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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Instituto de Ciências Humanas Curso de Psicologia - Swift ALEF MOREIRA RA: C6302C-2 ANA FLAVIA DA SILVA RA: C47FBH-8 ÉDIPO REIS TORRES RA: C54911-8 GIOVANA SAMPAIO DRESDI RA: C556CH-1 LILIAN PEREIRA SANTOS RA: C51DJJ-1 MICHELLE DOS SANTOS DE FREITAS RA: C51EDB-9 ENTRE NÓS: PSICOPATAS NA SOCIEDADE. Uma revisão bibliográfica CAMPINAS/SP 2019 7 ALEF MOREIRA ANA FLAVIA DA SILVA ÉDIPO REIS TORRES GIOVANA SAMPAIO DRESDI LILIAN PEREIRA SANTOS MICHELLE DOS SANTOS DE FREITAS RA: C6302C-2 RA: C47FBH-8 RA: C54911-8 RA: C556CH-1 RA: C51DJJ-1 RA: C51EDB-9 ENTRE NÓS: PSICOPATAS NA SOCIEDADE. Uma revisão bibliográfica Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Psicologia da Universidade Paulista – UNIP, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a). Orientadora: Prof.ª Dr.ª Simone Mayer Sanches Mendes. CAMPINAS/SP 2019 Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 5 1.1 A Psicopatia ....................................................................................................................................................... 5 1.2 Aspectos Biológicos .......................................................................................................................................... 7 1.3 Diagnóstico ......................................................................................................................................................... 8 1.4 TRATAMENTO ................................................................................................................................................ 12 1.5 Psicopatas na Sociedade ............................................................................................................................... 13 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................................................... 16 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................................. 16 2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................................................... 16 3. MÉTODO ............................................................................................................................................................... 17 3.1 Procedimentos ................................................................................................................................................. 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 21 4.1 A Caracterização da Psicopatia .................................................................................................................... 21 4.2 Caracterização dos aspectos biológicos ..................................................................................................... 24 4.3 Diagnóstico x Tratamento .............................................................................................................................. 24 4.4 Psicopatas na Sociedade. ............................................................................................................................. 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 28 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 30 APÊNDICE .................................................................................................................................................................. 33 7 Dedicamos as nossas famílias, amigos e aos nossos professores por toda colaboração e paciência durante o desenvolvimento deste trabalho. “De todas as criaturas já feitas, o homem é a mais detestável. De toda a criação, ele é o único, o único que possui malícia. São os mais básicos de todos os instintos, paixões, vícios – os mais detestáveis. Ele é a única criatura que causa dor por esporte, com consciência de que isso é dor”. (Mark Twain) 7 AGRADECIMENTOS “A gratidão é a memória do coração Agradeço а todos os professores por proporcionarem e transmitirem seu conhecimento. Agradeço aos meus companheiros de TCC, por aturarem e dividirem momentos e dores de cabeça. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte da minha formação. Muito obrigado”. (Alef Moreira) "Agradeço a Deus primeiramente por me permitir chegar até aqui, e em especial minha irmã Fernanda por ter me apoiado em tudo àquilo que me faz bem. E não poderia esquecer todas as pessoas que de alguma forma fizeram parte dessa caminhada.” (Ana Flavia) "Gostaria de agradecer aos membros do grupo que fizeram esse trabalho ser possível, mesmo através de trancos e barrancos continuamos juntos." (Édipo Reis) “Agradeço aos parceiros do grupo pela compreensão e discussões calorosas nessa jornada. Aos meus familiares que souberam conviver com minha ausência e aos mestres pelo empenho nas orientações e ensinamentos” (Giovana Dresdi) "Agradeço a minha família por todo o apoio e carinho desde o início do curso, aos colegas que participaram deste trabalho pela determinação em concluí-lo, aos professores que se dedicaram tanto em nos passar um pouco do seu conhecimento e a professora Simone por nos orientar e acompanhar todo o nosso caminho até a conclusão do nosso trabalho." (Lilian Santos) “Agradeço primeiro a Deus. E também a minha família e amigos por terem me incentivado e dado forças a cada vez que eu pensei em desistir. Aos mestres que sempre tiveram paciência e dedicação conosco ao longo desses quase 05 anos, em especial a prof.ª Simone, que teve muita paciência com cada um dos nossos atrasos. A todos que tiveram que aguentar as minhas crises de mau humor e stress, que eu sei não eram nada bonitas. E por fim, mas não menos importante aos meus companheiros de grupo que me suportaram ao longo desses anos. Meu muito obrigada.” (Michelle Freitas) RESUMO MOREIRA,Alef; SILVA, Ana Flavia da; TORRES, Édipo Reis; DRESDI, Giovana Sampaio; SANTOS, Lilian Pereira; FREITAS, Michelle dos Santos de; SANCHES, Simone Meyer (orientadora). Entre Nós: Psicopatas na Sociedade. Uma revisão bibliográfica. Apresentação do Trabalho de Pesquisa, Curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas, UNIP – Campinas, 2019. Muito se fala do psicopata mal sucedido, que é aquele que efetivamente comete crimes, porém, o presente trabalho tem como objetivo estudar o psicopata bem sucedido, ou seja, aquele que não comete crimes. Dessa forma, foi realizada uma revisão de literatura que, teve como objetivo analisar como se da à inserção do psicopata não criminal na sociedade. Como método, foram analisados 16 artigos com temas relacionados ao estudo, onde foi realizada a leitura criteriosa do material. Buscamos analisar o que é a psicopatia, seus aspectos biológicos, diagnóstico, tratamento e como o indivíduo psicopata é visto na sociedade. Por meio da pesquisa bibliográfica foi possível perceber que esses indivíduos não criminais são inexistentes para a sociedade, uma vez que quase nunca são comentados ou citados. Diante desse quadro consideramos que é de suma importância que hajam mais pesquisas e publicações a respeito desses indivíduos, principalmente na área da psicologia que esta tão diretamente inserida no contexto da saúde mental. Palavras-chave: Psicopatia e Transtorno de Personalidade Antissocial 1. INTRODUÇÃO Poucos transtornos são tão incompreendidos quanto o transtorno de personalidade Antissocial, e por isso o presente trabalho tem o intuito de elucidar um pouco sobre a vida de pessoas que convivem com o nível mais grave desse transtorno, os chamados psicopatas. Apesar de para alguns o transtorno de personalidade antissocial e a psicopatia serem a mesma coisa, para Gomes e Almeida (2010), todo indivíduo psicopata é antissocial, mas nem todo indivíduo antissocial é psicopata. Através dessa pesquisa bibliográfica, abordaremos algumas características que pessoas com o transtorno de psicopatia podem apresentar e quais fatores podem levar alguém sofrer dessa psicopatologia. Temos por intuito também desconstruir os estereótipos comumente atribuídos a palavra psicopata. 1.1 A Psicopatia O termo “psicopata” foi inventado em 1891, pelo psicólogo alemão Koch, que o utilizou pela primeira vez em sua obra As inferioridades psicopáticas. Segundo Hare e Neumann (2008), conceito de psicopatia tem origem grega, e significa “Psiquicamente doente”. Esse conceito surgiu dentro da medicina, e era utilizado pelos médicos inicialmente para classificar criminosos que apresentavam características agressivas e cruéis. A psicopatia é um distúrbio mental grave, onde o indivíduo é incapaz de sentir sentimentos como empatia, remorso ou arrependimento. O psicopata é incapaz de amar e manter laços afetivos profundos com outras pessoas, possuindo ainda um egocentrismo extremo e comportamentos narcisistas. A psicopatia também é conhecida como transtorno de personalidade antissocial. Ela está incorporada dentro do grupo de transtornos de personalidade, sendo uma forma de “ser” que se particulariza pelo controle, domínio por meio da ameaça, pela incapacidade de sentimento de culpa, remorso pelo que faz e pela manipulação para alcançar os seus próprios interesses. Uma pessoa com o transtorno de personalidade antissocial é alguém extremamente racional, não vai cometer um crime passional, por exemplo, pois é incapaz de sentir emoções. A definição clara de psicopatia é algo fundamental, devido às suas implicações na investigação, diagnóstico, avaliação, intervenção e replicabilidade de resultados na área de estudo referente às perturbações da personalidade. Atendendo à importância de uma clara definição deste conceito, serão analisados, no presente artigo, os aspectos mais relevantes que surgem associados a esta problemática. (SOEIRO; GONCALVES 2008, apud GONÇALVES, 2010). Esse tipo de distúrbio, geralmente é ligado a comportamentos agressivos que podem resultar até em crimes hediondos, mas indivíduos com características de psicopatia, nem sempre são criminosos. Diferente do que se acredita a psicopatia não é sinônimo de violência, assim como o contrário também é válido. Uma pessoa que seja psicopata não necessariamente ira cometer um crime, assim como, ser uma pessoa sem uma psicopatia não isenta ninguém de cometer um crime Para Vaugh e Howard (2005), a psicopatia e outros transtornos são popularmente tratadas como se fosse a mesma coisa, e muito disso se deve ao fato de a história desses termos estar intimamente relacionada. É muito importante que seja esclarecida as devidas diferenças entre esses termos, pois apesar de terem algumas características similares são patologias diferentes. Em resumo, as principais características que definem detalhadamente um perfil psicopata são: charme superficial, boa inteligência, ausência de delírios e de outros sinais de pensamento irracional, ausência de nervosismo e de manifestações psiconeuróticas, falta de confiabilidade, deslealdade ou falta de sinceridade, falta de remorso ou pudor e tentativas de suicídio. Comportamento antissocial inadequadamente motivado, capacidades de insight, julgamento fraco, incapacidade de aprender com a experiência, egocentrismo patológico, incapacidade de sentir amor ou afeição, vida sexual impessoal ou pobremente integrada e incapacidade de seguir algum plano de vida também fazem parte dessas características. E ainda: escassez de relações afetivas importantes, comportamento inconveniente ou extravagante após a ingestão de bebidas alcoólicas, ou mesmo sem o uso destas, e insensibilidade geral a relacionamentos. (ANDRADE, 2018 ) No caso da psicose, o indivíduo possui um transtorno mental grave, que o faz viver em um mundo de pesadelos criados por ele mesmo. O psicótico sofre alucinações e delírios, podendo ouvir vozes, ter visões e possuir crenças incomuns e estranhas. Diferente dos psicopatas, que aparentam serem pessoas normais e racionais, mesmo quando levam vidas secretas assustadoras, os psicóticos correspondem à concepção geral de loucura. Esquizofrenia e paranoia são as principais formas de psicose. 1.2 Aspectos Biológicos Para uma explicação mais notória desse transtorno mental necessitamos do apoio da genética e da biologia, e quando pensamos nisso nos deparamos com a seguinte questão, o que ha de diferente no cérebro dessas pessoas em relação as pessoas ditas normais? Antônio Serafim, psiquiatra Brasileiro, em 2001 aplicou vários testes em presidiários no sistema carcerário do estado de São Paulo e chegou a seguinte constatação: ao apresentar cenas de pessoas sofrendo, tristonha, passando fome, torturadas, ou gemidos enlouquecidos, os prisioneiros ditos normais se sentiam mal, enquanto os psicopatas não tinham nenhum tipo de reação, sendo para eles tudo normal. (MOTZKIN, 2011) Nosso cérebro possui um sistema que controla nossas emoções, sendo ele o sistema límbico, que inclui o fórnix, o hipocampo, a amigdala, o septo o hipotálamo, partes do tálamo partes do córtex dos lobos frontais e temporal, a agressividade esta diretamente ligada com a amigdala e o septo. De acordo com MOTZKIN, (2011) Pesquisas realizadas em animais resultam que quando há estimulação na amigdala estes apresentam comportamentos mais agressivos, e quando tiveram o septo removido tendem a atacar qualquer coisa que se aproximarem deles.MOTZKIN (2011), ainda nos diz que as estruturas do sistema límbico, tais como o hipotálamo e as amigdalas sejam instrumentais no comportamento emocional, as emoções humanas são controladas diretamente pelo córtex cerebral, especialmente pelo lóbulo frontal. Nos psicopatas não há alterações nas integrações das emoções, não possuem lesão no córtex pré-frontal, no entanto pessoas que apresentam esse tipo de lesão possuem sim características psicopatas devido ao fato de não se importarem com os outros. Não se adaptando muitas vezes as rotinas que lhe são impostas como, por exemplo, trabalho, escola. Sendo que os portadores de personalidade antissocial conseguem se adaptar a rotina e cada passo que dão é milimetricamente articulado e planejado. 1.3 Diagnóstico De acordo com Hauck Filho, Teixeira e Dias (2009). A psicopatia não é um diagnóstico clínico reconhecido em manuais nosográficos como o DSM, embora o TPAS tenha sido criado para avaliar o que se considera personalidade psicopática. Entre os instrumentos construídos para avaliar psicopatia destaca-se o Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R; Hare, 1991), o instrumento mais usado em estudos empíricos. Esse instrumento possui 20 itens, para os quais o avaliador deve atribuir um escore de 0 a 2, conforme ausência, presença moderada ou forte de cada uma das características descritas pelos itens. (HAUCK FILHO, TEIXEIRA e DIAS, 2009) O diagnóstico utilizando o PCL só pode ser feito por um profissional treinado. É atribuída uma nota de 0 a 2 a cada um dos tópicos, a partir da avaliação clinica e do histórico do paciente. A soma dos pontos é comparada em uma escala que determina o grau de psicopatia. O PCL-R é uma ferramenta de diagnóstico utilizada para identificar tendências e comportamentos antissociais e psicopatia em uma pessoa. O ponto de corte não é estabelecido de forma rígida, mas um resultado acima de 30 pontos traduziria um psicopata típico. 15 Os 20 elementos que compõem a escala são os seguintes: 1) loquacidade/charme superficial; 2) auto-estima inflada; 3) necessidade de estimulação/tendência ao tédio; 4) mentira patológica; 5) controle/manipulação; 6) falta de remorso ou culpa; 7) afeto superficial; 8) insensibilidade/falta de empatia; 9) estilo de vida parasitário; 10) frágil controle comportamental; 11) comportamento sexual promíscuo; 12) problemas comportamentais precoces; 13) falta de metas realísticas em longo prazo; 14) impulsividade; 15) irresponsabilidade; 16) falha em assumir responsabilidade; 17) muitos relacionamentos conjugais de curta duração; 18) delinqüência juvenil; 19) revogação de liberdade condicional; e 20) versatilidade criminal. (MORANA, STONEIII e ABDALLA- FILHO, 2006) O conceito de psicopatia de HARE refere-se mais se refere mais aos traços de personalidade do que às condutas antissociais. Ou seja, esse instrumento prioriza a análise da estrutura da personalidade, sem deixar de relacionar a conduta explícita do sujeito examinado. E é essa questão que confere ao seu instrumento a elevada validade e aceitação dos seus investigadores. (MORANA, 2003). O PCL-R que se trata de um instrumento diagnóstico, e não um teste, inicia-se com uma entrevista semiestruturada com o indivíduo examinado. A escala Hare exige um grande número de informações a respeito da vida do sujeito, não podendo ser realizada em apenas uma entrevista. O indivíduo é pontuado em 20 itens, por meio de uma entrevista semiestruturada e uma validade estimada do grau onde o sujeito examinado se enquadra no conceito tradicional de psicopatia. Os 20 itens a serem pontuados através da escala PCL-R são: 1) Encantamento simplista e superficial; 2)Auto-estimagrandiosa (exageradamente elevada); 3) Necessidade de estimulação; 4) Mentira patológica; 5) Astúcia e manipulação; 6) Sentimentos afetivos superficiais; 7) Insensibilidade e falta de empatia; 8) Controles comportamental fraco; 9) Promiscuidade sexual; 10) Problemas de comportamento precoce; 11) Falta de metas realistas a longo prazo; 12) Impulsividade; 13) ações próprias; 14) Incapacidade de aceitar responsabilidade diante de compromissos; 15) Relações afetivas curtas (conjugais); 16) Delinquência juvenil; 17) Revogação de liberdade condicional; 18) Versatilidade criminal; 19) Ausência de remorso ou culpa; 20) Estilo de vida parasitária. Apesar da ferramenta PCL-R ser o instrumento de avaliação mais aceito para identificar a psicopatia em um indivíduo, para diversos autores, o seu uso tem fins de investigação ou jurídico, sendo utilizada principalmente em criminosos ou pessoas acusadas de crimes. Importante destacar que o PCL-R não permite o diagnóstico clínico de psicopatia, mas a verificação, através de um método padronizado, de características de personalidade e condutas que permitem a identificação de sujeitos que apresentam as características prototípicas da psicopatia e que desta forma são mais sujeitos a reincidência criminal. (MORANA, 2003). Fora do âmbito jurídico, a forma de identificação da psicopatia em um indivíduo, se da por meio de conversa e observação de um profissional. Para que uma pessoa seja diagnosticada com transtorno de personalidade antissocial, ela deve apresentar ao menos três comportamentos antissociais do Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Incapacidade de se adaptar às normas sociais com respeito a comportamentos dentro da lei, conforme indicado pela repetição de atos que são motivos para prisão. enganosidade, indicado por mentiras repetidas, uso de pseudônimos ou enganar os outros para fins de lucro pessoal ou prazer. Impulsividade ou incapacidade de planejar antecipadamente; Irritabilidade e agressividade, indicado por agressões físicas e brigas repetidas. Desrespeito imprudente pela própria segurança e de outros; Irresponsabilidade consistente, indicada por falhas repetidas na manutenção de trabalho consistente ou de honrar suas obrigações financeiras; Para que uma pessoa seja diagnosticada com transtorno de personalidade antissocial, ela deve apresentar ao menos três comportamentos antissociais do Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais (DSM-VI-R; Associação Psiquiátrica Americana [APA], 2002). Incapacidade de se adaptar às normas sociais com respeito a comportamentos dentro da lei, conforme indicado pela repetição de atos que são motivos para prisão. enganosidade, indicado por mentiras repetidas, uso de pseudônimos ou enganar os outros para fins de lucro pessoal ou prazer. Impulsividade ou incapacidade de planejar antecipadamente; Irritabilidade e agressividade, indicado por agressões físicas e brigas repetidas. Desrespeito imprudente pela própria segurança e de outros; Irresponsabilidade consistente, indicada por falhas repetidas na manutenção de trabalho consistente ou de honrar suas obrigações financeiras; Falta de remorso, indicada pela indiferença ou o uso de racionalizações ao fato de ter ferido, maltratado ou roubado de outras pessoas; Porem nem sempre o diagnóstico de TPAS coincide com a definição de psicopatia. O conceito desta seria mais amplo, envolvendo características como falta de empatia, arrogância e vaidade excessiva, que não são consideradas nos critérios diagnósticos operacionaispropostos pelo DSMIV (BLAIR, 2003). O individuo também deve ter pelo menos 18 anos e uma história de transtorno da conduta antes dos 15 anos. A chamada psicopatia é diagnosticada, portanto, na idade adulta. A conduta desses indivíduos é pautada pela indiferença pelo outro, a falta de empatia e de remorso. Por fazer parte dos transtornos de personalidade, a psicopatia só pode ser diagnosticada a partir dos dezoito anos de idade. É importante ressaltar que os transtornos de personalidade não são propriamente doenças, mas anormalidades do desenvolvimento psicológico que perturbam a integração psíquica de forma persistente e ocasionam no indivíduo padrões profundamente entranhados, inflexíveis e mal ajustados, tanto em relação a seus relacionamentos, quanto à percepção do ambiente e de si mesmos. (GOMES, ALMEIDA, 2010) O diagnostico do psicopata, não é simples, pois os seus sintomas não ficam evidentes, o psicopata não entra em surto como o psicótico, por exemplo. Muito pelo contrario, muitas das vezes eles aparentam ser pessoas perfeitamente “normais”. Porém em dados momentos, eles podem sair desse “papel ensaiado” e tomar atitudes que não condizem com as pessoas que aparentam ser, e é nesses momentos que as pessoas mais próximas a ele podem perceber que ele não tem o equilíbrio mental esperado. No caso dos psicopatas que cometem crimes, por ser um transtorno que precisa de um olhar muito mais atento para ser fechado um diagnostico, os seus sintomas podem ser confundidos com características de criminosos comuns. Não existe um consenso geral, em relação à causa da psicopatia. Mas, para Morana, Stone e Abdalla-Filho (2006) há evidencias de que os aspectos biológicos (fatores genéticos, hereditários e lesões cerebrais), psicológicos e sociais estão associados ao transtorno. De acordo com Morana, Stone e Abdalla-Filho (2006), há um desinteresse dos psiquiatras na questão de pessoas com transtornos de personalidade, entenderem que patologias desse tipo, por serem permanentes e refratárias a tratamento, não compensam o atendimento especializado. O que muitas vezes dificulta o diagnóstico. Existe algumas evidência sugerindo que pessoas que preenchem critérios plenos para psicopatia não são tratáveis por qualquer forma de terapia disponível na atualidade. O seu egocentrismo em geral e o desprezo pela psiquiatria em particular dificultam muito o seu tratamento (MORANA, STONE e ABDALLA-FILHO 2006) 1.4 TRATAMENTO Os psicopatas geralmente não têm motivação para procurar tratamento, e podem não ser cooperativos com a terapia. Já a possibilidade de um tratamento farmacológico, é ainda mais difícil, pois não há tratamento medicamentoso para: Insensibilidade Agressividade instrumental/planejada Falta de empatia Egocentrismo/narcisismo Mentira patológica Perversidade Comportamentos manipulativos Dificuldade em aprender com erros O DSM (DSM-VI-R; Associação Psiquiátrica Americana [APA], 2002) não diferencia sociopata de psicopata, porém entende-se que o nível de insensibilidade diferencia a psicopata do antissocial. 1.5 Psicopatas na Sociedade Em contrapartida do que a crença popular costuma disseminar, nem todo psicopata é violento e muito menos criminoso. O senso comum fez do psicopata a categoria na qual enquadram todo e qualquer um que não se enquadre nos moldes de moral da sociedade. É importante ressaltar que a criminalidade não é um componente essencial da definição da psicopatia, mas sim o comportamento anti-social. O comportamento anti-social pode incluir crimes ou a infração das leis, mas não se resume a isto. Abrange comportamentos de exploração nas relações interpessoais que não chegam a ser considerados infrações penais. Por isso, as concepções modernas de psicopatia consideram fundamental a inclusão das características de personalidade que estão na base do comportamento anti-social de tipo psicopático. (Hare & Neumann, 2008). Diferente do que se acredita psicopatia não é sinônimo de violência, também o contrário é valido. Uma pessoa que seja psicopata não necessariamente ira cometer um crime. E ser uma pessoa sem uma psicopatia não isenta ninguém de cometer um crime tão hediondo como qualquer psicopata. Uma pessoal “normal” se difere de um psicopata no quesito de que ela pode sentir remorso, empatia, consegue pensar em alguém além de si próprio. Uma pessoa psicopata é alguém extremamente racional, não vai se deixar dominar por emoções e que não cometerá um crime passional por exemplo, pois é incapaz de sentir emoções. Alguns autores usam a terminologia mal-sucedidos para psicopatas criminosos (leia-se capturados pela justiça) e bem-sucedidos para aqueles com altos escores em medidas de psicopatia, mas sem registros criminais (Raine e colaboradores,2004 apud HAUCK FILHO, TEIXEIRA; DIAS, 2009 ). Em vez de criminosos, os psicopatas utilizam de suas características tais como a ousadia e carisma para alcançar sucesso profissional, muitos destes estão inseridos na sociedade em posições que inspiram respeito, tais como política, negócios de risco, esfera judicial, serviço militar, e profissões de alto risco. os traços psicopáticos podem ser adaptativos em contextos específicos. Em um ambiente de competição, por exemplo, pode ser positivo ser frio, não- empático e agressivo para com os oponentes. Os ditos psicopatas bem- sucedidos, pessoas da população geral, parecem apresentar traços interpessoais e afetivos psicopáticos (HAUCK FILHO, TEIXEIRA; DIAS, 2009) Muitas das pessoas que vivem e convivem com o transtorno de personalidade psicopática levam uma vida normal, usando seus traços de personalidade diferentes da maioria para conseguir o que querem, mesmo que por muitas das vezes façam isso à custa de outros. Contudo, um psicopata só será um criminoso se estiver na cadeia, caso contrário, ele é tão “inocente” quanto você. Para Garcia (1958 apud Araújo, 2012), existem três tipos de psicopatas, definidos, como psicopatas leves, que são caracterizados, como aqueles que aplicam pequenos golpes nas pessoas, os moderados, que se envolvem mais com as vítimas dos golpes que são aplacados são em maior proporção e geralmente envolvem dinheiro, e os psicopatas graves que são os que cometem assassinatos sem o menor escrúpulo. Ao observarmos a lacuna bibliográfica que existe com esse tema, com características tão presentes no nosso dia a dia, acreditamos que com essa revisão bibliográfica, podemos contribuir socialmente para demonstrar que nem todos os psicopatas são perigosos, com relevância social de maneira que se esclareça que pessoas que apresentam essa sintomatologia podem passar desapercebidos, se constituindo como membros social, trabalhando, estudando e constituindo família. Segundo fontes do IBGE cerca de 2% da população brasileira sofre deste transtorno, podendo apresentar características típicas, descritas nesta patologia, no entanto, podem nunca serem diagnosticados. Além das lacunas, que geraram oportunidade desse projeto, existe a motivação pessoal dos autores, esses, estudantes de psicologia, que pretendem esclarecer sobre a temática escolhida, desmistificando a ideia de senso comum que todos os psicopatas, cometem crimes. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Investigar como se da a inserção do psicopata não criminal na sociedade. 2.2 Objetivos Específicos Compreender como é o psicopata, além da visãoestereotipada da sociedade. Como é a literatura a respeito do psicopata não criminal. Identificar os critérios e como se da o diagnóstico. 3. MÉTODO A exemplo de outros trabalhos de psicologia que adentram o terreno da Psicopatia, a presente investigação é de cunho qualitativo, Denzin e Lincoln (2006 apud Augusto; Souza; Dellagnelo; Cario 2013) a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem. O propósito chave que sustenta sua aplicação é o de demonstrar que sujeitos que sofrem de Transtorno de Personalidade Antissocial conseguem viver normalmente em sociedade, sem apresentar comportamentos danosos e criminosos, sendo assim Richardson (1999 apud Augusto, 2013) acrescenta que a pesquisa qualitativa é especialmente válida em situações em que se evidencia a importância de compreender aspectos psicológicos cujos dados não podem ser coletados de modo completo por outros métodos, devido à complexidade que encerram (por exemplo, a compreensão de atitudes, motivações, expectativas e valores). Enquanto procedimento, este trabalho será realizado por meio de pesquisa bibliográfica. a pesquisa utilizará de livros e artigos acadêmicos. Segundo Gil (2007), a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, complementando assim, a busca e processamento de informações. 3.1 Procedimentos Usando como base Bardin (2006), foram buscadas publicações com o termo “psicopatia” e “Transtorno de Personalidade Antissocial”, em língua portuguesa, de acordo com o nosso objetivo de investigar a inserção do psicopata não criminal na sociedade Os resultados dessa pesquisa bibliográfica podem ser resumidos no quadro a seguir: Palavras-chave: Psicopatia e Transtorno de Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: BIBLIOTECA DIGITAL DE TRABALHOS ACADÊMICOS (USP) PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 04 0 Transtorno de 04 0 Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: BIBLIOTECA UNESP PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 10 01 Transtorno 03 01 de personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: SPELL PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 01 0 Transtorno de 0 0 Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: MEDLINE PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 18 02 Transtorno de 02 0 Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: BIBLIOTECA UNICAMP PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 33 01 Transtorno de 01 0 Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: SCIELO PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NÚMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 17 03 Transtorno de 01 01 Personalidade Antissocial BANCO DE DADOS: PEPSIC PALAVRAS-CHAVES NÚMERO DE NUMERO DE BIBLIOGRAFIAS BIBLIOGRAFIAS ENCONTRADAS ANALISADAS Psicopatia 22 06 Transtorno de 0 0 Personalidade Antissocial Na biblioteca digital de trabalhos acadêmicos da USP, foram encontrados quatro artigos com as palavras-chave as escolhidas, sendo elas “Psicopatia” e “Transtorno de Personalidade Antissocial", mas nenhum artigo selecionado, uma vez que não nos cabia de acordo com a proposta e tema escolhido. A biblioteca UNESP apresentou 10 artigos com a palavra-chave psicopatia, tendo entre eles 1 artigo selecionado. A palavra chave transtorno de personalidade antissocial apresentou 3 resultados, sendo 1 deles selecionado. O banco de dados SPELL (Scientific Periodicals Electronic Library) só mostrou um único resultado com a palavra psicopatia, que foi descartado por não ser de acordo com o tema abordado em nosso projeto. A palavra chave transtorno de personalidade antissocial não obteve nenhum resultado. No banco de dados MEDLINE, 18 resultados foram encontrados a partir da palavra chave psicopatia, tendo apenas dois artigos selecionados. Transtorno de personalidade antissocial só apresentou dois artigos que foram descartados. Na pesquisa realizada pela biblioteca digital Unicamp, encontramos 33 artigos utilizando psicopatia como palavra chave, mas apenas um deles nos foi relevante ao tema. Já a palavra chave transtorno de personalidade antissocial, apenas um resultado foi apresentado, porém descartado por não se encaixar no que procuramos. O banco de dados SCIELO, apresentou 17 resultados, tendo entres eles três artigos selecionados, enquanto o restante foi descartado por irrelevância diante do tema. A palavra chave transtorno de personalidade antissocial apresentou um resultado que foi selecionado, pois contribui para o tema abordado. Por fim, o banco de dados PEPSIC nos trouxe 22 resultados para a palavra chave psicopatia, onde foi possível selecionar os seis artigos mais relevantes. Enquanto transtorno de personalidade antissocial não nos trouxe nenhum resultado. Desse modo, somando todas as bases de dados, foram encontrados 105 registros com o termo “psicopatia” e 11 registros com o termo “Transtorno de Personalidade Antissocial”. Desse total, 101 publicações foram excluídas por seguirem um caminho oposto do desejado, por se tratarem da psicopatia na questão criminosa, assim não sendo relevantes para esta pesquisa. Desta forma, foram utilizados 15 artigos científicos dessas bases, por preencherem os critérios da pesquisa. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a leitura e análise dos artigos selecionados e categorizados em anexo, desenvolvemos aos resultados e discussão a seguir. Separamos para a análise os assuntos por temas em categorias para uma maior compreensão de cada um dos aspectos encontrados. 4.1 A Caracterização da Psicopatia Em entrevista ao portal Tribuna do Paraná, Robert Hare, professor a 40 anos na Universidade de Columbia e conselheiro do FBI os 7 bilhões de pessoas que vivem no mundo pelo menos 1% é considerada psicopata. As características da psicopatia podem ser encontradas em qualquer indivíduo, embora ainda possua pontos controversos a respeito do assunto. Da porcentagem apresentada abrangem-se mais indivíduos homens do que mulheres, porém os estudos não relatam qual seria o motivo desta diferença de porcentagem referente aos sexos. A psicopatia é mais abrangente do que as imagens sensacionalistas usadas pela mídia. Com uma análise histórica é possível ver que o termo “psicopata” era utilizado para se referir há comportamentos que na época eram moralmente repugnantes, uma discussão sobre o assunto se iniciou no fim do séc. XVIII, quando filósofos e psiquiatras começaram a estudar qual seria a relação do Livre arbítrio e a transgressão moral. Foi somente em 1801, que Philippe Pinel foi o primeiro a notas que alguns pacientes, envolvidos em atos impulsivos e autodestrutivos,mantinham sua habilidade de raciocínio intacta e consciência dos atos que estavam cometendo. A principal característica da psicopatia é a alteração do caráter. Anos após a descoberta de Philippe, Cleckley foi capaz de identificar, na década de 40, 16 características que compõem o perfil clinico do psicopata. O psicopata diferente da psicose não rompe com a realidade tendo em vista que o indivíduo é bem articulado, inteligente e é passível de convivência em sociedade. Por se tratarem de pessoas extremamente sedutoras, inteligentes e com boa articulação para com suas conversas, é dificultoso para os demais indivíduos reconhece-los em sociedade, tendo em vista que para a grande maioria os psicopatas são somente aqueles que em algum determinado momento de sua vida cometeram algum crime. As características descobertas por Cleckley (1941) são, em suma: a) Charme superficial e boa inteligência; b) Ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional (por isso a psicopatia não deve ser considerada doença mental, mas sim um transtorno mental); c) Ausência de nervosismo; d) Falsidade e falta de sinceridade e) Não confiável; f) Ausência de remorso ou vergonha; g) Comportamento antissocial inadequadamente motivado; h) Julgamento deficitário e falha em aprender com a experiência; i) Egocentrismo patológico e incapacidade de amar; j) Deficiência geral nas reações afetivas principais; k) Perda específica de insight; l) Falta de resposta nas relações interpessoais gerais; m) Comportamento fantástico e desagradável com, e às vezes sem, bebida; n) Suicídio raramente concretizado; o) Vida sexual e interpessoal trivial e deficitariamente integrada p) Fracasso em seguir um plano de vida. Pouco ainda se sabe sobre as diferenças cerebrais de um psicopata e um indivíduo normal, entretanto sabe-se que através de alguns estudos constatou-se que o indivíduo psicopata possui menos ligação entre o córtex pré-frontal ventromedial, (que é a parte responsável pelo sentimento de empatia e culpa), e a Amígdala (responsável pelo medo e ansiedade), que pode acarretar também em comportamentos agressivos e dissociativos. Danos nestas regiões podem ser de extremo comprometimento, tendo em vista que são responsáveis pela tomada de decisões, possibilidade de resolução de problemas, capacidade de planejamento e autoconsciência, o que pode vir possibilitar os traços antissociais. Para os estudiosos tais partem nestes indivíduos não funcionam exatamente como deveriam, como é o caso dos outros indivíduos que apresentam esses sentimentos, porém vale salientar que tais estudos ainda não possuem afirmativas referentes ao assunto. Diante da população que não conhece sobre o assunto, além do que lhe é apresentado através da televisão ou livros ficcionais, existe alguns equívocos que podem ser percebidos: a) Todo psicopata é criminoso e/ou violentos. b) Todo psicopata sofre de psicose. c) A psicopatia não possui tratamento. Observando os seguintes equívocos, podemos concluir através dos textos analisados que: Nem todo indivíduo que apresenta traços da psicopatia, necessariamente irá cometer um crime seja físico ou sexual, muitos desses indivíduos vivem toda vida em sociedade sem cometer qualquer tipo de delito, e alguns até vivem sem saber que apresentam tais traços. A psicose refere-se à doença mental onde o individuo foge da realidade, onde ocorre a fuga da racionalidade, diferentemente do psicopata que se encontra dentro da realidade, e possui racionalidade diante dos seus atos, ou seja, o indivíduo tem consciência dos seus atos, porém não apresentam sentimento de empatia e remorso, tendo em vista que tais atos causam sofrimento em outro indivíduo. Uma pesquisa apontou que assim como qualquer outro indivíduo, o psicopata pode se beneficiar de terapia, para que ao longo do processo possa aprender a cumprir regras dentro da sociedade, porém salientando que nesses casos ha certa dificuldade na adequação. 4.2 Caracterização dos aspectos biológicos Explicar o comportamento de um psicopata e descrever que ele vive comumente entre nós não é tarefa simples, e para descrever esse comportamento de forma científica é necessário nos ampararmos na genética e biologia. Os sentimentos relacionados às emoções impulsionam a viver e geram reações diversas na relação do homem consigo e com o meio, esses estados emocionais podem envolver diversas áreas do sistema límbico, podendo ocasionar o comportamento desajustado apresentado no quadro dessa patologia. As emoções humanas são controladas diretamente pelo córtex cerebral, especialmente pelo lóbulo frontal. Nos psicopatas não há alterações nas integrações das emoções, não possuem lesão no córtex pré-frontal. No entanto pessoas que apresentam esse tipo de lesão possuem sim características psicopatas devido ao fato de não se importarem com os outros, não se adaptando muitas vezes as rotinas que lhe são impostas como, por exemplo, trabalho, escola. Os portadores de personalidade antissocial conseguem se adaptar a rotina e cada passo que dão é milimetricamente articulado e planejado Motzkin (2011) descreveu um teste realizado em uma penitenciaria pelo psiquiatra Brasileiro Antônio Serafim, que define de forma simplificada o comportamento de um psicopata; Ao apresentar figuras de pessoas sofrendo, tristonha, passando fome, torturadas, ou gemidos enlouquecidos, os prisioneiros ditos normais se sentiam mal, enquanto os psicopatas não tinham nenhum tipo de reação sendo para eles tudo normal. 4.3 Diagnóstico x Tratamento O método mais aceito para o diagnóstico de psicopatia é através da escala Hare, que é uma ferramenta utilizada para identificar tendências e traços de psicopatia em um indivíduo. Entretanto o uso desse instrumento, é mais voltado para o âmbito forense e jurídico, sendo utilizado no diagnóstico de criminosos ou suspeitos de algum crime. O instrumento utiliza 20 itens para avaliação, incluindo uma entrevista estruturada sobre os diversos aspectos da vida do sujeito entrevistado. A criação de instrumentos de avaliação de psicopatia trouxe avanços para a área, pois exigiu que os pesquisadores estabelecessem critérios operacionais para definir o construto. Além disso, o uso de instrumentos possibilitou que a estrutura do construto fosse analisada através de técnicas estatísticas como análises fatoriais exploratórias e confirmatórias. E por fim, mas não menos importante, as medidas de psicopatia têm permitido estabelecer correlações entre o construto e outras variáveis psicológicas e diversos marcadores biológicos relevantes. (HAUCK FILHO; TEIXEIRA; DIAS, 2009). Fora do âmbito criminal, a identificação da psicopatia em um indivíduo pode ser realizada através de observação e conversa feita por um profissional, onde o sujeito deve apresentar ao menos três comportamentos antissociais do Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais (DSM).É necessário que o indivíduo possua no mínimo 18 anos para que o diagnóstico possa ser realizado. O diagnóstico dos transtornos de personalidade é ainda hoje de difícil identificação pelos psiquiatras. Esse fato é agravado pelo desinteresse que muitos deles manifestam pelos transtornos dessa natureza, por entenderem que patologias desse tipo, por serem permanentes e refratárias a tratamento, não compensam o atendimento especializado. 10 Não raramente, o diagnóstico é lembrado somente quando a evolução do transtorno mental tratado é insatisfatória. (MORANA; STONE;ABDALLA-FILHO, 2006). Relacionado aos possíveis tratamentos que a literatura apresenta, nos deparamos com varias opiniões diferentes sobre o tratamento e como proceder com o indivíduo psicopata, sempre relacionado ao meio criminal. A maioria dos autores entende que a melhor maneira seria o confinamento e o controle desse indivíduo uma vez que não acredita em uma melhora, sendo bem comum encontrar que não se tem tratamento para o transtorno. Terapias especializadas e remédios fazem parte da tentativa de reabilitação do sujeito psicopata, exames periódicos acompanham a evolução do examinado, mas ainda em casos criminais. A psicopatia é uma situação complexa da personalidade, pode se dizer que é um modo de ser. No lugar de tratamento, é direcionada a prevenção, se o problema for detectado cedo, ainda na infância, é possível obter melhora na condição, o tratamento infantil consiste na tentativa de mudar o comportamento da criança, ensinando-a ter noção daquilo que é “mal”, que é “errado”, com base no bom senso. Caso o diagnóstico seja feito na adolescência as chances de cuidados caem drasticamente, e se percebido na vida adulta o transtorno simplesmente não tem cura registrada. Uma vez que o psicopata não sente que tem um problema devido as suas peculiaridades e já possui ideias formadas, o tratamento se torna inviável com a falta de cooperação, muito menos existe a procura pelo sujeito. Existem algumas evidências sugerindo que pessoas que preenchem critérios plenos para psicopatia não são tratáveis por qualquer forma de terapia disponível na atualidade. O seu egocentrismo em geral e o desprezo pela psiquiatria em particular dificultam muito o seu tratamento (MORANA; STONE; ABDALLA-FILHO 2006). Com Gonçalves (2007), entendemos que no caso dos psicopatas o tratamento não deve ser abrangente no sentido de tentar mudar a personalidade do indivíduo, mas sim ser um tratamento focal, objetivando apenas um aspecto. O confinamento do individuo não é a medida ideal para nenhum tipo de criminoso, pontuando o encarceramento como agravante das características criminosas. Tratamentos tiveram resultados pobres, terapias, medicamentos e outras técnicas que podem ser utilizadas para tratar o transtorno pode gerar o efeito contrário, por vezes piora a condição do sujeito. A relação da criminalidade com a psicopatia está enraizada com a própria história, estigmatizada. Entender a psicopatia vinculada à criminalidade parece ser um equívoco generalizador, ao passo que alguns autores expõem o fato de que nem todos os indivíduos psicopatas são necessariamente criminosos, que é o foco de nossa discussão. 4.4 Psicopatas na Sociedade. No contexto social Hauck Filho, Teixeira E Dias (2008) afirmam que o termo psicopatia se estabeleceu como um rotulo útil para pessoas que apresentavam certos tipos de quadros comportamentais e afetivos. Durante o anos o termo psicopatia esteve associado a população carcerária e de pacientes de manicômios judiciários. Essa associação a prisioneiros, juntamente com o quadro pintado pela mídia, principalmente os filmes de Hollywood criou no imaginário da sociedade, que todo psicopata é necessariamente um criminoso. E que todo criminoso obviamente tem o possui o transtorno de psicopatia. O que na verdade não é real. Ainda de acordo com Hauck Filho, Teixeira E Dias ( 2008) muitos psicopatas levam vidas normais, e adaptando suas características psicopatas a contextos específicos conseguem atingir o sucesso. Para Raine e colaboradores (2004 apud Hauck Filho, Teixeira; Dias, 2009) no contexto jurídico os termos mal sucedido e bem sucedido são utilizados para designar respectivamente o psicopata criminal e o não criminal, o que nos mostra que nem todo psicopata é um criminoso como somos levados a acreditar. Para Garcia (1958 apud Araújo 2012), os psicopatas podem ser divididos em três categorias, leve, moderada e grave, sendo que apenas na ultima delas se enquadra os psicopatas assassinos que tanto tememos. Ao analisar os artigos pudemos perceber que muito do que temos em nosso imaginário a respeito do psicopata, é apenas isso, imaginação. Uma vez que ele não apenas pode, mas vive em nossa sociedade de maneira harmônica na maioria das vezes. É mais fácil atribuir a culpa a um transtorno, para justiçar crimes hediondos do que aceitar que pessoas “NORMAIS” podem ser tão cruéis quanto os monstros que povoam nossos pesadelos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista que a psicopatia é representada como uma patologia de alteração de caráter, onde o indivíduo tem mais facilidade em manipular e controlar as pessoas ao seu redor, o que o torna prejudicial para a sociedade. Tal patologia os incapacita de sentir remorso, empatia, demonstram comportamento agressivo e/ou transtornos de conduta, amoral, inescrupulosos, transgressores de regras sociais, e não demonstram constrangimento diante de seus atos, sendo por vezes interpretado como dissimulados, agindo conforme seu próprio interesse. O indivíduo não apresenta nenhuma desorientação, alucinações, fuga da realidade, porém existem evidências de que anormalidades cerebrais podem estar relacionadas com o aparecimento de comportamentos semelhantes ao do psicopata. (GOMES, e ALMEIDA, 2010) Contudo, o indivíduo pode apresentar sintomas ou comportamentos que se assemelham, ou seja, descritos em um psicopata, porém não necessariamente é diagnosticado como tal, ou comete algum tipo de crime. A hipótese é que mesmo, que o indivíduo apresente todos os comportamentos esperados, pode facilmente passar despercebido ou não ser diagnosticado, não cometem crimes hediondos, podendo viver em sociedade. Uma pessoa com traços de psicopatia, pode não apresentar um perfil criminosos, como também um criminoso pode não apresentar características psicopatas. Na sociedade é comum um psicopata ser confundido com um criminoso , porém o que os diferencia, é a sutileza que eles não criarão um universo paralelo para justificar seus comportamentos desajustados. As principais características da psicopatia são: inteligência, falta de empatia, falta de remorso entre outros, sintomas, que os mostram que eles não tem a capacidade de se importar ou conectar com os outros. A ciência vai contribuir de forma que nos ajuda a explicar porque um psicopata mesmo em cenas de tortura, não esboçam nenhuma reação, diferente das pessoas ditas normais, sendo a amigdala a principal responsável por esse comportamento estando relacionada ao controle de nossas emoções. O diagnostico desse transtorno é de difícil conclusão, uma vez que não pode ser feita baseado em um único aspecto. Mesmo que o indivíduo apresente todos os comportamentos esperados de um psicopata, ainda sim pode passar uma vida inteira sem ser diagnosticado. Uma vez que em geral são muito inteligentes e dissimulados o que faz com que tenham facilidade em enganar e assim simular as reações que se espera que tenham. Quando começamos as pesquisas imaginamos que haveria um vasto arsenal de literatura, porem pudemos perceber que a temática da psicopatia não criminal é praticamente ignorada no âmbito acadêmico da psicologia, uma vez que quase todo artigo encontrado é falando dos psicopatas criminosos. Mesmo fora da Psicologia, o tema é difícil de ser encontrado, o que nos leva a perceber que à necessidade de um maior interesse sobre o tema pela comunidade acadêmica, pois encontramos pouquíssimas publicações a respeito da pessoa quetem a psicopatia e não comete crimes, o que contribui para que o estereótipo do psicopata serial killer possa ser cada vez mais perpetuado na sociedade. Esperamos que esse estudo tenha importância para futuras pesquisas na área da Psicologia, pois como dito anteriormente ainda é escassa a literatura a respeito do tema. “A maioria de nós cruzará com pelo ao menos uma figura psicopata em um dia normal. Carismáticos e espertos eles seduzem pelo charme e fluência verbal, apenas para usar impiedosamente suas vítimas segundo seus próprios fins.” Susan Andrews REFERÊNCIAS AUGUSTO, Cleiciele Albuquerque et al . Pesquisa Qualitativa: rigor metodológico no tratamento da teoria dos custos de transação em artigos apresentados nos congressos da Sober (2007-2011). Rev. 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Publicado o artigo cientifico: Psicólogo em Curitiba. Disponível em: http://www.psicologoemcuritiba.com.br, Acessado: em 18 de novembro de 2014. BLAIR, R. J. - Neurobiological basis of psychopathy. Br J Psychiatry 182:5-7, 2003. Cleckley, Hervey M. (Hervey Milton), 1903-1984. (1941). The mask of sanity; an attempt to reinterpret the so-called psychopathic personality .. St. Louis :The C.V. Mosby Company, DAVOGLIO, Tárcia Rita; GAUER, Gabriel José Chittó; JAEGER, João Vitor Haeberle e TOLOTTI, Marina Davoglio. Personalidade e psicopatia: implicações diagnósticas na infância e adolescência. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2012, vol.17, n.3 [citado 2018-09-25], pp.453-460. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 294X2012000300014&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1678- 4669. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300014. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. 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NEWMAN, JosephP.;KIHEL Kent A.; KOENIGS, Michael. Reduzida Conectividade pre – frontal em psicopataria. The jornal of Neurrocience. Disponivel em: < www.jneurosci.org. Acesso em 20 de setembro de 2018 MORANA, Hilda Clotilde Penteado. Identificação do ponto de corte para a escala PCL-R (Psychopathy Checklist Revised) em população forense brasileira: caracterização de dois subtipos de personalidade; transtorno global e parcial. 2003. Tese (Doutorado em Psiquiatria) - Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. doi:10.11606/T.5.2004.tde-14022004-211709. Acesso em: 2019-04-29. MORANA, Hilda C P; STONE, Michael H; ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 28, supl. 2, p. s74-s79, out. 2006 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 44462006000600005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 jun. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462006000600005. 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De um modo geral, os estudos indicam que a psicopatia se manifesta numa série de condutas que são resultado de factores biológicos e da personalidade, relacionados com uma série de antecedentes familiares e outros factores ambientais. No entanto, a definição do conceito de psicopatia, e o impacto que esta perturbação apresenta nos contextos forense e clínico, implicam o desenvolvimento de mais investigações. GOMES, Cema Cardona; ALMEIDA, Rosa Maria Martins de. Psicopatia em homens e mulheres. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro , v. 62, n. 1, p. 13-21, abr. 2010 . Um dos fatores responsáveis pela formação da psicopatia é o ambiental. Acredita-se que esse fator, somado a condições econômicas precárias, possa estar superando fatores genéticos na formação dos psicopatas atuais. A maioria dos psicopatas faz parte das populações carcerárias. Estes indivíduos vivenciaram, geralmente, situações de pobreza, desamparo e desamor nas quais seus familiares, por vezes, se tornaram seus maiores “inimigos”. Isto pode estar facilitando o desvio de conduta e, consequentemente, favorecendo a instalação deste transtorno. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Personalidade e psicopatia: implicações diagnósticas na infância e adolescência; Estudos de Psicologia, 17(3), setembro- dezembro/2012, p. 453-460 Ainda que os traços de psicopatia possam não ser absolutamente estáveis ao longo do desenvolvimento, especialmente na passagem da adolescência para a idade adulta, muitos pesquisadores acreditam que este pode ser umproblema comum na avaliação de traços de personalidade. Para Selekin e Frick (2005) essa variabilidade na Personalidade e psicopatia 458 trajetória do transtorno psicopático ao longo do desenvolvimento, ao invés de um obstáculo, poderia ser útil para a investigação dos fatores que favorecem ou aumentam esta estabilidade, considerando também o reconhecimento dos fatores protetores para a criança ou adolescente. HAUCK FILHO, Nelson; TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira; DIAS, Ana Cristina Garcia. Psicopatia: o construto e sua avaliação. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 8, n. 3, p. 337-346, dez. 2009 . A psicopatia também tem sido relacionada a modelos compreensivos dimensionais de personalidade (Jackson & Richards, 2007). Um dos modelos mais utilizados para esse propósito é o modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF). Alguns estudos analisaram a relação entre a psicopatia e os CGF (Derefinko & Lynam, 2007; Jackson & Richards, 2007; Lynam & Widiger, 2007). Os resultados indicam, de um modo geral, uma relação positiva com extroversão e abertura à experiência, e negativa com escrupulosidade (ou conscienciosidade, realização) e socialização. As relações com as diferentes facetas do neuroticismo são divergentes. Relata-se relação negativa com depressão e relação positiva com afeto hostil direcionado a outros (Lynam & Widiger, 2007). Cleckley, Hervey M. (Hervey Milton), 1903-1984. (1941). The mask of sanity; an attempt to reinterpret the so-called psychopathic personality .. St. Louis :The C.V. Mosby Company, Eu não acredito que a causa do transtorno do psicopata tenha sido ainda descoberto e demonstrado. Até que tenhamos mais e melhores evidências do que presente disponível, vamos admitir a incompletude do nosso conhecimento e modestamente prosseguir o nosso inquérito Categoria 02: Diagnóstico AMARAL, Gabriella. Personalidade psicopática: implicação no âmbito do direito penal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 22, n. 5239, 4 nov. 2017. Desta forma, nas palavras de Ilana Casoy, criminóloga e escritora brasileira, “as doenças mentais interferem na capacidade de julgamento do indivíduo, como nos casos em que a pessoa apresenta casos de delírio de perseguição”. Ela afirma, também, que, no caso de assassinos em série, a doença mental não está ligada como principal causa para o agente cometer crimes em série, pois “dentre os criminosos condenados por homicídios que não apresentam um diagnóstico de doença mental é possível identificar que a ausência de sentimentos éticos e altruístas, unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona esses indivíduos a cometer crimes” DAVOGLIO, Tárcia Rita; GAUER, Gabriel José Chittó; JAEGER, João Vitor Haeberle e TOLOTTI, Marina Davoglio. Personalidade e psicopatia: implicações diagnósticas na infância e adolescência. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2012, vol.17, n.3 [citado 2018-09-25], pp.453-460. Pesquisas que tentaram associar possíveis traços de psicopatia com diagnósticos nosográficos já consolidados para a infância e adolescência também fortaleceram a aplicabilidade do construto às populações jovens. HAUCK FILHO, Nelson; TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira e DIAS, Ana Cristina Garcia. Psicopatia: o construto e sua avaliação. Aval. psicol. [online]. 2009, vol.8, n.3 [citado 2018-11-24], pp. 337-346 Os novos critérios diagnósticos enfocaram apenas os aspectos comportamentais da antisocialidade, que são mais fáceis de avaliar, aumentando a concordância entre diferentes avaliadores (Kosson, Lorenz, & Newman, 2006; Vaugh & Howard, 2005). Dessa forma, tornou- se mais precisa a identificação dos critérios diagnósticos nos pacientes e mais confiável o diagnóstico do TPAS. MORANA, Hilda C P; STONE, Michael H e ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006, vol.28, suppl.2 [citado 2019-04-29], pp.s74- s79 O diagnóstico dos transtornos de personalidade é ainda hoje de difícil identificação pelos psiquiatras. Esse fato é agravado pelo desinteresse que muitos deles manifestam pelos transtornos dessa natureza, por entenderem que patologias desse tipo, por serem permanentes e refratárias a tratamento, não compensam o atendimento especializado.10 Não raramente, o diagnóstico é lembrado somente quando a evolução do transtorno mental tratado é insatisfatória. SOEIRO, Cristina; GONCALVES, Rui A definição clara de psicopatia é algo fundamental, devido às suas implicações na investigação, diagnóstico, avaliação, intervenção e Abrunhosa. O estado de arte do conceito de psicopatia. Aná. Psicológica, Lisboa , v. 28, n. 1, p. 227-240, jan. 2010 replicabilidade de resultados na área de estudo referente às perturbações da personalidade (Gonçalves, 1999b). Atendendo à importância de uma clara definição deste conceito, serão analisados, no presente artigo, os aspectos mais relevantes que surgem associados a esta problemática. GOMES, Cema Cardona; ALMEIDA, Rosa Maria Martins de. Psicopatia em homens e mulheres. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro , v. 62, n. 1, p. 13-21, abr. 2010 Outro fator que contribui para dificultar o diagnóstico dos transtornos de personalidade em geral, mas principalmente o da psicopatia, é o fato de existirem várias graduações dentro desta, fazendo com que nem todos os psicopatas apresentem níveis de agressividade e intensidade de comportamentos iguais.
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