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DOS CRIMES

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DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO 
 
Bigamia 
 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
• 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo 
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. 
• 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não 
a bigamia, considera-se inexistente o crime. 
 
1. Bem Jurídico Tutelado - Tutela-se o casamento Monogâmico (Ordem Jurídica 
Matrimonial) e, consequentemente, a organização da família, considerada a base da 
sociedade. 
Via de regra, nas sociedades ocidentais a estrutura familiar funda-se em relações monogâmicas, 
com a exceção dos países que adotam a religião muçulmana, onde o homem pode contrair 
casamento com mais de uma parceira. 
 
1. Sujeito Ativo – No caput o S.A. só pode ser a pessoa casada (crime próprio). Já no 1º, o 
autor pode ser qualquer pessoa (crime comum). Pode ser Homem ou Mulher. 
Ainda no tocante ao sujeito ativo, existem entendimentos no sentido de que as testemunhas que 
afirmam a inexistência do impedimento, sabendo que um dos nubentes é pessoa já casada, 
respondem como partícipes, a exemplo de Luiz Régis Prado. Júlio Fabbrini Mirabete em sentido 
contrário ensina que, “não havendo colaboração das testemunhas para realização do tipo penal, 
em uma execução tal como a contida na descrição legal, não há falar em responsabilidade 
criminal pelo delito de bigamia. Nessa hipótese haveria colaboração nos atos preparatórios, 
sendo possível reconhecer apenas um crime de falsidade ideológica.”. No entanto, este 
posicionamento de MIRABETE é equivocado, pois, quem participa dos atos preparatórios, 
responde pelo crime final tentado ou consumado, nos moldes dos arts. 13, 29 e 30 do CP. 
O delito em questão admite a participação de terceiros, mediante auxílio, instigação ou 
induzimento, tanto na figura do caput, como no §1º. 
• É um crime Material, plurissubjetivo, instantâneo, Não transeunte (Pois admite o exame 
pericial dos documentos do casamento) 
2. Sujeito Passivo – O Estado, tendo em vista o bem jurídico tutelado. Também poderão 
figurar como vítimas o cônjuge do primeiro matrimônio e, até mesmo, o do subseqüente, 
desde que de boa-fé. 
3. Conduta – O núcleo do tipo é CONTRAIR, (assumir) novo casamento, sem desfazer o 
primeiro. 
 
A lei não exige que o casamento anterior seja válido, desde que vigente. Logo, se nulo ou 
anulável, até que se declare a nulidade ou que seja anulado, produzirá efeitos e servirá para 
caracterizar o crime de Bigamia. Note-se que se houver ação civil em curso que trata da anulação 
do primeiro casamento, a ação penal deve ser suspensa, pois se trata de questão prejudicial, 
aplicando-se o disposto no art. 92 do CPP. 
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o 
juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará 
suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, 
sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. 
 Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, 
promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. 
 O primeiro casamento deve encontrar-se vigente ao tempo da celebração do segundo. 
Neste caso, está se analisando a sua existência formal e não sua validade. 
 
Importante: O casamento deve ser válido na forma da lei. O casamento religioso, anterior ou 
posterior ao civil não irá se prestar a caracterizar o crime do art. 235 do CP, a não ser que seja 
realizado na forma do art. 226, §2º da CRFB/88, ou seja, que siga os termos do que estatui o 
Código Civil para sua celebração. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
• 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
 De acordo com o disposto no §1º, é também punido aquele que, não sendo casado 
(solteiro, viúvo ou divorciado), contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa 
circunstância. Nesse caso, a pena é reduzida, de um a três anos de reclusão ou detenção. Trata-se 
aqui a uma exceção pluralista à teoria monista do art. 29 do CP. 
 O crime, entretanto, deixa de existir nas hipóteses descritas no §2º, quais sejam: 
• Se o primeiro casamento for anulado por qualquer motivo; 
• Se o segundo casamento for anulado por outro motivo que não a própria bigamia; 
A Lei fala em Inexistência do Crime, já a exposição de motivos do código penal fala em extinção 
do delito de bigamia. Os efeitos da declaração de nulidade ou anulação do casamento possuem 
efeito“ex tunc”. 
Em sendo a questão da ANULAÇÃO ou NULIDADE de casamento uma matéria afeta ao estado 
civil das pessoas, somente o juízo cível poderá resolvê-lo. O Processo criminal deve ficar 
suspenso até que a controvérsia seja dirimida por sentença transitada em julgado. 
 
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser 
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou 
impedimento, anule o casamento. 
 
1. Bem Jurídico Tutelado – A instituição do Casamento e a organização da família. 
2. Sujeito Ativo – Qualquer pessoa (crime comum). É possível, inclusive, que os dois 
contraentes o pratiquem, simultaneamente, enganando um ao outro (DOLO 
BILATERAL). Exemplo: “A” oculta de “B” que é seu irmão e “B” induz “A” em erro 
essencial ao omitir que porta doença grave transmissível. 
 
Segundo Guilherme de Souza Nucci, (Código Penal Comentado, p. 842) o crime do art. 236 é 
FORMAL, pois, não exige nenhum resultado naturalístico, consistente na efetiva dissolução do 
matrimônio por conta do erro ou do impedimento”. 
A doutrina tabe afirma que o delito em questão é instantâneo, plurissubsistente, plurissubjetivo e 
não transeunte. 
 
1. Sujeito Passivo – É o Estado. Também pode figurar no polo passivo o contraente 
enganado (de boa-fé). 
2. Conduta – Lendo o caput do art. 236 percebemos duas condutas, que são: 
1. INDUZIR outrem a erro essencial. Este erro essencial vem descrito no art. 1.557 CC/02 
e nos ensina o seguinte: 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu 
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a 
vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e 
transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de 
sua descendência; 
IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne 
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado. 
 
2. OCULTAR impedimento, desde que não seja casamento anterior (tratando-se de 
casamento anterior, ainda vigente, o crime será de bigamia, art. 235 CP). Os 
IMPEDIMENTOS tornam o casamento NULO e suas hipóteses estão relacionadas no art. 
1521 CC/02. 
• Importante: Apesar de a Lei silenciar, a doutrina ensina que a ocultação deve ser 
comissiva (uma ação), pois a forma omissiva (silêncio, inação) é um indiferente penal,ou seja, não é fato típico. 
Cuidado: Com a alteração do código civil em 2002, não mais se considera como erro essencial o 
defloramento de mulher, ignorado pelo marido, constante do inciso IV do art. 219 do antigo 
Código Civil. Ocorrendo tal situação, não mais se configura a figura típica do art. 236 do CP. 
Neste ínterim, houve a extinção da punibilidade retroativa a todas as condutas anteriormente 
praticadas. 
Ainda quanto à situação aventada acima, operou-se o incremento da circunstância quanto “a 
ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne 
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.”. Neste particular, houve a criação de uma 
novatio legis incriminadora. 
 
- E ainda, se o outro cônjuge conhecia o impedimento, o crime não resta configurado. 
* O Objeto Material do art. 236 é o casamento. 
 
- O crime pode ser cometido via omissão imprópria. (art. 13, §2º do CP). 
3. Tipo Subjetivo – É o DOLO. Não se exige nenhuma finalidade especial por parte do 
agente. 
1. Consumação e Tentativa – Consuma-se o crime com o casamento, não sendo bastante 
o induzimento a erro ou a ocultação de impedimento. 
A condição imposta pelo parágrafo único (a ação penal não pode ser intentada senão depois de 
transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento torna 
a tentativa juridicamente impossível). 
Diverge a doutrina a respeito da natureza desta condição. Para autores como Fragoso, Mirabete, 
Damásio e Bitencourt, trata-se de condição de procedibilidade. Já para Noronha, Bento de Faria 
e Paulo José da Costa Junior, constitui condição objetiva da punibilidade. 
2. Prescrição – A contagem do prazo prescricional inicia-se no dia do trânsito em julgado 
da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
3. Ação Penal e Competência – Trata-se de crime de Ação Penal Privada de iniciativa 
EXCLUSIVA do contraente enganado (É a chamada ação personalíssima). Portanto, 
somente pode ser instaurada mediante queixa do cônjuge ofendido e após o trânsito em 
julgado da sentença que decretou a nulidade do matrimônio. (condição de 
procedibilidade) 
Tendo em vista a pena máxima conferida ao delito, estamos diante de uma infração penal de 
menor potencial ofensivo, sujeita ao procedimento sumaríssimo da lei 9099/95. Cabível a 
aplicação do art. 89 da Lei 9099/95. 
 
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 
 
DOS CRIMES CONTRA DE PERIGO COMUM 
 
Incêndio 
 
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de 
outrem: 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
Aumento de pena 
• 1º - As penas aumentam-se de um terço: 
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; 
II - se o incêndio é: 
1. a) em casa habitada ou destinada a habitação; 
2. b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de 
cultura; 
3. c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; 
4. d) em estação ferroviária ou aeródromo; 
5. e) em estaleiro, fábrica ou oficina; 
6. f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; 
7. g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; 
8. h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. 
Incêndio culposo 
 
• 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
1. Bem Jurídico Tutelado – Tutela-se a incolumidade Pública, abalada na conduta do 
agente que causar incêndio. 
O incêndio em tempos remotos era geralmente considerado um apenas como um meio para a 
prática de outros delitos, e sua previsão nos remete para Grécia antiga e para a legislação Romana. 
A lei das XII Tábuas previa a pena de morte para aquele que incendiasse construções 
dolosamente. Se o fizesse culposamente seria obrigado a reparar o dano. 
Assim, posteriormente surgiram outras codificações que puniam o delito de praticar incêndio 
dolosamente, muitas vezes com a pena de morte pelo fogo ou por suplícios. 
 
• INCOLUMIDADE PÚBLICAé a segurança de todos os membros da sociedade, que tem 
a sua vida, integridade pessoal e patrimonial sujeitas a acentuada probabilidade de lesão. 
1. Sujeito Ativo – Qualquer Pessoa. 
2. Sujeito Passivo – O ESTADO, a coletividade (crime vago), bem como aqueles que, 
eventualmente, são atingidos (em sua vida, integridade pessoal ou patrimonial) pela 
prática incendiária. 
3. Conduta – Pune-se a conduta daquele que causar (provocar) incêndio, expondo a perigo 
a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. 
O verbo núcleo do tipo, como visto acima, é CAUSAR incêndio, expondo a perigo a vida, a 
integridade física ou o patrimônio de outrem. Por incêndio, entende-se o fogo perigoso, 
potencialmente lesivo à vida, integridade corporal ou ao patrimônio de um número indeterminado 
de pessoas. É irrelevante, para a caracterização do delito, a natureza da coisa incendiada, que 
pode, eventualmente, qualificar o delito de incêndio. 
 
Importante: CAUSAR INCÊNDIO é um crime de PERIGO CONCRETO! 
 
A exigência do perigo faz parte do tipo penal e integrante como elemento normativo do tipo. 
Podemos afirmar que o crime somente se consuma se houver o efetivo perigo ao bem jurídico 
tutelado! 
Entende Luiz Régis Prado que é perfeitamente possível a conduta OMISSIVA no tipo penal em 
questão! 
4. Tipo Subjetivo – É o DOLO! O agente deve saber que de tal ato resultará perigo comum. 
Não se exige finalidade especial por parte do incendiário (podendo servir, no entanto, 
como causa de aumento de pena, art. 250, §1º, inciso I do CP. 
Importante - O perigo deve atingir a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. 
 
5. Consumação e Tentativa – Consuma-se o crime no momento em que o fogo se propala, 
gerando efetivo, ou seja, concreto perigo comum, pela sua capacidade de subsistência, 
expansão e resistência a debelação (dificuldade de extermínio), questão de fato a ser 
resolvida em cada caso concreto. 
É pacífica a admissibilidade da tentativa de incêndio Doloso. Alguns Exemplos bem esclarecem 
a questão: A mecha acesa é atirada dentro de uma casa, mas não se comunica o fogo a objeto 
comum, em virtude dos moradores rapidamente a retiram do local. Outro exemplo, seria o caso 
da chama desta “mecha” comunicar-se a objetos ou móveis dentro da casa, mas antes de atingir a 
construção é apagado por terceiro. 
O §1º do art. 250 traz o rol de circunstâncias em que a pena é aumentada de um terço, atentando-
se para a ganância do agente ou a maior dificuldade da debelação do fogo e, consequentemente, 
de maior perigo. 
Importante o fato de que, se do incêndio doloso resulta lesão corporal de natureza grave, a pena 
privativa de liberdade é aumentada de metade. No caso, se resultar a morte, é aplicada em dobro 
(art. 258, 1ª parte do CP). Se do incêndio culposo resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de 
metade; se resultar a morte aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um 
terço (art. 258, 2ª parte do CP). 
O §2º prevê pena menor (6 meses a 2 anos de detenção) se o incêndio é provocado culposamente, 
e o agente não tem condições de evitar que seu ato acarrete perigo comum, pois, do contrário, 
podendo impedir a propagação e não o fazendo responderá pelo incêndio na forma comissiva por 
omissão. Também se faz necessário esclarecer que as figuras majoradas do §1º, não têm aplicação 
neste caso. 
 
• Importante a observação de Luiz Régis Prado no sentido de que, não ocorre o crime se o 
incêndio atingir coisa pertencente ao próprio agente! Pois, neste caso, não subsiste o 
perigo comum! No entanto, se o fim do agente é obter a indenização ou o pagamento de 
eventual seguro, incorrenas sanções previstas no art. 171, §2º, inciso V. 
Se não houver o PERIGO COMUM, não caracteriza-se o Crime de incêndio, no entanto, isto não 
quer dizer que não houve crime, podendo subsistir o delito do art. 163 do CP, parágrafo único, 
inciso II. 
Entre as finalidades específicas dos art. 250, §1º, inciso I e art. 171, §2º, inciso V, se houver o 
perigo comum e a finalidade específica do agente for o pagamento de seguro ou indenização, 
prevalece o delito de incêndio. 
Atentar também para o fato de que, se o fim do agente for de ofender a integridade física ou a 
saúde de pessoa certa e determinada, responde pelo delito de homicídio qualificado (art. 121, §2º, 
inciso III) ou de lesão corporal (art. 129 CP), consumados ou tentados, em concurso formal com 
o crime do art. 250. 
• Se o incêndio é praticado mediante inconformismo político ou para a obtenção de fundos 
destinados a manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas, perfaz-
se o delito constante no art. 20 da lei 7.170/83, Lei de Segurança Nacional. 
1. Ação Penal e Competência – O incêndio Doloso prevê pena de 03 a 06 anos e multa, 
conforme dispõe o caput do art. 250. Tratando-se da modalidade culposa, a pena prevista 
é de 06 meses a 2 anos (art. 250, §2º). No caso do delito culposo a competência para o 
processo e julgamento é do JECRIM. 
A Ação Penal é Pública Incondicionada! 
 
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E 
TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo 
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato 
tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. 
 
 
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo 
• 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou 
destruição de aeronave: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Prática do crime com o fim de lucro 
• 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter 
vantagem econômica, para si ou para outrem. 
Modalidade culposa 
• 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
1. Bem Jurídico Tutelado – A incolumidade Pública. 
O Direito Penal Romano já se ocupava do perigo que as navegação sofria quando da ocorrência 
dos “falsos faróis”, que tinham por objetivo dificultar o trânsito de embarcações e muitas vezes 
inclusive, fazê-las naufragar. 
1. Sujeito Ativo – Qualquer pessoa. Crime Comum. 
2. Sujeito Passivo – Será a Coletividade e, secundariamente, em caso de desastre, os 
lesados. 
3. Conduta – É imprescindível que se trate de aeronave ou embarcação destinada ao 
transporte coletivo, caso contrário não se identifica o perigo comum exigido pelo tipo. 
Nesse sentido, explica Luiz Régis Prado citando o posicionamento de Nelson Hungria: 
“É imprescindível que a embarcação ou aeronave – própria ou alheia – ancorada ou em pouso 
– em viagem ou em vôo – destine-se ao transporte coletivo ou público. Configura a conduta em 
apreço a prática de qualquer comportamento apto a expor a perigo ou capaz de impedir ou 
dificultar o transporte marítimo, fluvial ou aéreo, tais como: ‘provocar o abalroamento ou 
colisão de embarcações ou aeronaves, ou o investimento de umas ou outras contra resistências 
passivas; fazer brecha em embarcação, ensejando a invasão de águas; destruir ou remover 
aparelhos ou peças indispensáveis à orientação ou segurança da embarcação ou aeronave; 
apagar, inutilizar ou deslocar sinais guiadores; remover bóias ou faróis, ou transmitir falsos 
avisos; tornar impraticável algum ancoradouro ou campo de pouso, etc”. 
 
 Percebe-se que no tipo penal subsistem duas modalidades de conduta, compostas pelos 
seguintes núcleos do tipo: 
1. EXPOR a perigo Embarcação (Lancha, navio, barco ou qualquer outra construção 
destinada à navegação, que vise o transporte coletivo). 
2. EXPOR a perigo Aeronave (Avião, helicóptero, balão, etc) desde que, sirva para o 
transporte coletivo de pessoas. 
Estamos diante de um crime de forma livre, pois o caput em sua segunda parte fala o seguinte: 
PRATICAR qualquer ato tendente a impedir (obstruir, alavancar) ou DIFICULTAR (tornar mais 
difícil) navegação marítima fluvial ou aérea. 
 
Exemplos: 
1. Causar danos que tornem precárias as condições de navegabilidade de uma embarcação. 
2. Subtrair peças necessárias ao governo do veículo. 
• Abalroamento ou Colisão de embarcações. 
1. Remoção ou inutilização de sinais de tráfego. 
2. Colocação de falsos faróis. 
Outro exemplo que podemos lembrar recentemente é o de um certo comandante Italiano de uma 
embarcação “Cruzeiro” que no momento em que houve a colisão com a as pedras, o comandante 
encontrava-se jantando com uma bela loira ao invés de estar pilotando o navio. 
4. Tipo Subjetivo – É o DOLO, consubstanciado na vontade consciente de expor a perigo 
embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir 
ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea. No parágrafo terceiro subsiste a 
modalidade culposa. 
O tipo em apreço não exige finalidade especial por parte do agente. No entanto, o §2º, determina 
que a pena de multa será cumulativamente aplicada na hipótese em que o crime é praticado com 
o intuito de se obter vantagem econômica (ganância), para o próprio agente ou para terceiro. 
• O Crime é de PERIGO CONCRETO! 
O crime trata de atentado contra a segurança dos transportes mencionados no artigo, de modo 
que, se não periclita tal segurança, não subsistirá qualquer delito. Pode subsistir, dependendo do 
caso concreto, crime de dano, art. 163 do CP. Por outro lado, cotejado o caput do artigo com o 
§1º, é de se inferir, a toda evidência, que qualquer dos fatos indicados naquele seja de molde a 
criar efetivamente a possibilidade de dano extensivo ou difuso (Naufrágio, submersão ou encalhe 
de embarcação, desastre aviatório). 
Importante: O art. 19 da Lei 7.170/83, pune com reclusão de 2 a 10 anos apoderar-se ou exercer 
controle de aeronave, embarcação ou veículo de transporte coletivo, com emprego de violência 
ou grave ameaça à tripulação ou a passageiros. Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena 
aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo. 
Art. 15 - Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias 
de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras 
instalações congêneres. 
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. 
• 1º - Se do fato resulta: 
1. a) lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade; 
2. b) dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, 
total ou parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a 
segurança ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro; 
3. c) morte, a pena aumenta-se até o triplo. 
• 2º - Punem-se os atos preparatórios de sabotagem com a pena deste artigo reduzida de 
dois terços, se o fato não constitui crime mais grave. 
Art. 19 - Apoderar-se ou exercer o controle de aeronave, embarcação ou veículo de transporte 
coletivo, com emprego de violência ou grave ameaça à tripulação ou a passageiros. 
Pena: reclusão, de 2 a 10 anos. 
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se 
resulta morte, aumenta-se até o triplo. 
 A lei 11.343/06, Lei de Drogas, em seu art. 39, pune com detenção de 6 meses a 2 anos 
conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a 
incolumidade de outrem. As penas deprisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, 
serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias multa, se o 
veículo referido no caput for de transporte coletivo de passageiros. 
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial 
a incolumidade de outrem: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão do veículo, cassação da 
habilitação respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade 
aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. 
 
Arremesso de projétil 
 
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por 
terra, por água ou pelo ar: 
Pena - detenção, de um a seis meses. 
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 
(dois) anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço. 
1. Bem Jurídico Tutelado - Incolumidade Pública. 
Além da incolumidade pública, merece destaque o aspecto da segurança dos meios de transporte 
público. 
O OBJETO MATERIAL é o Veículo encarregado do transporte público, seja por terra, água ou 
ar! 
• Não importa se o veículo de transporte público pertence diretamente ao poder público, ou 
se, é explorado por concessionária ou permissionária do serviço de Transporte coletivo. 
2. Sujeito Ativo – Qualquer Pessoa. Crime Comum. 
3. Sujeito Passivo – É a Coletividade e eventualmente, o lesado pela conduta do agente. 
4. Conduta – Ressalte-se que neste caso, o transporte público será qualquer dos referidos 
no arts. 260 a 262 do CP. 
Para a configuração do crime é imprescindível que o projétil seja atirado contra veículo público 
em movimento (Se particular o veículo – em trânsito ou não – ou se público o veículo, mas 
estacionado ou parado, outro poderá ser o delito, como por exemplo, dano ou lesões corporais). 
Em posicionamento praticamente isolado, Guilherme de Souza Nucci afirma que o veículo pode 
estar parado, v.g. no caso de estar parado em um engarrafamento, e que o delito apenas não se 
configura quando o veículo estiver estacionado. 
Explica Rogério Greco que o veículo de transporte público não necessita estar transportando 
pessoas, podendo transportar coisas em seu interior! 
• Veículo particular não configura o crime em tese, mesmo que em seu interior existam 
diversas pessoas! 
• Por PROJÉTIL, entende-se o objeto sólido e pesado que se lança no espaço! É necessário 
que o projétil tenha potencial lesivo, ou seja, capaz de produzir dano a pessoas ou coisas, 
ou seja, idôneo a oferecer perigo. Não configura o arremesso de projétil atirar ovos ou 
tomates. 
1. Tipo Subjetivo – O tipo Subjetivo é o DOLO, consistente na vontade consciente de 
arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público, por 
terra, água ou pelo ar. 
Não é exigido o elemento especial do injusto. Se o objetivo do agente é atingir pessoa certa e 
determinada dentro do veículo, responderá pelo crime de lesões corporais ou homicídio, seja 
tentado ou consumado, em concurso formal. 
 
2. Consumação e Tentativa – Consuma-se o crime no momento em que o projétil é 
lançado, ainda que não atinja o veículo. A jurisprudência qualifica esta infração penal 
como sendo de perigo abstrato, ou seja, o perigo é presumido. Basta que o projétil lançado 
seja apto a causar dano ao veículo de transporte. 
Parte da doutrina afirma que o crime é unissubsistente, não admitindo a tentativa (Luiz Régis 
Prado, Fernando Capez) No entanto, Mirabete, sustenta ser o crime Plurisubsistente, 
reconhecendo o “conatus”, quando já iniciada a conduta de arremesso, o resultado Perigo não 
ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente (No mesmo sentido afirma Rogério Greco) 
 
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA 
 
Epidemia 
 
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: 
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.(Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
• 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. 
• 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de 
dois a quatro anos. 
1. Bem Jurídico Tutelado – A incolumidade pública, principalmente no tocante à saúde 
das pessoas. Todos tem direito ao ar saudável, à água, etc. Ressalte-se que o bem jurídico 
tutelado Saúde Pública, possui base constitucional no art. 196 da CRFB/88. É quase certo 
que se a saúde pública caminhar bem, a saúde individual das pessoas também possuirá 
grande probabilidade de andar bem! 
O Objeto Material são os Germes Patogênicos e as pessoas afetadas pelos Germes. 
 
2. Sujeito Ativo – Qualquer pessoa. Crime Comum. 
• Pode ser sujeito ativo o próprio indivíduo contaminado pelo Germe Patogênico. 
3. Sujeito Passivo – Sujeito Passivo é a coletividade, bem como, (secundariamente) aqueles 
que foram atingidos pela disseminação. 
4. Conduta – Consiste a infração penal em causar Epidemia, mediante a propagação de 
Germes Patogênicos. Propagar significa difundir, multiplicar, disseminar. 
Epidemia é o surto de uma doença transitória que ataca simultaneamente um número 
indeterminado de pessoas em certa localidade. No entanto, alerta Cláudio Heleno Fragoso que 
“não é qualquer moléstia infecciosa e contagiosa, mas somente aquela suscetível de difundir-se 
na população, pela fácil propagação de seus germes, de modo a atingir, ao mesmo tempo, grande 
número de pessoas, com caráter extraordinário (Exemplos: Tifo, poliomielite, influenza, raiva, 
difteria, etc). Ressalte-se que a epidemia não se confunde com a endemia (moléstia infecciosa que 
ocorre habitualmente e com incidência significativa em determinada população) e Pandemia 
(enfermidade amplamente disseminada, ou seja, que atinge várias nações). 
Germes Patogênicos – “são todos os elementos capazes de produzir moléstias infecciosas 
(bacilos ou quaisquer outros microorganismos com esse poder), pouco importando que já estejam 
biologicamente identificados).”. Ou ainda, Germe Patogênico pode ser conceituado como: “o ser 
unicelular que produz ou desenvolve doença infecciosa.”. 
 
 O Código busca com a “PAZ PÚBLICA” a preservação e a prevenção de condutas criminosas 
descritas nos artigos supracitados. A doutrina sustenta que se punem apenas “Atos Preparatórios”, 
sugerindo uma alteração a regra do art. 31 do CP. 
Apologia de crime ou criminoso 
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
1. Objeto Jurídico – A Paz Pública. 
2. Sujeito Ativo – Qualquer Pessoa. 
3. Sujeito Passivo – A Coletividade (Crime Vago). 
4. Conduta – Primeiramente, deve ser ressaltado que embora seja espécie do mesmo 
gênero, este crime não se confunde com o anterior, havendo clara diferença na forma de 
instigar: lá (art. 286) a instigação é explícita; aqui no art. 287, o induzimento é implícito, 
feito através de elogios, exaltação a fatos criminosos ou a seus autores. 
Consiste a figura delituosa em fazer, publicamente, apologia (elogio, exaltação) de fato criminoso 
ou de autor de crime. Novamente, afasta-se o crime na hipótese de o agente se referir a 
contravenção ou ao contraventor. Apologia de crime culposo, não é punível, pois não pode haver 
instigação, direta ou indireta, à prática de um ato involuntário. 
Exige-se, para a configuração o crime, a publicidade, ou seja, que o agente dirija seus elogios a 
um número indeterminado de pessoas. 
Referindo-se a lei a apologia de fato criminoso, entende parcela da doutrina que o delito elogiado 
de ser passado (se futuro, haverá incitação ao crime). No entanto, Nelson Hungria discordadizendo: 
“Em se tratando de apologia de “Fato Criminoso” (que outra coisa não quer dizer senão crime, 
como deixa claro, aliás, a rubrica lateral do artigo), pouco importa que o mesmo seja 
consideradoin concreto,ouin abstrato,como episódio já ocorrido ou acontecimento futuro. A lei 
não distingue, nem podia distinguir. O alarma coletivo tanto pode ser provocado pela 
possibilidade de que o crime seja repetido por outrem, quanto, como é óbvio, pela possibilidade 
de que alguém tenha a iniciativa de praticá-lo”. 
 Também não se configura o crime quando o elogio se dirige ao autor do crime sem que 
o agente vise exaltá-lo por essa prática, mas busca enaltecer qualidades que lhe são inerentes, 
alheias, portanto, à ação delituosa. 
 É controvertida a necessidade da existência de sentença condenatória irrecorrível contra 
o autor do crime elogiado. Para Celso Delmanto, “a apologia que este tipo penal incrimina, em 
sua última parte, é somente a de autor de crime que assim tenha sido considerado por decisão 
condenatória passada em julgado. Portanto, a apologia de acusado de crime, ou seja, de pessoa 
que ainda não tenha sido condenada definitivamente, será atípica. Já para Nelson Hungria, 
Cláudio Heleno Fragoso e Luiz Régis Prado, tal circunstância não deve ser exigida. 
5. Tipo Subjetivo – Dolo de fazer Publicamente, apologia a fato criminoso. 
6. Consumação e Tentativa - Consuma-se o Crime com a Apologia do fato criminoso, 
independentemente da efetiva perturbação da ordem pública. (Perigo Abstrato) 
7. Ação Penal – A Competência para o processo e julgamento de ambos os delitos é do 
Juizado Especial Criminal (art. 61, Lei 9099/95). Admitida a Suspensão Condicional do 
Processo, nos moldes do art. 89. A Ação Penal é Pública Incondicionada. 
8. Curiosidades: 
- A Palavra APOLOGIA provém do grego, e quer dizer, elogio, louvor. 
- Informativo 631 STF – Liberdades Fundamentais e Marcha da Maconha – 15/06/2011 – ADPF 
187/DF. 
 
O Código busca com a “PAZ PÚBLICA” a preservação e a prevenção de condutas criminosas 
descritas nos artigos supracitados. A doutrina sustenta que se punem apenas “Atos Preparatórios”, 
sugerindo uma alteração a regra do art. 31 do CP. 
 
Incitação ao crime 
 
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: 
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. 
1. Objeto Jurídico – A Paz Pública. 
2. Sujeito Ativo – Qualquer Pessoa. 
3. Sujeito Passivo – A Coletividade. 
4. Conduta – A conduta delituosa se consubstancia em INCITAR (Induzir, Provocar, 
Estimular, Instigar), publicamente, a prática de determinado crime. 
Diante da Conduta podemos concluir que: 
122. INEXISTE a infração quando a incitação visar a prática de contravenção penal 
ou ato penas imoral. Note-se que se a pessoa é incitada ao suicídio, o instigador 
responderá pelo crime do art. 122. Se a pessoa é estimulada a prostituir-se, poderá haver 
o crime do art. 228 CP. 
123. É Imprescindível que a incitação seja feita publicamente, atingindo número 
indeterminado de pessoas, podendo ocorrer das mais diversas formas (CRIME DE AÇÃO 
LIVRE). 
124. Não é bastante eu o agente incite publicamente a prática de delitos de forma 
genérica para que se configure o crime, devendo apontar fato determinado, como por 
exemplo, conclamar publicamente titulares de determinado direito a fazer justiça com 
suas próprias mãos, o que constitui o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
O crime não se configura nas hipóteses em que o agente simplesmente apresenta uma tese de que 
certa conduta deve ser descriminalizada. Nesse sentido, Nelson Hungria explica que: 
 “É bem de ver que se não apresenta o crime quando apenas se faz a defesa de uma tese 
sobre a ilegitimidade ou sem razão da incriminação de tal ou qual fato, como por exemplo, o 
homicídio eutanásico, o crime de Otelo, etc. Não há aqui, oanimus instigandi delicti, mas apenas 
uma opinião no sentido de exclusão do crime, delege ferenda”. 
• Importante: Não é necessário que seja mencionado o “nomem júris” do delito! Da mesma 
forma, não se cogita a instigação a título culposo, em razão da natureza da culpa. 
• O posicionamento de Luiz Régis Prado é no sentido de que a incitação pode ocorrer tanto 
no presente quanto para o futuro, como exemplo: “Prevejo que, se esta crise continuar, as 
pessoas serão constrangidas a matar.” 
 
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia 
particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste 
Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
1. Objeto Jurídico – Paz Pública. 
2. Sujeito Ativo – Qualquer pessoa. 
3. Sujeito Passivo – Será a Coletividade. 
4. Tipo Subjetivo – DOLO, havendo um elemento subjetivo especial do injusto, que é a 
finalidade de cometer crimes, sem a qual o delito não se configura. (CRIMES DO 
CÓDIGO PENAL) 
CUIDADO: O artigo 288-A não fala em número mínimo de integrantes! 
Discussão doutrinária acerca do número de integrantes! 
 
Título X – Capítulo I - Da Moeda Falsa 
 
Moeda Falsa 
 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso 
legal no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
• 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
• 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 
à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a 
dois anos, e multa. 
• 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou 
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a 
fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
• 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não 
estava ainda autorizada. 
1. Bem Jurídico Tutelado: Fé Pública Detalhe: A Fé Pública no que tange a emissão de 
moeda(Mas o que é Fé Pública?). A Fé Pública nada mais é do que a confiança que a 
coletividade (sociedade) deposita na autenticidade e veracidade dos documentos. Ex do 
saque em Caixa Eletrônico! Ninguém quase confere na boca do caixa eletrônico! 
Raramente! 
• A COMPETÊNCIA para o Processo e Julgamento deste crime é da Justiça Federal, pois 
presente está o interesse na União, titular do direito de emitir e fazer circular moeda. 
Pergunta de Prova: Princípio da Insignificância! Será que aplica-se o princípio da Insignificância 
em relação ao delito de Moeda Falsa? Cuidado, pois sob o assunto o STF tem alguns julgados, 
HC 83.526 (Ano de 2004) onde o STF entendeu que seria possível a aplicação do princípio ao 
delito de Moeda Falsa, pois, neste caso específico, tratava-se de uma nota falsa de 5 reais! Mas 
cuidado, essa posição no STF é MINORITÁRIA! NO HC 96.153 o STF entendeu que não é 
cabível a aplicação do princípio da Insignificância no delito de Moeda Falsa! Por mais que a nota 
não tenha um valor elevado, a ideia que prevalece é de que a nota tem uma capacidade de lesão 
muito grande! Ao contrário de um documento, geralmente a Moeda Falsa circula por toda 
coletividade! Entendimento este do STF e da Maioria da Doutrina! PARA CONCURSO, não é 
cabível a Aplicação! 
Pergunta de Prova: Discussão em torno da FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA! Vale para qualquercrime contra a Fé Pública! Lesa-se a confiança da sociedade! A Falsificação Grosseira NÃO 
TIPIFICA o CRIME de FALSO! Pois, não há lesão ao Bem Jurídico Tutelado! Sempre que 
estivermos falando dos delitos de “FALSUM” deve ter idoneidade para Enganar! Deve Possuir 
Potencialidade Lesiva! A moeda deve ser falsificada de tal forma a circular no meio de tal forma 
a enganar as pessoas! Ex: Geralmente Moeda Falsa o golpe é clássico, o falsário irá utilizar uma 
moeda falsa de grande valor para conseguir o troco! A moça que percebeu já tinha trabalhado em 
uma instituição bancária! * Não é porque uma pessoa percebeu que ela era uma falsificação 
GROSSEIRA! A possibilidade de Falsificação Grosseira, é aquela grosseria que qualquer um 
percebe! Não aquele que tem alguma habilidade especial! A FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA não 
TIPIFICA o crime de FALSUM! MAS a falsificação Grosseira pode tipificar outro delito! 
Cuidado, pois a depender do caso concreto pode caracterizar outro delito, como exemplo, o 
ESTELIONATO! 
- É necessário a “Imitatio Veri”! 
Súmula 73 STJ – A utilização de Papel Moeda Grosseiro, caracteriza, em tese o delito de 
ESTELIONATO, de competência da Justiça Estadual! 
1. Sujeitos do Crime – Em relação às figuras delituosas, caput, e §§1º, 2º e 4º são crimes 
que podem ser praticados por qualquer pessoa! 
Já o §3º é Crime Próprio! Depende da qualidade do agente! 
• 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário 
público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou 
autoriza a fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
O Sujeito PASSIVO é o ESTADO! Coletividade em Sentido Amplo! Pois tem interesse na 
autenticidade e validade do Papel Moeda! Dependendo do caso, é claro que se pode ter uma 
pessoa Física ou Jurídica que foi lesada pelo Crime! Neste caso, a vítima Secundária é a pessoa! 
 
2. TIPO OBJETIVO – é a FALSIFICAÇÃO! Falsificar nada mais é do que a Imitação 
Enganosa da Verdade! Deve a falsificação possuir idoneidade para Enganar! 
Qual a moeda que você está falsificando? O tipo do art. 289, fala tanto da Moeda Metálica quanto 
ao Papel Moeda! A Moeda é a de curso legal no país ou no estrangeiro! 
... moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: 
Se alguém falsificar no Brasil Cruzados ou Cruzeiros? Ocorre Crime? Ou outro exemplo, Alguém 
falsifica uma nota de 1.000.000 de Reais! Neste caso, a nota não é de curso legal no País, logo 
não caracteriza o delito de Moeda Falsa! 
A Falsificação de Dólares (Moeda Estrangeira) no Brasil é Julgado por quem? A competência 
também é da Justiça Federal, pois compete ao Banco Central fiscalizar a situação de Moeda 
estrangeira em curso no país! 
 
ARTIGO 289 CONTIUAÇÃO 
 
CUIDADO: Se houver diversas cédulas falsificadas, existem quantos Crimes? Neste caso, 
continua havendo crime Único! Óbvio, desde que a falsificação tenha sido praticada num mesmo 
contexto! Se estas condutas são praticadas em contextos diversos, podem configurar crime 
continuado, concurso, etc. 
• FABRICANDO a Moeda (Manufaturando, fazendo a cunhagem da moeda): o próprio 
agente produz, cria a moeda. 
• ALTERANDO (Modificando, adulterando): utilizando moeda verdadeira (autêntica), a 
altera (por exemplo, diante de uma cédula de R$ 1,00 ou de R$ 10,00 a transformá-la em 
R$ 100,00). 
1. Tipo SUBJETIVO - Necessário o DOLO! No caso do art. 289, caput, como o §1º, são 
punidas a título de DOLO DIRETO, como DOLO EVENTUAL! 
Cuidado: O crime não exige que tenha havido LUCRO para o falsificador ou a intenção de obter 
LUCRO! Não existe este requisito de Lucro no DOLO! 
 
Pergunta: Como o Delegado irá provar o DOLO do camarada em falsificar? Resposta: todos 
sempre dizem que não sabiam que a nota era falsa! Se o camarada resolver nos ajudar com uma 
confissão, melhor, mas não é o que acontece na prática! Até mesmo nos delitos em que estava 
com uma CNH falsa, RG falso. Como se prova o DOLO? A consciência da falsificação! O 
elemento Subjetivo (DOLO) geralmente será provado a partir dos elementos Objetivos do caso 
Concreto! Tenta-se provar mediante análise das circunstâncias Objetivas do Caso Concreto! No 
caso de Moedas, o falsificador geralmente é Burro! Em 90% dos casos, o falsificador é preso com 
um bolo de Nota falsa! Um maço de notas de 50 ou 100, todas com o mesmo número de série! Se 
o acusado traz uma nota de 100 misturada com outras notas verdadeiras de 50 ou 100, 20, 10, 5, 
etc.! Neste caso, fica mais difícil provar o Elemento Subjetivo! 
1. Circulação de Moeda Falsa – art. 289, §1º - 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal 
no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
• 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
A Figura do §1º é muito mais comum! O ideal seria conseguir pegar o falsário! 
Imagine que uma pessoa falsificou, e depois ela mesmo introduziu na situação esta Moeda Falsa! 
Pergunta: Por qual crime esta pessoa irá responder? Na realidade existe uma única ofensa ao Bem 
Jurídico Tutelado! Haverá Crime Único de Moeda Falsa! Mas por qual crime ele irá responder? 
Geralmente a Doutrina nos diz que quando você tem a FALSFICAÇÃO E depois a mesma pessoa 
faz a INTRODUÇÃO, a falsificação é figura do caput, e a introdução é figura do §1º, 
PREVALECE na DOUTRINA que o cidadão deve responder pelo art. 289 Caput! A doutrina 
costuma falar que o crime é a FALSIFICAÇÃO, e a introdução é mero exaurimento do delito! 
OU chamado (Post Factum Impunível). O Melhor para a Persecução Penal, é conseguir trabalhar 
com a Introdução, pois é muito mais fácil provar que a pessoa seria responsável pela introdução 
do que pela FALSIFICAÇÃO! (Carrega um pouquinho na mão) Faz a prisão em Flagrante um 
pouquinho mais pesada, faz a denúncia um pouco mais pesada! Etc. 
Na hora de fazer o relatório, na hora de fazer a denúncia, é importante fazer a relação das duas 
denúncias! Seja como Delegado, seja como Promotor! 
Ainda quanto ao art. 289, §1º, é importante não confundir a figura do art. 289, §2º; 
 
• 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 
à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois 
anos, e multa. 
-No Parágrafo 1º, o agente já tem consciência quanto a falsidade da Nota! Quando a pessoa recebe 
a nota ela já está agindo Dolosamente! Ex: O camarada que entrega 1.000,00 reais de verdade e 
compra 20.000,00 reais falsos e então é preso! 
- No parágrafo 2ºo agente não tem consciência quanto à falsidade. Depois, sabendo que se trata 
de Moeda Falsa, o agente, sabendo que a nota é falsa, o agente a restitui a circulação! Ex: do 
Taxista; Vc vai lá e paga com uma nota de 100 reais e recebe 80 de troco! Nesse caso, chega em 
casa e ao olhar as notas, verifica que recebeu uma nota falsa! E decide não ficar no prejuízo e 
passar adiante! Recebe de boa fé e passa adiante de má-fé! Pena de 6 meses a 2 anos (Infração de 
Menor Potencial Ofensivo dos JEFs (Juizados Especiais Federais) 
Cuidado: Depois sabendo que se trata de MOEDA FALSA! Terá que demonstrar que quando o 
agente a reintroduziu no mercado, sabia que a nota era falsa! 
 
CRIMES DE FALSIDADE MATERIAL 
Falsificação de documento público 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público 
verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte,documento particular ou alterar documento 
particular verdadeiro: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 
FALSIDADE IDEOLÓGICA 
 
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele 
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar 
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: (Capacidade de 
causar um mal) 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três 
anos, e multa, se o documento é particular. 
1. Análise do DOCUMENTO – O que diferencia uma Folha de Papel de um Documento? 
A Doutrina diz que a Folha de Papel, para se tornar um Documento deve ter: 
2. FORMA ESCRITA; 
3. AUTOR DETERMINADO; 
4. CONTEÚDO; 
5. RELEVÂNCIA JURÍDICA; 
Logo, chega-se a conclusão de que uma Folha em Branco não é um Documento! 
• DOCUMENTO PÚBLICO – É aquele expedido por Funcionário Público no exercício 
de suas funções e de acordo com as Formalidades Legais! Só que não pode ser qualquer 
declaração feita por agente público! Deve ser por funcionário no exercício das funções e 
de acordo com as formalidades legais. 
Existem 02 Espécies de Documento Público: 
1. FORMAL e SUBSTANCIALMENTE PÚBLICO – é aquele emanado de agente público 
cujo conteúdo diz respeito a questões de interesse público! Ex: Carteira de Identidade; 
2. FORMALMENTE PÚBLICO, mas SUBSTANCIALMENTE PRIVADO – é aquele em 
que emanado de funcionário público, cujo conteúdo é de interesse exclusivamente 
Privado. 
 
1. FALSIDADE MATERIAL X FALSIDADE IDEOLÓGICA 
Qual a diferença entre a Falsidade Ideológica e a Material? 
Resposta: Se o Conteúdo do Documento for falso, e a assinatura for verdadeira, estará 
caracterizado a Falsidade Material.

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