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TCC BIA

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO PELA PERDA DE UMA CHANCE
CIVIL LIABILITY OF THE LAWYER FOR THE LOSS OF A CHANCE
Beatriz Ferreira de Vasconcelos
(COLOCAR O NOME DO PROFESSOR PARA FAZER AS REFERENCIAS)
RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA NATUREZA JURÍDICA
O ordenamento jurídico brasileiro não admite dano de nenhuma espécie, entretanto, na hipótese deste acontecer, nosso sistema normatiza o procedimento para a reparação do prejuízo. 
Maria Helena Diniz define a responsabilidade civil: 
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal.” (DINIZ, Maria Helena, 2014, pag. 51)
	A responsabilidade civil consiste da reparação do dano causado a outrem de cunho material ou/e moral de forma ilícita, ocasionando diminuição do bem jurídico da pessoa, sendo este obrigado a repará-lo, vejamos:
A responsabilidade civil parte do posicionamento que todo aquele que violar um dever jurídico através de um ato lícito ou ilícito, tem o dever de reparar, pois todos temos um dever jurídico originário o de não causar danos a outrem e ao violar este dever jurídico originário, passamos a ter um dever jurídico sucessivo, o de reparar o dano que foi causado. O ato jurídico é espécie de fato jurídico (Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, Ed. Atlas, 2008, p.2).
Conforme exposto anteriormente, a responsabilidade decorre de prática de ato ilícito. E ao estudarmos o instituto, Direito, percebe-se que a consequência logica-normativa de um ato ilícito, é uma sanção. Assim a natureza jurídica da responsabilidade, civil ou criminal, é sancionadora.
Parte histórica (bom fazer alguma citação doutrinária a cerca da parte históricas)
Em todos os tempos, o dano foi combatido pelo lesado. Contudo a maneira de combater foi se alterando de acordo com o pensamento dominante a época em que o dano se manifestava.
A responsabilidade civil, codificada no código civil, atualmente tem por base que aquele que causar dano a outrem deva reparar.
Portanto a matéria aqui tratada teve diversas perspectivas ao longo do tempo e evolução social. Ainda que a responsabilidade de dano sempre acompanhasse o desenvolvimento humano, importante se faz pontuar sua evolução histórica.
Sendo o Direito em todos os aspectos, não diferente na responsabilidade civil, um instituto de constante evolução à depender do espaço e tempo em que se der. 
A ideia de responsabilidade tem origem desde os tempos mais remotos, na antiguidade, o delito causado, gerava responsabilidade, todavia pela ausência de construção técnica jurídica não se cogitava indenização, inexistindo reparação civil.
O que ocorria era a vingança coletiva, que se caracterizava pela reação de grupos em face de agressores pela ofensa ocasionada a um de seus componentes. 
O dano sofrido por alguém gerava no outro uma reação instintiva imediata, quase sempre brutal e desmedida entre ação e reparação. Sem regras que disciplinassem a prática da responsabilização, prevalecia quem tivesse mais força, não só física, mas e/ou também social.
Posteriormente a vingança coletiva, evoluiu para a privada, que seria individual, onde os homens continuavam a fazer justiça com as próprias mãos, contudo, sob a regra da Lei de talião, expressa também na Lei das XII tábuas. Era a reparação do mal pelo mal, ainda um princípio primitivo, mas já com algum senso de ponderação entre dano e reparo.
“O olho por olho”, “dente por dente”, era a premissa da lei de talião, por mais brutal que pareça ser nesta não havia excesso, mas o dano era reparado na mesma media, prevalecia à reciprocidade entre dano e castigo.
Foi o Direito Romano que ofereceu os primeiros subsídios para a construção da responsabilidade civil semelhante da maneira que ocorre na atualidade jurídica. 
Superada as práticas anteriores, chegou-se a época da composição, a vingança foi gradualmente substituída pela composição. Ante a observância dos benefícios de reparar o dano mediante pecúnia e não simplesmente retribuir a lesão, porque esta não repararia, mas causaria duplo dano.
Foi a Lex Aquilia da Damno que trouxe melhor compreensão a cerca da reparação pecuniária. Esboçou também, a culpa como fundamento de responsabilidade, de tal forma, que, o lesante se isentaria de responsabilidade, caso não tivesse cometido dano mediante culpa.
Esta permaneceu no direito Romano com caráter de pena privada e também de reparação, até então não havia distinção entre responsabilidade civil de pena. 
Apenas mais tarde, com a chegada da idade Média que foi construída ideia de dolo e de culpa, diferenciando-se assim, a responsabilidade civil da pena. 
Contudo, em seguida, o dever de reparar não só baseou-se na culpa, (subjetiva), mas também, no risco (objetiva), ampliando assim, a indenização de danos sem existência de culpa. 
O nosso atual código civil, adota a regra de dualidade de responsabilidade civil. A responsabilidade civil subjetiva é regra geral, mas, coexiste com a responsabilidade civil objetiva.
A construção da responsabilidade civil se deu por meio dessa evolução, todavia, não pairou sobre esses sistemas reparatórios primitivos. Apesar de serem ideias repugnantes ao atual ordenamento jurídico, se justificam ao serem tomadas por perspectiva histórica e por fazerem parte do processo evolutivo.
Espécies De Responsabilidade Civil
Necessário se faz pontuar algumas observações acerca de responsabilidade civil, quanto suas espécies. Sendo essas, quatro, tais quais: Responsabilidade civil subjetiva, Responsabilidade civil objetiva, Responsabilidade civil extracontratual e Responsabilidade civil contratual.
A responsabilidade civil subjetiva é aquela que depende de culpa, pois decorre de dano causado por meio de ato doloso ou culposo. Conforme se extrai do artigo 186 do código civil de 2002 “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” Logo, caracteriza-se a responsabilidade civil subjetiva, quando o agente causador do dano atuar com negligência ou imprudência, conforme artigo supramencionado. 
Mas há casos que não é necessário a comprovação de culpa do agente, bastando existir elo de causalidade entre dano e conduta. É o caso da responsabilidade civil objetiva, elencada no artigo 927, parágrafo único, do atual código civil “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. 
Apesar da existência de características diversas que configuram responsabilidade civil subjetiva e responsabilidade civil objetiva, ainda existe dificuldade para diferencia-las na prática. Para ajudar na percepção se a responsabilidade civil advém de culpa ou negligência, podemos subdividir em responsabilidade civil extracontratual e contratual.
Quando a conduta do dano depreender-se de descumprimento contratual, presumir-se-á, culpa, caracterizando responsabilidade civil contratual. 
Por outro lado, se o dano decorre de violação legal, por força de ato ilícito do agente infrator, estamos diante de responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, pois veja, que, não existiu acordo preestabelecido, posteriormente descumprido, apenas uma conduta que ocasionou dano. (sujeito que bate em um automóvel).
Responsabilidade civil na constituição federal
A responsabilidade civil deve ser analisada, não só pela ótica do código civil, mas também, pela Constituição Federal, visto ser essa, a norma maior do Estado e está no centro do ordenamento jurídico.
Embora a matéria tratada pelo código civil, seja de direito privado, precisa estar em harmonia com a Lei Maior, que possui normas gerais de atuação do Estado em face da sociedade. Além de princípios básicos,
que regem também o código civil. 
Vejamos os princípios abordados pela Constituição Federal e que foram reproduzidos na construção do código civil:
O pilar dos princípios, a proteção da dignidade da pessoa humana, codificado no artigo 1º, inciso III, da Carta Magna, retrata a valorização da pessoa humana como um dos objetivos da República Federativa do Brasil. 
Assim o código civil, ao tratar de responsabilidade civil, deve estar guiado pelo princípio da dignidade da pessoa humana. Valorização do individuo em detrimento do patrimônio. 
A Constituição Cidadã, em seu artigo 3º elenca que: 
“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” 
Ao tratar tal principio, assegura adoção de medidas necessárias para combater os problemas sociais, transtornos esses que poderiam ocorrer nas relações privadas, como na Responsabilidade Civil, caso não fosse adotado tal princípio. 
Por fim, o terceiro princípio, Isonomia. O artigo 5º da Lei Maior, expõe que: 
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. 
Deste principio é possível interpretar que, a Lei deve tratar todos de maneira igual, todavia, para não haver injustiças, a equidade deve ser trazida para a compreensão do que é justo. 
Os princípios aqui elencados estão dispostos no corpo da Constituição Federal, que é o Pillar normativo da República Federativa do Brasil, portanto, adotados pelas Normas Infraconstitucionais. Assim a Responsabilidade Civil, instituto tratado no código Civil, deve basear-se suas relações em tais princípios. 
DO ADVOGADO
Do latim, advocatu. De ad, para junto e vocatus, chamado, logo, aquele que é chamado para ajudar.  A figura deste defensor é tão antiga quanto a civilização. 
Sendo assim, é possível descrever este profissional como aquele que é invocado para defender interesse de outrem, buscando a justiça e prestando um serviço social. 
Importante ressaltar, que, a análise de Responsabilidade civil, aqui tratada, versa sobre o advogado particular. Como bem dito nas palavras do relator Ministro Herman Benjamin, apesar de haver alguma semelhança entre as atividades de representação judicial e extrajudicial exercidas por defensores públicos e advogados, as diferenças são abundantes, devendo existir, portanto, tratamento distinto.
Em sentido extenso, o advogado privado é o profissional liberal que defende o Direito e deve atingir o fim social de sua função, zelar pelo bom cumprimento da lei, e busca da justiça.
Logo o múnus público esta acima do seu interesse final de receber honorários, resultado de seu trabalho, sendo assim, a paga é consequência de seu desempenho profissional e não o objetivo principal do seu exercício. 
Obrigação de execução e resultado pelo advogado
 	A atividade profissional desenvolvida pelo advogado possui obrigações de meio e não de resultado. Logo o advogado não assume obrigação de sair vitorioso na causa que postula.
Maria Helena Diniz preconiza ainda que:
 “Pela procuração judicial o advogado não se obriga necessariamente a ganhar a causa, por estar assumindo tão-somente uma obrigação de meio e não uma de resultado. Logo, sua tarefa será a de dar conselhos profissionais e de representar seu constituinte em juízo, defendendo seus interesses pela melhor forma possível. O advogado que tiver uma causa sob seu patrocínio deverá esforçar-se para que ela tenha bom termo, de modo que não poderá ser responsabilizado se vier a perder a demanda, a não ser que o insucesso seja oriundo de culpa sua”. (precisa colocar a referência)
Todavia, admite-se em determinados casos, ser considerada de resultado, como na elaboração de contratos, que lhe é incumbido à tarefa de resultado de elaboração de contrato. 
Sua obrigação de modo geral é de defender com hombridade, em juízo, o interesse do cliente que este lhe confiou. Se suas obrigações são cumpridas de maneira correta e mesmo assim ocorre à perda da causa, não lhe cabe responsabilização pelo insucesso da demanda. 
Apesar de Lei e jurisprudência serem pacificas sobre o tema, existe divergência Doutrinaria, sustenta o Professor Paulo Luiz Netto Lôbo: (precisa da referencia)
 “Quem procura um advogado não quer a excelência dos meios por ele empregados, quer o resultado, no grau mais elevado de probabilidade. Quanto mais renomado o advogado, mais provável é o resultado pretendido, no senso comum do cliente. Todavia, não se pode confundir o resultado provável, com o resultado necessariamente favorável. Assim, além da diligência normal com que se houve na prestação de seu serviço, cabe ao advogado provar que se empenhou na obtenção do resultado provável, objeto do contrato que celebrou com o cliente. O cliente que demanda o serviço do advogado para redação de algum ato jurídico (parecer, contrato, estatuto de sociedade etc) tem por finalidade evitar que algum problema futuro venha a lhe causar prejuízo. Tem-se assim obrigação de meios como de resultado, o que torna inviável a dicotomia. Quando o cliente procura o advogado para ajuizar ação, não pretende apenas o patrocínio mais diligente, mas a maior probabilidade de resultado favorável. Em qualquer dessas situações, cabe ao advogado provar que não agiu com imprudência, imperícia, negligência ou dolo, nos meios empregados e no resultado quando de seu serviço profissional resultar dano. Dessarte é irrelevante que a obrigação do profissional liberal classifique-se como de meios ou de resultado. Pretende-se que, na obrigação de meios, a responsabilidade dependeria de demonstração antecipada de culpa; na obrigação de resultado, a inversão do ônus da prova seria obrigatória. Não há qualquer fundamento para tal discriminação, além de prejudicar o consumidor que estaria com ônus adicional de demonstrar ser de resultado a obrigação do profissional. A exigência à vítima de provar que a obrigação foi de resultado, em hipóteses estreitas, constitui o que a doutrina denomina prova diabólica. A sobrevivência dessa dicotomia, por outro lado, é flagrantemente incompatível com o principio constitucional de qualquer atividade econômica, em que se insere a prestação de serviços dos profissionais liberais. Somente é possível harmonizar a natureza de responsabilidade subjetiva ou culposa do profissional liberal, que o próprio Código de Defesa do Consumidor consagrou, com o principio constitucional de defesa do consumidor, se houver aplicação de dois princípios de regência dessas situações, a saber, a presunção de culpa e a consequente inversão do ônus da prova. Ao advogado e ao profissional liberal qualquer, e não ao cliente, impõe-se o ônus de provar que não agiu com dolo ou culpa, na realização do serviço que prestou, exonerando-se da responsabilidade pelo dano”.
Inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor às relações entabuladas entre advogado e cliente
Para que seja caracterizada a relação de consumo de acordo com o Código de Defesa do Consumidor é necessária à figura do fornecedor, consumidor e do produto ou serviço prestado, nos termos dos artigos 1º ao 3º da referida norma. 
Ao consultar o Estatuto da advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil e ao Código de Ética e Disciplina da Advocacia, ambas leis específicas que dão regimentos a profissão de advogado, é possível observar que a mercantilização da advocacia, não estímulo do litígio, bem como a não captação de clientes, são proibições incompatíveis com o mercado de consumo.
A existência do múnus público é inerente ao exercício da advocacia. O advogado busca auxiliar o cliente em razão de Direito, em defesa da justiça, por óbvio a justiça
não poderia ser comercializada. Logo o mercantilismo é afastado da profissão de advogado, por serem incompatíveis em suas essências. 
O Código de Defesa do Consumidor, quanto às leis específicas que regulam a profissão de advocacia, se bastam para descaracterizarem a relação de consumo entre advogado e cliente. 
Existe ainda o disposto no ordenamento pátrio, que, existindo lei genérica e lei especial que regulem o mesmo objeto, aplicar-se-á a lei especial, por corresponder de forma mais adequada ao caso concreto. 
Deste modo, o exercício da advocacia é regulamentado pela Lei especial 8.906/94, editada em data posterior ao Código de Defesa do Consumidor, lei geral. Devendo o Estatuto da advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil e ao Código de Ética e Disciplina da Advocacia serem norteadores de todo procedimento ético-profissional na advocacia. 
Logo, não existe relação de consumo no serviço prestado por advogado ao cliente, seja por incidência de norma específica lei 8.906/94, seja por não ser atividade fornecida com características do mercado de consumo. 
Este é o entendimento também da jurisprudência, o Supremo Tribunal de Justiça, por meio de Agint no agravo em Recurso Especial nº 895.800/SP, se pronunciou afirmando que “o Código de Defesa do Consumidor – CDC não é aplicável às relações entre advogado e cliente, devendo estas serem regidas pelo Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei n. 8.906/94.”
Em 2003, o STJ já havia se pronunciado sobre o tema, por meio de Recurso Especial nº 532.377/RJ, afirmou que o §2º, do artigo 3 do CDC, não se aplica as relações entre cliente e advogado, pois não existe relação de consumo nos serviços prestados por advogado.
Durante os anos de 2003 a 2016 o Supremo Tribunal de Justiça, se manifestou diversas vezes sobre o tema. Em todas elas, foi pela não aplicabilidade do CDC às relações contratuais entre advogados e clientes. 
Responsabilidade Civil dos Profissionais de Advocacia
Para compreender como a responsabilidade civil dos profissionais da advocacia se dá, é necessário entender a natureza jurídica desta atividade.
Retomando o já dito anteriormente, a prestação de serviço advocatício é, em regra, uma obrigação de meio, uma vez que o resultado da atividade, esperada por seu cliente, não depende unicamente do desempenho profissional do advogado.
Assim, é a responsabilidade civil subjetiva que decorre do mandato judicial.
Embora o advogado exerça uma atividade com acentuado risco de dano, a responsabilidade civil que insurge é a responsabilidade civil subjetiva. Manteve-se o princípio de que a responsabilidade pessoal será apurada mediante verificação de culpa (art.14, § 4º CDC. e art. 32 Lei 8.906/94) 
A advocacia, profissão liberal, é ferramenta pelo qual se busca a manutenção do Estado Democrático de Direito. Dada à importância de tal oficio, a possibilidade de Danos é real, observado diversos fatores. 
O mandato, espécie de contrato previsto no Código Civil, é utilizado para firmar a prestação de serviço entre advogado e cliente. A obrigação do advogado, advinda de contrato, de modo geral, é de defender o interesse da parte, com zelo e dar-lhe conselhos profissionais. 
Assim como o médio, o advogado possui obrigações de meio e não de resultado. Se as obrigações de meio são executadas com hombridade não pode ser imputado ao advogado o insucesso da causa. 
Importante se faz esclarecer que, o advogado não será responsabilizado pelos conselhos que deu, convicto e honestamente, ao seu cliente, independente de sucesso no resultado da demanda. 
Dizia Demongue baseando-se na jurisprudência francesa “O advogado não é responsável se os meios invocados podem ser honestamente sustentados.”
Todavia, o advogado responde por erros graves de fato cometidos durante o mandato. Aguiar Dias exemplifica quais erros estão revestidos de gravidade: desatenção a jurisprudência corrente, desconhecimento de texto expresso de lei, interpretação claramente extravagante, dentre outros.
Além do mais, antes de propor uma ação, necessário se faz que o advogado faça um estudo prévio das possibilidades de sucesso bem como da medida adequada a ser usada. A ausência dessas medidas, por despreparo profissional, gera responsabilidade pelos prejuízos causados aos clientes. Interessante pensamento,preconizou Ernesto Lippmann: 
“a responsabilidade civil do advogado significa que este deverá, se considerado culpado, arcar com os prejuízos que, comprovadamente, a parte autora perdedora sofrer em função da má atuação profissional. E há outras perdas, pois ser vencido numa demanda, sem dúvida, se traduz naquele estado depressivo, o que leva a uma compensação em dinheiro pelo dano moral”.
TERORIA DA PERDA DE UMA CHANCE
Definição de perda de uma chance 
A teoria da perda de uma chance, atualmente adotada em responsabilidade civil, dispõe que, aquele que intencionalmente ou não, retira de outrem a oportunidade de eventual benefício, responde por tal ato. Este instituto não está descrito no código civil, mas por analogia aos artigos 402 e 403 do código Civil, esta se massificando pela jurisprudência dos tribunais brasileiros.
Origem da teoria da perda de uma chance(divergência no exemplo de marco inicial)
 	Em relação a outros institutos, pode-se afirmar que a Teoria da Perda de uma Chance ainda está em desenvolvimento nos Tribunais brasileiros, embora seja vastamente aplicada nos tribunais de alguns países europeus e norte-americano.
O caso que pode ser citado como exemplo do marco inicial de aplicação desse instituto, aconteceu em 1889, na corte de cassação francesa que concedeu, ao postulante, uma indenização a fim de compensar os prejuízos causados por um oficial ministral que exauriu todas as possibilidades da demanda obter sucesso. 
A perda de uma chance no direito brasileiro
O instituto da teoria da perda de uma chance, não está efetivamente tratado no código civil, logo é usado através de analogia dos artigos 402 e 403 do mesmo código, pela jurisprudência. 
O código civil brasileiro em seus artigos 402 e 403 preconizam respectivamente, perdas e danos que efetivamente perdeu e o que razoavelmente deixou de lucrar e perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos, além de lucros cessantes. 
Isso evidência a diferença entre perda de uma chance e perdas e danos efetivos tratados no código civil. Na perda da chance, não se pode medir o prejuízo, ao mesmo saber se o prejuízo se efetivaria. Através dessa singular análise, a luz do artigo 402 do código civil, seria de ideal interpretação que o sujeito que causou a perda da chance estaria isento de responsabilidade.
Contudo, ao analisar a perda da chance, é possível perceber o prejuízo causado, prejuízo este que deve ser punido, pois se assim não fosse causaria injustiça.
Importante lembrar que perda da chance não se confunde com lucros cessantes intitulado no código civil
Ao analisar casos concretos no ordenamento jurídico é possível visualizar casos de inteira ou nenhuma probabilidade de prejuízo, pela perda da chance. 
Não é possível afirmar ainda que a responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance está consolidada e tem plena aplicação. Por ainda estar em desenvolvimento alguns julgadores não aplicam a teoria.
Os Tribunais de São Paulo e Rio Grande do Sul, são os que mais fazem uso da Teoria aqui tratada. ACHO Q VOU TIRAR
A dicotomia entre danos patrimoniais e danos morais
Ponto importante da presente temática, que deve ser esclarecido é quanto a distinção no Direito brasileiro entre dano moral e dano material. A perda de uma chance deve ser entendida como um dano ao patrimônio do prejudicado, ou seja, é preciso que o dano possa ser medido em pecúnia. Nesse sentido a perda de uma chance não pode ser confundida ou até mesmo gerar indenização de natureza moral, visto ser essa impossível de mensurar pecuniariamente. 
A quantificação da perda de uma chance
O próprio nome do instituto perda de uma chance, leva a imaginar a dificuldade de quantificar algo que não se sabe se aconteceria,
pois era apenas uma chance de acontecer. No ordenamento jurídico não existe regra especifica de como mensurar o dano experimentado pelo sujeito. 
Logo, ao imaginar o dito, não é correto que o valor indenizatório seja o mesmo do pretendido visto não ser indubitável o seu alcance. Nesse sentido, a indenização ao lesionado deve ser inferior ao beneficio almejado, sob pena de excesso na condenação. Pois se assim não fosse, não haveria perda de uma chance, mas sim de resultado integral o que configuraria responsabilidade civil de dano material, que deve ser indenizado na totalidade do dano causado.
Sendo assim, o valor da indenização de maneira a alcançar o justo, deve ser medida conforme a probabilidade de êxito do resultado esperado. 
Primeiro, verifica-se qual seria a vantagem obtida e posteriormente multiplicaria este valor pela porcentagem de chance que a vitima perdeu. Esse seria o resultado adequado do quantim indenizatório. 
Sérgio Savi, cita o seguinte exemplo: citar livro e data
O caso do advogado que perde o prazo para a interposição de um recurso de apelação pode ser utilizado como exemplo da forma exata de quantificação do dão da perda da chance. Suponhamos que o advogado tenha ajuizado ação judicial para a cobrança de R$ 10.000,00 (dez mil reais); que a sentença tenha sido proferida por um juiz inexperiente, que tenha analisado equivocadamente as provas e julgado improcedente o pedido de cobrança e que, após a publicação da sentença de improcedência, o advogado do autor perca o prazo para a interposição do recurso de apelação. Caso o juiz competente para julgar a ação de indenização movida pelo cliente contra seu advogado negligente chegue à conclusão de que o cliente tinha 90% (noventa por cento) de chance de ganhar o recurso não interposto, deverá partir do resultado útil esperado, no caso R$ 10.000,00, e fazer incidir sobre este valor o percentual das chances perdidas, qual seja, 90%. Assim, nesta hipótese, o valor da indenização seria de R$ 9.000,00 (nove mil reais).
Neste sentido, conclui-se que o quantum indenizatório, deve ser inferior ao resultado final, sob pena de descaracterização da teoria da perda de uma chance. 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO PELA PERDA DE UMA CHANCE
Ao abordar a responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance, o aspecto que primeiro surge é a desídia ou propositura de ação judicial tardia. Condutas do profissional de advocacia que leva a parte que o constituiu a perder a oportunidade de obter no judiciário a integra satisfação de seus Direitos.
Conforme já mencionado, a responsabilidade do advogado é subjetiva, ou seja, cabe ao cliente provar a conduta culposa deste profissional, seja pela ação ou omissão no deve de atuar. 
São numerosos os casos que geram responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance, citando-se os mais casos corriqueiros nos tribunais e doutrinas. Propor ação intempestiva, pedido não formulado, não interposição de recurso, falha na produção de provas, extraviar autos.
Estes são casos exemplificativos, visto não ser possível taxar todas as possibilidades que caracterizam a perda da chance no dia a dia do judiciário. 
Importante se faz esclarecer que, a mera possibilidade não gera indenização. A responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance, ocorrera quando esta se mostrar real, ou seja, é necessário que o cliente realmente tenha chance de êxito na demanda. Logo, não é a mera perda de prazo, por exemplo, que responsabilizara o advogado pela perda de uma chance. 
Assim entende os nossos tribunais: 
O Superior Tribunal de Justiça, através do ministro Luiz Felipe Salomão, se manifestou no Recurso Especial n. 1.190.180-RS: 
Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimentada, as demandas que invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa.10 E na mesma linha é o Recurso Especial n. 1.190.180-RS: Em outras palavras, ainda que o advogado atue diligentemente, o sucesso no processo judicial depende de outros favores não sujeitos ao seu controle. Daí a dificuldade de estabelecer, para a hipótese, um nexo causal entre a negligência e o dano. Para solucionar tal impasse, a jurisprudência, sobretudo de direito comparado, e a doutrina passaram a cogitar da teoria da perda da chance. A aludida teoria procura dar vazão para o intricado problema das probabilidades, com as quais nos deparamos no diaadia, trazendo para o campo do ilícito aquelas condutas que minam, de forma 10 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça: jurisprudência. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2015. 79 dolosa ou culposa, as chances, sérias e reais, de sucesso às quais a vítima fazia jus. Não se trata, portanto, de reparar a perda de “uma simples esperança subjetiva” , nem tampouco de conferir ao lesado a integralidade do que esperava ter caso obtivesse êxito ao usufruir plenamente de sua chance (Rafael Peteffi da Silva. Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance. São Paulo: Atlas, 2007, p. 134). É preciso ressaltar que, naturalmente, há possibilidades e probabilidades diversas e tal fato exige que a teoria seja vista com o devido cuidado. No mundo das probabilidades, há um oceano de diferenças entre uma única aposta em concurso nacional de prognósticos, em que há milhões de possibilidades, e um simples jogo de dado, onde só há seis alternativas possíveis. Assim, a adoção da teoria da perda da chance exige que o Poder Judiciário bem saiba diferenciar o “improvável” do “quase certo”, a “probabilidade de perda” da “chance de lucro , para atribuir a tais fatos as consequências adequadas.
Fernando Noronha, explica a definição se a perda de uma chance é real e seria: 
 Em primeiro lugar importa averiguar se a chance perdida era real e séria, se for haverá obrigação de indenizar, se ela tiver caráter meramente hipotético, não. E para saber se a oportunidade perdida era real e séria, haverá que recorrer às “regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece” como se dispõe no art. 335 do Código de Processo Civil.
A jurisprudência em face da responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance
Apesar dos julgados citados ao longo desta pesquisa, não é possível afirmar que a responsabilidade civil do advogado pela perda de uma chance está consolidada e tem plena aplicação pelos tribunais pátrios. Alguns julgadores ainda não se interaram com a teoria, um dos motivos é que a teoria ainda esteja em desenvolvimento, principalmente na parte da fixação do valor da indenização. Todavia, não se encontra julgados que sejam contrário à teoria da perda de uma chance do advogado, o que há são confusões nas decisões, como se mostrará na sequência. Destaca-se que nos últimos cinco anos é mais comum verificar a aplicação da teoria da perda de uma chance do advogado de forma adequada. Os Tribunais de São Paulo e Rio Grande do Sul merecem destaquem pela pertinência dos julgados sobre o tema
A jurisprudência pátria não possui uma unanimidade quanto ao que se entende pela perda de uma chance ocasionada pela conduta irregular do advogado.

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