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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR (PCC) OBSERVAÇÃO E ANÁLISE SOCIOLÓGICA SOBRE OS ASPECTOS CULTURAIS EXISTENTES NA COMUNIDADE LOCAL ALUNA: REGINA CELIA COUTINHO VENENO MATRÍCULA: 20198094681 ARARUAMA - RJ 2019 1 - OBJETIVOS Este relatório tem por objetivos estabelecer a relação entre cultura e educação na comunidade da cidade de Araruama e nos seus arredores. Demonstrar exemplos e evidências se a cultura está associada à educação. Observar se cultura e educação se influenciam mutuamente. 2 - INTRODUÇÃO As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar, de relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente. Sociedades distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o mundo e orientar a atividade social. É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à mesma espécie humana. podemos dizer que a cultura engloba os modos comuns e aprendidos de viver, transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. Para além de um conjunto de práticas artísticas, tradições ou crenças religiosas, devemos compreender a cultura como uma dimensão da vida cotidiana de determinada sociedade. Darcy Ribeiro (1972): afirma que: "[...] cultura é a herança social de uma comunidade humana, representada pelo acervo co participado de modos padronizados de adaptação à natureza para o provimento da subsistência, de normas e instituições reguladoras das reações sociais e de corpos de saber, de valores e de crenças com que explicam sua experiência, exprimem sua criatividade artística e se motivam para ação". Darcy Ribeiro converge na ideia de que embora a cultura seja um produto da ação humana ela é regulada pelas instituições de modo que se lapida a ideia a ser manifestada segundo os interesses ou valores de crenças de determinado grupo social, a cultura para Darcy também é uma herança que se resume em um conjunto de saberes que são perpassados através das gerações, saberes estes manifestados e experimentados pelo ancestrais. Há um grupo cultural em Araruama, na zona rural, chamado Sobara. É um grupo de quilombolas que caracteriza muito bem uma das relações culturais inseridas no ambiente sociocultural da cidade. Mas o que são os quilombolas e os quilombos? As comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos de população negra rural ou urbana, descendentes de ex- escravizados, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Os quilombolas atuais se pautam ainda na manutenção e reforço da identidade étnica e familiar como forma de manter as comunidades unidas, em uma rede de apoio mútuo. Formas coletivizadas de gestão ainda se fazem presentes nas comunidades, e consequentemente se refletem no âmbito dos movimentos sociais que são criados para defender os direitos dos povos quilombolas. Refletem- se também na forma de produção predominantemente coletiva, com a solidariedade como eixo das relações produtivas. Outro ponto importante é que os povos dos quilombos herdaram das populações africanas tradições milenares no que se refere à agricultura, mineração, formas de utilização da terra, técnicas de construção e arquitetura, artesanato, medicina e religião. Atualmente, o termo Quilombo retorna ao cenário nacional, não como algo do passado que precisa ser lembrado, mas, sobretudo, como uma luta por direitos historicamente ceifados. O Quilombo faz emergir uma nova pauta no âmbito da política nacional, que por sua vez exigiu a conjugação de esforços de militantes, afro-descentes e cientistas, na definição do que vem a ser o quilombo na atualidade e quem são os quilombolas. Desde a abolição em 1888, a população negra, devido a inexistência de políticas públicas voltadas para sua inserção social, ocupou posições subalternas na sociedade brasileira. A sociedade legislou que negros não poderiam ser proprietários de terra, visto que, a Lei de Terras de 1850, exclui os afro-brasileiros da condição de brasileiros, e enquadra-os na categoria de “libertos”. A este respeito, é importante a contribuição de Lovell (1991) ao afirmar que o: “Usufruto, a posse e a propriedade dos recursos naturais tornaram-se, ao longo do processo de formação social brasileira, cada vez mais, moeda de troca, configurando um sistema disfarçadamente hierarquizado pela cor da pele e onde a cor passou a instruir níveis de acesso (principalmente à escola e à compreensão do valor da terra), passou mesmo a ser valor “embutido” no “negócio”. Processos de expropriação reforçaram a desigualdade destes “negócios”, de modo a ser possível hoje identificar nitidamente quem foram os ganhadores e perdedores e quem, ao longo deste processo, exerceu e controlou as regras que definem quem tem o direito de se apropriar.(LOVELL, 1991, p. 241-362). Há mais de três décadas os povos quilombolas têm se organizado em movimentos sociais para defender seus direitos. . 3 – METODOLOGIA A metodologia adotada para este relatório foi inicialmente uma pesquisa bibliográfica, na qual fichou-se alguns autores que defendem a importância da cultura no processo de ensino aprendizagem, foi feita também uma pesquisa de campo cujo objetivo era diagnosticar a realidade da comunidade quilombola de Sobara em seus aspectos sociais, econômicos, culturais. 4 – CONCLUSÃO Em nossa cidade, a secretaria de Cultura e Turismo é responsável por planejar e gerenciar os eventos, arquivar e preservar todo o acervo cultural da cidade. Desenvolvi minha pesquisa de campo visitando a referida secretaria para colher dados históricos da comunidade quilombola de Sobara. Reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares, a comunidade quilombola de Sobara, situada no distrito de São Vicente de Paulo, recebeu certificação em 28/07/2006 (D.O. da União) e laudo antropológico e histórico da Fundação Euclides da Cunha/UFF, em 2007. A comunidade quilombola de Sobara, patrimônio cultural de nossa terra, “senhora” de histórias, crenças, artes, saberes da vida e do cosmos, encontra na pedagogia da Escola Municipal Pastor Alcebíades, um universo de ações facilitadoras do diálogo entre a rica cultura africana ancorada nos diversos pontos do litoral brasileiro e a realidade contemporânea da sociedade. dedica-se à pesquisa da história dos remanescentes de quilombo e ao resgate de sua cultura e tradição. A unidade escolar promove oficinais de música e memória afro; montou um grupo de batuque e outro de coral quilombola, que se apresentam na cidade. Do batuque, fazem parte 45 crianças que vestem roupas de estilo africano e usam como instrumentos latas de tinta e galões de plástico ou bombonas recicladas. Os alunos produziram dois hinos africanos. A referência ao quilombo está presente também na bandeira Sobara da escola. Por estes motivos importantes, a Prefeitura de Araruama inaugurará, no dia 20 de novembro de 2019, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, às 10h30, a ampliação da Escola Municipal Pastor Alcebíades, o novo Ginásio PoliesportivoCoberto Valt Cir Pereira e a Nova Clínica de Saúde José Vieira Rodrigues da Silva, uma grande homenagem a Comunidade Quilombola de Sobara, que fará uma reverência póstuma ao senhor José Vieira, nascido em Portugal mas que encontrou em Araruama o recanto para dedicar-se à agropecuária, deixando legado familiar empregando diversos munícipes em sua Ressignificar e valorizar o legado cultural, à luz da diversidade que nos enriquece, constitui-se no eixo central do projeto político-pedagógico da Escola Municipal Pastor Alcebíades, que tem como prioridade atender à Comunidade de Sobara com excelência. Quando se trata de cultura e educação, podemos dizer que são estes fenômenos intrinsecamente ligados, a cultura e a educação, juntas tornam-se elementos socializadores, capazes de modificar a forma de pensar dos educandos e dos educadores; quando adotamos a cultura como uma aliada no processo de ensino-aprendizagem estamos permitindo que cada individuo que frequenta o ambiente escolar se sinta participante do processo educacional, pois ele nota que seu modo de ser e vestir não é mas visto como "antiético" ou "imoral", mas sim uma forma de este se socializar com os demais colegas, alguns autores defendem a ideia de a educação não pode sobreviver sem a cultura e nem a cultura sem a educação. Candau (2003, pag.160) afirma que: "A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. 5 - BIBLIOGRAFIA CANDAU, Vera Maria Ferrão - Educação escola e Cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, 2003. LOVELL, Peggy A., and Alícia Bercovich. Desigualdade racial no Brasil contemporâneo. Belo Horizonte: CEDEPLAR, FACE, UFMG, 1991. RIBEIRO, Darcy. Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil. Editora Paz e Terra, 1972.
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