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O Eletroencefalograma tem sua data de início no ano de 1929 com Hans Berger. Teve seu reinado pleno nas décadas de 50 e 60, caindo em desuso nos anos 70 com o advento da imagenologia. Hoje, 87 anos após sua descoberta, ressurge como um dinossauro no diagnóstico neurológico. Esta condição traz muitos questionamentos para médicos que seguem as normatizações da Medicina Ocupacional e no momento de pedir o exame, se depara com muitas perguntas como: O exame registra a atividade elétrica cerebral de que tipo? O que realmente se vê? Para que serve na prática? Essas perguntas não são respondidas integralmente na formação médica e muito menos nas especializações clínicas. Diante disso, decidimos resumir de forma didática neste manual as várias modalidades de possíveis resultados descritos nos laudos dos neurologistas e a tradução para a prática clínica, ou seja, o que é normal e o que é patológico que deve ser encaminhado. 3 Nos últimos 10 anos de acompanhamento clínico de exames de Eletroencefalograma realizados e enviados através da plataforma da Telemedicina Morsch, procuramos observar os principais resultados fornecidos nos laudos e as necessidades dos colegas em relação ao que fazer com o paciente avaliado. O objetivo desse manual não é um aprofundamento em Eletrofisiologia para falar dos princípios de geração do estímulo elétrico, não queremos ensinar como fazer ou como interpretar um exame, nem discorrer sobre a qualidade dos exames realizados ou mesmo separar na forma de Eletroencefalograma Clínico, Ocupacional ou com Mapeamento Cerebral onde a montagem para cada situação tem sua particularidade e pode ser estudada no nosso blog. Queremos fornecer de forma clara os possíveis resultados encontrados nos laudos e qual a conduta sugerida de acordo com a gravidade da alteração descrita. Descreveremos como é um Eletroencefalograma normal de adulto e o seu extremo, as principais alterações encontradas em um exame e as possíveis doenças envolvidas. Sempre que estivermos diante de uma investigação de doença neurológica com o exame de Eletroencefalograma, devemos lembrar que se trata de um exame funcional, não anatômico como uma tomografia ou ressonância e então separar em 4 hipóteses de investigação para formular um diagnóstico: 1 - Epilepsia 2 - Alterações da consciência – coma e morte cerebral 3 - Demências, declínios cognitivos 4 - Perturbações do sono A seguir mostramos uma breve descrição usada para formular os laudos dos Eletroencefalogramas. Neurologia Telemedicina Morsch 5 As condições descritas abaixo aparecem combinadas nos laudos de Eletroencefalogramas e a interpretação do conjunto nos fornece a presença ou ausência de patologias. ATIVIDADE DE BASE (AB) • Morfologia – sinusoidal ou em arco. • Frequência – pode variar de 8 a 35 Hz, conforme a banda de frequência. • Amplitude – baixa, variável dependendo da faixa etária. • Ritmicidade – presente ou ausente Distribuição espacial – posterior, centro- parietal, fronto-central, temporal. • Simetria e sincronia – sim, variável. • Reatividade – abertura dos olhos e atividade mental, atenuado com o movimento do membro contralateral, aumenta na sonolência e fases iniciais do sono, sincroniza com a estimulação luminosa intermitente. ATIVIDADES QUE INTERFEREM NA ATIVIDADE DE BASE Forma Transitória Complexo ou onda isolada dentro da atividade de base. Surto Grupo de ondas que aparecem e desaparecem dentro da atividade de base. Paroxismo Fenômeno de início abrupto, atinge rapidamente a amplitude máxima de onda e termina subitamente. BANDAS DE FREQUÊNCIA (HZ) = CICLOS/SEGUNDO • Delta: < 4 Hz ‘sempre patológico no adulto acordado’ • Teta: 4 – 8 Hz • Alfa: 8- 13 Hz • Beta: > 13 Hz 7 RITMO ALFA • Morfologia - Sinusoidal • Frequência - 8 a 13 Hz • Amplitude - Variável ( < 50 microvolts no adulto) • Ritmicidade - Sim • Distribuição espacial - Posterior • Simetria e sincronia - Sim • Reatividade - Abertura dos olhos e atividade mental, sincroniza com a estimulação luminosa intermitente. RITMO MIU COMO OUTRA ATIVIDADE DE FREQUÊNCIA ALFA • Morfologia - em arco • Frequência - 7 a 13 Hz • Amplitude - variável • Ritmicidade - sim ( < 50 microvolts) • Distribuição espacial - centro-parietal • Simetria e sincronia - variável • Reatividade - atenuado com o movimento do membro contralateral RITMO BETA • Morfologia - variada • Frequência - >13 Hz a 35 Hz • Amplitude – variável • Ritmicidade - sim ( < 30 microvolts) • Distribuição espacial - fronto-central • Simetria e sincronia - sim • Reatividade – aumenta na sonolência e fases iniciais do sono RITMO TETA “NORMAL” • Morfologia - variável • Frequência - 4 a 8 Hz • Amplitude - baixa • Ritmicidade - não • Distribuição espacial - temporal • Simetria e sincronia - sim • Reatividade – aumenta na sonolência e fases iniciais do sono 9 10 DISFUNÇÃO CEREBRAL DIFUSA A Disfunção cerebral difusa pode ser classificada em duas apresentações: Diminuição difusa da amplitude (depressão) • Ao se deparar com um laudo acima, é preciso pensar em: problema técnico, medicamentos depressores do sistema nervoso central, hipotermia e anóxia. Diminuição difusa da frequência (lentificação) • Quando receber este resultado, pensar em: encefalopatia metabólica, tóxica ou infecciosa, hipertensão intracraniana causada por uma hidrocefalia aguda ou edema cerebral, perturbações projetadas no córtex provenientes de estruturas subcorticais da linha média e auxiliar no diagnóstico inicial da Doença de Alzheimer. DISFUNÇÃO CEREBRAL FOCAL Também pode ser classificada em duas apresentações: Diminuição focal da amplitude (depressão) • Ao receber este laudo, pense em: lesão cerebral (AVC, tumor, abscesso, contusão), hematoma subdural e hematoma epicraniano. Diminuição focal da frequência (lentificação) • Diante de um laudo acima, pensar em: lesão cerebral ( AVC, tumor, abcesso, contusão), projeção cortical de estruturas profundas com atividade delta rítmica, intermitente frontal (FIRDA) ou atividade delta rítmica e intermitente occipital (OIRDA). 11 PADRÕES PERIÓDICOS Os padrões periódicos são divididos em 5 apresentações: Ondas trifásicas Quando presentes nos laudos devemos pensar em: • Encefalopatia hepática • Outras encefalopatias metabólicas • Uremia • Alterações hidroeletrolíticas • Hipercalcemia • Anóxia • Hipoglicemia • Hipertireoidismo • Intoxicação medicamentosa • Lesões cerebrais vasculares, tumorais, degenerativas, infecciosas Padrão surto-supressão Devemos pensar em: • Intoxicação aguda por barbitúricos ou depressores do sistema nervoso central • Encefalopatia hipóxica/ isquemia severa • Hipotermia severa PLEDS – (Descargas epileptiformes lateralizadas periódicas em um hemisfério cerebral) OU BI-PLEDS – (Descargas epileptiformes lateralizadas periódicas em ambos os hemisférios, assincrônicas) Para os PLEDS e BI-PLEDS Devemos pensar principalmente nas demências e os quadros que acompanham a Coréia de Huntington, Parkinson e múltiplos infartos cerebrais. Complexos periódicos na doença de DCJ (Doença de Creutzfeldt – Jakob) e sua variante Pensar em quadro específico de demência familiar. Observar o uso de baclofen e carbonato de lítio que simulam a doença. Neste caso a suspensão do medicamento normaliza a atividade. Complexos periódicos na PESS (síndrome epileptiforme) Para esse tipo de complexo, você deve pensar principalmente em epilepsias. 12 PADRÕES NO COMA Ritmo de frequência alfa coma Possibilidades diagnósticas: anóxia cerebral difusa, tóxica, metabólica e resultantes de lesão de tronco cerebral. ATIVIDADEEPILEPTIFORME Pensar em investigar os tipos de epilepsias, descrevemos abaixo as 6 apresentações principais:v AEF – Atividade epileptiforme focal A técnica utilizada para rastrear esse tipo de manifestação epiléptica envolve a realização de um Eletroencefalograma clínico de no mínimo 30 minutos, somado ao complemento de realizar o exame no período de sono também por 30 minutos. Petit maladie – Crises de ausência como epilepsia generalizada primária Nesta investigação, a técnica realizada é fundamental para separar as possibilidades de crise de ausência de epilepsia de lobo temporal ou frontal. Epilepsia “Rolandica” Condição benigna que ocorre na criança e adolescente e que desaparece ao entrar na fase adulta. O foco ocorre na região central ou temporal média. A identificação do dipolo é a principal característica para ser considerada benigna. Epilepsia do lobo temporal As crises parciais complexas da epilepsia do lobo temporal são as crises mais frequentes do adulto e geralmente rebeldes ao tratamento, sendo a lobectomia temporal um dos recursos terapêuticos, com excelentes resultados na maioria dos casos. O EEG apresenta focos na região temporal anterior. O que preciso saber sobre epilepsia? 13 Síndrome de Lennox-Gastaut Situação grave que ocorre em crianças ao redor de 2 anos com Encefalopatia epiléptica grave e retardo mental. Status Epilepticus Nos casos não-convulsivos pode haver dificuldade diagnóstica seja por crise parcial complexa ou por ausência. Esses pacientes são erroneamente diagnosticados como portadores de doenças psiquiátricas e nestes casos o Eletroencefalograma é imprescindível para o diagnóstico diferencial. 14 O acompanhamento de colaboradores nas diversas profissões é um verdadeiro desafio para o médico do trabalho. A necessidade crescente de contratação de pessoas altamente qualificadas para atividades de risco envolve uma triagem mais aprofundada da real condição de saúde para que o colaborador se exponha ao menor risco possível. O eletroencefalograma é dos exames funcionais utilizado para isso, mas nunca devemos esquecer do bom senso, de uma história clínica bem feita e de exames periódicos rotineiros. Está indicado realizar de rotina um eletroencefalograma na admissão e nos exames periódicos conforme a profissão desempenhada pelo colaborador. 16 A escolha de empresas de telemedicina é uma ótima forma de aumentar os lucros das empresas de medicina do trabalho e de engenharia e segurança do trabalho. Optando em contratar a Telemedicina Morsch, é possível receber o aparelho de eletroencefalograma em comodato, sem custo, pagando uma mensalidade acessível e ainda recebendo 30 laudos de cortesia mensal. VISITAR O SITE