Buscar

Arbitragem: evolução e conceito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Arbitragem.
1. A EVOLUÇÃO DA ARBITRAGEM
Registra Moreira Alves, com base em indícios, que essa evolução se fez em quatro etapas:
a) na primeira, os conflitos entre particulares são, em regra, resolvidos pela força (entre a vítima e o ofensor, ou entre os grupos de que cada um dele faz parte), mas o Estado — então incipiente — intervém em questões vinculadas à religião; e os costumes vão estabelecendo, paulatinamente, regras para distinguir a violência legítima da ilegítima;
b) na segunda, surge o arbitramento facultativo: a vítima, em vez de usar a vingança individual ou coletiva contra o ofensor, prefere, de acordo com este, receber uma indenização que a ambos pareça justa, ou escolher um terceiro (o árbitro) para fixá-la;
c) na terceira etapa, nasce o arbitramento obrigatório: o facultativo só era utilizado quando os litigantes o desejassem e, como esse acordo nem sempre existia, daí resultava que, as mais das vezes, se continuava a empregar a violência para a defesa do interesse violado; por isso o Estado não só passou a obrigar os litigantes a escolherem árbitro que determinasse a indenização a ser paga pelo ofensor, mas também a assegurar a execução da sentença se, porventura, o réu não quisesse cumpri-la; 
d) finalmente, na quarta e última etapa, o Estado afasta o emprego da justiça privativa e, por meio de funcionários seus, resolve os conflitos de interesses surgidos entre os indivíduos, executando, à força se necessário, a decisão. No entanto, mesmo nessa etapa, se as partes concordassem, era lícito dirimir o conflito mediante a designação do árbitro. No direito romano — o registro é ainda do emérito romanista — encontram-se exemplos de cada uma dessas quatro etapas: da primeira, na pena de talião (vingança privada: olho por olho, dente por dente), estabelecida ainda na Lei das Doze Tábuas; da segunda, durante toda a evolução do direito romano, pois sempre se admitiu que os conflitos individuais fossem resolvidos por árbitros escolhidos pelos litigantes, sem interferência do Estado; da terceira, nos dois primeiros sistemas de processo civil romano— o das legis actiones e o per formulas; da quarta, no terceiro desses sistemas — acognitio extraordinária‖
Essa evolução nos faz perceber que o Estado assumiu aos poucos o controle jurisdicional, de solucionar conflitos e dizer o direito. Desta forma, o Estado se tornou monopolizador da jurisdição e limitou a auto composição. No entanto, o Estado não consegue mais atender a demanda da sociedade, já que está extensa e cada vez mais complexa, fazendo com que outros meios sejam procurados por aqueles que desejam, por exemplo, maior celeridade.
2. CONCEITO DE ARBITRAGEM
Carmona: A arbitragem é o meio alternativo de solução de controvérsias através da intervenção de uma ou mais pessoas que recebem seus poderes de uma convenção privada, decidindo com base nela, sem intervenção estatal, sendo a decisão destinada a assumir a mesma eficácia da sentença judicial é colocada à disposição de quem quer que seja, para a solução de conflitos relativos a direitos patrimoniais acerca dos quais os litigantes possam dispor. Trata-se de mecanismo privado de solução de litígios, através do qual um terceiro, escolhido pelos litigantes, impõe sua decisão, que deverá ser cumprida pelas partes. Esta característica impositiva da solução arbitral (meio hetero compositivo de solução de controvérsias) a distancia da mediação e da conciliação, que são meios autoc ompositivos de solução de litígios, de tal sorte que não existirá decisão a ser imposta às partes pelo mediador ou pelo conciliador, que sempre estarão limitados à mera sugestão (que não vincula as partes). (A decisão do ato vincula. (as partes escolheram estar ali)
A arbitragem é, portanto, mecanismo privado de resolução de litígios, também chamada de meio alternativo (à jurisdição estatal) de solução de controvérsia, ou, ainda, método extrajudicial de solução de conflitos. A decisão tem, portanto, autoridade de coisa julgada e é passível de execução, nos termos do art. 475-N, IV, do Código de Processo Civil (CPC). (Art.475-N IV fala que a decisão da arbitragem é um título executivo judicial, então após você pode entrar com a execução.)
# Se as partes quiserem estabelecer um duplo grau, seria possível, a regra é não ter recurso, mas caso queira estabelecer um órgão colegiado, você tem que estabelecer que é possível e além disso, criar o mecanismo, pois na lei não há nada que estabelece. As partes escolhem a regra de como vai ser determinado o conflito, caso não queira escolher você determina a instituição que você quer, e assim você adere ao regulamento dessa. -> O recurso que há na arbitragem seria só para esclarecer omissão, obscuridade, em que a própria câmera vai decidir. (como se fosse embargos de declaração.) - PEDIDO DE ESCLARECIMENTO.
STF: jurisdição esta compreendida dentro do conceito de justiça, assim é uma forma de buscar a justiça.
Só vai haver nomeação do ato pelo juízo quando houver clausula vazia. (Legislação espanhola.)
É um sistema privado, vinculativo, incapaz de produzir efeitos para quem não é parte.
As partes têm que buscar pessoas de sua confiança, que entender a matéria objeto do conflito para que seja possível compor o litígio existente. Alguns doutrinadores defendem que a arbitragem permite a verdadeira composição da lide, uma vez que por haver a confiança, as partes teriam maior predisposição a se contentar com a decisão arbitral.
A arbitragem pode ser definida como: o meio privado, jurisdicional e alternativo de solução de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais e disponíveis. Assim, surge uma sentença arbitral, definida como título executivo judicial. Resulta de um negócio jurídico em que as partes optam pela solução arbitral, abdicando da jurisdição estatal sempre que se tratar de direitos patrimoniais e disponíveis.
-Sentença arbitral: A solução dada pelo árbitro é denominada sentença arbitral. A mesma possui força de uma sentença judicial transitada em julgado, uma vez que no Código de Processo Civil consta a decisão arbitral no rol dos títulos executivos judiciais, conforme demonstrado abaixo:
“Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: VII - a sentença arbitral;”
#Você só tem direito a anular a sentença caso haja vicio formal, ex: o árbitro não deu vista para a parte para ver um documento que foi base para a sentença.
3. NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM.
Tem jurisdição (aplica a jurisdição), a própria sentença já e um título executivo judicial: Jurisdição é o poder conferido a alguém imparcial, para aplicar a norma e solucionar o conflito por meio do processo, prolatando sentença capaz de produzir coisa julgada material e, nessa medida, pode ser imposta aos litigantes. (O arbitro exerce temporariamente a jurisdição, na medida que a parte deu autorização para que esse decida sobre especificamente o contorno do litigio.) (você não pode ultrapassar isso, aquilo que foi acordado que ele decidiria é o que ele vai poder decidir, nao pode analisar outros fatores, ao contrário da jurisdição estatal em que é mais ampla) - O árbitro exerce jurisdição porque aplica o direito ao caso concreto e coloca fim à lide que existe entre as partes. A arbitragem é instrumento de pacificação social. Sua decisão é exteriorizada por meio de sentença, que tem qualidade de título executivo judicial, não havendo necessidade de ser homologada pela jurisdição estatal. No entanto, o árbitro não reúne poderes para executar as decisões arbitrais, inclusive tutelas provisórias, de urgência, cautelares ou antecipatórias de tutela, ou de evidência. (arts. 18 e 31 da lei de arbitragem)
O código de processo civil estabelece uma dualidade jurisdicional, estabelecendo paralelamente a jurisdição estatal e arbitral, como demonstrado abaixo:
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididaspelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.”
É delimitada.
TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURIDICA: 
A privatista, também denominada contratualista, trata a arbitragem como um negócio jurídico em que o árbitro é apenas um sujeito contratado para solucionar a lide.
A publicista, também chamada de jurisdicionalista é a majoritária na doutrina e analisa a arbitragem como uma atividade jurisdicional, em que a lei outorgou poderes ao árbitro para dirimir os conflitos e também decidir sobre sua própria competência, o que reforça o caráter jurisdicional. (atividade jurisdicional que a lei outorgou esse poder a ela, para dirimir os conflitos.)
Teoria intermediária em que são juntados os fundamentos das duas teorias anteriores e entende-se que mesmo se tratando de um negócio jurídico, não é possível o desenvolvimento da arbitragem fora do sistema jurídico. (É jurisdição, mas tem natureza jurídica contratual, para existir jurisdição tem que ter contrato. - não e só jurisdição, e nem e só contrato - essa só nasce quando se pactua.)
Teoria autônoma entende-se que a arbitragem é um sistema novo de solução de conflitos totalmente distinto de qualquer outro sistema jurídico, sendo de extremo destaque no exterior essa teoria. 
O arbitro só tem jurisdição a partir do contrato, o juiz tem a partir do momento que ele toma posse (não escolhe qual processo, é escolhido pelo sistema). Na arbitragem você pode escolher.
4. CONSTITUCIONALIDADE DA ARBITRAGEM.
Logo no início de vigência da lei de Arbitragem brasileira, em incidente no processo de homologação de uma sentença arbitral estrangeira preferida na Espanha, de n. SE 5.206/ES, o STF foi provocado a se manifestar sobre a constitucionalidade da norma, em razão da garantia de acesso à Justiça no art.5º, XXXV, da CF/88. Por maioria dos votos, prevaleceu o entendimento de que a opção voluntária das partes ao procedimento arbitral não ofende o princípio constitucional da inafastabilidade da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário. Isso porque, em última análise, a lei não impõe a utilização da arbitragem, mantendo íntegro aos interessados o acesso à jurisdição estatal, porém, como expressão da vontade e liberdade de contratar, nas questões relativas a direitos patrimoniais disponíveis, permite que seja eleito o palco arbitral para a solução de conflito. Por outro lado, não se exclui do Poder Judiciário a lesão a direito das partes, pois se a convenção arbitral, ou mesmo a sentença proferida na arbitragem, contiver vícios indicados na lei, caberá ação própria de invalidação, ou mesmo em defesa da execução. Ou seja, verificada a violação ao direito, cabe o exame da questão pelo Judiciário, porém, se instaurada e desenvolvida a arbitragem de acordo com os requisitos legais, a mera irresignação do vencido não é causa para se vulnerar a decisão.
5. VANTAGENS DA ARBITRAGEM EM RELAÇÃO AO PODER JUDICIÁRIO
Especialização: na arbitragem, é possível nomear um árbitro especialista na matéria controvertida ou no objeto do contrato entre as partes. A solução judicial de questões técnicas impõe a necessária perícia que, além do tempo que demanda, muitas vezes não conta com especialista de confianças das partes do ponto de vista técnico. (pode ser bom ou ruim, o lado bom é que é uma pessoa extremamente qualificada para julgar o seu processo. (o lado ruim é que se seu cliente for o errado, você não vai querer uma pessoa extremamente técnica) 
Celeridade: na arbitragem, o procedimento adotado pelas partes é mais rápido que o procedimento judicial. (Lei 9.307/1996 Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro.)
Irrecorribilidade: a sentença arbitral vale o mesmo que uma sentença judicial transitada em julgado e não é passível de recurso. (estimula as partes a compor – transacionar)
Informalidade: o procedimento arbitral não é formal como o procedimento judicial e pode ser, nos limites da Lei 9.307/96, estabelecido pelas partes no que refere à escolha dos árbitros e do direito material e processual que serão utilizados na solução do conflito. (não há solenidades, então é mais dinâmico e as partes participam mais, elas estão ali para conjuntamente construindo a solução.) Na arbitragem, o foco maior é a solução da matéria de fundo e, por isso, há maior informalidade nas providências para se alcançar a solução da controvérsia.
Cumprimento espontâneo das decisões. A experiência demonstra que, uma vez que os interessados elegem o julgador por vontade própria, as partes respeitam a sentença arbitral, e a ela se submetem voluntariamente.
Confidencialidade: Embora não se tenha na Lei de Arbitragem a exigência de procedimento arbitral confidencial ou sigiloso, geralmente não só a convenção arbitral dispõe sobre esta reserva de publicidade, como também os regulamentos das principais câmaras de arbitragem estabelecem esta regra, salvo se o procedimento envolver a administração pública. Tanto as partes quanto o objeto conflituoso não serão divulgados, evitando-se ferir a imagem da empresa, a divulgação de segredos industriais ou o valor da demanda. (dever de discrição do árbitro. art. 13 da Lei 9.307/96)
art. 13 da lei 9.307/96: Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. § 6o No desempenho de sua função, o árbitro deverá proceder com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.
A fase de execução será desenvolvida no Poder Judiciário, não tendo competência o árbitro para dirigir o procedimento. Entretanto, ainda que a execução seja dirimida na justiça comum, o segredo de justiça será decretado a teor do art. 189, IV, do CPC, como transcrito abaixo: Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. (Assim, por ocasião da instauração da arbitragem as partes devem reforçar o sigilo na assinatura do termo de arbitragem, o que prestigia os princípios que envolvem a arbitragem e cercaram a fase de conhecimento do processo e do qual depende o fomento do próprio instituto, o mesmo sigilo deve ser estendido para a fase de execução mediante pedido e comprovação do termo de arbitragem pelo exequente. Portanto, o sigilo que cercou o procedimento na fase de conhecimento deve ser mantido na fase de execução.)
7. MEIOS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS
Heterocomposiçao: Jurisdição estatal e Arbitragem (jurisdição privada).
Autocomposição: Conciliação; Mediação e Transação.
8. NORMAS DE DIREITO MATERIAL APLICÁVEIS À SOLUÇÃO DO CONFLITO PELA VIA ARBITRAL: (A lei 9.307de 23.09.1996)
Existindo cláusula arbitral, preenchendo devidamente seus requisitos, a sua presença no instrumento contratual vincula as partes, impedindo que qualquer delas venha a recusar a sua submissão ao juízo arbitral. Vale dizer, haverá, por vontade das partes manifestada na convenção de arbitragem, a exclusão prévia e irretratável à jurisdição estatal. Esse é o chamado efeito negativo da cláusula compromissória, na medida em que afasta o Poder Judiciário da apreciação do conflito. Ao surgir um conflito, se não houver a cláusula ou o compromisso arbitral, as partes deverão procurar o Poder Judiciário.
Entretanto, nos termos do art. 2o da Lei 9.307/96, as partes podem livremente escolher a norma aplicável à solução de seus conflitos pela via arbitral, ainda que seja o direito estrangeiro. Assim, entre os direitos patrimoniais e disponíveis, as partes podem escolher:
Leis internacionais de comércio;
Lex mercatória, ou seja, conjunta de regras emanadas de entidades particulares, organismos internacionais, ou de origem convencional, de natureza quase legal‖, que atua desvinculada das jurisdições específicasou de sistemas legais de qualquer país.
Leis internacionais;
Leis corporativas;
Equidade, ou seja, o que parecer coerente;
Princípios gerais de direito: Caso não seja escolhida nenhuma das leis acima, será utilizado o direito nacional. (art. 9o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro)
Em resumo, a arbitragem pode ser: Lei 9.307/1996 Art. 2º, § 1º, § 2º, § 3o
De direito e, nesse caso, não afrontando a ordem pública e os bons costumes, as partes podem escolher a norma que querem ver aplicada pelo árbitro para solução do seu conflito decorrente de direito patrimonial e disponível. Caso não escolham, o árbitro decidirá com fundamento na lei nacional.
De equidade, desde que nesse caso, as partes convencionem a hipótese expressamente e desde que não haja, igualmente afronta à ordem pública nacional. Ao aplicar a equidade, o árbitro se coloca na posição de legislador e aplica a solução que lhe parece razoável, ainda que haja lei disciplinando a matéria, desde que não se trate de norma cogente.
Pela aplicação dos princípios gerais do direito.
Pelos usos e costumes.
Deve-se ressaltar que a escolha da regra aplicável encontra limites nas normas cogentes, ou seja, na ordem pública nacional e nos bons costumes. Normas de ordem pública são aquelas que não podem ser derrogadas pelas partes, vez que sua aplicação interessa a toda sociedade. Um exemplo de norma de ordem pública é o art. 5o da CF, que determina a igualdade entre pessoas.
9. PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DA ARBITRAGEM:
Princípio da autonomia da vontade: A utilização da arbitragem tem caráter voluntário; é a expressão da liberdade de escolha das partes. É fundamental a vontade dos interessados em estabelecer este método de solução de conflito. Preenchidos os pressupostos para a sua escolha (capacidade de contratar a respeito de direito patrimonial disponível) prossegue, com a faculdade de indicarem todas as questões que gravitem em torno desta opção. Assim, estabelecem quem e quantos será(ão) o(s) árbitro(s), de forma direta ou indireta, e como será desenvolvido o procedimento arbitral (por exemplo, relativamente a prazos, locais para a pratica dos atos, eventual restrição para apreciação de medidas de urgência ou tutelas antecipadas sem ouvir a parte contraria etc.), as regras de direito que serão aplicadas, e se é por equidade ou direito. A autonomia das partes, é exercida em conjunto, ou seja, de comum acordo entre os interessados, não admitindo a imposição de vontade de um ao outro. 
Princípio Kompetenz-Kompetenz (Competência - Competência): Originário do direito alemão, o princípio da Competência-Competência, exclusivo da arbitragem, foi adotado pelo parágrafo único do art. 8º da Lei 9.307/1996, ao estabelecer “Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória.” Nas palavras de Francisco José Cahali, “... atribui-se ao árbitro a capacidade para analisar sua própria competência, ou seja, apreciar, por primeiro, a viabilidade de ser por ele julgado o conflito, pela inexistência de vício na convenção ou no contrato”. O princípio, desta maneira, fortalece o instituto, e prestigia a opção das partes por esta forma de solução de conflitos, e afasta, em certa medida, o risco de desestimulo à contratação da arbitragem, em razão de potencial obstáculo prévio a surgir no Judiciário diante da convenção, por maliciosa manobra de uma das partes. Existindo convenção de arbitragem, então, no Juízo Arbitral é que as questões relativas à existência, validade e eficácia da cláusula serão primeiramente apreciadas. Se uma das partes, contrariando esta previsão, provocar o Judiciário para apreciação do conflito, cabe à outra alegar a existência de convenção de arbitragem em preliminar de contestação, devendo ser, neste caso, extinto o processo, sem resolução de mérito (Art. 485, VII c/c Art. 337, X do CPC). Em regra, o principio Kompetenz-Kompetenz traz um efeito negativo, ao afastar do Judiciário o exame da existência, validade e eficácia da convenção antes do juízo arbitral, preservada, porém, para momento posterior, e nas restritas condições previstas no Art. 32 da Lei 9.307/1996, a reapreciação da questão. (causas de invalidação da sentença arbitral). 
Princípio do Devido Processo Legal: (art. 5º, inciso LIV CF): Na Arbitragem, a aplicação deste princípio decorre de expressa previsão legal contida no § 2º do art. 21 da Lei de Arbitragem: “serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento”. Todos estes princípios, juntos, resultam no núcleo do devido processo legal. Nada obstante, a violação de qualquer destes princípios gera a nulidade da sentença arbitral, conforme dispõe o art. 32, inciso VIII da Lei de Arbitragem, cuja anulação poderá ser requerida ao Poder Judiciário por meio da ação anulatória prevista no art. 33 da Lei de Arbitragem.
Princípio do Contraditório: Representado pelo binômio informação + possibilidade de manifestação, é o direito que as partes têm, em todas as espécies de processo, de terem ciência dos atos processuais que ocorrem no processo, e, por conseguinte, de contra eles reagirem. 
Princípio da Ampla Defesa: Apesar de não ter sido expressamente mencionado pela Lei de Arbitragem, é evidente que o princípio da ampla defesa faz parte do rol de garantias mínimas do procedimento arbitral, eis que é instrumento do contraditório. 
Princípio da Igualdade: As partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões. A intenção do legislador ao inserir o princípio da igualdade, foi deixar estabelecido que as partes tenham a mesma oportunidade de indicar árbitros, de produzir provas, de expor e fazer valer suas próprias razões, sem privilégios.
Princípio da Imparcialidade do árbitro: (pressuposto de validade do julgamento). É necessário dar igual tratamento entre os litigantes, abster-se de seus interesses pessoais para solução do conflito, bem como decidir em conformidade com o que fora suscitado e discutido nos autos. Os árbitros também estão sujeitos a serem afastados da causa, conforme ocorre com os juízes togados, sendo permitido o pedido de exceção de suspeição ou de impedimento. De acordo com o artigo 14, § 1º da Lei de Arbitragem, o árbitro, antes de aceitar a indicação para a causa, tem como dever revelar qualquer fato que denote dúvida justificada quanto à imparcialidade e independência.
 Princípio do livre convencimento do árbitro: Consoante este princípio, é permitido ao árbitro à liberdade de apreciação e avaliação das provas, dos argumentos trazidos ao tribunal arbitral, bem como quaisquer outros fatos existentes nos autos para decidir a causa. O livre convencimento não se confunde com arbítrio, sua decisão deverá ser motivada, não sendo permitido se desfazer de qualquer das provas, fatos e argumentos apresentados. Bem como o juiz, o compromisso do árbitro é com sua consciência, equidade e convicção da verdade para solucionar o conflito. Caso não esteja totalmente convencido dos fatos, tendo em vista que não pode se abster de julgar, é facultado ao arbitro a produção das provas que julgar necessárias para apurar a verdade. (Lei 9.307/1996, Art. 26 E Art. 32. ) 
Princípio da Boa-Fé Objetiva: A boa-fé objetiva é uma regra de conduta, que determina e estabelece o modo de agir das partes, sempre pautado em valores como a lealdade, honestidade, sinceridade e transparência. Somente deste modo poderá existir equilíbrio nas relações sociais. O comportamento fiel das partes dentro do procedimento arbitral garante que não haja abuso durante o procedimento, evitando abusos e eventuais lesões, cooperando com a realização do interesse das partes.
 Princípio da Eficácia: As sentenças arbitrais possuem o mesmo valor, a mesma força, das decisões de um Tribunal Judicialde 1ª Instância, constituindo títulos executivos, sendo que as decisões não cumpridas podem ser executadas direta ou indiretamente no tribunal judicial. 
Princípio da Autonomia da Cláusula de Arbitragem em Relação ao Contrato: A cláusula compromissória pode estar estipulada no contrato ou em documento separado, a ele reportado. Em qualquer situação, ela não é acessória, mas autônoma em relação ao negócio jurídico. (art.8º, lei de arb.) Por este princípio, ainda que o contrato seja anulado, a Cláusula Compromissória (Cláusula da Convenção de Arbitragem) mantém-se incólume, ou seja, conserva sua validade. (criam-se duas relações jurídicas: o negócio contratado e a arbitragem, esta última independente, porém restrita à vontade das partes em submeter aquela primeira à tutela arbitral). Desta forma, quem irá avaliar e decidir sobre a validade do contrato (quanto ao seu objeto principal) é o árbitro. 
Princípio da Força Vinculante e obrigatoriedade de Cláusula Arbitral: A cláusula arbitral estabelecida livre e espontaneamente entre as partes, obriga-as a submeterem-se à arbitragem para solução de lides entre as mesmas, com exclusão da Jurisdição Estatal. (art. 7º lei de arb.)
Princípio da Temporalidade De acordo com o princípio da temporalidade, decorrido o lapso temporal previsto na cláusula de convenção de arbitragem para prolação da sentença arbitral, ou nada tenho sido convencionado, decorrido o prazo de seis meses, contato da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro, e desde que a parte interessada tenho notificado o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral, restará extinta tal cláusula arbitral, e aberta possibilidade de ajuizamento de ação perante o Poder Judiciário para a solução da controvérsia. ( Art. 11, 12 e 23 Lei de arb).
10. ARBITRALIDADE: 
Arbitrabilidade é a condição essencial para que um determinado conflito seja submetido à arbitragem, e vem previsto já no art. 1º da Lei de Arbitragem: As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
Arbitrabilidade subjetiva: se refere as partes. Capacidade das partes (é a aptidão de tornar-se sujeito de direitos e deveres. Em outras palavras, aptidão da pessoa para ser titular de um direito.) Mas a titularidade do direito difere de seu exercício. Para o exercício dos direitos, a lei estabelece restrições por força ocorrências tais como a idade (maioridade ou menoridade), fatores físicos (toxicômanos) ou psicológicos (deficiência mental). A estes a lei denomina incapazes, dando-lhes proteção jurídica, que se realiza por meio da representação ou assistência, o que lhes possibilita o exercício de direitos. Neste caso, a ressalva à utilização da arbitragem não se encontra na capacidade de firmar a convenção, pois podem contratar se assistidos ou representados. A restrição à instituição do juízo arbitral decorre da indisponibilidade do direito que se vê nesta situação. Considerando que a instituição de juízo arbitral pressupõe a disponibilidade do direito, não podem instaurar processo arbitral os menores incapazes, mesmo que representados ou assistidos, pois os seus direitos são indisponíveis. Ainda, mesmo no caso de contratos que envolvam a mera administração, embora permitidos sem autorização judicial aos incapazes assistidos ou representados, o óbice à utilização da arbitragem surge em razão da necessária participação do Ministério Público no processo (Art. 178, II do CPC). Resumindo, se por um lado, é fato que o incapaz pode ser parte em processo judicial e em negócio jurídico, desde que devidamente representado, por outro, a lei de arbitragem exige que no processo arbitral o direito seja disponível (e o do incapaz não é). Além disso, a presença obrigatória do MP nas demandas envolvendo incapazes impossibilitaria o trâmite do feito no campo arbitral. 
#Por sua vez, entes despersonalizados como massa falida, espólio e condomínios de edifícios podem ser partes em procedimentos arbitrais, eis que possuem capacidade de contratar e, assim, de ser parte e de estar em juízo. Ocorre que estes entes despersonalizados, para dispor de direitos, necessitam de permissão. Assim, o espólio e a massa falida, com autorização judicial ao inventariante ou ao administrador, podem celebrar convenção arbitral, tal qual o condomínio, pelo síndico com a autorização da assembleia de condôminos. A permissão, nestes casos, é um requisito essencial, ensejando sua falta à invalidade da convenção arbitral. 
Arbitrabilidade objetiva: se refere ao objeto da demanda: o litígio deve versar sobre direito patrimonial disponível. Direitos não patrimoniais, pois, de plano são excluídos do juízo arbitral. E assim, os direitos da personalidade (direito à vida, a honra, a imagem, ao nome), o estado da pessoa (modificação da capacidade, dissolução do casamento, reconhecimento ou desconstituição da filiação, atributos do poder familiar, como guarda e regulamentação de visitas), as questões ligadas ao direito penal e as que tem por objeto coisas fora do comércio ficam excluídos da arbitragem. Mas eventuais impactos patrimoniais destes direitos, como também do direito penal, conforme o caso, são arbitráveis (por exemplo, apuração do dano ex delicto, partilha de bens na separação ou no divórcio ou o quantum da pensão alimentícia). Quanto aos direitos patrimoniais, exige-se também que sejam disponíveis. Diz-se que um direito é disponível quando ele pode ser ou não exercido livremente pelo seu titular, sem qualquer restrição. Assim, são disponíveis aqueles bens que podem ser livremente alienados ou negociados, por encontrarem-se desembaraçados, tendo o alienante plena capacidade jurídica para tanto. Já se viu que os direitos patrimoniais de incapazes são indisponíveis, como também aqueles envolvendo bens fora do comércio e a grande maioria dos direitos públicos, quando a Administração trata de direitos fundamentais da sociedade. Igualmente, direitos sobre os quais não se pode transacionar são indisponíveis.
11. ESPÉCIES DE ARBITRAGEM
Arbitragem Institucional ou avulsa (ad goc)
A diferença entre estas espécies reside na escolha pelas partes de uma instituição aparelhada para administrar o procedimento ou de um árbitro (ou colegiado) para diretamente conduzir a arbitragem.
Arbitragem institucional: indica-se um instituto, geralmente nominada como “Câmara” ou “Centro”, a quem será atribuída a gestão das etapas e trâmites da arbitragem. As partes decidem, na convenção de arbitragem, levar a lide a uma instituição própria para julgar arbitragens, como, por exemplo, a Corte Internacional de Arbitragem da Câmara Internacional de Comércio (CCI), a Câmara de Arbitragem Empresarial-Brasil (CAMARB), a American Arbitration Association (AAA), o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, a Câmara de Mediação e Arbitragem CIESP/FIESP, dentre outros. A instituição não julga o conflito, embora tenha atribuições, muitas vezes, para resolver algumas questões periféricas, apenas administra o procedimento. Os árbitros não se confundem com a Instituição, embora na maioria das vezes sejam eleitos por ela ou pelos interessados dentre aqueles relacionados em sua lista de árbitros. Não são delas “funcionários”, e, na independência característica de sua atividade, exerceram a atribuição que lhe for conferida para cada caso específico. Assim, a jurisdição é exclusiva do árbitro, cabendo à instituição a função de secretaria. Cada instituição, com total independência, terá suas regras previstas em seu regulamento, e nele serão estabelecidas as formalidades, etapas, providências, trâmites e demais previsões procedimentais para a instauração, organização e desenvolvimento da arbitragem. As partes devem respeitar o regulamento da câmara escolhida, não podendo elaborar convenção arbitral contraditória ao regulamento. (Art. 5º).
Arbitragem ad hoc, ou avulsa: é feita diretamente a indicação do árbitro,sendo ele totalmente independente e desvinculado de qualquer instituição para a arbitragem a que foi nomeado. E, assim, caberá ao árbitro, ou à estrutura por ele criada, o cuidado com o desenvolvimento do procedimento em todos os seus detalhes, inclusive instrumentais. As funções “cartorárias” nele ou em sua estrutura pessoal criada são centralizadas também. Ao árbitro caberá, assim além do exercício da jurisdição, a administração do procedimento. Em especial, ao árbitro competirá estabelecer as regras acerca do procedimento, respeitado, porém, o que tiver sido estipulado pelas partes na convenção arbitral (cláusula e ou compromisso, conforme o caso). E na administração do respectivo procedimento, incidentes, lacunas e demais questões relativas ao regular andamento da arbitragem são solucionadas pelo próprio árbitro. Nada impede que a arbitragem ad hoc se desenvolva, também, perante um colegiado. Nesta hipótese, tudo o quanto se disse com relação às atribuições do árbitro, estende-se ao painel arbitral. Porém, nesta hipótese, é indispensável que tenham regras próprias e bem delineadas para a formação do colegiado, pois só a partir de então, com a aceitação dos árbitros ao encargo se terá instaurada a arbitragem, e delegadas as atribuições a eles inerentes.
Arbitragem interna e arbitragem internacional: Apesar de a lei brasileira não distinguir essas suas espécies de arbitragem, costuma-se dizer que o critério para diferenciar a arbitragem interna da arbitragem internacional seria apenas o local no qual a sentença arbitral foi proferida; se dentro no nosso país, será interna; se fora do Brasil, será internacional. Em outros países, o critério de determinação varia, podendo-se levar em consideração a nacionalidade dos árbitros, das partes ou do objeto litigioso. Para a lei brasileira, no entanto, isso é de todo irrelevante. Daí falar-se em regime monista e regime dualista. Qual a legislação do país não faz distinção entre as suas espécies de arbitragem, diz-se que o sistema é monista, como é o caso do Brasil. Já quando houver essa diferenciação, o sistema será dualista, sendo exemplos disso a Inglaterra e a França (Leonardo, BERALDO). (se fora dele, tem-se o laudo por estrangeiro, submetendo-se a decisão, para ter eficácia no Brasil, à homologação perante o STJ.)
Arbitragem expedita: A arbitragem expedita ou sumária nada mais é do que um procedimento arbitral mais simplificado, que pode ser usado pelas partes nas questões menos complexas. Ao contrário do que ocorre nas arbitragens tradicionais, onde as partes podem optar pelo julgamento por meio de árbitro único ou de tribunal arbitral, aqui só se pode valer da primeira opção (Leonardo, BERALDO). A maior vantagem desse procedimento é a celeridade, uma vez que os prazos para a prática dos atos processuais são mais reduzidos. Porém, não permite a produção de prova pericial e testemunhal.
A arbitragem de investimento é um meio que visa proteger o investidor estrangeiro, uma vez que os litígios são solucionados em um local neutro, ao contrário da arbitragem tradicional, a comercial, em que quase sempre existe uma convenção de arbitragem para iniciar o processo arbitral, enquanto na arbitragem de investimento existe uma convenção internacional entre países ou acordos entre eles, tratando-se da soberania do Estado.
A arbitragem no Brasil é sempre voluntária, cabe estritamente à vontade das partes. No entanto, em alguns países, existe a arbitragem obrigatória, necessária, legal ou forçada, em que o processo arbitral independe da vontade das partes e decorre da força da lei. Um exemplo seria Portugal, que obriga por lei a utilização do meio arbitral para solucionar conflitos relativos a direitos de propriedade industrial quando estejam em causa medicamentos de referência e genéricos.
12. ARBITRAGEM NO DIREITO DO TRABALHO
Na reforma trabalhista incluída pela Lei 13.467, de 2017, especificou o artigo 507-A para legislar a arbitragem no Direito do Trabalho. Assim, de acordo com artigo inovado pela reforma trabalhista, pode ser estabelecida a cláusula compromissória arbitral no contrato de trabalho desde que a remuneração for maior que duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Deve-se ressaltar que o artigo é referente à cláusula compromissória (estabelecida antes de existir o conflito), assim, quando o empregado firma seu contrato de trabalho, deve dispor essa cláusula no contrato, devendo ser colocada ou por iniciativa do empregado ou com expressa concordância dele.
13. ARBITRAGEM NO DIREITO CIVIL
A maior parte dos litígios passíveis de arbitragem surge do direito civil, principalmente casos provenientes de contratos. Problemas que envolvem responsabilidade advinda de contratos podem ser resolvidos por meio da arbitragem. Já no que toca o direito de família, é um pouco mais complicado. No caso dos alimentos e da decisão de o alimentando ter ou não direito, entende-se que se trata de direito indisponível. As questões de estado como divórcio, anulação de casamento, guarda de filhos e interdição são inarbitráveis por serem direitos indisponíveis. No entanto, casos em que as partes são capazes, como partilha de bens, existem discussões não pacíficas. No direito das sucessões, a partilha de bens entre herdeiros é arbitrável, salvo se algum herdeiro for incapaz. Mas o inventário por meio de arbitragem pode lesar direito de terceiros por ser sigiloso. E caso exista um testamento, é necessária a intervenção do Ministério Público, que torna inarbitrável.
14. O PODER PUBLICO E A ARBITRAGEM.
É possível dizer que o poder público pode ser parte em arbitragem. Não é correto afirmar, em relação a administração pública, que todos os atos por ela praticados são indisponíveis. Isso porque a sua atuação não se limita apenas à pratica de atos de império, praticando, também atos de gestão, consequentemente, disponíveis. A lei determina a possibilidade de utilização da arbitragem por entidades da Administração Pública direta e indireta, com o escopo de mediar conflitos atinentes a direitos patrimoniais, sendo, porém, vedado o julgamento por equidade e sempre respeitando o princípio da publicidade. Embora agora expressamente prevista em lei, a utilização da arbitragem pela Administração Pública já possuía previsão em diplomas legais específicos, tais como nas leis 8.987/95, 9.478/97, 10.233/01 e 11.079/04, que regulamentam o regime de concessão e permissões, bem como a licitação e contratação de parceria público-privada pela Administração.
Quando a Administração Pública celebra um contrato, que importa necessariamente em disponibilidade de direito patrimonial, será possível a pactuação de cláusula arbitral sem implicar em disposição de interesse público, pois na arbitragem predominar-se-á apenas o aspecto patrimonial do conflito. Portanto, pode-se concluir que a positivação da arbitragem como meio para solução de conflitos na Administração Pública apenas efetivou uma via que já era utilizada na prática na solução de conflitos envolvendo contratos privados firmados pela Administração e ampliou seu escopo de aplicabilidade para os contratos tipicamente administrativos, quando os conflitos deles decorrentes envolverem direitos patrimoniais disponíveis, sendo que a própria lei delimita sua utilização pela Administração para a solução conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis dirimindo controvérsias quanto ao seu embate com o princípio da indisponibilidade do interesse público.
15. DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
À semelhança do que ocorreu na França no início da década de 1980, a Lei 9.307/96 tratou, no mesmo capítulo, da cláusula compromissória e do compromisso arbitral, sob a denominação conjunta de convenção de arbitragem.
Em síntese apertada, a convenção de arbitragem tem um duplo caráter: como acordo de vontades, vincula as partes no que se refere a litígios atuais ou futuros, obrigando-as reciprocamente à submissão ao juízo arbitral; como pacto processual, seus objetivos são os de derrogar a jurisdiçãoestatal, submetendo as partes à jurisdição dos árbitros. Portanto, basta a convenção de arbitragem (cláusula ou compromisso) para afastar a competência do juiz togado, sendo irrelevante estar ou não instaurado o juízo arbitral.
Com relação à extensão subjetiva da convenção de arbitragem, cumpre examinar se é possível que a cláusula arbitral ou o compromisso possam atingir quem não foi parte na avença. Os interessados no tema, sem dúvida, são as empresas que formam conglomerados ou grupos econômicos. Conforme Carlos Alberto Carmona, a convenção arbitral, que produz efeitos contundentes, tem como contrapartida que demonstrar cabal, clara e inequívoca vontade dos contratantes de entregar a solução de litígio (atual ou futuro) à solução de árbitros. Sendo assim, o efeito de afastar a jurisdição do estado não pode ser deduzido, imaginado ou estendido. O consentimento dos interessados é essencial. Assim, mesmo que o árbitro perceba a confusão patrimonial entre sociedades do mesmo grupo, Carmona entende não ser possível a inclusão na arbitragem de sociedade que não tenha celebrado o compromisso arbitral. A desconsideração da personalidade jurídica não pode ser manejada pelo árbitro, pois sua jurisdição está naturalmente limitada pela convenção arbitral. Em conclusão, ocorrendo a hipótese de confusão patrimonial, caberá ao juiz togado tomar eventuais medidas para estender os efeitos da sentença arbitral.
# Hoje em dia se vê possível a inclusão de terceiros, especialmente quando o terceiro que não participa da convenção diretamente, foi a pessoa encarregada de produzir a convenção. (exemplo: o diretor da holding era o diretor das controladas, ele que elaborava, e ele exigiu a convenção de arbitragem para as controladas. (se houver a influência de um terceiro para assinar a convenção) (chamamento de terceiros, no caso da controladora.)
16.CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA
Segundo o art. 4o da LA, “a cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato”.
A cláusula compromissória poderá vir no próprio contrato, ou em documento apartado, sendo válidas quaisquer formas de manifestação de vontade, desde que reste clara a intenção e o livre consentimento das partes. Assim, a troca de e-mails, por exemplo, seriam documentos aptos a ensejar a existência de cláusula compromissória. (tem que ter uma declaração explicita e escrita que um litigio futuro vai ser submetido a arbitragem, e isso passa a ser um contrato dentro do contrato – contrato acessório)
Quanto a sua natureza jurídica, a dúvida é se seria mera promessa de contratar, ou, então, um contrato propriamente dito. Segundo Leonardo de Faria Beraldo, trata-se de contrato acessório, típico e autônomo. Típico porque previsto em lei e autônomo porque, nos termos do art. 8 da LA, “a cláusula com promissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória”. Ademais, a cláusula compromissória não pode mais ser qualificada como mero pré-contrato, na medida em que ela não consubstancia mais uma promessa de celebrar compromisso, mas sim uma promessa de instituir juízo arbitral. Pactuada segundo os ditames legais, será contrato existente e válido, já a sua eficácia está subordinada à existência do eventual litígio, ou seja, há condição suspensiva.
Ainda, a cláusula compromissória pode ser tida como universal, parcial ou singular (descreve minuciosamente o motivo):
Universal: qualquer conflito oriundo do contrato será levado ao juízo arbitral; 
Parcial: apenas os problemas decorrentes de uma ou mais cláusulas do contrato.
Singular: a dificuldade que poderá ser arguida em sede arbitral será minuciosamente descrita. 
#o ideal é que seja universal, porque se não você vai ter que fazer duas demandas, uma sendo dependente da outra, o que atrasaria o processo. Pois uma clausula se soluciona por arbitragem, mas talvez ela precise de outra clausula para ser interpretada.
17. REQUISITOS DA CLÁUSULA ARBITRAL
O fato de o caput do artigo 4o referir-se a um contrato mostra desde logo que a cláusula arbitral não pode ser ampla a ponto de submeter os signatários à arbitragem para todo e qualquer conflito em que se envolverem: a limitação natural da contratação está ancorada a uma relação jurídica determinada. Em relação à forma, determina a Lei brasileira seja a cláusula celebrada por escrito.
O §2o do artigo 4o trata dos contratos de adesão: São duas as hipóteses com que lida o parágrafo: a primeira determina que a eficácia da cláusula fica condicionada à iniciativa do aderente; a segunda prevê que a cláusula será eficaz desde que haja expressa concordância do aderente, concordância que será manifestada por escrito em documento que se reporte ao contrato a que se refere a cláusula ou então através do destaque da cláusula do contrato, com visto especial. A primeira hipótese contém fórmula que efetivamente protege o contratante mais fraco, pois a inclusão da cláusula no contrato, por imposição do proponente, não conduzirá necessariamente à solução arbitral de futuro e eventual litígio. A segunda hipótese lançada no §2o decorre de subemenda apresentada na Câmara dos Deputados, em que objetivava-se aumentar a garantia do aderente contra eventuais abusos do proponente. Porém, o resultado obtido com o acréscimo foi exatamente o contrário do que queria o legislador, visto que não traz garantia alguma ao aderente, que continuará sujeito à vontade do contratante mais forte. (mitiga-se o risco com o artigo 51, VII, do Código de Defesa do Consumidor, que considera abusiva a cláusula que determine o uso compulsório da arbitragem.)
IV - COMPROMISSO ARBITRAL
O compromisso arbitral, que pode ser judicial ou extrajudicial, dependendo do local em que for celebrado, é conceituado pelo art. 9o da Lei de arbitragem da seguinte forma: “Art. 9o O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial.”
Acerca das já citadas espécies de compromisso, o §1o do art. 9o estabelece que “o compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda” e o §2o que “o compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público”. Ressalte-se que, mesmo que o processo judicial esteja tramitando, ainda assim é possível a celebração do compromisso arbitral, tendo como prazo o trânsito em julgado. É permitido, ainda, que as partes celebrem um compromisso apenas para discutir o quantum debeatur, restando para o árbitro apenas a tarefa de apurar o valor devido, uma vez que o dever de indenizar já foi objeto do compromisso.
O artigo 10 da Lei de arbitragem determina quais são os seus elementos obrigatórios. Tratando-se de ato solene, a falta de qualquer um dos dados relacionados nos quatro incisos do artigo resultará, em princípio, na nulidade do negócio jurídico de compromisso. A qualificação das partes deve ser tão completa quanto possível, com o objetivo de deixar de fora qualquer dúvida acerca da identificação dos contratantes. Segundo a nova sistemática legal, as partes poderão indicar diretamente os árbitros que haverão de decidir a controvérsia, ou então podem optar por apontar quem os nomeará. Quanto à matéria, o texto legal exige que seja abandonada a expressão “objeto do litígio”, para que conste a matéria que será objeto da arbitragem. Deve constar obrigatoriamente do compromisso, para que se saiba se a arbitragem será nacional ou não, o local onde a decisão arbitral haverá de ser proferida. Já o art. 11 da Lei de Arbitragem traz algumas informações que seriam facultativas:
No caso de arbitragem ad hoc, é de suma importância se estabelecer as regras procedimentais que deverão ser utilizadas pelo árbitro. Os honorários do árbitro somenteserão fixados no compromisso se se tratar de arbitragem ad hoc, pois, na arbitragem institucional, deverá ser observada a tabela de honorários da instituição que administrará o feito.
Realizado o compromisso, poderão as partes dar início ao processo arbitral imediatamente.
18. CLÁUSULA ARBITRAL CHEIA
Será considerada cheia a cláusula arbitral que possui o quanto necessário para se dar início a arbitragem. Ou seja, as disposições contratuais que contenham os elementos previstos no art. 5° da Lei 9037/2006. As partes ao indicarem a instituição para administrar a arbitragem, não precisaram prever mais nada, pois, o regulamento de cada entidade contém todas as regras e providências a serem adotadas pelas partes ao pretenderem instaurar a arbitragem diante da existência de um conflito. Cumpre ressaltar que é comum a sugestão pelas próprias instituições de modelos de cláusula a serem incluídos nos contratos, inclusive disponibilizando a redação nos respectivos sites ou material de divulgação. Ademais, as partes podem ir além, aproveitando a liberdade de contratar para estabelecer diversas outras regras relativas à organização e ao desenvolvimento da arbitragem. Portanto, as partes podem desde então estabelecerem a quantidade de árbitros, respeitando a regra de serem sempre em número ímpar e cumprimento com os requisitos de sua indicação (experiência mínima na matéria, qualificação acadêmica), regras específicas para a forma como determinados atos serão praticados no curso do procedimento, restrições à autoridade do árbitro (limitação ou exclusão das tutelas, por exemplo), e outros detalhes pertinentes ao desenvolvimento da arbitragem.
As partes podem ainda estabelecer:
A escolha da lei aplicável, permitida a opção pelo julgamento com base na equidade
A sede e o local de desenvolvimento dos atos procedimentais
O prazo para a apresentação da sentença arbitral
O idioma a ser utilizado no procedimento, caso exista duas, qual prevalecerá em casos de dúvida
A responsabilidade pelo pagamento das despesas com o procedimento, inclusive estipulando honorários dos árbitros, conforme estabelecido no art. 11 da Lei 9307/96
Frisa-se que contratantes devem estar atentos as inclusões de tudo o que for pertinente à adequada fluidez do procedimento e à apropriada valorização da qualidade do julgamento, pois, caso as previsões não sejam harmônicas ao regulamento da instituição eleita, estará diante de uma cláusula patológica.
As partes podem ainda estabelecer por cláusula compromissória a arbitragem ad hoc. Indispensável, porém, ao menos a especificação dos critérios para a instauração do procedimento, para viabilizar o início da arbitragem. Sendo necessário, para tanto, a o detalhamento dos mecanismos para a nomeação do árbitro, pois, sem essa previsão e diante do desacordo entre as partes não se formará a relação, e, pois não se terá a jurisdição arbitral imediata (e assim será considerada vazia a cláusula). Regulamentada a indicação do árbitro esse será investido nas suas atribuições jurisdicionais tão logo manifestada a aceitação do encargo.
Diante de um conflito relativo a um contrato no qual consta a cláusula compromissória cheia, a instauração do procedimento arbitral é direta, sem necessidade da passagem pelo judiciário, e será feita de acordo com as regras previstas pelas partes diretamente ou de forma indireta, ao indicarem a instituição arbitral com regulamento próprio.
19. CLÁUSULA ARBITRAL VAZIA
Também é chamada de cláusula em branco, como o próprio nome sugere, a previsão da arbitragem desta forma traz uma lacuna quanto à forma de instauração do procedimento arbitral, que deverá ser suprida por compromisso arbitral quando do surgimento do conflito, celebrado pelas partes diretamente, ou por intermédio do judiciário. Cumpre ressaltar que mesmo diante de uma cláusula compromissória vazia já há pelas partes a renúncia à jurisdição estatal quanto a matéria objeto do contrato, e esta iniciativa vincula os contratantes. Somente não se terá a instauração imediata da arbitragem, se, pelas características da cláusula, esta se mostra inviável diante da falta dos elementos necessários para tanto. Ou seja, a cláusula em branco, segundo Cahali, possui como consequência a inviabilidade da pronta provocação do juízo arbitral. E a solução diante desse problema é trazida pela lei, a qual aduz que para esses casos, necessário se faz a celebração de compromisso arbitral pelas partes. Esse compromisso deverá ser buscado primeiramente por provocação extrajudicial da parte interessada à outra, objetivando o ajuste consensual. Frustrada essa iniciativa, por desacordo ou simples omissão do convocado abre-se à parte o direito de propor a ação desde que específica para esse fim.
20. CLÁUSULA ESCALONADA
Nas palavras de Cahali, a cláusula escalonada “consiste na previsão expressa de busca pela solução da controvérsia por meio de mediação ou conciliação previamente expressa de busca pela solução da controvérsia por meio de mediação ou conciliação previamente a arbitragem ou em fase própria durante o procedimento, com suspensão deste.”
Fernanda Levy, por sua vez, identifica a cláusula escalonada como sendo “estipulações contratuais que preveem fases sucessivas que contemplam os mecanismos mediação e arbitragem para solução de controvérsias. A cláusula em questão, se mostra pertinente, nos contratos que possuem longa duração e certo grau de complexidade. Tendo como atrativo a possibilidade de soluções consensuais para as divergências que possam vir a surgir durante o procedimento. Em regra, recomenda-se que as partes se submetam a conciliação ou mediação prévia, porém, algumas cláusulas indicam a necessidade de tentativa de autocomposição como requisito à instauração do procedimento arbitral, ou seja, como condição para que a arbitragem seja iniciada. Ultrapassada a questão acima, passa-se a análise da possibilidade de a parte provocar diretamente a instauração da arbitragem, ou se está iniciativa ficará vedada pela cláusula escalonada. Como no cenário atual busca-se cada vez mais o meio amistoso, a tendência seria considerar impedido o acesso à arbitragem enquanto não cumprida a etapa voluntariamente eleita pelas partes.
21. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO
Com a cláusula de eleição de foro, os contratantes optam por um foro que seja mais conveniente para dirimir os conflitos que possam exsurgir do contrato, no caso de competência relativa. No caso de haver, em um mesmo contrato, cláusula de eleição de foro e cláusula compromissória, a doutrina é uníssona no sentido de que a cláusula compromissória se sobrepõe à cláusula de eleição de foro. Isso porque, sempre que se tem cláusula compromissória, há de se presumir que a vontade das partes foi justamente a de se afastar a atuação da jurisdição estatal. Essa questão, inclusive, já foi decidida pelo STJ, tendo sido ementada a decisão assim: “a cláusula de eleição de foro não é incompatível com o juízo arbitral, pois o âmbito de abrangência pode ser distinto, havendo necessidade de atuação do Poder Judiciário, por exemplo, para a concessão de medidas de urgência; execução da sentença arbitral; instituição da arbitragem quando uma das partes não a aceita de forma amigável”.
22. EXTINÇÃO DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM (artigo 12 da Lei de Arbitragem)
A escolha de determinado árbitro é, por vezes, o fator determinante que conduz as partes à solução arbitral de um litígio. Este apontamento personalíssimo, a especial confiança que o árbitro inspira às partes, terá sido fator determinante para a realização do julgamento fora da supervisão estrita do poder judiciário, de modo que, faltando aquele específico árbitro, desaparecerá o motivo que terá levado as partes a escolher a arbitragem. Levando em consideração esta situação, o legislador estabeleceu uma exceção à regra de que, na falta de acordo para substituição do árbitro que não possa assumir o encargo, fará decidir o impasse pelo poder judiciário. Assim, em pelo menos dois momentos poderá fracassar o compromisso de cunho personalíssimo:antes de iniciar-se o processo arbitral (o árbitro, instado a manifestar sua concordância com o exercício da função, recusa o encargo) ou depois (o árbitro, que aceitou o encargo, torna-se por qualquer motivo impossibilitado de proferir seu laudo ou seu voto).
No primeiro caso, não chega sequer a instituir-se o juízo arbitral; no segundo, extingue-se o processo arbitral sem o julgamento do mérito.( é evidente que o direito material das partes ainda poderá ser tutelado, porém, apenas pelo Poder Judiciário, salvo se decidirem reiniciar o processo arbitral.)
23. CLÁUSULA ARBITRAL PATOLOGICA. 
“Cláusulas compromissárias mal redigidas, que são ambíguas, obscuras e contraditórias, ou seja, de difícil interpretação.” ”Aquelas avenças inseridas em contrato que submetem eventuais litígios à solução de árbitros, mas que, por conta de redação incompleta, esdrúxula ou contraditória, não permitem aos litigantes a constituição de órgão arbitral, provocando dúvidas que leva as partes ao Poder Judiciário para a instituição forçada da arbitragem.”. 
As cláusulas patológicas se dividem em três espécies, sendo elas: cláusulas patológicas vazias, ambíguas e contraditórias. 
Cláusulas Patológicas Vazias: (diferente da clausula vazia em si que apenas delega a arbitragem como o meio de solução de conflitos, a patológica é como se fosse uma cláusula cheia, porém defeituosa.) Segundo Carmona, mesmo que a cláusula patológica vazia afaste a competência do poder judiciário, não prevê método e nem critério de nomeação de um árbitro ou painel arbitral, sendo necessário recorrer ao judiciário, caso as partes não entrarem em um acordo. 
Será considerada como cláusula vazia aquela que indica o mecanismo de resolução de conflitos conforme convencionarem as partes. Como exemplo temos: “Fica expressamente convencionado que, caso surja qualquer controvérsia ou divergência quanto à interpretação dos termos e condições da presente apólice, assim como na evolução, ajuste e/ou liquidação de qualquer sinistro, estas deverão ser submetidas à decisão de um ‘árbitro comum’ que o segurado e a seguradora nomearão conjuntamente.” Outro exemplo seria a cláusula que nomeia mais de um árbitro, porém nenhum deles aceita o trabalho ou não podem fazê-lo. O mesmo ocorre quando indica um órgão inexistente ou há indicação imprecisa e insuficiente do órgão escolhido. Logo, em ambos os casos citados, não seria possível nomear um árbitro, salvo por acordo entre as partes. Há hipóteses, onde é clara a intenção das partes em adotar a arbitragem, porém, a cláusula contém informações imprecisas. Todavia, se mesmo assim for possível extrair a intenção das partes, não é preciso levar o conflito ao judiciário, visto que já abarca o efeito de convenção. Podemos citar como exemplo a cláusula que institui a CCI com “sede em Genebra” como câmara arbitral, porem o CCI não fica em Genebra, aplicando ainda assim as regras do CCI, visto que resta claro qual o órgão que as partes escolheram, não gerando a invalidade da cláusula. Outro caso, aplicado nas arbitragens internacionais, ocorre quando não é indicada a lei que aplicável ao procedimento ou não é escolhida a sede do conflito. Sendo este um exemplo: “Any disputes arising from the interpretation of the present contract will be settled by an arbitral tribunal sitting in a country other than that of each of the parties”
Em todos os casos acima, mesmo havendo problemas, as cláusulas são suficientes para afastar o poder judiciário do conflito, gerando efeito obrigacional. Porém, não são suficientes para que o procedimento seja instaurado sem a intervenção do judiciário.
Cláusulas Patológicas Ambíguas: São cláusulas que geram dúvidas quanto à intenção das partes. As cláusulas ambíguas mais comuns são as que inviabilizam o uso da arbitragem, pois dão caráter alternativo ou opcional a ela, não vinculando as partes por não serem mandatórias. O TJMG entendeu que para entender que uma cláusula é compromissória, não há necessidade de haver referência expressa à adoção, bastando que seja clara a vontade das partes sobre a adoção. Visto que não há um modelo padrão de cláusula compromissória. 
O uso de termos como “será adotado preferencialmente o procedimento” ao invés de usar o termo “deverá”, não deixa claro a obrigatoriedade da adoção da arbitragem, que no caso não seria vinculativa. O uso de palavras que faz facultativa a arbitragem enfraquece a cláusula, como nos exemplos: “50.1. Os eventuais conflitos que possam surgir entre as PARTES em matéria de aplicação, interpretação ou integração das regras por que se rege a CONCESSÃO ADMINISTRATIVA serão resolvidos por arbitragem (...) 50.1.4. A resolução por meio de arbitragem de eventuais conflitos que possam surgir entre as PARTES em matéria de aplicação, interpretação ou integração das regras por que se rege a CONCESSÃO ADMINISTRATIVA não excluirá a apreciação destes conflitos pelo Poder Judiciário, nos termos do Inciso XXXV, do artigo 5.º da Constituição Federal.” e “2.11. Em caso de fracasso nas negociações, a parte interessada poderá acionar o mecanismo de arbitragem previsto nesta cláusula, para fins de solução de controvérsias (“Arbitragem”).”. Poderá haver também uma cláusula facultativa no compromisso, ou seja, coloca-se uma condição para que a arbitragem seja adotada. Segue os exemplos a seguir: “[a]s dúvidas ou divergências surgidas desse Acordo de Acionistas deverão ser resolvidas por mediação ou arbitragem, nos termos da lei; exceto quanto ao previsto na Cláusula Oitava.”.
“Com efeito, o fato de não haver exclusividade para a instauração da arbitragem lhe retira por completo o caráter obrigatório de submissão das eventuais e futuras disputas ao processo arbitral. Nesse passo, conquanto seja certo que a escolha da arbitragem como meio alternativo de solução de controvérsias é sempre voluntária, não é menos correto que a cláusula compromissória somente se perfaz, validamente, se for ajustada com força obrigatória.”.
Outro exemplo de vício está relacionado à nomeação dos árbitros pelas partes. Podendo até mesmo gerar confusão se foram nomeados árbitros ou peritos, conforme o presente texto: “Caso não seja acordado tal valor dentro de 30 (trinta) dias, as partes nomearão dois avaliadores (um indicado por cada parte), que apontarão um terceiro, se necessário for, e no prazo de no máximo 60 (sessenta) dias apresentarão o valor de mercado para a(s) Empresa(s). A decisão dos avaliadores será final, definitiva e acatada pelas partes.”. Devendo, no caso, ser observado a natureza que a decisão terá, se ela seria vinculante e definitiva ou não, versando, portanto, da nomeação de árbitros. Outro erro comum ocorre quando a cláusula dispõe que o juiz deve nomear o árbitro, porém ele não tem o poder para tanto.
A cláusula mal escrita pode gerar dúvidas em relação ao objeto no qual a arbitragem recai. Como exemplo, podemos citar uma convenção referente a questões sobre a execução do contato, em um conflito sobre questões referentes à resilição, não sendo claro se ele seria vinculado à arbitragem ou não. Segundo Selma M. Ferreira Lemes, essa cláusula só teria efeito obrigatório quanto as questões explicitas para tanto, não se aplicando a resilição; precisando da intervenção judiciária antes da sentença arbitral ser proferida. O mesmo ocorreu no trecho a seguir: “The validity and construction of this Agreement shall be governed by the laws of the Canton of Geneva, Switzerland, or (d’un pays arabe) or both”
Pode haver também vicio na cláusula ao nomeia uma entidade, mesmo querendo usar as regras de outra. Fato que pode gerar conflitos, visto que tem órgãos que não utilizam procedimentos diferentes dos deles e, outros sua estrutura pode ser incompatível com as regras que querem utilizar. Como é o seguinte caso: “Any controversy or claim arising out of or relating to this Agreement or the breach hereof shall be settled by arbitration in Seoul, Republic of Korea before the Korean Commercial Arbitration Tribunal by a single arbitrator in accordance with the Rules of Conciliationand Arbitration of the International Chamber of Commerce. Judgment shall be final and binding on the parties.”.
Há ambiguidade também em relação a traduções equivocadas de cláusulas compromissórias internacionais. Tal questão pode ser levada ao judiciário, podendo até tirar a natureza obrigatória da arbitragem.
Cláusulas Patológicas Contraditórias: Trata-se de previsões conflitantes quanto a submissão a arbitragem ou que a cláusula seja incompatível com a intenção das partes. 
Esse é o caso da cláusula que institui a arbitragem e o poder judiciário como competentes para o conflito. O uso dos dois meios de resolução de conflitos enfraquece a cláusula, visto que o interesse da arbitragem é renunciar da jurisdição do estado. Deixa dúvida quanto a competência de cada um, visto que, como prevê os dois, não se pode abrir mão e nenhum deles. Porém Carmona entende que: “o antagonismo, como se verá, é apenas aparente, pois o Poder Judiciário poderá ser chamado a atuar ainda que o contrato contenha cláusula compromissória”.Logo, se redigidas da maneira correta, as clausula arbitral e de eleição de foro não são antagônicas, segundo ele. 
 24. A AÇÃO DE EXECUÇÃO ESPECÍFICA DA CLÁUSULA COMPROMISSORIA VAZIA. (ART.7 DA LEI DE ARBITRAGEM.)
A clausula compromissória e o compromisso arbitral se diferenciam por uma questão temporal quanto ao surgimento do conflito, ou seja, fala-se em cláusula arbitral ou compromissória quando as partes convencionam anteriormente ao surgimento de qualquer conflito que o mesmo será solucionado pela arbitragem, ao passo que se fala em compromisso arbitral quando na existência do conflito, as partes pactuam entre elas que este será solucionado pela arbitragem. A problemática que surge quando as partes ao estabelecerem essa cláusula no contrato deixam de observar os requisitos mínimos previstos no art. 10 da Lei de Arbitragem como, por exemplo, a forma de indicação dos árbitros, o local, a matéria etc, configurando, assim a chamada cláusula arbitral vazia ou em branco.
Quando isso acontece, compromete-se não apenas a solução arbitral, visto que inviabiliza a pronta provocação do juízo arbitral, mas também gera burocracia, visto que as partes passam a ter, necessariamente, que firmar antes da instauração arbitral o compromisso arbitral. Francisco José Cahali: “Apenas não se terá a instauração imediata da arbitragem, pois, pelas características da cláusula, esta se mostra inviável diante da falta de elementos necessários para tanto. Ou seja, a cláusula em branco tem como consequência a inviabilidade da pronta provocação do juízo arbitral.
E a lei traz a solução: para estes casos, necessária se faz a celebração pelas partes de um compromisso arbitral.” Este compromisso vai ser buscado primeiramente por provocação extrajudicial da parte interessada à outra, objetivando, ajustar consensualmente os requisitos exigidos para que se possa dar início à arbitragem, conforme exige o art. 6º da Lei de Arbitragem. Sendo assim, havendo a solução consensual entre as partes, projeta-se a instauração do juízo arbitral nos limites do ajustado do compromisso entre as partes, por força do princípio da autonomia das partes. Contudo, prevendo a hipótese de restar frustrada essa tentativa dispõe o § único do art. 6º da Lei de Arbitragem:
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da causa.”
Essa ação específica é chamada de EXECUÇÃO ESPECÍFICA DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA OU ARBITRAL VAZIA prevista no art. 7º da Lei de Arbitragem.
Para o seu cabimento é preciso que a parte interessada demonstre em juízo que efetivamente foi à outra parte convocada para firmar o compromisso, sob pena de ter o processo extinto sem resolução de mérito por falta de interesse de agir, nos termos do art. 485, inciso VI do NCPC. 
No que tange a convocação extrajudicial, a lei dispõe no Art. 6o. A forma da notificação à outra parte, como disposto no texto legal supracitado, é livre, podendo ser feita de qualquer modo, exigindo-se apenas a comprovação de recebimento. Quanto ao meio de notificação, segundo Carmona, “não está descartado o FAC-símile (que comporta demonstração – embora ainda não completamente segura – de envio e recepção) e o telegrama como aviso de recebimento. Não determinando a lei que a comunicação seja escrita, pode-se cogitar da utilização de via eletrônica (e-mail), preocupando-se, porém, o interessado de munir-se de prova do recebimento da mensagem pelo destinatário”. Ao convocado, caberá comparecer e firmar o compromisso proposto, com os detalhes que ajustarem (tudo se resolve e projeta-se a instauração do juízo arbitral nos limites do ajustado no compromisso firmado entre as partes, nos termos do art. 10 e 11 da lei 9307/96.); mas se comparecer, porém recursar a assinatura do compromisso ou não comparecer dispensa-se a análise ou debate do conteúdo da insurgência do convocado com o compromisso proposto. A recusa relativa a instituição da arbitragem ou referente aos detalhes do compromisso, como indicação de instituição, represente direito potestativo nessa oportunidade, e a ausência do convocado ao evento marcado, reflete a intenção de rejeitar o compromisso proposto, sem necessidade de justificativa. Se infrutífera a realização do compromisso supracitado, e independentemente de seu motivo, restará a parte promover a ação específica para obter resultado que se buscava extrajudicialmente.
 José Cretella Neto: “O Poder Judiciário somente poderá ser acionado, no caso do artigo em tela quando uma das partes provar que convocou a outra e esta não atendeu à convocação ou se recusou a firmar o compromisso, extrajudicialmente. Se o interessado o fizer, desatenderá um dos requisitos da ação (interesse em agir), e o juiz extinguirá o processo sem apreciar o mérito.” Enfatiza-se, todavia, que a ação de execução específica da cláusula arbitral vazia serve meramente para viabilizar a utilização da arbitragem na solução do conflito instaurado, em consonância a essência pela qual foi pactuado o contrato entre as partes, diante da resistência ou impasses surgidos na instauração do juízo arbitral e não para julgar o mérito do conflito. Por isso, nesta ação, é concedido ao juiz o poder de preencher as lacunas da cláusula vazia do contrato, mas tão somente para se instituir a arbitragem como o meio de solução de conflito. Porém, nada impede que durante a fase judicial haja a conciliação ao objeto de todo o litígio e sobre isso que explicita o §2º do art. 7º da Lei de Arbitragem.
Firmar compromisso, por certo, não é imprescindível à instituição de arbitragem, vez que insiste a lei o sentido de que o interessa será instado a comparecer em dia, hora e local certos para firmar o compromisso arbitral. Para Carmona, o legislador disse mais do que devia, pois, se o compromisso não é imprescindível para a instauração da arbitragem, bastaria que as partes indicassem o árbitro, para que este, aceitando o cargo, pudesse dar início ao procedimento arbitral. Essa situação, implicaria, inclusive, a reunião das partes em local certo, em princípio, pelo contratante que tomar a iniciativa de notificar o adversário, o que pode ser fonte de abuso. Carmona não dispensa o fato de que pode ocorrer dificuldades operacionais que porão a perder as vantagens da solução arbitral, como ocorre na arbitragem internacional, onde uma das partes podera ser sobremaneira prejudicada se tiver de deslocar-se para firmar o compromisso, enquanto na arbitragem nacional pode o interessado notificar o adversário para firmar o compromisso em local de sua exclusiva conveniência. Diante do que foi discutido acima, conclui-se que não será necessário firmar compromisso, de sorte que, encontrando as partes um mecanismo de indicação dos árbitros, isso bastará para que esses ao aceitar o cargo, deem inicio a arbitragem. E quanto a local da reuniãopara a qual será convocada aparte a fim de “celebrar o compromisso”, na dicção da lei, não poderá ficar ao alvedrio do notificante, de tal forma que, nada prevendo a cláusula (e na falta de melhor critério), deverá ser escolhido um lugar que se situ pelo menos dentro dos limites da comarca onde seria originalmente proposta a demanda judicial se não houvesse o recurso de arbitragem.
Daí então, existindo consenso entre as partes, mesmo diante de uma cláusula vazia, nada impede que sejam, de comum acordo, contemporaneamente ao conflito, estabelecidos os critérios para a instalação do juízo arbitral. Assim, bastará consenso de instituição arbitral para se viabilizar o acesso à plataforma de julgamento desejada na cláusula, e se não encontrarem as partes outros meios de ultrapassar esta fase inicial de arbitragem vinculante, porém ainda com acesso inviável é que se faz necessário buscar o compromisso através da convocação extrajudicial.
Assim, logo que autor ingressa em juízo e resta verificado os requisitos da ação, diga-se a regularidade da notificação, a omissão ou recusa da outra parte, o contrato contendo a cláusula arbitral e as exigências do art. 319 do NCPC, o juiz manda citar o réu para que compareça a audiência de conciliação a fim de lavrar-se o compromisso. Perceba que é a finalidade da audiência é para lavrar o compromisso e não apresentar contestação, eis que a como já foi esclarecido à finalidade desta ação não é adentrar ao mérito do conflito, mas fazer com que o convocado concorde com os termos do compromisso para a instauração do procedimento arbitral. Daí a perspectiva de se ter uma participação contributiva do réu para a adequada elaboração do compromisso. Mas atenção, o direito de defesa, enquanto apresentação de contestação ao pedido em toda e qualquer extensão não pode ser mutilado. Pois bem, retomando o procedimento, se o autor deixar de comparecer a audiência injustificadamente, há a extinção do processo sem resolução de mérito, mas se for o réu, o juiz irá apenas ouvir o autor e proferir a sentença. Comparecendo, no entanto, ambos a audiência, o juiz vai tentar fazer com que eles cheguem a um acordo comum sobre os termos do compromisso. Na ausência do acordo, o juiz vai ouvir o réu (toda a matéria relativa a sua discordância com o compromisso pretendido) seja na própria audiência ou dentro de um prazo de 10 dias e proferirá a sentença. A sentença que julga procedente o pedido autoral passa a valer como compromisso arbitral, pois a sentença integra-se a cláusula, suprindo a manifestação de vontade ou superando o impasse, formando, por consequência, a composição de um todo que irá viabilizar a arbitragem. Daí por que se fala em jurisdição estatal integrativa. Caso a sentença indique o árbitro, necessário se faz a aceitação deste, a ser buscada pelo interessado. E optando a decisão pela arbitragem institucional, caberá à parte provocar o início do procedimento de acordo com o respectivo regulamento. Ao se optar pela arbitragem ad hoc, é indicado ao juiz que conste na sentença critérios para a substituição do árbitro, evitando-se, assim, a necessidade de nova ação com este objetivo, que se faz na forma do art. 7º em exame, por força do previsto no §2º do art. 16 da Lei de Arbitragem.
No que diz respeito ao valor da causa a ser fixado na ação de execução específica da cláusula compromissória vazia a maior parte da doutrina se posiciona que este deverá ficar a critério do autor.
Quanto à condenação em sucumbência, aplica-se o disposto no art. 85, §8º do NCPC. 
25. DOS ARBITROS:
A correta designação do neutro que, em procedimentos arbitrais, tem o papel de decidir o litígio é “árbitro”. A expressão ‘juiz arbitral’ é uma teratologia que jamais deve ser utilizada.
A função de árbitro é temporária: o cidadão se torna árbitro no momento em que é nomeado para decidir uma demanda e deixa de sê-lo no momento em que profere a sentença arbitral.Desse modo, ninguém é árbitro permanentemente (e, certamente, ninguém é ‘juiz arbitral’!).Por ser uma função efêmera, não constitui uma profissão e, portanto, nada justifica a emissãode ‘carteira de identidade de árbitro’. Aliás, tais carteiras só servem para mostrar a falta deconhecimento ou de boa fé de seus portadores.
A expressão “tribunal arbitral” é um termo de arte que designa um colegiado temporário, formado por três ou mais árbitros, nomeados para, coletivamente, decidir um litígio. O tribunal arbitral não deve ser confundido com a entidade arbitral, essa sim, uma instituição permanente. Vale notar que o tribunal arbitral também não é um órgão recursal da arbitragem. Quando escolhem a arbitragem, as partes pactuam se o litígio será decidido por árbitro único ou colegiadamente, por três ou mais árbitros. Feita a escolha pelas partes, tanto o árbitro que decide monocraticamente quanto o tribunal arbitral exercem exatamente o mesmo papel de julgamento originário do feito, e ambos encerram suas funções com a prolação da sentença arbitral.
25.1 QUEM PODE SER ÁRBITRO? Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes. (C
A doutrina majoritária adiciona, como requisito intrínseco da lei, que o árbitro deve ser alfabetizado, uma vez que a sentença arbitral deve ser prolatada por escrito e assinada. Como se vê, a lei não exige diretamente que o árbitro detenha qualquer qualificação especial, nem conhecimentos jurídicos e nem mesmo graduação em curso superior. Se desejarem, as partes podem, conjuntamente, estabelecer requisitos convencionais para a nomeação do árbitro, suplementando os requisitos legais. (exemplo, estabelecer cláusula compromissória, que só serão nomeados como árbitros advogados com mais de 15 anos de inscrição na Ordem e que nunca foram punidos por infração ético-disciplinar. Da mesma forma, o regulamento de arbitragem da entidade arbitral eleita pelas partes pode estabelecer requisitos adicionais à nomeação de árbitros. Nada obstante, recomenda-se muita cautela à parte que deseje incorporar esses requisitos suplementares em suas convenções de arbitragem, pois caso especifique muito será difícil encontrar tal arbitro, e caso não encontre o procedimento queda impossibilitado) Uma vez firmadas pelas partes, tais exigências devem ser observadas, sob risco de alegação de nulidade do procedimento arbitral. Na maior parte dos casos, a adequada eleição do regulamento de uma câmara arbitral séria já serve de mecanismo suficiente de controle, dispensando as partes da necessidade de pactuar quaisquer outros requisitos convencionais para a nomeação dos seus árbitros.
Ainda a exigência da capacidade plena, mostra-se coerente com a responsabilidade civil e penal que se impõe ao arbitro (art.17 da Lei 9.307). Relevante ressaltar que em função da atividade personalíssima desempenhada pelo árbitro, no exercício da jurisdição, necessariamente a indicação se fará na pessoal natural (pessoa física)inaceitável pessoa jurídica.
25.2 DA NOMEAÇÃO DO ÁRBITRO
Art. 13. § 1o As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos suplentes.
A despeito da possibilidade jurídica de se constituir um tribunal com cinco ou mais árbitros, tais composições são raríssimas no âmbito de procedimentos arbitrais brasileiros. Na prática, para a absoluta maioria dos casos, a decisão das partes é entre arbitragem por árbitro único ou por um tribunal arbitral composto por três árbitros. Não havendo consenso entre as partes quanto ao número de árbitros a nomear, tal determinação caberá à autoridade nomeadora indicada na convenção de arbitragem. Obviamente, na inexistência de autoridade nomeadora e de consenso das partes, a cláusula compromissória será vazia e, consequentemente, as partes terão que se valer da ação do art. 7o da Lei de Arbitragem. Os critérios que deverão nortear a decisão das partes quanto ao número de árbitros são basicamente os da complexidade, celeridade e custos. Quanto mais complexa for uma demanda, mais aconselhável é a opção por um colegiado, pois a deliberação

Continue navegando