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Unidade II

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DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
Os objetivos de aprendizagem :
• compreender os conceitos básicos e fundamentais com relação aos direitos
dos consumidores, produtores, fornecedores e os prestadores de serviço;
• reconhecer os principais aspectos técnicos práticos inerentes à relação
jurídica consumerista;
• identi�car as relações comerciais e empresariais, com suas respectivas
obrigações.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO
CONSUMIDOR
TÓPICO 1
Ao longo da história humana são encontrados alguns dispositivos que, direta ou
indiretamente, objetivaram proteger o consumidor. Contudo, foi somente com o
surgimento dos mercados de massa que a consciência de necessidade de proteção
dos direitos do consumidor começou a se fortalecer. O movimento consumerista
iniciou nos Estados Unidos e depois pela Europa.
No Brasil, especi�camente, o surgimento do movimento pela defesa do
consumidor foi marcado pela criação, no ano de 1976, em São Paulo, do “Sistema
Estadual de Defesa do Consumidor”, com instalação do primeiro Procon.
1 INTRODUÇÃO-
Unidade 2 - Tópico 1
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Porém, foi somente com a Constituição Federal de 1988 que o Direito do
Consumidor foi levado ao nível constitucional e assegurada, através da
promulgação do Código de Defesa do Consumidor, a de�nição de uma Política
Nacional das Relações de Consumo.
Segundo renomados juristas, já no antigo Código de Hamurábi havia certas regras
que, mesmo indiretamente, visavam proteger o consumidor.
Khammu-rabi, rei da Babilônia no século XVIII a. C., estendeu
grandiosamente o seu império e governou uma confederação de cidades-
estado. Erigiu, no �nal do seu reinado, uma enorme estela em diorito, na
qual ele é retratado recebendo a insígnia do reinado e da justiça do rei
Marduk. Abaixo, mandou escrever, em 21 colunas, 282 leis (cláusulas) que
�caram conhecidas como Código de Hamurábi.
Este código referia-se, entre outros, ao comércio (no qual o caixeiro-viajante
ocupava lugar importante), à família (inclusive o divórcio, o pátrio poder, a
adoção, o adultério, o incesto), ao trabalho (precursor do salário mínimo, das
categorias pro�ssionais, das leis trabalhistas), à propriedade. Quanto às leis
criminais, vigorava a Lex Talionis: a pena de morte era largamente aplicada,
seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação. A mutilação
era in�igida de acordo com a natureza da ofensa.
Temos como exemplos a Lei nº 233 e a Lei nº 235, que assim dispunham:
• Lei nº 233: se um arquiteto constrói para alguém uma casa e não leva ao �m, se
as paredes são viciosas, o arquiteto deverá, à sua custa, consolidar as paredes.
• Lei nº 235: se um bateleiro constrói para alguém um barco e não o faz
solidamente, se no mesmo ano o barco é expedido e sofre avaria, o bateleiro
deverá desfazer o barco e refazê-lo solidamente à sua custa, o barco sólido ele
deverá dá-lo ao proprietário.
A Lei nº 235 traz a noção já bem delineada do “vício redibitório”, adotado no
regime jurídico romano.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA-
Unidade 2 - Tópico 1
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Vê-se claramente que as consequências de desabamentos com vítimas fatais eram
extremas. O empreiteiro da obra, além de ser obrigado a reparar todos os danos
causados ao empreitador, sofria punição severa, caso houvesse o mencionado
desabamento vitimado o chefe de família.
Caso morresse o �lho do dono da obra, pena de morte para o respectivo parente
do empreiteiro, e assim por diante. Da mesma forma, o cirurgião que “operasse
alguém com bisturi de bronze” e lhe causasse a morte por imperícia, além da
indenização, estava sujeito à pena de morte.
Já na Índia do século XVIII a. C., o Código Sagrado de Massú previa multa e punição,
além de ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem gêneros ou
entregassem coisa de espécie inferior àquela acertada, ou vendessem bens de
igual natureza por preços diferentes.
FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/2v3UW7g>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No Direito Romano Clássico, inicialmente, o vendedor era responsável pelos vícios
da coisa, a não ser que estes fossem por ele ignorados. Porém, já no Período
Justiniano, a responsabilidade era atribuída ao vendedor, mesmo que
desconhecesse o defeito. As ações redibitórias eram mecanismos que ressarciam
o consumidor nos casos de vícios ocultos na coisa vendida. Se o vendedor tivesse
ciência do vício, deveria, então, devolver o que recebeu em dobro.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2wGtkWj>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Indiretamente, no período romano, outras leis também atingiam o consumidor: a
Lei Sempcônia, de 123 a.C., encarregando o Estado da distribuição de cereais a
seguir o preço de mercado. A Lei Clódia, do ano de 58 a.C., reservando bene�ciar
os indigentes, e a Lei Aureliana, do ano de 270 da nossa era, determinando que
fosse feita a distribuição do pão diretamente pelo Estado, ante as di�culdades de
abastecimento havidas nessa época em Roma.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/3cJmCPY>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Já na Europa Medieval, na França do ano de 1481, o rei Luiz XI baixou um edito que
punia com banho escaldante “quem vendesse manteiga com pedra no interior
para aumentar o seu peso, ou leite com água para inchar o volume”. (GLÓRIA,
2003, p. 11).
Em 1914, nos Estados Unidos, foi criada a Federal Trade Commission, que tinha o
objetivo de aplicar a lei antitruste e proteger os interesses do consumidor.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2wL5f0p>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No Brasil, o Direito do Consumidor surgiu entre as décadas de 40 e 60, quando
foram sancionados diversas leis e decretos federais, legislando sobre saúde,
Unidade 2 - Tópico 1
 
http://bit.ly/2wGtkWj
proteção econômica e comunicações.
Dentre todas, pode-se citar: a Lei nº 1221/51, denominada Lei de Economia
Popular; a Lei Delegada nº 4/62; a Constituição de 1967 com a emenda nº 1/69, que
consagrou a defesa do consumidor. E a Constituição Federal de 1988, que
apresenta a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica (art. 170)
e no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) que,
expressamente, determinou a criação do Código de Defesa do Consumidor.
FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/39DaC0s>. Acesso em: 5 mar. 2013.
A concepção do Estado Liberal fundou-se política e �loso�camente da Revolução
Francesa, que pretendia a aquisição de direitos individuais como fatores de
limitação ao poder supremo e arbitrário do Estado. Economicamente, através das
ideias difundidas por Adam Smith e pelos �siocratas franceses contemporâneos,
negando o papel do Estado no contexto econômico, libertando-o da atividade
privada, que deveria ser deixada de lado por ele, uma vez que o próprio mercado
iria eleger suas leis espontaneamente.
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento:
É su�ciente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para
que, ao perseguir seu próprio interesse, promova o dos demais. O
interesse privado é o motor da vida econômica.
Noronha (1994, p. 64) explica que “a mão invisível de Adam Smith era Proclamada
como a verdadeira mão da justiça”. Os ideais de liberdade foram levados às suas
últimas consequências e, na verdade, ao invés de conduzirem à verdadeira justiça,
o �zeram em sentido oposto.
Foi com o advento da Revolução Industrial (que primeiramente surgiu, na
Inglaterra e logo após, experimentado pelos demais países da Europa) que o
quadro se deteriorou, em decorrência da substancial mudança do modo de
produção manufatureira para industrial, a partir do desenvolvimento tecnológico.
Toda essa evolução gerou imensas mudanças no quadro social e cultural, criando
impasses e desequilíbrio de forças entre a mão de obra operária e os empresários
2.1 O SURGIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR COMO PARTE DA
EVOLUÇÃO DO ESTADO LIBERAL
-
Unidade 2 - Tópico 1
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industriais que, evidentemente, se aproveitavam da falta de intervenção do Estado
para abusar de sua posição de vantagem.
Os valores humanos estavam sendo colocados em segundo plano sob a falsa
justi�cativa de justiça e liberdade. Foi quando surgiuo manifesto de resgate da
dignidade humana proclamado pelo padre francês Lacordaire (apud OLIVEIRA,
2007, p. 57): “Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o mestre e o
servo, é a liberdade que oprime e a lei que liberta”.
Na crise do liberalismo econômico, não se pode esquecer o fato de que os direitos
advindos, por exemplo, da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do
Cidadão foram provenientes do Liberalismo, onde a ausência do Estado era o
padrão a ser seguido.
Isto porque o povo francês acabara de sair de um absolutismo em que havia a
concentração total de poder nas mãos de um rei, ou de alguns por ele delegados.
Porém, ingressar numa nova realidade totalmente oposta não seria o mais
conveniente, mas a atmosfera reinante se deu nesse sentido e o Estado, como
ente que governa, acabou por não interferir mais nas relações privadas.
O homem, em dado momento, tendo em vista as constantes crises e
desalinhamentos sociais provenientes da ausência de regras, de ingerência e de
�scalização do Estado, demonstrou que o individualismo possessivo não permitia a
igualdade por si só, carecendo de um elemento que �zesse retornar a estabilidade
e a ordem jurídica e social.
É diante desse panorama que o Estado é chamado a intervir para
regulamentar as situações nos diversos níveis de sua atuação,
principalmente nas questões trabalhistas e econômicas. Surgiu, então, outra
gama de princípios sociais e econômicos da existência humana, privilegiando
as condições de uma sobrevivência mais de acordo com sua situação de ser
humano, e não apenas como um elemento da economia. (MARSHALL, 2000,
p. 94-95).
O Estado Social surge no século XX como resposta à miséria e à exploração que
grande parte da população sofria na época. O Estado Social tem como
características o poder limitado, a garantia aos direitos individuais e políticos,
acrescentando a estes os direitos sociais e econômicos. Logo, o Estado passou a
intervir na Economia para promover justiça social.Unidade 2 - Tópico 1
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FONTE: Adaptado de: <www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/�les/.../24064-24066-
1-PB.htm..>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Nos Estados Unidos, através de uma iniciativa do próprio presidente americano
John Kennedy, na década de 60, houve a consolidação do Direito do Consumidor.
Por meio de uma mensagem especial ao Congresso americano, Kennedy
identi�cou os pontos mais importantes em torno da questão:
Os bens e serviços colocados no mercado devem ser sadios e seguros para o uso,
promovidos e apresentados de uma maneira que permita ao consumidor fazer uma
escolha satisfatória. [...] a voz do consumidor seja ouvida no processo de tomada de
decisão governamental que detenha o tipo, a qualidade e o preço de bens e serviços
colocados no mercado. [...] tenha o consumidor o direito de ser informado sobre as
condições e serviços. [...] o direito a preços justos. (SOUZA, 1996. p. 56).
A exemplo dos Estados Unidos, a Comissão de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU), na sua 29ª Sessão em 1973, em Genebra, também
reconheceu os princípios e chamou-os de Direitos Fundamentais do Consumidor.
Por sua vez, o programa Preliminar da Comunidade Europeia para uma Política de
Proteção e Informação dos Consumidores dividia os direitos fundamentais em
cinco categorias:
1) proteção da saúde e da segurança;
2) proteção dos interesses econômicos;
3) reparação dos prejuízos;
4) informação e educação;
5) representação (ou direito de ser ouvido).
FONTE: Disponível em:
<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/�les/anexos/24064-24066-1-
PB.html>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Mas o avanço ainda mais importante se deu através da Resolução nº 39/248/85, de
16/04/1985, através da qual a ONU estabeleceu objetivos, princípios e normas
para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas �rmes de
proteção ao consumidor, reconhecendo categoricamente que os consumidores
se deparam com desequilíbrios em termos econômicos, níveis educacionais e
poder aquisitivo.
Desta forma, houve o efetivo reconhecimento e aceitação dos direitos básicos do
consumidor em nível mundial, com a adoção dos seguintes objetivos:Unidade 2 - Tópico 1
 
a) auxiliar países a atingir ou manter uma proteção adequada para a sua
população consumidora;
b) oferecer padrões de consumo e distribuição que preencham as necessidades e
desejos dos consumidores;
c) incentivar altos níveis de conduta ética, para aqueles envolvidos na produção e
distribuição de bens e serviços para os consumidores;
d) auxiliar países a diminuir práticas comerciais abusivas usando de todos os
meios, tanto em nível nacional como internacional, que estejam prejudicando os
consumidores;
e) ajudar no desenvolvimento de grupos independentes de consumidores;
f) promover a cooperação internacional na área de proteção ao consumidor; e
g) incentivar o desenvolvimento das condições de mercado que ofereçam aos
consumidores maior escolha, com preços mais baixos.
FONTE: Disponível em:
<sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/dimensao.pdf>. Acesso em: 5
mar. 2013.
O anexo 03 da Resolução mostra ainda quais são os princípios gerais que serão
tomados como padrões mínimos pelos governos, conforme aponta Souza (1996, p.
57):
(a) proteger o consumidor quanto a prejuízos à sua saúde e segurança;
(b) fomentar e proteger os interesses econômicos dos consumidores;
(c) fornecer aos consumidores informações adequadas para capacitá-los a fazer
escolhas acertadas, de acordo com as necessidades e desejos individuais;
(d) educar o consumidor;
(e) criar possibilidade de real ressarcimento ao consumidor;
(f) garantir a liberdade para formar grupos de consumidores e outros grupos e
organizações de relevância e oportunidade para que estas organizações possam
apresentar seus enfoques nos processos decisórios a elas referentes.
De tamanha relevância é a Resolução da ONU supracitada, que vários
ordenamentos jurídicos a adotaram como referência em seus países. No Brasil,
com a Constituição Federal de 1988, o referido tema teve especial atenção quando
passou a dispor textualmente que: o Estado promoverá, na forma da lei, a
defesa do consumidor. Unidade 2 - Tópico 1
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Portanto, a Constituição Federal de 1988 exigiu que o Estado abandonasse a sua
posição de mero espectador da sorte do consumidor, para adotar um modelo
jurídico e uma política de consumo que efetivamente protegesse o consumidor.
Isso porque o Código Civil, formulado segundo o pensamento liberal, trouxe o vício
redibitório como meio de proteção do consumidor. Esse meio mostrou-se ine�caz
para a proteção do consumidor.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2Iuv47Q>. Acesso em: 5 mar. 2013.
LEITURA COMPLEMENTAR
ENTIDADES DE CONSUMIDORES E ONU SE UNEM EM CAMPANHA CONTRA O
DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
"Pense. Coma. Economize. Reduza o uso de alimentos” é dirigida à comida
desperdiçada pelos consumidores e varejistas.
Campanha é direcionada ao consumidor �nal.
FOTO: Kiyoshi Ota / Bloomberg
RIO — Simples iniciativas dos consumidores e dos varejistas de alimentos podem
reduzir drasticamente a quantidade de comida desperdiçada e ajudar a construir
um futuro sustentável. É o que prega a nova campanha mundial da Organização
das Nações Unidas (ONU), apoiada pela organização internacional de defesa dos
direitos dos consumidores Consumers International (CI), batizada “Pense. Coma.
Economize. Reduza o uso de alimentos”.Unidade 2 - Tópico 1
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RESUMO DO TÓPICO
Cerca de um terço do total de alimentos produzidos em todo o mundo são
perdidos ou desperdiçados na produção de alimentos e no consumo, segundo
dados publicados pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla
original) da ONU.
— Em um mundo de sete bilhões de pessoas, que passará a nove bilhões em 2050,
o desperdício de alimentos não faz sentido economicamente, ambientalmente e
eticamente — declarou o subsecretário geral e diretor executivo do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner.
Para a CI, a iniciativa da organizaçãoé louvável.
— Esta é uma grande iniciativa para levar consumidores e empresas a pensarem
mais sobre a comida que jogamos fora. Ninguém gosta de desperdiçar alimentos,
por isso devemos fazer o possível para que seja mais fácil comprar, consumir e
descartar só o que é realmente necessário — disse o chefe de Comunicação e
Assuntos Externos da CI, Luke Upchurch.
A nova campanha é dirigida especi�camente à comida desperdiçada pelos
consumidores, varejistas e pela indústria hospitalar e é organizada pelo PNUMA,
FAO e entidades colaboradoras e associadas.
Publicado: 23/01/13 - 14h19
Atualizado: 24/01/13 - 10h13
FONTE: JORNAL o globo. Disponível em: <https://glo.bo/3aFYvj9>. Acesso em: 15 fev. 2013.
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento:
É su�ciente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para
que, ao perseguir seu próprio interesse, promova o dos demais. O
interesse privado é o motor da vida econômica.
Neste tópico você: Unidade 2 - Tópico 1
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https://glo.bo/3aFYvj9
AUTOATIVIDADES
Responder
Unidade 1  Tópico 2
• Conheceu conceitos acerca dos direitos do consumidor.
• Veri�camos que o movimento de defesa do consumidor teve início nos Estados
Unidos, através do surgimento do chamado Estado Social.
• Através da Resolução nº 39/248/85, de 16/04/1985, a Organização das Nações
Unidas estabeleceu objetivos, princípios e normas para que os governos membros
desenvolvam ou reforcem políticas �rmes de proteção ao consumidor.
UNIDADE 2 - TÓPICO 1
Considerando o texto “Entidades de consumidores e ONU se unem em campanha
contra o desperdício de alimentos”, que medidas podem ser tomadas pelos
consumidores, em suas próprias casas, para reduzir o desperdício de alimentos?
Unidade 2 - Tópico 1
 
https://livrodigital.uniasselvi.com.br/ADG14_direito_empresarial/unidade1.html?topico=6
Conteúdo escrito por:
Todos os direitos reservados © Prof. Renildo Dorow
 
DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
TÓPICO 2
Como já foi visto, o Brasil, a partir das diretrizes estabelecidas pela Organização
das Nações Unidas, passou a adotar, a nível constitucional, a defesa do
consumidor. No Brasil, ao longo da história, são encontrados alguns dispositivos
legais que, direta ou indiretamente, objetivaram proteger o consumidor.
Porém, foi somente com a introdução do Código de Defesa do Consumidor que se
passou a determinar uma e�caz política nacional das relações de consumo, com a
efetiva participação e intervenção do Estado nas relações de consumo.
Hoje, o consumidor brasileiro está legislativamente bem amparado, em condições
de poder comparar-se às nações mais avançadas do planeta.
Antes da Constituição de 1988 havia apenas normas esparsas, legislação
complementar, que tratava de alguma matéria de maneira isolada referente ao
direito do consumidor. Após a promulgação da Constituição Federal houve grande
desenvolvimento legislativo no âmbito do direito consumerista, principalmente
com a instituição do Código de Defesa do Consumidor.
Vejamos as principais leis e decretos federais sobre o assunto:
1 INTRODUÇÃO-
2 A LEGISLAÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ANTES E
DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
-
Unidade 2 - Tópico 2
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Unidade 2 - Tópico 2
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O Brasil também assinou acordos internacionais no âmbito do Mercosul, visando a
cooperação entre os países do bloco na defesa do consumidor, quais sejam:
• Acordo Brasil e Argentina, de 28 de junho de 2005
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa do
consumidor do Brasil e da Argentina para criação de uma rotina de intercâmbio de
informações sobre produtos enganosos e produtos piratas e elaboração de
quadro comparativo das leis de defesa do consumidor de ambos os países.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/3cKzANm>. Acesso em: 6 mar. 2013.
• Acordo interinstitucional Mercosul, de 03 de junho de 2004
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa do
consumidor dos estados partes do Mercosul para a defesa do consumidor
visitante.
Assim, com o crescimento da sociedade consumerista, veri�cou-se a necessidade
de uma legislação que regulamentasse todos os aspectos da relação de consumo,
equilibrando a posição do consumidor, parte mais fraca da relação, seja proibindo
ou limitando certas práticas de mercado.
Antes da Constituição Federal de 1988, os passos importantes na defesa do
consumidor foram dados somente a partir de 1985, com a promulgação, em 24 de
julho, da Lei nº 7.347.
Na mesma data foi assinado o Decreto Federal nº 91.469, que criou o Conselho
Nacional de Defesa do Consumidor (CNDF), com o objetivo de assessorar o
Presidente da República na elaboração da política nacional de defesa do
consumidor. Porém, tal órgão foi substituído, no governo do ex-presidente
Fernando Collor de Mello, pelo Departamento Nacional de Proteção e Defesa do
Consumidor, subordinado ao Ministério da Justiça.
Em 1987, no VII Encontro das entidades de defesa do consumidor, realizado
estrategicamente em Brasília, em abril, foram extraídas novas propostas
consubstanciadas em anteprojeto formalmente protocolado junto à Assembleia
Nacional Constituinte, fazendo sugestões de modi�cações da redação dos art. 36 e
74 do anteprojeto elaborado pela chamada Comissão Afonso Arinos, merecendo
destaque a menção expressa já aos direitos fundamentais ou básicos do
consumidor, como o relativo ao consumo de produtos e serviços, à segurança, à
escolha, à informação etc.
Também tem grande destaque o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público
Brasileiro, em dois simpósios nacionais. Ou seja, o VI Congresso Nacional de São
Paulo, em junho de 1985, e o VII, em Belo Horizonte, quando foram oferecidasUnidade 2 - Tópico 2
 
teses que defendiam não apenas a instituição de promotorias de justiça
especializadas na proteção e defesa do consumidor, como também pela
consagração daquelas preocupações no texto constitucional.
Assim, com a instituição na Constituição Federal de 1988, a defesa do
consumidor foi tratada com a devida importância e relevância, dispondo em
seu art. 5º, XXXII, que: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”. (BRASIL, 2013).
Tal norma constitucional signi�ca que o Estado tem a obrigação de defender o
consumidor, de acordo com o que estiver estabelecido nas leis.
Na ordem econômica, a preocupação com a defesa do consumidor também é
encontrada no texto do art. 170, que trata da “ordem econômica, fundado na
valorização do trabalho e da livre iniciativa”, cujo �m é “assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social,” com observância a
determinados princípios fundamentais, encontrando-se, entre eles, exatamente a
“defesa do consumidor”. (BRASIL, 2013).
O art. 150, que trata das limitações de tributar por parte do poder público e no
âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelece em seu §5º
que: a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos
acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. (BRASIL, 2013).
Ainda no plano constitucional, a preocupação e a preservação dos interesses e
direitos dos consumidores aparecem no art. 175, II, que alude aos “usuários” de
serviços públicos por intermédio de concessão ou permissão do poder público,
dizendo que: incumbe ao poder público, na forma de lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos. (BRASIL, 2013).
E seu parágrafo único dispõe sobre “os direitos dos usuários”, no caso, e à
evidência, “usuários-consumidores”, dos mencionados serviços públicos
concedidos ou permitidos.
Por �m, o art. 48 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT)
dispõe de forma categórica que: o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do
Consumidor. (BRASIL, 2013). Prazo esse esgotado da confecção de vários projetos,
mas que culminou, após longa tramitação de dois anos, com a Leinº 8.078, de 11
Unidade 2 - Tópico 2
 
de setembro de 1990. Estes dispositivos constitucionais são mencionados no art.
1º do CDC.
Em 11 de setembro de 1990 foi promulgado o texto da Lei nº 8.078/90, que entrou
em vigor em 11 de março de 1991, que dispõe sobre a proteção do consumidor e
dá outras providências.
Temos claro que a intenção do constituinte era a concepção da codi�cação, tendo
em vista que um modelo privado ou leis esparsas não seriam e�cientes para a
proteção e�ciente do consumidor. No entanto, a Constituição optou pela criação
de um Código.
Porém, durante a tramitação do Código, o lobby dos empresários, principalmente
os da construção civil, dos consórcios e dos supermercados, prevendo o sucesso e
o fortalecimento dos direitos dos consumidores, buscava impedir a votação do
texto ainda naquela legislatura.
Contudo, o Código foi votado, transformando-se na Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990, tornando o Brasil o pioneiro da codi�cação do Direito do
Consumidor em todo o mundo.
Dentre as �nalidades do Código de Defesa do Consumidor (CDC), podemos
destacar, resumidamente, que são:
• Evitar que os consumidores sofram prejuízos.
• Informar quais os direitos e deveres, compromissos e obrigações atinentes
às relações de consumo.
• Fixar a ação governamental e privada no sentido de efetivamente proteger
o consumidor.
• Estabelecer responsabilidades, determinar procedimentos e �xar sanções.
Disponível em: <http://bit.ly/2Q3Ps3U>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Sempre tendo por objetivo o atendimento às necessidades dos consumidores,
reconhecendo sua vulnerabilidade no mercado de consumo, o CDC é uma norma
de ordem pública e de interesse social, que não pode ser contrariada nem por
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR-
Unidade 2 - Tópico 2
 
acordo entre as partes, isto é, entre o fornecedor de produtos, serviços e o
consumidor.
É também uma lei de caráter inter e multidisciplinar, uma vez que se relaciona com
outros ramos do direito, ao mesmo tempo em que atualiza e dá nova roupagem a
antigos institutos jurídicos.
Tem o caráter de um verdadeiro microssistema jurídico, uma vez que cuida de
questões inseridas no Direito Constitucional, Civil, Penal, Processual Civil, Penal e
Administrativo, mas sempre tendo como fundamento a vulnerabilidade do
consumidor frente ao fornecedor e sua condição de destinatário �nal de produtos
e serviços, ou desde que não visem o uso pro�ssional.
Caro(a) acadêmico(a)! Como vimos, o Código de Defesa do Consumidor é um
marco no rompimento de tradições no Direito brasileiro a partir do
momento em que, desprezando a antiga tradição individualista, adotou uma
visão mais socializante nas relações contratuais, trazendo várias inovações.
Dentre elas, destacamos:
• Quebrou o princípio do pacta sunt servanda (autonomia da vontade das
partes), no que diz respeito à onerosidade do contrato.
• Quebrou o princípio da relatividade dos contratos, facultando ao
consumidor reclamar diretamente contra o causador ou responsável pelo
evento danoso, mesmo que não fez parte da relação inicial do consumo.
• Quebrou o princípio da culpa no campo da responsabilidade civil objetiva.
• Quebrou o princípio da separação patrimonial entre pessoa física e jurídica,
acolhendo a doutrina da desconsideração da personalidade jurídica para
reparar os danos de consumo.
• Quebrou a teoria do risco ao inverter o ônus da prova.
Desde que o Código de Defesa do Consumidor entrou em vigor, sofreu alterações
por cinco leis e várias medidas provisórias. Vejamos:
a) Lei nº 8.656, de 21/05/1993 – alterou o texto do artigo 57 e determinou que o
Poder Executivo:
2.2 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO CÓDIGO E DEFESA DO CONSUMIDOR-
Unidade 2 - Tópico 2
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• regulamentasse o procedimento das sanções administrativas em 45 dias;
• atualizasse periodicamente a pena de multa, respeitando os parâmetros vigentes
à época da promulgação do código consumerista.
b) Lei nº 8.703, de 06/09/1993 – alterou o parágrafo único do artigo 57,
determinando que: a multa será em montante não inferior a duzentas e não
superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência
(UFIR) ou índice equivalente que venha a substituí-lo. (BRASIL, 2013).
c) Lei nº 8.884, de 13/06/1994 – alterou o artigo 39, tornando exempli�cativa a
relação das práticas comerciais consideradas abusivas e inseriu, nessa categoria,
as condutas de: recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de intermediação regulados por leis especiais (Inciso IX)
e elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Inciso X). (BRASIL,
2013).
d) Lei nº 9.008, de 21/03/1995 – decorrente da conversão da Medida Provisória nº
683, de 31/10/1994, reeditada sucessivamente até a de nº 854, de 26/01/1995,
incluiu como prática abusiva no art. 39 a conduta de: deixar de estipular prazo
para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a �xação de seu termo inicial
a seu exclusivo critério. (Inc. XII). (BRASIL, 2013).
e) Lei nº 9.298, de 1º/08/1996 – alterou o § 1º do art. 52 do CDC, que passou a ter a
seguinte redação: as multas e mora decorrentes do inadimplemento de
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a 2% (dois por cento) do
valor da prestação. (BRASIL, 2013).
f) Lei nº 9.870, de 23/11/1999 – alterou o art. 39 do CDC e inseriu, também, como
prática abusiva, a aplicação de índice ou fórmula de reajuste diverso do legal ou
contratualmente estabelecido (Inc. XI).
g) Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004 - dispõe sobre a oferta e as formas de
a�xação de preços de produtos e serviços para o consumidor.
h) Lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008 - altera o § 3º do art. 54 da Lei nº
8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor – CDC, para
de�nir tamanho mínimo da fonte em contratos de adesão.
i) Lei nº 11.800, de 29 de outubro de 2008 - acrescenta parágrafo único ao art. 33
da Lei n◦ 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor,
para impedir que os fornecedores veiculem publicidade ao consumidor que
aguarda, na linha telefônica, o atendimento de suas solicitações. (BRASIL. 2013).
Unidade 2 - Tópico 2
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As alterações legislativas sofridas pelo Código de Defesa do Consumidor
bene�ciaram o consumidor, ampliando suas garantias.
O Código de Defesa do Consumidor, antes de tratar da Política Nacional de
Proteção e Defesa do Consumidor, no seu artigo 4º, cuidou da Política de Relações
de Consumo, dispondo sobre os objetivos e princípios que devem nortear o setor.
Dentre os objetivos, o CDC dispôs o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo.
FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/2TQOJ71>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Contudo, para atingir estes objetivos devem ser atendidos os seguintes princípios:
I- reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II- ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,
segurança, durabilidade e desempenho.
III- harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos
quais se funda a ordem econômica (artigo 170, da Constituição Federal), sempre
com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV- educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V- incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios e�cientes de controle de
qualidadee segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos
alternativos de solução de con�itos de consumo;
VI- coibição e repressão e�cientes de todos os abusos praticados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos,
criações industriais das marcas, nomes comerciais e signos distintivos, que possam
causar prejuízos aos consumidores;
3 DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO-
Unidade 2 - Tópico 2
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VII- racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VII- estudo constante das modi�cações do mercado de consumo.
FONTE: Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Acesso em: 6
mar. 2013.
Estes princípios, como dito no “caput” do mesmo artigo 4º, visariam proporcionar:
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo. (BRASIL, 2013)
Faremos, a seguir, uma análise dos princípios mais importantes
Pressupõe que o consumidor é hipossu�ciente, ou seja, carente de proteção.
Conforme entendimento da lei, o consumidor, individualmente, não está em
condições de fazer valer as suas exigências em relação aos produtos e serviços que
adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se
relacionar com as empresas com quem contrata. É tamanha a desproporção entre
os meios que dispõem as empresas e o consumidor normal, que este tem imensas
di�culdades de fazer respeitar os seus direitos.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2wERUH8>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Até mesmo quando se fala no direito de “escolha” do consumidor, ela já nasce
reduzida. O consumidor só pode optar por aquilo que existe e foi oferecido no
mercado. E essa oferta foi decidida unilateralmente pelo fornecedor, visando seus
interesses empresariais, que são, evidentemente, o de obtenção de lucro.
FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/38yu5hn>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Assim, torna-se fundamental uma atuação direta do Estado a �m de proteger os
consumidores e estabelecer o equilíbrio.
Este princípio está expresso no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição Federal:
O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
Desse modo, a Constituição Brasileira dispõe que haja atuação do Estado na
defesa do consumidor, competindo, conforme reza o artigo 24 da Constituição
Federal, à União, aos Estados e ao Distrito Federal, legislar concorrentemente
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR-
3.2 DEVER DO ESTADO-
Unidade 2 - Tópico 2
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sobre o inciso VIII - responsabilidade por dano [...], ao consumidor [...] (BRASIL,
2013).
A Constituição da República de 1988 diz ainda no Artigo 150, § 5º:
A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca
dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. (BRASIL, 2013).
Já no artigo 175, § único, inciso II, a mesma Constituição Federal estabelece
que nas concessões e permissões do serviço público, a lei deverá dispor
acerca “dos direitos dos usuários”, que são os consumidores da prestação de
serviços. (BRASIL, 2013).
Enfatiza-se que a defesa do consumidor perante a atividade econômica vem sendo
efetivada através de lei federal (Código do Consumidor), leis estaduais, normas
correlatas, BACEN (consórcios, �nanceiras, bancos), IRB, INMETRO, Conselhos
Pro�ssionais, que �scalizam e disciplinam o relacionamento do consumidor
perante a atividade econômica em geral.
Do ponto de vista extrajudicial, existem entidades governamentais e não
governamentais atuando diretamente na defesa do consumidor, como:
• Ministério da Justiça (Secretaria dos Direitos Econômicos).
Disponível em: <http://bit.ly/2IAEY82>.
• Secretaria Nacional do Consumidor - Senacon
Disponível em: <http://bit.ly/2VXEkcv>.
• Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC)
Disponível em: <http://bit.ly/2VXEkcv>.
SISTECON/PROCONS ESTADUAIS:
• DECON - Polícia Civil (tem origem na Delegacia de Ordem Econômica, na Lei
Delegada nº 4 - tem 30 anos).
• Ministério Público.
• Associações Comunitárias.
• IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Unidade 2 - Tópico 2
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http://bit.ly/2VXEkcv
http://bit.ly/2VXEkcv
Disponível em: <http://bit.ly/38ygCq1>.
• Associações de Vítimas de Fornecedor Determinado. Estas agem quando
solicitadas ou por iniciativa própria.
• Poder Judiciário - que age se provocado, como um meio judicial de defesa
do consumidor.
Para permitir a harmonização dos interesses das partes envolvidas nas relações de
consumo, há necessidade de nivelá-los, tratando com igualdade os diferentes,
alcançando assim o equilíbrio.
Para que isso aconteça é preciso que haja consciência da existência de uma
terceira força no mercado, além da indústria e do trabalho: o consumidor. Quando
este passar a interferir no mercado, com repercussões sobre a produção, seja sob
o ponto de vista da qualidade, da quantidade ou da necessidade, o mercado se
tornará mais e�ciente, sem desperdício econômico. Dessa forma, a diminuição das
desigualdades é condição essencial para a harmonização e equiparação entre
consumidor e produtor.
Na Resolução nº 39/248/85, de 16/04/1985, a ONU estabeleceu, entre os princípios
para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas �rmes de
proteção ao consumidor, o direito à informação.
Adotado expressamente pelo Código de Defesa do Consumidor, este princípio não
implica apenas informações sobre o produto ou serviço, mas também quanto aos
direitos e deveres enquanto consumidor. O consumidor deve saber como
ressarcir-se, pois isto é importante para garantir justiça individual.
O consumidor, portanto, deve ser informado e educado sobre seu próprio poder
frente aos produtores e prestadores de serviços, para equiparar-se a estes em seu
relacionamento.
É o princípio que manda incentivar o desenvolvimento de meios e�cientes de
controle de qualidade e segurança de produtos e serviços. O produtor deve
garantir que as mercadorias, além de uma performance adequada aos �ns a que
se destinam, tenham duração e con�abilidade.
3.3 HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES-
3.4 INFORMAÇÃO-
3.5 QUALIDADE-
Unidade 2 - Tópico 2
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http://bit.ly/38ygCq1
A própria ONU tem elaborado diretrizes que preveem os direitos do consumidor
no que toca à qualidade e segurança dos produtos. Um desempenho adequado
destes é uma exigência inerente à sua existência, aliada à necessidade de
durabilidade e con�abilidade dos produtos colocados à disposição do consumidor.
A qualidade não deve se restringir apenas ao produto e serviço prestado, mas
também no atendimento ao consumidor pela colocação de mecanismos
alternativos (viáveis e rápidos) na solução de con�itos que porventura surjam na
relação de consumo.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/332JxBr>. Acesso em: 6 mar. 2013.
É o princípio que reprime abusos no mercado de consumo. O Código de Defesa do
Consumidor criou o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC ), integrado
pelos órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades de
defesa do consumidor.
FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/2Q2hDjx>. Acesso em: 6 mar. 2013.
O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC ) congrega Procons,
Ministério Público, Defensoria Pública e entidades civis de defesa do consumidor,
que atuam de forma articulada e integrada com a Secretaria Nacional do
Consumidor (Senacon).
O SNDC se reúne trimestralmente para analisar conjuntamente os desa�os
enfrentados pelos consumidores e para a formulação de estratégias de ação, tais
como: �scalizações conjuntas, harmonização de entendimentos e elaboração de
políticas públicas de proteção e defesa do consumidor.
Os órgãos do SNDC têm competência concorrente e atuam de forma
complementar para receber denúncias, apurar irregularidades e promover a
proteção e defesa dos consumidores.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2vGz7ex>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Os Procons são órgãos estaduais e municipaisde proteção e defesa do
consumidor, criados especi�camente para este �m, com competências, no âmbito
de sua jurisdição, para exercer as atribuições estabelecidas pela Lei n° 8.078, de 11
de setembro de 1990, e pelo Decreto nº 2.181/97.
Os Procons são, portanto, os órgãos que atuam no âmbito local, atendendo
diretamente os consumidores e monitorando o mercado de consumo local. Têm
papel fundamental na execução da Política Nacional de Defesa do Consumidor.
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS-
Unidade 2 - Tópico 2
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O Ministério Público e a Defensoria Pública, no âmbito de suas atribuições,
também atuam na proteção e na defesa dos consumidores e na construção da
Política Nacional das Relações de Consumo. O Ministério Público, de acordo com
sua competência constitucional, além de �scalizar a aplicação da lei, instaura
inquéritos e propõe ações coletivas. A Defensoria, além de propor ações, defende
os interesses dos desassistidos, promove acordos e conciliações.
A Secretaria Nacional do Consumidor, por sua vez, tem por atribuição legal a
coordenação do SNDC e está voltada à análise de questões que tenham
repercussão nacional e interesse geral, além do planejamento, elaboração,
coordenação e execução da Política Nacional de Defesa do Consumidor.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2vGz7ex>. Acesso em: 6 mar. 2013.
O Código de Defesa do Consumidor também instituiu a Convenção Coletiva de
Consumo, para regular, por escrito, as relações de consumo.
Em seu artigo 107, o CDC prevê que: as entidades civis de consumidores, as
associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem
regular, por convenção escrita, relações de consumo [...]. (BRASIL, 2013).
Estes dois: SNDC e Convenção Coletiva de Consumo, além dos demais existentes
e já descritos, colaboram e implementam a coibição e repressão necessárias
contra os abusos praticados no mercado: pelo uso do poder econômico; pela
introdução de produtos que iludam sobre a qualidade do consumidor na sua boa-
fé; utilização indevida de marcas e patentes; pela utilização de publicidade
enganosa ou constrangedora para determinados grupos etários, sociais ou
econômicos e de cláusulas contratuais abusivas.
Este princípio prevê a racionalização e melhoria dos serviços públicos. Em termos
de serviço público, a isonomia dos usuários é a mais absoluta possível. Qualquer
pessoa do povo pode exigir a prestação correta do serviço público, porque é uma
obrigação da administração pública e um direito de qualquer pessoa.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/332JxBr>. Acesso em: 6 mar. 2013.
É um dever da administração pública: a prestação de serviços corretos,
con�gurando-se esta obrigação do Estado de bem-servir, sem favor para qualquer
pessoa, como um direito público subjetivo do povo. Deve haver uma igualdade no
atendimento à população com um atendimento satisfatório, inclusive dos
permissionários e concessionários.
FONTE: Disponível em: <http://bit.ly/2vcVmsg>. Acesso em: 6 mar. 2013.
3.7 SERVIÇO PÚBLICO-
Unidade 2 - Tópico 2
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Estes, no atendimento à população, devem tomar todas as medidas que se �zerem
necessárias para agilizar a prestação dos serviços dos quais se incumbirem.
Este princípio propõe o estudo constante das modi�cações do mercado de
consumo. Deve haver uma política que privilegie as necessidades de demanda e
não as conveniências da oferta. Produtores e consumidores devem adotar um
conjunto de decisões sobre o que produzir. A demanda deve ser privilegiada ao se
analisar a produção e não se avaliar a necessidade de produção pelas
conveniências da oferta.
Este é um dos pontos importantes para uma justa relação de consumo. Ou seja,
satisfazer os interesses mais modestos de faixas menos privilegiadas
economicamente da população e, com isso, trazendo-as ao mercado de consumo
numa relação equânime.
Estaremos, assim, tornando mais correta a aplicação de seu dinheiro em produtos
de qualidade que estejam realmente necessitando adquirir, e não induzindo-as a
consumirem produtos desnecessários, através de técnicas de marketing sedutoras
e agressivas.
LEITURA COMPLEMENTAR
“NOTÍCIA - SINDEC: EM 292 CIDADES, DOIS MILHÕES DE CONSUMIDORES
ATENDIDOS”
Ministério da Justiça divulga balanço dos atendimentos dos Procons em 2012
O número de atendimentos registrados pelos Procons integrados ao Sistema
Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) foi de 2,03 milhões de
consumidores em 2012. Essa quantidade representa um aumento de 19,7% em
relação aos 1,6 milhão do ano de  2011.
Entre os assuntos mais demandados pelos consumidores ao longo de 2012
destacam-se: telefonia celular (9,17%); banco comercial (9,02%); cartão de crédito
(8,23%); telefonia �xa (6,68%) e �nanceira (5,17%). A publicação mostra que a
empresa Oi lidera o ranking com 120.374 demandas. Em seguida, estão a Claro-
Embratel (102.682), o Grupo Itaú (97.578), Bradesco (61.257) e Vivo-Telefônica
(44.022).
O setor mais demandado pelos consumidores que procuram os Procons é o
�nanceiro (banco comercial, cartão de crédito, �nanceira e cartão de loja), com
23,85%. Além disso, foi possível constatar um aumento de demandas  no setor de
3.8 MERCADO-
Unidade 2 - Tópico 2
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RESUMO DO TÓPICO
telecomunicações (telefonia celular, telefonia �xa, TV por assinatura e internet),
que saltou de 17,46%, em 2011, para 21,7% dos registros em 2012.
As informações fazem parte do Boletim Sindec 2012, divulgado nesta quarta-feira
(16/10) pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça
(Senacon/MJ).
Os principais problemas enfrentados pelos consumidores em 2012 foram: 37,42%
relativos a cobranças (falta de informação sobre valores, cobranças duplicadas
etc.); 17,31% relativos à oferta de produtos e serviços; 13,21% problemas com
contrato (alterações unilaterais, descumprimento de ofertas e publicidades
enganosas), 17,57% referentes à qualidade de produtos (vício ou má qualidade de
produto/serviço, defeitos e garantia de produtos).
Ao analisar o per�l do consumidor, a publicação mostra que as mulheres
representam 52,97% das pessoas que procuraram os Procons em 2012. A maioria
dos consumidores tem entre 21 e 50 anos.
O Boletim Sindec 2012, que reúne os atendimentos realizados pelos Procons
integrados ao SINDEC em 292 cidades brasileiras, visa incentivar a melhoria do
atendimento prestado ao consumidor e o aprimoramento da qualidade de
produtos e serviços comercializados no Brasil.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2013.
Neste tópico expomos a evolução histórica do direito do consumidor no
Brasil.
• Aprendemos que, com o advento da Constituição Federal de 1988, o Brasil,
efetivamente, colocou a defesa do consumidor como dever do Estado brasileiro.
• Foi com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990)
que se estabeleceu a Política Nacional das Relações de Consumo, dispondo quanto
ao atendimento das necessidades dos consumidores. O respeito à sua dignidade,
saúde, segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo.
Unidade 2 - Tópico 2
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http://portal.mj.gov.br/
AUTOATIVIDADES
A) Os serviços públicos são excluídos, já que há objeto de leis próprias.
B) Haverá, sempre, a inversão do ônus probatório em benefício do
consumidor, em face de sua presumida hipossu�ciência, que é absoluta.
C) As cláusulas de eleição de foro são tidas por inexistentes em
qualquer hipótese, não gerando efeitos jurídicos.
D) É garantido o direito de modi�cação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
Responder
A) A instituição de promotorias de justiça de defesa do consumidor, no
âmbito do MP.
B) A assistência jurídica integral e gratuita a todos os consumidores.
C) A criação do balcão de atendimento ao consumidor, no âmbito
municipal.
D) A instituição de associações de defesa do consumidor.
Responder
UNIDADE2 - TÓPICO 2
1 No sistema protetivo do consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
2 Entre os instrumentos com os quais o poder público conta para a execução da
Política Nacional das Relações de Consumo inclui-se:
Unidade 2 - Tópico 2
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A) Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo.
B) Ação governamental no sentido de proteger o fornecedor através da
presença do Estado no mercado de consumo.
C) Incentivo à criação de mecanismos de arbitragem entre
consumidores e fornecedores.
D) Estabelecimento de regras que excluem a atividade estatal dos
casos de concorrência desleal.
Responder
A) Ação dos particulares.
B) Ação governamental.
C) Intervenção federal.
D) Atuação legislativa.
Responder
3 O Código de Defesa do Consumidor estabelece os objetivos e princípios da
Política Nacional de Relações de Consumo. Nesse contexto, pode-se a�rmar que
existe:
4 O desenvolvimento pelos Estados da Federação de órgãos de defesa do
consumidor, como os PROCONs, traduz, no âmbito da Política Nacional de
Relações de Consumo, a:
5 Considerando o texto “NOTÍCIA - SINDEC: Em 292 cidades, dois milhões de
consumidores atendidos”, faça uma análise e descreva quais foram os principais
problemas encontrados pelos consumidores brasileiros.
Unidade 2 - Tópico 2
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Responder
Tópico 1  Tópico 3
Conteúdo escrito por:
Todos os direitos reservados © Prof. Renildo Dorow
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DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
TÓPICO 3
O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado em linguagem simples e direta,
direcionado para que todos os brasileiros, independentemente de sua condição
cultural, pudessem ter acesso ao seu conteúdo.
Além do mais, traz em seu texto vários conceitos importantes e necessários para
con�gurar a existência de uma relação consumerista, justamente para se evitar
debates jurídicos intermináveis, que poderiam amenizar as responsabilidades dos
fornecedores de produtos e serviços e/ou excluir determinadas relações
comerciais da seara consumerista.
O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor conceitua o consumidor da
seguinte maneira:
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços
como destinatário �nal.
Parágrafo único. Equipara-se o consumidor à coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. (BRASIL, 2013).
É preciso destacar, inicialmente, que o conceito de consumidor há que ser de�nido
mediante uma análise estruturada entre os artigos 2º e § único, 17 e 29 do Código
1 INTRODUÇÃO-
2 CONCEITO DE CONSUMIDOR-
Unidade 2 - Tópico 3 
de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), de forma a interpretar
adequadamente a vontade protetiva que advém da norma legal.
Isto porque o mencionado artigo 2º traz uma redação que deixa a desejar quanto à
especi�cação e �xação de regras claras a respeito de conceituação da �gura do
consumidor.
Tomemos como exemplo a simples referência da expressão “destinatário �nal”, a
qual não é su�ciente para identi�carmos todos os tipos de consumidores em todas
as relações de compra de produtos e de prestação de serviços.
Um exemplo é o fato de que, quando uma empresa compra uma máquina
utilizada em sua linha de produção para industrialização de outros bens de
consumo ou produtos, esta máquina é um produto, sim, mas não é típico de
consumo, não é comprado em qualquer lugar na rua. Portanto, é um bem, um
produto típico de produção e não de consumo.
Dessa forma, a empresa que compra a referida máquina, apesar de ser
destinatária �nal deste produto (máquina industrial para fabricar outros produtos,
então, bens de consumo), não é consumidora pelos parâmetros legais e
interpretativos jurídicos do Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
Portanto, a ideia de ser o comprador de um bem, ser destinatário �nal, é o início
de uma análise mais cautelosa, é uma referência para buscarmos entender se
estamos diante de uma relação de consumo. Todavia, não de�ne a questão.
O que serve de maior ênfase é entendermos, ao mesmo tempo, se o comprador é
destinatário �nal, mas também compreendermos a natureza do tipo de bem
adquirido. Se este tem uma natureza típica de ser consumida, como uma roupa,
um alimento, uma bicicleta, um sapato, bens típicos de consumo. Ou se o bem
adquirido será meio de elaboração e de produção de outros bens, então, de
consumo.
O Código de Defesa do Consumidor não de�ne o conceito dos chamados bens de
produção, tampouco os chamados bens típicos de consumo, �cando a cargo dos
pro�ssionais do Direito, como juízes, promotores e advogados, a busca sincera da
compreensão e identi�cação destes conceitos, a �m de entendermos se a relação
é de direito civil comum ou de consumo, para então sabermos quais são as leis e
conceitos que serão aplicados em um julgamento. Ou seja, se são leis de Direito
Civil Comum pelos Códigos Civis ou o Código de Defesa do Consumidor, que são
bem diferentes.
Por outro lado, para a exata quali�cação �gurada do consumidor, é necessário que
se amplie a conceituação dada pelo legislador no caput do artigo 2º. Pois o
parágrafo único do mesmo artigo criou a �gura do consumidor por equiparação,
ao prever expressamente que a coletividade de pessoas, ainda que
Unidade 2 - Tópico 3 
indetermináveis, desde que tenham intervindo nas relações de consumo, deve ser
equiparada a consumidores.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliaado-de-
consumidor>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Nesse passo, o artigo 17 da lei em análise também equipara à condição de
consumidor todas as pessoas que possam ter sido vitimadas pelos acidentes
decorrentes do fato de produto ou serviço. Ainda neste sentido, o Código, quando
regula as chamadas práticas comerciais, inicia o capítulo pelo artigo 29 que, mais
uma vez, utiliza-se da locução “equipara-se” para aí estender a proteção
consumerista a todas as pessoas determináveis ou não que tenham sido expostas
às práticas que o referido capítulo regula.
FONTE: Adaptado de: <www.boletimjuridico.com.br › doutrina › Direito do
Consumidor>. Acesso em: 7 mar. 2013
Tendo sido feitas estas considerações iniciais, abordaremos de maneira distinta as
três situações em que o Código trata dos consumidores por equiparação: art. 2º
(consumidor stricto sensu); art. 2º, § único (coletividade de pessoas); art. 17
(vítimas do acidente de consumo) e art. 29 (das pessoas expostas às práticas
abusivas). (BRASIL, 2013).
A equiparação determinada pelo parágrafo único do art. 2º do CDC visa proteger
toda a coletividade de pessoas sujeitas às práticas decorrentes da relação de
consumo.
Desta forma, conseguiu-se viabilizar uma rede protetora dos interesses difusos e
coletivos da massa consumidora, dotando os órgãos que detenham legitimidade
para atuar em sua defesa, de mecanismo de prevenção para obtenção de uma
justa reparação para a eventualidade de existência de dano.
José Geraldo Brito Filomeno (1999, p. 38-39), coparticipante da elaboração do
anteprojeto que resultou no Código de Defesa do Consumidor, ao comentar
referido parágrafo, expressamente diz:
O que se tem em mira no parágrafo único do art. 2º é a universalidade, conjunto de
consumidores de produtos e serviços, ou mesmo grupo, classe ou categoria deles, e
desde que relacionados a um determinado produto ou serviço. Perspectiva essa
extremamente relevante e realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o
consumo de produtos ou serviços perigosos ou então nocivos, bene�ciando-se, assim,
abstratamente, as referidas universalidades e categorias de potenciais consumidores.
2.1 DA COLETIVIDADE DE PESSOAS-
Unidade 2 - Tópico 3 
Vejamos o que dispõe o artigo 17 do Código de Defesa do Consumidor:
Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento. (BRASIL, 2013).
Sobre o mencionado dispositivo legal, ensina Roberto Senise Lisboa (2001, p. 163)
que:
Além do próprio consumidor, o terceiro prejudicado recebeu a atenção do legislador,
ante o dano sofrido,decorrente da relação de consumo da qual não participou.
Concluiu o raciocínio a�rmando que estendeu-se a proteção concedida pela lei ao
destinatário �nal dos produtos ou serviços, em favor de qualquer sujeito de direito,
inclusive daquele que ordinariamente não seria consumidor na relação de consumo a
partir da qual ocorreu o prejuízo.
Paulo de Tarso Vieira Sanseverino (2002, p. 41), ao discorrer sobre o assunto,
assim ensina:
Toda e qualquer vítima de acidente de consumo equipara-se ao consumidor para efeito
da proteção conferida pelo CDC. Passam a ser abrangidos os chamados bystander, que
são terceiros que, embora não estejam diretamente envolvidos na relação de consumo,
são atingidos pelo aparecimento de um defeito no produto ou no serviço.
Cabe aqui destacar que a regra contida no art. 17 do CDC engloba a proteção ao
terceiro que não faz parte da relação direta de consumo. Assim, conclui-se que, se
do acidente de consumo restou prejuízo para qualquer pessoa, mesmo aquelas
que não estariam enquadradas no conceito de consumidor, o dever de indenizar
estará presente.
Neste aspecto, Jaime Marins (1993, p. 70-71):
nos fornece um exemplo bem ilustrativo do que seja o chamado bystander, ao relatar o
caso de um comerciante de defensivos agrícolas que se vê seriamente intoxicado pelo
simples ato de estocagem em decorrência de defeito no acondicionamento do produto
- defeito de produção.
Neste caso, embora o comerciante não seja consumidor stricto sensu, poderá se
socorrer da proteção consumerista.
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO-
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS-
Unidade 2 - Tópico 3 
Para delinearmos o estudo deste tópico, primeiramente vejamos o que dispõe o
artigo 29 do Capítulo V – Das práticas comerciais, Seção I – Das Disposições Gerais
do Código Consumerista: Para os �ns deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se
aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas
nele previstas. (BRASIL, 2013).
Incluem-se nesse ponto o conjunto de pessoas, consumidoras ou não,
determináveis ou não, que possam, de qualquer forma, estarem expostas às
práticas comerciais que vão desde a oferta de produtos (art. 30 a 35), à publicidade
enganosa ou abusiva (art. 36 a 38), às práticas abusivas (art. 39 a 41), à forma de
cobrança de dívidas (art. 42), à inclusão de seus nomes em bancos de dados (art.
43 e 44), assim como das cláusulas abusivas (art. 51).
Vê-se, desde logo, que a abrangência do art. 29 do CDC é bem maior que os já
tratados (art. 2º, § único e 17), porquanto, basta que a relação seja de consumo
para que a proteção consumerista seja estendida a qualquer pessoa,
independentemente da conceituação legal de consumidor.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliado-de-
consumidor>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Nesse sentido, enfatiza Roberto Senise Lisboa (2001, p.169) que:
O legislador conferiu a defesa dos direitos de todos, consumidores por de�nição ou
não, e não apenas da coletividade de consumidores. Assim, a expressão todas as
pessoas abrange a vítima do evento referido no art. 17, a coletividade de consumidores
à qual alude o art. 2º, § único. E mesmo as pessoas que normalmente não seriam
consumidoras na relação de consumo, a partir da qual se principiou o dano.
Evidentemente que a equiparação de qualquer pessoa à condição de consumidor,
no sentido de que a mesma possa ser bene�ciária da legislação consumerista, há
que decorrer de uma relação de consumo. Isto é, é preciso haver num dos polos
um fornecedor, seja de serviços, seja de produtos e, de outro, um consumidor
como alvo a ser atingido pelo apelo do fornecedor. Se assim não for, não há que se
falar em consumidor por equiparação, porque nem mesmo relação de consumo
haverá.
Assim, conclui-se que consumidor não é apenas aquele que adquire ou utiliza
produtos, mas também as pessoas expostas às práticas previstas no Código. No
primeiro caso, exige- se que haja ou que esteja por haver a aquisição ou utilização
de um produto ou serviço. Já no segundo, o que se exige é a simples exposição à
prática, mesmo que não se consiga apontar concretamente um consumidor que
esteja em vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviço.
Unidade 2 - Tópico 3 
É no artigo 3º do CDC que encontramos as de�nições destas �guras, como partes
integrantes do outro lado da relação jurídica de consumo, pessoas ou entes que
produzem, montam, constroem, criam, transformam, importam ou exportam,
distribuem e comercializam produtos ou prestam serviços. Sejam pessoas físicas
ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, do governo (públicas) ou empresas
privadas, particulares.
Vejamos o teor do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, �nanceira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (BRASIL, 2013).
A de�nição legal praticamente esgotou todas as formas de atuação no mercado de
consumo. Nesse sentido, são compreendidos todos quantos propiciem a oferta de
bens e serviços no mercado de consumo, de modo a atender às suas
necessidades, pouco importando a que título, tendo relevância a distinção apenas,
como se verá, quando se cuidar da responsabilidade de cada “fornecedor” em
casos de danos aos consumidores.
Ou então para os próprios fornecedores na via regressiva e em cadeia das
mesmas responsabilidades, eis que é vital a solidariedade para a obtenção efetiva
da proteção que almejam aqueles mesmos consumidores.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../a-responsabilidade-civil-das-agencias-de-
turismo-nas-re...>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Fornecedor não é apenas quem produz ou fabrica, industrial ou artesanalmente,
em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como também quem vende.
Ou seja, comercializa produtos nos milhares de pontos de venda espalhados por
todo o território brasileiro.
FONTE: Disponível em: <www.mp.to.gov.br/cint/cesaf/arqs/020209030547.pdf>.
Acesso em: 7 mar. 2013.
3 CONCEITO DE FORNECEDOR, PRODUTOR E PRESTADOR DE
SERVIÇOS
-
Unidade 2 - Tópico 3 
O fornecedor, inclusive, pode ser o fabricante originário, o intermediário ou o
comerciante. O conceito dado pela lei engloba também as atividades de
montagem, as de criação, construção, transformação, bem como as de
importação, exportação e distribuição.
No que concerne à con�guração de fornecedor de serviços, é importante frisar que
tal prestação será remunerada e não subordinada ao vínculo trabalhista. Sendo
gratuita, como ocorre nos atos de camaradagem, como os favores, não será
classi�cado como serviço protegido pelo Código de Defesa do Consumidor.
Prestadores de serviços são também as concessionárias de serviço público,
estando incluídos os serviços de transporte, saúde, telefonia, correios, sejam
prestados por empresas ou entidades governamentais ou através de empresas
privadas ou privatizadas.
Abordaremos, neste passo, um tema que, desde a entrada em vigor do Código de
Defesa do Consumidor, foi palco de exaustivo debate no Poder Judiciário
Brasileiro, que culminou na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 2591-1
perante o Supremo Tribunal Federal.
De um lado, os bancos, representados pela Confederação Nacional das Instituições
Financeiras (Consif), que pedia a inconstitucionalidade do § 2º do art. 3º do Código
de Defesa do Consumidor (CDC) na parte em que inclui no conceito de serviço,
abrangido pelas relações de consumo, as atividades de natureza bancária,
�nanceira, de crédito e securitária. E de outro lado, os consumidores, sustentando
pela plenalegalidade da norma.
O placar do julgamento de�nitivo da ADIN �cou assim: votaram pela
improcedência do pedido formulado pela Consif os Ministros: Néri da Silveira, Eros
Grau, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Sepúlveda Pertence, Cezar Peluso,
Marco Aurélio, Celso de Mello e Ellen Gracie. Ficaram parcialmente vencidos os
Ministros Carlos Velloso, relator, e Nelson Jobim.
FONTE: Disponível em: <gerencia.policiacivil.go.gov.br/noticias/busca_id.php?
publicacao...>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Para elucidarmos a questão, devemos partir do princípio de que o Código de
Defesa do Consumidor preceitua critérios especí�cos para o funcionamento dos
contratos e serviços bancários, pois estes devem estar sujeitos às normas de
ordem pública e de interesse social previstas no referido diploma legal.
FONTE: Disponível em: <gerencia.policiacivil.go.gov.br/noticias/busca_id.php?
publicacao...>. Acesso em: 7 mar. 2013.
3.1 BANCO COMO FORNECEDOR DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS DE
CONSUMO
-
Unidade 2 - Tópico 3 
E o § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor retrata que, em se tratando
de serviços, os bancários são incluídos como sendo: qualquer atividade fornecida
no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, �nanceira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista. (BRASIL, 2013).
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 297:
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições �nanceiras.
A importância da aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de
serviços bancários é a de que estes são formulados por cláusulas pré-elaboradas
ou utilizados na forma de adesão, sem in�uência do cliente no respectivo
conteúdo. Se, por um lado, permitem a racionalização da contratação em massa
com milhares de pessoas, ganhando tempo e poupando incômodos aos clientes
que desejam ser atendidos pelas instituições �nanceiras, podem, muitas vezes,
não serem justas, equitativas e razoáveis.
Os parágrafos 1º e 2º do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor conceituam
produto e serviço, como sendo:
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, �nanceira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. (BRASIL, 2013).
O Código de Defesa do Consumidor divide os produtos e serviços em duas
categorias:
• DURÁVEIS: que são aqueles que normalmente sobrevivem a muitos usos
(eletrodomésticos, roupas, imóveis etc.).
• NÃO DURÁVEIS: que, normalmente, são consumidos em um ou em alguns poucos
usos (alimentos, produtos de higiene, corte de cabelo, consertos etc).
4 CONCEITOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS-
4.1 PRODUTO-
Unidade 2 - Tópico 3 
Quando de�niu produto, o legislador designou como sendo “qualquer bem”,
podendo este ser “móvel ou imóvel”, e ainda, “material ou imaterial”.
Na de�nição de produto “móvel ou imóvel”, o Novo Código Civil Brasileiro traz, nos
seus artigos 79 a 91, a conceituação e uma ampla classi�cação das diferentes
classes desses bens.
No sentido da lei, bens imóveis são aqueles que se aderem ao solo e tudo aquilo
que lhe for incorporado natural ou arti�cialmente. Temos como exemplo de bem
imóvel: um terreno ou até mesmo o conjunto do terreno mais uma casa posta à
venda ao consumidor por uma empresa incorporadora.
Já os bens móveis são aqueles suscetíveis de movimento próprio ou de remoção
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Temos como exemplo de bem móvel: a bicicleta e o automóvel.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../consideracoes-acerca-da-disciplina-dos-
crimes-de-furto...>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Os animais que são comercializados são chamados de bens semoventes.
O Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406/2002) traz os conceitos e a classi�cação das
diferentes classes de bens. Veja na Leitura Complementar a seguir.
SEÇÃO I
DOS BENS IMÓVEIS
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
arti�cialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I- os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II- o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I- as edi�cações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
II- os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
LEITURA COMPLEMENTAR-
Unidade 2 - Tópico 3 
Seção II
Dos Bens Móveis
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por
força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que tenham
valor econômico;
II- os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os
direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os
provenientes da demolição de algum prédio.
Seção III
Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Seção IV
Dos Bens Divisíveis
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se
destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes.
Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si
independentemente dos demais.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Unidade 2 - Tópico 3 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de
relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas de
uma pessoa, dotadas de valor econômico
FONTE: Disponível em: <www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?
numlink=1-96...>. Acesso em: 7 mar. 2013.
O produto material ou imaterial diz respeito à própria materialidade do produto.
Se for um produto que pode ser manuseado pelo ser humano, ou seja, passível de
tato, é considerado material.
A imaterialidade diz respeito a uma preocupação da lei em garantir que a relação
jurídica de consumo esteja assegurada para toda e qualquer compra e venda
realizada, �xando, assim, o legislador, os conceitos mais genéricos possíveis.
Como exemplo de produtos imateriais temos as atividades bancárias de mútuo,
aplicação em renda �xa, caução de títulos. É claro que estes produtos sempre
estão acompanhados de serviços fornecidos pelas instituições �nanceiras.
O Código de Defesa do Consumidor de�niu serviço da forma mais completa
possível. Porém, é importante salientar que a lista apresentada pelo código é
meramente exempli�cativa, uma vez que utilizou o pronome “qualquer”. Assim
sendo, serviço é qualquer atividade fornecida, ou melhor dizendo, prestada no
mercado de consumo.
Com a �nalidade de se evitar discussões conceituais futuras perante o Poder
Judiciário, o legislador consumerista tratou de enumerar todas as hipóteses
possíveis de fornecimento de serviços pelas instituições �nanceiras e de seguro.
Apesar da clareza do texto legal, osbancos tentaram judicialmente obter uma
decisão em sentido oposto.
Pela leitura do § 2º do art. 3º, tem-se o aspecto da “remuneração” lá inserido e da
exclusão do serviço de caráter trabalhista. A lei acertadamente excluiu da
abrangência de serviços aqueles relacionados ao vínculo trabalhista, uma vez que
poderia haver debates jurídicos acirrados no âmbito da Justiça do Trabalho, de
forma a caracterizar o empregado como fornecedor de serviços ao empregador.
4.2 SERVIÇO-
4.2.1 Serviço bancário, financeiro, de crédito e securitário-
4.2.2 Serviço sem remuneração-
Unidade 2 - Tópico 3 
O Código de Defesa do Consumidor de�ne também serviço como aquela atividade
fornecida mediante “remuneração”. Nesse ponto, é necessário partir-se do
pressuposto de que nada é gratuito no mercado de consumo. Mesmo o cafezinho
servido “gratuitamente” ao consumidor, seja no supermercado ou no restaurante,
o seu custo já está embutido direta ou indiretamente no preço cobrado pelos
demais produtos.
Assim, quando a lei fala em “remuneração”, não está necessariamente se referindo
a preço ou valor cobrado. A interpretação do termo “remuneração” deve ser
entendida sob o aspecto de qualquer tipo de cobrança ou repasse, direto ou
indireto. Dessa forma, o direito do consumidor também alcança aqueles
consumidores que sofrem danos pelo consumo de produtos muitas vezes cedidos
“gratuitamente” pelos fornecedores.
4.2.3 Serviço Público
Por determinação do Código de Defesa do Consumidor, foi inclusa no rol de
fornecedores a pessoa jurídica de direito público, incluindo, via de regra, todos
aqueles que em nome dela, direta ou indiretamente, prestam serviços públicos.
Contudo, conforme já salientado anteriormente, e conforme disposição do § 2º do
artigo 3º do CDC, excluem-se deste rol os serviços prestados sem remuneração.
Dessa forma, para se evitar discussões judiciais, no sentido de que os entes
estatais, assim como suas concessionárias ou permissionárias que prestam
serviços públicos, tentassem se eximir de suas responsabilidades em face à
inexistência de contraprestação remuneratória por parte do consumidor, o artigo
22 do mesmo diploma legal tratou de enquadrar tais pessoas jurídicas como
partes da relação jurídica de consumeristas.
Vejamos o que dispõe o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor: os órgãos
públicos, por si ou suas empresas concessionárias, permissionárias, ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, e�cientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. (BRASIL, 2013).
Além do mais, o artigo 22 determina que os serviços públicos prestados sejam
“adequados, e�cientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. Isto signi�ca
que a concessionária não poderá interromper o fornecimento de serviços
essenciais, tais como: o de abastecimento de água, energia elétrica, telefone,
recolhimento de lixo, mesmo havendo inadimplência do usuário, quando existir o
interesse da coletividade.
A Lei de Greve (Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989), em seu artigo 10, de�ne
quais os serviços considerados indispensáveis e inadiáveis à sociedade, ou seja,
essenciais:
Unidade 2 - Tópico 3 
RESUMO DO TÓPICO
São considerados serviços ou atividades essenciais:
I- tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia
elétrica, gás e combustíveis;
II- assistência médica e hospitalar;
III- distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV- funerários;
V- transporte coletivo;
VI- captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII- telecomunicações;
VIII- guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais
nucleares;
IX- processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X- controle de tráfego aéreo;
XI- compensação bancária. (BRASIL, 2013).
A lei ainda determina que, nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
empregadores e os trabalhadores �cam obrigados, de comum acordo, a garantir,
durante a greve, a prestação de serviços indispensáveis ao atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade. Ou seja, aquelas que, não atendidas,
coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da
população.
FONTE: Disponível em: <www.jurisway.org.br › ... › Leonardo Tadeu>. Acesso em: 7
mar. 2013.
Por �m, é importante salientar que nos casos de descumprimento, total ou parcial,
do que é determinado pelo Código de Defesa do Consumidor, mesmo nos casos
de greve, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
causados (§ único do art. 22 da Lei nº 8.078/90).
Unidade 2 - Tópico 3 
AUTOATIVIDADES
A) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário �nal.
B) As multas de mora decorrentes de inadimplemento de obrigação no
seu termo poderão ser de 10% do valor da prestação em atraso.
C) Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, ou
serviço.
D) O produto é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado.
Neste tópico expomos os conceitos básicos inerentes ao Direito do Consumidor e
aprendemos que:
• Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário �nal, equiparando-se, inclusive, à coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
• Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
• Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
• Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, �nanceira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
• Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou
sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, e�cientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
UNIDADE 2 - TÓPICO 3
1 Sobre o Direito do Consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
Unidade 2 - Tópico 3 
Responder
A) Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não
deverão acarretar riscos à saúde ou segurança do consumidor, exceto os
considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e
fruição, obrigando o fornecedor, em qualquer hipótese, dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.
B) O fornecedor poderá colocar no mercado de consumo produto ou
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou
periculosidade à saúde ou segurança, quando expressamente informar
aos consumidores.
C) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação
caduca em 90 dias, tratando-se de serviços ou produtos não duráveis.
D) A garantia legal de adequação do produto ou serviço depende de
termo expresso.
Responder
Tópico 2  Tópico 4
Conteúdo escrito por:
2 Sobre o Direito do Consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
Todos os direitos reservados © Prof. Renildo Dorow
Unidade 2 - Tópico 3 
DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
TÓPICO 4
O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor estabeleceu os direitos básicos do
consumidor, quais sejam, o direito à segurança, à escolha, à informação, de ser
ouvido, à indenização, à educação para o consumo e um meio ambiente saudável,
direitos estes que são universalmente aceitos.
Os referidos direitos foram estabelecidos de forma a possibilitar o equilíbrio nas
relações de consumo entre o consumidor e o fornecedor de produtos e serviços.
Os direitos básicos do consumidor, conforme já visto no Tópico 1 desta unidade de
estudo, são universalmente reconhecidos, através da ONU (Organização das
Nações Unidas), por meio da Resolução nº 32/248, de 10/04/1985, e também

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