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João Sem-Terra

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João Sem-Terra e a Carta Magna
O contexto histórico da criação da Magna Carta se passa em um período de transição da alta idade média para a baixa idade média, em que o próprio modo de produção feudal começa a encontrar seus primeiros sinais de desgaste. Trata-se ainda, do período em que o rei Ricardo Coração de Leão, morto na 3ª Cruzada, teve sua coroa sucedida por João Sem-Terra, que ficou conhecido por este nome devido ao fato de não ter herdado nenhuma propriedade após a morte seu pai, sendo o quinto na linha de sucessão de Henrique II da dinastia dos Plantagenetas. 
A Carta Magna surgiu durante um contexto histórico de transição de períodos, entre a idade média alta indo para a baixa, no qual o sistema feudal inicia seu fim, apresentando indícios de deterioração. Continuando na montagem contextual, o rei Ricardo Coração de Leão teve sua sucessão por João Sem-Terra, após sua morte na terceira Cruzada. 
João Sem-Terra pertencente a dinastia dos Plantagenetas, filho de Henrique II, recebeu esse apelido por não ter herdado nenhuma terra após a morte de seu pai. Entretanto reinou na Inglaterra no período de 1199 a 1216, reinado esse raivoso e desastroso, no qual se dá ênfase histórica as altas cargas tributárias impostas a sociedade para bancar a guerra enfrentada contra a França e mesmo assim foi derrotado; problemas de relacionamento com o alto clero chegando a ser excomungado pelo Papa; João Sem-Terra se envolveu posteriormente em nova guerra para tentar recuperar as terras perdidas na primeira guerra contra a França e perdeu de novo...
Todos esses fatos e outros tornaram seu reinado altamente enfraquecido. Posteriormente, os barões ingleses revoltados com os vários fracassos do Rei, em 10 de junho de 1215 tomaram a cidade de Londres com apoio do clero, e fizeram com que João Sem-Terra assina-se a Magna Carta, documento este que determina que os reis ingleses tenham seus poderes limitados, garantindo que apenas poderiam elevar os impostos ou criar novas leis mediante aprovação de um grande conselho formado por nobres. 
No entanto, quando os barões deixaram Londres, João impugnou a Carta Magna, gerando uma intensa guerra civil na Inglaterra, o que acabou culminando em sua morte.
Henrique III, filho e sucessor de João, traz a vida novamente a Carta Magna, mas removendo algumas cláusulas. No fim a Carta Magna passou a conter 37 artigos dos seus 63 iniciais. 
A grande contribuição para o Direito Processual nascente dessa Carta se dá pelo seu artigo 28:
“Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra”.
A Carta Magna é um marco constitucional importante, o primeiro da história europeia, servindo inclusive de base para que outros países elaborassem suas próprias Constituições. Foi também o marco do sistema common law inglês. Ela foi continuamente revisada para adaptar-se ao contexto de cada época, mas até hoje algumas disposições originais integram as leis inglesas. 
O mais notório legado deixado pela Carta foi o marco inicial do devido processo legal, mas ela é um marco, também, porque a sociedade representada pelos Barões naquele contexto, buscam direitos escritos e não os mandamentos de um rei divino absoluto, ou seja, através da lei escrita se busca uma sociedade com garantias de direitos irrevogáveis por qualquer rei, e aplicação do devido processo, tendo várias contribuições importantes a serem destacadas, principalmente o direito à propriedade e a liberdade individual, bem como a proporcionalidade entre o delito e a pena (artigos 20 e 21 da Carta Magna), a vedação do confisco legal (artigos 28, 30 e 21, da Carta Magna), declaração de intenção (artigo 60 da Carta Magna), e anterioridade de lei tributária (artigos 12 e 14 da Carta Magna).
Nesse sentido, a nossa Constituição Federal de 1988 consagrou expressamente o princípio do devido processo legal, dispondo em seu artigo 5º, inciso LIV, que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". Dessa forma, assegurou-se a todos os cidadãos, de forma expressa, a garantia de não ser privado de sua liberdade ou da propriedade de seus bens sem a tramitação de um processo segundo a forma prescrita em lei. 
Referências
https://georgelins.com/2009/08/09/a-magna-charta-de-joao-sem-terra-1215-a-peticao-de-direitos-1628-e-o-devido-processo-legal/, acessado em 05/10/2018;
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6582/Magna-charta-libertatum, acessado em 05/10/2018;
http://blogdovladimir.wordpress.com/2014/06/15/uma-carta-selada-ha-799-anos/, acessado em 05/10/2018;
http://www.brasilescola.com/historiag/magna-carta.htm, acessado em 05/11/2018;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_de_Inglaterra, acessado em 05/10/2018;
https://evanderoliveira.jusbrasil.com.br/artigos/152036542/a-magna-carta-de-joao-sem-terra-e-o-devido-processo-legal, acessado em 05/10/2018;
GREGO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal – 10. Ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2013.
TUCCI LAURIA, Rogério. Direitos e garantias Individuais no processo penal brasileiro – 4ª edição – São Paulo: RT, 2011
DEMERCIAN HENRIQUE, Pedro. MALULY ASSAF, Jorge. Curso de Processo Penal -9ª edição - São Paulo, Forense, 2013.

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