é apatia, impassibilidade.
●	Com efeito, considerando que piedade, compaixão e misericórdia são paixões, o Estoico deve extirpa-las de si, como se vê neste testemunho:
●	"A misericórdia é parte dos defeitos e vícios da alma: misericordioso é o homem estulto e leviano. (...) 0 sábio não se comove em favor de quem quer que seja; não condena ninguém por uma culpa cometida. Não é próprio do homem forte deixar-se vencer pelas imprecações e afastar-se da justa severidade."
A concepção estoica da apatia
●	A ajuda que o estoico dará aos outros homens não poderá, assim, revestir-se de compaixão, mas será asséptica, longe de qualquer "simpatia" humana, exatamente como o frio logos esta distante do calor do sentimento. Assim, o sábio mover-se-á entre os seus semelhantes em atitude de total distanciamento, seja quando fizer politica, seja quando se casar, seja quando cuidar dos filhos, seja quando contrair amizades, acabando assim por tornar-se estranho a própria vida; com efeito, o estoico não é um entusiasta da vida, nem um amante dela, como o epicurista.
AULA 04 – ÉTICA MEDIEVAL 
As ideias bíblicas que influíram sobre o
pensamento ocidental
Passagem do politeísmo grego para o monoteísmo cristão
●	Somente com a difusão da mensagem bíblica no ocidente é que se impôs a concepção do Deus uno e único.
●	A unicidade do Deus bíblico comporta transcendência absoluta, que coloca Deus como totalmente outro em relação a todas as coisas, de um modo inteiramente impensável no contexto dos filósofos gregos.
A concepção antropocêntrica contida na Bíblia.
O respeito aos mandamentos divinos: a virtude e o pecado.
●	O conceito de um Deus que dá a lei moral aos humanos é totalmente estranha ao pensamento grego.
●	A virtude (o bem moral supremo) torna-se, com o Cristianismo, a obediência aos mandamentos de Deus. O pecado torna-se desobediência a Deus.
●	O antigo“intelectualismo” grego é inteiramente subvertido pelo “voluntarismo” cristão: o “querer de Deus” é a lei moral e o “querer o querer de Deus” é a virtude do ser humano. A boa vontade (o coração puro) torna-se a nova marca do ser
humano moral.
O conceito de Providência na Bíblia
●	A Providência bíblica não apenas é própria de um Deus que é pessoal em alto grau, mas também, além de se dirigir para o criado em geral, dirige-se ainda e particularmente para os seres humanos individuais, especialmente os mais humildes, necessitados e pecadores.
●	Essa mensagem de segurança subvertia as frágeis seguranças humanas que os sistemas de época helenística haviam construído.
A desobediência a Deus resgatada pela paixão de Cristo
O valor da fé e a participação no Divino
●	A filosofia grega subestimara a fé ou crença e tinha como seu ideal o conhecimento. A nova mensagem exige do homem uma superação desta dimensão, colocando a fé acima da ciência.
●	O ser humano não é mais corpo e alma, como pensaram os gregos, mas corpo, alma e espírito. “Espírito” é a participação no divino através da fé.
O “eros” grego, o amor (“ágape”) cristão e a graça
●	O “eros” grego é falta-e-posse em uma conexão estrutural entendida em sentido dinâmico e, por isso, é força de conquista e ascensão, que se acende sobretudo à luz da beleza.
●	O conceito bíblico de amor, “ágape”, diz respeito à descida de Deus aos homens, não algo conquistado, mas um dom, “graça”. Para os gregos é o homem que ama, não Deus. Para os cristãos é sobretudo Deus que ama.
●	O ágape é ilimitado
●	O ágape é a essência da lei, do mandamento, das virtudes éticas;
Os valores fundamentais do Cristianismo: a pureza e a humildade
A mensagem cristã assinalou a mais radical revolução de valores da história humana, uma total subversão dos valores antigos.
●	Sua mais completa expressão está no serão da montanha dos evangelhos: A felicidade dos pobres, mansos, aflitos, dos que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores e os perseguidos e injuriados por causa da justiça.
●	Segundo o novo quadro de valores, é preciso voltar à simplicidade e à pureza das crianças.
●	A humildade torna-se uma virtude fundamental do cristão: o caminho que o leva a Deus. Esta era uma virtude desconhecida para os gregos.
●	Cai por terra também o ideal autárquico grego, por uma ideia de dependência e fraqueza em Deus.
A ressurreição dos mortos
●	Desde Sócrates, os gregos passaram a ver na alma a essência do homem, uma alma imortal por natureza.
●	Os cristão apontam para algo inteiramente novo: o futuro é a ressurreição dos mortos, ou seja, a volta da alma ao um corpo que será eterno.
Santo Agostinho (354-430)	e o	apogeu	da
patrística
Vida
A evolução espiritual
As obras
O filosofar na fé
●	Nasce em Agostinho a filosofia cristã
●	A fé não substitui nem elimina a inteligência, mas a estimula e promove. Fé e razão são complementares.
A descoberta da pessoa e a metafísica da interioridade
●	As confissões
●	“Eu próprio me tornara um grande problema para mim”
●	“Eu não compreendo tudo o que sou”
●	O confronto da vontade humana com a vontade divina, que leva à descoberta do eu como pessoa
●	O homem interior é a imagem de Deus e da Trindade
●	Não	é	indagando	o	mundo,	as	escavando	a	alma	que	se encontra Deus.
A verdade e a iluminação
●	A verdade está no interior do ser humano.
●	A doutrina da iluminação: Contrariando a ideia platônica da anamnese, Agostinho entende que a suprema verdade de Deus é uma espécie de luz que ilumina a mente humana no ato do conhecimento, permitindo-lhe captar as ideias, entendidas como as verdades eternas e inteligíveis presentes na própria mente divina.
●	A pureza da alma é condição necessária para a visão da Verdade, bem como a sua fruição.
O mal e seu estatuto ontológico
●	Se tudo provém de Deus que é bom, de onde vem o mal?
●	O mal não é um ser, mas deficiência e privação do ser.
●	O problema do mal pode ser examinado em três planos:
●	Metafísico-ontológico. Não existe mal no cosmo, mas apenas graus inferiores de ser em relação a Deus.
●	O mal moral é o pecado. O pecado depende da má vontade. A vontade, por sua vez, pode preferir a criatura ao criador, os bens inferiores aos bens superiores. É o mal uso do livre arbítrio.
●	O mal físico. Consequência do pecado original.
A vontade, a liberdade, a graça
●	Foi com Agostinho que a vontade se impôs a reflexão filosófica. Ele foi o primeiro a apresentar os conflitos da vontade.
●	“Era eu que queria e eu que não queria: era exatamente eu que nem queria plenamente, nem rejeitava plenamente. Por isso, lutava comigo mesmo e dilacerava-me a mim mesmo”
●	A resolução do problema socrático: a liberdade é própria da vontade, não da razão.
●	Depois do pecado original a vontade se corrompeu, tornando-se necessitada da graça divina.
A “cidade dos homens” e a “cidade de Deus”
●	O conjunto de pessoas que vivem para Deus constituem a cidade de Deus. A cidade dos homens é aquela dos que não vivem para Deus e sim para os homens.
●	Um dia prevalecerá somente a cidade de Deus.
A essência do homem é o amor
●	De Sócrates em diante, os filósofos gregos sempre disseram que o homem bom é aquele que sabe e conhece, e que o bem e a virtude são ciência. Já Agostinho diz, ao contrário, que o homem bom é aquele que ama: aquele que ama aquilo que deve amar.
●	“Ama, e faça o que quiser”
O franciscanismo
A essência do homem é o amor
●	De Sócrates em diante, os filósofos gregos sempre disseram que o homem bom é aquele que sabe e conhece, e que o bem e a virtude são ciência. Já Agostinho diz, ao contrário, que o homem bom é aquele que ama: aquele que ama aquilo que deve amar.
●	“Ama, e faça o que quiser”
São Francisco e do Franciscanismo
●	A corrupção da igreja medieval
●	Francisco	de	Assis	(1182-1226)	foi	o	porta-voz	da	crítica evangélica à situação da igreja.
●	Viver segundo o Evangelho
●	Rejeitar o luxo
●	Viver do próprio trabalho
●	Pregar o evangelho
●	Recuperação da alegria cristã
●	Fez muito sucesso entre os nascentes burgueses
AULA 05 – HUMANISMO E RENASCENÇA 
O pensamento humanista-renascentista
e suas características gerais
O humanismo	
O	termo	“humanismo”	surgiu	em	meados	do	século	XV,
calcado nos termos “legista”, “jurista”, “canonista” e “artista”, para indicar os professores de gramática, retórica, poesia, história e filosofia moral. Ou seja, aquelas disciplinas capazes não apenas de dar a conhecer a natureza especifica do próprio ser humano, mas também de fortalece-la e potencializá-la.
O humanismo consiste num novo sentido do humano e de seus problemas.
A redescoberta dos clássicos latinos e gregos.
1453: a queda de Constantinopla leva muitos doutos bizantinos a fixar morada na Itália.
As celebrações teóricas da “dignidade do homem”
O Renascimento
O termo “Renascimento”, como categoria historiográfica, consolidou-se no século XIX, em grande parte por mérito de uma obra de Jacob Burckhardt (1818-1897) intitulada A Cultura da Renascença na Itália (1860), que se tornou muito famosa, impondo-se como modelo.
	Características do renascimento segundo Burckhardt:
Individualismo prático e teórico;
Exaltação da vida mundana;
Acentuado sensualismo;
Mundanização da religião;
Tendência paganizante;
Libertação das autoridades religiosas;
Forte sentido de história;
Acentuado gosto artístico;
O Renascimento
O surgimento de uma nova cultura, oposta à medieval, e que inaugura a época moderna.
O Humanismo e a Renascença ocupam dois séculos inteiros, os séculos XV e XVI.
Entre	os	principais	expoentes	estão	Cola	de	Rienzo, Francisco Petrarca e Campanella.
A Renascença e a Religião
Erasmo de Rotterdan (1466-1536) e a “philosofia christi”
Acusado de preparar o terreno para as ideias de Lutero, não aderiu ao protestantismo, preferindo conservar-se numa posição neutra.
Elogio da Loucura (1509)
Erasmo tinha aversão à filosofia entendida como construção de tipo aristotélico-escolástico,centrada sobre pensamentos metafísicos, físicos ou dialéticos.
A filosofia é o conhecer-se a si mesmo: conhecimento sapiencial da vida e, sobretudo, é sabedoria e prática de vida cristã.
Para ele, a grande reforma religiosa se resume em sacudir dos ombros tudo aquilo que o poder eclesiástico e as disputas dos escolásticos acrescentaram à simplicidade das verdades evangélicas, confundindo-as e complicando-as.
Retorno às origens.
Tradução do Novo testamento.
Martinho Lutero (1483-1586)
Do	ponto	de	vista	da	unidade	institucional	da	fé,	a	idade média se encerra com Lutero.
A reforma protestante
Os pontos principais do seu pensamento são:
A infalibilidade da Escritura
A justificação pela fé
O sacerdócio universal de todos os crentes
O servo arbítrio
A vocação
João Calvino (1509-1564) e a reforma de Genebra
Reformador de Genebra entre 1541 e 1564, onde realizou um governo teocrático, tanto em relação à vida religiosa e moral dos cidadãos, como aos dissidentes.
	Institutas da religião cristã (1536 em diante)
	Providência e Predestinação
	A ética calvinista
Contrarreforma ou Reforma Católica
	Condenação	dos	“erros”	do	protestantismo	e	a	afirmação positiva dos dogmas católicos.
A instituição da Inquisição em 1542 e a formulação da lista de livros proibidos.
O Concílio de Trento (1545-1563)
NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
-Realismo político;
Problema central: como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos;
A ordem deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie;
O poder político nasce da “malignidade” que é intrínseca à natureza humana. O poder é a única possibilidade de enfrentar o conflito, ainda que qualquer forma de “domesticação” seja precária e transitória;
A presença inevitável, em todas as sociedades, de duas forças opostas: uma das forças quer dominar, a outra não quer ser dominada;
O problema político é então encontrar mecanismos que imponham a estabilidade das relações, que sustentem uma determinada correlação de forças;
Duas respostas à anarquia decorrente da natureza humana e do confronto entre os grupos sociais: o Principado e a República;
Virtú x fortuna;
O poder se funda na força mas é necessário virtú para se manter no poder;
Um governante virtuoso procurará criar instituições que “facilitem” o domínio;
 “Daí é necessário que um príncipe, desejoso de conservar-se, aprenda os meios de poder não ser bom e a fazer ou não uso disso, conforme as necessidades” (O príncipe, cap. XV);
O ideal para um príncipe seria o de ser ao mesmo tempo amado e temido. Mas essas duas coisas são muito difíceis de serem conciliadas e, assim, o príncipe deve fazer a escolha mais funcional para o governo eficaz do Estado;
Não tema pois o príncipe que deseje se manter no poder “incorrer no opróbrio dos defeitos mencionados, se tal for indispensável para salvar o Estado” (O príncipe, cap. XV);
Um príncipe sábio deve guiar-se pela necessidade e ter a sabedoria de agir conforme as circunstâncias. Devendo, contudo, aparentar possuir as qualidades valorizadas pelos governados;
Quer como homem, quer como leão (para amedrontar os lobos), quer como raposa (para conhecer os lobos), o que conta é “o triunfo das dificuldades e a manutenção do Estado. Os meios para isso nunca deixarão de ser julgados honrosos, e todos os aplaudirão” (O príncipe, cap. XVIII);
A política tem uma ética e uma lógica próprias.
AULA 06 – DESCARTES 
Crítica à filosofia e à lógica tradicionais
●	“Encontrei-me tão perdido entre tantas dúvidas e erros que me parecia que, ao procurar me instruir, não alcançara outro proveito, que o de ter descoberto cada vez mais a minha ignorância.”
●	Percebia a falta de um método que ordenasse o pensamento.
●	Era urgente uma filosofia que justificasse a confiança comum na razão (racionalismo).
As regras do método
A primeira regra do método é a regra da evidência:
●	“Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo que não se reconhece ser tal pela evidência, ou seja, evitar acuradamente a precipitação e a prevenção, assim como nunca se deve abranger entre nossos juízos aquilo que não se apresente tão clara e distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir qualquer possibilidade de dúvida”
●	A segunda regra do método:
●	“Dividir cada problema que se estuda em tantas partes menores quantas for possível e necessário para melhor resolvê-lo”
●	A terceira regra do método
●	“A terceira regra é a de conduzir com ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-se, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais complexos, supondo uma ordem também entre aqueles nos quais uns não precedem naturalmente aos outros.”
●	A quarta regra do método
●	“A quarta regra é a de fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais a ponto de se ficar seguro de não ter omitido nada”
Cogito, ergo sum
●	É o princípio teórico primeiro da filosofia cartesiana, originado da dúvida radical: “Do próprio fato de duvidar das outras coisas segue-se do modo mais evidente e certo que eu existo ...se vê claramente que para pensar é preciso existir”.
●	Está é a única verdade sem qualquer mediação.
As paixões da alma
●	A alma pode vencer as emoções ou, pelo menos, frear as solicitações sensíveis que a distraem da atividade intelectual, projetando-a para as amarras da paixão.
●	Dois sentimentos são importantes, a tristeza e a alegria: a primeira mostra as coisas as quais devemos escapar; a segunda, as coisas que devemos cultivar.
●	O guia do ser humano não são as emoções ou os sentimentos em geral, mas sim a razão, a única que pode avaliar e, portanto, induzir a aceitar ou a rejeitar certas emoções.
●	A sabedoria consiste na adoção do pensamento claro e distinto como norma, tanto do pensar como do viver.
As regras da moral provisória
●	“A primeira regra era a de obedecer às leis e aos costumes do meu país, observando constantemente a religião em que Deus me deu a graça de ser instruído desde a infância, e norteando-me em todas as outras coisas segundo as opiniões mais moderadas e mais distantes de todo excesso, que fossem comumente acolhidas e praticadas pelas mais sensatas dentre as pessoas com quem me coubesse viver”.
●	“A segunda máxima era a de perseverar o mais firme e resolutamente possível em minhas ações, não deixando de seguir com menos constância as opiniões mais duvidosas, quando alguma vez a elas me determinasse, como se elas fossem as mais seguras”.
●	A terceira regra é a de “esforçar-se sempre para vencer muito mais a mim mesmo do que ao destino e para mudar muito mais meus desejos do que a ordem do mundo. E, em geral, acostumar-se a crer que não há nada que esteja inteiramente em nosso poder, exceto nossos pensamentos.”
●	A reforma de si mesmo.
●	A quarta regra é a de “dedicar toda minha vida a cultivar minha razão e progredir o mais possível no conhecimento do verdadeiro, seguindo o método que me havia prescrito”.
A razão e o verdadeiro como fundamento da moral
●	A orientação da ética cartesiana: a lenta e trabalhosa submissão da vontade à razão, como força-guia de todo ser humano.
●	Identificando a virtude com a razão, Descartes se propõe a “seguir tudo aquilo que a razão me aconselhar, sem que as paixões e os apetites me afastem disso”.
●	Em Descartes predomina o amor do verdadeiro, cuja lógica, uma vez alcançada, se impõe com a força da razão.
●	Apenas sob o peso da verdade é que o homem pode se considerar livre, no sentido de que obedece a si mesmo e não a forças exteriores.
AULA 07 – SPINOZA E KANT
As etapas fundamentais da vida
●	Benedito Spinoza (Baruch d’Espiñoza) nasceu em Amsterdã em 1632, de família abastada de judeus espanhóis.
●	Na	escola	da	comunidade	judaica	de	Amsterdã,	estudou hebraico e estudou a fundo a Bíblia e o Talmude.
●	Em 1656 é excomungado e banido da sinagoga.
●	Morreu em 1677, com apenas 44 anos, de tuberculose.
Spinoza
O sentido da filosofia spinoziana e suas obras maiores
●Breve	tratado	sobre	Deus,	sobre	o	homem	e	sua	felicidade (1660), que permaneceu inédito até o século XIX.
●	Tratado sobre a emenda do intelecto (1661)
●	Ethica, publicada postumamente em 1677, sua obra-prima e o trabalho de sua vida
●	Tratado teológico-político, foi publicado anonimamente em 1670.
●	Ele ensinou que a meta suprema do itinerário filosófico é uma visão capaz de libertar os seres humanos das paixões e dar-lhes um estado superior de paz e tranquilidade.
●	O sentido de sua filosofia está na compreensão pura e distanciada do entender, despojado de toda perturbação e de
A análise geométrica das paixões
●	As paixões, os vícios e as loucuras humanas são interpretadas por Spinoza segundo um procedimento geométrico.
●	No seu modo de viver, o homem não é uma exceção na ordem da natureza, mas apenas a confirma. As paixões não se devem a "fraquezas" e "fragilidades" do homem, a "inconstância" ou "impotência“ de seu espirito. Ao contrário, devem-se a potencia da natureza e, como tais, não devem ser detestadas e censuradas, mas sim explicadas e compreendidas, como todas as outras realidades da natureza.
●	Como força da natureza, as paixões são irrefreáveis.
●	Dessa análise, que poderia parecer impiedosa, Spinoza extrai uma conclusão eticamente positiva. Se imaginarmos que são livres as ações dos outros homens que consideramos nocivas, então somos levados a odiá-los; mas, se sabemos que elas não são livres, então não os odiaremos ou os odiaremos muito menos (pois consideraremos as ações deles no mesmo nível da pedra que cai ou de qualquer outro acontecimento natural necessário).
A tentativa de pôr-se “além do bem e do mal”
●	0 jogo das paixões e dos comportamentos humanos aparece sob luz totalmente diversa, segundo Spinoza, se percebermos que não existem na natureza "perfeição" e "imperfeição", "bem" ou "mal" (ou seja, valor e desvalor), assim como não existem fins, dado que tudo acontece sob o signo da necessidade mais rigorosa.
●	"Perfeito“ e "imperfeito" são visões, ou seja, modos (finitos) do pensamento humano que nascem da comparação que o homem institui entre os objetos que ele produz e as realidades que são próprias da natureza. Com efeito, "perfeição" e "realidade" são a mesma coisa.
●	Assim, não devemos dizer de nenhuma realidade natural que ela seja "imperfeita".
●	Nada daquilo que existe carece de algo: é aquilo que deve ser, segundo a série de causas necessárias.
●	0 "bem" e o "mal" também não indicam nada que existe ontologicamente nas coisas consideradas em si, objetivamente, mas também são "modos de pensar" e noções que o homem forma, comparando as coisas entre si e referindo-as a ele mesmo.
●	"Entendo por bom aquilo que sabemos com certeza que é útil para nos. Já por mau entendemos aquilo que sabemos com certeza que nos impede de possuir o bem (ou seja, o útil)". Consequentemente, a "virtude" torna-se tão-somente a consecução do útil, e "vício“ é o contrário.
●	Portanto, quando os homens seguem a razão, não só alcançam seu próprio útil, mas também o útil de todos: o homem que se comporta segundo a razio é o que há de mais útil para os outros homens.
●	Spinoza chega até a dizer que o homem que vive segundo a razio “é um Deus para o homem".
O conhecer como libertação das paixões e fundamento das virtudes
●	"Não sabemos com certeza que alguma coisa é boa ou má senão enquanto leva realmente ao conhecimento ou pode impedir o nosso conhecimento. “
●	Diz Spinoza: clarifica tuas ideias e deixarás de ser escravo das paixões. 0 verdadeiro poder que liberta e eleva o homem é a mente, e portanto o conhecimento. Esta é a verdadeira salvação.
A visão das coisas “sub specie aeternitatis” e o “amor Dei intellectualis”
●	A terceira forma de conhecimento, a da intuição intelectiva, que consiste em entender todas as coisas como procedentes de Deus.
●	E quando nós compreendemos que Deus é causa de tudo, tudo nos dá alegria e tudo produz amor a Deus.
●	0 amor intelectual por Deus é a visão de todas as coisas sob o signo da necessidade (divina) e a aceitação alegre de tudo aquilo que acontece, precisamente porque tudo o que acontece depende da necessidade divina.
Kant
A vida
●	Immanuel Kant nasceu em Königsberg, cidade da Prússia oriental, em 1724, em uma modesta família de artesãos.
●	Rigorosa criação dentro do pietismo.
●	Terminou seus estudos universitários, em Königsberg, em ciência e filosofia em 1747. Em 1755, ingressa na mesma universidade como livre-docente, após concluir seu doutorado. Em 1770, torna-se professor efetivo.
●	Crítica da razão pura (1781)
●	Crítica da razão prática (1790)
●	Crítica do juízo (1790)
●	1794: é intimado a não insistir nas ideias expressas na usa obra A religião nos limites da pura razão.
●	Morre em 1804, senil e cego.
●	0 riquíssimo anedotário que floresceu sobre ele o mostra em seus traços mais característicos: nunca se afastou das proximidades de Königsberg, era prussianamente metódico, muito escrupuloso e extremamente apegado aos hábitos; mantinha o despertar matinal sempre a mesma hora (às cinco!) e sempre à mesma hora, com regularidade cronométrica, o passeio da tarde; era sempre pontualíssimo às aulas e sempre fiel a seus deveres.
●	"Duas coisas enchem o espirito de admiração e de reverência sempre nova e crescente, quanto mais frequente e longamente o pensamento nelas se detém: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim". ( Crítica da razão pura)
A lei moral como “imperativo categórico”
●	A razão é suficiente por si só para mover a vontade. Alias, diz Kant, somente nesse caso podem existir princípios morais válidos sem exceção para todos os homens, ou seja, leis morais que tenham valor universal.
Lei moral (o dever): As leis morais são imperativos categóricos, isto e, imperativos que determinam a vontade não em vista de obter determinado efeito desejado, mas simplesmente como vontade, prescindindo dos efeitos que ela possa obter.
●	As leis morais são universais e necessárias para todos os seres racionais sem exceção.
●	A fórmula mais adequada para a lei moral, isto é, para o imperativo categórico fundamental, é para Kant a seguinte: "Age de modo que a máxima (subjetiva) de tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo, como principio de uma legislação
universal (objetiva)”.
A essência do “imperativo categórico”
●	0 imperativo categórico, ou seja, a lei moral, não pode consistir em ordenar determinadas coisas, por mais nobres e elevadas sejam. Isso significa que a lei moral não depende do conteúdo.
●	Kant chama de "lei material" aquela que depende do conteúdo. E, segundo ele, quando se subordina a lei moral ao conteúdo, se cai no empirismo e no utilitarismo, porque nesse caso a vontade é determinada pelo conteúdos, conforme agradem ou não. Em uma lei, quando se prescinde do conteúdo, nada mais resta senão sua "forma". Assim, a essência do imperativo consiste precisamente em sua validade em virtude de sua forma de lei, isto é, por sua
●	Ao dizer isso, Kant nada mais faz do que transferir para a sua própria linguagem filosófica o principio evangélico segundo o qual não é moral aquilo que se faz, mas sim a intenção com que se faz. Aquilo que, na moralidade evangélica, é a "boa vontade“ como essência da moral, em Kant é a adequação da vontade à forma da lei.
●	Podemos resumir tudo o que foi dito até aqui da seguinte maneira: a essência do imperativo categórico não consiste em ordenar aquilo que devo querer, e sim como devo querer aquilo que quero. Portanto, a moralidade não consistira naquilo que se faz, mas no como se faz aquilo que se faz.
●	Sendo assim, o imperativo categórico só pode ser um, e sua fórmula mais apropriada e a seguinte: "Age de modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre, ao mesmo tempo, como principio de legislação universal", ou seja, que a tua máxima (subjetiva) se torne lei universal (objetiva).
●	Diz a segunda: "Age de modo a considerar a humanidade, seja na tua pessoa, seja na pessoa de qualquer outro, sempre também como objetivo e nunca como simplesmeio".
●	A terceira formulação da Fundamentação diz: "Age de modo que a vontade, com sua máxima, possa ser considerada como universalmente legisladora em relação a si mesma”.
●	Somos nós, com a nossa vontade e racionalidade, que damos a lei a nós mesmos.
A liberdade como condição fundamental da lei moral
●	0 imperativo (a consciência do imperativo), que me ordena querer segundo a pura forma da lei, ordena-me substancialmente a liberdade.
●	Nós conhecemos, primeiro, a lei moral (o dever) como "fato da razão“ e, depois, dela inferimos a liberdade como seu fundamento e como sua condição. Para dar um exemplo, se um tirano, ameaçando-me, me impusesse testemunhar em falso contra um inocente, poderia muito bem ocorrer que, por medo, eu cedesse e jurasse em falso; mas, depois, teria remorso. Isso significa que eu compreendo muito bem que "devia" dizer a verdade, mesmo que não o tenha feito. E se eu "devia" dizer a verdade, então eu também "podia" (embora tenha feito o contrario).
●	0 remorso significa precisamente que eu devia e, portanto, podia.
●	0 pensamento kantiano a esse respeito pode, portanto, ser assim resumido: "Deves, portanto podes" (e não vice-versa).
O princípio da autonomia moral e seu significado
●	Esse aspecto positivo da liberdade é aquilo que Kant chama "autonomia" (=determinar para si mesmo sua própria lei). Seu contrário é a "heteronomia", ou seja, fazer com que a vontade dependa e seja determinada por algo diferente da lei.
●	Todas as morais que se baseiam nos "conteúdos" comprometem a autonomia da vontade. implicam uma dependência dela em relação às coisas e, portanto, à lei da natureza e, por conseguinte, comportam a heteronomia da vontade. Na prática, todas as morais dos filósofos anteriores a Kant, medidas com esse novo critério, revelam-se "heterônomas" e, portanto, falazes.
●	Em particular, deve-se destacar que todo tipo de ética que se baseie na "busca de felicidade" é heterônoma, porque introduz fins "materiais", com toda uma série de consequências negativas. A busca da felicidade polui a pureza da intenções da vontade, posto que aponta para determinados fins (para aquilo que se deve fazer e não para o como se deve faze-lo) e, portanto, a condiciona.
●	Toda a ética grega, que era precisamente eudemônica (isto é, voltada para a busca da eudaimonia= felicidade) é assim, invertida.
●	A moral evangélica, ao contrário, não é eudemônica, porque proclama a pureza do princípio moral (a pureza da intenção = a pureza da vontade).
●	Não devemos agir para alcançar felicidade, mas devemos agir
unicamente pelo puro dever. Entretanto, agindo pelo puro dever, o ser humano torna-se "digno de felicidade”.
O bem moral e sua dimensão universal
●	"Olha tuas ações pela ótica do universal e compreenderás se são ações moralmente boas ou não".
●	Relaciona-se com o princípio do Evangelho que afirma: "Não faças aos outros aquilo que não queres que seja feito a ti".
O “rigorismo” e o hino kantiano ao dever
●	Para Kant não basta que uma ação seja feita segundo a lei, ou seja, em conformidade com a lei. Neste caso, a ação poderia ser simplesmente "legal" (feita em conformidade com a lei) e não "moral".
●	Se faço caridade aos pobres por puro dever, faço uma ação moral; se a faço por compaixão (que é um sentimento estranho ao dever) ou para me mostrar generoso (o que é mera vaidade), faço uma ação simplesmente legal ou até hipócrita.
AULA 08 - NIETZSCHE
A vida e a obra
●	Friedrich Nietzsche nasceu na Saxônia em 15 de outubro de 1844 numa família de pastores luteranos.
●	Estudou teologia e filologia clássica em Bonn e em Leipzig. Seu objetivo era se tornar pastor.
●		Em Leipzig leu 0 mundo como vontade e representação, de Schopenhauer, leitura destinada a deixar marca decisiva no pensamento de Nietzsche.
●	Schopenhauer sustentava ser o mundo mera representação, amparado por uma vontade maléfica que a tudo perpassa. Essa vontade é cega e não atenta para as preocupações da humanidade comum, infligindo a seus membros uma vida de sofrimento, enquanto lutam contra sua manifestação em torno deles (o mundo). A única conduta sensata que nos resta consiste em diminuir o poder da vontade dentro de nós
mediante uma vida de renúncia e ascetismo.
●	Com vinte e cinco anos apenas, Nietzsche foi chamado, em 1869, a ocupar a cátedra de filologia clássica na Universidade de Basileia.
●	É desse período seu encontro com Richard Wagner.
●	Wagner nascera no mesmo ano do pai de Nietzsche e, segundo os registros da época, guardava com ele impressionante semelhança
●	Em abril de 1869 aceita o prestigioso convite de assumir a cátedra de Filologia na Universidade de Basileia, na suíça.
●	Rapidamente firmou-se como o jovem astro em ascensão da universidade e estabeleceu relações com Jacob Burckhardt, o grande historiador da cultura que também fazia parte do quadro acadêmico da universidade. Burckhardt, o primeiro a elaborar o conceito histórico de Renascimento, era o único espírito do mesmo calibre de Nietzsche no corpo docente, e talvez a única figura que
Nietzsche continuaria a reverenciar até o fim de sua vida.
●	A experiência da guerra franco-prussiana.
●	No campo de batalha em Wörth, viu-se no meio de restos humanos “salpicados por todos os lados, exalando um penetrante cheiro pútrido de cadáveres”. Mais tarde, foi colocado num vagão de gado para conduzir seis feridos numa viagem que durou mais de dois dias. Entrincheirado entre ossos quebrados, carne gangrenada e soldados moribundos, Nietzsche, de forma varonil, fez o melhor que pôde – mas na chegada a Karlsruhe ele próprio era um homem destruído. Foi levado para o hospital com desinteria e difteria.
●	Em 1872, saiu 0 nascimento da tragédia.
●	Entre 1873 e 1876 Nietzsche escreveu as quatro Considerações atuais. Nesse meio tempo, por motivos pessoais e por razões teóricas rompeu sua amizade com Wagner. 0 testemunho desse rompimento pode ser encontrado em Humano, muito humano (1878), onde o autor também toma distância da filosofia de Schopenhauer.
●	Nessa obra, Nietzsche começou a desenvolver o estilo que lhe permitiu tornar-se um mestre na língua alemã. Decidiu começar a escrever sob a forma de aforismos. Ao invés de usar argumentos longos e tortuosos, preferiu apresentar suas ideias numa série de intuições penetrantes,
●	No ano seguinte, em 1879, por razões de saúde, mas também por motivos mais profundos (a filologia não era seu "destino"), Nietzsche demitiu-se do ensino e iniciou sua irrequieta peregrinação de pensão a pensão pela Suíça, a Itália e o sul da França.
●	Em 1881 publicou a Aurora, onde já tomam corpo as teses fundamentais de seu pensamento. A Gaia ciência de 1882: aqui, o filósofo prometeu novo destino para a humanidade.
●	Ainda em 1882 Nietzsche conhece Lou Salomé, jovem russa de vinte e quatro anos. Acreditando nela, queria desposá-la. Mas Lou Salomé o rejeitou e se uniu a Paul Ree, amigo e discipulo de Nietzsche.
●	Em 1883, em Rapallo, ele concebe sua obra-prima: Assim falou Zaratustra, obra que foi concluída entre Roma e Nice, dois anos
depois. Em 1886, publicou Além do bem e do mal. A Genealogia
●	No ano seguinte, Nietzsche escreve: 0 caso Wagner, O crepúsculo dos ídolos, 0 Anticristo, Ecce homo. Do mesmo período e também o escrito Nietzsche contra Wagner.
●	Em Turim, ele trabalha em sua última obra, a Vontade de poder, que, no entanto, não conseguiu concluir.
●	Com efeito, em 3 de janeiro de 1889 cai vítima da loucura, lançando-se ao pescoço de um cavalo que o dono estava espancando diante de sua casa em Turim.
●	Inicialmente, foi confiado a sua mãe e, quando esta faleceu, à irmã. Morreu em Weimar, imerso nas trevas da loucura, em 25 de agosto de 1900, sem poder se dar conta do sucesso que estavam tendo os livros que mandara publicar à própria custa.
●	Sua irmã começou a adulterar as anotações inéditas do irmão, inserindo nelas ideias antissemitas e observações elogiosas sobre si própria. Essas anotações foram publicadas com o título de Vontade de potência.
O “dionisíaco”, o “apolíneo”e “o problema Sócrates”
●	A vida, pensa Nietzsche, nas pegadas de Schopenhauer, e cruel e cega irracionalidade, dor e destruição. Só a arte pode oferecer ao individuo a força e a capacidade de enfrentar a dor da vida, dizendo sim à vida.
●	Em 0 nascimento da tragédia, que é de 1872, Nietzsche procura mostrar como a civilização grega pré-socrática explodiu em vigoroso sentido trágico, que é aceitação extasiada da vida, coragem diante do destino e exaltação dos valores vitais. A arte trágica é corajoso e sublime sim à vida.
●	Com isso Nietzsche subverte a imagem romântica da civilização grega.
●	Nietzsche identifica o segredo desse mundo grego no espírito de
Dioniso.	Dioniso	é	a	imagem	da	força	instintiva	e	da	saúde,	a
●	Ao lado do dionisíaco, diz Nietzsche, o desenvolvimento da arte grega também está ligado ao apolíneo, que é tentativa de expressar o sentido das coisas na medida e na moderação, explicitando-se em figuras equilibradas e límpidas.
●	“0s dois instintos, tão diferentes entre si, caminham um ao lado do outro, no mais das vezes em aberta discórdia [...I, até que, em virtude de um milagre metafisico da 'vontade' helênica, apresentam-se por fim acoplados um ao outro. E nesse acoplamento final gera-se a obra de arte, tão dionisíaca quanto apolínea, que é a tragédia ática".
●	O problema de Eurípedes
●	Surge então Sócrates, com sua louca presunção de compreender e dominar a vida com a razão e, com isso, temos a verdadeira decadência.
●	Sócrates e Platão são "sintomas de decadência, os instrumentos da dissolução grega, os pseudogregos, os antigregos".
●	"Sócrates - escreve Nietzsche - foi um equivoco: toda a moral do aperfeiçoamento, inclusive a cristã, foi um equivoco [...]. A mais crua luz diurna, a racionalidade a qualquer custo, a vida clara, prudente, consciente e sem instintos, em contraste com os instintos, isso era apenas doença diferente - e de modo nenhum retorno á 'virtude’, à ‘saúde’, à ‘felicidade’".
●	"Sócrates apenas esteve longamente doente".
●	Disse não à vida; abriu uma época de decadência que esmaga também a nos. Ele combateu e destruiu o fascínio dionisíaco que liga homem a homem e homem à natureza.
O anúncio da “morte de Deus”
●	Em nome do instinto dionisíaco, em nome daquele homem grego sadio do século VI a.C., que "ama a vida" e que é totalmente terreno, por um lado anuncia a "morte de Deus" e por outro realiza profundo ataque contra o cristianismo, cuja vitória sobre o mundo antigo e sobre a concepção grega do homem envenenou a humanidade.
●	E, por outro lado ainda, vai às raízes da moral tradicional, examina sua genealogia, e descobre que ela é a moral dos escravos, dos fracos e dos vencidos ressentidos contra tudo o que é nobre, belo e aristocrático.
●	Na Gaia ciência, o homem louco anuncia aos homens que Deus está morto: "0 que houve com Deus? Eu vos direi. Nós o matamos
- eu e vós. Nos somos os assassinos dele!" Pouco a pouco, por diversas razões, a civilização ocidental foi se afastando de Deus: foi assim que o matou. Mas, "matando“ Deus, eliminam-se todos
●	Por conseguinte, com Deus desapareceu também o homem velho, mas o homem novo ainda não apareceu. Diz o louco em Gaia ciência: "Venho cedo demais, ainda não é meu tempo. Esse acontecimento monstruoso ainda esta em curso e não chegou aos ouvidos dos homens".
●	A morte de Deus é fato que não tem paralelos. E acontecimento que divide a história da humanidade. Não é o nascimento de Cristo, e sim a morte de Deus, que divide a historia da humanidade.
●	E esse acontecimento, a morte de Deus, anuncia antes de mais nada Zaratustra, que, depois, sobre as cinzas de Deus, erguerá a ideia do super-homem, do homem novo, impregnado do ideal dionisíaco que "ama a vida" e que, voltando às costas para as quimeras do "céu", voltará à
O Anticristo, ou o cristianismo como vício
●	A morte de Deus é um evento cósmico, pelo qual os homens são responsáveis, e que os liberta das cadeias do sobrenatural que eles próprios haviam criado.
●	Falando sobre os padres, Zaratustra afirma: "Tenho pena desses padres [...], para mim eles são prisioneiros e marcados. Aquele que eles chamam de redentor os carregou de grilhões de falsos valores e de palavras loucas! Ah, se alguém pudesse redimi-los de seu redentor! "
●	Esse, precisamente, é o objetivo que Nietzsche quer alcançar com o Anticristo, que é uma "maldição do cristianismo". Para ele, um animal, uma espécie ou um individuo é pervertido "quando perde seus instintos, quando escolhe e quando prefere o que lhe é nocivo".
●	“O cristianismo chega ao fim – destruído por sua própria moralidade (que não pode ser substituída), uma moralidade que acaba por se ver obrigada a negar até mesmo a existência do seu próprio Deus. O senso de veracidade, desenvolvido ao máximo pelo cristianismo, deixa-se contaminar pelas falsidades e pela desonestidade de todas as interpretações cristãs do mundo e da história. Salta de ‘Deus é a verdade’ para ‘Tudo é falso’.”
●	0 cristianismo considerou pecado tudo o que é valor e prazer na terra.
●		Ele "tomou partido de tudo o que é fraco, abjeto e arruinado; fez um ideal da contradição contra os instintos de
●	0 cristianismo é a religião da compaixão.
●	"Mas a pessoa perde força quando tem compaixão [...I; a compaixão bloqueia maciçamente a lei do desenvolvimento, que é a lei da seleção".
●	Nietzsche vislumbra no Deus cristão "a divindade dos doentes [...]; um Deus degenerado a ponto de contradizer a vida, ao invés de ser a transfiguração e o eterno sim dela [...I. Em Deus, esta divinizado o nada, está consagrada a vontade do nada!“
●	Apesar de tudo isso, Nietzsche é cativado pela figura de Cristo ("Cristo é o homem mais nobre"; "o símbolo da cruz é o símbolo mais sublime que jamais existiu") e faz distinção entre Jesus e o cristianismo.
●	Cristo morreu para mostrar como se deve viver. Cristo foi um "espirito livre", mas com Cristo morreu o Evangelho: também o Evangelho ficou "suspenso na cruz", ou melhor, transformou-se em Igreja, em cristianismo, isto é, em ódio e ressentimento contra
●	A Renascença e a Reforma Protestante: “um monge alemão, Lutero, veio a Roma. Trazendo dentro do peito todos os instintos de vingança de padre frustrado, esse monge, em Roma, indignou-se contra a Renascença [. . .] E Lutero restaurou novamente a lgreja [. . .] Ah, esses alemães, quanto nos custaram!”
●	"A Igreja cristã não deixou nada intacto em sua perversão; ela fez de cada valor um desvalor, de cada verdade uma mentira, de toda honestidade uma abjeção da alma’;.
●	0 além é a negação de toda realidade e a cruz é uma conjuração "contra a saúde, a beleza, a constituição bem-sucedida, a valentia de espírito, a 'bondade da alma,
A genealogia da moral
●	Nietzsche também submete a moral a cerrada critica. Essa é a "grande guerra" que Nietzsche trava em nome da "transformação dos valores que dominaram até hoje".
●	Essa revolta contra "o sentimento habitual dos valores“ ele a explicita especialmente em dois livros: Além do bem e do ma1 e Genealogia da moral.
●	Escreve Nietzsche: "Até hoje, não se teve sequer a mínima dúvida ou a menor hesitação em estabelecer o 'bom' como superior, em valor, ao 'mau'.[. . .]. Como? E se a verdade fosse o contrário? Como? E se no bem estivesse inserido também um sistema de retrocesso ou então um perigo, uma sedução, um veneno?“
●	Essa é a questão proposta pela Genealogia da moral. E é aí que Nietzsche começa a indagar os mecanismos psicológicos que iluminam a gênese dos valores: a compreensão da gênese psicológica dos valores, em si mesma, será suficiente para por em dúvida sua pretensa absolutez e indubitabilidade.
●	Antes de mais nada, a moral é maquina construída para dominar os outros e, em segundo lugar, devemos logo distinguir entre a moral aristocrática dos fortes e a moral dos escravos. Estes são os fracos, os malsucedidos. E, como diz o provérbio, os que não podem, dar maus exemplos dão bons conselhos. É assim que os constitutivamente os fracos agem para subjugar os fortes.
●	E Nietzsche prossegue: "Enquantotoda moral aristocrática nasce da afirmação triunfal de si, a moral dos escravos opõe desde o começo um não aquilo que não pertence a ela mesma, aquilo que é diferente dela e constitui o seu não-eu - este é seu ato criador. Essa subversão [. . .], pertence propriamente ao ressentimento".
●	É o ressentimento contra a força, a saúde e o amor a vida que torna dever e virtude e eleva a categoria de bons comportamentos o desinteresse, o sacrifício de si mesmo, a submissão.
●	Essa moral dos escravos é legitimada por metafisicas que a sustentam com bases presumidamente "objetivas", sem que se perceba que tais metafísicas nada mais são do que "mundos superiores" inventados para poder "caluniar e sujar este mundo", que elas querem reduzir a mera
Niilismo, eterno retorno e ‘amor fati’
●	0 niilismo, diz Nietzsche, é "a consequência necessária do cristianismo, da moral e do conceito de verdade da filosofia". Quando as ilusões perdem a máscara, então o que resta é nada: o abismo do nada.
●	"Como estado psicológico, o niilismo torna-se necessário, em primeiro lugar, quando procuramos em todo acontecimento um 'sentido' que ele não tem, até que, por fim, começa a faltar coragem a quem procura".
●	Aquele "sentido" podia ser a realização ou o fortalecimento de um valor moral (amor, harmonia de relações, felicidade etc.). Mas o que devemos constatar é que a desilusão quanto a esse pretenso fim é "uma causa do niilismo" .
●	Em segundo lugar, "postulou-se uma totalidade, uma sistematização e até uma organização em todo o acontecer e em sua base". Entretanto, o que se viu é que esse universal, que o homem construíra para poder crer no seu próprio valor, não existe!
●	No fundo, o que aconteceu? "Alcançou-se o sentimento da falta de valor quando se compreendeu que não é lícito interpretar o caráter geral da existência nem com o conceito de 'fim', nem com o conceito de 'unidade', nem com o conceito de 'verdade'."
●	Caem assim "as mentiras de vários milênios" e o homem permanece sem os enganos das ilusões, mas permanece só. Não há valores absolutos; aliás, os valores são desvalores; não existe nenhuma estrutura racional e universal que possa sustentar o esforço do homem; não há nenhuma providência, nenhuma ordem cósmica. Não há uma ordem, não há um sentido.
●	Mas há uma necessidade: o mundo tem em si a necessidade da vontade. Desde a eternidade, o mundo é dominado pela vontade de aceitar a si próprio e de repetir-se.
●	É essa a doutrina do eterno retorno que Nietzsche retoma da Grécia e do Oriente.
●	0 mundo não procede de modo retilíneo em direção a um fim (como acredita o cristianismo), nem seu devir é progresso, mas "todas as coisas retornam eternamente e nós com elas; nos já existimos eternas vezes e todas as coisas conosco".
●	“O prazer surge quando há o sentimento de potência. A felicidade repousa na consciência triunfante de potência e vitória. O progresso se baseia no fortalecimento da espécie, na aptidão para o uso enérgico da vontade. Todo o resto é um perigoso mal-entendido.”
●	0 mundo que aceita a si próprio e que se repete: é esta a doutrina cosmológica de Nietzsche. E a ela Nietzsche vincula sua outra doutrina, a do amor fati: amar o necessário, aceitar este mundo e amá-lo.
O super-homem e o sentido da terra
●	0 amor fati é aceitação do eterno retorno, é aceitação da vida. Mas não se deve ver nele a aceitação do homem. A mensagem fundamental de Zaratustra, com efeito, está em pregar o super-homem.
●	É o homem, o homem novo, que deve criar um novo sentido da terra. Abandonar as velhas cadeias e cortar os antigos troncos. 0 homem deve inventar o homem novo, isto é, o super-homem, o homem que vai além do homem e que é o homem que ama a terra e cujos valores são a saúde, a vontade forte, o amor, a embriaguez dionisíaca e um novo orgulho.
●	0 super-homem substitui os velhos deveres pela vontade própria.
●	Ele deve procurar novos valores: "0 mundo gira em torno dos inventores de novos valores".
●	Assim como para Protágoras, também para Nietzsche o homem deve ser a medida de todas as coisas, deve criar novos valores e pô-los em prática. 0 homem embrutecido tem a espinha curvada diante das ilusões cruéis do sobrenatural. 0 super-homem "ama a vida" e "cria o sentido da terra", e é fiel a isso. Ai está sua vontade de poder.
AULA 09 – A ESCOLA DE FRANKFUT
I.1	Totalidade e dialética como categorias fundamentais da pesquisa social
Instituto de Pesquisa Social, fundado em 1920.
●	1931: nomeação de Max Horkheimer como diretor do instituto.
●	Contexto de surgimento: período do pós-guerra.
●	A Revista de Pesquisa Social
●	Socialista e materialista;
●	Tônica na totalidade e na dialética.
●	Teoria crítica da sociedade:
●	A pesquisa social é a “teoria da sociedade como um todo”
●	Exame das relações existentes entre os âmbitos econômicos, psicológicos e culturais da sociedade contemporânea.
●	Tal teoria é crítica enquanto dela emergem as contradições da sociedade industrializada moderna e particularmente da sociedade capitalista.
●	O teórico crítico “é o teórico cuja única preocupação consiste em um desenvolvimento que leve a uma sociedade sem exploração”.
I.2	Da Alemanha para os Estados Unidos
●	Principais nomes: os economistas Friedrich Pollock e Henryk Grossman, o sociólogo Karl-August Witttfogel, o historiador Franz Borkenau, os filósofos Max Horkheimer e Herbert Marcuse, o sociólogo e musicólogo Theodor W. Adorno, o sociólogo e psicanalista Erich Fromm, o filósofo e crítico literário Walter Benjamin, etc.
●	Perseguição dos nazistas.
●	Depois da Segunda Guerra Mundial, muitos voltam para a Alemanha, entre eles Adorno e Horkheimer e fazem renascer a Escola de Frankfurt.
II.	Theodor Wiesengrund Adorno
(1903-1969)
II. Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)
Dialética do iluminismo (1949), junto com Horkheimer
●	Análise da sociedade tecnológica contemporânea.
●	A razão tornou-se razão instrumental.
●	“O aumento da produtividade econômica, que, por um lado gera condições para um mundo mais justo, por outro lado propicia ao instrumental técnico e aos grupos sociais que dele dispõem imensa superioridade sobre o resto da população. Diante das forças econômicas, o indivíduo é reduzido a zero”
●	A cultura contemporânea serve ao poder ao invés de dar voz à realidade arruinada da sociedade capitalista.
II. Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)
Dialética do iluminismo (1949), junto com Horkheimer
●	Para alcançar sua funcionalidade, o “sistema”, que é a sociedade tecnológica contemporânea, entre seus principais instrumentos, pôs em funcionamento uma poderosa máquina: a indústria cultural.
●	A mídia impõe valores e modelos de comportamento, cria necessidades e estabelece a linguagem.
●	“A indústria cultural perfidamente realizou o homem como ser genérico”
●	O divertimento não é mais o lugar da recreação, da liberdade, da genialidade, da verdadeira alegria. É a indústria cultural que fixa o divertimento e os horários. E o indivíduo se submete.
●	A indústria cultural é a própria ideologia, a ideologia da aceitação dos fins estabelecidos por “outros”, isto é, pelo
II.	Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)
Dialética negativa (1966)
●	Rejeita as pretensões da filosofia de agarrar, com a força do pensamento, toda a realidade, e de revelar seu “sentido” escondido e profundo.
●	Apenas negando a identidade de ser e pensamento é possível desmascarar os sistemas filosóficos que “eternizam” o estado presente, proíbem qualquer mudança e tentam ocultar aquilo que, ao contrário, a dialética negativa traz à luz: o individual, o diferente, o marginal, o marginalizado.
●	A teoria crítica quer ser uma defesa do individual e aquela denuncia uma cultura “culpada e miserável”.
III.	Max Horkheimer (1895-1973)
III. Max Horkheimer (1895-1973)
●	O conceito de racionalidade que está na base da civilização moderna é podre na raiz: a vontade humana de dominar a natureza, de compreender suas leis para submetê-las, exigiu a instauração de uma organização burocráticae impessoal, que, em nome do triunfo da razão sobre a natureza, chegou a reduzir o homem a simples instrumento.
●	O progresso a serviço da destruição do homem
●	A razão torna-se razão instrumental, ou seja, está a serviço do “sistema”, ou seja, de quem está no poder.
●	A filosofia como denúncia da razão instrumental.
AULA 10 - EXISTENCIALISMO
●	A existência é “poder-ser”, isto é “incerteza, risco, decisão”
●	0 existencialismo ou filosofia da existência é a vasta corrente filosófica contemporânea que se afirma na Europa logo depois da Primeira Guerra Mundial, impõe-se no período entre as duas guerras e se desenvolve ainda mais e se expande até tornar-se moda principalmente nas duas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial.
A época do existencialismo é época de crise: a crise do otimismo romântico que, durante todo o século XIX e a primeira década do século XX, "garantia" o sentido da história em nome da razão, do absoluto, da ideia ou da humanidade, "fundamentava“ valores estáveis e "assegurava" um progresso certo e irreprimível.
0 existencialismo considera o homem como ser finito, "lançado no mundo" e continuamente dilacerado por situações problemáticas ou absurdas. E é precisamente pelo homem, o homem em sua singularidade, que o existencialismo se interessa.
●	A existência é “poder-ser”, isto é “incerteza, risco, decisão”
De que modo se qualifica o conceito de existência dentro do existencialismo? A primeira coisa que se deve destacar é que a existência é constitutiva do sujeito que filosofa, e o único sujeito que filosofa é o homem; por isso, ela é exclusivamente típica do homem, já que o homem é o único sujeito que filosofa. Além disso, a existência é um modo de ser finito; e ela é possibilidade, isto é, um poder-ser. A existência não é precisamente uma essência, coisa dada por natureza, realidade predeterminada e não modificável.
A existência é, portanto, um poder-ser e, por conseguinte, é "incerteza, problematicidade, risco, decisão, impulso para a frente". Mas impulso em direção a quê? E precisamente aí que começam a se dividir as correntes do existencialismo,
Existencialismo
●	Os pensadores mais representativos do existencialismo
0s representantes mais prestigiosos do existencialismo são Martin Heidegger e Karl Jaspers, na Alemanha; Jean-Paul Sartre, Gabriel Marcel, Maurice Merleau-Ponty e Albert Camus, na França; Nicola Abbagnano, na Itália.
Martin Heidegger (1889-1976)
●	Vida e obras
O expoente principal da filosofia da existência é Martin Heidegger.
Nascido em Messkirch em 1889, estudou teologia e filosofia.
Professor por alguns anos na Universidade de Marburgo, em 1929 Heidegger sucedeu a Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo.
Em 1927, publica seu trabalho fundamental: Ser e tempo.
Em 1933, Heidegger, que aderira ao nazismo, torna-se reitor da Universidade de Friburgo, mas pouco depois se demitiu do cargo de reitor.
Seus escritos posteriores a esse período são: Holderlin e a essência da poesia (1937), A doutrina de Platão sobre a verdade (1942), republicado em 1947, juntamente com a Carta sobre o humanismo; A essência da verdade (1943); Caminhos interrompidos (1950); Introdução a metafísica (1953); 0 que é a filosofia? (1956), A caminho rumo à linguagem (1959); Nietzsche (1961), em dois volumes.
●	O ser-no-mundo
0 homem é aquele ente que se interroga sobre o sentido do ser.
0 homem não pode reduzir-se a simples objeto, isto é, a simples estar-presente. 0 modo de ser do homem é a existência. A existência é poder-ser. Mas poder ser significa projetar. Por isso, a existência é essencialmente transcendência, identificada por Heidegger com a ultrapassagem. Desse modo, para ele, a transcendência não é um entre os muitos possíveis comportamentos do homem, e sim sua constituição fundamental: o homem é projeto e as coisas do "mundo" sio originariamente utensílios em função do projetar humano.
A existência é poder-ser, projeto, transcendência em relação ao mundo: estar no mundo, portanto, significa originariamente
●	0 ser das coisas equivale ao seu ser utilizadas pelo homem. 0 homem, portanto, não é um espectador do grande teatro do mundo: o homem está no mundo, envolvido nele, em suas vicissitudes. E transformando o mundo, ele forma e se transforma a si mesmo.
As coisas são sempre instrumentos: se for conveniente, poderão ser vistas como instrumentos que satisfazem um prazer estético; mas, se o consideramos útil, poderão ser vistas "objetivamente", isto é, cientificamente, tendo como fundo um projeto total.
Por outro lado, assim como o ser-no-mundo do homem se expressa pelo cuidar das coisas, do mesmo modo o seu ser-com-os-outros se expressa pelo cuidar dos outros, coisa que constitui a estrutura basilar de toda possível relação entre os homens.
●	O ser-para-a-morte
Entretanto, entre as várias possibilidades, há uma diferente das outras, a qual o homem não pode escapar: trata-se da morte. Com efeito, posso decidir dedicar minha vida a um objetivo ou a outro, posso escolher uma profissão ou outra, mas não posso deixar de morrer.
A voz da consciência, por conseguinte, nos remete ao sentido da morte e revela a nulidade de todo projeto: na perspectiva da morte, todas as situações singulares aparecem como possibilidades que podem se tornar impossíveis. Desse modo, a morte impede que alguém se fixe em uma situação, mostra a nulidade de todo projeto e funda a historicidade da existência.
A existência autêntica, portanto, é um ser-para-a-morte. Somente compreendendo a impossibilidade da morte como possibilidade da existência, e somente assumindo essa possibilidade com decisão antecipada, o homem encontra seu ser autêntico.
●	A coragem diante da angústia
0 "viver para a morte" constitui, portanto, o sentido autêntico da existência. 0 "viver-para-a-morte" nos afasta do estar submerso nos fatos e nas circunstâncias.
A antecipação da morte (que não significa de modo algum realizá-la pelo suicídio) dá sentido ao ser dos entes, mediante a experiência do seu nada possível.
Essa experiência, no entanto, não se tem por obra de ato intelectivo, e sim, muito mais, por meio do sentimento especifico que é a angústia: "0 ser-para-a-morte é essencialmente angustia".
A angústia põe o homem diante do nada, do nada de sentido, isto é, do não-sentido dos projetos humanos e da própria
existência.
Existir autenticamente implica ter a coragem de olhar de frente a possibilidade do próprio não-ser, de sentir a angústia do ser-para-a-morte.
A existência autêntica, por conseguinte, significa a aceitação da própria finitude. E é a essa aceitação que nos conclama a voz da consciência: a aceitação da nossa própria finitude e negatividade.
●	A existência inautêntica e anônima, ao contrário, tem medo da angústia diante da morte, de modo que, para escapar a angústia, a existência anônima ocupa-se muito com as coisas: "a existência anônima e banal não tem a coragem da angustia diante da morte".
E isso pode ser visto no fato de que a existência anônima banaliza a angústia no medo: "o medo é uma angústia que decaiu ao nível do mundo, inautêntica e oculta para si mesma como angústia".
Sempre se tem medo de alguma coisa; ao passo que nos angustiamos por nada: na angústia está presente o nada, com seu
Karl Jaspers	(1883-1969) e o	naufrágio da
existência
●	Vida e obras
Formado em medicina e filosofia
Professor	da	Universidade	de	Heidelberg	até	1937,	quando	foi expulso por seu antinazismo.
A obra central e mais destacada de Jaspers é Filosofia (1932), em três	volumes:	1)		Orientação	filosófica	no	mundo;		2) Esclarecimento da existência; 3) Metafisica. Depois, apareceram: Razão e existência (1935), Nietzsche (1936), Descartes e a filosofia (1937),	Filosofia		da	existência	(1938),	A	verdade		(1947),	A		fé filosófica (1948), Origem e fim da história (1949) e Introdução à filosofia (1950).
Opôs-se corajosamente ao nazismo e, convencido de que "não há grande filosofia sem pensamento político", Jaspers escreveu sobre o problema da bomba atômica e sobre a Culpa da Alemanha

Continue navegando

Outros materiais