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MUTAÇÃO+E+REFORMA+CONSTITUCIONAL (1)

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Mutação e reforma constitucional
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
	. Vamos começar estudando um pouquinho da chamada mutabilidade constitucional, ou seja, do poder de modificar a CF/88, inserindo novas normas ou alterando as que já existem. Segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2015, p. 48-49), “a supremacia da Constituição decorre de sua origem. Provém ela de um poder que institui a todos os outros e não é instituído por qualquer outro, de um poder que constitui os demais e
	é por isso denominado Poder Constituinte”.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
			PODER CONSTITUINTE
• Poder constituinte originário: será considerado fundacional ou histórico o poder constituinte que cria a primeira Constituição, o que ocorreu no Brasil em 1824. Por outro lado, será considerada pós-fundacional ou revolucionária todas as Constituições subsequentes, como as de 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. Ele se caracteriza por ser: 
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Inicial: inaugura uma nova ordem jurídica.
2. Ilimitado: não se subordina a qualquer limite previamente estabelecido.
3. Autônomo: só àquele que o exerce compete determinar os termos em que a nova Constituição se estruturará.
4. Incondicionado: não se submete a qualquer processo predeterminado para a sua elaboração.
5. Permanente: não se esgota no momento de seu exercício, porque seu titular, que é o povo, pode determinar a criação de uma nova ordem jurídica.
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TEORIA GERALDO DIREITO CONSTITUCIONAL
• Poder constituinte derivado:
1. Revisor: poder constituinte, que, nos termos do art. 3º, do ADCT (norma considerada exaurida), modificou a CF/88 por Revisão Constitucional, cinco anos após a promulgação da CF/88, por maioria absoluta em sessão unicameral.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
2. Reformador: poder de reformar o texto constitucional por meio de Emenda Constitucional, nos termos do art. 60, da CF/88, que pode ser elaborada a qualquer tempo e deve ser aprovada nas duas casas do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal) em dois turnos por três quintos de seus membros. Caracteriza-se por ser: (i) subordinado ou secundário, retirando seu fundamento do poder constituinte originário, por ter sido por ele previsto e estabelecido; (ii) limitado, por ter seus limites definidos pelo poder constituinte originário; e (iii) condicionado, devendo observar as regras estabelecidas para reforma constitucional pelo poder constituinte originário.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
3. Decorrente: refere-se ao poder dos Estados-membros de elaborarem suas respectivas Constituições estaduais e do Distrito Federal elaborar a sua Lei Orgânica, equiparada à Constituição estadual pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os Municípios não possuem poder constituinte derivado decorrente.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Vale notar que a titularidade do poder constituinte difere da legitimidade para exercê-lo. A titularidade é do povo. A legitimidade do poder constituinte é da Assembleia Nacional Constituinte, no caso das constituições democráticas, fundamentando-se na soberania popular. Ela também pode ser exercida por outorga, nos casos em que dispensa a participação popular. Note aqui a correlação existente com a classificação das Constituições quanto à origem: promulgada, outorgada.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
	 	Temos que ter em vista que a norma jurídica é fruto da interpretação dos textos legislados. Nesse sentido, a mudança de entendimento dos tribunais acerca dos enunciados constitucionais também se configura como manifestação do poder constituinte derivado reformador. 
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
 		Ele pode, então, ser classificado de duas maneiras: (i) revisão formal (Emenda Constitucional, conforme art. 59, I, e art. 60, da CF/88, e Reforma Constitucional, nos termos da norma exaurida, contida no art. 3º, do ADCT), que alteram a forma escrita da CF/88; e (ii) revisão informal, por meio da chamada de mutação constitucional, com a alteração apenas da interpretação do texto, que é de competência do STF. A revisão informal se materializa como manifestação do chamado poder constituinte difuso.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
EX: Recentemente o STF enfrentou questão que ensejou a chamada mutação constitucional, quando reconheceu, na Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 4277 e na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF132, a união homoafetiva, conferindo nova interpretação ao art. 226, §§ 3º e 4º, da CF/88, alterando, assim, a concepção de entidade familiar até então restrita à união entre homem e mulher.
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
		Além da mutação constitucional, devemos conhecer um outro instituto jurídico que vem ganhando espaço no estudo da hermenêutica constitucional, ou seja, da interpretação da CF/88. É a chamada derrotabilidade (defeasibility), que tem por fundamento a impossibilidade de o legislador antever todas as possibilidades de entendimento do enunciado que ele elabora. Assim, certos acontecimentos, ocorridos no mundo social, podem se configurar como exceção à regra prevista pelo legislador, “derrotando-a”. 
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TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
EX: O legislador infraconstitucional previu, nos arts. 124 e 126, do Código Penal (CP) que o aborto provocado é crime, mas excepcionou a hipótese de haver ameaça à vida da mãe (aborto necessário) e em se tratando de gravidez resultante de estupro. Não há outras exceções legalmente previstas. Todavia, o STF, na ADPF 54/DF, entendeu que não deve ser tipificado como crime o aborto de feto anencéfalo, derrotando, assim, aquela norma
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
		“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. Sobre o preâmbulo, há algumas correntes que o definem e é bastante importante conhecê-las:
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
• Teoria política: adotada pelo STF, é também chamada de teoria da irrelevância por considerar que o preâmbulo constitui apenas um discurso político, uma carta de intenções do poder constituinte originário. Na ADI 2076, foi decidido que não há inconstitucionalidade na Constituição Estadual do Acre que não trouxe a palavra “Deus” em seu preâmbulo, justamente pelo fato de se considerar que ele não possue eficácia normativa, ou seja, prescritividade.
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
• Teoria jurídica comum: também chamada de tese da plena eficácia do preâmbulo, trata-se de teoria minoritária e considera que se ele foi criado pelo poder constituinte originário, possui eficácia normativa (prescritividade) como qualquer outra norma constitucional.
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
• Teoria específica: também chamada de tese da relevância jurídica indireta, é a teoria majoritária e considera que o preâmbulo prevê a forma de Estado (Federação), a forma de governo (República), regime de governo (Democrático de Direito), Estado teísta (Deus) e omissão quanto à religião (Estado laico), sendo assim fonte de interpretação das normas contidas na CF/88.
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
		Agora passaremos à análise do ADCT. A ele, adota-se a teoria jurídica comum, que entende que todos os atos contidos no ADCT são normas constitucionais, sendo certo que todos eles possuem eficácia normativa,
sendo consideradas prescritivas de condutas, exceto aqueles que já produziram efeitos, constituindo as denominadas
	normas exauridas, como é o caso do exercício do poder constituinte derivado revisor, nos termos do art. 3º, do ADCT.
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estrutura da CF/88: o preâmbulo e o ADCT.
		E você se pergunta: Para que o ADCT foi editado? Foi justamente para regular as situações que perdurariam no tempo, apesar da promulgação da CF/88 e da emergência de uma nova ordem jurídica, o legislador constitucional, no exercício do poder constituinte originário, editou normas que estão fora do texto da CF/88, mas possuem o mesmo status de norma constitucional.

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