Buscar

Módulo IV - CIT - Seminario IV_completo

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Módulo Controle da Incidência Tributária
Pós-graduando: Jordan Emanoel Ferreira da Paixão.
Módulo: IV – Controle da Incidência Tributária.
Seminário IV
IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Questões
Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria?
Imunidade tributária, para PBC, decorre da limitação imposta pela própria Constituição às competências tributárias. Ele informa que é a forma encontrada pela CF em retirar dos Entes tributantes o poder de alcançar os contribuintes em casos específicos. É a forma de cobrir com o manto da não-incidência certos fatos jurídicos-tributários. Ainda, para Clélio Chiesa imunidade é, simplificadamente, o i) conjunto de normas jurídicas ii) contempladas na CF e iii) que estabelecem a incompetência das pessoas políticas para instituírem tributos sobre certas situações nela (na CF) especificadas.
Imunidade tributária decorre da CF, enquanto a isenção vem de previsão legal infraconstitucional (e, basicamente, tem a mesma função da imunidade, só que em plano infraconstitucional). Já a não-incidência, é a prática do não alcance da legislação ao fato tributável. Neste último caso, não chega nem a existir o fato, por isso não há incidência. Nós casos da imunidade e isenção existem os fatos tributáveis, mas, por previsão legal, o fisco perde o poder de exercer sua competência, sendo que a imunidade decorre da CF e a isenção de benefícios fiscais infraconstitucionais, mesmo havendo a prática do fato previsto como tributável.
Para o Prof. Ricardo Lobos Torres, a imunidade, conforme informado por CHIESA, atinge impostos, taxas e contribuições. Já para Hugo Brito de Machado a imunidade se refere apenas aos impostos e não aos demais tributos. Eduardo Marcial Ferreira já entende que atinge a todas as espécies tributárias, quando observado o comando derradeiro do art. 151, I, CF. E é esse último entendimento que seguem PBC e Chiesa, que dispõem que a norma Constitucional não é limitante, que seu texto não pode ser apenas lido e levado ao pé da letra, mas sim interpretado de forma extensiva para atingir todas as modalidades tributárias.
As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna? As normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou dependem de regulamentação infraconstitucional?
Pelo conceito são cláusulas pétreas, já que são imutáveis, ou seja, não podem ser revogadas por emendas constitucionais.
As imunidades não representam um fim em si mesmas, mas, sim, tem uma finalidade social garantidora, servindo como instrumentos para a proteção ferrenha de direitos, garantias individuais e de valores que a Constituição considerou serem intocáveis, o que já informar a impossibilidade de sofrer revogação por EC (vide art. 60, §4º e incisos da CF/88).
As normas de imunidade são autoaplicáveis, pois elas são regulatórias e discriminatórias, dispondo os fatos e contribuintes que a tributação não pode atingir.
3.	Na sua opinião, são imunes (Justifique suas respostas): 
(a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II); 
A previsão legal do Texto Maior é que as normas de imunidade protegem as finalidades dessas entidades religiosas, no que se aplica às suas finalidades principais. Se os valores cobrados por esse serviço forem revertidos para investimentos voltados às entidades, sim, é perfeitamente possível afirmar que serão imunes.
(b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade (vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV); 
IPTU quem é o contribuinte? O proprietário. Quem é o proprietário neste caso?
Se o proprietário for algum dos quatro entes políticos (União, Estados, DF ou Municípios), serão imunes os imóveis que forem locados, independentemente para quem seja a locação, porque a imunidade para os entes políticos não tem limite. Agora, caso sejam os proprietários as entidades e autarquias públicas, a imunidade só lhes alcançará nos casos que sejam afetos à sua finalidade essencial: se esse patrimônio foi locado e o valor for revertido para custeio e uso em suas finalidades, pode-se afirmar que sim, que a imunidade lhe alcança. Do contrário, perde a eficácia a imunidade, caindo por terra tal benesse, devendo o fisco proceder com a fiscalização, autuação e tributação. Se foge de sua finalidade, perde a imunidade, conforme previsão do art. 150, §2º, CF.
Quanto aos cemitérios particulares, na minha concepção não há que se dizer em imunidade, nos casos que em haja cobrança de mensalidade das famílias dos defuntos (algo que não consigo “enxergar” de instituição que faça tal serviço “de graça”), vai haver a contrapartida contributiva. A contrário senso, o STF entendeu que seja possível, já que, para o Supremo os cemitérios se caracterizam como extensões das entidades religiosas quando se faz se faz a leitura conjunta dos arts. 5º, VI, 19, inciso I e art. 150, VI, “b”, CF.
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena (vide STF, Petição n. 3388, DJ 04/02/14); 
As áreas de reserva indígena ocupadas e sob posse dos grupos/ comunidades indígenas, o usufruto (exclusivo) das riquezas naturais e das utilidades existentes nas terras ocupadas, respeitadas as disposições contidas nos art. 49, XVI, e art. 231, §3º, CF, bem como a renda auferida pelos indígenas, gozam imunidade tributária plena, não devendo incidir a cobrança de quaisquer impostos, taxas ou contribuições – ampliando aos indígenas a Imunidade Recíproca.
(d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de concorrência (vide anexos V);
Será que a empresa que presta os serviços em regime de e em concorrência seria imune ao ICMS? No caso em espeque, vimos que a decisão do Supremo diz ser indissociável os serviços prestados pela ECT quanto aos transportes de encomendas.
A imunidade lhe assiste, porque o STF, por maioria de votos, entendeu que tanto os serviços privativos (serviços postais) quando os exercidos em regime de concorrência (encomendas) são abarcados pela Imunidade Recíproca (e esse é o único fundamento que enxergo para defender essa tese, porque, por ser uma empresa puramente pública seria impossível lhe tributar, pois seria o mesmo que os Estados cobrarem ICMS da União Federal – o que é incabível, por ser a ECT ligada à União, conforme se denota nos arts. 173 e 21, X, CF).
Fugindo um pouco dessa visão politicamente acolhedora da questão, imagino que os serviços prestados em regime de concorrência não poderiam ser operados pelos Correios, de modo a evitar esse embate, tendo em vista que é uma empresa pública que já atua em monopólio quanto às correspondências. Vou além: creio que o serviço dos Correios não deveria ser considerado como privativo à Entidade União, já que seria muito mais viável que fosse um serviço privatizado e devesse recair o ICMS para aumentar mais a arrecadação dos Estados.
O que assegura a ECT essa imunidade é que ela é uma empresa pública prestadora, essencialmente, de atividades tipicamente estatais outorgadas pela União. E isso dificulta a “tarefa” de vincular os Correios a serviços privados (encomendas) que, em tese, deveriam ser tributados. O que lhe protege é a Imunidade Recíproca advinda da União.
(e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista (vide anexo VI e VII);
No caso do anexo VI ocorre, basicamente, o caso da “d” (questão anterior), em que é uma empresa pública com prestação de serviços genuinamente atrelados ao Estado (no caso da Infraero a prestação de serviços de infraestrutura aeroportuária): é difícil desenquadrar esta empresa da imunidade recíproca, porque tem todas as características para ser imunizada, mesmo prestando serviços alheios à sua atividade-fim.
Como já dito
pelo STF, há a indissociabilidade do serviço prestado por esta empresa pública, o que traz à tona a Reciprocidade Imunizante, prevista no art. 21, XII, “c”, CF. o mesmo ocorre no caso no anexo VII: Imunidade Recíproca.
(f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo VIII). 
No caso em apreço, a hipótese é bem específica, porque o bem que, em tese, seria tributável é de propriedade/domínio de ente político imune (o que não depende de nenhum requisito para ter validade legal).
Aqui ainda temos o gravame de um contrato que prevê tal hipótese (encargos civis, administrativos e tributários), para cobrar o IPTU da concessionária, o que é incabível, já que a concessionária não é possuidora da propriedade e nem do domínio útil, deixando de existir a figura do contribuinte, conforme previsto no art. 32 e 34, CTN.
O contrato firmado entre o ente político e o particular não tem o condão de criar obrigações tributárias (hipóteses tributárias), sob pena de afronta ao Princípio da Legalidade.
4.	Considerando a imunidade recíproca, responda: 
(i) o fato de um imóvel de propriedade do ente público ter seu uso transferido a particulares gera repercussão direta na manutenção da imunidade? (vide anexo IX, X e XI) 
Gera a manutenção da imunidade, que não abraçará os fatos tributários praticados pelos terceiros/particulares. Nesse caso, a imunidade será perdida, pois ela só engloba os entes políticos e suas fundações e autarquias, enquanto os bens estiverem sob o domínio/propriedade do ente político, conforme previsão legal e jurisprudencial. Quanto às autarquias e fundações públicas, a imunidade lhes é garantida no que se refere ao patrimônio, renda e serviços ligados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, conforme previsão do art. 150, §2º, CF.
(ii) um automóvel alienado fiduciariamente por instituição financeira a município está imune ao IPVA? (vide RE 7271851 MG, disponível em www.stf.jus.br). 
É o Tema 685 do STF. A imunidade do IPVA se estende aos veículos adquiridos pelos municípios no regime de alienação fiduciária, conforme entendimento do Ministro Marco Aurélio. Importante observar que esse é o entendimento até maio deste ano, 2019 (RE 727.851).
A questão levantada pelo Estado de Minas Gerais foi de que a posse/propriedade do veículo automotor ainda é da instituição financeira, o que afastaria, em tese, a imunidade. Assim, não integraria o patrimônio do Município tal bem, a ponto de dever ser tributado. Só que ficou acertado o entendimento de que o bem já integraria o patrimônio, devendo ser imunizado, respeitando o Princípio da Imunidade Recíproca. Este entendimento também foi sedimentado pela Corte de Justiça Estadual Mineira.
Assim, no caso da pergunta 4.i) temos um fato em que o bem público está sendo alienado para entidades/pessoas privadas e na 4.ii) é o contrário: a entidade pública está adquirindo o bem, por isso recaindo a Imunidade Recíproca.
5.	Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material utilizado para sua comportá-los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676).
Apesar de a CF exprimir a frase “livros, jornais e periódicos e o papel destinado à sua impressão” (g.n.), vale o destaque em afirmar que o legislador Originário (do Texto Maior) quis externalizar a imunidade ao “meio”, ao veículo em que a cultura educacional seria levada.
Quando ele dispôs “o papel destinado” seria imune, ele olhou para o seu contexto social e histórico, mas não se limitou a ele. Ele buscou dar um valor à imunidade, expressando, entrelinhas, que a finalidade dessa imunidade é proteger a educação e, por isso, retirou a competência dos entes políticos de tributar tais materiais didáticos.
O legislador atravessou a concepção textual e deixou aberta a possibilidade de se ver imune os materiais didáticos, literários, enfim... mesmo sendo um texto legal que simploriamente se faz norma restritiva, ele alcançou o futuro, permitindo ser ampliado, grandiosamente, tal imunidade, que visa alavancar a cultura da leitura através da proteção dos materiais didáticos.
Conforme o enunciado dos julgados do RE nº 330.817 e 595.676, o Supremo amplia, assegurando a finalidade buscada pelo legislador originário, coadunando com o entendimento acima elaborado, ampliando a imunidade aos livros eletrônicos (e-books) e aos gadgets (equipamentos eletrônicos) que tenham finalidade didática (e-readers, seus componentes e seus equipamentos).
Se considerarmos que esse tablet seja para um leitor digital (especificamente apenas para fins didáticos), sim, é possível afirmar que estará imune. Agora, se considerarmos que este mesmo aparelho forneça mais funções (que não sejam pedagógicas), ele perde tal manto, devendo sofrer a tributação.
O que pode-se depreender desse questionamento é que a educação, assim como a sociedade e o direito em si, evoluem e precisam estar pareados com o cenário fático que o acompanha, andando junto ao desenvolvimento da sociedade a que essas leis regulam.
6.	No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV).
Dispõe o art. 150, IV, “c”, CF: é vedado aos entes políticos instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e serviços das instituições de educação e de assistência social (ambas sem fins lucrativos), atendidos os requisitos da lei.
Primeiro é importante relembrar que a lei infraconstitucional não confere imunidade, mas apenas tem o condão de estabelecer critérios para o seu gozo, sem a possibilidade de afetar a CF.
Instituição é um termo latu sensu, podendo ser interpretado por entidades, associação, sociedade, instituto etc. O caráter deve ser filantrópico, sem visar lucros; que sejam serviços prestados gratuitamente, independentemente da quantidade de pessoas (público) que se beneficiem desses serviços; seja a entidade pública ou privada, basta que cumpra os requisitos legais.
O STF, em sua jurisprudência, entende que o art. 203, CF, tem interpretação extensiva, sendo possível tais entidades prestarem serviços de saúde e educação (ADI 2.028), o que confronta a Lei 9.732/98, que restringe o entendimento.
O art. 14, CTN, deve ser observado, em conjunto com o disposto acima (art. 150, II, “c”, CF) para a aplicação da imunidade. São os requisitos: i) não distribuir patrimônio ou renda, não importa o título; ii) aplicar os valores totalmente no território nacional; e iii) escriturar os livros fiscais.
7.	Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas gerais de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei complementar federal.
O art. 146 da CF, reflete em seu texto que a Lei Complementar serve para estabelecer normas gerais de direito tributário. Quando observamos as doutrinas que lhe estudam, temos duas correntes no Direito Tributário:
a Dicotômica, que crê que a Lei Complementar do art. 146, CF, serve para duas funções, tomando base o art. 146, CF: i) dispor sobre conflito de competência e ii) regular limitações ao poder de tributar. Nesta, os incisos do art. 146, CF, não podem ser interpretados de forma isolada;
já na Teoria Tricotômica, além das duas funções acima, inclui-se a função de estabelecer normas gerais de direito tributário.
Para PBC (2015), se pensarmos que a norma é um juízo hipotético condicional (se ocorrer
o fato x, então deve ser a prestação y), formado por várias noções, é fácil concluir que nem sempre só um texto (de lei, p.ex.) será suficiente para transmitir a integridade existencial de uma norma jurídica. Às vezes, os dispositivos de um diploma definem algumas noções necessárias para a integralização do juízo e, ao tentar enuncia-lo verbalmente, expressando a correspondente proposição, encontramo-lo incompleto, havendo a premência de consultar outros textos do direito vigente.
Normas gerais de direito tributário são as regras trazidas por Leis Complementares, que visam estabelecer regras isonômicas de tributação para todo o território brasileiro; representando limitações ao exercício das competências tributárias, trazidas pelo legislador constituinte.
Lei complementar nacional é aquele signo jurídico (norma escrita) que traz regras gerais que atingem a todos os contribuintes e entes da federação, que se aplica em todo o território nacional: é como o Código Tributário Nacional (que é uma Lei Ordinária recepcionada pela CF/88 como LC), que tem valor para todos os contribuintes e Entes Políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Ela tem vigência geral, atingindo a todos.
Já a lei complementar federal é aquela regra geral que vigora para os casos tributários competentes à União Federal. Traz regras gerais relativas aos tributos vinculados à União, atingindo os contribuintes que praticarem fatos jurídicos tributários que estejam na competência federal: IR, ITR, II, IE etc.
8.	O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados na Constituição? Isso não violaria o princípio da autonomia das pessoas políticas? Considerar as recentes decisões proferidas pelos Ministros do STF no RE 566.622 e ADI´s 2028, 2036, 2228 e 2621.
A disposição da alínea “a”, art. 146, III, CF, é clara quando autoriza sobre a possibilidade da LC definir os FG, as BC e o sujeito passivo. Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. (RE 566.622 – Tese 32,), conforme decidido pelo próprio STF.
Não há violação da Autonomia das pessoas políticas, já que serão elas quem darão impulso à criação do Projeto de Lei Complementar, respeitando a sua competência, por óbvio. E, mesmo que houvesse invasão de competência, por exemplo, existem princípios que limitam a atuação de cada ente político, evitando desigualdades e preferência entre um ente e outro.
O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodução, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autorização.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando