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caderno do professor PATROCÍNIO PROGRAMA EDUCATIVO PATROCÍNIO APOIO FINANCEIRO REALIZAÇÃO E DIREÇÃO APOIO ca d er n o d o p ro fe ss o r LENA JESUS PONTE NADYA FERREIRA JESUS caderno do professor sumário apresentação 4 cronologia ilustrada 6 o pintor do novo mundo 16 israel pedrosa a restauração dos painéis guerra e paz 20 cláudio valério teixeira e edson motta junior declaração sobre uma cultura de paz 23 organização das nações unidas (onu) propostas de atividades 1. painéis da guerra e da paz 26 2. o palácio gustavo capanema – arquitetura e arte 30 3. mutirão do restauro 32 4.“paz sem voz não é paz, é medo!” 34 5. rap da paz 36 6. haicai – poesia da delicadeza 39 7.“o coração do mundo é a pulsação da gente” 41 8. brincando de ser criança 45 9. dançar a paz é mais gostoso 50 10. de repente, o cordel 53 11. “brigas nunca mais” 59 12. “fui lata, hoje sou prata” 62 13. a luta contra a guerra, a guerra pela paz 66 14. “liberdade liberdade, abre as asas sobre nós” 71 15. “a mão está sempre compondo” 76 notas 80 referências 80 Portinari pintando o painel Guerra no galpão da TV Tupi. Rio de Janeiro, 1955. 4 Caros professores Vocês, com seus alunos, participaram das atividades do Programa Educativo Guerra e Paz – visitas guiadas para acompanhamento de fases do restauro dos painéis de Candido Portinari e oficinas de arte, realizadas no Ateliê Aberto, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, de fevereiro a maio de 2011. Agora vocês têm em mão o Caderno do Professor, para o desdobramento das ações pedagógicas deflagradas pela visita ao Ateliê Aberto. Este material, nas escolas, possibilitará a exploração ainda maior de toda a riqueza da obra de Portinari. A primeira parte deste Caderno contém informações básicas sobre o artista e sua obra, bem como sobre a história dos painéis Guerra e Paz, detalhando informações que já constavam do folder distribuído durante as visitas guiadas. A segunda parte oferece a vocês, professores, propostas de atividades discentes, de caráter interdisciplinar, abrangendo Língua Portuguesa, Artes e História. A realização do projeto pedagógico que impulsiona a programação do Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz só foi possível com o patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência de fomento do Ministério de Ciência e Tecnologia. APrEsENtAção 5 As atividades deste Caderno destinam-se aos alunos do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, aos alunos do Ensino Médio e aos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa abrangência não constitui problema, do ponto de vista pedagógico, na medida em que as propostas de atividades possibi- litam ao professor efetuar as adaptações que se façam necessárias – flexi- bilizando, reduzindo, simplificando, desenvolvendo, aprofundando cada uma delas –, de acordo com o contexto de ensino-aprendizagem. As propostas têm como objetivo mais amplo estimular a solidariedade e a harmonia na escola e na família, contribuindo para promover uma cultura de paz na sociedade. É exatamente nesse sentido que se enfatiza a execução em grupo das atividades (estímulo à cooperação e à liderança positiva), bem como a participação integrada, em algumas propostas, dos diversos atores da comunidade escolar: diretores, alunos, professores, orientadores educa- cionais, familiares. Os objetivos específicos consistem na ampliação do universo cultural dos alunos e no desenvolvimento das seguintes capacidades: atenção, obser- vação, concentração, organização, disciplina, compreensão, interpretação, expressão e comunicação verbal e não verbal, relacionamento de fatos e ideias, análise, síntese, senso crítico, argumentação, pensamento criativo, colaboração, avaliação e autoavaliação, flexibilidade. Os três grandes eixos temáticos que norteiam todo o conjunto das atividades são a guerra, a paz e a arte de Portinari. Deixando claro que, coerentemente com os painéis do artista, abordamos “guerra” e “paz” de forma simbólica, como situações e contextos associados a esses conceitos. Assim, paz é har- monia, fraternidade, justiça, tolerância, respeito, preservação, alegria; guerra é conflito, desunião, injustiça, intolerância, agressão, destruição, sofrimento. As atividades propostas – pesquisa, leitura, entrevista, visita, análise de fil- mes, produção de textos, confecção de trabalhos de artes plásticas, criação de coreografia, dramatização, produção musical, entre outras –, já diversifica- das em função do próprio caráter interdisciplinar e da abrangência do público- alvo, variam, também, quanto a ferramentas e recursos didáticos utilizados. Concluindo, a obra de Portinari – em especial os painéis Guerra e Paz – ins- pirou a concepção deste Caderno, cujas propostas de atividades abrem es- paços de comunicação, construção, comunhão, respeito e liberdade – funda- mentos de uma Cultura de Paz. PROPOSTAS DE AtiViDADEs 6 1903 Candido Portinari nasce a 30 de dezembro na fazenda de café Santa Rosa, próxima à cidade de Brodowski, Estado de São Paulo, na época um pequeno lugarejo com cerca de 700 habitantes. É o segundo dos 12 filhos de Baptista Portinari e Dominga Torquato, ambos italianos da região do Vêneto, na Itália, que migraram para o Brasil no final do século XIX, momento de expansão da cultura cafeeira. 1906 Baptista e Dominga deixam a fazenda e se estabelecem como comerciantes em Brodowski, parada para os trens apanharem café e ponto de passagem de retirantes em busca de trabalho. 1911 Portinari frequenta a escola em Brodowski, provavelmente entre 1911 e 1916, não indo além do terceiro ano do curso primário. 1914 Aos 10 anos, Portinari faz o Retrato de Carlos Gomes, primeiro desenho seu de que se tem registro. 1918 Passa por Brodowski um grupo itinerante de pintores e escultores italianos que decoravam igrejas de pequenas cidades do interior. Candido é chamado para ser ajudante, juntamente com Modesto Giordano, seu companheiro de infância, que relata: “Ele (Portinari) ficava lá trabalhando. Cedo, era o primeiro que chegava lá [...] quase nem ia comer em casa [...]. [Era] doente para aprender a arte de pintor”. 1919 Candido Portinari parte para o Rio de Janeiro em companhia da família Toledo, amiga dos Portinari e proprietária de uma pensão na avenida Passos, nº 44. Portinari aí se instala, prestando pequenos serviços. Na capital, ingressa no Liceu de Artes e Ofícios. 1920 Portinari matricula-se como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), cursando regularmente as aulas de desenho figurado. Encontra ali um ambiente contraditório e tenso, marcado por normas rígidas. 1922 Portinari expõe pela primeira vez e recebe Menção Honrosa por um retrato, provavelmente de seu amigo Ezequiel Fonseca Filho. 1924 Portinari se submete ao júri de seleção do Salão da ENBA com sete retratos e a tela Baile na Roça, sua primeira obra temática brasileira, pintada durante as férias de verão passadas em Brodowski. Os retratos são aceitos, mas Baile na Roça é recusado. Baptista Portinari e Dominga Torquato. Casa da Família Portinari em Brodowski. Escola de Brodowski. Portinari é o primeiro, de pé, na terceira fila, à direita, de baixo para cima. Retrato de Carlos Gomes Portinari na ENBA. Baile na Roça CRONOLOGIA ilustrADA 7 1931 O casal regressa ao Brasil. Candido Portinari traz na bagagem seis obras: três naturezas mortas, um nu, um autorretrato e um pequeno retrato de Maria. De volta, recomeça a pintar intensamente para garantir a sobrevivência do casal. 1928 Ano decisivo na trajetória artística de Portinari. O pintorapresenta 12 obras à XXXV Exposição Geral de Belas Artes e ganha o Prêmio de Viagem à Europa, com o Retrato de Olegário Mariano. A imprensa destaca a vitória do artista. 1929 Portinari faz sua primeira exposição individual, com 25 retratos, no Palace Hotel-RJ, iniciativa da Associação dos Artistas Brasileiros, dirigida por Celso Kelly. Embarca para a Europa no navio brasileiro Bagé. Em Paris, instala-se provisoriamente em Montparnasse, reduto dos artistas na época. Logo se muda para o Hôtel du Dragon e inicia sua programação de estudos. Decide não frequentar a Académie Julien, como era praxe entre os premiados da ENBA. De Paris, escreve a uma colega na ENBA: …Palaninho é da minha terra, de Brodowski. …Vim conhecer aqui o Palaninho, depois de ter visto tantos museus, tantos castelos e tanta gente civilizada… Aí no Brasil eu nunca pensei no Palaninho… …Daqui fiquei vendo melhor a minha terra - fiquei vendo Brodowski como ela é. Aqui não tenho vontade de fazer nada… Vou pintar o Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor... 1930 Participa da exposição coletiva de arte brasileira em Paris – Exposition d’Art Brésilien (Exposição de Arte Brasileira), realizada no Foyer Brésilien, com duas obras: um retrato e uma natureza morta. Conhece Maria Victoria Martinelli, jovem uruguaia de 19 anos – radicada com a família em Paris – sua companheira de toda a vida. 1932 Portinari apresenta mais de 60 obras em exposição individual no Palace Hotel, promovida pela Associação dos Artistas Brasileiros. Pela primeira vez, o artista expõe telas de temática brasileira, enfocando cenas de infância, do circo e de cirandas. 1934 Portinari pinta Os Despejados, sua primeira obra com temática social. A tela Mestiço é adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, primeira instituição pública a incluir uma obra de Portinari em seu acervo. Retrato de Olegário Mariano Palaninho Portinari a bordo do Bagé, com Helena Duarte e Campos de Oliveira. Maria e Candido Portinari no apartamento-ateliê da Lapa. Maria Victoria, Montevidéu Foto: Faig Circo Mestiço Os Despejados 8 1935 A convite de Celso Kelly, é contratado para lecionar pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (UDF), Rio de Janeiro. Participa da exposição do Instituto Carnegie, em Pittsburgh, com a tela Café, conquistando a Segunda Menção Honrosa. O artista realiza quatro grandes painéis para o Monumento Rodoviário, na rodovia Washington Luís, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. 1938 Portinari realiza centenas de estudos a carvão, crayon, têmpera, guache e aquarela para a execução dos 12 murais em afresco para a sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema. 1939 Em 20 de janeiro, o presidente Getúlio Vargas decreta a extinção da UDF, encerrando, consequentemente, a carreira de Portinari como professor. Nasce seu filho João Candido. Portinari pinta os painéis Jangadas do Nordeste, Cena Gaúcha e Noite de São João para o Pavilhão Brasileiro da Feira Mundial de Nova York, cujo projeto arquitetônico é de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. É inaugurada no Museu Nacional de Belas Artes a maior exposição de Portinari, com 269 obras. O catálogo tem prefácio de Manuel Bandeira e Mário de Andrade. Turma de alunos da UDF. Portinari ao centro. Atrás dele, de pé, está o escritor Mário de Andrade. Café Trabalhador Trabalhador Portinari e o filho João Candido. Museu Nacional de Belas Artes. O presidente Getúlio Vargas visita a Exposição acompanhado do Ministro da Educação Gustavo Capanema. Algodão 9 1940 Participa da Latin American Exhibition of Fine Arts (Mostra Latino-Americana de Arte), no Museu Riverside de Nova York, com 35 obras. A Exposição Portinari of Brazil (Portinari do Brasil), com aproximadamente 180 obras, é realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), e posteriormente percorre diversas cidades americanas. 1941 A Universidade de Chicago edita o álbum Portinari, his Life and Art (Portinari, Vida e Arte). Portinari pinta a Capelinha da Nonna, em Brodowski, num dos cômodos da casa da família, para sua avó Pellegrina. Os santos que decoram as paredes são feitos em tamanho natural e retratam pessoas de sua família. Inaugura exposição na Galeria de Arte da Universidade de Howard, em Washington. 1942 São inaugurados os murais na Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington. Os painéis apresentam uma temática histórica latino-americana. 1943 É inaugurada uma exposição individual de Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, com 168 trabalhos. Memórias Pósthumas de Braz Cubas, de Machado de Assis, primeiro livro publicado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, é ilustrado por Candido Portinari. 1944 Portinari participa da exposição comemorativa dos 15 anos de fundação do MoMA – Art in Progress (Arte em Progresso) – com as obras Espantalho e Colonos Carregando Café. Portinari pinta os painéis da série Retirantes. É concluído o conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte, encomenda do então prefeito Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer, incluindo a Igreja de São Francisco de Assis, decorada por Candido Portinari com azulejos na parte externa e pintura mural no interior. Santa Luzia e São Pedro (detalhe da Capelinha da Nonna). Museu Casa de Portinari, Brodowski. Exposição Portinari no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Foto: Kazys Vosylius Painel de azulejos, Igreja de São Francisco de Assis, Pampulha, Belo Horizonte, MG. Portinari pintando os murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso Americano, Washington. Foto: Thomas D. McAvoy Retirantes Enterro na Rede Criança Morta 10 1945 A crescente preocupação política de Portinari leva-o a candidatar-se a deputado federal. Sua plataforma defende uma Constituinte soberana, com base no apoio popular à cultura, à sindicalização dos camponeses, contra a carestia, a inflação, o latifúndio e o Integralismo. 1946 A Galeria Charpentier, em Paris, inaugura exposição de Portinari com 84 trabalhos. O governo francês condecora Portinari com a Legião de Honra. 1947 Apresenta sua candidatura ao Senado pelo PCB, mas perde a eleição por pequena margem de votos. Inaugurada sua primeira exposição individual na Argentina, no Salón Peuser, em Buenos Aires, com 91 obras. O governo do Presidente Eurico Dutra intensifica a perseguição aos comunistas. Em novembro, Portinari parte para o Uruguai em exílio voluntário. Em dezembro, a família Portinari vai ao encontro do artista. 1948 É exposto no Teatro Solis, em Montevidéu, o painel A Primeira Missa no Brasil, pintado para a nova sede do Banco Boavista, no Rio de Janeiro. Portinari volta ao Brasil e, em dezembro, faz uma exposição retrospectiva no MASP, em São Paulo. Portinari pintando Retirantes, Rio de Janeiro. Propagada política. A Primeira Missa no Brasil Portinari com amigos e familiares em Montevidéu. Galeria Charpentier, Paris. Foto: Agence France Presse Portinari com Nicolás Guillén e grupo de visitantes na sua exposição. Montevidéu. Foto: Justicia Tiradentes 11 1949 Portinari inicia o painel Tiradentes para o Colégio de Cataguases, em Minas Gerais. É convidado a participar, em Nova York, da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, mas a Embaixada Americana nega-lhe o visto de entrada. Portinarié intimado a comparecer à Polícia Central para prestar esclarecimentos por sua participação na Universidade do Povo. 1950 Visita, pela primeira vez, Chiampo, cidade natal de seu pai, na região do Vêneto. Recebe a Medalha de Ouro da Paz, por sua obra Tiradentes, no II Congresso Mundial dos Partidários da Paz, em Varsóvia. 1951 Portinari participa da I Bienal de São Paulo. 1952 Portinari faz o painel A chegada de D. João VI à Bahia, encomenda do Banco da Bahia. O Secretário Geral das Nações Unidas anuncia oferta, feita pelo governo brasileiro, de dois painéis (Guerra e Paz), que serão executados por Portinari, e que decorarão um dos salões da nova sede da ONU. 1953 É internado no Rio de Janeiro, após sofrer hemorragia intestinal. O diagnóstico aponta para o uso de determinadas tintas contendo metais pesados, como chumbo, cádmio e prata. Após dez anos sem expor individualmente no Rio de Janeiro, Portinari inaugura mostra com 100 obras no Museu de Arte Moderna – MAM. Portinari junto com familiares italianos. Chiampo, Itália. Exposição de Portinari, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro. A Chegada de D. João VI à Bahia 12 1954 Inaugura exposição individual no Museu de Arte de São Paulo – MASP com mais de 100 obras, entre elas, duas maquetes para os painéis Guerra e Paz da ONU. Por determinação médica, Portinari fica algum tempo sem pintar. O chumbo das tintas é a causa da doença. “– Estou proibido de viver”, diz Portinari. 1955 É assinado o contrato entre Portinari e o Ministério das Relações Exteriores para a execução dos painéis Guerra e Paz, cujos estudos já se encontram bastante adiantados. Portinari participa da III Bienal de São Paulo com sala especial, hors concours, e apresenta 12 estudos para o painel Guerra, todos eles de grandes dimensões. Agraciado com a Medalha de Ouro concedida pelo International Fine Arts Council – IFAC – , de Nova York, como o melhor pintor do ano. 1956 Portinari entrega Guerra e Paz. Os painéis, de 14m x 10m cada um, foram realizados a óleo sobre madeira compensada naval, durante nove meses, com a ajuda de Eurico Bianco e Rosalina Leão. Antes de seguirem para a sede da ONU, em Nova York, o Presidente da República, Juscelino Kubitschek, inaugura a exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi a primeira e única vez que Portinari viu Guerra e Paz erguidos. Na inauguração da exposição, o Presidente Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro concedida pelo Internacional Fine Arts Council, em 1955. Portinari realiza a série D. Quixote, constituída por 22 desenhos a lápis de cor, encomendada pela editora José Olympio, para ilustrar os poemas de Carlos Drummond de Andrade. 1957 É inaugurada exposição individual de Portinari na Maison de la Pensée Française, em Paris, patrocinada pela Embaixada do Brasil. A exposição é apresentada depois em Munique e em Colônia, na Alemanha. São doados à ONU, em cerimônia oficial, os painéis Guerra e Paz. Portinari não é convidado a comparecer à cerimônia, em virtude do seu envolvimento com o Partido Comunista, sendo representado pelo embaixador Cyro de Freitas-Valle. Dando início a sua atividade literária, Portinari começa a escrever Retalhos de Minha Vida de Infância. 1958 Portinari inaugura na Galleria del Libraio, em Bolonha, na Itália, sua primeira exposição individual na terra de seus pais. O artista é intimado judicialmente a depor no Departamento Federal de Segurança Pública, sendo indiciado com Oscar Niemeyer, Arnaldo Estrela, Dalcídio Jurandir e outros pelo trabalho desenvolvido na Escola do Povo. 1959 Portinari participa da exposição itinerante Artistas Brasileiros na Europa, organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ilustra o livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego, editado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil. A V Bienal de São Paulo realiza retrospectiva da obra de Portinari com 127 obras. Museu de Arte de São Paulo – MASP. Foto: Alice Brill Exposição dos painéis Guerra e Paz no Theatro Municipal, Rio de Janeiro, RJ. Meninos a Cavalo Inauguração dos painéis Guerra e Paz, na sede da ONU, Nova York. Candido Portinari, Presidente Juscelino Kubistcheck e Sra. no Theatro Municipal. 13 1960 Nasce Denise, neta de Candido Portinari. Nesse dia, Portinari escreve: “– Minha neta me libertará da solidão.” O artista prosseguirá representando sua neta em poesia e em pintura. É publicado na Itália o livro Brasil, Dipinti di Portinari (Brasil, Pintura de Portinari). 1961 Em viagem à França, é impedido de entrar no país pelo governo francês. Após negociações, recebe um visto de 60 dias, com a condição de não fazer declarações políticas. Retorna ao Brasil com a saúde comprometida. Realiza sua última exposição individual em vida, na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro. Portinari faz três painéis em azulejos: Frevo e Peixes, para o Pampulha Iate Clube, projeto de Oscar Niemeyer, e Pombas, para um edifício em Paris. 1962 Portinari falece em 6 fevereiro, intoxicado pelos metais pesados contidos nas tintas. O velório é realizado no Edifício Sede do Ministério da Educação, hoje Palácio Gustavo Capanema. Estavam presentes o ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek, Hermes Lima, representando o Presidente João Goulart, os líderes comunistas na clandestinidade, Luis Carlos Prestes e Carlos Marighela, e o líder anticomunista e governador do Estado da Guanabara Carlos Lacerda. A Presidência da República emite nota de pesar e é decretado luto oficial de três dias no Estado da Guanabara. Velório do artista no prédio do Ministério da Educação e da Saúde Pública, Rio de Janeiro. Peixes Frevo Pombas Denise com Pássaro 14 Mulher e Criança Chorando, 1955 Desenho a grafite e pastel/cartolina 32,7 x 22,7cm Estudo para o painel Guerra Paz, 1955 Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis de cor/papel 51 x 36,5cm Estudo para painel Paz Meninos no Balanço, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 25 x 24,5cm Estudo para o painel Paz 15 A oBrA 16 O PintOr Do NoVo muNDo israel PedrOsa Intervenção no Colóquio Internacional Portinari em Paris: 1946-2009, PUC-Rio, novembro de 2009 Menino com Cata-Vento,1955 Desenho a grafite, sanguínea e lápis de cor/papel 31,5 x 15,5cm Estudo para o painel Paz Sempre que se quis definir Portinari, a partir da visão de sua obra, essa definição atingia uma tal abrangência que ultrapassava em muito a caracterização, simplesmente humana, do pintor. Foi assim quando de sua exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York, em que foi apresentado como Portinari of Brazil, formulação que lhe dava o foro de pintor nacional de seu país. No catálogo da exposição Cem Obras-Primas de Portinari, realizada pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), seu diretor Pietro Maria Bardi o qualificara como “um intérprete das misérias do Terceiro Mundo”. Antônio Bento, algum tempo depois, o denominou simplesmente: O Pintor do Terceiro Mundo. Ao reduzir o termo, Bento ampliava-lhe o sentido, como que dissesse ser ele não apenas o intérprete das misérias mas também das lutas, alegrias e esperanças comuns a esse universo majoritário de nosso planeta. Hoje, passadas várias décadas desses esforços de definição, delineia-se claramente o perfil de Portinari como o de O Pintor do Novo Mundo. Epíteto que, ultrapassando o signi- ficado simplesmente geográfico, representa sobretudo o novo mundo social e espiritual que o perene labor humano vem construindo,como fruto de seus melhores anseios: a Nova Era de que Paul Klee e David Alfaro Siqueiros sonhavam ser os pioneiros. E que realmente o foram, cada um a seu modo. Este Novo Mundo, de que Portinari viria a ser seu grande intérprete e magno represen- tante, é o Novo Mundo que começa a emergir em meio às lutas e às aspirações, não apenas dos visionários das regiões periféricas e dos atuais países emergentes, mas tam- bém de toda a humanidade progressista. Mundo de paz, de trabalho produtivo, de alegria, felicidade e amor entre os seres humanos, e de fraterna confiança entre os povos. (...) O realismO dO séculO XX Se aplicarmos à obra de Portinari o conceito de John Ruskin de que para a análise da obra de arte a primeira pergunta a se fazer é: – o que ela nos ensina? a resposta será o espan- to. Veremos que melhor que nos compêndios de História, de Economia, de Sociologia ou de Política, o relato visual de Portinari expressa os mais avançados conceitos da cultura de seu tempo, que aponta sempre para um horizonte promissor. Tomada em seu conjunto, sua obra é como um imenso painel que aborda todos os aspec- tos da alma humana e da vida social, da miséria e desgraça, aos anseios da bem-aventu- rança terrestre. O brilho do olhar de seus miseráveis e degradados seres amoráveis tem a chama reivindicativa da esperança. Sua obra, expressão coerente de sua generosa visão de mundo, não decorre apenas de um “otimismo da vontade” em meio ao “pessimismo da razão”. É expressão de uma razão combatente que, em meio à adversidade, revela os lenitivos de uma cantata ao porvir. (...) Sem desfalecimento, a obra de Portinari assume autêntica expressão do Realismo do século XX. 17 (...) A universalidade de seu vocabulário plástico é ao mesmo tempo a única forma de expressão de seu postulado estético. É com ela que desde o início de sua saga ele revela um universo novo para a historicidade da arte. Daí surgem as reminiscências rurais de sua infância, o cenário humilde das nas- centes metrópoles, cenas e alma da vida brasileira. A singeleza ou a monumentalidade dessas visões estão expressas nos murais da casa de Brodósqui, da capela da Pampulha, do Ministério da Educação, da Biblioteca do Con- gresso, em Washington, e dos painéis e quadros que percorreram o território das três Américas. Os Painéis Guerra e Paz Para Portinari, os últimos anos da década de 1940 e os primeiros da seguinte são marca- dos pela realização de seus grandes painéis móveis: A Primeira Missa no Brasil (1948), Tiradentes (1949), Chegada de D. João VI ao Brasil (1952), Guerra e Paz (1952-1956). Em 1952, atendendo a convite do Itamaraty, Portinari inicia a realização das maquetes dos dois imensos painéis (14m x 10m cada um) para a decoração do edifício sede da ONU, em Nova York. Edifício projetado por Le Corbusier, e em cuja elaboração trabalhara Oscar Niemeyer. Os temas escolhidos para os painéis foram a Guerra e a Paz. Síntese das pre- ocupações e objetivos primordiais dos trabalhos das Nações Unidas. Decorridos quatro anos de árduo trabalho, no dia 5 de janeiro de 1956 os imensos painéis foram entregues ao Ministério das Relações Exteriores. Durante o período de sua realização, a imprensa do País e do exterior acompanhou com interesse o trabalho do artista. Ao ser anunciado o seu término, desencadeou-se imenso movimento de opinião pública liderado por eminentes intelectuais, artistas e organiza- ções culturais e até por sindicatos operários, desejando a exposição dos painéis no Brasil, antes de seu envio para Nova York. Atendendo a esse clamor geral, o Itamaraty organizou a mostra dos painéis Guerra e Paz, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, transformando-o no mais amplo salão de expo- sição visto no Brasil, até então, e no templo reverencial de um momento específico de nossa contribuição à historicidade artística da humanidade. No dia 27 de fevereiro de 1956, na presença do Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, e altas autoridades, de representantes políticos de todas as ten- dências, de intelectuais, de artistas e de eufórica multidão em clima de júbilo nacional, foi inaugurada a extraordinária mostra. Pouco mais de um ano depois, ante o secretário-geral das Nações Unidas, Dag Hammar- skjold, e representantes do Brasil, embaixador Cyro de Freitas-Valle e ministro Jayme de Barros, em setembro de 1957 foram inaugurados no edifício sede da ONU, em Nova York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari. 18 cOnsiderações gerais Em 2007, marcando o cinquentenário da inauguração dos painéis, o Projeto Portinari pu- blicou o livro comemorativo da efeméride: Guerra e Paz – Portinari. Nele, eu afirmara que os dois painéis constituíam “um discurso visual uno em sua complexa complementarida- de sobre os extremos da desgraça e da bem-aventurança, na trágica e comovedora visão pintada por Portinari. Nas páginas da História da Arte, em que surgem incontáveis guerras datadas e localiza- das, como as de Troia e do Peloponeso, pintadas por Eufrônio, as Batalhas de San Roma- no e Anghiari, de Paolo Uccello e de Da Vinci, ou Guernica, de Picasso, todas são narradas por cenas que as identificam, localizam e datam. Com os recursos próprios ligados ao tempo da pintura, cada uma delas participando da variada gama de conceitos que vai do heroísmo à dor e ao desespero ou defendendo um solo, uma ideia ou uma causa que as particularizam. A abordagem de Portinari é outra. Não identifica guerra alguma, como se afirmasse que em essência todas se equivalem no desencadeamento de horror e ani- malidade. Nenhuma arma identificável, em Portinari; a cavalgada apocalíptica que corta a cena em todas as direções, com seu cortejo de conquista, guerra, fome e morte, não traz as cores bíblicas do fogo e do sangue, nem o preto, o branco ou o amarelo. É o azul que domina. Uma trágica e dorida sinfonia em azul, passando por toda sua escala. Os tons escuros, soturnos, ricos em variadas e profundas nuanças violáceas, desenham as cenas sobre fundo de claros azuis de reflexos verdátreos, tendentes aos leves citrinos. Contrastando com esse universo azulado, valorizando-o cromaticamente, em contrapon- to tonal, o cavalo manchetado de carmim, a carnação de rostos, braços e pés saindo das vestes escuras, surgem em vibrantes alaranjados que vão das sombras trevosas violáceas, aos quase vermelhos e rosas de intensa crepitação luminosa. Nesse clima de violentos contrastes, de soturna féerie, o tropel ininterrupto liberta as feras que aterrori- zam o mundo. (...) Realçado por clara luz, um eremita desnudo, de pé em penitência, cobre os olhos com as mãos, em prece e lamento. Figuras em grupo compacto, genuflexo, braços levantados com as mãos espalmadas e rostos voltados para o céu, nesse cenário de morte deixam transparecer uma aragem de força e vida, de condenação à própria existência da guerra”. No painel Paz, tal como acontece em seu par: “são múltiplas as reminiscências de obras anteriores de Portinari, como também são vários os vestígios desses trabalhos em qua- dros posteriores do Mestre. O que significa dizer serem eles elos coerentes de uma imensa produção pictórica da mais alta representatividade do poder criador do século XX (...). O que emana desse painel, nos enleva e encanta, mais que a ideia de paz e da paz, é a própria paz que nos invade ao contemplá-lo. É a sensação de penetrarmos num universo sereno, de comunhão fraterna no trabalho produtivo, num reino mágico de cores reluzentes, do som da ciranda de jovens num canto universal de fraternidade e confiança, ou da candura dos folguedos infantis. Com todos esses tons dourados, alegres, crepi- tantes de vida, o pintor parece nos dizer: A paz universal é possível. Dia virá em que a humanidade desfrutará a paz sem limites no espaço e no tempo.” 19 20 A RESTAURAçãO DOS PAINÉIS Guerra EPaz cláudiO ValériO teiXeira edsOn mOtta JuniOr Detalhe do painel Paz: esbranquiçamento da superfície da tinta é visível em toda metade inferior do painel. Ateliê Aberto de Restauro dos painéis Guerra e Paz, no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, 2011. Os dois painéis monumentais intitulados Guerra e Paz foram pintados por Candido Por- tinari entre 1952 e 1956 para o Hall dos Delegados da Sede das Nações Unidas, em Nova York. O artista usou tintas a óleo. A estrutura dos painéis é composta pela junção de quatorze módulos menores, de madeira compensada fina, que, unidos pelo verso por parafusos, formam um todo, cuja dimensão total é de 14m (altura) x 9,53 m (largura) para Paz e 14m (altura) x 10,58m (largura) para Guerra. O estado de conservação das obras mostra os efeitos da exposição à luz, à poluição ur- bana e a mudanças dos níveis de umidade relativa. Essas condições ambientais fizeram com que poeira e fuligem se acumulassem na superfície da tinta, atribuindo às pinturas uma aparência acinzentada e encardida, que reduz a intensidade cromática e diminui a escala de contrastes, valor vital para obras que querem transmitir o drama da guerra e a alegria da paz. Além disso, a instabilidade dos níveis de umidade ao longo dos anos provocou o desprendimento de tinta, especialmente nos locais de empastamento, e fez aparecer, em áreas onde a tinta é mais fina, rachaduras e micro-ondulações na madeira compensada, indicando o começo de um processo de descolamento das camadas de madeira que formam a placa de compensado naval. A exposição à luz foi a causa mais provável das áreas esbranquiçadas que se concentram em alguns campos de cor; mas investigações científicas mais detalhadas serão necessárias para a identificação e pos- terior tratamento dessas alterações, pois, apesar de não representarem ameaça à inte- gridade física da obra, traem substancialmente a intenção do artista, comprometendo a beleza da pintura. O processo de conservação e restauração de Guerra e Paz será discreto e minimalista, e adotará procedimentos e materiais que respeitam a integridade física e estética das obras. A limpeza da superfície será feita com métodos que empregam pequenos percen- tuais de produtos químicos diluídos em água, além de gomas macias especiais para o recolhimento da poeira e da fuligem; a tinta em descolamento será fixada com adesivos similares aos que Portinari usou na preparação dos painéis, evitando assim a introdução de materiais estranhos aos que foram empregados pelo artista. Estão previstas, também, pequenas intervenções onde a camada de tinta foi danificada. Nesses locais as lacunas serão niveladas, texturizadas e retocadas com tintas apropriadas para restauração. Estas serão aplicadas com um minúsculo pontilhado para que as áreas de restauro sejam fáceis de localizar e não sejam confundidas com as tintas pintadas pelo mestre. Uma solução diluída de uma resina estável poderá ser usada para aumentar a profundidade das tintas e acentuar a intensidade das cores, mas o belíssimo contraste entre áreas brilhantes e foscas, comum na pintura moderna e tão valorizado pela riqueza plástica que atribui à obra, será preservado. A vinda dos painéis Guerra e Paz para exposição e restauração no Brasil é um orgulho para todos nós e uma oportunidade para apresentarmos a estudantes, estudiosos e ao público interessado os modernos procedimentos e técnicas de restauro usados no Brasil. Além disso é simbólico que este trabalho seja realizado num prédio que é um marco do Modernismo brasileiro e onde se encontram outras obras-primas da pintura mural de Candido Portinari. 21 22 “O que Portinari carrega como um manancial inesgotável é sua maneira de nos oferecer sua paixão pela vida e pela vida compartilhada, como um ensejo para melhor conhecê-la e nos deslumbrarmos com ela, com suas dores e alegrias, sempre capazes de se misturarem uma na outra e de se alternarem uma pela outra. Isto quer significar que a presença da obra de Portinari pode mobilizar a vida da escola, de seus educadores e educandos, através de comoções estéticas, que precisam ser também aprendidas. Afinal, seu pensamento genial e sua sensibilidade tocante, além de cartografar os corpos em movimento do Brasil, capta e enreda as generosidades e as conflitividades das paisagens sociais brasileiras e com elas da própria humanidade em seus apelos de paz. (…) Quantas lições poderemos proporcionar aos nossos professores e estudantes com a convivência de Candido Portinari entre as experiências escolares? As pesquisas educacionais vêm confirmando que não aprendemos sem redes complexas de relações, sem vontade, sem questões, sem dilemas e necessidades que façam sentido para nossas vidas. Memorizações rígidas pouco ajudam no encaminhamento e enfrentamento dos desafios. Urge pensar e sentir, como ações entrelaçadas historicamente, para irmos produzindo sinergias educacionais e políticas que potencializem as aprendizagens como modos de sentir, pensar e atuar na vida, modificando-a.” CÉLIA LINHARES Professora Titular de Política Educacional da Universidade Federal Fluminense Mãos, 1955 Desenho a grafite, crayon e crayon colorido/papel 12 x 13cm Estudo para o painel Paz Artigo 1º da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz – Assembleia Geral – Organização das Nações Unidas – 19991 DECLARAçãO SOBRE umA CulturA DE PAz Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o direito internacional; c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio ambiente para as gerações presente e futuras; f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e informação; i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; e animados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz. 23 PROPOSTAS DE AtiViDADEs Candido Portinari. Guerra e Paz, p.148 “(...) majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.” João Candido Portinari, a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari. Pintar ou viver. Guerra e Paz, p.147 “O tema é o homem” Menino com Diabolô, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 21 x 15,5cm Estudo para o painel Paz 26 sugestões de atividades PAiNéis DA guErrA E DA PAz ProPostA 1 a) a cultura da Paz • Leitura do texto Declaração sobre uma Cultura de Paz, na página 23 deste Caderno. O professor solicita a vários alunos que leiam em voz alta cada um dos itens do texto à maneira de um jogral. • Debate sobre o texto lido. Exemplos de alguns questionamentos possíveis: Por que se estabelece comumente uma relação direta entre educação e res- peito à vida humana? É aceitável a ideia de que os fins justificam os meios? Como conciliar desenvolvimento e proteção ao meio ambiente?O que teria originado, na maioria das culturas, a discriminação de gênero? A liberdade de expressão, opinião e informação deve ser incondicional? Há alguns valores e/ou atitudes abordados no texto que não vêm sendo observados no seu ambiente escolar? b) a guerra e a Paz em POrtinari • Leitura dos seguintes fragmentos a respeito dos painéis Guerra e Paz, de Portinari: “A guerra seria representada através do sofrimento do povo e não de soldados em combate.” (Antônio Bento. Guerra e Paz, p. 48) No painel Paz “(...) camponeses plantando, camponeses colhendo, o espantalho, os batedores de arroz, homens, mulheres e meninos que cantam.” (Clarival do Prado Vallada- res. Guerra e Paz, p. 99) • Localização, no painel Guerra, dos elementos mencionados no primeiro frag- mento, ou seja, imagens de sofrimento do povo; > identificação, nesse painel, de imagens da mãe com o filho morto no colo – sím- bolo da dor máxima da humanidade; questionamentos: A que referência religiosa e artística essas imagens remetem? Em que medida essas imagens represen- tam ruptura dramática com o futuro? • Localização, no painel Paz, dos elementos mencionados no segundo frag- mento, ou seja, imagens de alegria do povo. “Trabalhe sempre com gosto. Se cansar de uma técnica, passe para outra. Mude a cor do papel ou o tema da pintura. Mas conserve o amor.” (Candido Portinari, citação de Maria Luiza Leão. Guerra e Paz, p. 37) Trabalhar na escola uma Cultura de Paz é o objetivo principal de todas as propostas de atividades. A arte de Portinari nos painéis Guerra e Paz é o fio condutor para que os professores de Língua Portuguesa, de História, de Artes e de outras áreas de conhecimento possam desenvolver esses temas na escola. Nesta primeira pro- posta, especificamente, os estudantes são convidados a dialogar com os painéis do artista, criando seus próprios painéis de guerra e de paz, inspirados na realidade que os cerca e com reutilização de materiais descartados. 27 • Seleção, nos dois fragmentos, de vocábulos a serem agrupados em dois con- juntos: 1º) área de significação de tragédia, fúria e drama; 2º) área de significação de lirismo, ternura e poesia. c) recriandO guerra e Paz • Seleção e recorte, em jornais e revistas, de palavras, frases, manchetes, ima- gens, associadas às ideias de violência e de não violência. • Criação de dois painéis: um, da guerra; outro, da paz. Utilização do material sele- cionado e recortado, além de sucata, tinta, lápis cera, etc. • Exposição dos painéis no espaço da escola, junto com reproduções ampliadas dos painéis de Portinari, para visitação pela comunidade escolar (familiares, pro- fessores, alunos, funcionários). Comparação entre os painéis dos alunos e os de Portinari (personagens, situações, materiais, técnicas). d) a década de 1950 nO brasil e nO eXteriOr • Pesquisa histórica sobre o período em que foram criados os painéis Guerra e Paz (1952-1957). Assuntos, relacionados tanto a guerra quanto a paz, que podem ser desenvolvidos e debatidos nas aulas de História: reflexos do fim da Segunda Guerra Mundial; a Guerra Fria; o temor de uma guerra nuclear; o papel da ONU; lançamento do Sputnik I pela União Soviética; suicídio do Presidente Getúlio Vargas; o governo de Juscelino Kubitschek; entre outros. um fatO imPOrtante Em 1956, “Portinari entrega os painéis Guerra e Paz para serem doados à ONU. Antes de seguirem para os Estados Unidos, os painéis são expostos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na inauguração da exposição o Presidente Juscelino Kubitschek entrega a Portinari a Medalha de Ouro pelo International Fine Arts Council, como melhor pintor do ano.” 2 “Mesmo diante da ameaça à própria vida, que sobreveio quando completara 50 anos, Portinari não recuou, aceitando o desafio mortal e enfrentando o trabalho maior de toda a sua vida: os murais Guerra e Paz para a sede da ONU em Nova York. O mais universal, o mais profundo, também, em seu majestoso diálogo entre o trágico e o lírico, entre a fúria e a ternura, entre o drama e a poesia.” (João Candido Portinari. Guerra e Paz, p.147) Guerra, 1952–1956 Painel a óleo/ madeira compensada 1400 x 1058cm ESCALA HUMANA Paz, 1952–1956 Painel a óleo/madeira compensada 400 x 953cm ESCALA HUMANA sugestões de atividades 30 o PAláCio gustAVo CAPANEmA – ArquitEturA E ArtE PrOPOsta 2 a) cOnhecendO O PaláciO gustaVO caPanema • Pesquisa, por parte da turma, em enciclopédias e na internet, sobre os se- guintes temas: 1º) características do Modernismo na arquitetura brasileira; 2º) importância do Palácio Gustavo Capanema na arquitetura da cidade do Rio de Janeiro; 3º) artistas que participaram da concepção do projeto de construção do Palácio; 4º) murais de azulejos de Candido Portinari; > fichamento, pela turma, das informações coletadas. Divisão da turma em 4 grupos para distribuição, entre eles, dos temas pesqui- sados. • Elaboração, pelo primeiro grupo, de esquema relativo ao primeiro tema, com base no fichamento realizado; > apresentação do esquema, com explicações orais; projeção do esquema por meio de slide show. • Redação, pelo segundo grupo, de texto dissertativo relativo ao segundo tema, com base no fichamento realizado; > desenho da planta do Palácio para confecção de maquete, com utilização de ma- deira, papelão, sucata, etc., a fim de ilustrar a exposição desse tema; > apresentação oral do texto e mostra da maquete. • Redação, pelo terceiro grupo, de resumos dos dados biográficos dos artistas, com base no fichamento realizado para o terceiro tema; > confecção de cartazes com os resumos, acompanhados de fotos dos artistas pesquisados; > apresentação do trabalho. • Redação, pelo quarto grupo, de resumo da história dos murais de azulejos criados por Candido Portinari, com base no fichamento realizado para o quar- to tema; > registro fotográfico dos murais em seu conjunto e em seus detalhes; > apresentação oral desse quarto tema; projeção das fotografias por meio de slide show. Esta proposta abre a possibilidade de que os estudantes visitem o Modernismo, na Arte e na Arquitetura. Entre as várias atividades, a de pesquisa histórica a res- peito do Palácio Gustavo Capanema reforça a necessidade de preservação desse importante patrimônio histórico, que abriga, em 2011, os painéis Guerra e Paz para restauração. Inspirados nos murais de azulejos desse Palácio, criados por Candido Portinari, os estudantes podem exercitar sua criatividade. Cana, 1938 Pintura mural a afresco 280 x 247cm Pau-Brasil, 1938 Pintura mural a afresco 280 x 250cm sugestões de atividades 31 Estrelas-do-Mar e Peixes painel de azulejos 990 x 1510cm Fachada do edifício Gustavo Capanema Foto: Elisa Guerra Monumento à Juventude Brasileira, de Bruno Giorgi, 1947 Foto: Elisa Guerra b) Os mOtiVOs marinhOs nOs azuleJOs de POrtinari • Apreciação dos azulejos que enfeitam os pilotis do Palácio Capanema, para ob- servação dos elementos marinhos e da forma decorativa de sua disposição no espaço. • Pesquisa de poemas cujo tema seja o mar; > recitação dos textos pesquisados. • Criação de poemas, frases, pensamentos com temas associados a mar; > apresentação dos textos produzidos, com utilização expressiva da voz e dos gestos. • Pesquisa de composições musicais cujo tema seja o mar, a exemplo das can- ções praieiras de Dorival Caymmi; > audição das músicas pesquisadas. • Composição de canções praieiras; > apresentação das músicas criadas, com acompanhamento de instrumentos musicais (flauta, violão, teclado...). • Criação de painéis decorativos (ao estilo dos murais de Portinari no Palácio Capa- nema), a serem expostos na escola. Sugestão de materiais: papéis coloridos, EVA, folhas derevistas, pedrinhas coloridas, massinhas de sopa, grãos, flores secas, contas, miçangas, paetês, purpurina, algodão, etc.; > composição artística com elementos da terra (flores, plantas, cogumelos...); > composição artística com elementos do céu (estrelas, cometas, lua, sol, nuvens...). (Música “Canta Brasil”, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser) “No céu, no mar, na terra!/ Canta Brasil!” Mulher Reclinada, de Celso Antonio, 1940 Foto: Elisa Guerra 32 mutirão Do rEstAuro PrOPOsta 3 O foco desta proposta é a educação patrimonial. As atividades, principalmente de leitura, visita guiada e pesquisa histórica, conduzem ao objetivo final – proce- dimentos de “restauro”, pelos estudantes, de seu ambiente escolar. Isto dentro da perspectiva maior de que preservação e cuidado são fundamentos de uma Cultura de Paz. a) PreserVar é PrecisO • Leitura do texto A restauração dos painéis Guerra e Paz, de Cláudio Valério Teixeira e Edson Motta Júnior, na página 21 do Caderno do Professor. • Redação, em grupo, de resumo do texto lido, para compreensão da importân- cia cultural do restauro de um patrimônio; > apresentação oral dos resumos pelos grupos. Nessa etapa, o professor terá oportunidade de avaliar com os alunos a relevân- cia das informações selecionadas para redação dos resumos. • Visita guiada ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro, para apreciação do tra- balho de restauração desse importante patrimônio cultural da cidade. uma observação importante – No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1956, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram expostos pela pri- meira vez para o público brasileiro durante o governo de Juscelino Kubitschek, antes de seguirem para seu destino – a Sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Em dezembro de 2010, os painéis retornaram a esse teatro para exposição ao grande público antes de sua restauração no Palácio Gustavo Capanema. b) tem muita história... • Pesquisa sucinta pelos alunos, em grupo, a respeito da sua escola: Quando foi fundada? Quem a fundou? Quem lhe deu o nome e por quê? O nome da escola homenageia alguém? Quem é essa personalidade? O que realizou? A escola tem mais de uma unidade? A que nível(eis) escolar(es) atende? Que datas históricas são comemoradas pela comunidade escolar? Algum familiar, amigo, pessoa famosa já estudou nessa escola? > redação de resumos das informações obtidas na pesquisa; > apresentação dos resumos ao professor de Informática, para criação, pelos alu- nos, de um site da escola; caso já exista, verificar a possibilidade de inserção dos conteúdos pesquisados. Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2011. Foto: Elisa Guerra Guerra e Paz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956. sugestões de atividades 33 “Quem ama cuida.” (Leonardo Boff) c) PrOJetO “PassandO a limPO a escOla” O professor fará a leitura oral do texto a seguir, de Yanara Rodrigues3, 10 anos. a minha escola A minha escola é assim: Tem flores e jardim. Tem sala para ler. Tem sala para escrever. Ela é o máximo! Ela é um amor. Ela é o remédio da minha dor. Ela é o futuro da minha vida. Sem ela não sei viver, Sem ela não sei ler, Sem ela não sei escrever, Sim, sem ela eu não sou nada. Com ela eu sei viver, Com ela eu sei escrever, Com ela eu sei ler, Com ela aprendo a ser boa e gentil Por isso ela é importante para mim. • Identificação e registro de alguns elementos danificados, passíveis de recupera- ção, simples e imediata, no espaço da escola: livros, objetos, cortinas, luminá- rias, paredes, mobiliário, fotos, uniformes, etc. • Planejamento das ações de recuperação: > constituição de equipes de trabalho (inclusão de alunos, familiares, professores, fun- cionários), para a recuperação e a produção de um documentário; > distribuição de tarefas entre as equipes. • Execução das ações de recuperação: colagem, costura, emenda, pintura, limpe- za, etc. d) uma escOla nOVinha em fOlha! • Produção de documentário, em vídeo e/ou fotos e/ou textos, sobre o processo de recuperação da escola: o “antes”; o “durante”; o “depois”; > registros fotográficos; depoimentos e entrevistas em vídeo; redação de textos; con- fecção de cartazes. • Realização de evento festivo com a participação de toda a comunidade escolar; > exibição dos documentários; > apresentação dos objetos recuperados; > falas do(a) diretor(a) e de representantes de cada um dos segmentos da comunidade escolar, para os devidos agradecimentos e estímulo a novos projetos. e) a nOta que eu dOu • Análise do processo de “restauro”, posteriormente, em sala de aula, com assis- tência do orientador educacional: Que achei do projeto? Que achei do processo? Que achei dos resultados? Corresponderam às expectativas? Como me senti ao participar? Eu fiz o melhor que podia? • Avaliação do projeto “Passando a limpo a escola”, com atribuição de notas de 1 a 10. f) PreserVaçãO da Paz • Debate: Como relacionar “restauro” a “paz”? > síntese, em tópicos, das conclusões. • Elaboração de texto dissertativo com base nas conclusões do debate. sugestões de atividades 34 “PAz sEm Voz Não é PAz, é mEDo!”4 PrOPOsta 4 Esta proposta consiste na criação de um jornal falado. Com essa atividade, os estudantes trabalham os fatos reais de violência, no sentido não apenas de infor- mar, mas de refletir sobre eles – revelando sonhos, aspirações de mudança – e de propor soluções. A abordagem do conceito de utopia permite o engajamento das mais diferentes disciplinas. (Candido Portinari, trecho do discurso dirigido a intelectuais argentinos, em 1947. Guerra e Paz, p. 153) a)“é fácil se VOcê tentar” 5 Divisão da turma em dois grupos, para produção de um jornal falado: grupo A, para noticiar situações de violência; grupo B, para noticiar situações de não violência. • Seleção, pelo grupo A, em jornais e revistas, de notícias reais de violência; > paráfrase das notícias; > edição do material: organização, ordenação. • Criação, pelo grupo B, de notícias que expressem a concretização de suas aspirações, anseios, desejos, sonhos – em relação a família, amigos, escola, bairro, cidade, país, mundo; > redação dessas notícias; > edição do material: organização, ordenação. • Criação, pelos alunos, do nome do jornal. • Apresentação do jornal em dias diferentes, na ordem A, B. Indicação de alunos de cada grupo para as funções de locutor, comentarista e analista; > locução das notícias; > comentários; > análise. b) tem sOluçãO? • Debate, por parte dos espectadores (os demais alunos), sobre as soluções apontadas pelos analistas para os conflitos noticiados pelo grupo A. • Debate sobre a viabilidade de realização das aspirações expressas pelo grupo B. “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.” sugestões de atividades 35 c) “nenhuma razãO Para matar Ou mOrrer”6 • Audição e canto, em coro, da seguinte música de John Lennon: imagine. Mãe e Filha, 1955 Desenho a grafite, crayon, sanguínea e lápis cera/papel 39,5 x 28,5cm Estudo para o painel Guerra Imagine que não existe céu é fácil se você tentar que nem há inferno abaixo de nós acima de nós apenas o firmamento imagine toda gente vivendo só para o dia de hoje... Imagine que não há países não é difícil conseguir isto nenhuma razão para matar ou morrer nem tampouco religiões imagine toda gente vivendo a vida em paz... > observação, na letra da música, de possíveis aspirações expressas pelo grupo B em suas notícias. • Leitura extraclasse do livro O que é utopia, de Teixeira Coelho (Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, SP,1980). • Debate sobre o conceito de utopia, com base na leitura do livrode Teixeira Coelho. d) refleXãO • Interpretação livre, em sala de aula, do seguinte pensamento de Candido Porti- nari: “As coisas comovedoras ferem de morte o artista e sua única salvação é retransmitir a mensagem que recebe.” 36 raP DA PAz PrOPOsta 5 A essência desta proposta é mostrar que a arte pode ser uma arma poderosa na luta pela paz. Aqui, a escola, como patrimônio de cultura, abre seus espaços para variadas manifestações artísticas e culturais contemporâneas – grafite, rap, breakdance, moda hip-hop –, possibilitando amplo engajamento interdisciplinar. a) “é bOm VOcê se ligar” 7 Divisão da turma em 5 grupos; distribuição, para cada grupo, de um dos se- guintes temas relativos à cultura hip-hop: grafite, breakdance, indumentária, comportamento, música e poesia (rap). • Pesquisa, em grupo, sobre esses temas (internet, jornais e revistas); > fichamento das informações coletadas. • Redação de resumos, com base nos fichamentos realizados por parte de cada grupo; > apresentação, por parte de cada grupo, do resumo redigido. • Planejamento, por grupo, de uma atividade relativa à manifestação cultural pes- quisada: > grafitagem de um espaço da escola, previamente acordado com a direção; > improvisação de coreografias, para o tema “dança”; > desfile de modas, para o tema “indumentária”; > entrevistas, para o tema “comportamento”; > apresentação musical, para o tema “rap”. b) “O raP é O caminhO Pra reVOluçãO” 8 • Audição do seguinte rap de MV Bill e leitura da letra: O crime nunca mais. Ahn, 1999, o voo da paz É bom você se ligar, é o bonde da justiça vai passar Ahn, háhá, agora o bicho vai pegar, pode crê Ahn, ahn, ahn, ahn, é bom você se ligar (Segura a onda então) As favelas não podem se dividir em partilho Somos a maioria o povo pobre corre perigo É o sangue da favela que está no chão Por isso uso a minha voz para pedir a união Cansei de ver o povo pobre apodrecer sugestões de atividades 37 O meu comando é a paz a força pra sobreviver A nossa guerra é a arma poderosa do sistema Exterminar o preto favelado é o esquema E quando você se autodestruir novas cartas marcadas no baralho vão surgir Ahn, enquanto você cheira eu faço a minha rima Enquanto você fuma eu sigo a minha sina O meu comando é a paz, proponho a paz para vocês Somos mais um peão perdido nesse jogo de xadrez Viciados, alcoviteiros, homicidas, somos mais uma vítima desse jogo contra a vida O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz) O sistema administra nossa evolução Quem morde a isca facilita a manipulação Meu comando agora é a paz e a paz é meu partido Eu vejo dragão cuspindo fogo de dentro do presídio Gerando a destruição carcerária O mesmo rango a mesma grade o mesmo ódio estampado na cara O amor traz a paz, a guerra desunião As muralhas do muro do inferno o destino da civilização Eu não nasci aqui não vou morrer assim Cabeça sem nada oficina do diabo enfim A luz que me conduz, seduz meu pensamento O sonho de liberdade viver em paz no juramento Sem polícia sem miséria sem malandragem Cobrindo de paz todas as favelas da cidade Quem sabe talvez o prêmio Nobel da paz Cabeça erguida voltar pro crime nunca mais. O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz) O governo prega a paz e financia a guerra Tenta nos convencer que somos de outra terra Todos me alertavam que eu corria perigo Mas ninguém me mostrava o verdadeiro inimigo “Pintar a guerra é mais fácil, mas pintar a paz é mais gostoso.” (Candido Portinari. Jornal A noite, de 2 de março de 1956) Leituras dos estudos de Portinari para Guerra e Paz produzidas por grafiteiros da ONG Artefeito no encerramento da exposição dos painéis no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Fotos: Elisa Guerra 38 O benefício da lei não chegou na favela A paz não vai reinar se a justiça não impera Mas agora eu sei que não estou sozinho Vivo em outro Brasil mas encontrei o meu ninho Moço sai daí, tu tá numa roubada É um barril de pólvora uma canoa furada O rap é o caminho pra revolução O crime é o caminho pro campo de concentração A nossa arma é nossa voz nosso pensamento A munição atitude poesia e o sentimento Carrega minha cruz, desatam mil nós Brasil uhm, fazendo justiça com a própria voz O comando é a paz, o crime nunca mais (segura a onda então, seja um bom rapaz) • Identificação, no rap de MV Bill, das características desse gênero musical, quanto a letra e melodia. • Relacionamento entre o conteúdo da letra e a pesquisa feita a respeito da cultura hip-hop. • Conversa, entre os alunos e o professor de História, sobre questões presen- tes na letra, passíveis de serem abordadas nessa disciplina: ideologia, siste- mas econômicos, mídia, consumo, manipulação, classes sociais, injustiça social, financiamento das guerras, interesses econômicos, os vários brasis, entre outros assuntos. c) “nOssa arma é nOssa VOz” 9 • Criação musical, em grupo, de um rap da paz. A criação do rap deverá ser coletiva: um aluno, de cada vez, contribuirá com um dos versos da letra, observando o desenvolvimento dos assuntos, a continui- dade das ideias, enfim, a coerência. O professor colocará no quadro os seguintes fragmentos 10, que deverão cons- tituir-se nos versos iniciais do rap a ser criado pelos alunos: “(...) A paz é igual / ao computador / Quem não tem / se danou.” (Luis Fernando M. S. Bezerra, 14 anos ) “(...) Se nós não tivermos paz, / O que é que a gente faz? / (...) Você que tem paz em casa / Se dá bem / Imagine quem não tem?” (Alexandra Oliveira Firmino, 13 anos) • Apresentação musical do rap criado pela turma para toda a comunidade es- colar; > preparação: grafitagem do cenário, com inspiração no painel Paz, de Portinari; coreografia e figurinos, concebidos segundo a estética hip-hop. “Minha arma é minha pintura.” (Candido Portinari, em entrevista à revista Diretrizes, em 1945) Fotos: Elisa Guerra sugestões de atividades 39 HAiCAi – PoEsiA DA DEliCADEzA PrOPOsta 6 O centro desta proposta é a criação literária, a partir da união de dois extremos: o con- tato dos estudantes com uma poesia multissecular de origem japonesa e a utilização das novas mídias globais, para divulgação de mensagens de carinho e respeito, sob a forma de haicais – a poesia da delicadeza. “(...) os quadros de Portinari são poemas que podem ser lidos e declamados.” a) O menOr POema dO mundO... Haicai é um tipo de poesia multissecular, de origem japonesa. O haicai japonês tradicional apresenta, em geral, as seguintes características for- mais: constitui-se de três versos (o primeiro com 5 sílabas poéticas; o segundo, com 7; o terceiro, com 5); apresenta linguagem simples e sintética; não tem título; costuma não ter rima; constitui-se predominantemente de frases nominais, com presença maior de substantivos (no caso de frases verbais, os verbos em geral se encontram no presente). Quanto às características temáticas, observam-se basicamente as seguintes: é uma poesia muito visual, capta um instantâneo poético, priorizando o detalhe; é essencialmente sensorial (não lógica); aborda assuntos agradáveis, de maneira mais sugestiva que explicativa. No haicai, a natureza é presença central (termos ligados às estações do ano). O eu lírico quase nunca aparece, não há extravasa- mento emotivo. Exemplo de haicai, criado por um haicaísta brasileiro que segue as regras formais do haicai tradicional: Paz. Forte em ruínas. E na boca de um canhão Um ninho de pássaros. (Luís Antônio Pimentel) Observação – No Ocidente alguns haicaístas imprimiram mudanças tanto de or- dem formal quanto temática nos seushaicais. • Pesquisa em grupo, na internet e/ou em enciclopédias, sobre Matsuo Bashô, o mais importante haicaísta de todos os tempos: > levantamento de dados biográficos; > contextualização histórica; > seleção de alguns haicais criados por Bashô (inclusive o haicai da rã, o mais famoso do mundo); > apresentação escrita dos resultados da pesquisa. (Mauro Santayana. Guerra e Paz, p.145) sugestões de atividades 40 Observação – O professor de História terá oportunidade de aprofundar a con- textualização histórica. • Leitura do haicai de Luís Antônio Pimentel, anteriormente citado; > divisão da turma em 2 grupos: o primeiro lê em coro o primeiro verso; o segundo lê em coro o segundo verso; um(a) único(a) aluno(a) recita o terceiro verso. • Identificação, ainda nesse haicai, das características formais e temáticas des- sa forma de poesia; > apresentação oral da análise feita. • Ilustração do haicai de Pimentel por meio de foto, pintura, colagem ou dese- nho (no Japão, é comum o haicai vir acompanhado de ilustração – haiga); > apresentação em cartazes confeccionados pelos alunos. b) mensageirOs da Paz • Pesquisa, no site do Projeto Portinari, de quadros de Candido Portinari que expressem situações de paz; > seleção de alguns dos quadros pesquisados; > reprodução desses quadros (cópia impressa). • Criação individual, pelos alunos, de haicais que expressem verbalmente as situações retratadas pelo artista; > divulgação, entre parentes e amigos do Brasil e/ou do exterior, dos haicais criados, acompanhados, quando possível, das reproduções dos quadros de Portinari: envio por msn, e-mail, sms, twitter; postagem em blogs e redes sociais; inserção em site da escola. Coro, 1955 Desenho em técnica não identificada Suporte não identificado Dimensões desconhecidas • Decoração de objetos – caixinhas, ventarolas, lanternas, quadros pequenos, cartões, marcadores de livros, camisetas, etc. – com os haicais criados e as correspondentes reproduções dos quadros de Portinari (um haicai e uma reprodução para cada objeto). c) lendO em duas direções • Leitura do seguinte haicai: Portinari – o mundo Assiste à explosão de cores. zero de estilhaços. (Lena Jesus Ponte) > observação das letras iniciais dos três versos do poema. • Definição de acróstico com base na observação feita. Divisão da turma em 5 grupos. • Criação de acrósticos com as seguintes palavras: amor, harmonia, respeito, diálogo, liberdade (neste caso, como as palavras têm mais de três letras, os acrósticos não serão haicais). CURIOSIDADE “Aliás, (...) novidades tecnológicas não chocariam Portinari, que tinha uma grande curiosidade pelos avanços da ciência e que desejava que sua arte ‘não dependesse tanto do suporte para se multiplicar nos corações e nas mentes das pessoas comuns.’” 11 41 “o CorAção Do muNDo é A PulsAção DA gENtE” 12 PrOPOsta 7 Nesta proposta, professores e estudantes trabalham basicamente hábitos e atitudes de respeito, cuidado e preservação. Um código de ética é criado pelos próprios estu- dantes, para nortear sua conduta na escola. Propõe-se, ainda, a formação de um coral para interpretação de músicas que denunciam os horrores da guerra, sugerem re- construção, falam de fraternidade, mostram a alegria da infância, louvam o amor à Terra – patrimônio maior da humanidade. a) afagar a terra • Leitura e audição do seguinte poema de Vinicius de Moraes, musicado por Gerson Conrad: a rosa de hiroxima. Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. • Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o professor de História, para uma conversa sobre os fatos que inspiraram o poema de Vinicius de Mo- raes: a Segunda Guerra Mundial; o uso da energia nuclear com fins bélicos; os efeitos devastadores da bomba atômica em duas cidades japonesas. • Identificação, no poema de Vinicius de Moraes, de palavras e expressões que denunciem os efeitos devastadores da bomba. sugestões de atividades Sofrimento de Mãe, 1955 Desenho a grafite, crayon e lápis de cor/papel pardo 32,5 x 23cm Estudo para o painel Guerra Menino Chorando, 1955 Desenho a nanquim bico de pena/papelão 18,2 x 11,2cm Estudo para o painel Guerra Mulher, 1955 Desenho a grafite e lápis de cor/papel 32,5 x 15cm Estudo para o painel Guerra 42 • Localização, no painel Guerra, de Portinari, de elementos que poderiam ilus- trar o poema A rosa de Hiroshima. • Pesquisa, com ajuda de um professor da área de Ciências, sobre o uso da energia nuclear com fins pacíficos; > apresentação dos resultados da pesquisa ao professor; > organização de uma pequena palestra sobre o assunto, com a ajuda do profes- sor; > realização da palestra no auditório da escola para as outras turmas; abertura para debates ao final. • Leitura da letra e audição da seguinte música de Gilberto Gil e João Donato (fragmento): a paz. A paz Invadiu o meu coração De repente, me encheu de paz Como se o vento de um tufão Arrancasse meus pés do chão Onde eu já não me enterro mais A paz Fez o mar da revolução Invadir meu destino, a paz Como aquela grande explosão Uma bomba sobre o Japão Fez nascer o Japão da paz De magia, de dança e pés de criança, cantor e mãos Alameda de gente e vida fecha e mata qualquer ferida De carinho, de roda e mãos de esperança, de corpo e pés a paixão que me está surgindo te tocando, me consumindo A pulsação do mundo é o coração da gente o coração do mundo é a pulsação da gente Ninguém nos pode impor, meu irmão o que é o melhor pra gente “(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)” “Ele pintava o que conhecia bem: a ternura, os jogos da infância, a alegria das colheitas fartas, o peso da solidão, a dor das perdas (...) Na Paz, via o gozo de coisas singelas, ao alcance de todos: o canto, a dança, o trabalho compartilhado, a fraternidade.” (Maria Luiza Leão, sobre Portinari. Guerra e Paz, pp. 37 e 39) • Pesquisa, na internet e/ou em enciclopédias, sobre o Parque Memorial da Paz, em Hiroshima: localização; história da construção; finalidade do Parque; monumentos e museu existentes no Parque; frase escrita no Hiroshima Pe- ace City Memorial; registros: a história de Hiroshima antes e depois da bom- ba, consequências do bombardeio, réplica da bomba atômica, as “cinzas da morte”; > apresentação dos resultados da pesquisa para a turma, com projeção por meio de slide show. • Interpretação do seguinte trecho: “Uma bomba sobre o Japão / Fez nascer o Japão da paz”. Como se explica essa contradição? Observação: a resposta a essa questão poderá apoiar-se na pesquisa sobre Hiroshima. • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento: de magia de dança e pés. • Debate, com a ajuda do orientador educacional, sobre a frase “Ninguém nos pode impor, meu irmão / o que é o melhor pra gente”; sugestão de assuntos: É possível e/ou desejável o exercício da liberdade total? Há limi- tes para a liberdade? Quais? Autoridade é o mesmo que autoritarismo? Que conflitos podem decorrer de atitudes autoritárias? Afinal, “o que é o melhor pra gente”? 43 Há um menino há um moleque morando sempre no meu coração toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão Há um passado no meu presente um sol bem quente lá no meu quintal toda vez que a bruxa me assombrao menino me dá a mão E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor Pois não posso, não devo, não quero O mediador (orientador educacional) deverá listar os aspectos mais relevantes que emergirem do debate, além das conclusões a que os alunos chegarem; esse material deverá ser impresso e distribuído aos alunos para embasamento de um texto a ser escrito individualmente. • Redação, pelos alunos, de dissertação argumentativa sobre o seguinte tema: Liberdade e responsabilidade andam sempre de mãos dadas? O professor deverá orientar a redação, explicando as características gerais de um texto argumentativo: para a introdução, escolha de um ponto de vista – de concor- dância ou discordância em relação à questão proposta; para o desenvolvimento, defesa do ponto de vista com exemplos, provas, fatos, dados estatísticos, testemu- nhos fidedignos e autorizados; para a conclusão, elementos que reforcem o ponto de vista explicitado na introdução. • Leitura oral de todos os textos produzidos. • Localização, no painel Paz, de Candido Portinari, de cenas que poderiam ilustrar o trecho inicial da música “De magia de dança e pés” (desde “De magia” até “me consumindo”). • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Fernando Brant: bola de meia, bola de gude. Futebol, 1935 Pintura a óleo/tela 97 x 130cm viver como toda essa gente insiste em viver E não posso aceitar sossegado Qualquer sacanagem ser coisa normal Bola de meia bola de gude o solidário não quer solidão toda vez que a tristeza me alcança o menino me dá a mão Há um menino há um moleque morando sempre no meu coração toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão “(...) um coral de meninos de todas as raças, assim como nós, brasileiros (...)” (Clarivaldo do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99) • Leitura do texto “Declaração sobre uma Cultura de Paz”, na página 23 deste Caderno do Professor. • Identificação, na letra da música, de valores, atitudes, comportamentos e estilos de vida, próprios de uma Cultura de Paz, abordados no texto lido. • Formação de uma grande roda com os alunos da turma e o orientador educa- cional para uma conversa a respeito das seguintes ideias: “Pois não posso, não devo, não quero / viver como toda essa gente insiste em viver / E não posso aceitar sossegado / Qualquer sacanagem ser coisa normal”. Para início de conversa: Que críticas ao comportamento de algumas pessoas es- tão implícitas nesse trecho? O que cada um tem feito para não viver da forma que o autor da música denuncia? Para o compositor, há esperança de mudança? E para você? Qual a diferença entre o “não posso” e o “não devo”? • Elaboração, pelos alunos, de um código de ética, para valer como princípio de convivência pacífica e harmoniosa entre todos da turma; 44 > avaliação semestral dos alunos, com seu representante, quanto à observância dos preceitos éticos estabelecidos pela própria turma. • Localização, no painel Paz, de Portinari, de personagens ligados ao universo infantil; > conversa entre professor e alunos: Por que Portinari teria colocado tantas crianças em seu painel Paz? É possível ser um pouco criança mesmo na vida adulta? Em que medida? Há um menino morando sempre no seu coração? Como ele é? Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão Pomba, 1960 Pomba, 1952 Pomba, 1960 • Leitura da letra e audição da seguinte música de Milton Nascimento e Chico Buarque: O cio da terra. CURIOSIDADE Palavras de Candido Portinari: “Sabe por que eu pinto tanto menina e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar, feito anjos...” (Portinari, o menino de Brodósqui, p. 39) • Interpretação: > identificação, em “O cio da terra”, de vocábulos que contribuem para a cria- ção da imagem de um encontro amo- roso entre um homem e uma mulher; troca de ideias: O que teria motivado os autores a tratar dessa forma a rela- ção do homem com a terra? > identificação, nesse texto, de versos que expressam a transformação do “natural” em “cultural” pela interven- ção do homem na terra por meio de seu trabalho; > verificação, no dicionário, dos possí- veis significados da palavra “cultu- ra”; interpretação: Considerando o sentido geral do texto, qual(is) dessas acepções pode(m) ser percebida(s) no conteúdo da letra? > identificação, no mesmo texto, de vocábulos da área semântica de violência, empregados com sentido de paz. • Localização, no painel Paz, de Portinari, de cenas que poderiam ilustrar a letra de “O cio da terra”. b) “canta canta, minha gente”13 • Formação, pelo professor de Música, de um coral, caso não haja na escola; > ensaio das composições musicais analisadas na atividade anterior (Afagar a Terra). • Criação de coreografia para o coral, sugestiva de união, solidariedade, amiza- de, fraternidade, alegria. • Criação de figurino a ser usado na apresentação do coral; > escolha, dentre as imagens de pombas criadas por Candido Portinari, de uma a ser usada na concepção do figurino. • Apresentação do coral para toda a comunidade escolar. sugestões de atividades 45 BriNCANDo DE sEr CriANçA PrOPOsta 8 “Todos os figurantes da Paz são os meninos de Brodósqui (...) nas gangorras (...) em cambalhotas e piruetas, ou armando arapucas (...)” Nesta proposta, os estudantes tomam conhecimento de jogos, brincadeiras, brinque- dos, diversões, de baixo custo, presentes desde muito tempo no universo infantil. Em oficinas, eles trabalham ludicamente na criação artesanal de brinquedos e, ainda, organizam um grande evento ao ar livre – soltam pipas confeccionadas com motivos de paz. Há o reaproveitamento criativo de materiais, dentro de uma perspectiva de preservação do patrimônio ambiental. a) JOgOs de encantamentO • Leitura dos seguintes fragmentos de textos de Candido Portinari: “Nossos brinquedos eram variados, conforme o mês, e também havia os para o dia e os para a noite. Para o dia eram: gude, pião, arco, avião, papagaio, diabolô, bilboquê, ioiô, botão, balão, malha e futebol. Para a noite: pique, barra-manteiga, pulando carniça etc.”(Candido Portinari. Portinari, o menino de Brodósqui, p.42) “Não tínhamos nenhum brinquedo Comprado. Fabricávamos Nossos papagaios, piões, Diabolô. (...) Certas noites de céu estrelado E lua, ficávamos deitados na Grama da igreja de olhos presos Por fios luminosos vindos do céu era jogo de Encantamento. (...)” (Candido Portinari. Portinari poemas p. 29) • Pesquisa de quadros de Portinari que retratam brinquedos, jogos e brincadeiras infantis; > observação, dentre esses brinquedos, jogos e brincadeiras, daqueles que perma- necem nos dias de hoje: Onde podem ser encontrados? Como são criados? Qual o perfil social de quem se diverte com eles? > troca de ideias em torno das seguintes questões: O brinquedo comprado é mais jogo de encantamento do que o brinquedo feito em casa? Existe, no universo infantil, uma relação direta entre alegria e poder aquisitivo? Comprar ou fazer – o que é me- lhor? Melhor para quem? Melhor por quê? (Clarival do Prado Valladares. Guerra e Paz, p. 99) sugestões de atividades 46 b) mãOs à Obra! • CONFECçãO DE CATA-VENTOS Passo a passo da execução: > materiais necessários: garrafa pet de 2 litros, de formato liso; palito longo para churrasco; arame fino; canudo de plástico; tesoura; pincel; tintas; agulha de ponta grossa; > modo de fazer: > cortar o bocal e o fundo da garrafa;