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REVISÃO DIREITO CIVIL II UNEB - CAMPUS XIX - CAMAÇARI PROF: ADRIANA WYZYKOWSKI 19.06.19 1 O QUE É O FATO JURÍDICO? - Fato jurídico é o fato da vida que possui previsão normativa, com potencialidade de produção de efeitos. - Para configuração do fato jurídico faz-se necessário: - previsão em norma jurídica e realização concreta da hipótese normativa - incidência da norma e juridicização do acontecimento - Para a doutrina moderna, o fato jurídico possui a potencialidade de produzir efeitos. - ex: testamento revogado 2 CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS 3 OS PLANOS DO MUNDO JURÍDICO a) existência: plano do ser b) validade: perfeição aos requisitos exigidos por lei c) eficácia: produção de efeitos Fatos jurídicos lícitos lato sensu Fatos juridicos stricto sensu Ordinários Extraordinários Ato-fato jurídico Atos jurídicos lato sensu Atos jurídicos stricto sensu Negócios jurídicos - A escada ponteana: 4 O CRITÉRIO ADOTADO NO BRASIL PARA A CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS: O CERNE DO SUPORTE FÁTICO NORMATIVO - O cerne do suporte fático normativo consiste no elemento nuclear básico de todo e qualquer fato jurídico. - possui dois elementos: a) Conformidade e contrariedade com o Direito: - esse critério distingue os fatos lícitos dos ilícitos. - fatos ilícitos: - contrariedade ao Direito - não realização dos fins da ordem jurídica - ilícito deve ser imputável - obs// discute-se se existiria fato ilícito, uma vez que seria uma contradição ser jurídico algo que é contrário ao que se define como jurídico. No entanto, a doutrina majoritária entende que o fato jurídico adentra no mundo jurídico sendo, portanto, existente. b) Elemento volitivo: - a vontade distingue os fatos jurídicos stricto sensu dos atos humanos. - Se o cerne do suporte fático contém fatos da natureza ou animais = fato jurídico stricto sensu - Se o cerne do suporte fático contém atos humanos = ato-fato ou atos jurídicos lato sensu 5 DO FATO JURÍDICO STRICTO SENSU a) Conceito: fato jurídico que independe do ato humano. Se há alguma ligação com o ato humano, este é tido como elemento excessivo por não ser essencial (ex: nascimento). b) classificação: I - ordinários: são aqueles que acontecem corriqueiramente II - extraordinários: fato não esperado e/ou inevitável 6 DO ATO-FATO JURÍDICO a) Conceito: consiste no fato onde há conduta humana, mas a norma jurídica o toma como avolitivo. Abstrai- se a vontade para o cerne do suporte fático. Significa que até pode existir vontade no ato-fato, mas esta não é dirigida para a produção de algum evento. b) classificação: I - atos-fatos reais: são atos materiais, circunstâncias fáticas geralmente irremovíveis. Ex: pintor louco II - atos-fatos indenizativos: nestes, um ato humano lícito, ou seja, não contrário ao direito, gera dever de indenizar em face do prejuízo a um terceiro. Ex: lesão praticada com o fim de remover perigo iminente. III - atos-fatos caducificantes: são situações que dependem de ato humano cujos efeitos consistam na extinção de determinado direito. Ex: usucapião, decadência. 7 DO ATO JURIDICO LATO SENSU a) conceito: consiste no ato humano volitivo, com exteriorização e consciência da vontade para a prática do ato, que leva a obtenção de um resultado protegido, ou, pelo menos, não proibido pelo Direito. b) elementos constitutivos: I - Exteriorização da vontade: é preciso que haja manifestação (exteriorização pelo comportamento) ou declaração (manifestação qualificada) para a configuração do ato jurídico lato sensu; II - Consciência da vontade: clareza e manifesta vontade III - Resultado lícito e possível c) espécies: ato jurídico stricto sensu e negócio jurídico - Brasil: adotada a teoria dualista alemã, que diferencia atos jurídicos stricto sensu e negócios jurídicos - aplicam-se as normas dos negócios jurídicos aos atos jurídicos stricto sensu (art. 185, CC) 7.1 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU a) conceito: consiste no ato humano cuja manifestação de vontade possui eficácia predeterminado em lei. b) classificação: I - reclamativos: equivalem a reclamações ou provocações. Ex: interpelação para constituir devedor em mora. II - comunicativos: possui como objetivo dar ciência a alguém da intenção de quem faz a comunicação. Ex: permissão para sublocar. III - enunciativos: são representados por exteriorizações de conhecimento ou de sentimento. Ex: reconhecimento de paternidade ou confissão. IV - mandamentais: manifestações de vontade destinadas a impor ou proibir uma determinada conduta por parte de um indivíduo. Ex: manifestação do proprietário para pedir que dono de prédio vizinho promova demolição ou reparação, quando esteja ameaçado de ruína. V - compositórios: são aqueles que, além da manifestação de vontade, necessitam de outras circunstâncias para se completarem. Ex: constituição de domicílio depende do ânimo definitivo, além da fixação de residência. 7.2 NEGÓCIO JURÍDICO a) conceito: declaração de vontade a que o ordenamento atribui efeitos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídico que sobre ele incide. b) a vontade e o negócio jurídico: I - a vontade é o elemento nuclear do suporte fático normativo II - eficácia e o negócio jurídico: o negócio jurídico tem por consequência a produção dos efeitos negociados. A norma jurídica não é a fonte dos efeitos, que decorrem da autonomia privada das partes, mas determina se haverá ou não eficácia. III - limites à vontade negocial: o negócio jurídico encontra limites dentro do próprio ordenamento jurídico. Assim, nem toda manifestação de vontade pode ser aceita como vontade negocial (ex: art. 496, CC: ascendente alienar bens a descendente sem anuência expressa dos demais). A autonomia privada encontra-se limitada pela lei, ordem pública, bons costumes e moral.A lei e a ordem pública funcionam como limites pois imprimem padrões de segurança nos negócios jurídicos ao estabelecerem os princípios e valores que informam a organização política e econômica de uma sociedade, numa certa fase de sua história. Em relação à moral e bons costumes tem-se que um negócio jurídico que contrariasse os bons costumes teria causa torpe ou imoral. c) insuficiência do conceito clássico de negócio jurídico: alguns autores defendem que o conceito clássico do negócio jurídico encontra-se em decadência, uma vez que não responde o problema da massificação da produção e consumo. Duas são as situações mais aventadas sobre o tema: * contrato de adesão: cláusulas pré-estabelecidas; * contrato necessário: força de determinação de autoridade pública. Ex seguro DPVAT. Marcos Bernardes de Mello defende que o conceito clássico seria suficiente, pois haveria liberdade na escolha da categoria jurídica e na estruturação do conteúdo eficácial. d) classificação dos negócios jurídicos I - Quanto à declaração de vontade das partes: unilateral, bilateral ou plurilateral II - Quanto aos titulares: inter vivos x causa mortis III - Quanto aos benefícios patrimoniais reconhecidos às partes: onerosos, gratuitos, neutros e bifrontes IV - Quanto à forma: formal e não solene V - Quanto à importância: principal e acessório VI - Quanto à duração: instantâneo e de trato sucessivo VII - Quanto à causa: causais e abstratos VIII - Quanto à eficácia: consensuais e reais IX - Quanto ao caráter patrimonial ou extrapatrimonial X - Quanto à tipicidade dos negócios: atípicos e típicos.
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