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124005107-Caderno-Do-Professor


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caderno do professor
PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO PATROCÍNIO
APOIO FINANCEIRO
REALIZAÇÃO E DIREÇÃO 
APOIO
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LENA JESUS PONTE 
NADYA FERREIRA JESUS
caderno do professor
sumário
apresentação 4
cronologia ilustrada 6
o pintor do novo mundo 16
israel pedrosa
a restauração dos painéis guerra e paz 20
cláudio valério teixeira e edson motta junior
declaração sobre uma cultura de paz 23 
organização das nações unidas (onu)
propostas de atividades
 1. painéis da guerra e da paz 26
 2. o palácio gustavo capanema – arquitetura e arte 30
 3. mutirão do restauro 32
 4.“paz sem voz não é paz, é medo!” 34
 5. rap da paz 36
 6. haicai – poesia da delicadeza 39
 7.“o coração do mundo é a pulsação da gente” 41
 8. brincando de ser criança 45
 9. dançar a paz é mais gostoso 50
 10. de repente, o cordel 53
 11. “brigas nunca mais” 59
 12. “fui lata, hoje sou prata” 62
 13. a luta contra a guerra, a guerra pela paz 66
 14. “liberdade liberdade, abre as asas sobre nós” 71
 15. “a mão está sempre compondo” 76
notas 80
referências 80
Portinari pintando o painel Guerra 
no galpão da TV Tupi. 
Rio de Janeiro, 1955. 
4
Caros professores 
Vocês, com seus alunos, participaram das atividades do 
Programa Educativo Guerra e Paz – visitas guiadas para 
acompanhamento de fases do restauro dos painéis de 
Candido Portinari e oficinas de arte, realizadas no Ateliê 
Aberto, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, 
de fevereiro a maio de 2011.
Agora vocês têm em mão o Caderno do Professor, para 
o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas 
pela visita ao Ateliê Aberto. Este material, nas escolas, 
possibilitará a exploração ainda maior de toda a riqueza 
da obra de Portinari.
A primeira parte deste Caderno contém informações 
básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a 
história dos painéis Guerra e Paz, detalhando informações 
que já constavam do folder distribuído durante as 
visitas guiadas. 
A segunda parte oferece a vocês, professores, propostas 
de atividades discentes, de caráter interdisciplinar, 
abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História. 
A realização do projeto pedagógico que impulsiona a 
programação do Ateliê Aberto de Restauro dos painéis 
Guerra e Paz só foi possível com o patrocínio da 
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência 
de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia.
APrEsENtAção
5
As atividades deste Caderno destinam-se aos alunos do sexto ao nono ano 
do Ensino Fundamental, aos alunos do Ensino Médio e aos da Educação de 
Jovens e Adultos (EJA). Essa abrangência não constitui problema, do ponto 
de vista pedagógico, na medida em que as propostas de atividades possibi-
litam ao professor efetuar as adaptações que se façam necessárias – flexi-
bilizando, reduzindo, simplificando, desenvolvendo, aprofundando cada uma 
delas –, de acordo com o contexto de ensino-aprendizagem. 
As propostas têm como objetivo mais amplo estimular a solidariedade e a 
harmonia na escola e na família, contribuindo para promover uma cultura de 
paz na sociedade. É exatamente nesse sentido que se enfatiza a execução 
em grupo das atividades (estímulo à cooperação e à liderança positiva), bem 
como a participação integrada, em algumas propostas, dos diversos atores 
da comunidade escolar: diretores, alunos, professores, orientadores educa-
cionais, familiares. 
Os objetivos específicos consistem na ampliação do universo cultural dos 
alunos e no desenvolvimento das seguintes capacidades: atenção, obser-
vação, concentração, organização, disciplina, compreensão, interpretação, 
expressão e comunicação verbal e não verbal, relacionamento de fatos e 
ideias, análise, síntese, senso crítico, argumentação, pensamento criativo, 
colaboração, avaliação e autoavaliação, flexibilidade. 
Os três grandes eixos temáticos que norteiam todo o conjunto das atividades 
são a guerra, a paz e a arte de Portinari. Deixando claro que, coerentemente 
com os painéis do artista, abordamos “guerra” e “paz” de forma simbólica, 
como situações e contextos associados a esses conceitos. Assim, paz é har-
monia, fraternidade, justiça, tolerância, respeito, preservação, alegria; guerra 
é conflito, desunião, injustiça, intolerância, agressão, destruição, sofrimento.
As atividades propostas – pesquisa, leitura, entrevista, visita, análise de fil-
mes, produção de textos, confecção de trabalhos de artes plásticas, criação 
de coreografia, dramatização, produção musical, entre outras –, já diversifica-
das em função do próprio caráter interdisciplinar e da abrangência do público-
alvo, variam, também, quanto a ferramentas e recursos didáticos utilizados.
Concluindo, a obra de Portinari – em especial os painéis Guerra e Paz – ins-
pirou a concepção deste Caderno, cujas propostas de atividades abrem es-
paços de comunicação, construção, comunhão, respeito e liberdade – funda-
mentos de uma Cultura de Paz.
PROPOSTAS
DE AtiViDADEs
6
1903
Candido Portinari nasce a 30 de 
dezembro na fazenda de café 
Santa Rosa, próxima à cidade de 
Brodowski, Estado de São Paulo, 
na época um pequeno lugarejo 
com cerca de 700 habitantes. É o 
segundo dos 12 filhos de Baptista 
Portinari e Dominga Torquato, 
ambos italianos da região do 
Vêneto, na Itália, que migraram 
para o Brasil no final do século XIX, 
momento de expansão 
da cultura cafeeira.
1906
Baptista e Dominga deixam 
a fazenda e se estabelecem 
como comerciantes em 
Brodowski, parada para os 
trens apanharem café e ponto 
de passagem de retirantes em 
busca de trabalho.
1911
Portinari frequenta a 
escola em Brodowski, 
provavelmente entre 1911 
e 1916, não indo além 
do terceiro ano do 
curso primário.
1914
Aos 10 anos, Portinari 
faz o Retrato de Carlos 
Gomes, primeiro 
desenho seu de que se 
tem registro.
1918
Passa por Brodowski um grupo itinerante 
de pintores e escultores italianos que 
decoravam igrejas de pequenas cidades 
do interior. Candido é chamado para 
ser ajudante, juntamente com Modesto 
Giordano, seu companheiro de infância, que 
relata: “Ele (Portinari) ficava lá trabalhando. 
Cedo, era o primeiro que chegava lá [...] 
quase nem ia comer em casa [...]. [Era] 
doente para aprender a arte de pintor”.
1919
Candido Portinari parte para o 
Rio de Janeiro em companhia da 
família Toledo, amiga dos Portinari 
e proprietária de uma pensão na 
avenida Passos, nº 44. Portinari 
aí se instala, prestando pequenos 
serviços. Na capital, ingressa no 
Liceu de Artes e Ofícios.
1920
Portinari matricula-se como 
aluno livre na Escola Nacional 
de Belas Artes (ENBA), cursando 
regularmente as aulas de 
desenho figurado. Encontra ali um 
ambiente contraditório e tenso, 
marcado por normas rígidas. 
1922
Portinari expõe pela primeira vez 
e recebe Menção Honrosa por 
um retrato, provavelmente de seu 
amigo Ezequiel Fonseca Filho.
1924
Portinari se submete ao júri 
de seleção do Salão da ENBA 
com sete retratos e a tela 
Baile na Roça, sua primeira 
obra temática brasileira, pintada 
durante as férias de verão 
passadas em Brodowski. 
Os retratos são aceitos, mas 
Baile na Roça é recusado.
Baptista Portinari e 
 Dominga Torquato.
Casa da Família Portinari em Brodowski.
Escola de Brodowski. Portinari 
é o primeiro, de pé, na terceira 
fila, à direita, de baixo para cima.
Retrato de Carlos Gomes
Portinari na ENBA.
Baile na Roça
CRONOLOGIA ilustrADA 
7
1931
O casal regressa ao Brasil. 
Candido Portinari traz na 
bagagem seis obras: três 
naturezas mortas, um 
nu, um autorretrato e um 
pequeno retrato de Maria. 
De volta, recomeça a pintar 
intensamente para garantir 
a sobrevivência do casal.
1928
Ano decisivo na 
trajetória artística de 
Portinari. O pintorapresenta 12 obras à 
XXXV Exposição Geral 
de Belas Artes e ganha 
o Prêmio de Viagem à 
Europa, com o Retrato 
de Olegário Mariano. 
A imprensa destaca a 
vitória do artista.
1929
Portinari faz sua primeira 
exposição individual, com 25 
retratos, no Palace Hotel-RJ, 
iniciativa da Associação dos 
Artistas Brasileiros, dirigida 
por Celso Kelly. Embarca 
para a Europa no navio 
brasileiro Bagé. Em Paris, 
instala-se provisoriamente 
em Montparnasse, reduto 
dos artistas na época. Logo 
se muda para o Hôtel 
du Dragon e inicia sua 
programação de estudos. 
Decide não frequentar a 
Académie Julien, como 
era praxe entre os premiados 
da ENBA.
De Paris, escreve a uma 
colega na ENBA: 
…Palaninho é da minha terra, 
de Brodowski.
…Vim conhecer aqui o Palaninho, 
depois de ter visto tantos 
museus, tantos castelos e tanta 
gente civilizada… 
Aí no Brasil eu nunca pensei 
no Palaninho…
…Daqui fiquei vendo melhor 
a minha terra - fiquei vendo 
Brodowski como ela é. Aqui não 
tenho vontade de fazer nada… 
Vou pintar o Palaninho, vou pintar 
aquela gente com aquela roupa e 
com aquela cor...
1930
Participa da exposição 
coletiva de arte brasileira 
em Paris – Exposition d’Art 
Brésilien (Exposição de 
Arte Brasileira), realizada no 
Foyer Brésilien, com duas 
obras: um retrato e uma 
natureza morta.
Conhece Maria Victoria 
Martinelli, jovem uruguaia 
de 19 anos – radicada com 
a família em Paris – sua 
companheira de toda a vida.
1932
Portinari apresenta 
mais de 60 obras em 
exposição individual no 
Palace Hotel, promovida 
pela Associação dos 
Artistas Brasileiros. Pela 
primeira vez, o artista 
expõe telas de temática 
brasileira, enfocando 
cenas de infância, do 
circo e de cirandas.
1934
Portinari pinta 
Os Despejados, sua primeira 
obra com temática social.
A tela Mestiço é adquirida 
pela Pinacoteca do Estado 
de São Paulo, primeira 
instituição pública a incluir 
uma obra de Portinari em 
seu acervo.
Retrato de 
Olegário Mariano
Palaninho
Portinari a bordo do Bagé, 
com Helena Duarte 
e Campos de Oliveira. 
Maria e Candido Portinari no 
apartamento-ateliê da Lapa.
Maria Victoria, 
Montevidéu 
Foto: Faig
Circo
Mestiço
Os Despejados
8
1935
A convite de Celso Kelly, 
 é contratado para lecionar 
pintura mural e de cavalete 
no Instituto de Artes da 
Universidade do Distrito 
Federal (UDF), Rio de 
Janeiro.
Participa da exposição do 
Instituto Carnegie, em 
Pittsburgh, com a tela Café, 
conquistando a Segunda 
Menção Honrosa.
O artista realiza quatro 
grandes painéis para o 
Monumento Rodoviário, 
na rodovia Washington Luís, 
que liga o Rio de Janeiro a 
São Paulo.
1938
Portinari realiza 
centenas de 
estudos a 
carvão, crayon, 
têmpera, guache 
e aquarela para 
a execução 
dos 12 murais 
em afresco 
para a sede do 
Ministério da 
Educação, hoje 
Palácio Gustavo 
Capanema.
1939
Em 20 de janeiro, 
o presidente Getúlio 
Vargas decreta a extinção 
da UDF, encerrando, 
consequentemente, 
a carreira de Portinari 
como professor.
Nasce seu filho 
João Candido.
Portinari pinta os painéis 
Jangadas do Nordeste, 
Cena Gaúcha e Noite de 
São João para o Pavilhão 
Brasileiro da Feira Mundial 
de Nova York, cujo projeto 
arquitetônico é de Lucio 
Costa e Oscar Niemeyer.
É inaugurada no Museu 
Nacional de Belas Artes 
a maior exposição de 
Portinari, com 269 obras. 
O catálogo tem prefácio 
de Manuel Bandeira e 
Mário de Andrade.
Turma de alunos da UDF. Portinari ao centro. 
Atrás dele, de pé, está o escritor Mário de Andrade.
Café
Trabalhador 
Trabalhador 
Portinari e o filho 
João Candido.
Museu Nacional 
de Belas Artes. 
O presidente 
Getúlio Vargas 
visita a Exposição 
acompanhado do 
Ministro da Educação 
Gustavo Capanema.
Algodão
9
1940
Participa da Latin American 
Exhibition of Fine Arts (Mostra 
Latino-Americana de Arte), no 
Museu Riverside de Nova York, 
com 35 obras.
A Exposição Portinari of Brazil 
(Portinari do Brasil), com 
aproximadamente 180 obras, 
é realizada no Museu de 
Arte Moderna de Nova York 
(MoMA), e posteriormente 
percorre diversas cidades 
americanas.
1941
A Universidade de Chicago 
edita o álbum Portinari, his 
Life and Art (Portinari, Vida 
e Arte). 
Portinari pinta a Capelinha 
da Nonna, em Brodowski, 
num dos cômodos da casa 
da família, para sua avó 
Pellegrina. Os santos que 
decoram as paredes são 
feitos em tamanho natural 
e retratam pessoas de sua 
família.
Inaugura exposição 
na Galeria de Arte da 
Universidade de Howard, 
em Washington.
1942
São inaugurados os murais 
na Fundação Hispânica da 
Biblioteca do Congresso, 
em Washington. Os painéis 
apresentam uma temática 
histórica latino-americana.
1943
É inaugurada uma exposição 
individual de Portinari no 
Museu Nacional de Belas 
Artes, com 168 trabalhos.
Memórias Pósthumas de Braz 
Cubas, de Machado de Assis, 
primeiro livro publicado pela 
Sociedade dos Cem Bibliófilos 
do Brasil, é ilustrado por 
Candido Portinari.
1944
Portinari participa da 
exposição comemorativa 
dos 15 anos de fundação 
do MoMA – Art in 
Progress (Arte em 
Progresso) – com as 
obras Espantalho e 
Colonos Carregando Café.
Portinari pinta os painéis 
da série Retirantes.
É concluído o conjunto 
arquitetônico da Pampulha 
em Belo Horizonte, 
encomenda do então 
prefeito Juscelino 
Kubitschek a Oscar 
Niemeyer, incluindo a Igreja 
de São Francisco de Assis, 
decorada por Candido 
Portinari com azulejos na 
parte externa e pintura mural 
no interior.
Santa Luzia e São Pedro 
(detalhe da Capelinha da Nonna). 
Museu Casa de Portinari, Brodowski.
Exposição Portinari no Museu Nacional 
de Belas Artes, Rio de Janeiro. 
Foto: Kazys Vosylius
Painel de azulejos, Igreja de São Francisco de Assis, 
Pampulha, Belo Horizonte, MG.
Portinari pintando os murais da Fundação 
Hispânica da Biblioteca do Congresso 
Americano, Washington. 
Foto: Thomas D. McAvoy Retirantes Enterro na Rede
Criança Morta
10
1945
A crescente preocupação 
política de Portinari leva-o 
a candidatar-se a deputado 
federal. Sua plataforma 
defende uma Constituinte 
soberana, com base no 
apoio popular à cultura, 
à sindicalização dos 
camponeses, contra a carestia, 
a inflação, o latifúndio e o 
Integralismo.
1946
A Galeria Charpentier, em 
Paris, inaugura exposição de 
Portinari com 84 trabalhos.
O governo francês 
condecora Portinari com 
a Legião de Honra.
1947
Apresenta sua candidatura ao 
Senado pelo PCB, mas perde 
a eleição por pequena margem 
de votos.
Inaugurada sua primeira 
exposição individual na Argentina, 
no Salón Peuser, em Buenos 
Aires, com 91 obras.
O governo do Presidente 
Eurico Dutra intensifica 
a perseguição aos 
comunistas. Em 
novembro, Portinari 
parte para o Uruguai 
em exílio voluntário. 
Em dezembro, a família 
Portinari vai ao encontro 
do artista.
1948
É exposto no Teatro Solis, em 
Montevidéu, o painel A Primeira Missa 
no Brasil, pintado para a nova sede do 
Banco Boavista, no Rio de Janeiro.
Portinari volta ao Brasil e, em dezembro, 
faz uma exposição retrospectiva no 
MASP, em São Paulo.
Portinari pintando Retirantes, Rio de Janeiro.
Propagada política. A Primeira Missa no Brasil
Portinari com 
amigos e 
familiares em 
Montevidéu.
Galeria Charpentier, Paris. 
Foto: Agence France Presse
Portinari com Nicolás Guillén e grupo de 
visitantes na sua exposição. Montevidéu. 
Foto: Justicia
Tiradentes
11
1949
Portinari inicia o painel Tiradentes 
para o Colégio de Cataguases, 
em Minas Gerais.
É convidado a participar, em Nova 
York, da Conferência Cultural e 
Científica para a Paz Mundial, mas 
a Embaixada Americana nega-lhe 
o visto de entrada.
Portinarié intimado a comparecer 
à Polícia Central para prestar 
esclarecimentos por sua participação 
na Universidade do Povo.
1950
Visita, pela primeira vez, 
Chiampo, cidade natal 
de seu pai, na região 
do Vêneto.
Recebe a Medalha de 
Ouro da Paz, por sua 
obra Tiradentes, no 
II Congresso Mundial 
dos Partidários da Paz, 
em Varsóvia.
1951
Portinari participa da 
I Bienal de São Paulo.
1952
Portinari faz o painel A chegada de 
D. João VI à Bahia, encomenda do 
Banco da Bahia.
O Secretário Geral das Nações 
Unidas anuncia oferta, feita 
pelo governo brasileiro, de dois 
painéis (Guerra e Paz), que serão 
executados por Portinari, e que 
decorarão um dos salões da nova 
sede da ONU.
1953
É internado no Rio de Janeiro, 
após sofrer hemorragia intestinal. 
O diagnóstico aponta para o uso 
de determinadas tintas contendo 
metais pesados, como chumbo, 
cádmio e prata.
Após dez anos sem expor 
individualmente no Rio de 
Janeiro, Portinari inaugura mostra 
com 100 obras no Museu de 
Arte Moderna – MAM.
Portinari junto com familiares 
italianos. Chiampo, Itália.
Exposição de Portinari, no Museu 
de Arte Moderna, Rio de Janeiro.
A Chegada de D. João VI à Bahia
12
1954
Inaugura exposição 
individual no Museu de 
Arte de São Paulo – MASP 
com mais de 100 obras, 
entre elas, duas maquetes 
para os painéis Guerra 
e Paz da ONU.
Por determinação médica, 
Portinari fica algum tempo 
sem pintar. O chumbo das 
tintas é a causa da doença. 
“– Estou proibido de viver”, 
diz Portinari.
1955
É assinado o contrato 
entre Portinari e o 
Ministério das Relações 
Exteriores para a 
execução dos painéis 
Guerra e Paz, cujos 
estudos já se encontram 
bastante adiantados.
Portinari participa da 
III Bienal de São Paulo 
com sala especial, hors 
concours, e apresenta 
12 estudos para o painel 
Guerra, todos eles de 
grandes dimensões.
Agraciado com a Medalha 
de Ouro concedida 
pelo International Fine 
Arts Council – IFAC – , 
de Nova York, como o 
melhor pintor do ano.
1956
Portinari entrega Guerra e Paz. 
Os painéis, de 14m x 10m 
cada um, foram realizados 
a óleo sobre madeira 
compensada naval, durante 
nove meses, com a ajuda de 
Eurico Bianco e Rosalina Leão.
Antes de seguirem para a 
sede da ONU, em Nova York, 
 o Presidente da República, 
Juscelino Kubitschek, inaugura 
a exposição dos painéis no 
Theatro Municipal do Rio de 
Janeiro. Foi a primeira e única 
vez que Portinari viu Guerra e 
Paz erguidos. Na inauguração 
da exposição, o Presidente 
Kubitschek entrega a Portinari 
a Medalha de Ouro concedida 
pelo Internacional Fine Arts 
Council, em 1955.
Portinari realiza a série 
D. Quixote, constituída por 
 22 desenhos a lápis de cor, 
encomendada pela editora 
José Olympio, para ilustrar os 
poemas de Carlos Drummond 
de Andrade.
1957
É inaugurada exposição 
individual de Portinari 
na Maison de la 
Pensée Française, em 
Paris, patrocinada pela 
Embaixada do Brasil. 
A exposição é apresentada 
depois em Munique e em 
Colônia, na Alemanha.
São doados à ONU, em 
cerimônia oficial, os painéis 
Guerra e Paz. Portinari não 
é convidado a comparecer 
à cerimônia, em virtude do 
seu envolvimento com o 
Partido Comunista, sendo 
representado pelo embaixador 
Cyro de Freitas-Valle.
Dando início a sua atividade 
literária, Portinari começa a 
escrever Retalhos de Minha 
 Vida de Infância.
1958
Portinari inaugura na 
Galleria del Libraio, 
em Bolonha, na Itália, 
sua primeira exposição 
individual na terra de 
seus pais.
O artista é intimado 
judicialmente a depor 
 no Departamento 
Federal de Segurança 
Pública, sendo 
indiciado com Oscar 
Niemeyer, Arnaldo 
Estrela, Dalcídio 
Jurandir e outros pelo 
trabalho desenvolvido 
na Escola do Povo.
1959
Portinari participa da 
exposição itinerante 
Artistas Brasileiros na 
Europa, organizada pelo 
Museu de Arte Moderna 
do Rio de Janeiro.
Ilustra o livro Menino de 
Engenho, de José Lins 
do Rego, editado pela 
Sociedade dos Cem 
Bibliófilos do Brasil.
A V Bienal de São Paulo 
realiza retrospectiva 
da obra de Portinari 
com 127 obras.
Museu de Arte de São Paulo – MASP. 
Foto: Alice Brill
Exposição dos painéis Guerra e Paz 
no Theatro Municipal, Rio de Janeiro, RJ.
Meninos a Cavalo
Inauguração dos painéis Guerra e Paz, 
na sede da ONU, Nova York.
Candido Portinari, 
Presidente Juscelino 
Kubistcheck e Sra. 
no Theatro Municipal.
13
1960
Nasce Denise, neta de 
Candido Portinari. Nesse dia, 
Portinari escreve: “– Minha 
neta me libertará da solidão.” 
O artista prosseguirá 
representando sua neta 
em poesia e em pintura. 
É publicado na Itália o livro 
Brasil, Dipinti di Portinari 
(Brasil, Pintura de Portinari).
1961
Em viagem à França, é impedido 
de entrar no país pelo governo 
francês. Após negociações, 
recebe um visto de 60 dias, 
com a condição de não fazer 
declarações políticas.
Retorna ao Brasil com a saúde 
comprometida.
Realiza sua última exposição 
individual em vida, na Galeria 
 Bonino, no Rio de Janeiro.
Portinari faz três painéis em 
azulejos: Frevo e Peixes, para 
o Pampulha Iate Clube, projeto 
de Oscar Niemeyer, e Pombas, 
para um edifício em Paris.
1962
Portinari falece em 6 fevereiro, intoxicado pelos 
metais pesados contidos nas tintas. 
O velório é realizado no Edifício Sede do Ministério 
da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema. 
Estavam presentes o ex-Presidente da República 
Juscelino Kubitschek, Hermes Lima, representando 
o Presidente João Goulart, os líderes comunistas 
na clandestinidade, Luis Carlos Prestes e Carlos 
Marighela, e o líder anticomunista e governador do 
Estado da Guanabara Carlos Lacerda. 
A Presidência da República emite nota de pesar e 
é decretado luto oficial de três dias no Estado da 
Guanabara.
Velório do artista no prédio do Ministério da 
Educação e da Saúde Pública, Rio de Janeiro.
Peixes
Frevo Pombas
Denise com Pássaro
14
Mulher e Criança Chorando, 1955 
Desenho a grafite e pastel/cartolina 
32,7 x 22,7cm 
Estudo para o painel Guerra
Paz, 1955 
Desenho a grafite, crayon, 
sanguínea e lápis de cor/papel 
51 x 36,5cm 
Estudo para painel Paz
Meninos no Balanço, 1955 
Desenho a grafite e lápis de cor/papel 
25 x 24,5cm 
Estudo para o painel Paz
15
A oBrA 
16
O PintOr 
Do NoVo muNDo
israel PedrOsa
Intervenção no Colóquio Internacional Portinari em Paris: 
1946-2009, PUC-Rio, novembro de 2009 
Menino com Cata-Vento,1955 
Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel 
31,5 x 15,5cm 
Estudo para o painel Paz
Sempre que se quis definir Portinari, a partir da visão de sua obra, essa definição atingia 
uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização, simplesmente humana, 
do pintor.
Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, em que foi 
apresentado como Portinari of Brazil, formulação que lhe dava o foro de pintor nacional 
de seu país.
No catálogo da exposição Cem Obras-Primas de Portinari, realizada pelo Museu de Arte 
de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), seu diretor Pietro Maria Bardi o qualificara 
como “um intérprete das misérias do Terceiro Mundo”. Antônio Bento, algum tempo 
depois, o denominou simplesmente: O Pintor do Terceiro Mundo.
Ao reduzir o termo, Bento ampliava-lhe o sentido, como que dissesse ser ele não apenas 
o intérprete das misérias mas também das lutas, alegrias e esperanças comuns a esse 
universo majoritário de nosso planeta.
Hoje, passadas várias décadas desses esforços de definição, delineia-se claramente o 
perfil de Portinari como o de O Pintor do Novo Mundo. Epíteto que, ultrapassando o signi-
ficado simplesmente geográfico, representa sobretudo o novo mundo social e espiritual 
que o perene labor humano vem construindo,como fruto de seus melhores anseios: a 
Nova Era de que Paul Klee e David Alfaro Siqueiros sonhavam ser os pioneiros. E que 
realmente o foram, cada um a seu modo.
Este Novo Mundo, de que Portinari viria a ser seu grande intérprete e magno represen-
tante, é o Novo Mundo que começa a emergir em meio às lutas e às aspirações, não 
apenas dos visionários das regiões periféricas e dos atuais países emergentes, mas tam-
bém de toda a humanidade progressista. Mundo de paz, de trabalho produtivo, de alegria, 
felicidade e amor entre os seres humanos, e de fraterna confiança entre os povos. (...)
O realismO dO séculO XX
Se aplicarmos à obra de Portinari o conceito de John Ruskin de que para a análise da obra 
de arte a primeira pergunta a se fazer é: – o que ela nos ensina? a resposta será o espan-
to. Veremos que melhor que nos compêndios de História, de Economia, de Sociologia ou 
de Política, o relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura 
de seu tempo, que aponta sempre para um horizonte promissor.
Tomada em seu conjunto, sua obra é como um imenso painel que aborda todos os aspec-
tos da alma humana e da vida social, da miséria e desgraça, aos anseios da bem-aventu-
rança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem 
a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão 
de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo 
da razão”. É expressão de uma razão combatente que, em meio à adversidade, revela os 
lenitivos de uma cantata ao porvir.
(...) Sem desfalecimento, a obra de Portinari assume autêntica expressão do Realismo 
do século XX. 
17
(...) A universalidade de seu vocabulário plástico é ao mesmo tempo a única forma de 
expressão de seu postulado estético.
É com ela que desde o início de sua saga ele revela um universo novo para a historicidade 
da arte. Daí surgem as reminiscências rurais de sua infância, o cenário humilde das nas-
centes metrópoles, cenas e alma da vida brasileira.
A singeleza ou a monumentalidade dessas visões estão expressas nos murais da casa 
de Brodósqui, da capela da Pampulha, do Ministério da Educação, da Biblioteca do Con-
gresso, em Washington, e dos painéis e quadros que percorreram o território das três 
Américas.
Os Painéis Guerra e Paz
Para Portinari, os últimos anos da década de 1940 e os primeiros da seguinte são marca-
dos pela realização de seus grandes painéis móveis: A Primeira Missa no Brasil (1948), 
Tiradentes (1949), Chegada de D. João VI ao Brasil (1952), Guerra e Paz (1952-1956).
Em 1952, atendendo a convite do Itamaraty, Portinari inicia a realização das maquetes dos 
dois imensos painéis (14m x 10m cada um) para a decoração do edifício sede da ONU, 
em Nova York. Edifício projetado por Le Corbusier, e em cuja elaboração trabalhara Oscar 
Niemeyer. Os temas escolhidos para os painéis foram a Guerra e a Paz. Síntese das pre-
ocupações e objetivos primordiais dos trabalhos das Nações Unidas. 
Decorridos quatro anos de árduo trabalho, no dia 5 de janeiro de 1956 os imensos painéis 
foram entregues ao Ministério das Relações Exteriores.
Durante o período de sua realização, a imprensa do País e do exterior acompanhou com 
interesse o trabalho do artista. Ao ser anunciado o seu término, desencadeou-se imenso 
movimento de opinião pública liderado por eminentes intelectuais, artistas e organiza-
ções culturais e até por sindicatos operários, desejando a exposição dos painéis no Brasil, 
antes de seu envio para Nova York.
Atendendo a esse clamor geral, o Itamaraty organizou a mostra dos painéis Guerra e Paz, 
no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, transformando-o no mais amplo salão de expo-
sição visto no Brasil, até então, e no templo reverencial de um momento específico de 
nossa contribuição à historicidade artística da humanidade.
No dia 27 de fevereiro de 1956, na presença do Presidente da República, Juscelino 
Kubitschek de Oliveira, e altas autoridades, de representantes políticos de todas as ten-
dências, de intelectuais, de artistas e de eufórica multidão em clima de júbilo nacional, foi 
inaugurada a extraordinária mostra.
Pouco mais de um ano depois, ante o secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammar-
skjold, e representantes do Brasil, embaixador Cyro de Freitas-Valle e ministro Jayme 
de Barros, em setembro de 1957 foram inaugurados no edifício sede da ONU, em Nova 
York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari.
18
cOnsiderações gerais
Em 2007, marcando o cinquentenário da inauguração dos painéis, o Projeto Portinari pu-
blicou o livro comemorativo da efeméride: Guerra e Paz – Portinari. Nele, eu afirmara que 
os dois painéis constituíam “um discurso visual uno em sua complexa complementarida-
de sobre os extremos da desgraça e da bem-aventurança, na trágica e comovedora visão 
pintada por Portinari. 
Nas páginas da História da Arte, em que surgem incontáveis guerras datadas e localiza-
das, como as de Troia e do Peloponeso, pintadas por Eufrônio, as Batalhas de San Roma-
no e Anghiari, de Paolo Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso, todas são narradas 
por cenas que as identificam, localizam e datam. Com os recursos próprios ligados ao 
tempo da pintura, cada uma delas participando da variada gama de conceitos que vai do 
heroísmo à dor e ao desespero ou defendendo um solo, uma ideia ou uma causa que as 
particularizam. A abordagem de Portinari é outra. Não identifica guerra alguma, como se 
afirmasse que em essência todas se equivalem no desencadeamento de horror e ani-
malidade. Nenhuma arma identificável, em Portinari; a cavalgada apocalíptica que corta a 
cena em todas as direções, com seu cortejo de conquista, guerra, fome e morte, não traz 
as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo. É o azul que 
domina. Uma trágica e dorida sinfonia em azul, passando por toda sua escala. Os tons 
escuros, soturnos, ricos em variadas e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas 
sobre fundo de claros azuis de reflexos verdátreos, tendentes aos leves citrinos.
Contrastando com esse universo azulado, valorizando-o cromaticamente, em contrapon-
to tonal, o cavalo manchetado de carmim, a carnação de rostos, braços e pés saindo 
das vestes escuras, surgem em vibrantes alaranjados que vão das sombras trevosas 
violáceas, aos quase vermelhos e rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima de 
violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel ininterrupto liberta as feras que aterrori-
zam o mundo.
(...) Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de pé em penitência, cobre os olhos com 
as mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo compacto, genuflexo, braços levantados 
com as mãos espalmadas e rostos voltados para o céu, nesse cenário de morte deixam 
transparecer uma aragem de força e vida, de condenação à própria existência da guerra”.
No painel Paz, tal como acontece em seu par: “são múltiplas as reminiscências de obras 
anteriores de Portinari, como também são vários os vestígios desses trabalhos em qua-
dros posteriores do Mestre. O que significa dizer serem eles elos coerentes de uma 
imensa produção pictórica da mais alta representatividade do poder criador do século 
XX (...). O que emana desse painel, nos enleva e encanta, mais que a ideia de paz e da 
paz, é a própria paz que nos invade ao contemplá-lo. É a sensação de penetrarmos num 
universo sereno, de comunhão fraterna no trabalho produtivo, num reino mágico de cores 
reluzentes, do som da ciranda de jovens num canto universal de fraternidade e confiança, 
ou da candura dos folguedos infantis. Com todos esses tons dourados, alegres, crepi-
tantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível. Dia virá em que a 
humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.”
19
20
A RESTAURAçãO 
DOS PAINÉIS 
Guerra EPaz
cláudiO ValériO teiXeira 
edsOn mOtta JuniOr
Detalhe do painel Paz: esbranquiçamento 
da superfície da tinta é visível em toda 
metade inferior do painel.
Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz, 
no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, 2011.
Os dois painéis monumentais intitulados Guerra e Paz foram pintados por Candido Por-
tinari entre 1952 e 1956 para o Hall dos Delegados da Sede das Nações Unidas, em 
Nova York. O artista usou tintas a óleo. A estrutura dos painéis é composta pela junção 
de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por 
parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura) para 
Paz e 14m (altura) x 10,58m (largura) para Guerra.
O estado de conservação das obras mostra os efeitos da exposição à luz, à poluição ur-
bana e a mudanças dos níveis de umidade relativa. Essas condições ambientais fizeram 
com que poeira e fuligem se acumulassem na superfície da tinta, atribuindo às pinturas 
uma aparência acinzentada e encardida, que reduz a intensidade cromática e diminui a 
escala de contrastes, valor vital para obras que querem transmitir o drama da guerra e 
a alegria da paz. Além disso, a instabilidade dos níveis de umidade ao longo dos anos 
provocou o desprendimento de tinta, especialmente nos locais de empastamento, e fez 
aparecer, em áreas onde a tinta é mais fina, rachaduras e micro-ondulações na madeira 
compensada, indicando o começo de um processo de descolamento das camadas de 
madeira que formam a placa de compensado naval. A exposição à luz foi a causa mais 
provável das áreas esbranquiçadas que se concentram em alguns campos de cor; mas 
investigações científicas mais detalhadas serão necessárias para a identificação e pos-
terior tratamento dessas alterações, pois, apesar de não representarem ameaça à inte-
gridade física da obra, traem substancialmente a intenção do artista, comprometendo a 
beleza da pintura.
O processo de conservação e restauração de Guerra e Paz será discreto e minimalista, 
e adotará procedimentos e materiais que respeitam a integridade física e estética das 
obras. A limpeza da superfície será feita com métodos que empregam pequenos percen-
tuais de produtos químicos diluídos em água, além de gomas macias especiais para o 
recolhimento da poeira e da fuligem; a tinta em descolamento será fixada com adesivos 
similares aos que Portinari usou na preparação dos painéis, evitando assim a introdução 
de materiais estranhos aos que foram empregados pelo artista. Estão previstas, também, 
pequenas intervenções onde a camada de tinta foi danificada. Nesses locais as lacunas 
serão niveladas, texturizadas e retocadas com tintas apropriadas para restauração. Estas 
serão aplicadas com um minúsculo pontilhado para que as áreas de restauro sejam fáceis 
de localizar e não sejam confundidas com as tintas pintadas pelo mestre. Uma solução 
diluída de uma resina estável poderá ser usada para aumentar a profundidade das tintas 
e acentuar a intensidade das cores, mas o belíssimo contraste entre áreas brilhantes e 
foscas, comum na pintura moderna e tão valorizado pela riqueza plástica que atribui à 
obra, será preservado.
A vinda dos painéis Guerra e Paz para exposição e restauração no Brasil é um orgulho 
para todos nós e uma oportunidade para apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao 
público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil. 
Além disso é simbólico que este trabalho seja realizado num prédio que é um marco do 
Modernismo brasileiro e onde se encontram outras obras-primas da pintura mural de 
Candido Portinari. 
21
22
“O que Portinari carrega como um manancial inesgotável 
é sua maneira de nos oferecer sua paixão pela vida e 
pela vida compartilhada, como um ensejo para melhor 
conhecê-la e nos deslumbrarmos com ela, com suas 
dores e alegrias, sempre capazes de se misturarem uma 
na outra e de se alternarem uma pela outra. 
Isto quer significar que a presença da obra de Portinari 
pode mobilizar a vida da escola, de seus educadores 
e educandos, através de comoções estéticas, 
que precisam ser também aprendidas. Afinal, seu 
pensamento genial e sua sensibilidade tocante, além 
de cartografar os corpos em movimento do Brasil, 
capta e enreda as generosidades e as conflitividades 
das paisagens sociais brasileiras e com elas da própria 
humanidade em seus apelos de paz. (…) 
Quantas lições poderemos proporcionar aos nossos 
professores e estudantes com a convivência de Candido 
Portinari entre as experiências escolares? As pesquisas 
educacionais vêm confirmando que não aprendemos 
sem redes complexas de relações, sem vontade, sem 
questões, sem dilemas e necessidades que façam 
sentido para nossas vidas. Memorizações rígidas 
pouco ajudam no encaminhamento e enfrentamento 
dos desafios. Urge pensar e sentir, como ações 
entrelaçadas historicamente, para irmos produzindo 
sinergias educacionais e políticas que potencializem as 
aprendizagens como modos de sentir, pensar e atuar na 
vida, modificando-a.”
CÉLIA LINHARES 
Professora Titular de Política Educacional 
da Universidade Federal Fluminense
Mãos, 1955 
Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel 
12 x 13cm 
Estudo para o painel Paz
Artigo 1º da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz – Assembleia Geral – 
Organização das Nações Unidas – 19991 
DECLARAçãO SOBRE 
umA CulturA DE PAz
Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e 
estilos de vida baseados:
 a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência 
por meio da educação, do diálogo e da cooperação; 
 b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e 
independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, 
essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com 
a Carta das Nações Unidas e o direito internacional; 
 c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos 
e liberdades fundamentais; 
 d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; 
 e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento 
e proteção do meio ambiente para as gerações presente e futuras; 
 f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; 
 g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades 
de mulheres e homens; 
 h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, 
opinião e informação; 
 i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, 
solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e 
entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; 
e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz.
23
PROPOSTAS
DE AtiViDADEs
Candido Portinari. Guerra e Paz, p.148
“(...) majestoso diálogo 
entre o trágico e o lírico, 
entre a fúria e a ternura, 
entre o drama e a poesia.”
João Candido Portinari, a respeito dos painéis Guerra e Paz, 
de Portinari. Pintar ou viver. Guerra e Paz, p.147
“O tema é o homem”
Menino com Diabolô, 1955 
Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5cm 
Estudo para o painel Paz
26
sugestões de atividades
PAiNéis DA guErrA E DA PAz
ProPostA 1
a) a cultura da Paz 
• Leitura do texto Declaração sobre uma Cultura de Paz, na página 23 deste 
Caderno.
O professor solicita a vários alunos que leiam em voz alta cada um dos itens do 
texto à maneira de um jogral.
• Debate sobre o texto lido. Exemplos de alguns questionamentos possíveis: 
Por que se estabelece comumente uma relação direta entre educação e res-
peito à vida humana? É aceitável a ideia de que os fins justificam os meios? 
Como conciliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente?O que teria 
originado, na maioria das culturas, a discriminação de gênero? A liberdade de 
expressão, opinião e informação deve ser incondicional? Há alguns valores 
e/ou atitudes abordados no texto que não vêm sendo observados no seu 
ambiente escolar?
b) a guerra e a Paz em POrtinari
 • Leitura dos seguintes fragmentos a respeito dos painéis Guerra e Paz, de 
Portinari:
“A guerra seria representada através do sofrimento do povo e não de soldados em 
combate.”
(Antônio Bento. Guerra e Paz, p. 48)
No painel Paz “(...) camponeses plantando, camponeses colhendo, o espantalho, os 
batedores de arroz, homens, mulheres e meninos que cantam.” (Clarival do Prado Vallada-
res. Guerra e Paz, p. 99) 
• Localização, no painel Guerra, dos elementos mencionados no primeiro frag-
mento, ou seja, imagens de sofrimento do povo;
> identificação, nesse painel, de imagens da mãe com o filho morto no colo – sím-
bolo da dor máxima da humanidade; questionamentos: A que referência religiosa 
e artística essas imagens remetem? Em que medida essas imagens represen-
tam ruptura dramática com o futuro? 
• Localização, no painel Paz, dos elementos mencionados no segundo frag-
mento, ou seja, imagens de alegria do povo.
“Trabalhe sempre com 
gosto. Se cansar de uma 
técnica, passe para outra. 
Mude a cor do papel ou 
o tema da pintura. Mas 
conserve o amor.”
(Candido Portinari, citação de Maria 
Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 37)
Trabalhar na escola uma Cultura de Paz é o objetivo principal de todas as propostas 
de atividades. A arte de Portinari nos painéis Guerra e Paz é o fio condutor para 
que os professores de Língua Portuguesa, de História, de Artes e de outras áreas 
de conhecimento possam desenvolver esses temas na escola. Nesta primeira pro-
posta, especificamente, os estudantes são convidados a dialogar com os painéis 
do artista, criando seus próprios painéis de guerra e de paz, inspirados na realidade 
que os cerca e com reutilização de materiais descartados. 
27
• Seleção, nos dois fragmentos, de vocábulos a serem agrupados em dois con-
juntos: 
1º) área de significação de tragédia, fúria e drama; 
2º) área de significação de lirismo, ternura e poesia. 
c) recriandO guerra e Paz
• Seleção e recorte, em jornais e revistas, de palavras, frases, manchetes, ima-
gens, associadas às ideias de violência e de não violência.
• Criação de dois painéis: um, da guerra; outro, da paz. Utilização do material sele-
cionado e recortado, além de sucata, tinta, lápis cera, etc.
• Exposição dos painéis no espaço da escola, junto com reproduções ampliadas 
dos painéis de Portinari, para visitação pela comunidade escolar (familiares, pro-
fessores, alunos, funcionários). Comparação entre os painéis dos alunos e os de 
Portinari (personagens, situações, materiais, técnicas).
d) a década de 1950 nO brasil e nO eXteriOr
• Pesquisa histórica sobre o período em que foram criados os painéis Guerra e Paz 
(1952-1957). Assuntos, relacionados tanto a guerra quanto a paz, que podem 
ser desenvolvidos e debatidos nas aulas de História: reflexos do fim da Segunda 
Guerra Mundial; a Guerra Fria; o temor de uma guerra nuclear; o papel da ONU; 
lançamento do Sputnik I pela União Soviética; suicídio do Presidente Getúlio 
Vargas; o governo de Juscelino Kubitschek; entre outros. 
um fatO imPOrtante
Em 1956, “Portinari entrega os 
painéis Guerra e Paz para serem 
doados à ONU. Antes de seguirem 
para os Estados Unidos, os painéis 
são expostos no Theatro Municipal 
do Rio de Janeiro. Na inauguração 
da exposição o Presidente Juscelino 
Kubitschek entrega a Portinari a 
Medalha de Ouro pelo International 
Fine Arts Council, como melhor pintor 
do ano.” 2
“Mesmo diante da ameaça à própria vida, que sobreveio 
quando completara 50 anos, Portinari não recuou, 
aceitando o desafio mortal e enfrentando o trabalho 
maior de toda a sua vida: os murais Guerra e Paz para 
a sede da ONU em Nova York. O mais universal, 
o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo 
entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, 
entre o drama e a poesia.” 
(João Candido Portinari. Guerra e Paz, p.147)
Guerra, 1952–1956 
Painel a óleo/ madeira compensada 
1400 x 1058cm
ESCALA HUMANA
Paz, 1952–1956 
Painel a óleo/madeira compensada 
400 x 953cm
ESCALA HUMANA
sugestões de atividades
30
o PAláCio gustAVo CAPANEmA – 
ArquitEturA E ArtE 
PrOPOsta 2
a) cOnhecendO O PaláciO gustaVO caPanema
• Pesquisa, por parte da turma, em enciclopédias e na internet, sobre os se-
guintes temas:
1º) características do Modernismo na arquitetura brasileira;
2º) importância do Palácio Gustavo Capanema na arquitetura da cidade do Rio de 
Janeiro;
3º) artistas que participaram da concepção do projeto de construção do Palácio;
4º) murais de azulejos de Candido Portinari;
> fichamento, pela turma, das informações coletadas.
Divisão da turma em 4 grupos para distribuição, entre eles, dos temas pesqui-
sados.
• Elaboração, pelo primeiro grupo, de esquema relativo ao primeiro tema, com 
base no fichamento realizado;
> apresentação do esquema, com explicações orais; projeção do esquema por 
meio de slide show.
• Redação, pelo segundo grupo, de texto dissertativo relativo ao segundo 
tema, com base no fichamento realizado;
> desenho da planta do Palácio para confecção de maquete, com utilização de ma-
deira, papelão, sucata, etc., a fim de ilustrar a exposição desse tema;
> apresentação oral do texto e mostra da maquete.
• Redação, pelo terceiro grupo, de resumos dos dados biográficos dos artistas, 
com base no fichamento realizado para o terceiro tema;
> confecção de cartazes com os resumos, acompanhados de fotos dos artistas 
pesquisados;
> apresentação do trabalho. 
• Redação, pelo quarto grupo, de resumo da história dos murais de azulejos 
criados por Candido Portinari, com base no fichamento realizado para o quar-
to tema;
> registro fotográfico dos murais em seu conjunto e em seus detalhes;
> apresentação oral desse quarto tema; projeção das fotografias por meio de slide 
show.
Esta proposta abre a possibilidade de que os estudantes visitem o Modernismo, 
na Arte e na Arquitetura. Entre as várias atividades, a de pesquisa histórica a res-
peito do Palácio Gustavo Capanema reforça a necessidade de preservação desse 
importante patrimônio histórico, que abriga, em 2011, os painéis Guerra e Paz para 
restauração. Inspirados nos murais de azulejos desse Palácio, criados por Candido 
Portinari, os estudantes podem exercitar sua criatividade. 
Cana, 1938 
Pintura mural a afresco 
280 x 247cm
Pau-Brasil, 1938 
Pintura mural a afresco 
280 x 250cm
sugestões de atividades
31
Estrelas-do-Mar e Peixes 
painel de azulejos 
990 x 1510cm
Fachada do edifício Gustavo Capanema 
Foto: Elisa Guerra
Monumento à Juventude Brasileira, 
de Bruno Giorgi, 1947 
Foto: Elisa Guerra
b) Os mOtiVOs marinhOs nOs azuleJOs de POrtinari
• Apreciação dos azulejos que enfeitam os pilotis do Palácio Capanema, para ob-
servação dos elementos marinhos e da forma decorativa de sua disposição no 
espaço. 
• Pesquisa de poemas cujo tema seja o mar;
> recitação dos textos pesquisados.
• Criação de poemas, frases, pensamentos com temas associados a mar; 
> apresentação dos textos produzidos, com utilização expressiva da voz e dos gestos.
• Pesquisa de composições musicais cujo tema seja o mar, a exemplo das can-
ções praieiras de Dorival Caymmi; 
> audição das músicas pesquisadas.
• Composição de canções praieiras;
> apresentação das músicas criadas, com acompanhamento de instrumentos musicais 
(flauta, violão, teclado...).
• Criação de painéis decorativos (ao estilo dos murais de Portinari no Palácio Capa-
nema), a serem expostos na escola. Sugestão de materiais: papéis coloridos, EVA, 
folhas derevistas, pedrinhas coloridas, massinhas de sopa, grãos, flores secas, 
contas, miçangas, paetês, purpurina, algodão, etc.;
> composição artística com elementos da terra (flores, plantas, cogumelos...);
> composição artística com elementos do céu (estrelas, cometas, lua, sol, nuvens...).
(Música “Canta Brasil”, de 
Alcyr Pires Vermelho e David Nasser)
“No céu, no 
mar, na terra!/ 
Canta Brasil!”
Mulher Reclinada, de Celso Antonio, 1940 
Foto: Elisa Guerra
32
mutirão Do rEstAuro
PrOPOsta 3
O foco desta proposta é a educação patrimonial. As atividades, principalmente 
de leitura, visita guiada e pesquisa histórica, conduzem ao objetivo final – proce-
dimentos de “restauro”, pelos estudantes, de seu ambiente escolar. Isto dentro 
da perspectiva maior de que preservação e cuidado são fundamentos de uma 
Cultura de Paz.
a) PreserVar é PrecisO
• Leitura do texto A restauração dos painéis Guerra e Paz, de Cláudio Valério 
Teixeira e Edson Motta Júnior, na página 21 do Caderno do Professor.
• Redação, em grupo, de resumo do texto lido, para compreensão da importân-
cia cultural do restauro de um patrimônio;
> apresentação oral dos resumos pelos grupos.
Nessa etapa, o professor terá oportunidade de avaliar com os alunos a relevân-
cia das informações selecionadas para redação dos resumos.
• Visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para apreciação do tra-
balho de restauração desse importante patrimônio cultural da cidade.
 
uma observação importante – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 
1956, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram expostos pela pri-
meira vez para o público brasileiro durante o governo de Juscelino Kubitschek, 
antes de seguirem para seu destino – a Sede da Organização das Nações 
Unidas, em Nova York. Em dezembro de 2010, os painéis retornaram a esse 
teatro para exposição ao grande público antes de sua restauração no Palácio 
Gustavo Capanema. 
b) tem muita história...
• Pesquisa sucinta pelos alunos, em grupo, a respeito da sua escola: Quando 
foi fundada? Quem a fundou? Quem lhe deu o nome e por quê? O nome da 
escola homenageia alguém? Quem é essa personalidade? O que realizou? A 
escola tem mais de uma unidade? A que nível(eis) escolar(es) atende? Que 
datas históricas são comemoradas pela comunidade escolar? Algum familiar, 
amigo, pessoa famosa já estudou nessa escola?
> redação de resumos das informações obtidas na pesquisa;
> apresentação dos resumos ao professor de Informática, para criação, pelos alu-
nos, de um site da escola; caso já exista, verificar a possibilidade de inserção dos 
conteúdos pesquisados.
Guerra e Paz 
no Theatro Municipal do 
Rio de Janeiro em 2011. 
Foto: Elisa Guerra
Guerra e Paz 
no Theatro Municipal do 
Rio de Janeiro em 1956.
sugestões de atividades
33
“Quem ama cuida.”
(Leonardo Boff)
c) PrOJetO “PassandO a limPO a escOla”
O professor fará a leitura oral do texto a seguir, de Yanara Rodrigues3, 10 anos.
a minha escola 
A minha escola é assim: 
Tem flores e jardim. 
Tem sala para ler. 
Tem sala para escrever.
Ela é o máximo! 
Ela é um amor. 
Ela é o remédio da minha dor. 
Ela é o futuro da minha vida.
Sem ela não sei viver, 
Sem ela não sei ler, 
Sem ela não sei escrever, 
Sim, sem ela eu não sou nada. 
Com ela eu sei viver, 
Com ela eu sei escrever, 
Com ela eu sei ler,
Com ela aprendo a ser boa e gentil 
Por isso ela é importante para mim.
• Identificação e registro de alguns elementos danificados, passíveis de recupera-
ção, simples e imediata, no espaço da escola: livros, objetos, cortinas, luminá-
rias, paredes, mobiliário, fotos, uniformes, etc.
• Planejamento das ações de recuperação:
> constituição de equipes de trabalho (inclusão de alunos, familiares, professores, fun-
cionários), para a recuperação e a produção de um documentário; 
> distribuição de tarefas entre as equipes.
• Execução das ações de recuperação: colagem, costura, emenda, pintura, limpe-
za, etc.
d) uma escOla nOVinha em fOlha!
• Produção de documentário, em vídeo e/ou fotos e/ou textos, sobre o processo 
de recuperação da escola: o “antes”; o “durante”; o “depois”; 
> registros fotográficos; depoimentos e entrevistas em vídeo; redação de textos; con-
fecção de cartazes.
• Realização de evento festivo com a participação de toda a comunidade escolar;
> exibição dos documentários;
> apresentação dos objetos recuperados;
> falas do(a) diretor(a) e de representantes de cada um dos segmentos da comunidade 
escolar, para os devidos agradecimentos e estímulo a novos projetos.
e) a nOta que eu dOu
• Análise do processo de “restauro”, posteriormente, em sala de aula, com assis-
tência do orientador educacional: Que achei do projeto? Que achei do processo? 
Que achei dos resultados? Corresponderam às expectativas? Como me senti ao 
participar? Eu fiz o melhor que podia? 
• Avaliação do projeto “Passando a limpo a escola”, com atribuição de notas de 
1 a 10.
f) PreserVaçãO da Paz
• Debate: Como relacionar “restauro” a “paz”?
> síntese, em tópicos, das conclusões.
• Elaboração de texto dissertativo com base nas conclusões do debate.
sugestões de atividades
34
“PAz sEm Voz Não é PAz, 
é mEDo!”4
PrOPOsta 4
Esta proposta consiste na criação de um jornal falado. Com essa atividade, os 
estudantes trabalham os fatos reais de violência, no sentido não apenas de infor-
mar, mas de refletir sobre eles – revelando sonhos, aspirações de mudança – e de 
propor soluções. A abordagem do conceito de utopia permite o engajamento das 
mais diferentes disciplinas.
(Candido Portinari, trecho do discurso dirigido a intelectuais argentinos, em 1947. Guerra e Paz, p. 153)
a)“é fácil se VOcê tentar” 5
Divisão da turma em dois grupos, para produção de um jornal falado: grupo 
A, para noticiar situações de violência; grupo B, para noticiar situações de não 
violência.
• Seleção, pelo grupo A, em jornais e revistas, de notícias reais de violência;
> paráfrase das notícias;
> edição do material: organização, ordenação.
• Criação, pelo grupo B, de notícias que expressem a concretização de suas 
aspirações, anseios, desejos, sonhos – em relação a família, amigos, escola, 
bairro, cidade, país, mundo;
> redação dessas notícias;
> edição do material: organização, ordenação.
• Criação, pelos alunos, do nome do jornal.
• Apresentação do jornal em dias diferentes, na ordem A, B. 
Indicação de alunos de cada grupo para as funções de locutor, comentarista e 
analista;
> locução das notícias;
> comentários;
> análise.
b) tem sOluçãO?
• Debate, por parte dos espectadores (os demais alunos), sobre as soluções 
apontadas pelos analistas para os conflitos noticiados pelo grupo A. 
• Debate sobre a viabilidade de realização das aspirações expressas pelo grupo B. 
“As coisas comovedoras ferem de morte o artista 
e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.”
sugestões de atividades
35
c) “nenhuma razãO Para matar Ou mOrrer”6
• Audição e canto, em coro, da seguinte música de John Lennon: imagine.
Mãe e Filha, 1955 
Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis cera/papel 
39,5 x 28,5cm 
Estudo para o painel Guerra
Imagine que não existe céu 
é fácil se você tentar 
que nem há inferno abaixo de nós 
acima de nós apenas o firmamento 
imagine toda gente 
vivendo só para o dia de hoje...
Imagine que não há países 
não é difícil conseguir isto 
nenhuma razão para matar ou morrer 
nem tampouco religiões 
imagine toda gente 
vivendo a vida em paz...
> observação, na letra da música, de possíveis aspirações expressas pelo grupo B em 
suas notícias.
• Leitura extraclasse do livro O que é utopia, de Teixeira Coelho (Coleção Primeiros 
Passos, Editora Brasiliense, SP,1980).
• Debate sobre o conceito de utopia, com base na leitura do livrode Teixeira Coelho.
d) refleXãO
• Interpretação livre, em sala de aula, do seguinte pensamento de Candido Porti-
nari: “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é 
retransmitir a mensagem que recebe.”
36
raP DA PAz
PrOPOsta 5
A essência desta proposta é mostrar que a arte pode ser uma arma poderosa 
na luta pela paz. Aqui, a escola, como patrimônio de cultura, abre seus espaços 
para variadas manifestações artísticas e culturais contemporâneas – grafite, rap, 
breakdance, moda hip-hop –, possibilitando amplo engajamento interdisciplinar.
a) “é bOm VOcê se ligar” 7
Divisão da turma em 5 grupos; distribuição, para cada grupo, de um dos se-
guintes temas relativos à cultura hip-hop: grafite, breakdance, indumentária, 
comportamento, música e poesia (rap).
• Pesquisa, em grupo, sobre esses temas (internet, jornais e revistas);
> fichamento das informações coletadas.
• Redação de resumos, com base nos fichamentos realizados por parte de cada 
grupo;
> apresentação, por parte de cada grupo, do resumo redigido.
• Planejamento, por grupo, de uma atividade relativa à manifestação cultural pes-
quisada:
> grafitagem de um espaço da escola, previamente acordado com a direção;
> improvisação de coreografias, para o tema “dança”;
> desfile de modas, para o tema “indumentária”;
> entrevistas, para o tema “comportamento”;
> apresentação musical, para o tema “rap”.
b) “O raP é O caminhO Pra reVOluçãO” 8
• Audição do seguinte rap de MV Bill e leitura da letra: O crime nunca mais.
Ahn, 1999, o voo da paz
É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar
Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê
Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar
(Segura a onda então)
As favelas não podem se dividir em partilho 
Somos a maioria o povo pobre corre perigo 
É o sangue da favela que está no chão 
Por isso uso a minha voz para pedir a união 
Cansei de ver o povo pobre apodrecer
sugestões de atividades
37
O meu comando é a paz a força pra sobreviver 
A nossa guerra é a arma poderosa do sistema
Exterminar o preto favelado é o esquema 
E quando você se autodestruir novas cartas marcadas no baralho vão surgir 
Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima 
Enquanto você fuma eu sigo a minha sina 
O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês
Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez
Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima desse jogo contra a vida
O comando é a paz, o crime nunca mais 
(segura a onda então, seja um bom rapaz) 
O sistema administra nossa evolução
Quem morde a isca facilita a manipulação
Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido
Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio
Gerando a destruição carcerária
O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara 
O amor traz a paz, a guerra desunião
As muralhas do muro do inferno o destino da civilização 
Eu não nasci aqui não vou morrer assim 
Cabeça sem nada oficina do diabo enfim
A luz que me conduz, seduz meu pensamento 
O sonho de liberdade viver em paz no juramento 
Sem polícia sem miséria sem malandragem
Cobrindo de paz todas as favelas da cidade 
Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz
Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais.
O comando é a paz, o crime nunca mais 
(segura a onda então, seja um bom rapaz) 
O governo prega a paz e financia a guerra
Tenta nos convencer que somos de outra terra
Todos me alertavam que eu corria perigo
Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo 
“Pintar a guerra 
é mais fácil, mas 
pintar a paz é 
mais gostoso.”
(Candido Portinari. Jornal A noite, 
de 2 de março de 1956)
Leituras dos estudos de Portinari para Guerra e Paz produzidas 
por grafiteiros da ONG Artefeito no encerramento da exposição 
dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. 
Fotos: Elisa Guerra
38
O benefício da lei não chegou na favela
A paz não vai reinar se a justiça não impera 
Mas agora eu sei que não estou sozinho
Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho 
Moço sai daí, tu tá numa roubada 
É um barril de pólvora uma canoa furada 
O rap é o caminho pra revolução
O crime é o caminho pro campo de concentração 
A nossa arma é nossa voz nosso pensamento 
A munição atitude poesia e o sentimento 
Carrega minha cruz, desatam mil nós
Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz
O comando é a paz, o crime nunca mais 
(segura a onda então, seja um bom rapaz)
• Identificação, no rap de MV Bill, das características desse gênero musical, 
quanto a letra e melodia. 
• Relacionamento entre o conteúdo da letra e a pesquisa feita a respeito da 
cultura hip-hop.
• Conversa, entre os alunos e o professor de História, sobre questões presen-
tes na letra, passíveis de serem abordadas nessa disciplina: ideologia, siste-
mas econômicos, mídia, consumo, manipulação, classes sociais, injustiça 
social, financiamento das guerras, interesses econômicos, os vários brasis, 
entre outros assuntos. 
c) “nOssa arma é nOssa VOz” 9
• Criação musical, em grupo, de um rap da paz.
A criação do rap deverá ser coletiva: um aluno, de cada vez, contribuirá com um 
dos versos da letra, observando o desenvolvimento dos assuntos, a continui-
dade das ideias, enfim, a coerência.
O professor colocará no quadro os seguintes fragmentos 10, que deverão cons-
tituir-se nos versos iniciais do rap a ser criado pelos alunos:
“(...) A paz é igual / ao computador / Quem não tem / se danou.” 
(Luis Fernando M. S. Bezerra, 14 anos )
“(...) Se nós não tivermos paz, / O que é que a gente faz? / (...) Você que tem 
paz em casa / Se dá bem / Imagine quem não tem?” 
(Alexandra Oliveira Firmino, 13 anos) 
• Apresentação musical do rap criado pela turma para toda a comunidade es-
colar;
> preparação: grafitagem do cenário, com inspiração no painel Paz, de Portinari; 
coreografia e figurinos, concebidos segundo a estética hip-hop.
“Minha arma é 
minha pintura.” 
(Candido Portinari, em entrevista 
à revista Diretrizes, em 1945)
Fotos: Elisa Guerra
sugestões de atividades
39
HAiCAi – PoEsiA DA DEliCADEzA 
PrOPOsta 6
O centro desta proposta é a criação literária, a partir da união de dois extremos: o con-
tato dos estudantes com uma poesia multissecular de origem japonesa e a utilização 
das novas mídias globais, para divulgação de mensagens de carinho e respeito, sob a 
forma de haicais – a poesia da delicadeza.
“(...) os quadros 
de Portinari são 
poemas que podem 
ser lidos 
e declamados.”
a) O menOr POema dO mundO...
Haicai é um tipo de poesia multissecular, de origem japonesa.
O haicai japonês tradicional apresenta, em geral, as seguintes características for-
mais: constitui-se de três versos (o primeiro com 5 sílabas poéticas; o segundo, 
com 7; o terceiro, com 5); apresenta linguagem simples e sintética; não tem título; 
costuma não ter rima; constitui-se predominantemente de frases nominais, com 
presença maior de substantivos (no caso de frases verbais, os verbos em geral se 
encontram no presente).
Quanto às características temáticas, observam-se basicamente as seguintes: é 
uma poesia muito visual, capta um instantâneo poético, priorizando o detalhe; é 
essencialmente sensorial (não lógica); aborda assuntos agradáveis, de maneira 
mais sugestiva que explicativa. No haicai, a natureza é presença central (termos 
ligados às estações do ano). O eu lírico quase nunca aparece, não há extravasa-
mento emotivo.
Exemplo de haicai, criado por um haicaísta brasileiro que segue as regras formais 
do haicai tradicional:
Paz. Forte em ruínas.
E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.
 (Luís Antônio Pimentel)
Observação – No Ocidente alguns haicaístas imprimiram mudanças tanto de or-
dem formal quanto temática nos seushaicais. 
• Pesquisa em grupo, na internet e/ou em enciclopédias, sobre Matsuo Bashô, o 
mais importante haicaísta de todos os tempos:
> levantamento de dados biográficos; 
> contextualização histórica;
> seleção de alguns haicais criados por Bashô (inclusive o haicai da rã, o mais famoso 
do mundo);
> apresentação escrita dos resultados da pesquisa.
(Mauro Santayana. Guerra e Paz, p.145)
sugestões de atividades
40
Observação – O professor de História terá oportunidade de aprofundar a con-
textualização histórica.
• Leitura do haicai de Luís Antônio Pimentel, anteriormente citado;
> divisão da turma em 2 grupos: o primeiro lê em coro o primeiro verso; o segundo 
lê em coro o segundo verso; um(a) único(a) aluno(a) recita o terceiro verso.
• Identificação, ainda nesse haicai, das características formais e temáticas des-
sa forma de poesia;
> apresentação oral da análise feita.
• Ilustração do haicai de Pimentel por meio de foto, pintura, colagem ou dese-
nho (no Japão, é comum o haicai vir acompanhado de ilustração – haiga);
> apresentação em cartazes confeccionados pelos alunos.
b) mensageirOs da Paz
• Pesquisa, no site do Projeto Portinari, de quadros de Candido Portinari que 
expressem situações de paz;
> seleção de alguns dos quadros pesquisados;
> reprodução desses quadros (cópia impressa).
• Criação individual, pelos alunos, de haicais que expressem verbalmente as 
situações retratadas pelo artista;
> divulgação, entre parentes e amigos do Brasil e/ou do exterior, dos haicais 
criados, acompanhados, quando possível, das reproduções dos quadros de 
Portinari: envio por msn, e-mail, sms, twitter; postagem em blogs e redes 
sociais; inserção em site da escola.
Coro, 1955 
Desenho em técnica não identificada 
Suporte não identificado 
Dimensões desconhecidas
• Decoração de objetos – caixinhas, ventarolas, lanternas, quadros pequenos, 
cartões, marcadores de livros, camisetas, etc. – com os haicais criados e as 
correspondentes reproduções dos quadros de Portinari (um haicai e uma 
reprodução para cada objeto). 
c) lendO em duas direções
• Leitura do seguinte haicai: 
Portinari – o mundo
Assiste à explosão de cores.
zero de estilhaços.
 (Lena Jesus Ponte)
> observação das letras iniciais dos três versos do poema.
• Definição de acróstico com base na observação feita.
Divisão da turma em 5 grupos.
• Criação de acrósticos com as seguintes palavras: amor, harmonia, respeito, 
diálogo, liberdade (neste caso, como as palavras têm mais de três letras, os 
acrósticos não serão haicais). 
CURIOSIDADE 
“Aliás, (...) novidades tecnológicas não chocariam Portinari, que tinha uma 
grande curiosidade pelos avanços da ciência e que desejava que sua arte 
‘não dependesse tanto do suporte para se multiplicar nos corações e nas 
mentes das pessoas comuns.’” 11
41
 “o CorAção Do muNDo 
é A PulsAção DA gENtE” 12
PrOPOsta 7
Nesta proposta, professores e estudantes trabalham basicamente hábitos e atitudes 
de respeito, cuidado e preservação. Um código de ética é criado pelos próprios estu-
dantes, para nortear sua conduta na escola. Propõe-se, ainda, a formação de um coral 
para interpretação de músicas que denunciam os horrores da guerra, sugerem re-
construção, falam de fraternidade, mostram a alegria da infância, louvam o amor à 
Terra – patrimônio maior da humanidade. 
a) afagar a terra
• Leitura e audição do seguinte poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson 
Conrad: a rosa de hiroxima.
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o professor de História, 
para uma conversa sobre os fatos que inspiraram o poema de Vinicius de Mo-
raes: a Segunda Guerra Mundial; o uso da energia nuclear com fins bélicos; os 
efeitos devastadores da bomba atômica em duas cidades japonesas.
• Identificação, no poema de Vinicius de Moraes, de palavras e expressões que 
denunciem os efeitos devastadores da bomba.
sugestões de atividades
Sofrimento de Mãe, 1955 
Desenho a grafite, crayon 
e lápis de cor/papel pardo 
32,5 x 23cm 
Estudo para o painel Guerra
Menino Chorando, 1955 
Desenho a nanquim 
bico de pena/papelão 
18,2 x 11,2cm 
Estudo para o painel Guerra
Mulher, 1955 
Desenho a grafite e 
lápis de cor/papel 
32,5 x 15cm 
Estudo para o painel Guerra
42
• Localização, no painel Guerra, de Portinari, de elementos que poderiam ilus-
trar o poema A rosa de Hiroshima.
• Pesquisa, com ajuda de um professor da área de Ciências, sobre o uso da 
energia nuclear com fins pacíficos;
> apresentação dos resultados da pesquisa ao professor;
> organização de uma pequena palestra sobre o assunto, com a ajuda do profes-
sor;
> realização da palestra no auditório da escola para as outras turmas; abertura para 
debates ao final. 
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Gilberto Gil e João Donato 
(fragmento): a paz.
A paz 
Invadiu o meu coração
De repente, me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde eu já não me enterro mais
A paz 
Fez o mar da revolução
Invadir meu destino, a paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer o Japão da paz
De magia, de dança e pés
de criança, cantor e mãos
Alameda de gente e vida
fecha e mata qualquer ferida
De carinho, de roda e mãos
de esperança, de corpo e pés
a paixão que me está surgindo
te tocando, me consumindo
A pulsação do mundo é 
o coração da gente
o coração do mundo é
a pulsação da gente
Ninguém nos pode impor, meu irmão
o que é o melhor pra gente
“(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)”
“Ele pintava o que 
conhecia bem: 
a ternura, os jogos 
da infância, a alegria 
das colheitas fartas, 
o peso da solidão, 
a dor das perdas 
(...) Na Paz, via o 
gozo de coisas 
singelas, ao alcance 
de todos: o canto, 
a dança, o trabalho 
compartilhado, 
a fraternidade.” 
(Maria Luiza Leão, 
sobre Portinari. Guerra e Paz, 
pp. 37 e 39)
• Pesquisa, na internet e/ou em enciclopédias, sobre o Parque Memorial da 
Paz, em Hiroshima: localização; história da construção; finalidade do Parque; 
monumentos e museu existentes no Parque; frase escrita no Hiroshima Pe-
ace City Memorial; registros: a história de Hiroshima antes e depois da bom-
ba, consequências do bombardeio, réplica da bomba atômica, as “cinzas da 
morte”;
> apresentação dos resultados da pesquisa para a turma, com projeção por meio 
de slide show.
• Interpretação do seguinte trecho: “Uma bomba sobre o Japão / Fez nascer o 
Japão da paz”. Como se explica essa contradição? 
Observação: a resposta a essa questão poderá apoiar-se na pesquisa sobre 
Hiroshima.
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento: de 
magia de dança e pés.
• Debate, com a ajuda do orientador educacional, sobre a frase “Ninguém 
nos pode impor, meu irmão / o que é o melhor pra gente”; sugestão de 
assuntos: É possível e/ou desejável o exercício da liberdade total? Há limi-
tes para a liberdade? Quais? Autoridade é o mesmo que autoritarismo? Que 
conflitos podem decorrer de atitudes autoritárias? Afinal, “o que é o melhor 
pra gente”?
43
Há um menino
há um moleque
morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto balança
ele vem pra me dar a mão
Há um passado
no meu presente
um sol bem quente lá no meu quintal
toda vez que a bruxa me assombrao menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas que eu 
acredito que não deixarão de existir
amizade, palavra, respeito, caráter, 
bondade, alegria e amor
Pois não posso, não devo, não quero
O mediador (orientador educacional) deverá listar os aspectos mais relevantes 
que emergirem do debate, além das conclusões a que os alunos chegarem; esse 
material deverá ser impresso e distribuído aos alunos para embasamento de um 
texto a ser escrito individualmente.
• Redação, pelos alunos, de dissertação argumentativa sobre o seguinte tema: 
Liberdade e responsabilidade andam sempre de mãos dadas?
O professor deverá orientar a redação, explicando as características gerais de um 
texto argumentativo: para a introdução, escolha de um ponto de vista – de concor-
dância ou discordância em relação à questão proposta; para o desenvolvimento, 
defesa do ponto de vista com exemplos, provas, fatos, dados estatísticos, testemu-
nhos fidedignos e autorizados; para a conclusão, elementos que reforcem o ponto 
de vista explicitado na introdução.
• Leitura oral de todos os textos produzidos.
• Localização, no painel Paz, de Candido Portinari, de cenas que poderiam ilustrar 
o trecho inicial da música “De magia de dança e pés” (desde “De magia” até 
“me consumindo”).
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando 
Brant: bola de meia, bola de gude.
Futebol, 1935 
Pintura a óleo/tela 
97 x 130cm
viver como toda essa gente insiste 
em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Bola de meia
bola de gude
o solidário não quer solidão
toda vez que a tristeza me alcança
o menino me dá a mão
Há um menino
há um moleque
morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto fraqueja
ele vem pra me dar a mão
“(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)”
(Clarivaldo do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)
• Leitura do texto “Declaração sobre uma Cultura de Paz”, na página 23 deste 
Caderno do Professor.
• Identificação, na letra da música, de valores, atitudes, comportamentos e estilos 
de vida, próprios de uma Cultura de Paz, abordados no texto lido. 
• Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o orientador educa-
cional para uma conversa a respeito das seguintes ideias: “Pois não posso, não 
devo, não quero / viver como toda essa gente insiste em viver / E não posso 
aceitar sossegado / Qualquer sacanagem ser coisa normal”.
Para início de conversa: Que críticas ao comportamento de algumas pessoas es-
tão implícitas nesse trecho? O que cada um tem feito para não viver da forma que 
o autor da música denuncia? Para o compositor, há esperança de mudança? E para 
você? Qual a diferença entre o “não posso” e o “não devo”? 
• Elaboração, pelos alunos, de um código de ética, para valer como princípio de 
convivência pacífica e harmoniosa entre todos da turma;
44
> avaliação semestral dos alunos, com seu representante, quanto à observância 
dos preceitos éticos estabelecidos pela própria turma.
• Localização, no painel Paz, de Portinari, de personagens ligados ao universo 
infantil;
> conversa entre professor e alunos: Por que Portinari teria colocado tantas crianças 
em seu painel Paz? É possível ser um pouco criança mesmo na vida adulta? Em 
que medida? Há um menino morando sempre no seu coração? Como ele é? 
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão
Pomba, 1960
Pomba, 1952
Pomba, 1960 
• Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Chico 
Buarque: O cio da terra. 
CURIOSIDADE 
Palavras de Candido Portinari: “Sabe por que eu pinto tanto menina 
e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos...” 
(Portinari, o menino de Brodósqui, p. 39) 
• Interpretação: 
> identificação, em “O cio da terra”, de 
vocábulos que contribuem para a cria-
ção da imagem de um encontro amo-
roso entre um homem e uma mulher; 
troca de ideias: O que teria motivado 
os autores a tratar dessa forma a rela-
ção do homem com a terra?
> identificação, nesse texto, de versos 
que expressam a transformação do 
“natural” em “cultural” pela interven-
ção do homem na terra por meio de 
seu trabalho;
> verificação, no dicionário, dos possí-
veis significados da palavra “cultu-
ra”; interpretação: Considerando o 
sentido geral do texto, qual(is) dessas acepções pode(m) ser percebida(s) no 
conteúdo da letra?
> identificação, no mesmo texto, de vocábulos da área semântica de violência, 
empregados com sentido de paz.
• Localização, no painel Paz, de Portinari, de cenas que poderiam ilustrar a letra 
de “O cio da terra”.
b) “canta canta, minha gente”13
• Formação, pelo professor de Música, de um coral, caso não haja na escola;
> ensaio das composições musicais analisadas na atividade anterior (Afagar a Terra).
• Criação de coreografia para o coral, sugestiva de união, solidariedade, amiza-
de, fraternidade, alegria.
• Criação de figurino a ser usado na apresentação do coral;
> escolha, dentre as imagens de pombas criadas por Candido Portinari, de uma a 
ser usada na concepção do figurino.
• Apresentação do coral para toda a comunidade escolar.
sugestões de atividades
45
BriNCANDo DE sEr CriANçA
PrOPOsta 8
“Todos os figurantes da Paz são os meninos de 
Brodósqui (...) nas gangorras (...) em cambalhotas e 
piruetas, ou armando arapucas (...)”
Nesta proposta, os estudantes tomam conhecimento de jogos, brincadeiras, brinque-
dos, diversões, de baixo custo, presentes desde muito tempo no universo infantil. 
Em oficinas, eles trabalham ludicamente na criação artesanal de brinquedos e, ainda, 
organizam um grande evento ao ar livre – soltam pipas confeccionadas com motivos 
de paz. Há o reaproveitamento criativo de materiais, dentro de uma perspectiva de 
preservação do patrimônio ambiental.
a) JOgOs de encantamentO
• Leitura dos seguintes fragmentos de textos de Candido Portinari: 
 “Nossos brinquedos eram variados, conforme o mês, e também havia os para o 
dia e os para a noite. Para o dia eram: gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô, 
bilboquê, ioiô, botão, balão, malha e futebol. Para a noite: pique, barra-manteiga, 
pulando carniça etc.”(Candido Portinari. Portinari, o menino de Brodósqui, p.42)
 “Não tínhamos nenhum brinquedo 
Comprado. Fabricávamos 
Nossos papagaios, piões, 
Diabolô. (...) 
Certas noites de céu estrelado 
E lua, ficávamos deitados na 
Grama da igreja de olhos presos 
Por fios luminosos vindos do céu 
era jogo de 
Encantamento. (...)” 
(Candido Portinari. Portinari poemas p. 29)
• Pesquisa de quadros de Portinari que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras 
infantis; 
> observação, dentre esses brinquedos, jogos e brincadeiras, daqueles que perma-
necem nos dias de hoje: Onde podem ser encontrados? Como são criados? Qual o 
perfil social de quem se diverte com eles?
> troca de ideias em torno das seguintes questões: O brinquedo comprado é mais jogo 
de encantamento do que o brinquedo feito em casa? Existe, no universo infantil, 
uma relação direta entre alegria e poder aquisitivo? Comprar ou fazer – o que é me-
lhor? Melhor para quem? Melhor por quê?
(Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99)
sugestões de atividades
46
b) mãOs à Obra!
• CONFECçãO DE CATA-VENTOS 
Passo a passo da execução:
> materiais necessários: garrafa pet de 2 litros, de formato liso; palito longo para 
churrasco; arame fino; canudo de plástico; tesoura; pincel; tintas; agulha de ponta 
grossa;
> modo de fazer:
> cortar o bocal e o fundo da garrafa;