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-E196S – MÁQUINAS ELÉTRICAS Prof. Dr. Lucas Teles de Faria Telefone: (18) 3284-9682 E-mail: lucas.teles@unesp.br 1 -Módulo 2 Transformador Monofásico Motivações. Introdução. Transformador ideal. Transformador real. Circuito equivalente. Determinação dos parâmetros do circuito equivalente. Polaridade dos enrolamentos do transformador. Regulação de tensão. Rendimento. Transformadores monofásicos Por que precisamos estudar este tópico? Os transformadores permitem a transmissão a grandes distâncias usando altos níveis de tensão e reduzindo as perdas elétricas dos sistemas. Entender os aspectos básicos do campo magnético que estabelecem os fundamentos da operação dos transformadores. Desenvolver circuitos equivalentes que representem o comportamento dos transformadores em circuitos e sistemas elétricos. Motivações Transformadores utilizados em sistemas de transmissão Fotos Fotos Transformador utilizado em sistemas de transmissão Fotos Transformador utilizado em subestação de sistemas industriais Fotos Transformador utilizado em subestação de sistemas de distribuição (cerca de 3,5 metros de altura) Transformador utilizado em sistemas de distribuição (alimentação da rede secundária) Fotos Fotos Corte em um transformador (bobinas, buchas, radiador) Fotos Transformador utilizado para realizar casamento de impedância em circuito impresso. Fotos O transformador é comumente utilizado em sistemas de conversão de energia e em sistemas elétricos. Mesmo não sendo um dispositivo de conversão eletromecânica de energia, o transformador é um importante componente do processo global de conversão energética. Seu princípio de funcionamento é baseado nas leis desenvolvidas para análise de circuitos magnéticos. Transformadores são utilizados para transferir energia elétrica entre diferentes circuitos elétricos através de um campo magnético, usualmente com diferentes níveis de tensão. Introdução (1/6) As principais aplicações dos transformadores são: Adequar os níveis de tensão em sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Isolar eletricamente sistemas de controle e eletrônicos do circuito de potência principal (toda a energia é transferida somente através do campo magnético). Realizar casamento de impedância de forma a maximizar a transferência de potência. Evitar que a corrente contínua de um circuito elétrico seja transferida para o outro circuito elétrico. Realizar medidas de tensão e corrente. Um transformador pode fornecer isolação entre linhas de distribuição e dispositivos de medição (TPs – Transformador de Potencial e TCs – Transformador de Corrente). Introdução (2/6) Introdução (3/6) Isolação elétrica entre dois dispositivos há quando não existe conexão física entre eles através de condutores elétricos. Na figura abaixo, o transformador evita que a corrente contínua de um circuito elétrico seja transferida para o outro circuito elétrico. d e dt Introdução (4/6) Um transformador pode fornecer isolação entre linhas de distribuição e dispositivos de medição (exemplo: voltímetro.) 𝑉1 𝑉2 = 𝑛 1 → 13.200 𝑉 120 𝑉 = 𝑛 1 ∴ 𝑛 = 110 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠 O transformador tem a função de transformar energia elétrica em CA de um determinado nível de tensão para um outro nível de tensão através da ação de um campo magnético. Esse dispositivo consiste de duas ou mais bobinas enroladas em um núcleo ferromagnético. Normalmente, a única conexão entre essas bobinas é o fluxo magnético que circula pelo núcleo ferromagnético (com exceção do autotransformador). Introdução (5/6) símbolo Introdução (6/6) núcleo envolvido Exemplo 2.1 da necessidade do uso de transformadores em sistemas de potência Seja um gerador com tensão terminal de 10 kV e capacidade de geração de 300 MW, e que se deseja transmitir esta potência (energia) para uma carga situada a uma distância de 20 km. Tem-se que: If = Pf` / Vf A Sabemos que: Pf = 300,0 MW Vf = 10,0 kV Assim, temos: If = 300,0/10,0 = 30,0 kA Exemplo 2.1 da necessidade do uso de transformadores em sistemas de potência Sendo a resistividade do cobre = 1,75 10-8 /m, a resistência será: RL = l/A Para l = 20 km e considerando que o condutor tem um raio de 25 mm, temos: RL = (1,75 10 -8 20 103)/((25 10-3)2) = 0,1783 Assim, a perda ôhmica de potência (dissipada na LT) será: Ploss = RL I 2 = 0,1783 (30 103)2= 160 MW Esta perda representa: (160/300,0) 100 = 53,3% Conclusão: Mais da metade da potência (energia) gerada seria perdida na transmissão!!!! Exemplo 2.1 da necessidade do uso de transformadores em sistemas de potência Para linhas de transmissão de alta tensão, a reatância séria da linha é tipicamente muito maior que a resistência série. Além disso em linhas curtas (menores que 200 km), a susceptância em derivação é muito pequena. Assim, de forma simplificada, podemos considerar que a linha é representada apenas por uma reatância série. Um valor típico de reatância para uma linha de 20 km é 0,872 /fase. Assim, temos: Para análise da queda de tensão, uma linha de transmissão pode ser representada pelo modelo chamado pi-equivalente: RL XL b/2 b/2 VG VL jXL I 𝑍 = R + jX 𝑌 = 1 𝑍 = 𝐺 + 𝑗𝐵 Exemplo 2.1 da necessidade do uso de transformadores em sistemas de potência A queda de tensão na linha é dada por: |VGVL| = |V| = |XL|.|I| |V| = 0,872 . 30 103 = 26,16 kV!!! Este resultado é absurdo pois a queda de tensão é maior que a tensão nos terminais do gerador (10,0 kV) Conclusão: É fisicamente impossível transmitir 300 MW de potência através de uma linha de 20 km com um nível de tensão de 10 kV. Se a tensão na saída do gerador fosse 100 kV ao invés de 10 kV (trafo 1:10), teríamos: I = 3,00 kA ao invés de 30,0 kA P = 1,60 MW ao invés de 160 MW (0,53% da potência gerada) V = 2,62 kV ao invés de 26,16 kV (VG = 100,0 kV) (VG = 10,0 kV) Portanto, as perdas e a queda de tensão estariam dentro de limites aceitáveis e fisicamente realizáveis. Uso de transformadores em sistemas de potência – Diagrama Unifilar Uso de transformadores em sistemas de potência Interligação em Sistemas de Transmissão Sistemas interligado nacional - SIN (rede básica – 220 kV) Fonte: ONS (Operador Nacional do Sistema) Produção de um campo magnético. “Quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica surge em torno dele um campo magnético” Lei circuital de Ampère. n k k c ildH 1 . i André-Marie Ampère Revisão (1/6) Revisão (2/6) Constatações: Ocorre um deslocamento do ponteiro do galvanômetro no instante em que a chave é fechada ou aberta (fonte CC). Para corrente constante (chave fechada), independentemente de quão elevado seja o valor da tensão aplicada, não há deslocamento do ponteiro. Michael Faraday Lei de Faraday. e fluxo Revisão (3/6) Michael Faraday Constatações: Ao se aproximar ou afastar o ímã do solenóide (bobina) ocorre um deslocamento do ponteiro do galvanômetro. Quando o ímã está parado, independentemente de quão próximo este esteja do solenóide, não há deslocamento do ponteiro do galvanômetro. Lei de Faraday. e fluxo Revisão (4/6) Michael Faraday A lei de Faraday declara que: “Quando um circuito elétrico é atravessado por um fluxo magnético VARIÁVEL, surge uma FEM (tensão) induzida atuando sobre o mesmo.” A lei de Faraday também declara que: “A fem (tensão) induzida no circuito é numericamente igual à variação do fluxo que o atravessa.” d e dt Lei de Faraday. e fluxo Revisão (5/6) Michael Faraday Formas de se obter uma tensão induzida segundo a lei de Faraday: Provocar um movimento relativo entre o campo magnético e o circuito (Princípio de Funcionamento da Máquina Síncrona). Utilizar uma corrente variável para produzir um campo magnético variável. (Princípio de Funcionamento do Transformador). d e dt Lei de Lenz. Heinrich Lenz Revisão (6/6) “A tensão induzida em um circuito fechado por um fluxo magnético variável produzirá uma corrente de forma a se opor á variação do fluxo que a criou” dt d e Principio de funcionamento (1/4) O que acontece se energizamos a bobina 1 com uma fonte de corrente continua? O que se observa na bobina 2? Principio de funcionamento (2/4) O que acontece se energizamos a bobina 1 do transformador com uma fonte de corrente alternada? O que se observa na bobina 2 do transformador? Principio de funcionamento (3/4) Pela lei de indução de Faraday, surge uma tensão induzida na bobina 2 do transformador. Principio de funcionamento (4/4) Se uma carga é conectada na bobina 2 do transformador, uma corrente i2 circulará pelo mesmo. Pela lei de Lenz, o sentido da corrente i2 é de forma a se opor á variação do fluxo magnético que a criou. Transformador ideal (sem perdas): A resistência dos enrolamentos são desprezíveis: R1=R2=0; A permeabilidade do núcleo é infinita (portanto a corrente de magnetização é nula): Não há dispersão de fluxo: Não há perdas no núcleo (histerese e Foucault); Transformador ideal (1/8) - Características m e1 + - e2 i1R1 R2 + - 1v Carga i2 m + - 2v+ - 1l 2l N1 N2 0 1 2 0l l Equação fundamental do transformador 1 1 1 2 2 2 d v e N dt d v e N dt As tensões induzidas em valor eficaz são: Equação fundamental do transformador 4,44 mE N f B A m:Seja sen t 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 4,44 4,44 m m d v e N E f N B A dt d v e N E f N B A dt Considerando o transformador ideal em vazio (i2 = 0): 𝑣 = 𝑒 = 𝜔𝑁𝜙𝑚cos (𝜔𝑡) 𝑑𝜑 𝑑𝑡 = 𝜔𝜙𝑚𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡) 1 1 1 2 2 2 d v e N dt d v e N dt Desta forma temos: 1 1 1 1 2 2 2 2 d N v e Ndt a dv e N N dt Em que, a é a relação de espiras do transformador, denominada relação de transformação. Transformador ideal (2/8) – relação de transformação Considerando o transformador ideal em vazio (i2 = 0): Para tensões senoidais, em termos de fasores, temos: a N N E E V V 2 1 2 1 2 1 1 2 2 1 2 1 1 transformador elevador 1 transformador abaixador V aV a V V a V V Portanto: Transformador ideal (3/8) Transformador - Princípio de Funcionamento http://www.youtube.com/watch?v=CUllT-wEExU Considerando uma carga no secundário, existirá uma corrente i2 no mesmo que cria uma força magnetomotriz N2i2 que tende a alterar o fluxo no núcleo (desmagnetizando o núcleo – Lei de Lenz!). Portanto, o equilíbrio entre as forças magnetomotrizes será perturbado. A equação do circuito magnético de um transformador ideal é dada por: 2211 2211 0 iNiN iNiN Transformador ideal (4/8) + v1 – + v2 – + e1 – + e2 – Visto que N1i1 = N2i2, a única maneira do balanço se manter, é a corrente i1 variar com o aumento de i2. Pode-se dizer que uma FMM adicional é exigida do primário. Assim, temos: aN N i i 1 1 2 2 1 Em termos fasoriais: a I I aN N I I 2 1 1 2 2 1 1 Obs: na análise acima, desprezamos a corrente de magnetização (permeabilidade infinita), mas na prática é necessário uma pequena corrente de magnetização 𝑖𝜑 no enrolamento primário para estabelecer o fluxo no núcleo. Transformador ideal (5/8) Considere um transformador ideal com relação de espiras 200:100. O primário é alimentado por uma fonte de 60Hz, 220V. Pede-se: a) Qual o máximo valor de fluxo no núcleo ? b) A tensão eficaz induzida no secundário para o fluxo de a); c) A relação de transformação em termos de tensão e corrente; Exemplo 2.2 + v1 – + v2 – + e1 – + e2 – A potência instantânea no primário é dada por: 111 )( ivtp A potência instantânea no secundário é dada por: 222 )( ivtp Sabemos: )()( 222 2 2111 tpiv a i avivtp O que era esperado, visto que todas as perdas foram desprezadas. Em termos fasoriais, temos: 2 * 22 * 2 2 * 111 SIV a I VaIVS Em que S é a potência aparente (VA). Transformador ideal (6/8) Ao se conectar uma impedância no secundário, qual a impedância vista pelo primário? 1V 2V 2E1E 1I 2I Temos que a impedância nos terminais do secundário é dada por: 2 2 2 I V Z Analogamente, a impedância equivalente vista dos terminais do primário (vista pela fonte) é: 22 2 2 22 2 2 1 1 1 ZZa I V a aI Va I V Z Transformador ideal (7/8) 2Z A impedância conectada ao terminal do secundário produz no primário o mesmo efeito que o produzido por uma impedância equivalente conectada aos terminais do primário. é chamada de impedância do secundário refletida ao primário. 2Z 2Z 1V 1I 2I 2 2' 2 ZaZ 21 : NN 1I 1V 2 2 2 ZaZ De maneira similar, as correntes e tensões podem ser refletidas de um lado para o outro através da relação de espiras: 22 2 1 1 2 2 1 2 1 VaV N N V a I I N N I Transformador ideal (8/8) Exemplo 2.3: Efeito de Impedância (carga) no Secundário O circuito equivalente da figura (a) abaixo mostra um transformador ideal em que a impedância R2+jX2=1+j4 está conectada em série com o secundário. A relação de espiras é N1/N2=5:1. Pede-se: a) Desenhe um circuito equivalente cuja impedância em série esteja referida ao primário; b) para uma tensão eficaz de 120 V aplicada ao primário e um curto-circuito nos terminais do secundário A e B, calcule a corrente do primário e a corrente do secundário que flui no curto-circuito. Exemplo 2.4: Casamento de impedância via transformador Um alto-falante tem uma impedância resistiva de 9 , o qual é conectado a uma fonte de 10 V com impedância resistiva interna de 1 , como mostrado na figura abaixo: 10 V 1 9 alto- falante (a) Determine a potência entregue pela fonte ao alto-falante. (b) Para maximizar a transferência de potência para o alto-falante, um transformador com uma relação de espira de 1:3 éusado para conectá-lo a fonte como mostrado na figura abaixo. Determine a potência entregue pela fonte ao alto- falante neste caso. 10 V 1 9 alto- falante 1:3 𝑍𝑓 = 𝑍𝐿 Exemplo 2.4: Casamento de impedância via transformador (a) I = V/RT = 10/(1+9) = 1 A P = R I2 = 9 12 = 9 W (b) A impedância refletida ao primário é dada por: R’2 = a 2 . R2 = (1/3) 2 9 = 1 Portanto, temos: I = V/RT = 10/(1+1) = 5 A P = R I2 = 1 52 = 25 W 10 V 1 9 auto falante 10 V 1 9 auto falante 1:3 Casamento de Impedância: Maximiza a potência elétrica entregue à carga. 𝑍𝑓 = 𝑍𝐿 Dois terminais são considerados de mesma polaridade quando correntes entrando nesses terminais produzem fluxo na mesma direção no núcleo magnético. Os terminais “1” e “3” têm polaridades iguais pois correntes que entram por esses terminais produzem fluxo na mesma direção (sentido horário). Os terminais “2” e “4” também têm polaridades iguais, as correntes que entram por esses terminais produzem fluxo na mesma direção (sentido anti-horário). Os enrolamentos de um transformador podem ser marcados para indicar os terminais de mesma polaridade Polaridade dos enrolamentos do transformador (1/6) Na figura a leitura no voltímetro v seria e1-e2 caracterizando a chamada polaridade subtrativa. Neste caso as tensões e1 e e2 estão em fase. Polaridade dos enrolamentos do transformador (2/6) 1 + - H1 H2 V1 e1 + - e2 + - I1 V2 + - X1 X2 Curto-Circuito (H1-X1) V a) Polaridade Subtrativa (0º) 1 + - H1 H2 V1 e1 + - e2 + - I1 V2 + - X1 X2 Curto-Circuito (H1-X2) V b) Polaridade Aditiva (180º) 1 1 2 1 1 2 1 2 2 2 1 2 0 V E I N e v e v e e a V E I N Na figura a leitura no voltímetro v seria e1+e2 caracterizando a chamada polaridade aditiva. Neste caso as tensões e1 e e2 possuem um defasamento de 180o. Polaridade dos enrolamentos do transformador (3/6) 1 1 2 1 1 2 1 2 2 2 1 2 0 180o V E I N e v e v e e a a V E I N 1 + - H1 H2 V1 e1 + - e2 + - I1 V2 + - X1 X2 Curto-Circuito (H1-X1) V a) Polaridade Subtrativa (0º) 1 + - H1 H2 V1 e1 + - e2 + - I1 V2 + - X1 X2 Curto-Circuito (H1-X2) V b) Polaridade Aditiva (180º) Convenção de pontos: Usualmente coloca-se um ponto nos terminais das bobinas que sejam de mesma polaridade indicando a forma como as bobinas estão enroladas no núcleo. Polaridade dos enrolamentos do transformador (4/6) Polaridade de Transformadores http://www.youtube.com/watch?v=S4HfYKukF1Y H1 X1 X2 e2 + H2e1 + H1 X2 X1 e2 + H2e1 + - -- - Polaridade Subtrativa (0º) Polaridade Aditiva (180º) Para que transformadores possam operar em paralelo para atender uma carga, a polaridade de cada enrolamento deve ser conhecida. Ligação correta: Tensão interna do enrolamento: e21 – e22 0. Portanto, nenhuma tensão adicional é imposta ao transformador. Polaridade dos enrolamentos do transformador (5/6) Ligação incorreta. Tensão interna do enrolamento: e21 + e22 2 e2. Portanto, uma tensão adicional é imposta ao transformador levando ao surgimento de correntes elevadas de circulação (isto, na realidade, é similar a um curto-circuito nos transformadores). Polaridade dos enrolamentos do transformador (6/6) Transformadores Monofásicos em Paralelo http://www.youtube.com/watch?v=azcASE6il_A Um transformador ideal não apresenta perdas e toda potência aplicada ao primário é entregue a carga. Algumas perdas são: Potência dissipada nos enrolamentos. Perdas por aquecimento do núcleo do transformador (por correntes parasitas e histerese). Fluxo de dispersão (i.e., parte do fluxo deixa o núcleo e não concatena o primário com o secundário). No transformador real: As resistências dos enrolamentos não são desprezíveis. A permeabilidade do núcleo é finita (haverá uma corrente de magnetização não nula e a relutância do núcleo é diferente de zero). Há Fluxo Disperso. Há perdas no núcleo (por correntes parasitas e histerese). Transformador real (1/2) R1 resistência do enrolamento do primário. R2 resistência do enrolamento do secundário. Xl1 reatância de dispersão do primário. Xl2 reatância de dispersão do secundário. Rc representa as perdas no núcleo. Xm reatância de magnetização (produz o fluxo). I corrente de excitação Transformador real (2/2) R1 R2jXl1 jXl2 1I 1V Rc jXm ' 2 2 I I k 2I 2V N1 N2 Trafo Ideal cI mI I 1E 2E Definindo-se: secundário do interna impedância primário do interna impedância 222 111 l l jXRZ jXRZ Tem-se: 2222 1111 IZVE IZVE E ainda a relação abaixo se mantém: a N N E E 2 1 2 1 A relação de espiras é igual a relação entre as tensões induzidas pelo fluxo mútuo nos enrolamentos primário e secundário. Circuito equivalente (1/8) Em que: 2 1 2 1 : representa as perdas no núcleo : reatância de magnetização (produz o fluxo) : perdas no núcleo (ferro) em W : potência reativa necessária para produzir o fluxo mútuo em VAr c c m m c m E R P E X Q P Q Circuito equivalente (3/8) R1 R2jXl1 jXl2 1I 1V Rc jXm ' 2 2 I I k 2I 2V N1 N2 Trafo Ideal cI mI I 1E 2E O modelo final é igual ao transformador ideal mais as impedâncias externas representando as perdas. O circuito elétrico equivalente T é dado por: Circuito equivalente (4/8) R1 R2jXl1 jXl2 1I 1V Rc jXm ' 2 2 I I k 2I 2V N1 N2 Trafo Ideal cI mI I 1E 2E Refletindo as quantidades do secundário para o primário. cR mX I mIcI 1I 2 R 2I 2V1V 2V 2I Em que: 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 V aV I I a R a R Xl a Xl Circuito equivalente (5/8) 1R 1Xl ' 2Xl 22 2 2 22 2 2 1 1 1 ZZa I V a aI Va I V Z Lembrando que: 21 2 Z a Z 1 2 E a E 2 1 I a I Os parâmetros do circuito equivalente podem ser determinados através de dois testes chamados teste em vazio e teste de curto- circuito. Teste em vazio (Tensão Nominal – Lado de BT): Determinar impedância do núcleo. No teste em vazio, o lado de alta tensão do transformador é deixado em aberto e uma tensão nominal na frequência nominal é aplicada no lado de baixa tensão. Usualmente, a tensão nominal é aplicada ao lado de baixa tensão no teste em vazio por este ter um menor valor de tensão nominal (praticidade). Então, mede-se a tensão, a corrente e a potência ativa nos terminais do lado de baixa tensão. Neste caso, a corrente do lado de baixa tensão é composta somente pela corrente de excitação (que excita o núcleo do trafo e produz fluxo magnético). Os parâmetros calculados ficam referidos no lado de BT; Determinação dos parâmetros do circuito equivalente (1/4) 𝑍𝜑 = 𝑅𝑐 + 𝑗𝑋𝑚 m m cm c c c I V X III R V I P V R 0 220 0 0 2 0 cR mX I mIcI 0I 0V A W V 0P Teste em Vazio – Tensão Nominal – Lado BT (2/4) Circuito Equivalente: R1 R2jXl1 jXl2 1I 1V Rc jXm ' 2 2 I I k 2I 2V N1 N2 Trafo Ideal cI mI I 1E 2E Obs: Parâmetros referidos ao lado de BT Teste em curto-circuito (Corrente Nominal – Lado de AT): Determinar a impedância dos enrolamentos (primário e secundário) No teste de curto-circuito, o lado de baixa tensão é curto-circuitado e a tensão aplicada no lado de alta tensão é gradualmente aumentada até se obter a corrente nominal no lado de baixa tensão. Usualmente, uma corrente nominal é aplicada ao lado de alta tensão no teste de curto-circuito por este lado ter um menor valor de corrente nominal (conveniência). Então, mede-se a tensão, a corrente e a potência ativa nos terminais do lado de alta tensão. Visto que foi curto-circuitado o lado de baixa tensão o ramo de excitação pode ser desprezado. Os parâmetros calculados ficam referidos no lado de AT; Determinação dos parâmetros do circuito equivalente (3/4) 𝑍𝑒𝑞 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 𝑋𝑒𝑞 = 𝑋1 + 𝑋2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 cc eq cc cc eq cc eq eq eq eq eq P R I V Z I X Z R R R R X Xl Xl Teste em Curto-Circuito – Corrente Nominal – Lado de AT (4/4) ccI 21 RR 1 2X X ccV ccP 1 2 1 2 eq eq R R R X X X A W V R1 R2jXl1 jXl2 1I 1V Rc jXm ' 2 2 I I k 2I 2V N1 N2 Trafo Ideal cI mI I 1E 2E Circuito Equivalente: Obs: Parâmetros referidos ao lado de AT Exemplo 2.6 A partir de testes realizados em um transformador monofásico de 10 kVA, 2200/220 V, 60 Hz, os seguintes resultados são obtidos: teste em vazio teste de curto-circuito Voltímetro: 220 V 150 V Amperímetro: 2,5 A 4,55 A Wattímetro: 100 W 215 W (a) calcule os parâmetros do circuito equivalente referidos ao lado de baixa e alta tensão. (b) expresse a corrente de excitação em termos da corrente nominal. Exemplo 2.6 (a) O teste em vazio foi realizado aplicando-se tensão nominal (220 V) ao lado de baixa tensão. Assim, temos: - Perdas no núcleo: 484 100 2202 0 2 0 2 0 0 P V R R V P c c - Corrente de perdas: A45,0 484 2200 c c R V I - Corrente de magnetização: A46,245,05,2 A5,2 2222 0 cm III II - Reatância de magnetização: 4,89 46,2 2200 m m I V X Exemplo 2.6 Referido ao lado de baixa: Rc = 484 e Xm = 89,4 Referido ao lado de alta (a = VH/VL = 2200/220 = 10): Rc = 48.400 e Xm = 8.940 O teste de curto-circuito foi realizado aplicando-se tensão no lado de alta tensão até obter corrente nominal (10 kVA/2.2 kV = 4,55 A). Assim, temos: 2 2 2 2 2 2 2 215 10,4 4,55 150 32,97 4,55 32,97 10,4 31,3 cc cc eq cc eq cc cc eq cc eq eq eq P P R I R I V Z I X Z R Referido ao lado de alta: Req = 10,4 e Xeq = 31,3 Referido ao lado de baixa (a = VL/VH = 220/2200 = 0,1): Req = 0,104 e Xeq = 0,313 Exemplo 2.6 Referido ao lado de alta: 10,4 31,3 48.400 8.940 Referido ao lado de baixa: 0,104 0,313 484 89,4 Exemplo 2.6 (b) expresse a corrente de excitação em termos da corrente nominal No teste em vazio, a corrente medida é igual a corrente de excitação. Além disso, o teste é realizado do lado de baixa tensão, assim, temos: %5,5100 5,45 5,2 100 )V220/VA000.10( 5,2 nI I Um dos critérios de desempenho de um transformador projetado para suprir potência com tensão aproximadamente constante para uma carga é o de regulação de tensão. Tal critério indica o grau de constância da tensão de saída quando a carga é variada. A regulação de tensão do transformador é definida como sendo a variação da tensão do secundário em condições de plena carga e em vazio, tomada como porcentagem da tensão a plena carga, com tensão do primário mantida constante, ou seja: 100%emRegulação cargaplena,2 cargaplena,2vazio,2 V VV Regulação de tensão (1/3) A tensão do secundário quando o transformador está em vazio é: a V V 1vazio,2 Quando uma carga é conectada ao secundário, a tensão terminal é: 2vazio,2cargaplena,2 VVV A tensão no secundário pode aumentar ou diminuir, dependendo da característica da carga. ΔV será positivo para cargas com fator de potência capacitivo e negativo para cargas com fator de potência indutivo. A variação da tensão ocorre devido à queda de tensão (V = IZeq) associada à impedância interna do transformador. Para muitos tipos de carga, grandes variações de tensões são indesejáveis. Portanto, os transformadores são projetados de forma a apresentarem pequenos valores de Zeq. Regulação de tensão (2/3) A regulação de tensão de um transformador depende de sua impedância interna e das características da carga. Regulação de tensão positiva significa que se a tensão nominal for aplicada ao primário a tensão efetiva na carga será menor que a nominal (carga indutiva). Regulação de tensão negativa significa que se a tensão nominal for aplicada ao primário a tensão efetiva na carga será maior que a nominal (carga capacitiva). A tensão primária deve ser ajustada de acordo com a carga para que se tenha tensão nominal no secundário; Regulação de tensão (3/3) Os transformadores são projetados para operarem com alto rendimento. Os seguintes aspectos contribuem para que os transformadores apresentem valores baixos de perdas: O transformador é uma máquina estática, ou seja, não tem partes rotativas, não apresentando, portanto, perdas por atrito no eixo e por resistência do ar no entreferro. O núcleo é constituído por placas laminadas e dotadas de materiais de alta resistência elétrica, as quais têm o objetivo de minimizar as perdas por correntes parasitas. Materiais com alta permeabilidade magnética são utilizados para diminuir as perdas por histerese. Transformadores de alta potência apresentam rendimento maior que 99 %. Rendimento (1/2) O rendimento de um transformador pode ser definido por. PERDASPP P P P SAIDA SAIDA ENTRADA SAIDA PENTRADA TRAFO PPERDAS = PENTRADA PSAIDA PSAIDA As perdas no transformador incluem: Perdas no núcleo (ferro) – P0 (perdas por correntes parasitas e perdas por histerese), podem ser determinadas pelo teste em vazio, ou a partir dos parâmetros do circuito equivalente. Perdas no cobre – Pcc (perdas ôhmicas), podem ser determinadas pelo teste de curto-circuito ou a patir dos parâmetros do circuito equivalente (resistências dos enrolamentos do primário e secundário). Rendimento (2/2) 0 SAIDA SAIDA ENTRADA SAIDA cc P P P P P P 1) Um trafo possui os seguintes dados de projeto: área da seção reta do núcleo igual a 5x10-3 m2, tensão induzida de 3 volts por espira, potência nominal de 1kVA, 60Hz, 440/110 V. Determine: a) O número de espiras do enrolamento primário; b) O número de espiras do enrolamento secundário; c) A densidade máxima de fluxo no núcleo; d) A corrente nominal do enrolamento de BT; e) A corrente nominal do enrolamento de AT; Exercício 2) Seja um trafo ideal 220/110V. Uma carga puramente resistiva serácolocada no enrolamento de baixa tensão, consumindo uma corrente de 10A. Sobre esta carga deverá atuar exatamente 80V. Aplicando-se tensão nominal no primário, que resistência deve ser adicionada em série com o trafo, se essa resistência estiver localizada: a) No enrolamento secundário; b) No enrolamento primário. Exercício Exercício 3) Sejam R1=0,22 𝝮, X1=2,0 𝝮, Rc=5,5k𝝮, R2=0,5m𝝮, X2=5m𝝮, Xm=1,1k𝝮 os parâmetros do circuito equivalente de um trafo de distribuição de 110kVA, 2200/110V. Calcule: a) A regulação e o rendimento do trafo à plena carga com fator de potência unitário; b) Repetir a) porém com fp=0,8 em avanço; c) Repetir a) porém com fp=0,8 em atraso; Exercicios Teóricos 1. Explique de forma simples a lei de indução de Faraday e para que é utilizado. 2. Usando a lei circuital de Ampère e a lei de indução de Faraday, explique o principio de funcionamento de um transformador. 3. Por que é importante o transformador em um sistema de energia elétrica. 4. Por que é importante desenvolver um circuito equivalente que represente o comportamento do transformador em regime permanente. 5. Desenhe o circuito equivalente T do transformador, identifique e explique o que representa cada um de seus componentes. 6. Explique qual é o objetivo dos testes em vazio e de curto-circuito realizados num transformador monofásico. 7. Um transformador monofásico tem dois enrolamentos secundários. Quais as duas condições para que eles possam ser conectados em paralelo? ENADE 2017 E196S – MÁQUINAS ELÉTRICAS Prof. Dr. Lucas Teles de Faria Telefone: (18) 3284-9682 E-mail: lucas.teles@unesp.br 79 Módulo 2 Transformador Monofásico