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Psicologia Sócio-Interacionista

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Psicologia Sócio-Interacionista
Qual a concepção epistemológica de Wallon?
Wallon, assim como Vygotsky, foi adepto de uma corrente epistemológica baseada no materialismo histórico dialético. Para Wallon, de um existem aspectos biológicos predeterminantes de origem genética, e do outro os fatores ambientais, sociais e históricos presentes na vida do indivíduo, que lhe criam desafios e forçam a adaptação.
O que é epistemologia genética?
É uma das bases de teoria de Wallon, que teoriza que a história do sujeito começa a se construir no início da vida. Desta forma, a metodologia psicogenética estuda a origem dos processos psíquicos, argumentando que a partir do estudo da criança entende-se o comportamento do adulto.
Explique a psicogênese da pessoa completa.
O organismo atua como condição primária do pensamento, uma vez que toda função psíquica supõe um equipamento orgânico. Ao mesmo tempo, o homem também é determinado socialmente, moldando e sendo moldado pelo meio cultural e histórico em que se encontra. Desta forma, Wallon constrói sua teoria do desenvolvimento cognitivo centrada no estudo da psicogênese da pessoa como um todo, que abrange o estudo de fatores afetivos, cognitivos e motores do indivíduo no processo de seu desenvolvimento.
O que é desenvolvimento cognitivo, segundo Wallon?
Para Wallon a inteligência surge depois da afetividade e a partir do desenvolvimento motor. A cognição é percebida como parte da pessoa completa que só pode ser compreendida integrada a ela, cujo desenvolvimento se dá a partir das condições orgânicas e é resultante da integração entre o ser e o meio ambiente, caracterizado pelo social. Assim, o desenvolvimento é condicionado tanto pela maturação orgânica, como pelo exercício funcional, propiciado pelo meio.
Explique os campos funcionais; emoção/pessoa/movimento/inteligência.
Emoção: As emoções consistem essencialmente em sistemas de atitudes que correspondem, cada uma, a uma determinada espécie de situação. Atitudes e situação correspondente implicam-se mutuamente, constituindo uma maneira global de reagir de tipo arcaico, frequente na criança. É a primeira expressão da afetividade, tendo uma ativação orgânica, que não é controlada pela razão.
Pessoa: A pessoa que articula todos os demais campos. Este também é o campo funcional responsável pelo desenvolvimento da consciência e da identidade do eu. A construção do eu depende essencialmente do outro, seja para ser referência, seja para ser negado. Principalmente a partir do instante em que a criança começa a viver a chamada crise de oposição, em que a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria.
Movimento: o movimento é o primeiro sinal de vida psíquica da criança, onde ela discrimina duas dimensões: A dimensão mais expressiva que são as expressões que estão nas bases das emoções e a dimensão instrumental que é a ação direta sobre o meio físico e concreto. Além do seu papel na relação com o mundo físico o movimento tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição. O indivíduo expressa pensamento por meio motor, e a gestualidade comunica conhecimento e cultura. O movimento interage com as emoções no processo de construção do conhecimento.
Inteligência: Para Wallon, a inteligência está diretamente relacionada com duas importantes atividades cognitivas humanas: o raciocínio simbólico e a linguagem, pois à medida que a criança vai aprendendo a pensar nas coisas fora de sua presença, o raciocínio simbólico e o poder de abstração vão sendo desenvolvidos. O conhecimento é construído pela interação do indivíduo com o meio social, influenciado pelo ato motor, pela emoção, numa relação continuamente dialética, onde a linguagem é instrumento e suporte indispensável para o progresso do pensamento. 
Que dimensão ocupa lugar central na teoria de Wallon?
Para Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar central tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto na construção do conhecimento.
Explique as três leis que regulam o processo de desenvolvimento segundo Wallon.
Lei da Alternância Funcional: A Lei da Alternância Funcional é a principal lei que regula o desenvolvimento psicológico da criança. Sugere que as atividades da criança, algumas vezes podem ser destinadas a construir a sua individualidade e outras vezes, para estabelecer relações com os outros, alternando a orientação progressivamente em cada estágio. Duas direções opostas alternam-se ao longo do desenvolvimento: centrípeta (construção do eu) e centrífuga (elaboração da realidade externa). Essas duas direções alternam-se constituindo o ciclo da atividade funcional.
Lei da Preponderância Funcional: as três dimensões (afetiva, cognitiva e motora) preponderam alternadamente ao longo do desenvolvimento do indivíduo: A dimensão motora predomina nos primeiros meses de vida, as dimensões afetivas na formação do eu e a cognitiva no conhecimento do mundo exterior.
Lei da Integração Funcional: As novas possibilidades integram-se às conquistas dos estágios anteriores. Deste modo, as funções antigas não desaparecem, mas se integram com as novas.
Quais são os estágios de desenvolvimento para Wallon? Explique suas principais funções, orientações e características.
1º Estágio: Impulsivo Emocional: 
Ocorre no primeiro ano de vida (0-1 ano).
Principais Funções: A emoção pode construir uma simbiose emocional com o ambiente.
Orientação: Para o interior - voltado para a construção do indivíduo (eu).
1º Momento: Impulsividade Motora: 
Wallon descreve esta primeira etapa, que se inicia com o nascimento e dura aproximadamente três meses, como aquela em que o ser é quase o organismo puro e sua atividade apenas por reflexos e movimentos impulsivos.
- Expressões/reações generalizadas e indiferenciadas de bem estar/mal estar.
- Predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas.
- As emoções são o primeiro recurso de interação do bebê com o meio social.
- Emoções são extremamente contagiosas entre os indivíduos. 
2º Momento: Emocional
O recurso de aprendizagem nesse momento é a fusão com outros.
O processo ensino-aprendizagem exige respostas corporais, contatos epidérmicos, daí a importância de se ligar ao seu cuidador, que segure, carregue e que embale.
Através dessa fusão, a criança participa intensamente do ambiente e, apesar de percepções, sensações nebulosas, pouco claras, ela vai se familiarizando e apreendendo esse mundo, portanto, iniciando um processo de diferenciação.
Os movimentos infantis são um tanto quanto desorientados, mas a contínua resposta do ambiente ao movimento infantil permite que a criança passe da desordem gestual às emoções diferenciadas.
2º Estágio: Sensório-Motor e Projetivo
Inicia-se por volta de um ano e se estende até os três anos de idade.
Principais Funções: atividade sensório-motora tem dois objetivos básicos: o primeiro é a manipulação de objetos e o segundo é a imitação;
Orientação: Para o exterior – relações orientadas para com os outros e objetos externamente.
Caracteriza-se pela investigação e exploração da realidade exterior.
O andar e a linguagem darão oportunidade à criança de ingressar em um novo mundo, o dos símbolos.
Linguagem estrutura o pensamento.
Importância de se afinar o olhar para o movimento.
Quando já dispõe da fala e da marcha, a criança se volta para o mundo externo (sensibilidade exteroceptiva) para um intenso contato com os objetos e a indagação insistente do que são, como se chamam, como funcionam.
3º Estágio: Personalismo
Por volta dos três aos seis anos.
Principais Funções: Consciência e afirmação da personalidade na construção de si mesmo.
Orientação: para o interior: necessidade de afirmação. É a fase de se descobrir diferente das outras crianças e do adulto.
Subperíodos:
(Entre 2 e 3 anos) a oposição, tenta reivindicar, a insistência sobre a propriedade dos objetos;
(Entre 3-4 anos) Idade da graça nas habilidades expressivas e motoras. Procura a aceitação e admiração dos outros.
Período narcisista;
(Pouco tempo antes dos 5 anos) Representação de papéis. Imitação.
4º Estágio: Pensamento Categorial
Entre os 6 e 11 anos.
Função principal: Conquistar e conhecer o mundo exterior.
Orientação: para o exterior – interesse especial por alguns objetos.
Subperíodos:
De (6-9) Pensamento sincrético: global e impreciso, mistura o objetivo com o subjetivo;
De (9 a 11 anos) pensamento categorial: Começa a agrupar categorias de acordo com seu uso, características ou atributos.
Marca a diferenciação entre o eu e o mundo exterior, em que a criança aprende a perceber o que é de si e o que é do outro. A diferenciação mais nítida entre o eu e o outro dá condições mais estáveis para a exploração mental do mundo externo, físico, mediante atividades cognitivas de agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de abstração até chegar ao pensamento categorial. A organização do mundo em categorias bem definidas possibilita também uma compreensão mais nítida de si mesma.
5º Estágio: Puberdade e Adolescência
Idade: a partir dos 15 anos
Função dominante: Contradição entre o conhecido e entre o que se deseja conhecer;
Orientação: para o exterior – dirigida para a afirmação do eu.
A crise pubertária rompe a “tranquilidade” afetiva que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal.
Oposição sistemática ao adulto. Busca diferenciar-se do adulto. 
Vai aparecer a exploração de si mesmo, na busca de uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, autoafirmação, questionamentos, e para isso se submete e se apoia nos pares, contrapondo-se aos valores tal qual interpretados pelos adultos com quem convive.
O domínio de categorias cognitivas de maior nível de abstração, nas quais a dimensão temporal toma relevo, possibilita a discriminação mais clara dos limites de sua autonomia e de sua dependência.
Explique o que é educação para Wallon.
Henri Wallon estudou o desenvolvimento da criança e os contextos educativos escolares, visto que o ambiente escolar tem características próprias. Une pessoas em torno de um objetivo comum: a instrução.
O autor trata os três campos funcionais  – motor, o afetivo e cognitivo – de forma indissociável. Para ele, seria impossível separar, já que o desenvolvimento de um causa impactos nos demais. Sendo assim, de acordo com as teorias, o processo de desenvolvimento decorre de esforços da criança para superar conflitos e crises decorrentes, tanto de sua origem em diferentes fontes de conhecimento, como de suas condições pessoais e sociais. De acordo com Henri Wallon, a dinâmica do desenvolvimento é complexa, não é estática e homogênea. Transforma-se junto com a criança conforme fatores orgânicos e sociais e ritmo de desenvolvimento.
O papel da escola.
A escola, segundo o autor, é um meio indispensável ao desenvolvimento da criança não devendo ficar restrita à ação do meio familiar. O grupo familiar lhe é imposto, o escolar ela pode eleger. A escola é um meio mais rico, mais diversificado e oferece à criança a oportunidade de conviver com seus pares.
O meio, que inclui os objetos físicos e as relações humanas, é de extrema importância para o desenvolvimento da pessoa. Neste sentido, é de fundamental importância que o ambiente físico das instituições de Educação Infantil seja planejado e estruturado de acordo com as características e possibilidades das crianças.
O papel do professor.
O professor deixa de ser o agente exclusivo de informação e formação das crianças, uma vez que a interação com as outras crianças também assume um papel fundamental no desenvolvimento e aprendizagem de cada uma delas. Seu papel, contudo, é de extrema importância já que é ele quem irá possibilitar e mediar as interações das crianças entre si e delas com os objetos de conhecimento;
A prática pedagógica precisa ser pautada nas necessidades das crianças como um todo e promover o seu desenvolvimento em todos os aspectos: afetivo, cognitivo e motor.
Sabendo da importância e necessidade das condutas de oposição da criança em relação ao outro para o processo de construção de sua personalidade o professor pode atribuir um valor positivo ao conflito e procurar estratégias pedagógicas para contornar as situações que envolvem maior descontrole emocional.

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