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04/06/2019 1 SISTEMA URINÁRIO Infecção do Trato Urinário - ITU Estrutura do sistema urinário Sistema genital masculino MICROBIOTA NORMAL Flora normal da vaginal (Hormônios) •Recém-nascida •Infância •Puberdade •Menopausa Microbiota normal do Sistema genital feminino Uretra anterior Vagina Genitália externa Quantidade variável de bactérias, dentre elas: •Corynebacterium sp •Streptococcus faecalis •Bacteroides sp •Escherichia coli e Enterococos são menos freqüentes •Lactobacillus sp (Bacilos de Döderlein) •Corynebacterium sp •Staphylococcus sp •Escherichia coli •Staphylococcus saprophyticus •Staphylococcus epidermidis •Streptococcus viridans •Enterococos •Enterobactérias •Corynebactérias •Bacteroides sp Infecção do Trato Urinário - ITU Praticamente todas as infecções do Trato Urinário - UTI, são bacterianas , embora infecções ocasionais por patógenos como os parasitas, protozoários e fungos também ocorram. Ela se encontra entre as doenças infecciosas mais comuns na prática clínica, particularmente em crianças, adultos jovens e mulheres sexualmente ativas. Topograficamente podem ser divididas: •Altas - que envolvem o parênquima renal (pielonefrite) ou ureteres (ureterites) •Baixas - que envolvem a bexiga (cistite) a uretra (uretrite), e nos homens, a próstata (prostatite) e o epidídimo (epididimite). A investigação microbiológica de suspeita da infecção urinária pela urocultura, permite identificar dois grupos de pacientes com bacteriúria ≥ 100.000 bactérias por mL de urina: Sintomáticos, e portanto com infecção urinária Assintomáticos, definidos como portadores de bacteriúria assintomática OBS: Contagens tão baixas quanto 1.000/mL de qualquer tipo bacteriano único, ou de até 100/mL de coliformes (E. coli) , devem ser consideradas uma indicação de infecção significativa , especialmente se houver leucócitos na urina (piúria). Infecção do Trato Urinário - ITU 04/06/2019 2 Sinais e sintomas Polaciúria Urgência miccional Disúria Alteração na cor e aspecto Hematúria Piúria (10.000 leucócitos/mL) Penetração 1- Ascensão via uretra 2- Via hematogênica 3- Via linfática DENOMINADOR COMUM: Invasão microbiana ITU ascendente Uretra Feminina Uretra Masculina Colonização transitória do epitélio Colonização transitória do epitélio Fatores do hospedeiro 1- Tamanho uretra 2- Pós relação sexual - fator de risco 3- Diafragma contraceptivo 4- Receptores bacterianos no epitélio 5- Grupo sanguíneo ABO 6- Menopausa-Estrogênio baixo- alteração na microbiota 7- GESTAÇÃO- Comprometimento materno fetal 8- ESPERMICIDA – colonização E coli1-Tamanho uretra 2- Secreção prostática diminuída 3- Hipertrofia prostática 4- Refluxo ureteral 5- Tumores 6- Coito anal ITU complicada X anormalidade anatômica -Cateter: longa permanência -Cálculo urinário -Pielonefrite e sepse http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302003000100043 Existem fatores de virulência da bactéria que influenciam o grau de acometimento na infecção3. As enterobactérias se caracterizam pela presença ou não das seguintes estruturas: a) flagelo ou antígeno "H", responsável pela motilidade da bactéria; b) cápsula ou antígeno "K", que confere resistência à fagocitose; c) polissacarídios ou antígeno "O" sempre presentes na membrana externa da bactéria, que são determinantes antigênicos de anticorpos específicos sendo, portanto, úteis na tipagem sorológica (150 antígenos "O" definidos) e na discriminação entre relapso e reinfecção; d) fímbrias ou pili ou adesinas, responsáveis pela adesão da bactéria ao urotélio e transmissão de informação genética a outras bactérias via DNA dos plasmídeos. Existem dois tipos de pili: tipo I (manose-sensível) cujos receptores são a manose ou a proteína de Tamm-Horsfall e tipo 2 (manose-resistente) cujo receptor é parte de um glicoesfingolípide (Gal-Gal). Os fagócitos do hospedeiro, incluindo polimorfonucleares neutrófilos e macrófagos, reconhecem os pili tipo I e são capazes de fagocitar e matar a bactéria na ausência de anticorpo específico. É possível que anticorpos contra pili tipo I diminuam a resistência à infecção e é por esta razão que este antígeno não deve ser incorporado a uma eventual vacina. Bactérias que possuem pili tipo II aderem ao urotélio e também a antígenos do grupo sangüíneo tipo P. Isto se deve à presença de antígenos do grupo sangüíneo P na superfície de uroepitélio. Devido à similaridade antigênica entre bactérias gram- negativas e este ou outros grupos sangüíneos (Lewis, ABO), a determinação de fenótipos relacionados aos grupos sangüíneos serve como marcação de populações com risco de desenvolverem ITU de repetição. 04/06/2019 3 ITU na gravidez Ação da progesterona dilata os ureteres permitindo o refluxo urinário Expansão uterina pressiona os ureteres reduzindo a capacidade urinária Fases iniciais da infecção assintomática OBS: As Infecções do Trato Urinário das vias baixas e pielonefrites podem causar sepse e parto prematuro. Cistite É uma inflamação comum da bexiga de mulheres. Sintomas frequentes: Disúria (micção difícil, dolorosa) Urgência miccional Polaciúria Nictúria Dor suprapúbica Febre não é usual Urina turva (piúria, hemácias e litíase) OBS: A maioria dos casos se deve a infecção por E. Coli seguida do Staphylococcus saprofiticus. Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. Cefaléia Calafrios Dores musculares Febre Insuficiência renal (complicação) É ocasionada pelo patógeno Leptospira interrogans. Pielonefrite Leptospirose Inicia com quadro de cistite Febre alta Calafrios Dor no flanco ou lombar Litíase Ascensão de micro-organismo É ocasionada principalmente pela E. coli Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. Uretrite gonocócica: Neisseria Gonorrhoeae Uretrite não-gonocócica: Chlamydia trachomatis, Candida albicans, Trichomonas vaginalis e citomegalovírus Obs: É considerada uma DST. Os sintomas da gonorréia são agressivos o que facilita o diagnóstico precoce e antecipa o início do tratamento. Já a infecção pela clamídia pode ser silenciosa. Isso aumenta a possibilidade de transmissão e explica a prevalência crescente da doença. Uretrite Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. Complicação da cistite Urina infectada sofre refluxo e atinge a próstata Sintomas: ereção e ejaculação dolorosas; aumento da freqüência urinária e da secreção uretral; dores (coxa, nos testículos, área genital e abdômen inferior); além de edema na genitália externa. Prostatite Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. Cerca de 50% dos homens em algum momento da vida irão apresentar sintomas sugestivos de prostatite, embora apenas 5-10% serão caracterizados como casos agudos ou crônicos. Os demais apresentarão quadros inflamatórios não infecciosos. O diagnóstico de prostatite bacteriana aguda é, muitas vezes, confundido nos homens abaixo de 50 anos com infecção urinária. A prostatite pode ser detectada com base em uroculturas positivas, ou cultura de secreção prostática com presença de neutrófilos na secreção. Os sintomas, geralmente, são intensos na infecção aguda, enquanto que na prostatite crônica eles são insidiosos, manifestando-se por infecções urinárias repetidas, ou sintomas genitourinários irritativos ou obstrutivos. Na fase aguda é contra-indicada a coleta de secreção prostática pela dor,embora o toque retal cuidadoso já possa sugerir este diagnóstico, documentado por urocultura. Os principais agentes são a E. coli, Proteus spp.,e outras enterobacterias, sendo menos freqüente o enterococo. É controvertido o papel de estafilococos, Gardnerella, Haemophilus, Chlamydia, Mycoplasma, Trichomonas e vírus. Prostatite 04/06/2019 4 Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. Trato Urinário Alto Tipo de Infecção Manifestação clínica Micro-organismo isolado Diagnóstico e contagem de colônias (UFC/mL) Pielonefrite Aguda: febre, náusea, calafrios, vômito, dor no flanco Crônica:assintomática Enterobactérias: E. coli e outros grams negativos, Enterococcus e Staphylococcus aureus ≥ 105 Trato Urinário Baixo Tipo de Infecção Manifestação clínica Micro-organismo isolado Diagnóstico e contagem de colônias (UFC/mL) Cistite Disúria e frequência Escherischia coli e outros grams negativos, S. saprophyticus, Enterococcus ≥ 105 Uretrite Disúria, frequência, corrimento uretral Chlamydia Trachomatis (a) Mycoplasma hominis (b) Ureaplasma urealyticum (c) Neisseria gonorrhoeae (d) Trichomonas vaginalis (e) Candida albicans e spp. (f) Urocultura negativa a) Diagnóstico por IFD b) e c) secreção uretral semeada em meios de cultura específicos. Alguns kits permitem contagem de colônias - ≥ 104 UFC/mL d) cresce em ACH e TM e) exame direto de jato inicial de urina centrifugada f) podem crescer em ágar sangue ou CLED Prostatite Aguda: febre, calafrios, dor lombar Crônica: assintomática ou semelhante aos sintomas da aguda N. gonorrhoeae, E. coli, Proteus spp. e outras enterobactérias Menos frequente: Enterococcus spp. P. aeruginosa e Chlamydia trachomatis* Questionável: micoplasmas Urocultura ou cultura da secreção prostática ≥ 103 UFC/mL *diagnóstico por IFD Infecção Hospitalar do Trato Urinário Tipo de Infecção Manifestação clínica Micro-organismo isolado Diagnóstico e contagem de colônias (UFC/mL) Cistite Pielonefrite Disúria e frequência urinária na presença de SVD pode ser assintomático Escherischia coli e outras enterobactérias P. aeruginosa Acinetobacter spp., Enterococos Candida albicans, C. glabrata e Candida spp. Staphylococcus coag. Neg ≥ 105 Manifestações clínicas e micro-organismos freqüentemente associados com os vários tipos de ITUs. O quadro evolutivo das Infecções do Trato Urinário podem ser: Episódio único ou isolado; Recidiva ou recaída de ITU; Reinfecção; Infecção do Trato Urinário Recorrente; Infecção do Trato Urinário Crônica; Quanto á presença de fatores predisponentes ou agravantes as ITUs são classificadas em dois grupos: ITU não complicada Ocorre primariamente em mulheres jovens sexualmente ativas sem anormalidade anatômica ou funcional do aparelho genitourinário. ITU complicada: ocorre em indivíduos que já possuem alguma anormalidade estrutural ou funcional do processo de diurese, presença de cálculos renais ou prostáticos, doenças subjacentes em que haja predisposição a infecção renal (diabetes melittus, anemia falciforme, doença policística renal, transplante renal) ou na vigência de cateterismo vesical, instrumentação ou procedimentos cirúrgicos do trato urinário. Pelo maior risco, as ITUs em crianças, gestantes, homens e infecções do trato urinário alto são consideradas infecções complicadas. Disseminação para os rins Refluxo de urina Crianças: fechamento incompleto das válvulas uretrovesicais Distúrbios neurológicos Esvaziamento inadequado da bexiga Efeitos hormonais e anatômicos da gravidez- dilatação e peristaltismo diminuído dos ureteres Cálculos do trato urinário- Fonte de infecção recidivante para rins e bexiga 04/06/2019 5 ITU ALTA COMPLICADA Bacteriúria assintomática 33% homens 55%mulheres Instituição de longa permanência:diagnóstico (FEBRE) Evolução para abscesso Sepsis Falência terapêutica Prematuridade Retardo mental Paralisia cerebral Morte Progredir para pielonefrite Formação de abscesso Necrose das papilas renais Patógenos incomuns Biofilme Prevalência Outros agentes Klebsiella sp Proteus sp Enterobacter sp Pseudomonas sp Candida spp Histoplasma capsulatum Etiologia E. coli 80% dos casos ambulatoriais 60% hospitalizados Bactérias da família Enterobacteriaceae. Agentes no ambiente hospitalar S. aureus S. Staphylococcus coagulase negativos Agentes em jovens sexualmente ativas Staphylococcus saprophyticus Etiologia - outros agentes Enterococcus faecalis Resistência antimicrobiana Cultura negativa ? Chlamydia trachomatis Ureaplasma sp Mycobacterium tuberculosis (3 coletas em dias consecutivos) Tamanho do inóculo Virulência Mecanismos de defesa Infecção Urinária PREVENÇÃO Micção pós-coito; Esvaziar bexiga o máximo possível Beber muito líquido (dois a três litros de água por dia); Evitar o uso de diafragma e espermicidas; Evitar usar desodorante íntimo (irritante uretral) Bons hábitos higiênicos, principalmente mulheres e bebês; Não usar roupas justas e sintéticas; Reposição hormonal. 04/06/2019 6 Diagnóstico de ITU Diagnóstico Clínico Diagnóstico por Imagem Diagnóstico Laboratorial Radiológico das ITUs complicadas Detecção da anormalidade anatômica (TC) Nefrolitíase Pielonefrite Abscessos renais DIAGNOSTICO LABORATORIAL COLETA Amostra de urina de jato médio Amostra de urina de qualquer jato Urina de paciente com sonda vesical Urina coletada por punção supra-púbica Amostra de urina de primeiro jato Diagnóstico de ITU A maioria das ITUs é diagnosticada através de dados clínicos e laboratoriais como piúria e ou bacteriúria e também pela urocultura com contagem de colônias. Higiene da Genitália Masculina Gaze + Água e Sabão Enxágüe Amostra de urina de jato médio Amostra de urina de primeiro jato Amostra de urina de qualquer jato Higiene da Genitália Feminina Amostra de urina de jato médio Amostra de urina de primeiro jato Amostra de urina de qualquer jato Punção supra-púbica Garotos/ circuncisão Recém nascido 04/06/2019 7 Cateter vesical Álcool 70% Sonda e equipo estéreis Não se deve desconectar a união sonda-tubo coletor Se deve assegurar um fluxo de urina contínuo e descendente Esquema de sistema fechado Coleta estéril 102 a 103 significado + TRANSPORTE Amostras transportadas em temperatura ambiente devem ser processadas em até 2 horas. • Amostras refrigerada processar e até 24 horas. VOLUME • Para cultura 2mL • Para urinálise 10mL Pesquisa da Piúria - reflete a possibilidade de resposta inflamatória do trato urinário. A causa mais comum é a infecção bacteriana que poderá ser confirmada pela urocultura; porém a piúria poderá ser evidenciada nas situações clínicas apresentadas abaixo, cuja urocultura resulta negativa. A) Não infecciosa: - doença túbulo-intersticial (nefropatia por analgésicos e beta-lactâmicos) - cálculos e corpos estranhos - terapia com ciclofosfamida - rejeição de transplante renal - trauma genitourinário - neoplasias - glomerulonefrite B) Infecciosa (micro-organismos de difícil cultivo): - Tuberculose e infecções causadas por micobactérias atípicas - Haemophilus influenzae - Chlamydia spp. e Ureaplasma urealyticum - Gonococos - Anaeróbios - Fungos - vírus (herpes, adenovírus, varicela-zoster) - Leptospiras C) Outras causas infecciosas: - durante ou até uma semana após o tratamento adequado da ITU - Infecção “mascarada” pela antibioticoterapia - infecções adjacentes ao trato urinário (apendicite, diverticulite e prostatite) MétodosPrincípios Limites de Detecção Microscópico: -Gram Pesquisa de Leucócitos (urina não centrifugada): -lâmina e lamínula -câmara de contagem -excreção urinária de leucócitos - sedimento urinário Reconhecimento das bactérias por características morfo- tintoriais. Gram de uma gota de urina não centrifugada Pequeno aumento 10x Aumento 40x Grande aumento 100x Contagem na câmera de Hemocitômetro Determinação da excreção Determinação no sedimento ≥ 1 bactéria em campo de imersão ≥ 105 UFC/mL 30 leucócitos/campo 5 leucócitos/campo 1-2 leucócitos/campo ≥ 10 piócitos/mL(valor clínico) ≥ 400.000 leucócitos/hora ≥ 10 piócitos/mL (valor clínico) Testes Químicos: -fitas nitrato redutase – teste de Griess - esterase leucocitária Bactérias gram negativas reduzem Nitrato a Nitrito Detecta a presença dessa enzima nos leucócitos ≥ 104 UFC/mL falso neg em cocos gram + e Pseudomonas Equivale a 5 leucócitos/campo 40x A pesquisa de piúria poderá ser realizada por diferentes métodos manuais e automatizados: 04/06/2019 8 Bacterioscopia de urina: Com a urina não centrifugada, e apenas homogeneizada, pegar uma alça com 10 μL de urina e depositar sobre uma lâmina de vidro; Deixar secar, fixar na chama e corar pelo gram. Com objetiva de imersão (1000x) fazer contagem. Se encontrar 1 ou mais bactérias por campo, sugere ≥ 105 UFC. A presença de células epiteliais e vários tipos morfológicos de bactérias sugere contaminação. Bacteriúria - a pesquisa de bacteriúria poderá ser realizada através da bacterioscópia da urina, testes bioquímicos e cultura de urina. Correlação entre contagem bacteriana e presença de sintomas Contagem (UFC/mL) Critério segunda a leucocitúria no sedimento (leucócitos/campo) >9 <9 Mulheres >105 BS BSp 104 a 105 BS NA 103 BS NEG Homens >105 BS BSp 104 a 105 BS NEG BS: bacteriúria significativa; BSp: provável bacteriúria significativa; NA: nova amostra; NEG: negativo COLORAÇÃO DE GRAM A coloração de Gram é usada para classificar bactérias com base no tamanho, morfologia celular e comportamento diante dos corantes. É utilizada como teste adicional rápido para o diagnóstico de agentes infecciosos, sendo também utilizado para avaliar a qualidade da amostra clínica analisada. As interpretações dos esfregaços corados pelo Gram envolvem considerações relacionadas com as características da coloração, tamanho, forma e agrupamento das células. Estas características podem ser influenciadas por vários fatores, incluindo idade da cultura, o meio de cultivo utilizado, a atmosfera de incubação e a presença de substâncias inibidoras. Não se pode deixar de destacar que a coloração de Gram somente será um recurso rápido e útil quando for corretamente realizada (do ponto de vista técnico) e interpretada por profissionais experientes. OBS: Na infecção do Trato Urinário é indicada: pacientes que estão recebendo terapia antimicrobiana pacientes que apresentam sedimento patológico com culturas negativas, para verificar a presença de micro-organismos exigentes. pacientes com sepsis com ponto de partida urinário pacientes de alto risco e necessita de adotar um terapêutica precoce UTILIZAÇÃO Para bacterioscopia da maioria dos materiais biológicos ou culturas de micro- organismos em meios sólidos ou líquidos. Nas amostras analisadas de culturas jovens (< 24h) de meio de cultura sem inibidores e amostras clínicas recém-coletadas (são as que fornecem melhores resultados). Na verificação da morfologia bacteriana a partir de esfregaços de cultura em caldo. COLORAÇÃO DE GRAM - procedimento Cobrir a área com a solução de cristal-violeta por cerca de um minuto. Decantar o cristal-violeta e lavar suavemente com a própria solução de iodo ou água da torneira.(Obs.: lavagem excessiva nesta etapa pode causar a retirada do cristal violeta das células Gram-positivas). Cobrir a área do esfregaço com a solução de iodo durante cerca de um minuto. Descorar a lâmina com a mistura álcool-acetona (1:1), até que o solvente escorra incolor. Alternar com água corrente (jato fraco). O tempo usualmente utilizado nesta etapa é de cerca de 10 segundos. (Obs.: lavagem excessiva nesta etapa pode causar a retirada do cristal violeta das células Gram-positivas, assim como, a pouca descoloração pode resultar em pouca retirada do cristal violeta, ocasionando uma tonalidade azulada nas bactérias Gram-negativas). Cobrir o esfregaço com a solução de safranina (ou Fucsina básica 0.1% a 0.2%), por cerca de 30 segundos. Lavar com água corrente. Deixar secar ao ar, em temperatura branda (50ºC). Reportar o número de micro-organismos observados por campo de imersão Sistema de Quantificação Células e Polimorfonucleares (PMN) Média em 10 campos (10X de aumento) Micro-organismos Média em 15 a 20 campos (100 X aumento) Negativo + ++ +++ + ++ +++ ++++ Negativo Raras Poucas Muitas Raros Poucos Muitos numerosos 0 1-9 10-24 >>25 <<1 1-5 6-19 >>20 04/06/2019 9 Correlação entre as principais bactérias de importância clínica e os tipos morfotinturiais: GRAM POSITIVOS Cocos Cadeias longas - estreptococos aeróbios e anaeróbios Cachos – estafilococos e peptococos (anaeróbio). Cachos e tétrades – Micrococcus, Stomatococcus, Aerococcus spp Aos pares – Enterococcus Coco-bacilo (podem formar cadeias curtas) Gram variável – Gardnerella Em chama de vela – S. pneumoniae Retos e curtos – Lactobacillus, Erisipelotrix, Listeria, Rhodococcus Bacilos Ramificados – Nocardia, Streptomyces, Actinomyces, Propionibacterium (anaeróbico) Difteróides – Corynebacterium Esporulados – Bacillus, Correlação entre as principais bactérias de importância clínica e os tipos morfotinturiais: GRAM NEGATIVOS Cocos (visualizados aos pares) Neisseria, Moraxella, Branhamella, Acinetobacter, Veillonella (anaeróbio) Coco-bacilo Haemophillus (pleomórfico, ora coco-bacilo, ora bacilo), Brucella, Bordetella, Pasteurella, Actinobacillus, Bacteróidesa (anaeróbicos), Enterobactérias Bacilos Curvos – Campylobacter, Helicobacter, Vibrio Helicoidais – Arcobacter e Borrelia. Leptospira e Treponema (não visíveis ao Gram) Retos – Enterobactérias, não fermentadores Extremidades afiladas – Fusobacterium (anaeróbio) Extremidade bifurcada – Bifidobacterium (anaeróbio) Urocultura Homogeneizar a urina sem centrifugar Imergir a alça calibrada de 0,01mL ou 0,001mL na urina de forma vertical Semear em placa de ágar MacConkey ou EMB e ágar sangue ou Cled Incubar em estufa de 35 ± 1ºC por 18 a 24 horas a) Inóculo Inicial b) Espalhamento Biplaca com ágar CLED (1) e ágar E.M.B. Levine (2). Crescimento de um coco Gram-positivo somente no ágar CLED Biplaca com ágar CLED (1) e ágar E.M.B. Levine (2). Crescimento de E. coli em ambos os meios (com brilho metálico no ágar E.M.B. Levine) Biplaca com ágar sangue (1) e ágar E.M.B. Levine (2). Crescimento de E. coli em ambos os meios (com brilho metálico no ágar E.M.B. Levine Ágar MacConkey mostrando bactérias fermentadoras de lactose (esq.) e não fermentadoras de lactose (dir.) Laminocultivo para urocultura (face verde: ágar CLED; face vermelha: ágar MacConkey) Laminocultivo para urocultura (1:> 107 UFC/mL; 2: 106 UFC/mL; 3: 105 UFC/mL; 4: 104 UFC/mL) 04/06/2019 10 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E CONTAGEM Cultura Quantitativa Avaliar a homogeneidade de crescimento pela placa Contar separadamente todas as colônias diferentes, até 300 UFC Para a contagem deve-se marcar com uma caneta o verso de cada unidade contada, para evitar que se conte duas vezes a mesma colônia Contagens maiores devem ser determinadas por estimativa(dividir a placa em 4 ou 8 partes; Observar a homogeneidade do crescimento e contar as partes que sejam mais representativas do crescimento total; Contar o número de UFC da parte escolhida e multiplicar pelo total de partes) Converter o número de UFC contadas em UFC/mL Utilizar o fator de correção: do volume: 1 μL – multiplicar por 1.000 10 μL – multiplicar por 100 100μL – multiplicar por 10 e/ou diluição: diluição 1:10 – multiplicar por 10 diluição 1:100 – multiplicar por 100 diluição 1:1000 – multiplicar por 1000 É prudente a leitura em 48-72 horas quando a contagem de leucócitos ou a bacterioscopia sugerirem infecção urinária e não for verificado crescimento bacteriano em 24 horas. Interpretações: Levar em consideração a idade, sexo, presença de sintomas, fatores predisponentes, infecções anteriores e medicação. ITU – contagem de colônias igual ou superior a 100.000 (105) UFC/mL de urina em amostras colhidas assepticamente. Em pacientes sintomáticos com contagem inferior a liberação é crítica. Até mesmo quando as uroculturas não apresentam crescimento bacteriano, o resultado final deve indicar o que foi detectado (por exemplo: urocultura negativa OU ausência de crescimento bacteriano OU contagem de colônias inferior a 1.000 UFC/mL). Interpretação De uma maneira geral, utiliza-se a seguinte convenção: - acima de 100.000 UFC/mL = indício de infecção - de 10.000 a 90.000 UFC/mL = suspeita de infecção -de zero a 9.000 UFC/mL = sem significado clínico Qualquer isolamento de bacilos Gram-negativos a partir de punção supra-púbica é significativo. Para os cocos Gram-positivos, especialmente estafilococos, somente contagens > 103 UFC/mL devem ser consideradas significativas, uma vez que estes micro- organismos poderiam ser contaminantes adquiridos da pele durante o procedimento de punção. Recomendações para o andamento de uroculturas Contagem de colônias >105UFC/mL Um provável patógeno >105UFC/mL Identificar à espécie Realizar antibiograma Um provável contaminante com contagem >105UFC/mL (Streptococcus, lactobacilos, Staphylococcus coagulase negativa que não seja saprophyticus) Realizar uma identificação limitada Não fazer antibiograma Solicitar nova amostra 04/06/2019 11 Dois prováveis patógenos com contagem >105UFC/mL com infecções crônicas Identificar à espécie Realizar antibiograma Dois prováveis patógenos com contagem >105UFC/mL com sintomas de ITU Identificar à espécie Realizar antibiograma Solicitar nova amostra Mais que dois micro-organismos com contagem >105UFC/mL Reportar: Múltiplos micro-organismos presentes, provável contaminação, sugerimos repetir a cultura. Contagem de colônias 105UFC/mL Um provável patógeno com contagem 105UFC/mL Para pacientes sob antibioticoterapia, grávidas, recém-nascidos e infecções de repetição Identificar à espécie Realizar antibiograma Um potencial patógeno presente com contagem >102 UFC/mL em mulheres sintomáticas Realizar uma identificação Realizar antibiograma Um potencial patógeno presente com contagem >103 UFC/mL em homens sintomáticas Realizar uma identificação Realizar antibiograma Um provável contaminante com contagem 105UFC/mL Leucócitos normais Identificar à espécie e relatar micro-organismo pertencente à microbiota normal Não realizar antibiograma Dois ou mais micro-organismos presentes em contagem <104 UFC/mL Reportar: Múltiplos micro-organismos presentes, provável contaminação, sugerimos repetir a cultura. Sem crescimento Examine em até 48 horas de incubação Reportar: Sem crescimento após 48 horas. Teste com sensibilidade > 102 UFC/mL. Bastonetes Gram Negativos de Importância Clínica Família Enterobacteriaceae Escherichia coli Klebsiella pnenumoniae Klebsiella oxytoca Proteus mirabilis Enterobacter spp Salmonella Via Fermentativa Bastonetes Gram Negativos Não Fermentadores Diversos grupos Pseudomonas aeruginosas Acinetobacter spp Via Oxidativa Utilização de carboidratos como fonte de energia OBS:Na rotina bacteriológica, existem várias alternativas e, com base em conjuntos ou sistemas simplificados de provas bioquímicas, é possível realizar a triagem e identificação presuntiva dos principais gêneros de interesse clínico. Opções terapêuticas para Infecções do Trato Urinário (adultos com função renal normal) 04/06/2019 12 1) Qual dos microrganismos a seguir contem DNA não circundado por uma membrana ( ) Bolores ( ) Protozoarios ( ) Bactériais ( ) Vírus ( ) Leveduras 2) As B-lactamases representam um importante causa de resistência aos antibióticos . Onde as B-lactamases são mais frequentemente encontradas. ( ) Associadas ao DNA no nucleoide ( ) Inseridas na cápsula ( ) Associadas ao pili na superfície celualr ( ) Livres no citoplasma ( ) No espaço periplasmático ( ) Nenhuma das alternativas 3) Várias bactérias que formam esporos são importantes patógenos humanos . Sobre o assunto, marque a opção correta: ( ) Os esporos são mortos ao serem fervidos por 15minutos ( ) Eles são produzidos por cocos gram positivos e bacilos ( ) Os esporos são formados pelos anaeróbios somente na presença de oxigênio ( ) Apesar de serem metabolicamente inativos, podem sobreviver por anos nesse estado inativo Caso 1 - Fabiana de 23 anos, reclama de disúria. Sua irmã Claudia, relata não entender porque persiste a ITU a quase um ano. O médico da Unidade Básica de saúde, solicita exame de Urina Tipo I, onde apresenta piúria e flora bacteriana aumentada +++, com o resultado o médico prescreve amoxicilina/clavulanato de potássio por sete dias. No fim do segundo dia de tratamento a cliente deixa de se queixar. 1)Com base no histórico de Fabiana, avalie a conduta do médico. Como deveria proceder mediante a solicitação dos exames de diagnóstico e ao tratamento? Justifique. 2) Explique a função do clavulanato de potássio, na composição do medicamento prescrito? 3) Classifique e explique o tipo de ITU que apresenta a cliente, conforme anunciado acima?