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UM_METODO_PARA_A_AVALIACAO_DE_CAPACIDADE


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Seminário de Tese apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Engenharia 
de Infraestrutura Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, área Transporte 
Aéreo e Aeroportos 
 
 
 
Bernardo Vilela Mascarenhas 
 
 
 
 
UM MÉTODO PARA A AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE E 
DIMENSIONAMENTO DE TERMINAIS DE PASSAGEIROS EM 
AEROPORTOS DE PEQUENO PORTE 
 
 
 
 
Cláudio Jorge Pinto Alves 
Orientador 
 
Alessandro V. M. Oliveira 
Coordenador de Área 
 
 
 
 
 
Campo Montenegro 
São José dos Campos, SP – Brasil 
2017 
2 
 
Resumo 
Países com dimensões continentais, como é o caso do Brasil, necessitam de uma aviação 
regional forte para que desenvolvimento se dê de maneira equânime, em todo seu 
território, do ponto de vista econômico e social. Mesmo com uma pequena retração no 
último ano, o mercado do transporta aéreo no Brasil apresenta tendência de crescimento, 
e o governo federal através de planos como o “Programa de aviação Regional”, pretende 
investir na melhoria da infraestrutura dos terminais de passageiros já existentes e na 
criação de novos aeroportos. 
Neste contexto, o presente trabalho propõe um novo método para a avaliação da 
capacidade e dimensionamento de terminais de passageiros de aeroportos regionais 
brasileiros. No estudo, serão mensuradas apenas as áreas operacionais dos componentes. 
Os demais espaços como áreas de conveniência, conexão e comerciais dependem de 
interesses específicos dos gestores dos aeroportos e da disposição dos componentes e, por 
isso, não serão avaliados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 
1.1.MOTIVAÇÃO ......................................................................................................... 6 
1.2.JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6 
1.3.OBJETIVOS ............................................................................................................ 7 
2.REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 7 
2.1AVIAÇÃO REGIONAL ........................................................................................... 7 
2.2.PROGRAMA DE AVIAÇÃO REGIONAL ............................................................ 8 
2.3.DIMENSIONAMENTO DE TERMINAIS DE PASSAGEIROS ........................... 9 
2.4.MÉTODO MEDEIROS (2004) ............................................................................. 10 
2.5.MÉTODO IATA (2014) ........................................................................................ 11 
2.6.ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE 
CAPACIDADE ............................................................................................................ 13 
3.PLANO DE AÇÃO ..................................................................................................... 15 
4.DADOS DA PESQUISA ............................................................................................ 15 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
Em países de dimensões continentais como o Brasil, com mais de oito milhões de 
quilômetros quadrados e mais de cinco mil municípios, o desenvolvimento e integração 
do seu território estão fortemente relacionados ao transporte aéreo regional. O setor 
desempenha importantes papeis, dentre eles a prestação de serviços a regiões remotas e 
de fronteira, como é o caso da Amazônia Legal, o desenvolvimento de municípios em 
todo o território nacional, universalização do acesso ao transporte aéreo, e fomento da 
indústria do turismo (OLIVEIRA E SILVA, 2008). 
A indústria de transporte aéreo no Brasil se desenvolveu significativamente nos 
últimos anos, sendo observados sucessivos aumentos da demanda por passageiros. Além 
do crescimento econômico do país, esforços para a liberalização do mercado, iniciados 
no início da década de 1990, foram fundamentais para esta evolução (MCKINSEY E 
COMPANY, 2010). 
Após mais de 10 anos consecutivos de crescimento do mercado do transporte aéreo 
doméstico brasileiro, o número de passageiros pagos transportados apresentou a sua 
primeira redução em 2016(7,8%). Ainda assim, no mesmo ano, foram transportados um 
total de 88,7 milhões de passageiros somente em voos domésticos. Se somados aos voos 
internacionais, o setor registrou uma inclusão de 50 milhões de passageiros nos últimos 
dez anos (ANAC, 2017). 
A Figura 1 apresenta a quantidade de passageiros pagos transportados no Brasil em 
voos domésticos no período de 2007 a 2016, conforme dados do Anuário da ANAC de 
2016 (ANAC, 2017). Neste período houve um crescimento de 87% do número de 
embarques domésticos. 
Figura 1: Evolução do número de passageiros pagos transportados – mercado doméstico 2007 a 2016 
Fonte: ANAC (2017) 
Segundo a Secretaria de Aviação, é previsto que a demanda brasileira triplique em 
20 anos, ultrapassando os 600 milhões de passageiros por ano. Mesmo com esse 
crescimento no setor, o brasileiro ainda viaja pouco de avião, se comparado aos usuários 
de países desenvolvidos. A média brasileira é de 0,5 viagens de avião por ano, contra 1,7 
nos países desenvolvidos e 2,5 nos Estados Unidos (SAC, 2017). 
5 
 
Um dos motivos da desvantagem brasileira é o baixo percentual de voos regionais no 
país. A Figura 2 apresenta as malhas aéreas do Brasil e dos Estados Unidos. Apesar de 
possuírem territórios de tamanhos similares, os norte-americanos tem 3 vezes mais 
cidades servidas por voos regionais e mais de dez vezes mais aeronaves em serviço (SAC, 
2017). Mesmo considerando as diferenças socioeconômicas entre os dois países, os dados 
apresentados mostram que a aviação regional brasileira necessita de grandes avanços para 
se tornar eficiente e auxiliar na integração nacional. 
 
Figura 2: Malha aérea do Brasil e Estados Unidos 
Fonte: SAC 
Outro aspecto que pode ser observado na Figura 2 é a grande concentração do tráfego 
aéreo brasileiro. A Região Sudeste apresenta uma densidade alta de voos, enquanto 
grandes áreas, principalmente da Região Norte, não são atendidas por linhas aéreas. Esse 
panorama impede o desenvolvimento social e econômico das localidades mais distantes 
e aumentam as diferenças sociais do país. 
A concentração de voos também foi destacada no Anuário da Agência Nacional de 
Aviação Civil do ano de 2016. Segundo o relatório, dos quase 90 milhões de passageiros 
domésticos embarcados no Brasil, quase a metade teve como origem a Região Sudeste 
(ANAC, 2017). A Figura 3 apresenta a quantidade de embarques domésticos por grupo 
de 100 habitantes por região no ano de 2016. 
 
Figura 3: Quantidade de embarques domésticos por grupo de 100 habitantes por região brasileira 
Fonte: ANAC, 2017 
6 
 
É importante ressaltar que algumas regiões como a “Amazônia Legal” possuem uma 
infraestrutura rodoviária precária ou, em muitos casos, inexistente. Por isso, algumas 
cidades são acessadas apenas por meio aéreo ou navegação fluvial. Essa situação aumenta 
a dependência dessas regiões ao transporte aéreo para o seu desenvolvimento social e 
econômico. O desenvolvimento da aviação regional nessas regiões teria como principais 
consequências a integração de municípios isolados a grandes centros urbanos e a atração 
de recursos para estes locais. 
1.1. MOTIVAÇÃODevido as características geográficas do seu território, é interessante que a aviação 
regional se desenvolva no Brasil. A falta de integração entre as regiões do país e a 
presença municípios com dificuldades de acesso é um empecilho para o desenvolvimento 
econômico e social. O governo pretende investir na construção de novos aeroportos para 
melhorar a infraestrutura do transporte aéreo regional brasileiro, o que aumenta a 
importância do assunto e motivou este trabalho. 
Além disso, os novos terminais de passageiros podem desempenhar, cada vez mais, 
diferentes funções para atender usuários com perfis diversos. A localização do aeroporto 
e a economia da região criam necessidades específicas e interferem no projeto do terminal 
de passageiros, mesmo se tratando de estruturas de menor porte. Aeroportos podem 
demandar uma maior quantidade de serviços e atividades não aeronáuticas como 
lanchonetes, lojas e restaurantes, por exemplo. 
1.2. JUSTIFICATIVA 
A literatura apresenta estudos para a avaliação da capacidade e dimensionamento de 
terminais de passageiros aeroportuários, porém esses métodos possuem alguns pontos 
mal explorados ou com definições pouco precisas do que as áreas obtidas representam 
fisicamente. Normalmente são empregados em casos de aeroportos de médio a grande 
porte em que os processos apresentam mais similaridades, sendo, com isso, inapropriados 
para o planejamento de terminais de pequeno porte. Portanto, a criação de um novo 
método adequado para terminais regionais calibrado no contexto nacional facilitaria as 
atividades dos planejadores e projetistas dos aeroportos de pequeno porte. 
Por se tratar de um ambiente altamente dinâmico, os critérios para a definição da área 
de componentes operacionais de terminais de passageiros devem ser constantemente 
atualizados. Novas tecnologias como os guichês de autoatendimento para a realização de 
check-in, por exemplo, interferem na área final da instalação. Esses equipamentos 
dependem de interesses dos operadores e disposição dos componentes. Além disso, 
atividades não aeronáuticas como áreas de concessão estão presentes nos terminais de 
passageiros, mas não é dada a devida atenção ao assunto. Mesmo variando de acordo com 
a característica dos usuários, as atividades comerciais são tratadas de maneira uniforme 
pelos métodos, o que tira a liberdade dos projetistas e afeta o cálculo final da área da 
edificação. 
 
 
 
7 
 
1.3. OBJETIVOS 
O objetivo do estudo é desenvolver uma metodologia para a avaliação da capacidade 
e dimensionamento de terminais de passageiros de aeroportos regionais brasileiros. O 
trabalho irá auxiliar projetistas e planejadores na etapa do cálculo da área necessária para 
cada componente operacional do terminal de passageiros. 
A metodologia será desenvolvida tomando como base a área útil mínima dos 
componentes do terminal de passageiros, essenciais para o seu funcionamento. Por isso, 
o nível de serviço não será considerado no método. 
Espera-se que o método desenvolvido auxilie o planejamento de novos aeroportos 
regionais no Brasil e contribuam com o desenvolvimento do setor no país. 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
Nessa seção serão apresentados os estudos sobre: (i) Definições sobre aviação regional 
e aeroportos regionais, (ii) Programa de Aviação Regional, (iii) Métodos para o 
dimensionamento/capacidade de terminais de passageiros aeroportuários, e (iv) Estudo 
comparativo entre métodos existentes. 
2.1. AVIAÇÃO REGIONAL 
A definição de aeroporto regional não é feita de maneira uniforme pela literatura e 
foi realizado um estudo com o propósito de compreender as principais abordagens 
realizadas por alguns autores. A localização geográfica do aeroporto é utilizada por 
FEITOSA (2000) para defini-lo como regional. Segundo o autor, aeroportos regionais são 
aqueles localizados fora das regiões metropolitanas das capitais e que atendem 
primariamente os municípios do interior dos estados. 
De acordo com OLIVEIRA E SILVA (2008), a aviação regional é diferenciada da 
aviação nacional de acordo com as linhas que são operadas e o tipo de aeronave utilizada. 
Segundo os autores, as linhas domésticas nacionais interligam os centros populacionais e 
econômicos (cidades com mais de 1 milhão de habitantes), ao passo que as linhas 
regionais complementam a malha aérea nacional e promovem a ligação entre as grandes 
cidades e o interior do país. 
PASTORINO (2010) classifica os aeroportos de acordo com a movimentação anual 
de passageiros. Segundo o autor, os aeroportos primários são aqueles cuja movimentação 
é superior a 5 milhões de passageiros por ano, enquanto os aeroportos considerados 
regionais possuem uma movimentação abaixo deste valor. Em outra classificação, 
PASTORINO (2010) divide os aeroportos regionais em large regional (movimentação 
entre um e cinco milhões de passageiros por ano) e small regional (movimentação inferior 
a um milhão de passageiros por ano) 
A Lei 13.097 de 2015 definiu aeroporto regional como aeroportos de pequeno ou 
médio porte, com movimentação anual de passageiros (embarcados e desembarcados) 
inferior a 600.000 passageiros. Para a região da Amazônia Legal, o limite é de 800.000 
passageiros por ano. A lei também definiu que fazem parte de rotas regionais os voos que 
tenham como origem ou destino um aeroporto regional. 
 
8 
 
2.2. PROGRAMA DE AVIAÇÃO REGIONAL 
Com o objetivo de conectar o Brasil e oferecer infraestrutura aeroportuária que 
permita o desenvolvimento das regiões mais isoladas, o Governo Federal, por meio da 
Secretaria de Aviação Civil, lançou em 2012 o Programa de Aviação Regional. O 
programa pretende ampliar, reformar ou construir 270 aeroportos regionais para garantir 
que 96% da população brasileira esteja a uma distância de, pelo menos, 100 quilômetros 
de um aeroporto em condições de operar voos regulares. 
Para a seleção dos 270 municípios atendidas pelo Programa de Aviação Regional, 
foram definidos quatro critérios que levaram em consideração as características das 
cidades: 
 Socioeconômico: polo de desenvolvimento regional 
 Turístico: localidade com atratividade turística 
 Integração Nacional: baixa acessibilidade por outros modais de transporte 
 Espacial: localização estratégica para a cobertura de todo o território nacional 
A Figura 4 apresenta a localização dos aeroportos incluídos no programa e os seus 
respectivos critérios de seleção. 
 
Figura 4: Localização e critério de seleção dos aeroportos do Programa de Aviação Regional 
Fonte: SAC 
Além do investimento na infraestrutura do sistema aéreo regional, o programa 
também contempla ações para capacitar pessoal para a gestão dos aeroportos, e uma 
política de subsídios para tarifas aeroportuárias e passagens aéreas regionais. Essas 
medidas irão ajudar a melhorar da qualidade do serviço prestados neste tipo de voo e 
facilitar o acesso de novos passageiros. 
Segundo a Secretaria de Aviação Civil (SAC, 2017), após estudos de viabilidade, 
constatou-se que 85 dos 270 aeroportos inicialmente citados pelo Programa de Aviação 
Regional são inviáveis e não receberão investimentos do Governo Federal. Os motivos 
9 
 
da inviabilidade são a proximidade a outros aeroportos já existentes, baixa demanda de 
passageiros e falta de interesse de operação das companhias aéreas. 
Dentre os 176 aeroportos que foram considerados viáveis, foram definidos 53 
prioritários, que receberão investimentos a partir de 2017 para que estejam operando até 
2020. Os demais aeroportos receberão recursos financeiros de acordo com a 
disponibilidade financeira. A Figura 5 apresenta a localização dos 53 aeroportos 
considerados prioritários. 
 
Figura5: Aeroportos prioritários do Programa de Aviação Regional 
Fonte: Folha de São Paulo (2016) 
Para a definição desses aeroportos foram considerados os seguintes indicadores: 
importância e restrição de capacidade (para terminais já existentes); localização em 
regiões de difícil acesso terrestre; localização na “Amazônia Legal”; rentabilidade do 
operador aeroportuário; interesse das companhias aéreas; cobertura do território nacional 
(até 100 quilômetros de um aeroporto que opere voos regulares); e proximidade de 
grandes aeroportos ou capitais. 
2.3. DIMENSIONAMENTO DE TERMINAIS DE PASSAGEIROS 
Primeiramente, é necessário estabelecer a diferença entre avaliação de capacidade e 
dimensionamento. A avaliação da capacidade é realizada em terminais de passageiros já 
em funcionamento e, de acordo com a área disponível e nível de serviço desejado, é 
possível estabelecer a capacidade teórica do componente. Já o dimensionamento ocorre 
de maneira inversa. Neste caso, é estabelecida a área necessária para atender uma 
demanda desejada (geralmente para a hora pico do planejamento). 
O dimensionamento de terminais de passageiros aeroportuários pode ser realizado 
utilizando técnicas dos seguintes tipos de métodos (MEDEIROS, 2004): 
 Empíricos: Baseados no bom senso e na experiência dos autores, sendo 
normalmente utilizados aspectos ergonômicos. Ex: MEDEIROS (2004); 
 Analíticos: Baseado em fórmulas, regressões lineares, dados estatísticos ou través 
da teoria de filas. Ex: IATA (2014); e 
 Simulação: Baseado em modelos representativos do evento a ser simulado. Dentre 
os programas de simulação, destacam-se: ARENA, TAAM, SIMMOD, GPSS, 
SIMSCRIPT, ALSIM, TERSIM, AUTOMOD, PROMODEL e EXTEND. 
10 
 
Segundo AMARAL (2016), apesar da ausência de métodos consagrados, modelos 
empíricos e analíticos são os mais indicados para a avaliação de capacidade de aeroportos 
regionais. Mesmo sendo a ferramenta mais utilizada, a simulação é considerada uma 
técnica muito robusta para ser aplicada em terminais de pequeno porte. 
2.4. MÉTODO MEDEIROS (2004) 
O método proposto por MEDEIROS (2004) estabeleceu índices para o 
dimensionamento e avaliação da capacidade de terminais de passageiros que relacionam 
a área necessária do componente projetado e o volume de passageiros na hora-pico. Este 
valor varia de acordo com o tipo do aeroporto (interacional, nacional ou regional) e o 
nível de serviço desejado (alto, bom ou regular). O modelo foi criado tendo como base 
parâmetros para de aeroportos brasileiros e os índices para o cálculo das áreas dos 
componentes são baseadas em métodos empíricos, ergonômicos e por estudos realizados 
em alguns aeroportos do país. 
No método descrito acima, as áreas de concessão como lanchonetes, bancas de 
revista e lojas, por exemplo, não são consideradas no dimensionamento dos componentes 
do terminal de passageiros. As áreas comerciais estão localizadas no saguão de embarque, 
saguão e desembarque e sala de embarque, mas apenas a área de circulação das pessoas 
no local determinará as dimensões do componente em questão. 
Além de áreas de concessão, obstáculos tais como pilastras, telefones públicos, cestas 
para lixo e painéis informativos também reduzem a capacidade dos componentes do 
terminal de passageiros. Esses equipamentos criam uma camada limite que impede ou 
restringem a circulação das pessoas no acesso aos componentes operacionais. Um 
exemplo é a instalação de cadeiras na sala de embarque, que não pode ser realizada 
próxima a área de visão de painéis informativos de voos ou telefones. Paredes são 
responsáveis por um espaço perdido em torno de 30 a 50 cm. Desta maneira, cria-se uma 
largura útil do ambiente como mostrado na Figura 6. Os índices do método MEDEIROS 
(2004) já consideram essas perdas de áreas e incluem o espaço necessário para esses 
equipamentos. 
11 
 
 
Figura 6: Largura útil de componente do terminal de passageiros 
Fonte: FAA, 1988 
2.5. MÉTODO IATA (2014) 
Com o objetivo de fornecer orientações que auxiliam o planejamento e o projeto do 
terminal de passageiros de um aeroporto, a IATA (International Air Transport 
Association) elaborou em sua edição de 2014 o Manual de Referência de 
Desenvolvimento de Aeroportos (ADRM). O documento é reconhecido como um dos 
guias mais importantes da indústria da aviação e é amplamente consultado por 
companhias aéreas, operadores aeroportuários, autoridades governamentais, engenheiros, 
consultores e planejadores, tanto para projetos de novos aeroportos, quanto para a 
melhoria da infraestrutura de aeroportos já existentes. 
No manual, a IATA aborda as seguintes etapas do ciclo de um aeroporto (como 
apresentado na Figura 7): planejamento e construção, comercialização, otimização e 
mudanças. Essa divisão auxilia a tomada de decisão dos operadores aeroportuários, 
acionistas do aeroporto e órgãos reguladores em diferentes etapas do ciclo do 
empreendimento. No ADRM, a análise de demanda/capacidade do terminal de 
passageiros faz parte da etapa de planejamento do aeroporto. 
12 
 
 
Figura 7: Ciclo de vida de um aeroporto 
Fonte: IATA, 2014 
O Manual de Referência de Desenvolvimento de Aeroportos (ADRM) fornece 
equações que auxiliam o projetista a dimensionar a área dos componentes do terminal de 
passageiros de acordo com a demanda por passageiros na hora-pico do aeroporto. Mesmo 
sendo um método que fornece resultados rápidos, as equações exigem uma grande 
quantidade de parâmetros de entrada que, em muitos casos, são de difícil obtenção, 
especialmente para aeroportos de pequeno porte. Com isso, são necessárias adaptações e 
uso de hipóteses ou premissas que podem interferir no resultado final. 
O espaço requerido para cada componente do terminal de passageiros varia de acordo 
com o nível de serviço estabelecido: (i) superestimado, (ii) ótimo e (iii) subótimo. Para 
esta classificação, são levados em consideração o espaço disponível, o tempo estimado 
de espera e a porcentagem de assentos em cada componente, sendo o nível de serviço 
“superestimado” o que oferece as melhores condições para os usuários. Nos estudos 
anteriores da IATA, o nível de serviço era apresentado de em 5 níveis (de A a F). A Tabela 
1 apresenta a nova classificação proposta pela IATA e a sua relação com a antiga divisão. 
Tabela 1: Parâmetros de nível de servido propostos pelo ADRM 
 
Espaço Tempo 
Classificação 
anterior 
Superestimado 
(Overdesign) 
Excessivo ou vazio 
Fornecimento de 
recursos em excesso 
A, B 
Ótimo 
(Optimum) 
Suficiente para acomodar as 
funções necessárias 
confortavelmente 
Tempo de 
processamento e 
espera aceitável 
B, C, D 
Subótimo 
(Suboptimum) 
Lotado e desconfortável 
Tempo de 
processamento e 
espera inaceitável 
D, E 
Fonte: IATA (2014) 
A IATA considera que o ADRM deve ser uma fonte inicial de orientação para o 
desenvolvimento do aeroporto, mas adaptações devem ser realizadas para ajustar o 
método as condições propostas. Padrões e legislações aeroportuárias podem variar de 
região para região, exigindo mudanças para a adequações das equações do ADRM. 
13 
 
Profissionais como engenheiros e arquitetos devem ser solicitados para resolver as 
diferenças entre o manual e as normas nacionais. 
2.6. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE 
CAPACIDADE 
AMARAL (2016) estudou o método da International Air Transport Association – 
IATA (2014), a proposta da Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC (2012), o 
método MEDEIROS (2004) e o método da Federal Aviation Administration – FAA (1980 
e 1988) com o intuito de estabelecer uma comparação entre eles para a avaliação da 
capacidade em terminais depassageiros de pequeno porte. Para a validação do método, 
AMARAL (2016) comparou as capacidades dinâmica declarada e instantânea declarada 
com os valores calculados pelos quatro métodos. As diferenças entre as capacidades são 
apresentadas nas Tabelas 2 e 3. Foram estudados os aeroportos regionais brasileiros das 
cidades de São José dos Campos (SBSJ), Presidente Prudente (SBDN), São José do Rio 
Preto (SBSR), além do projeto de expansão do último aeroporto citado. 
Tabela 2: Comparação entre a capacidade dinâmica declarada e os resultados dos métodos.
Fonte: Amaral (2016) 
 
14 
 
Tabela 3: Comparação entre a capacidade instantânea declarada e os resultados dos métodos.
Fonte: Amaral (2016) 
No estudo, AMARAL (2016) identificou que o método ideal para a avaliação da 
capacidade em terminais de passageiros de aeroportos regionais brasileiros é uma junção 
dos métodos já existentes, ou seja, nenhum dos métodos foi considerado eficiente em 
todos os componentes dos terminais de passageiros dos aeroportos representativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
3.PLANO DE AÇÃO 
Disciplinas cursadas: 
 ETG820: Sistema Viário e Transportes: Planejamento e Gestão (UFMG) 
 ETG830/1: A Cidade e o Transporte: Planejamento, Gestão e Sustentabilidade 
(UFMG) 
 ETG830/2: Planejamento e Operação de Transporte Público (UFMG) 
 IT-200: Infraestrutura Aeronáutica (ITA) 
 IT-204: Análise Operacional e Gerencial de Aeroportos (ITA) 
 IT-211: Arquitetura de Aeroportos (ITA) 
Disciplina em curso: 
 IT-203: Aeroportos (ITA) 
Artigos Acadêmicos: 
 Avaliação da flexibilidade em aeroportos brasileiros (SITRAER - aceito). 
 Critérios de elegibilidade de aeroportos secundários para a atração de companhias 
aéreas de baixo custo: O caso da região da cidade de São Paulo (Revista de 
Engenharia e Tecnologia). 
4.DADOS DA PESQUISA 
 Título da pesquisa: Um método para a avaliação de capacidade e 
dimensionamento de terminais de passageiros em aeroportos de pequeno porte. 
 Nome do aluno: Bernardo Vilela Mascarenhas. 
 Orientador: Cláudio Jorge Pinto Alves. 
 Relator: Alessandro Vinícius Marques de Oliveira. 
 Data do seminário: 22/09/2017. 
Cronograma: 
 
16 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC). Anuário do Transporte 
Aéreo 2016, volume único, 1ª edição. Brasília, 2017. 
AMARAL, Sinthia. Seleção de Método para Avaliação de Capacidade em Terminais 
de Passageiros de Pequeno Porte. 2016. 107f. Dissertação de Mestrado em 
Engenharia de Infraestrutura, Área de Transporte Aéreo e Aeroportos – Instituto 
Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos. 
BRASIL. LEI Nº 13.097, DE 19 DE JANEIRO DE 2015. Diário Oficial da República 
Federativa do Brasil. Capítulo VIII. Seção I. Brasília, 20 de janeiro de 2015. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13097.htm> . Acesso em: 28 de agosto de 2016. 
FEITOSA, M. V. M. Um modelo de simulação para terminais de passageiros em 
aeroportos regionais brasileiros. 2000. 141p. Dissertação (Mestrado em 
Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica. 
São José dos Campos. Brasil. 
FOLHA DE SÃO PAULO. Temer corta programa que previa ampliação de 
aeroportos regionais. São Paulo: Folha de São Paulo, 24 de agosto de 2016. 
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/08/1806278-temer-
corta-programa-que-previa-ampliacao-de-aeroportos-regionais.shtml>. Acesso em: 
23 de agosto de 2017 
INTERNATIONAL AIR TRANSPORT ASSOCIATION. IATA. Airport Development 
Reference Manual. 10th Ed. Montreal, 2014. 
MCKINSEY & COMPANY. Estudo do setor de transporte aéreo do Brasil: relatório 
consolidado. Rio de Janeiro, 2010. 
MEDEIROS, A. G. M. Um Método para Dimensionamento de Terminais de 
Passageiros em Aeroportos Brasileiros. 2004. 190p. Dissertação (Mestrado em 
Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica. 
São José dos Campos. Brasil. 
OLIVEIRA, A. V. M.; SILVA, L. H. S. Constituição do marco regulatório para o 
mercado brasileiro de aviação regional. Brasília: Ministério do Turismo. Abril de 
2008. 
PASTORINO, M. N. Development of Regional Airports – Theoretical Analyses and 
Case Studies. Southampton, Boston: WITPress, 2010. 
SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL. SAC. Aviação Regional: Conectando o Brasil. 
Disponível em <http://www.aviacao.gov.br/noticias/2015/01/programa-de-
desenvolvimento-aviacao-regional-quer-democratizar-o-transporte-aereo-no-brasil-
1/aviacao-regional-versao-site-v4-final.pdf>. Acesso em: 20 de agosto de 2017. 
SECRETARIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL. Governo vai investir em 176 
aeroportos da aviação regional. Secretaria Nacional de Aviação Civil, Brasília, 24 
de agosto de 2016. Disponível em < 
17 
 
http://www.aviacao.gov.br/noticias/2016/08/governo-vai-investir-em-176-
aeroportos-da-aviacao-regional>. Acesso em: 23 de agosto de 2017