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unidade II - avaliações diagnosticas Unip

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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Unidade II
5 EXAMES LABORATORIAIS
5.1 Introdução
Os exames laboratoriais, em associação com exames de imagem, estão entre os métodos de avaliação 
mais utilizados no apoio diagnóstico à prática clínica, o que traz repercussões importantes no cuidado 
ao paciente e custos ao sistema de saúde.
Quando buscamos sobre a história dos exames laboratoriais, descobrimos que no início dos cuidados 
com a pessoa enferma, o diagnóstico médico era restrito ao exame físico e à observação do paciente. 
Os estudos laboratoriais estavam restritos às substâncias que eram naturalmente eliminadas pelo corpo. 
Acredita-se que o exame de urina foi o primeiro exame de diagnóstico laboratorial.
Uma das principais finalidades dos resultados dos exames laboratoriais é reduzir as dúvidas que a 
história clínica do paciente, ou familiar, e o exame físico fazem surgir no raciocínio clínico. Para que os 
dados laboratoriais possam atingir esse propósito, é indispensável que todas as fases do atendimento 
ao paciente, desde solicitação do exame e orientações sobre o preparo, até o momento da coleta, sejam 
feitas com excelência, a fim de minimizar variáveis que possam influenciar, significativamente, no 
resultado do exame.
Os laboratórios de análises clínicas são fundamentados em um processo dinâmico, que se inicia na 
coleta do espécime diagnóstico (amostra biológica) e termina na emissão de um laudo. Didaticamente, 
o processo pode ser dividido em três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Abordaremos os 
principais exames laboratoriais e de imagem, destacando, na maioria deles, os cuidados nas fases pré e 
pós-analíticas, principalmente.
Há relatos de que a medicina laboratorial teve sua origem a partir de uma análise de urina, pois 
foram encontradas referências sobre urina nos desenhos feitos por nossos primeiros ancestrais e em 
hieróglifos egípcios. Sabe-se que na Antiguidade os médicos baseavam-se, na maioria das vezes, apenas 
na análise da urina do paciente para obter um diagnóstico. Para isso, observavam a turvação, odor, 
volume, cor e até presença ou não de açúcar na urina.
Hoje sabemos que o exame laboratorial é um importante instrumento de auxílio no raciocínio clínico 
e na conduta terapêutica, configurando um indicador do estado de saúde do paciente.
As fases das análises clínicas podem ser divididas em três: pré-analítica, analítica e pós-analítica, 
sendo fundamental entendermos cada uma delas.
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Unidade II
• Pré-analítica: nesta fase é incluída a indicação do exame, redação da solicitação, leitura e 
interpretação da solicitação, transmissão de eventuais instruções de preparo do paciente, 
avaliação do atendimento às instruções previamente transmitidas e procedimentos de coleta, 
acondicionamento, transporte e preservação da amostra biológica até o momento da efetiva 
realização do exame. Ou seja, engloba todas as atividades que precedem o ensaio laboratorial. Essa 
fase envolve um trabalho multidisciplinar, entretanto, o enfermeiro tem um papel fundamental, 
que inclui a orientação clara e precisa para o paciente em relação ao preparo e aos cuidados que 
ele deve ter antes da realização de um determinado exame.
• Analítica: compreende a análise propriamente dita da amostra, através de controles internos do 
laboratório, e se encerra quando é gerado um resultado.
• Fase pós-analítica: descreve o que ocorre após a obtenção do resultado e inclui o relatório ao 
médico que solicitou o exame. Podem-se citar como erros mais comuns: perda do resultado, 
identificação incorreta do paciente, interpretação incorreta, erro na transcrição do resultado, 
não identificação de substâncias interferentes e tempo de liberação dos resultados superior ao 
especificado.
Além das fases que envolvem a coleta de um exame laboratorial, existem as variáveis que interferem 
no exame. Dentre elas, destacam-se as biológicas, as de coleta e as de interferência.
• Variáveis biológicas: é a variabilidade de ocorrência fisiológica, e própria do indivíduo, frente a 
diferentes estímulos. Ela é o reflexo da flutuação nas concentrações dos elementos bioquímicos 
(substratos, enzimas, eletrólitos) em torno de seus pontos de equilíbrio. Algumas variáveis podem 
ser controladas e não controláveis:
– Controláveis: permanência prolongada no leito; postura corporal; atividade física, jejum, dieta 
e ingestão de alimentos, uso de fármacos e outras drogas.
– Não controláveis: sexo e idade.
• Variáveis de coleta: diferentes variáveis estão envolvidas na coleta, havendo a necessidade do 
estabelecimento de protocolos de coleta e de rejeição de amostra com objetivo de evitar resultados 
incorretos ou duvidosos.
Cuidados fundamentais que devem ser tomados antes da aquisição da amostra são apresentados 
a seguir:
– certificar-se de que ela será colhida do paciente especificado na requisição;
– solicitar que o paciente, se consciente, forneça nome completo e data de nascimento;
– identificar o material coletado na presença do paciente;
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
– verificar se o paciente está com o tempo de jejum necessário para alguns exames, bem como 
se faz uso de medicamentos.
Outro ponto importante que devemos destacar é a escolha do tubo e/ou recipiente certo para 
depositar a amostra biológica.
Há uma recomendação da sequência dos tubos que deve ser respeitada para pacientes que possuem 
diversas análises, para que não ocorra contaminação por aditivos nos tubos subsequentes. Vejamos:
– frasco para hemocultura;
– tubo de citrato de sódio;
– tubo com ativador de coágulo, com ou sem gel para obtenção de soro;
– tubo de heparina;
– tubo de EDTA;
– tubo de fluoreto/EDTA.
• Variáveis de interferência: as variáveis de interferência envolvem a hemólise, aplicação do garrote, 
procedimentos diagnósticos.
A hemólise refere-se à ruptura da hemácia e consequente liberação da hemoglobina. Podemos 
perceber que houve hemólise quando notamos a aparência avermelhada no soro ou plasma. Para 
que isso não ocorra, devem-se evitar agulhas de pequeno calibre; o volume de sangue precisa 
estar adequado ao volume do aditivo; o sangue deve ser homogeneizado suavemente.
A aplicação do garrote não deve ultrapassar um tempo superior a 2 minutos, pois ocorre 
aumento da pressão intravascular, levando a um risco aumentado de hemólise. O ato de abrir e 
fechar a mão na hora da coleta deve ser evitado, por causar aumento de potássio, fosfato, lactato, 
amônia e cálcio ionizado.
Determinados procedimentos diagnósticos, como a administração de contrastes para exames 
de imagem, a realização de toque retal e de eletromiografia, e alguns procedimentos terapêuticos, 
como hemodiálise, diálise peritoneal, cirurgias, transfusão sanguínea e infusão de fármacos, 
podem causar variações nos resultados de exames laboratoriais. Em relação à infusão de fármacos, 
é importante lembrar que a coleta de sangue deve ser realizada sempre em local distante da 
instalação do cateter, preferencialmente no outro braço, e, se possível, pelo menos uma hora após 
o fim da infusão.
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5.2 Exame de urina 
5.2.1 Considerações gerais sobre o exame de urina
A urinálise, ou urina I, compreende as análises física, química e microscópica da urina, com o objetivo 
de detectar doença renal, do trato urinárioou até mesmo sistêmica. Esse exame é definido pelo Clinical 
and Laboratory Standards Institute como o teste de urina com procedimentos normalmente realizados 
de forma rápida, confiável, precisa, segura e custo-efetiva (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA 
CLÍNICA, 2014).
O desenvolvimento de técnicas analíticas mais práticas e eficientes permitiu que o exame de urina 
de rotina se mantivesse como um dos testes mais frequentemente solicitados, seja para pacientes com 
diferentes queixas clínicas, seja para indivíduos saudáveis que se submetem à avaliação periódica, mesmo 
sem qualquer sintomatologia. Por essa razão, o exame de urina de rotina deve ser entendido como um teste 
de triagem, capaz de fornecer informações úteis que possibilitam o diagnóstico de eventuais problemas nos 
rins e nas vias urinárias, como processos irritativos, inflamatórios ou infecciosos, além de alguns distúrbios 
metabólicos, como diabetes mellitus e insipidus, além de distúrbios do equilíbrio acidobásico.
5.2.2 Cuidados na fase pré‑analítica
Não há necessidade de preparo especial para a coleta desse exame, mas não podemos esquecer 
que algumas características da urina se modificam ao longo do dia. Tipo de dieta, jejum prolongado, 
atividades físicas realizadas antes da coleta da amostra, bem como uso de determinados medicamentos, 
são alguns dos elementos que podem alterar a característica da urina.
Dessa forma, preferencialmente, deve ser coletada a primeira urina da manhã, por ser mais 
concentrada, garantindo, assim, a detecção de substâncias químicas e elementos formados que poderão 
não ser observados em uma amostra aleatória mais diluída. Outra possibilidade é coletar, no mínimo, 
duas horas após a última micção, sem que o indivíduo tenha realizado atividade física intensa nas seis 
horas precedentes. Se for possível, deve-se evitar a coleta no período menstrual.
5.2.3 Tipos de coleta
A urina é um material biológico isento de microrganismos, porém, durante a coleta, pode ser 
facilmente contaminada, comprometendo o resultado. As principais técnicas usadas para a coleta de 
urina são: coleta de urina por micção espontânea, coleta por cateterismo uretral, amostra de urina de 
24 horas. A seguir encontram-se descritas as principais técnicas de coleta de urina utilizadas.
• Coleta de urina por micção espontânea: antes da coleta, é recomendável que o frasco de coleta 
já esteja identificado pelo laboratório, com o nome do paciente, data e horário de coleta. É 
fundamental que seja feita assepsia da região urogenital, seguindo os seguintes passos:
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Os homens deverão:
– lavar as mãos com água e sabão;
– retrair o prepúcio para expor o meato uretral;
– lavar a glande com água e sabão, começando pelo meato uretral;
– enxugar, utilizando gaze ou toalha, a partir do meato uretral;
– com uma das mãos, manter o prepúcio retraído;
– com a outra mão, segurar o frasco de coleta de urina já destampado;
– iniciar a micção, desprezando o primeiro jato de urina no vaso sanitário;
– coletar urina do jato médio até cerca de 1/3 ou metade da capacidade do frasco.
As mulheres precisarão:
– lavar as mãos com água e sabão;
– fazer higiene da região genital com água e sabão, sempre no sentido de frente para trás. 
É importante que os resíduos de pomadas, pós e cremes vaginais, eventualmente utilizados, 
sejam totalmente removidos;
– enxugar toda a região genital com gaze ou toalha, sempre no sentido de frente para trás;
– separar os grandes lábios, limpar o meato urinário e a região ao redor da uretra;
– com uma das mãos, manter os grandes lábios separados;
– com a outra mão, segurar o frasco de coleta já destampado;
– iniciar a micção, desprezando o primeiro jato de urina no vaso sanitário;
– coletar urina do jato médio até, mais ou menos, 1/3 ou metade da capacidade do frasco.
• Coleta por cateterismo uretral: recomendável quando a coleta espontânea não seja possível 
e a amostra também seja utilizada para o exame de cultura, lança-se mão de procedimento 
invasivo para a coleta, como o cateterismo vesical. Introduz-se sob condições estéreis um 
cateter vesical através da uretra até a bexiga. Assim que a amostra desejada for coletada, o 
cateter é retirado.
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• Amostra de urina de 24 horas: exame solicitado para a dosagem quantitativa de componentes 
urinários. Amostras de urina devem ser recolhidas em frascos apropriados e identificadas por um 
período de 24 horas. O frasco no qual a amostra será coletada pode ficar no piso do banheiro (local 
fresco e arejado) durante todo o período de coleta, até que o frasco seja levado ao laboratório. 
O paciente deverá começar e terminar o período da coleta com a bexiga vazia, uma vez que 
a quantidade das substâncias eliminadas será calculada a partir do volume urinário produzido 
durante as 24 horas de coleta. As amostras devem ser coletadas em frasco de material inerte, limpo 
e seco, com boca larga e tampa de rosca para que não haja vazamento. Recipientes esterilizados e 
embalados individualmente são reservados para exames microbiológicos. Os frascos para urina de 
24 horas precisam ser de plástico, com boca larga e tampa de rosca, além de conter um volume 
médio de 2,5 a 3 litros.
5.2.4 Manuseio e transporte da amostra
Após a coleta, a urina deve ser entregue imediatamente ao laboratório e testada dentro de duas horas. 
Uma amostra que não possa ser analisada nesse prazo necessita ser refrigerada a uma temperatura de 
2 a 8 ºC, porém nunca deve ser congelada. Caso a refrigeração não seja possível, o frasco deverá ter um 
conservante químico adequado adicionado.
5.2.5 Fase pós‑analítica 
A fase pós-analítica refere-se à interpretação dos resultados. Para a urina I, os elementos analisados são:
• cor: geralmente é amarelada devido à presença de um pigmento chamado urocromo;
• pH: o valor normal fica entre 5.5 – 6.5. Os rins têm grande participação no equilíbrio ácido-base do 
organismo. Um pH alcalino (≥ 7.5) sugere infecção por bactérias como Proteus e Klebsiella. Um pH 
ácido (≤ 5.5) pode estar associado a distúrbios, como cetoacidose diabética, estado hiperosmolar 
não cetótico, sepse, entre outras patologias;
• densidade: ajuda a avaliar a função de filtração e concentração renais e o estado de hidratação 
do corpo. Os valores normais variam entre 1.010 e 1.035 mmol/L;
• proteínas: por causa do alto peso molecular, sua presença na urina deve ser imperceptível. A 
proteinúria pode indicar presença de doenças renais;
• glicose e corpos cetônicos: ambos devem estar ausentes na urina. Em situações normais, 
quase toda a glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida pelos túbulos proximais. Já as 
cetonas são produzidas a partir do metabolismo das gorduras (ácido acetoacético e ácido 
beta-hidroxibutírico). A glicosúria e cetonúria estão presentes em caso de diabetes mellitus 
descompensada, períodos prolongados de jejum ou perda rápida de peso. Seus resultados são 
apresentados na forma de cruzes, variando de + a +++. Quanto maior o número de cruzes, 
maior a quantidade desses elementos;
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• hemácias/hemoglobinas: devem estar ausentes na urina. A hematúria pode ocorrer na presença 
de cálculos renais, glomerulonefrite, pielonefrite, tumores, trauma, exposição a produtos ou 
drogas tóxicas e exercício físico intenso. Por sua vez, a hemoglobinúria pode ocorrer em reações 
transfusionais, anemia hemolítica, queimaduras graves,infecções e exercício físico intenso;
• nitritos: devem estar ausentes na urina. Sua presença pode indicar infecção do trato urinário, 
pela ação de bactérias redutoras de nitrato em nitrito (todas as enterobactérias e alguns cocos 
gram-positivos);
• leucócitos: podem estar presentes na urina normal. São consideradas anormais contagens 
superiores a 10.000 leucócitos/ml ou 10 leucócitos/campo. Em laboratórios que se utilizam de 
tecnologia mais avançada (citometria de fluxo), a contagem de leucócitos de até 30.000/ml é 
considerada normal em mulheres;
• cilindros: a presença de cilindros leucocitários sugere pielonefrite (vide referência anterior);
• células epiteliais: a presença de raras células epiteliais na urina é considerada normal, principalmente 
em mulheres, devido à descamação fisiológica do epitélio.
Para a urina de 24 horas, os principais elementos analisados são:
• clearance (depuração) de creatinina: exame que mede a taxa de filtração glomerular. Seu cálculo 
é obtido através de uma equação que corrige fatores como idade, sexo e peso corporal. A taxa de 
filtração glomerular (TFG) e sua interpretação encontram-se disponíveis abaixo na tabela a seguir:
Tabela 2 – Taxa de filtração glomerural (TFG) e interpretação
Estágio Descrição Taxa de filtração glomerular (TFG)
1 Afecções renais com TFG normal 90 ml/min ou acima
2 Afecções renais com leve redução na TFG 60 a 89 ml/min
3 Redução moderada da TFG 30 a 59 ml/min
4 Redução grave da TFG 15 a 29 ml/min
5 Falência renal Menos de 15 ml/min
Fonte: Kirsztajn et al. (2014, p. 64).
• Outros elementos que podem ser verificados: cortisol e hidroxicorticosteroides urinários, 
cetosteroide urinário, hidroxiesteroides cetogênicos, ácido cítrico, ácido homovanílico, ácido úrico 
e microalbuminúria.
Os métodos mais utilizados no laboratório clínico são:
• Caracteres gerais: inspeção visual. 
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• Pesquisa de elementos anormais (exame químico): tira reagente. 
• Exame do sedimento urinário (sedimentoscopia): microscopia ótica. 
5.2.6 Interpretação do resultado
A interpretação de um resultado laboratorial irá ser baseada em valores de referência em relação aos 
caracteres gerais, exame bioquímico e sedimentoscopia.
5.2.6.1 Valores de referência 
Caracteres gerais: 
Cor: amarelo citrino 
Odor: característico 
Aspecto: límpido 
Densidade: 1,005 – 1,030 pH: 4,5 – 7,8 
Exame bioquímico: 
Proteínas: negativo 
Glicose: negativo 
Cetonas: negativo 
Sangue: negativo 
Leucócitos: negativo 
Nitrito: negativo 
Bilirrubina: negativo 
Urobilinogênio: até 1 mg/dL 
Sedimentoscopia: 
Hemácias: homens: 0 – 3/campo 400X 
Mulheres: 0 – 5/campo 400X 
Leucócitos: 0 – 4/campo 400X 
Epitélios: 0 – 1 (pavimentoso)/campo 400X 
Cilindros: 0 – 1 (hialino)/campo 100X 
Flora microbiana: ausente ou escassa
5.2.7 Indicações clínicas
As principais indicações do uso do exame de urina são no diagnóstico e monitoramento de doenças:
• renais e do trato urinário; 
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• sistêmicas ou metabólicas; 
• hepáticas e biliares; 
• desordens hemolíticas.
 Lembrete
O exame de urina é indicado como o marco inicial da medicina 
laboratorial e, ainda hoje, é considerado de grande valor diagnóstico e 
prognóstico na prática clínica.
6 HEMOGRAMA COMPLETO
6.1 Considerações gerais sobre o processo de hematopoiese
A medula óssea é o órgão produtor das células sanguíneas. Até os 5 anos de idade, a medula de 
todos os ossos do corpo participa desse processo. Na medida em que os anos avançam, ocorre uma 
substituição gordurosa na medula dos ossos longos, até que, na idade adulta, somente os ossos da pelve, 
o esterno, os ossos do crânio, os arcos costais, as vértebras e as epífises femorais e umerais são capazes 
de gerar células sanguíneas.
Todos os elementos do sangue (hemácias, plaquetas e leucócitos) originam-se de uma única célula 
progenitora, denominada célula-tronco (stem cell). Inicialmente, a célula-tronco se diferencia em dois 
tipos, cada um comprometido com a formação de uma grande linhagem hematológica: a linhagem 
mieloide, que dará origem às hemácias, plaquetas, granulócitos e monócitos; e a linhagem linfoide, que 
gerará os linfócitos.
A linhagem linfocítica dará origem aos linfócitos T e B; enquanto a mieloide gerará os eritrócitos, os 
monócitos, os granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos) e as plaquetas.
6.2 Eritropoiese
A primeira célula no interior da medula óssea identificada como pertencente à série eritroide é 
o proeritroblasto. Uma vez formado, ele se divide várias vezes. Durante o seu processo de maturação, 
dois importantes fenômenos ocorrem de forma progressiva: condensação da cromatina nuclear 
(maturação do núcleo), e hemoglobinização do citoplasma, à medida que a hemoglobina vai 
sendo sintetizada.
O citoplasma do proeritroblasto é azulado (basofílico). À medida que aumenta a concentração 
de hemoglobina nesse compartimento, a coloração vai se tornando mais próxima ao avermelhado 
(eosinofílico). A ordem de maturação e diferenciação dessas células está ilustrada a seguir.
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6.3 Leucopoiese
Toda produção de leucócitos começa na medula pela mesma célula-tronco que produz os eritrócitos 
e megacariócitos. Alguns estímulos agem sobre a célula-tronco para determinar qual tipo de leucócito 
será produzido. Os granulócitos terminam sua maturação na medula, porém as formas bastão/bastonetes 
e segmentados, embora não completamente maduras, são liberadas no sangue. Os monócitos terminam a 
maturação na medula e dirigem-se para diversos locais do organismo, onde se transformam em macrófagos 
(exercem a fagocitose). Os linfócitos T terminam sua maturação no timo, já os linfócitos B terminam na 
medula óssea, porém, chegam à fase de plasmócito produtor de anticorpos nos linfonodos e baço.
Os leucócitos participam de maneiras diferentes na resposta imune e dividem-se em granulócitos 
(neutrófilos, basófilos e eosinófilos), monócitos e linfócitos T e B. Entretanto, os neutrófilos encontram-se 
de forma mais abundante na corrente sanguínea e suas células precursoras situam-se na medula óssea. 
Elas são apresentadas a seguir.
6.4 Trombocitopoiese
As plaquetas originam-se na medula óssea, a partir dos megacariócitos. A regulação na produção de 
plaquetas é atribuída à trombopoietina, produzida principalmente no fígado.
A diminuição da contagem de plaquetas para menos de 150.000/mm3 é denominada trombocitopenia 
ou plaquetopenia. O aumento do número de plaquetas para mais de 450.000/mm3 é denominado 
trombocitose ou plaquetose.
6.5 Exame de hemograma
O hemograma completo compreende uma análise quantitativa e morfológica das células do sangue 
periférico, para avaliar o estado geral do paciente. É dividido didaticamente em três partes:
• eritrograma: avalia a contagem global de células vermelhas (hemácias/eritrócitos), hemoglobina 
(Hb), hematócrito (Ht) e ainda as suas características morfológicas;
• leucograma: refere-se à contagem do número de leucócitos por milímetro cúbico e sua contagem 
diferencial, ou seja, o percentual de cada célula da série branca;
• plaquetograma: avalia quantitativamente o número de plaquetas e suas alterações quanto ao 
tamanho. Elas têm participação importante no processo de coagulação. Suas funções principais 
são adevisidade e agregação.
Eritrograma
Estuda as alterações nos eritrócitos, na hemoglobina, no hematócrito, nos índicesglobulares e na 
morfologia eritrocitária. Tem como objetivo avaliar a contagem global de células vermelhas (hemácias/
eritrócitos), hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht) e ainda as suas características morfológicas.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
A contagem de eritrócitos (CE) pode ser realizada por contadores automáticos. Quando feitas com um 
microscópio, são bastante cansativas de realizar. Esse valor varia com a idade e com o sexo do paciente.
Eritrócito (hemácia): seu ciclo de vida é de cerca de 120 dias. 
Valores de referência de eritrócito: 
♂: 4.500.000 a 6.000.000 mm3.
♀: 4.000.000 a 5.500.000 mm3.
Recém-nascido: 5.500.000 a 7.000.000 mm3.
Normalmente, o número de eritrócitos circulante mantém-se constante, havendo equilíbrio entre 
a formação e a destruição. O rompimento desse equilíbrio resulta em poliglobulia ou hipoglobulia. A 
poliglobulia representa um aumento dos eritrócitos circulantes acima do valor normal e possui pouca 
importância clínica. A hipoblobulia, também conhecida por anemia, representa uma diminuição mais 
ou menos pronunciada do número de eritrócitos ou da porcentagem de hemoglobina, ou de ambos, 
no volume de sangue circulante. Fisiologicamente, as anemias se caracterizam pela diminuição da 
capacidade de transportar O2 pelo sangue.
A dosagem de hemoglobina (Hb) é realizada por espectrofotômetro e contadores, sendo ela 
a responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões até os tecidos. A concentração baixa de 
hemoglobina pode indicar anemia. A Hb está presente no sangue circulante sob duas formas: 
oxiemoglobina (sangue arterial; é a base da função respiratória) e hemoglobina não oxigenada ou 
reduzida (sangue venoso). A Hb é composta de uma fração heme e uma fração proteica (globina), 
formada por quatro cadeias polipeptídicas e corresponde a 32% do peso das hemácias. 
Valores de referência Hb: 
♂ : 13,5 a 18g/dL
♀ : 12 a 16g/dL 
O Hematócrito (Ht) corresponde ao volume formado pelos eritrócitos em uma coluna 
de sangue centrifugado. O Ht determina a proporção entre a parte sólida (eritrócitos) e a 
parte líquida (plasma) do sangue circulante, expressa em porcentagem. O Ht é importante na 
prática hematológica para o diagnóstico clínico, para o cálculo dos índices hematimétricos 
e determinação do volume total de sangue. O valor do hematócrito depende do número de 
eritrócitos presentes, mas também de sua forma e tamanho, acompanhando paralelamente a 
taxa de hemoglobina.
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Unidade II
Valores de referência: 
♂ : 44 a 54%
♀ : 38 a 47% 
Os aspectos morfológicos das células vermelhas são: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina 
corpuscular média (HCM) e concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM). Esses aspectos são 
utilizados, principalmente, para identificar o tipo de anemia, pelo tamanho e conteúdo da hemoglobina. 
Os índices hematimétricos apresentam grande importância no estudo das anemias, pois fornecem dados 
para o seu diagnóstico e tratamento, além de servirem de base para a classificação morfológica. Dentre 
eles, destacam-se:
• Volume corpuscular médio (VCM): mede o tamanho das hemácias e ajuda no diagnóstico da 
anemia. A unidade utilizada é femtolitro (fl). Se o paciente está com as hemácias pequenas, elas 
são chamadas de microcíticas. Se estão maiores do que o normal, são chamadas de macrocíticas. 
Em um adulto, o tamanho normal varia de 80 a 96 fl. Em condições em que há variação, podem 
ser observadas hemácias macrocíticas e microcíticas, quando o quadro é denominado anisocitose. 
O VCM é o volume dos eritrócitos (hemácias) expresso em fentolitros.
Valor hematócrito por 100/ml
_________________________
Eritrócitos em milhões/mm3
Valores de referência:
♂ e ♀: 80 a 97 fl
Médio: 87 fl 
• Hemoglobina corpuscular média (HCM): é o peso da hemoglobina na hemácia. O valor normal é 
de 26-34 picogramas. 
A HCM é expressa em picogramas (= micromicrogramas).
HGM = Hb(g/l)
_________________________
eritrócitos (milhões/mm3)
Valores de referência (segundo Wintrobe): 
♂ e ♀: 26 a 34 pg
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Médio: 29 pg
• Concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM): é a concentração de hemoglobina 
contida na hemácia em 100 mL de sangue. Esse valor confere com a coloração das hemácias, pois a 
coloração depende da concentração de hemoglobina na hemácia; logo, com pouca hemoglobina, 
a célula se colore pouco, ficando com o centro esbranquiçado. Quando há muita hemoglobina, a 
célula se cora mais do que o normal.
Em condições em que não há concavidade no centro da hemácia (esferocitose), há aumento do 
CHCM (valores a cima de 36%). Hemácias que se coram normalmente são chamadas de normocrômicas, 
que se coram pouco são chamadas de hipocrômicas e as que se coram além do normal são hipercrômicas.
Concentração Hemoglobínica Corpuscular Média (CHCM): 
CHCM = Hb(g/l)
____________
Hct x 100 
Valores de referência (segundo Wintrobe): 
♂ e ♀: 32 a 36%
Médio: 35%
• Reticulócitos: são células precursoras de hemácias, recém-saídas da medula óssea, que ainda 
contêm RNA ribossômico. O número normal não varia com a idade e é de 0,5 a 2%. O aumento de 
reticulócitos no sangue circulante indica eritropoiese aumentada, sugestivo de anemia. Pode ser 
uma anemia ou o tratamento de uma. A redução na quantidade de reticulócitos indica anemia 
hipoproliferativa como a anemia ferropriva. 
Quando o paciente já está com anemia ou em processo terapêutico, deve ser feita a correção 
da contagem de reticulócitos e avaliar o índice de produção de reticulócitos, cada um com sua 
fórmula específica.
A anemia pode ser entendida como uma diminuição do número de hemácias ou hemoglobina por 
unidade de volume sanguíneo, levando à diminuição na capacidade transportadora de O
2 aos tecidos.
A classificação morfológica das anemias pode ser baseada no número, volume e conteúdo 
hemoglobínico dos eritrócitos.
• Classificação em relação ao número:
– Hipercitêmica: número dos eritrócitos maior que o normal. 
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Unidade II
– Normocitêmica: número dos eritrócitos nos limites normais. 
– Hipocitêmica: número dos eritrócitos menor que o normal.
• Classificação em relação ao volume:
– Macrocítica: índice volumétrico e VCM maiores que o normal.
– Normocítica: índice volumétrico e VCM nos limites normais. 
– Microcítica: índice volumétrico e VCM menores que o normal. 
• Classificação em relação ao conteúdo hemoglobínico: 
– Hipercrômica: índice colorimétrico (IC) e HCM > que o normal. 
– Normocrômica: IC e HCM nos limites normais. 
– Hipocrômica: IC e HCM menores que o normal.
Considera-se portador de anemia o indivíduo cuja concentração de hemoglobina é inferior a: 
• 13g/dl no homem adulto. 
• 12g/dl na mulher adulta. 
• 11g/dl na mulher grávida. 
• 11g/dl em crianças de 6 meses a 6 anos. 
• 12g/dl em crianças de 6 a 14 anos.
O quadro clínico de anemia pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: dispneia, palpitações, 
baixa tolerância aos esforços, tontura postural, cefaleia, dificuldades de concentração e aprendizado.
As possíveis causas de anemia podem ser devido à síntese defeituosa de vitamina B12 ou ácido 
fólico comum em anemias megaloblásticas; síntese defeituosa de hemoglobina ou por deficiência de Fe 
presente em anemia ferropriva;em doenças crônicas (ADC); infiltração neoplásica; perdas sanguíneas e 
destruição das hemácias (hemólise).
A classificação funcional das anemias pode ser em relação à deficiência na produção de eritrócitos, 
destruição excessiva de eritrócitos, excesso de perda sanguínea.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Classificação funcional em relação à deficiência na produção de eritrócitos:
• Eritroblastopenia: causada por falha medular (infiltração neoplásica/parasitária, aplasia) ou 
produção de eritropoetina reduzida (doença renal crônica, desnutrição grave).
• Distúrbios de maturação e eritropoiese inefetiva: causados por anomalias de maturação citoplasmática 
(deficiência de ferro e síndromes talassêmicas) ou anormalidade de maturação nuclear (deficiência de 
vitamina B12 e ácido fólico).
Classificação funcional em relação à destruição excessiva de eritrócitos:
• Agressão ao eritrócito: causada por toxinas, parasitas e disfunções imunológicas.
• Defeito do eritrócito: causado por alterações na arquitetura da membrana ou hemoglobina anormal.
Classificação funcional em relação a excesso de perda sanguínea:
• Agudas: causadas por traumas, cirurgias, hemorragias.
• Crônicas: causadas por úlceras, tumores intestinais, parasitas intestinais, menstruação abundante.
Leucograma
Refere-se à contagem do número de leucócitos por milímetro cúbico e sua contagem diferencial, ou 
seja, o percentual de cada célula da série branca.
A contagem de leucócitos é a principal informação da série branca. Entretanto, a sua contagem 
diferencial fornece informações específicas sobre o tipo de leucócitos que está sendo afetado, avaliando 
a capacidade do organismo de combater infecções e também de detectar reações alérgicas, infestações 
parasitárias, leucemias, entre outras patologias.
A contagem de cada célula branca pode aumentar (leucocitose) ou diminuir (leucopenia) na 
presença de doenças. Os valores normais dos leucócitos e suas células diferenciais são ilustrados a seguir, 
lembrando que os valores de referência podem ter pequenas alterações de um laboratório para outro.
Valores normais do leucograma e suas células diferenciais:
Leucócitos 5.000 – 10.000/mm3 
Neutrófilos 1.600 – 7.700/mm3 
Bastões 180 – 300/mm3 
Segmentados 3.250 – 5.000/mm3 
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Unidade II
Eosinófilos 0 – 300/mm3
Basófilos 0 – 200/mm3 
Linfócitos 1.000 – 3.900/mm3 
Monócitos 100 – 1.000/mm3
Alterações na série branca e suas possíveis causas são apresentadas a seguir:
• Neutrofilia (aumento dos neutrófilos): infecções bacterianas, neoplasias, doenças metabólicas, 
hemorragia aguda, inflamação e necrose tecidual.
• Neutropenia (diminuição dos neutrófilos): depressão da medula por infecções virais, anorexia nervosa, 
desnutrição, deficiência de ácido fólico e/ou vitamina B12, lúpus eritematoso, uso de medicamentos, 
tais como antibióticos (cloranfenicol, imipenem, trimetoprima/sulfametoxazol), anticonvulsivantes 
(fenitoína, carbamazepina), psicotrópicos e antidepressivos (imipramina, clozapina).
• Basofilia (aumento dos basófilos): leucemia policitemia severa, colite, nefrose, estado de 
hipersensibilidade crônica.
• Eosinofilia (aumento dos eosinófilos): anemia falciforme, asma, parasitoses, reações de 
hipersensibilidade, doenças autoimunes, doenças inflamatórias crônicas e dermatoses.
• Eosinopenia (diminuição dos eosinófilos): lúpus eritematoso sistêmico, estresse, insuficiência 
cardíaca congestiva, mononucleose infecciosa, acromegalia.
• Linfocitose (aumento dos linfócitos): infecções agudas virais, alguns linfomas, leucemia linfoide 
crônica, leucemia linfoblástica aguda.
• Linfopenia (diminuição dos linfócitos): doença de Hodgkin, febre reumática, sepse, queimaduras, 
radiação, antineoplásicos, adrenocorticoides em altas doses, reações transfusionais.
• Monocitose (aumento dos monócitos): infecções bacterianas, virais, micóticas, cirrose, linfomas, 
leucemia monocítica, doença de Hodgkin, radiação, policitemia severa, lúpus eritematoso sistêmico.
Plaquetograma
Avalia quantitativamente o número de plaquetas e suas alterações quanto ao tamanho. 
Elas têm participação importante no processo de coagulação. Suas funções principais são 
adevisidade e agregação.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
 Observação
A avaliação da morfologia da hemácia no hemograma permite 
determinar o tipo de anemia e sua possível causa.
6.5.1 Cuidados na fase pré-analítica
A fase pré-analítica é responsável por 46 a 68,2% do total de erros ocorridos nos laboratórios clínicos 
com um sistema de controle de qualidade consolidado. Embora o paciente seja instruído sobre o preparo 
para o exame, dados importantes devem ser considerados imediatamente antes da coleta da amostra. 
Além do registro correto do gênero e idade, outras condições clínicas devem ser checadas:
• atividade física: se a pessoa praticou exercícios físicos, deve-se solicitar que ela descanse por 30 
minutos antes da coleta, pois pode aumentar a contagem de células vermelhas e leucócitos;
• jejum: de um modo geral, para a coleta do hemograma não é necessário jejum;
• tabagismo: pode aumentar a concentração do número de hemácias e o volume corpuscular médio 
(alterações laboratoriais ocasionadas pelo tabagismo);
• uso de drogas terapêuticas e álcool: deve ser questionado sobre seu uso, pois medicamentos 
como a penicilina e outros antibióticos, metildopa, carbonato de lítio, alguns anti-inflamatórios e 
glicocorticoides podem induzir a formação de anticorpos que agirão contra as hemácias. O álcool 
tem um efeito tóxico sobre a hematopoiese.
Outro fator importante é a condição cronobiológica no momento da coleta. Trata-se de alterações 
cíclicas na concentração de um determinado parâmetro conforme o tempo, por exemplo, a variação 
diária dos eosinófilos e basófilos decorrentes do ciclo circadiano do cortisol.
6.5.2 Cuidados durante a coleta
De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (2014), os seguintes passos devem ser 
seguidos para a coleta da amostra de sangue venoso para o hemograma:
• conferir a identificação do paciente e o material a ser coletado;
• higienizar as mãos em lavatório com água e sabão ou por meio de fricção com soluções 
alcoólicas a 70%, pois possuem maior eficácia germicida in vitro; posteriormente, calçar luvas 
de procedimento;
• posicionar corretamente o braço do paciente, inclinando-o para baixo, na altura do ombro;
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Unidade II
• se o torniquete for usado para seleção preliminar da veia, pedir para que o paciente abra e feche 
a mão. Afrouxar o torniquete e esperar cerca de 2 minutos para usá-lo novamente;
• fazer a antissepsia do local da punção com álcool etílico a 70% (em gaze ou algodão), em 
movimento circular do centro para a periferia;
• garrotear o braço do paciente por não mais de 1 minuto (idealmente até 30 segundos). Isso evita 
hemoconcentração e falsos resultados nos parâmetros hematológicos;
• fazer a punção (agulha com ângulo de 30º) com o bisel voltado para cima. Se necessário, para 
melhor visualizar a veia, esticar a pele com a outra mão, sem tocar o local onde foi feita a 
antissepsia;
• caso haja outros exames além do hemograma, inserir tubo a tubo na sequência recomendada pelo 
Clinical and Laboratory Standards Institute;
• retirar o garrote do braço do paciente;• para auxiliar a oclusão do local da venopunção, usar curativos ou adesivos hipoalergênicos.
Assim como o garroteamento prolongado não é recomendado, devem-se evitar também massagem 
no local da coleta e tapinhas, pois podem ocasionar redução da contagem de células de até 5%.
A amostra ideal é aquela coletada com anticoagulante EDTA (tubo de tampa roxa), pois inibe a agregação 
plaquetária e mantém a morfologia e integridade das células sanguíneas. Após a coleta, a amostra deve ser 
homogeneizada 8 a 10 vezes, por inversão. O volume de sangue coletado precisa estar em conformidade 
com o tamanho do tubo utilizado (conferir no rótulo do tubo), sem coágulo e hemólise, e ser entregue no 
setor analítico em até 4 horas após a coleta. Em coletas com pequeno volume de sangue, a quantidade de 
EDTA fica excessiva, tornando o meio hipertônico, podendo reduzir o tamanho dos eritrócitos, diminuir o 
VCM, aumentar a CHCM, bem como desintegrar leucócitos e plaquetas.
6.5.3 Fase pós-analítica 
A fase pós-analítica refere-se à interpretação do hemograma. Seguem apresentados os resultados 
com as possíveis causas e situações clínicas associadas.
Série vermelha
A anemia é definida como uma redução nos níveis de hemoglobina no sangue. Entretanto, definir 
os níveis normais de hemoglobina não é tão simples, uma vez que cada pessoa possui concentrações 
adequadas para sua massa muscular ou tecido metabolicamente ativo. A OMS, baseando-se em um 
estudo de âmbito mundial, estabeleceu parâmetros ou valores de referência para hemoglobina a fim de 
orientar a prática clínica, sendo eles: Hb > 13 g/dL para homens, Hb > 12 g/dL para mulheres e Hb >11 
g/dL para grávidas e crianças de 6 meses a 6 anos. É considerada anemia grave quando a Hb ≤ 8 g/dL.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Série branca
A leucocitose é uma reação a várias infecções, processos inflamatórios e, em certas circunstâncias, a 
processos fisiológicos, estresse extremo, por exemplo. A leucopenia está associada a uma ampla variedade 
de infecções virais e bacterianas, quando causada por uma doença viral. Entretanto, é fundamental 
o entendimento das alterações das células diferenciais da série branca. Descreveremos as alterações 
dessas células e a associação com algumas das possíveis causas.
Plaquetas
Os distúrbios plaquetários podem causar formação defeituosa de tampões hemostáticos e 
sangramento devido à diminuição do número de plaquetas (trombocitopenia), da função plaquetária, 
apesar do número adequado de plaquetas (disfunção plaquetária), e trombocitose (aumento do número 
de plaquetas).
A trombocitose pode ocorrer por causa de um processo primário, que é a chamada trombocitemia 
essencial e talvez seja um processo reativo a outras patologias. A trombocitose secundária é muito 
mais frequente que a trombocitemia essencial. Ela acontece principalmente devido ao aumento de 
trombopoietina, IL-6 e catecolaminas em doenças inflamatórias, neoplásicas e infecciosas.
A trombocitopenia pode ocorrer por: hipoproliferação na medula óssea (quimioterapia, insuficiência 
hepática, doença metastática); destruição (hiperesplenia, anemia microangiopática, anticorpos 
induzidos por medicamentos); consumo (sangramento agudo, febre e sepse); diluição (transfusão 
massiva, sobrecarga hídrica).
 Observação
É importante que você saiba que os riscos envolvendo sangue ou 
outros líquidos orgânicos potencialmente contaminados correspondem às 
exposições ocupacionais mais comumente relatadas. Por isso, fique atento 
e siga as rígidas recomendações de precaução padrão.
7 EXAMES BIOQUÍMICOS
7.1 Considerações gerais
A água é o maior componente do organismo humano e tem papel fundamental no desempenho 
do metabolismo em geral. A proporção de água na constituição dos diferentes órgãos e tecidos varia 
amplamente, desde 3% no esmalte dentário até mais de 73% nos músculos estriados e tecido nervoso 
central. A água corresponde, em média, a 60% do peso corporal no homem adulto normal com idade 
entre 18 e 40 anos e varia de acordo com sexo, idade e biótipo; proporcionalmente, sua quantidade é 
maior na criança, sobretudo até 12 meses de idade, e menor no idoso. Em princípio, a água corporal 
varia em relação inversa à quantidade de gordura.
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Unidade II
A água total do organismo distribui-se em dois grandes compartimentos:
• líquido intracelular: corresponde aproximadamente a 40% do peso corporal de um adulto;
• líquido extracelular: equivale a 20% do peso corporal e compreende dois subcompartimentos – o 
intravascular (5% do peso corporal) e o intersticial (15% do peso corporal).
Existem inúmeras substâncias envolvidas na água, entre elas os eletrólitos, que, além de suas ações 
específicas, exercem pressão osmótica. O sódio é o íon mais importante do espaço extracelular, e a 
manutenção do volume do líquido extracelular depende do balanço de sódio.
A tabela a seguir ilustra a distribuição dos principais íons do organismo, bem como a sua distribuição 
nos compartimentos intra e extracelular.
Tabela 3 – Distribuição dos eletrólitos nos compartimentos aquosos do organismo (mEq/l)
Eletrólito Intravascular Intersticial Intracelular
Sódio (Na+) 143 147 14
Potássio (K+) 5 4 140
Cálcio (Ca+) 5 2 5
Magnésio (Mg++) 2 2 25
Adaptado de: Ceneviva e Vicente (2008, p. 288).
Por ser o eletrólito mais abundante no meio extracelular, existe uma estreita relação entre a água 
e o sódio, de tal modo que os distúrbios desses dois elementos, como a desidratação, não deve ser 
tratada de maneira independente. É possível que ocorra a desidratação por sequestro interno de líquido. 
Na vigência de lesões como queimaduras, traumas, processos inflamatórios e infecciosos, o líquido 
extracelular é sequestrado, formando um novo espaço de líquido anormal, o que não mantém qualquer 
relação com o balanço hidroeletrolítico na manutenção da homeostase corporal.
Por outro lado, a intoxicação hídrica é causada por excessiva ingestão de água na presença de baixa 
diurese, levando à sobrecarga de água corporal total e consequente diminuição da osmolaridade.
Tendo em vista a importância dos eletrólitos na homeostase, abordaremos cuidados sobre a coleta e 
a interpretação clínica dos resultados.
7.2 Sódio (Na)
O sódio é o íon extracelular mais abundante na corrente sanguínea (Na = 135 a 145 mEq/L), tendo 
um papel fundamental de equilíbrio hídrico do organismo. Uma série de fatores está relacionada ao 
distúrbio do Na e será apresentada a seguir.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• Hiponatremia: é definida como a diminuição da concentração sérica do íon sódio. É um distúrbio 
hidroeletrolítico, que requer internação e está associado ao aumento da mortalidade. A velocidade 
de instalação determina a gravidade, sendo que em casos crônicos há uma adaptação cerebral 
e menor lesão tecidual. São considerados emergências os casos de instalação aguda (< 48 h) e 
graves (< 125 mEq/L). A hiponatremia pode se apresentar de três formas:
– pseudo-hiponatremia: a osmolaridade sérica é normal ou elevada. Essas situações não 
representam distúrbios no metabolismo da água e não necessitam de medidas direcionadas 
para correção do sódio sérico;
– hiponatremia hipertônica: ocorre hiperosmolalidade no plasma (> 295 mOsm/kg H2O) na 
presença de solutos osmoticamente ativos, como manitol, sorbitol, contraste e glicose com 
consequente translocação de água do espaço intra para o extracelular com perda de sódio pela 
diurese osmótica. Acontecena cetoacidose diabética, por exemplo;
– hiponatremia hipotônica: ocorre hiposmolalidade (< 280 mOsm/kg H2O), sendo necessária a 
avaliação da volemia.
Hiponatremias agudas e graves costumam ser sintomáticas, podendo levar a crises convulsivas 
(edema cerebral). O clínico deve procurar remover a causa: reverter a hipovolemia, suspender o 
medicamento suspeito, interromper ingestão excessiva de água, repor um hormônio que esteja deficitário 
(hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal) e adequar o tratamento da doença de base (insuficiência 
cardíaca, cirrose).
• Hipernatremia: é a concentração sérica de sódio > 150 mmol/L. Desenvolve-se a partir de um ganho 
de sódio ou pela perda de água livre (desidratação) ou pela combinação desses fatores. Está sempre 
associada à hiperosmolalidade plasmática. O aumento da concentração de sódio sérico leva a um 
desvio da água do intra para o extracelular, situação grave quando se considera o sistema nervoso 
central, no qual a hipotonicidade nos capilares sanguíneos (barreira hematoencefálica) leva a um 
desvio de água do líquor, interstício e neurônios com consequente desidratação neuronal.
7.2.1 Cuidados na fase pré-analítica
Os seguintes cuidados devem ser tomados:
• certificar-se que o paciente está em jejum de 4 horas para a coleta de sódio;
• utilizar tubo com tampa amarela, contendo gel separador;
• não coletar após exercícios intensos;
• não coletar do membro que o paciente estiver recebendo soroterapia.
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Unidade II
7.2.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)
O valor normal para o sódio sérico é de 135 a 145 mEq/L. Diversas causas podem levar à hiponatremia 
(Na < 130 mEq/L). A ingestão insuficiente (dieta hipossódica recomendada para nefropatas) ou por 
perdas renais e extrarrenais exageradas, como poliúria, diarreia crônica e aspiração gastrintestinal, 
as nefropatias perdedoras de Na+, frequentemente associadas a drogas e infecção, o uso abusivo de 
diuréticos e a insuficiência adrenal são situações que acarretam perda importante de Na+, condicionando 
a hiponatremia.
A hipernatremia pode ser decorrente de perda de água proporcionalmente maior que a de Na+ 
(diabetes insipidus, diabetes mellitus, febre, insolação, hiperventilação), reposição insuficiente de perdas 
hídricas (redução da ingestão hídrica por náuseas, vômitos ou incapacidade física), administração 
excessiva de solutos em pacientes renais (sal na alimentação por sonda, diuréticos osmóticos, diálise 
peritoneal), excesso de esteroides. Considera-se hipernatremia grave quando o Na+ alcança 160 mEq/L.
7.3 Potássio (K+)
O potássio é o principal cátion do compartimento intracelular. No compartimento extracelular sua 
concentração é baixa, variando normalmente entre 3,5 a 4,5 mEq/l.
Devido à grande diferença entre as concentrações intra e extracelular de potássio, os fatores que 
controlam sua distribuição transcelular são críticos para a manutenção de níveis séricos normais. Os 
principais fatores são:
• acidose: provoca a saída de potássio do meio intra para o extracelular, aumentando sua 
concentração sérica;
• insulina: exerce um papel importante na manutenção da distribuição sérica normal do potássio. 
Indivíduos diabéticos possuem menor tolerância à infusão de potássio, por apresentarem 
mecanismos de defesa debilitados. A insulina exerce seu efeito protetor na hiperpotassemia 
através do aumento da captação de potássio pelas células hepáticas e musculares;
• aldosterona: o principal efeito da aldosterona ocorre através da modificação da excreção renal de 
potássio. Sua ação ocorre no duto coletor, abrindo canais de Na+, o que eleva a reabsorção desse 
cátion, com consequente secreção de K+.
7.3.1 Cuidados na fase pré‑analítica
Os cuidados antes e durante a coleta de amostra para dosagem de potássio sérico são os mesmos 
recomendados para a coleta de sódio sérico:
• certificar-se que o paciente está em jejum de 4 horas para a coleta de sódio;
• utilizar tubo com tampa amarela, contendo gel separador;
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• não coletar após exercícios intensos;
• não coletar do membro que o paciente estiver recebendo soroterapia.
7.3.2 Fase pós-analítica (interpretação dos resultados)
O valor de referência do potássio sérico é de 3,5 a 4,5 mEq/L, podendo haver pequenas diferenças 
entre laboratórios. As seguintes alterações podem ser encontradas:
• hiperpotassemia ou hipercalemia: concentração plasmática do íon potássio acima de 5,0 mEq/1. 
Deve-se excluir a pseudo-hiperpotassemia, que ocorre na leucocitose (> 105/ml), plaquetose e 
hemólise. O aumento do potássio pode manifestar-se desde a ausência de qualquer sintoma até 
parada cardíaca. As células excitáveis são as mais sensíveis aos altos valores de potássio, entre elas 
estão as células miocárdicas e as neuromusculares;
• hipopotassemia ou hipocalemia: quando a concentração do potássio no soro é inferior a 3,5 mEq/l. 
Embora possa ser assintomática, talvez ocorram sinais sutis de fraqueza muscular até quadros 
mais graves, como paralisia da musculatura esquelética. É um distúrbio eletrolítico comum em 
pacientes pós-ressuscitação cardiopulmonar por fibrilação ventricular.
7.4 Cálcio (Ca+)
O cálcio encontra-se em maior concentração nos ossos e em menor concentração no plasma e no 
meio extracelular. Sua importância no organismo se resume em manter a integridade da membrana 
celular, condução de estímulos cardíacos, coagulação sanguínea e formação óssea. É considerado um 
dos cinco elementos mais comuns dentro do corpo humano, apresentando-se no plasma sob três 
formas físico-químicas: cerca de 50% na forma ionizada ou livre, 40% ligado às proteínas (albumina e 
globulinas) e 10% formando complexos com íons difusíveis como lactato, fosfato, citrato e bicarbonato.
A forma biologicamente ativa é o cálcio livre ou ionizado. A manutenção dos níveis séricos de cálcio 
ionizado tem importante papel no tratamento de pacientes em estado crítico. Há várias situações nas 
quais o quadro clínico requer que a dosagem de cálcio ionizado seja maior do que a calcemia total. 
Dentre elas, citam-se: transplantes hepáticos, transfusões sanguíneas e durante o ato cirúrgico em 
tireoidectomias para avaliação das hipocalcemias.
7.4.1 Cuidados na fase pré‑analítica
Os seguintes cuidados são recomendáveis para a coleta do cálcio:
• jejum por pelo menos 4 horas, pois após a ingestão de alimentos há uma redução de 5% do cálcio 
ionizado por aumento do pH e da concentração proteica;
• utilizar tubo com tampa amarela, contendo gel separador;
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Unidade II
• o paciente deve estar relaxado e com frequência respiratória normalizada por, pelo menos, 10 minutos;
• manter a estabilidade postural por, pelo menos, 5 minutos antes da coleta, sentado ou em pé;
• em pacientes recebendo nitroprussiato de sódio, deve-se considerar que essa droga origina 
tiocianato e cianeto, que se combinam ao cálcio, gerando valores mais baixos.
7.4.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)
O valor de referência do cálcio iônico é de 1,17 a 1,32 mg/dL, já o cálcio total varia de 8,5 a 10,5 mg/
dL, podendo ocorrer pequenas variações desses valores entre laboratórios.
Os distúrbios do cálcio encontrados são:
• hipercalcemia: a necessidade de tratamento em urgência ocorre quando o nível de cálcio 
total está acima de 14 mg/dL. As repercussões gastrintestinais mais frequentes são dispepsia, 
constipação, anorexia, náusea e vômito, sendorara a ocorrência de pancreatite. Os sintomas 
urinários são poliúria, polidipsia e litíase renal. As manifestações neurológicas podem variar entre 
dificuldade para concentração, sonolência, confusão mental e, finalmente, coma. As manifestações 
cardiovasculares mais frequentes são hipertensão arterial, bradicardia e bloqueio atrioventricular 
de primeiro grau;
• hipocalcemia: a redução dos níveis séricos de cálcio iônico aumenta a permeabilidade de 
membrana ao sódio e amplia a excitabilidade neuromuscular. Os achados clínicos dependem da 
rapidez da instalação do déficit e correlacionam-se com a hipomagnesemia, mas geralmente 
não aparecem até um cálcio total de 7,0 a 7,5 mg/dL. As manifestações mais frequentes são: 
parestesia periférica e perioral, cãibras, podendo ocorrer nos casos mais graves laringoespasmo, 
broncoespasmo, convulsão e óbito.
7.5 Magnésio (Mg++)
O magnésio é o segundo cátion mais prevalente no meio intracelular. É essencial para a função 
enzimática, metabolismo energético celular, estabilização de membranas, condução nervosa, transporte 
iônico e atividade dos canais de cálcio. O rim é o principal órgão envolvido na homeostase do magnésio 
corporal total, pois 95% do magnésio filtrado são reabsorvidos pelo néfron e o rim pode diminuir 
até 0,5% sua excreção devido a diminuição da ingestão, aumentos de perdas intestinais ou com a 
redistribuição do espaço extra para o intracelular.
Os níveis de magnésio sérico estão entre 1,5 a 2,5 mEq/L, sendo sua regulação influenciada por 
fatores hormonais e não hormonais como paratormônio, calcitonina, glucagon, vasopressina, restrição 
de magnésio, distúrbios acidobásicos e depleção de potássio.
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
7.5.1 Cuidados na fase pré‑analítica
Os seguintes cuidados são recomendados para a coleta do magnésio:
• jejum por pelo menos 4 horas;
• utilizar tubo com tampa amarela contendo gel separador;
• não ter praticado exercícios vigorosos antes da coleta.
7.5.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)
Os distúrbios a seguir, relacionados ao nível sérico do magnésio, podem ser identificados:
• hipermagnesemia: pacientes com níveis séricos de magnésio aumentado podem exibir sinais 
e sintomas, incluindo náuseas, vômitos, reflexos tendinosos profundos abolidos, hipotensão, 
bradicardia e alterações do ECG (aumento do intervalo PR, QRS alargado);
• hipomagnesemia: as causas clínicas estão associadas a perdas gastrintestinais ou renais. Os sinais 
e sintomas mais comuns são hiperirritabilidade do sistema nervoso central e neuromuscular como 
flapping (tremores amplos), balismos, nistagmo, sinal de Babinski, delírios, apneia, taquicardia, 
arritmias ventriculares, hipertensão e distúrbios vasomotores.
8 EXAMES MICROBIOLÓGICOS
8.1 Considerações gerais sobre os exames microbiológicos
Os microrganismos que causam doenças infecciosas são definidos como patógenos, pois se 
multiplicam e causam lesão tecidual. Os processos infecciosos demonstram respostas fisiológicas à 
invasão de multiplicação do microrganismo agressor. Todos os microrganismos isolados em cultura de 
um local do corpo devem ser considerados potenciais patógenos.
Dentro desse contexto, os exames microbiológicos têm como função identificar o foco e o agente 
agressor. Para que isso ocorra, é fundamental que a amostra do material biológico seja coletada e 
transportada adequadamente; caso contrário, podem ocasionar falhas no isolamento do agente 
etiológico e favorecer o desenvolvimento da flora contaminante, induzindo a um tratamento não 
apropriado. Portanto, procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento 
de um falso agente etiológico, resultando em uma orientação terapêutica inadequada. Enfim, o material 
coletado deve ser representativo do processo infeccioso investigado, precisando ser eleito o melhor sítio 
da lesão, evitando contaminação com as áreas adjacentes.
Para que a coleta do material seja adequada, devemos considerar alguns preceitos:
• conhecer o processo infeccioso ajuda a determinar o período ideal da coleta da amostra;
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• colher antes de iniciar a antibioticoterapia, sempre que possível;
• quantidade suficiente de material deve ser coletada para permitir uma completa análise 
microbiológica;
• os swabs, quando utilizados, necessitarão ser confeccionados com algodão alginatado e 
encaminhados ao laboratório em meio de transporte ou em solução salina, mas nunca secos;
• existem microrganismos que exigem cultivos especiais, sendo fundamental informar ao laboratório 
a suspeita do agente. Por exemplo, Campylobacter spp., entre outros;
• a origem da amostra/sítio deve ser informada para que os meios de cultura sejam 
adequadamente selecionados;
• o frasco precisa ser encaminhado ao laboratório com a correta identificação: nome completo e 
registro do paciente, leito ou ambulatório de especialidade, material colhido, data, hora e quem 
realizou a coleta.
Devemos sempre lembrar que os microrganismos são seres vivos, portanto multiplicam-se e/ou 
morrem com facilidade. Se isso ocorrer durante a coleta, o transporte ou a estocagem, a amostra enviada 
ao laboratório não será representativa do processo infeccioso.
8.2 Hemocultura
As infecções da corrente sanguínea estão entre as mais frequentes no ambiente hospitalar. O 
aumento na prevalência de bacteremias (presença de bactérias viáveis na corrente sanguínea) tem sido 
determinado por fatores como o aumento de pacientes com risco de infecções, o surgimento de novos 
patógenos na corrente sanguínea, a difusão de procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos e o 
uso de cateteres intravasculares. A hemocultura é o exame de escolha na suspeita clínica de bacteremia, 
que algumas vezes ocorre por um único microrganismo, mas outras vezes a etiologia é polimicrobiana.
As bacteremias classificam-se em quatro tipos:
• transitória: é rápida e a mais comum, com duração que pode variar de alguns minutos a poucas 
horas. Ocorre após a manipulação de algum tecido infectado, como em casos de abscessos, 
furúnculos e celulites, durante algum procedimento cirúrgico envolvendo tecidos contaminados 
ou colonizados, por exemplo, em procedimentos dentários, cistoscopia, cateterização ou dilatação 
uretral, abortamento ou endoscopias digestivas;
• intermitente: é a que se manifesta em intervalos de tempo variáveis, tendo como agente o mesmo 
microrganismo e frequentemente se manifestando com febre de origem indeterminada. Em geral, 
ocorre em processos infecciosos como pneumonias, abscessos intracavitários, como os pélvicos, 
perinefréticos, hepáticos, prostáticos e outros;
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• contínua: é característica das endocardites infecciosas agudas e subagudas, além de outras 
infecções endovasculares;
• de escape (breakthrough): é a que ocorre mesmo enquanto o paciente ainda está recebendo 
antibioticoterapia sistêmica apropriada. Quando surge no início da terapêutica, geralmente se deve 
a concentrações insuficientes do antimicrobiano na corrente sanguínea. É comum haver escape 
nos primeiros dias de tratamento; já os episódios que acontecem tardiamente se dão, em geral, 
por drenagem inadequada do foco infeccioso, acesso inadequado da droga ou comprometimento 
do sistema imunológico do paciente.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, acesse o link:
CARRARA, D. Boas práticas para a assistência ao paciente portador 
de agentes multirresistentes:medidas de prevenção e controle. Conselho 
Regional de Enfermagem de São Paulo, 2010. Disponível em: <http://portal.
coren-sp.gov.br/sites/default/files/agentes-multiresistentes.pdf>. Acesso 
em: 28 jun. 2018.
8.2.1 Cuidados na fase pré‑analítica
Atualmente, a recomendação do Clinical and Laboratory Institute (SOCIEDADE BRASILEIRA 
DE PATOLOGIA CLÍNICA, 2014) é obter as amostras sem intervalo, ou seja, simultaneamente. Dados 
experimentais mostram que as bactérias caem na corrente sanguínea em torno de 1 hora antes do início 
da febre.
Em relação ao número de frascos, dados mostram que um frasco detecta 65 a 91% dos casos; 
dois frascos, 80 a 99%; e três frascos, 93% ou mais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA, 
2014). O Clinical and Laboratory Institute recomenda dois a três pares de frascos anaeróbico/aeróbico 
de hemocultura (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA, 2014).
O método de antissepsia da pele e o volume de sangue coletado influenciam na identificação do 
agente infeccioso. Sobre o volume, recomenda-se que 20 a 30 ml de sangue sejam coletados no adulto; 
em crianças, recomenda-se a coleta de 1 a 5 ml ou até 1% de sua volemia. Sobre o método de assepsia 
e outros cuidados, são descritos a seguir:
• lavar e secar as mãos, utilizar luvas, materiais estéreis e descartáveis;
• preparar o frasco para a inoculação de sangue, identificando com os dados do paciente, data, hora 
e quem o coletou;
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Unidade II
• remover a tampa protetora e fazer a limpeza da tampa de borracha com álcool a 70%;
• escolher e preparar o local da punção (acesso venoso);
• com algodão embebido em álcool a 70%, fazer limpeza da pele com movimentos centrífugos a 
partir do local onde será feita a punção. Com algodão embebido em clorexidina alcoólica, repetir 
os movimentos anteriores, aguardando 1 minuto para o local secar;
• garrotear o braço e realizar a punção, sem tocar novamente o local;
• inocular o sangue no frasco de hemocultura, sem troca da agulha. A substituição não diminui a 
chance de contaminação da amostra e aumenta o risco de acidente;
• nas demais coletas, repetir o mesmo procedimento.
A coleta de sangue arterial não está associada a um aumento da sensibilidade do exame. Também 
não é recomendada a coleta de amostra direto do cateter central. Estão disponíveis no mercado vários 
tipos de frasco para hemocultura. Existem aqueles para bactérias aeróbicas, anaeróbicas, fungos, 
micobactérias e até com resinas aniônicas e catiônicas para adsorção de antibióticos.
8.2.2 Fase pós‑analítica (interpretação da hemocultura)
Por muitos anos, tem sido consenso entre clínicos e microbiologistas que a hemocultura é um dos 
testes laboratoriais mais importantes para o diagnóstico de infecções graves.
Na maioria das vezes, o paciente com hemocultura positiva apresenta sinais e sintomas característicos 
de infecção, febre, calafrios, alterações do nível de consciência e, nas suas formas mais graves, alterações 
bioquímicas (lactato, gases arteriais, fatores de coagulação). Entretanto, quando uma hemocultura é 
inesperadamente positiva (na ausência de sinais ou sintomas) ou quando somente uma dentre várias 
amostras é positiva para um determinado microrganismo, ele pode eventualmente ser considerado um 
contaminante (hemocultura: recomendações de coleta, processamento e interpretação dos resultados).
Alguns microrganismos têm alto valor preditivo positivo para bacteremia verdadeira (> 90%), 
mesmo quando isolados em somente uma amostra, por exemplo: Staphylococcus aureus, Escherichia 
coli e outras Enterobacteriaceae, Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas 
aeruginosa, Brucella spp., Streptococcus pyogenes, Streptococcus agalactiae, Listeria monocytogenes, 
Neisseria meningitidis, Neisseria gonorrhoeae e Haemophilus influenza e.
8.3 Urocultura
Infecção do trato urinário (ITU) representa um sítio frequente de infecção tanto em pacientes da 
comunidade como naqueles internados em unidades hospitalares, significando uma das principais 
causas de infecção hospitalar, cerca de 40% do total de infecções nosocomiais. Mulheres adultas têm 50 
vezes mais chances de adquirir ITU do que os homens, e 30% das mulheres apresentam ITU sintomática 
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ao longo da vida. Como a principal rota de contaminação do trato urinário é por via ascendente, atribui-
se esse fato à menor extensão anatômica da uretra feminina e à maior proximidade entre a vagina e o 
ânus, característica da genitália feminina.
A ITU pode ser classificada da seguinte forma:
• bacteriúria assintomática: infecção com ausência de sintomas;
• ITU baixa (cistite): apresenta-se, habitualmente, com disúria, urgência miccional, polaciúria, 
nictúria e dor suprapúbica;
• ITU alta (pielonefrite): inicia-se, habitualmente, com quadro de cistite, sendo frequentemente 
acompanhada de febre elevada, geralmente superior a 38 °C, associada a calafrios e dor lombar 
uni ou bilateral.
8.3.1 Cuidados na fase pré‑analítica
A coleta da amostra de urina para cultura pode ser realizada pela coleta espontânea do jato médio 
ou pelo cateterismo uretral. Seus tipos são:
• coleta espontânea: ideal que seja coletada a primeira urina da manhã, ou aguardar 3 a 4 horas 
após a última micção. Não estimular a ingestão hídrica, pois isto dilui a urina. Fazer antissepsia 
da genitália (conforme explicado no exame de urina de rotina). A mulher deve afastar os grandes 
lábios e o homem, retrair o prepúcio. Coletar o jato médio de urina em frasco estéril, no mínimo 
10 ml, e enviar ao laboratório;
• cateterismo uretral: na suspeita de falta de habilidade do paciente ou dificuldade para obter o 
material adequado, a amostra pode ser coletada por cateterismo uretral. Ele deve ser realizado 
de forma asséptica, por profissional preparado, sendo que o primeiro jato de urina após a 
cateterização deve ser desprezado para minimizar a contaminação da amostra. Para a coleta em 
pacientes portadores de cateter vesical de demora, antes de realizar a coleta, ele deve ser fechado 
por 1 a 2 horas. Após esse período, fazer a desinfecção do dispositivo do cateter com álcool a 70% 
e coletar a amostra de urina com seringa e agulha estéril (nunca colete da bolsa coletora).
8.3.2 Fase pós‑analítica (interpretação da urocultura)
A história clínica, o exame físico e as queixas do paciente, como aspecto da urina, polaciúria, nictúria, 
urgência miccional e dor lombar, são de grande valia para o diagnóstico de ITU.
No ambiente hospitalar, o diagnóstico de ITU é complicado por diversos fatores. A presença de 
cateter urinário dificulta ou impede a verificação dos sinais e sintomas associados à ITU. A sensação de 
disúria, urgência miccional ou desconforto suprapúbico pode estar relacionada à presença do cateter 
urinário, independentemente da existência de ITU.
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Unidade II
O diagnóstico de ITU é confirmado pela presença de bactéria na urina, tendo como limite mínimo 
definido a existência de 100 mil unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/
ml), colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, 
infecção crônica, uso de antimicrobianos), pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima 
10.000 ufc/ ml. Para pacientes cateterizados e mediante realização de assepsia rigorosa, contagens 
superiores a 100 ufc/ml podem ser consideradas significativas. O antibiograma direciona a terapêuticaantimicrobiana, para que ela não ocorra de maneira empírica.
Em casos de suspeita de pielonefrite, pode ser necessário avaliar o trato urinário superior, através de 
exames de imagem, para afastar obstrução urinária ou doença litiásica.
8.4 Líquor
Desde que foi descrita pela primeira vez, em 1891, por Quincke, a punção lombar é o método mais utilizado 
para coletar amostras de líquido cefalorraquiano (LCR). A punção lombar é uma importante ferramenta de auxílio 
diagnóstico de doenças neurológicas, utilizada tanto para diagnóstico quanto para terapias. Muitas doenças 
neurológicas estão associadas a alterações na dinâmica e/ou na composição do LCR, e os médicos dependem 
desses dados para diagnóstico e acompanhamento de seus pacientes. Seus riscos, embora raros, podem ser 
substanciais e potencialmente fatais. Podem ser minimizados por meio de uma compreensão adequada das 
indicações, contraindicações e técnicas do procedimento. As principais indicações diagnósticas são as doenças 
infecciosas, inflamatórias, vasculares, metabólicas e neoplásicas que acometem o sistema nervoso central.
O LCR é um fluido aquoso que circula pelo espaço intracraniano, preenchendo o sistema ventricular, 
o canal central da medula e os espaços subaracnóideo craniano e raquiano, representando a maior parte 
do fluido extracelular do sistema nervoso central. Esse líquido apresenta diversas funções, entre elas, o 
fornecimento de nutrientes essenciais ao cérebro, a remoção de produtos da atividade neuronal do SNC 
e a proteção mecânica das células cerebrais.
A pressão normal de abertura do LCR varia de 10 a 100 mmH2O em crianças jovens, de 60 a 200 
mmH2O após os 8 anos de idade e fica acima de 250 mmH2O em pacientes obesos. Valores abaixo de 
60 e acima de 250 mmH2O definem hipotensão e hipertensão intracraniana, respectivamente (COMAR, 
2009, p. 94).
8.4.1 Cuidados na fase pré‑analítica
O Departamento Científico de LCR da Academia Brasileira de Neurologia recomenda, desde 2002, 
a adoção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), como procedimento prévio à punção 
lombar, tendo como finalidade o adequado esclarecimento quanto aos riscos do método e às medidas 
de prevenção das complicações do procedimento (PUCCIONI-SOHLER et al., 2002).
A punção lombar é a mais utilizada, seguida pela punção suboccipital e a via ventricular. Quanto ao 
posicionamento, os pacientes podem ser colocados em decúbito lateral com pescoço e joelhos fletidos, 
ou sentados com pescoço e costas em anteroflexão. Caso haja a necessidade de aferir a pressão liquórica 
de abertura (inicial), a posição lateral é a de escolha.
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A punção lombar é um procedimento médico e sua realização deve seguir a técnica asséptica. Ao 
ser identificado o local para punção, realiza-se assepsia da pele com técnica padrão. Anestesia local 
pode ser realizada com cloridrato de lidocaína 0,5% sem vasoconstritor, por aplicação inicialmente 
subcutânea até camadas mais profundas. Agulhas 22G são melhores para a aferição da pressão de 
abertura (inicial), mas agulhas de menor calibre (23-25G) reconhecidamente minimizam a ocorrência 
de cefaleia pós-punção.
A amostra deve ser colocada em três tubos, sendo que o primeiro é destinado à análise bioquímica 
e sorológica do material, o segundo é destinado a exames microbiológicos e o terceiro objetiva-se a 
contagens de células, em virtude da menor probabilidade de conter material, particularmente células 
sanguíneas, introduzidas de modo acidental.
A amostra coletada deve chegar ao laboratório o mais rápido possível, no máximo em 2 horas, 
pois, após esse tempo, pode ocorrer degradação e/ou alterações morfológicas de hemácias, leucócitos e 
outros tipos celulares, diminuição da glicose e aumento de concentração das proteínas e de bactérias.
8.4.2 Fase pós‑analítica (interpretação clínica)
Uma variedade de células pode ser encontrada, indicando uma série de patologias do sistema nervoso 
central. Entretanto, será descrito somente o predomínio celular indicativo de processos infecciosos.
• Linfócitos: meningite viral, tuberculosa, fúngica e bacteriana e esclerose múltipla.
• Neutrófilos: meningite bacteriana, fase inicial da meningite viral, tuberculosa e fúngica. 
Hemorragia subaracnóidea, injeções intratecais, tumores meningeais. Reação celular mista 
(linfócitos, monócitos e neutrófilos), meningite bacteriana, parcialmente tratada, abcesso cerebral, 
meningite tuberculosa, fúngica e amebiana.
• Eosinófilos: infecções parasitárias, reações alérgicas e derivação ventricular.
• Macrófagos: meningite crônica, meningite bacteriana tratada, injeções intratecais e 
hemorragia subaracnóidea.
8.5 Escarro
Graças ao crescimento da incidência e à grande mortalidade por tuberculose em vários países, com 
indícios desse aumento também no Brasil, torna-se necessário maior esforço no sentido de implementar 
todas as ações de controle da doença. A principal medida de controle da tuberculose continua sendo a 
busca de casos bacilíferos, seguida de seu tratamento correto, esperando-se, assim, reduzir a transmissão 
(NOGUEIRA; ABRAHÃO; MALUCELLI, 2000, p. 264).
Apesar de o Brasil ser ainda um dos 22 países responsáveis por 90% dos casos de tuberculose 
do mundo, até o ano de 2007, ocorreu em nosso país uma queda de 26% na incidência e de 32% 
na mortalidade.
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Unidade II
As principais estratégias para a busca de casos de tuberculose são a busca passiva e a ativa. 
O exame de escarro para pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (Baar), ou Mycobacterium 
tuberculosis, é indicado para todos os indivíduos que apresentem tosse, com ou sem expectoração, 
por mais de duas semanas, associado à febre vespertina, sudorese noturna, hemoptise e radiografia 
sugestiva de tuberculose.
8.5.1 Cuidados na fase pré‑analítica
Se possível, o paciente deve participar ativamente da coleta de material (escarro). A melhor coleta é 
feita sob a supervisão direta da equipe de enfermagem. Seguem algumas dicas:
• orientar o paciente da importância da coleta do escarro, e não da saliva. As amostras de saliva são 
impróprias para análise bacteriológica, pois não representam o processo infeccioso;
• colher somente uma amostra por dia, se possível o primeiro escarro da manhã, antes da ingestão 
de alimentos;
• aconselhar o paciente a escovar os dentes somente com água (não utilizar pasta dental) e enxaguar 
a boca várias vezes, inclusive com gargarejos;
• respirar fundo várias vezes e tossir profundamente, recolhendo a amostra em um frasco de boca 
larga. Se o material obtido for escasso, coletar a amostra depois de nebulização;
• na suspeita de infecção por micobactérias ou fungos, coletar pelo menos três amostras, em dias 
consecutivos (somente uma por dia);
• em caso de pacientes com dificuldades para escarrar, essa amostra poderá ser induzida por 
nebulizador ultrassônico ou ser realizada coleta por aspiração transtraqueal;
• a amostra deve ser coletada em frasco estéril e transportada ao laboratório em temperatura 
ambiente em até 30 minutos. Caso contrário, deve ser refrigerada;
• o procedimento precisa ser executado com os cuidados de biossegurança necessários, para que 
não haja risco de transmissão aérea do bacilo no local.
8.5.2 Fase pós‑analítica (interpretação do resultado)
Além da positividade do exame microbiológico, os portadores de tuberculose pulmonar apresentam os 
seguintes sintomas: tosse com expectoração, febre vespertina, sudorese noturna abundante, emagrecimento, 
fraqueza, anorexia, hemoptise, dor torácica moderada. São procedimentos a serem seguidos:
• instruir

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