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Rosangela TCC COMPLETO (3) (7)

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ALUNO (A)
ROSÂNGELA MARIA OIVEIRA LINS
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL EM VENDA CASADA
Rio de Janeiro
2018
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
ROSÂNGELA MARIA OIVEIRA LINS
A RESPONSABILIDADE CIVIL EM VENDA CASADA TITULO
Trabalho Científico apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito final para obtenção do Diploma de Graduação em Direito.
 Professora Orientadora : Viviane Oliveira Rodrigues
Rio de Janeiro
2018
RESUMO
A presente pesquisa, versa sobre Responsabilidade Civil em Venda Casada . Essa prática é uma realidade nos dias atuais, é uma das atividades ilegais que mais cresce em todo o mundo, trazendo muitas das vezes prejuízos aos consumidores, fazendo com que os mesmos, acabam adquirindo o produto assim mesmo por necessidade poque nao tem opção.Diante deste fato há uma preocupação, com a imputação da responsabilidade civil para seus fornecedores, uma vez que a responsabilidade civil, trata - se da obrigação de reparar o dano causado a outrem, desta forma com base nos conceitos de responsabilidade civil, relação de consumo e vulnerabilidade do consumidor, procuramos entender com o Código de Defesa do Consumidor ( CDC ), e o código civil tem se portado com essa modalidade ilegal no Brassil.
Palavras chave: Direito do Consumidor - Responsabilidade Civil em Venda Casada.
SUMÁRIO 
 
Introdução. 2. Desenvolvimento. 2.1. O Conceito de Venda Casada no Brasil.2.2 . A Legislação aplicável para Venda Casada no Brasil. 2.3. A Responsabilidade Civil dos Fornecedores com relação a Venda Casada. 2.4. Responsabilidade Objetiva como Regra no Código de Defesa do consumidor 25
 A Vulnerabilidade do Consumidor frente aos riscos dessa prática ilegal , Vanda Casada. 3. Considerações Finais. 4. Referências Bibliográficas
 
1. INTRODUÇÃO 4
 
 O presente artigo tem como objetivo analisar a Responsabilidade Civil em Venda Casada, prática essa, que vem crescendo de forma significativa no Brasil.
 Demonstrar que essa prática é abusiva e deve ser reparado o constrangimento causado ao consumidor, tendo em vista que o mesmo não pode ser obrigado a arcar com dívidas além do que se propôs a pagar.
 Venda Casada pode ser definido como uma operações de comércio feita através da venda de um automóvel, uma casa , um plano de saúde, onde fornecedores, com a venda desses produtos, aproveitam o ensejo para oferecer os demais produtos como : seguro de automóveis, seguro de casas, seguro celulares e muitos outros produtos e serviços.
 Pois é fato que essa prática abusiva, vem trazendo desvantagens para os consumidores uma vez que o Código de Defesa do Consumidor ( CDC ), juntamente com o Decreto Lei Nº 7555 de 17/04/2017, visa proteger os direitos e da garantia aos consumidores que são envolvidos nessa prática ilegal.
 Importante salientar que o Código de Defesa do Consumidor ( CDC ), adota como regra a responsabilidade objetiva, do agente causador do dano, conforme seus artigos, 12, 13 e 14. 
 Em seu artigo 14 diz:
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 Onde diz que o consumidor não precisa comprovar o dolo ou a culpa do fornecedor de serviços ou produtos, bastando apenas demonstrar o nexo de causalidade entre o dano e o vício do produto ou da prestação de serviços.
A responsabilidade objetiva também é adotada como exceção no Código Civil, em seu Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
 Desta forma é possível dizer que a uma grande necessidade de atenção a essa modalidade para que essa relação entre consumidor e fornecedor seja de forma mais justa, transparente e com mais confiabilidade por parte dos relacionados.
 Pois diante de tantas vantagens trazidas para os consumidores a risco, a o riscos que os mesmos podem vir a sofrer nessa relação de consumo.
 Pois os consumidores que adquirem produtos e serviços , por serem muitas das vezes vulneráveis, são levados a fazer esse tipo de prática ilegal.
 Diante das vantagens e desvantagens trazidas pelo comécio de compra e venda de produtos, veremos aqui a necessidade de normas específicas a tratar da proteção do consumidor como parte vulnerável na contratação de produtos e serviços, impondo maiores exigências as empresas que atuam nesse segmento.
 Pois o crescimento desacerbado dessa prática abusiva, tem como objetivo proporcionar mais lucro para o fornecedor, deixando assim os consumidores expostos a esses riscos.
 Uma vez que até pouco tempo atrás o ordenamento jurídico era omisso quanto a diversos direitos e obrigações dessa nova relação contratual.
 Pois nessa relação de consumo entre fornecedor e consumidor, é fato entendermos que, haverá conflitos , por isso a importância de se observar como a legislação tem se portado para dar tranquilidade aos consumidores que precisam estar atentos aos riscos dentro dessa prática ilegal.
 Por isso vejamos que são imprecindíveis tais regramentos na lei .E a Lei 8.884 / 94, artigo 21º, XXIII, define a venda casada como infração de ordem econômica. A prática de venda casada configura-se sempre que alguém condicionar, subordinar ou sujeitar a venda de um bem ou utilização de um serviço à aquisição de outro bem ou ao 
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uso de determinado serviço.
 LEI Nº 7555 DE 17 DE ABRIL DE 2017. Para que sirva de parâmetro para garantir uma prestação jurisdicional justa, respeitando o princípio da boa fé objetiva. 
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 - CONCEITO DE VENDA CASADA NO BRASIL
VENDA CASADA é a prática que os fornecedores tem de impor, na venda de algum produto ou serviço, a aquisição de outro não necessariamente desejado pelo consumidor. E tipo de operação pode também se dar quando o comerciante impõe quantidade mínima para a compra. No que diz respeito ao exercício proibido de venda casada, a Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada ao Ministério da fazenda, corrobora tal conceito.
Primeiramente, antes de se aprofundar no conceito de Venda Casada, deve - se buscar o entendimento desse termo. ¹ 
 	Afirma que A relação de consumo é uma relação jurídica sui generis[2] com dois pólos, um ativo e outro passivo; com dois sujeitos-base: o fornecedor e o consumidor. O Direito Penal do Consumidor gira nessa órbita, protegendo patrimonialmente e diretamente à relação de consumo e indiretamente o consumidor e a coletividade de consumidores. 
Outro termo: O consumidor pode ser conceituado em sentido coletivo, sendo a coletividade de pessoas – ainda que indetermináveis - que tenha intervindo nas relações de consumo (art. 2º, parágrafo único, do CDC), bem como o consumidor por equiparação, (art. 18 do CDC). Em sentido amplo, art. 29 CDC equipara ao consumidor todas as pessoas determináveis ou não, expostas as práticas nele previstas. ²
__________________________¹ Antonio Cezar Lima da Fonseca. Direito Penal do Consumidor. Porto Alegre: Livraria do Advogado , (1999, p.46).
 ² SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor anotado. 2 ed. São
Paulo: Saraiva 2002. p 85
 BESSA, Leonardo Roscoe. BENJAMIM, Antônio Herman V. MARQUES, LIMA. Manual de Direito
do Consumidor. Revista dos Tribunais LTDA. São Paulo: 46
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Dessa forma, tem como sujeito passivo principal desse crime a coletividade e como
sujeito passivo secundário o consumidor, que é pólo ativo na relação jurídica de consumo.
No tocante ao sujeito ativo há uma particularidade, pois o crime só se configurará quando estiver presente o fato delituoso na relação de consumo. O agente ativo do crime é o fornecedor ou o prestador de serviços, cujo conceito está previsto no art 3°, caput, do CDC. Neste aspecto, encontramos um problema, vez que o conceito trazido pela legislação consumerista é muito amplo, englobando, inclusive, pessoas jurídicas e outros entes de discutível penalização.
A pena cominada para este crime é de 2 a 5 anos de detenção ou multa. Essa pena é questionada em alguns aspectos, o primeiro deles é em relação ao quantum, entende-se exagerado quando comparado à pena de outros crimes previstos no Código Penal, contrariando o principio da proporcionalidade.
Outro ponto que deve ser observado é a contradição técnica legislativa, quando o legislador prevê uma pena excessiva, mas possibilita a substituição dessa pena por uma multa.
Em regra, a ação é penal publica e incondicionada, ressalvado os casos em que a Lei dos Juizados Especiais (lei federal n° 9.099, de 26.09.95) dispuser de forma diversa. Entende-se por ação penal incondicionada, aquele em que nenhum requisito é exigido para que a ação seja proposta, ou seja, independe de manifestação de vontade de qualquer pessoa.
Vale dizer, que essa conduta, não é tida apenas como uma infração penal, mas é também uma pratica abusiva pela legislação consumerista (art. 39, I, CDC) e uma infração a ordem econômica (art. 21, da lei 8.884/94), configurando-se, inclusive, como concorrência desleal.
 " Prática Comercial que consiste em vender determinado produto ou serviço somente se o comprador estive disposto a adquirir outro produto e serviço da 
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mesma empresa. Em geral, o primeiro produto é algo sem similar no mercado, enquanto o segundo é um produto com numerosos concorrentes, de igual ou melhor qualidade. Dessa forma, a empresa consegue estender o monopólio existente em relação ao primeiro produto) a um produto com vários similares. A mesma prática pode ser adotada na venda de produtos com grande procura, condicionada a venda de outros de demandas inferior. "
O que o Código de Defesa do Consumidor prescreve é que o consumidor deve ter ampla liberdade de escolha quanto ao que deseja consumir. ¹
 Assim, não pode o fornecedor fazer qualquer tipo de imposição ao consumidor quando da aquisição de produtos ou serviços, nem mesmo quando este adquire outros produtos ou serviço do mesmo fornecedor.
Aponte-se, todavia, que a imposição de limite máximo como justa causa em caso de promoções tem sido aceita pela jurisprudência, sob o argumento de que a compra de todo o estoque por apenas um consumidor prejudicará outro que tenha interesse na promoção. Nesse sentido:
“RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MORAL. VENDA DE PRODUTO A VAREJO. RESTRIÇÃO QUANTITATIVA. FALTA DE INDICAÇÃO NA OFERTA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. QUANTIDADE EXIGIDA INCOMPATÍVEL COM O CONSUMO PESSOAL E 
__________________________
¹ AUTOR, BARROS, WHOSTON MONTEIRO DE BARROS, p. 105.
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FAMILIAR. ABORRECIMENTOS QUE NÃO CONFIGURAM OFENSA À DIGNIDADE OU AO FORO ÍNTIMO DO CONSUMIDOR. 1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material.”
 A doutrina costuma classificar a prática de venda casada em STRICTO SENSU e LATO SENSU.
 A venda casada STRICTO SENSU é aquela em que o consumidor fica impedido de consumir , a não ser que consuma também outro produto ou serviço.
 Na venda casada LATO SENSU, por sua vez, o consumidor pode adquirir o produto ou serviço sem ser obrigado a adquirir outro. Todavia , se desejar consumir outro produto ou serviço, fica obrigado a adquirir ambos do mesmo fornecedor, ou de fornecedor indicado pelo fornecedor original. Tanto a venda casada STRICTO SENSU quanto a LATO SENSU são consideradas práticas abusivas, pois interferem indevidamente na vontade do consumidor, que fica enfraquecido em sua liberdade de opção. ¹
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¹ SITE: CNJ
https://www.facebook.com/cnj.oficial/
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2.2 - ANALISAR O QUE É VENDA CASADA COM BASE NO ARTIGO ,39, INCISO I do CDC.
 A venda casada é expressamente proibida pelo Código de Defesa do Consumidor - CDC ( art. 39, I ), constituindo inclusive crime contra as relações de consumo ( art. 5º, II, da lei nº 8.137/90).
 A lei nº 8.137]90, artigo, 5º, II e III, tipificou essa prática como crime, com penas de detenção aos infratores que variam de 2 a 5 anos ou multa.
E a lei 8.884/94, artigo 21º, XXIII, define a venda casada como infração de ordem econômica . A prática de venda casada configura - se sempre que alguém condicionar, subordinar ou sujeitar a venda de um bem ou utilização de um serviço à aquisição de outro bem ou ao uso de determinado serviço.
 	Pelo Código de Defesa do Consumidor, a lei 8078/90, artigo, 39º, é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços , condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como sem justa causa, a limites quantitativos.
E pela resolução do Banco Central nº 2878/01, ( alterada pela nº 2892/01, art. 17, " é vedada a contratação de quaisquer operações condicionadas ou vinculadas a realização de outras operações ou a aquisição de outros bens e serviços.
 2.3 - IDENTIFICAR AS SITUAÇÕES MAIS COMUNS EM QUE ESSA PRÁTICA ABUSIVA É COMETIDA
 1 - Serviço de internet. É quando os clientes contratam o serviço e é obrigado a contratar também o serviço de telefonia.
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 2 - Financiamentos de imóvel
Em um julgamento ocorrido em 2008, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou que o consumidor não está obrigado a adquirir o seguro habitacional da mesma entidade que financia o imóvel ou por seguradora por ela indicada, mesmo que este seguro seja obrigado por lei no Sistema Financeiro de Habitação.
 3 - Cartões de crédito
É venda casada condicionar a concessão de cartões de crédito à contratação de seguros e títulos de capitalização. Em um caso analisado pelo STJ, uma empresa representante de lojas de departamentos incluía parcelas de um título de capitalização nas faturas mensais dos clientes. A loja alegou que o título era uma garantia, na forma de penhor mercantil, do pagamento da dívida contraída junto com o cartão. No entanto, a Justiça entendeu a prática como abusiva.
 4 - Pipocas no cinema
O STJ decidiu, em ação julgada em 2007, que os frequentadores de cinema não estão obrigados a consumir unicamente os produtos da empresa vendidos na entrada das salas de projeções. A empresa foi multada por praticar a venda casada ao permitir que somente produtos adquiridos em suas dependências fossem consumidos durante as exibições. Assim, o Tribunal entendeu que o cidadão pode levar de casa ou comprar em outro fornecedor pipoca ou guloseimas, o cinema e a pipoca
O portal de notícia do STJ tratou da questão do cinema com realce ao pitoresco e cotidiano das relações de consumo:
 “Presente no cotidiano das pessoas, a venda casada acontece em situações que o consumidor nem imagina. O STJ decidiu, em julgado de 2007, que os frequentadores de cinema não estão obrigados a consumir unicamente os produtos da empresa vendidos na entrada da sala.”20
Novamente, a ementa do acórdão é muito esclarecedora e didática:12
“Administrativo. Recurso especial. Aplicação de multa pecuniária por ofensa ao Código de Defesa do Consumidor. Operação denominada ‘venda casada’ em cinemas. CDC, art. 39, I. Vedação do consumo de alimentos adquiridos fora dos estabelecimentos cinematográficos.
1. A intervenção do Estado na ordem econômica, fundada na livre iniciativa, deve observar os princípios do direito do consumidor, objeto de tutela constitucional fundamental
especial (CF, arts. 170 e 5º, XXXII).
2. Nesse contexto, consagrou-se ao consumidor no seu ordenamento primeiro a saber: o Código de Defesa do Consumidor Brasileiro, dentre os seus direitos básicos ‘a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações’ (art. 6º, II, do CDC).
3. A denominada ‘venda casada’, sob esse enfoque, tem como ratio essendi da vedação a proibição imposta ao fornecedor de, utilizando de sua superioridade econômica ou técnica, opor-se à liberdade de escolha do consumidor entre os produtos e serviços de qualidade satisfatório e preços competitivos.
4. Ao fornecedor de produtos ou serviços, consectariamente, não é lícito, dentre outras práticas abusivas, condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço (art. 39, I, do CDC).
5. A prática abusiva revela-se patente se a empresa cinematográfica permite a entrada de produtos adquiridos nas suas dependências e interdita o adquirido alhures, engendrando por via oblíqua a cognominada ‘venda casada’, interdição inextensível ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios constituiu a essência da sua atividade comercial como, verbi gratia, os bares e restaurantes.
6. O juiz, na aplicação da lei, deve aferir as finalidades da norma, por isso que, in casu, revela-se manifesta a prática abusiva.”21
O acórdão, mais uma vez, merece realce por sua organização didática, ao enumerar e enfrentar os temas mais relevantes no campo das práticas abusivas: a) natureza intervencionista do CDC e sua matriz constitucional; b) o direito do consumidor à 
educação e à informação como fator de equilíbrio nas relações econômicas, posto que assegura a liberdade de escolha e permite a igualdade nas contratações; c) a razão da vedação da venda casada, ou seja, a limitação do poder do fornecedor; d) a definição de venda casada, relacionada a conduta do fornecedor de condicionar à aquisição de um produto ao fornecimento de outro. ¹13
 5 - Lanches infantis
Em 2010, o Tribunal determinou a reunião na Justiça Federal das ações civis públicas propostas contra as redes de lanchonetes Bob’s, McDonald’s e Burger King, em razão da venda casada de brinquedos e lanches fast-food. A Justiça estadual de São Paulo e a Justiça Federal analisam ações semelhantes propostas pelos ministérios públicos estadual e federal.
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¹ Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. IV | n. 13 | MARÇO 2014
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6 -Férias 
 	O STJ tem decisões no sentido que, em caso de compra de passagens e contratação de hotel, serviços de passeio e contrato de seguro de viagem vendidos de forma conjunta por operadora de turismo, a agência responde pela má prestação de qualquer um desses serviços.
 7 - Consumo mínimo
Em 2011 o STJ restituiu o entendimento de que nos condomínios em que o total de água consumida é medido por um único hidrômetro, é ilegal a cobrança do valor do consumo mínimo multiplicado pelo número de unidades residenciais. Para o relator, ministro Hamilton Carvalhido, não se pode presumir a igualdade de consumo de água pelos condôminos, obrigando os que gastaram abaixo do mínimo a não só complementar a tarifa, como também a arcar com os gastos de quem consumiu acima da cota.
8 - Buffet vinculado ao aluguel de espaço de festas
Imagine que o consumidor quer alugar um espaço para seu casamento ou festa de família e é informado que junto com a locação, é obrigatório adquirir também os serviços do buffet da empresa, ou vice versa. Muitos estabelecimentos atuam assim para evitar a concorrência e a vinculação de seus produtos e serviços a outras empresas.
Porém, esta prática fere a liberdade do consumidor em escolher, sem quaisquer imposições, os fornecedores de produtos e serviços (alimentação, banda de música, atendentes, iluminação, decoração, filmagem e fotografia, segurança, limpeza e vários outros exemplos) que deseja contratar para seu evento. ¹
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¹ fonte: infograficos.oglobo.globo.com
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2.4 - VERIFICAR SE DEVERIA TER UMA LEI MAIS RÍGIDA PARA PUNIR ESSA PRÁTICA ABUSIVA
 	A lei 8137/1990, tipificou a prática de venda casada como crime no seu artigo 5º inciso II e III.
 "Art. 5º constitui crime da mesma natureza ;
 II - Subordinar a venda de bem ou a utilização de serviços á aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço .
 III - Sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviços á aquisição de quantidade
arbitrariamente determinada.
 Pena; detenção de 2 (dois) a 5 (cinco0 anos ou multa ."
 	Mencionem - se ainda que a lei nº 8.158 ( lei da defesa da concorrência ) de 08 de outubro de 1991, já revogada , também prescrevia a venda casada como infração penal de abuso do poder econômico, conforme disposição de seu artigo 3º, inciso VIII.
 	Segundo o ensinamento de Claudia Lima Marques ; "Tanto o CDC como a lei, proíbem que o fornecedor se prevaleça de sua superioridade econômica ou técnica, para determinar condições negociais desfavoráveis ao consumidor.”
 	Assim, proíbe o art. 39, inciso I , a prática da chamada venda casada, que significa condicionar o fornecimento, sem justa causa , a limites quantitativos. A relação de consumo é uma relação jurídica sui generis[2] com dois pólos, um ativo e outro 
passivo; com dois sujeitos-base: o fornecedor e o consumidor. O Direito Penal do Consumidor gira nessa órbita, protegendo patrimonialmente e diretamente à relação de consumo e indiretamente o consumidor e a coletividade de consumidores.16
Dessa forma, tem como sujeito passivo principal desse crime a coletividade e como sujeito passivo secundário o consumidor, que é pólo ativo na relação jurídica de consumo.
No tocante ao sujeito ativo há uma particularidade, pois o crime só se configurará quando estiver presente o fato delituoso na relação de consumo. O agente ativo do crime é o fornecedor ou o prestador de serviços, cujo conceito está previsto no art 3°, caput, do CDC. Neste aspecto, encontramos um problema, vez que o conceito trazido pela legislação consumerista é muito amplo, englobando, inclusive, pessoas jurídicas e outros entes de discutível penalização.
A pena cominada para este crime é de 2 a 5 anos de detenção ou multa. Essa pena é questionada em alguns aspectos, o primeiro deles é em relação ao quantum, entende-se exagerado quando comparado à pena de outros crimes previstos no Código Penal, contrariando o principio da proporcionalidade.
Outro ponto que deve ser observado é a contradição técnica legislativa, quando o legislador prevê uma pena excessiva, mas possibilita a substituição dessa pena por uma multa.
Em regra, a ação é penal publica e incondicionada, ressalvado os casos em que a Lei dos Juizados Especiais (lei federal n° 9.099, de 26.09.95) dispuser de forma diversa. Entende-se por ação penal incondicionada, aquele em que nenhum requisito é exigido para que a ação seja proposta, ou seja, independe de manifestação de vontade de qualquer pessoa.Ementa
DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. VENDA CASADA. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
Atinge a esfera íntima do trabalhador, em sua honra e dignidade, a reprovável atitude patronal de impelir o empregado a realizar a venda de produtos em desacordo com a legislação pátria. 
Configurado o dano ao patrimônio íntimo do obreiro, há de merecer a atitude do empregador exemplar reprimenda do Judiciário, impondo-se a respectiva reparação. Apelo autoral parcialmente provido. ¹17
Vale dizer, que essa conduta, não é tida apenas como uma infração penal, mas é também uma pratica abusiva pela legislação consumerista (art. 39, I, CDC) e uma infração a ordem econômica (art. 21, da lei 8.884/94), configurando-se, inclusive, como concorrência desleal.
2.5 - VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR FRENTE AOS RISCOS DA PRÁTICA ILEGAL DE VENDA CASADA.
 Como podemos observar, as transações realizadas nos estabelecimentos físicos e virtuais, não alteram os direitos garantidos
aos consumidores perante o Código de Defesa do Consumidor - CDC Lei 8.078/90, estando o comécio de bens e serviços, sujeito a esse diploma legal, aplicando - se portanto a essas relações todas as suas disposições.
 Vejamos que o princípio da vulnerabilidade, caracteriza o consumidor como ente mais fraco, sendo uma premissa básica e indispensável ao justo estabelecimento das relações de consumo. ²
_______________________¹ ProcessoRO 00105976420155010223 RJ
Órgão Julgador Décima Turma Publicação 25/01/2017 Relator ROSANA SALIM VILLELA TRAVESEDO
² JUS BRASIL. Disponível em:
<https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=RESPONSABILIDADE+OBJETIVA%2C+(C3%89RCIO)>. Acesso em: 30/04/2018
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 " Com regras de ordem eminentemente social, o Estado reconheceu o consumidor brasileiro a vulnerabilidade, procurando não limitar sua liberdade contratual, mais garanttir - lhe a autonomia privada, com objetivo de protegê - lo como parte contratual mais fraca". ( LEAL,2007,P.68)
Geraldo Magela Alves explica tal preceito legal:
“Quer-se evitar que o consumidor, para ter acesso ao produto ou serviço que efetivamente deseja, tenha de arcar com o ônus de adquirir outro, não de sua eleição, mas imposto pelo fornecedor como condição à usufruição do desejado”.[2]
No que se refere a limite quantitativo, entende-se que diz respeito ao mesmo produto ou serviço. No entanto, neste caso, o Código Consumerista não estabeleceu uma proibição absoluta. Assim o limite quantitativo é admissível desde que haja justa causa para imposição.
A justa causa, porém, só tem aplicação aos limites quantitativos que sejam inferiores à quantidade desejada pelo consumidor, isto é, o fornecedor não pode obrigar o consumidor a contratar a maior ou menor do que as suas necessidades.
Em outras palavras, o legislador também quis coibir aquela prática denominada “consumação mínima”. Então, nenhum fornecedor pode condicionar a entrada de um consumidor em seu recinto ao pagamento de certa quantia mínima, determinando-lhe previamente quanto tem de pagar. Permite-se apenas a cobrança fixa de ingresso de entrada, ou qualquer valor sob rubrica semelhante. 
 	Importante mencionar as palavras de Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin:
“O fornecedor não pode obrigar o consumidor a adquirir quantidade maior que as suas necessidades. Assim, se o consumidor quer adquirir uma lata de óleo, não é lícito ao fornecedor condicionar a venda à aquisição de duas outras unidades. A solução também é aplicável aos brindes, promoções e bens com desconto. O consumidor sempre tem o direito de, em desejando, recusar a aquisição quantitativamente casada, desde 
que pague o preço normal do produto ou serviço, isto é, sem desconto.”[3]19
Aponte-se, todavia, que a imposição de limite máximo como justa causa em caso de promoções tem sido aceita pela jurisprudência, sob o argumento de que a compra de todo o estoque por apenas um consumidor prejudicará outro que tenha interesse na promoção. Nesse sentido:
“RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DANO MORAL. VENDA DE PRODUTO A VAREJO. RESTRIÇÃO QUANTITATIVA. FALTA DE INDICAÇÃO NA OFERTA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. QUANTIDADE EXIGIDA INCOMPATÍVEL COM O CONSUMO PESSOAL E FAMILIAR. ABORRECIMENTOS QUE NÃO CONFIGURAM OFENSA À DIGNIDADE OU AO FORO ÍNTIMO DO CONSUMIDOR. 1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material.
2. Os aborrecimentos vivenciados pelo consumidor, na hipótese, devem ser interpretados como "fatos do cotidiano", que não extrapolam as raias das relações comerciais, e, portanto, não podem ser entendidos como ofensivos ao foro íntimo ou à dignidade do cidadão. Recurso especial, ressalvada a terminologia, não conhecido”. ¹
Em continuidade ao tema, a Lei 8137/1990 tipificou a prática de venda casada como crime, no seu art. 5º, incisos II e III: 
“Art. 5º Constitui crime da mesma natureza:
II - subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;
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III - sujeitar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de quantidade arbitrariamente determinada;
Pena: detenção de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa".
Mencione-se ainda que a Lei nº 8.158 (lei da defesa da concorrência) de 08 de outubro de 1991, já revogada, também prescrevia a venda casada como infração penal de abuso do poder econômico, conforme disposição de seu artigo 3º, inciso VIII.
 Neste sentido, vale esclarecer a vulnerabilidade analisando todos os seus aspectos nesta relação de consumo estabelecida, que não é somente o aspecto econômico, pois o consumidor do produto ou serviço pode ser vulnerável em relação ao fornecedor pela dependência do produto; pela falta de informação, pela natureza do contrato imposto; pelo controle absoluto da produçao do bem ou de sua qualidade, pela extrema 
__________________________
¹ REsp 595.734/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02.08.2005, DJ 28.11.2005 p. 275.
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necessidade do bem ou serviço; dentre vários outros fatores. Dito isto fica claro que são inúmeros fatores que podem vir a agravar essa situação fática de vulnerabilidade do consumidor em potencial, por meio dessa prática ilegal ( venda casada ), pois esse contato direto com os fornecedores se torna ainda mais abrangível que se haja uma proteção a esses consumidores .Jurisprudência sobre Venda Casada. ¹
__________________________¹ https://www.jusbrasil.com.br/topicos/323417/venda-casada/jurisprudencia
Apelação Cível: AC 1627541 PR Apelação Cível - 0162754-1. S À EXECUÇÃO. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA RURAL. CUMULAÇÃO DE JUROS ...
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IV - CONCLUSÃO
Por todo o exposto foi possível compreender a importância desse tema. Diante da responsabilidade civil no âmbito de Venda Casada. Visto que a responsabilidade civil deve ser vista diante dessa modalidade, como uma ferramenta para equilibrar esta relação entre consumidor e fornecedor trazendo um equilíbrio para ambos os lados. Pois é fato que essa prática abusiva no Brasil vem crescendo e trazendo grandes prejuízos na vida dos consumidores, com praticidade e comodidade antes já mais vistas no curto espaço de tempo, onde o fornecedor antes limitado a seus negócios físicos e com um número muito mais limitados de pessoas para adquirir seus produtos e serviços. Em decorrência desse crescimento foi preciso ser dada uma atenção maior a essa modalidade que é uma pratica ilegal.
O Decreto de lei, e o código de defesa do consumidor (CDC) veio dar segurança e clareza aos milhões de consumidores brasileiros que adquirem produtos e serviços pela, pois como podemos ver antes o exposto as principais características propostas por esta lei são: a clareza e a disponibilidade das informações.
Vimos que os princípios existentes no Direito do Consumidor são perfeitamente aplicáveis aos contratos realizados , tais como: vulnerabilidade, autonomia da vontade, confiança e boa fé, para que o desequilíbrio contratual não ocorra, resguardando a igualdade entre as partes.
Vimos que a responsabilidade civil nos contratos de consumo pode ser subjetiva e objetiva. O CDC, portanto adotou a responsabilidade objetiva como regra , mas ainda se justifica a utilização da responsabilidade objetiva, já que os consumidores estão em uma situação de vulnerabilidade maior que a média dos consumidores em geral.
Assim também o CDC e o Código Civil reconhece a vulnerabilidade do consumidor frente a essa relação de consumo, mas é necessário que o estado regule essas relações de consumo ou quando necessário imponha limites e parâmetros para a atividade econômica, dos fornecedores. Visto também neste artigo cientifico que são inúmeros os riscos que os
consumidores tem nessa relação de consumo, . Diante disso vimos a 
necessidade de promover a proteção deste por meios legislativos e administrativos, visando garantir o direito do consumidor.23
Com o Código Civil, também foi possível demonstrar que a teoria finalista ganhou força, uma vez que adotou ,assim como o CDC,vários princípios e clausulas gerais que vem reforçar esse conceito. 
Umas das situações hipotéticas que implica na aplicação do Código de Defesa do Consumidor e que afasta o Código Civil é a verificação de existência de vulnerabilidades na relação. Pois se a vulnerabilidade do consumidor, então há uma relação de consumo. Não havendo a vulnerabilidade, aplica-se o código Civil. O Decreto de lei 8.078/90 também se aperfeiçoou em seu artigo 39 e diz que é vedado ao fornecedor de produtos e serviços , dentre outras práticas abusivas , condicionar o fornecimento de produto ou serviço, ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa , a limites quantitativos.
24
REFERÊNCIAS:
Antonio Cezar Lima da Fonseca. Direito Penal do Consumidor. Porto Alegre: Livraria do Advogado , (1999, p.46 ).
BARROS, WHOSTON MONTEIRO DE BARROS, p. 105 
 BESSA, Leonardo Roscoe. BENJAMIM, Antônio Herman V. MARQUES, LIMA. Manual de Direitodo Consumidor. Revista dos Tribunais LTDA. São Paulo: 46 consumir.
SITE: CNJ https://www.facebook.com/cnj.oficial
SILVA, Jorge Alberto Quadros de Carvalho. Código de Defesa do Consumidor anotado. 2 ed. ção Paulo: Saraiva 2002. p 85
A lei nº 8.137]90, artigo, 5º, II e III, 
 A lei 8.884/94, artigo 21º, XXIII, 
A lei 8078/90, artigo, 39º,
BRASIL. Qual o tribunal?? de Processo RO 00105976420155010223 RJ Órgão JulgadorDécima Turma Publicação25/01/2017 RelatorROSANA SALIM VILLELA TRAVESEDO
fonte: infograficos.oglobo.globo.com
JUS BRASIL. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=RESPONSABILIDA88 
Revista Luso-Brasileira de Direito do Consumo - Vol. IV | n. 13 | MARÇO 2014
DE+OBJETIVA%2C+(C3%89RCIO)>.
PROCON ESTADUAL DE MINAS GERAIS. Nota Técnica 02/2004.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/323417/venda-casada/jurisprudencia Apelação Cível: AC 1627541 PR Apelação Cível - 0162754-1. S À EXECUÇÃO. TÍTULO 
EXTRAJUDICIAL. CÉDULA RURAL. CUMULAÇÃO DE JUROS ...Disponível em: <http://www.mp.mg.gov.br/procon/notas/>. Acesso em: 07 mar. 2015.25
(REsp 595.734/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02.08.2005, DJ 28.11.2005 p. 275)

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