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Revisão AV2 Direito Processual Civil I Professor Márcio Egypto Produção antecipada de prova: A produção de prova antecipada servirá como procedimento prévio através do qual a parte produzirá determinada prova até mesmo anteriormente a ação ser distribuída, em razão de que a espera pelo momento adequado para a produção da prova pode inviabilizar a sua produção, e por isso no curso do procedimento, antes de entrar na instrução ou até antes da própria propositura da ação, será lícito produzir a prova antecipadamente de forma a assegurar a sua integridade (não pode contestar a produção da prova, mas pode contestar os fatos alegados na prova). Qualquer prova poderá ser produzida de forma antecipada, desde que reste comprovado a urgência na produção da prova dado o risco iminente de sua perda ou deterioração, bem como que não há tempo hábil para aguardar a fase do procedimento de produção de prova, e quando se tratar de prova pericial será homologado pelo juízo o laudo pericial após manifestação das partes e indicação de assistente técnico que auxiliarão o perito, não cabendo recurso contra decisão que homologa laudo, entregando-se a prova produzida ao seu requerente para sua utilização em momento oportuno, não cabendo ao requerido impugnar a produção da prova, mas apenas a impugnar a necessidade da produção antecipada. Ata Notarial: Permite a parte demonstrar um fato ou seu modo de existir mediante atestado por um tabelião, que irá reconhecer a fé pública, a narrativa ou a apresentação do fato levado até ele. Atualmente, diversos fatos são produzidos na era digital, trazendo imenso dinamismo às informações de forma a autorizar o indivíduo a documentar um fato obtido por meio eletrônico ou por uma confissão, gravação, em redes sociais ou qualquer outra forma, que será documentada e atestada por tabelião, conferindo fé pública ao documento e as informações a ele prestadas, constituindo documento hábil a servir de prova sobre um determinado fato e permitindo perpetuar a informação. OBS.: Na ata notarial é possível descrever qualquer fato, como por exemplo, uma agressão em rede social, uma gravação em imagem ou som que será atestada por um tabelião transformando o determinado fato em prova documental. A exata função da ata notarial é transformar em prova documental um determinado fato obtido por meio complexo ou de difícil apresentação como prova. Depoimento Pessoal: É meio de prova que qualquer das partes envolvidas no processo poderá requerer ao juízo visando a obtenção de prova oral que venha a registrar a confissão sobre um determinado fato, devendo esta prova ser requerida ao juízo, apesar de que é autorizado ao juízo determinar o depoimento pessoal de ofício. O depoimento pessoal será obtido, em regra, em audiência de instrução de julgamento, que é onde se produzem as provas orais podendo em diversos casos proceder a tomada dessa prova através de meio eletrônico, por videoconferência, caso haja a impossibilidade da parte de comparecer a AIJ. Não se deve confundir interrogatório, previsto no art. 139, VIII do CPC, com depoimento pessoal, pois é assegurado ao juízo, a qualquer tempo, determinar o comparecimento da parte para inquiri-la sobre um fato referente ao processo, e a isso se chama interrogatório, e no interrogatório não incide a pena de confesso. A pena de confesso ocorre quando há ausência a uma convocação pessoal da parte em requerimento de depoimento pessoal e também quando comparecendo a parte se recusa sem motivo justo a responder ao que foi requerido. Ressalte-se que só incidirá pena de confesso quando o mandado de intimação para o depoimento pessoal e traz advertência expressa das consequências da confissão no caso de ausência da parte. É imperioso frisar que no depoimento pessoal a confissão ocorre quando a parte admite a verdade do fato alegado pela outra parte, e reconhecida a confissão, poderá o juiz julgar antecipada total ou parcialmente o mérito. O fato de ocorrer a confissão se dá quando a parte admite o fato alegado pela parte contrária, mas não necessariamente concorda com as consequências jurídicas apresentadas pelo autor, o que se obriga a diferenciar a confissão do reconhecimento do pedido. Pois neste último a parte admite o fato e reconhece o pedido formulado pelo autor, concordando com as consequências jurídicas trazidas pelo autor, ou seja, não só reconhece o fato como assume as consequências decorrentes dele, enquanto que na confissão o réu apenas admite a ocorrência do fato mas não admite suas consequências, podendo se citar como exemplo um acidente em que o réu confessa a existência do acidente mas nem por isso admite o dever de reparar os danos decorrentes do acidente. Em relação a confissão, esta não é admitida a respeito de direitos indisponíveis, como por exemplo os ligados à saúde, à dignidade, à vida, pois são questões de interesse público que limitam a livre disposição da vontade e admite-se a confissão de forma judicial ou extrajudicial. Na confissão de forma judicial, esta poderá ser espontânea ou provocada, na espontânea, um exemplo dessa confissão pode ser a contestação, enquanto que na provocada, poderá ser uma hipótese de depoimento pessoal em AIJ. Já a confissão de forma extrajudicial pode se dar por forma escrita, oral ou até mesmo por e-mail ou outro meio eletrônico. Exibição de documento ou coisa: Trata-se de meio de prova documental que está em poder de terceiro ou em posse da parte contrária, exigindo do autor medida judicial para que seja exibido o documento ou a coisa em juízo, como por exemplo em uma ação indenizatória em face de um hospital em virtude de erro médico, dependendo a parte autora produzir provas do alegado por meio de procedimentos e prontuários médicos que estão na posse do réu, e não os exibe. O procedimento para a exibição depende do requerimento da parte, admitindo a doutrina que pode ocorrer de ofício, na forma do art. 420 do CPC, cabendo ao juízo deferir ou não a medida. Quando ocorrer o indeferimento do pedido, caberá agravo de instrumento, conforme o art. 1.015, VI do CPC. Recebido o pedido e admitido o mesmo, o juiz mandará intimar o réu para oferecer resposta em 5 dias, ou no prazo ordenado pelo juízo, podendo o réu exibir o documento ou a coisa ou estar sujeito a recusa da exibição, acarretando na veracidade dos fatos narrados pelo autor, ou o juízo poderá atuar por meio de imposição de medida coercitiva, visando a exibição, desde que a recusa da exibição não seja legítima. Da mesma forma, se o réu alega que não possui mais a coisa ou o documento, também haverá a presunção de verdade. Para que o réu possa proceder a recusa na exibição do documento ou da coisa, deverá se basear na recusa legítima diante dos tipos elencados no art. 404 do CPC. Nos demais casos, a recusa será ilegítima, também aplicando-se a regra ao terceiro que se não apresentar o documento ou a coisa, acarretando na apreensão do documento. Prova Documental: Qualquer material que contenha registro de um fato é reconhecido como prova documental, não se limitando exclusivamente ao papel, podendo o referido documento ser público ou particular. O documento público é lavrado por tabelião ou outro servidor com fé pública que fará prova da sua formação e dos fatos já declarados, como por exemplo: uma declaração extrajudicial de união estável ou de sessão de posse lavrada em cartório. O documento público pode ser utilizado em conjunto com outras provas documentais, e se a lei exigir o instrumento público como prova do ato, nenhuma outra prova poderá supri-lo. ● Art. 108 do CPC (a escritura pública é essencial para validade) ● O Art.170 do CPC (trata do princípio da conversão do negócio jurídico) O documento particular é aquele produzido por uma ou ambas as partes, e atesta a existência de um determinado fato ou ato jurídico. Por ser particular, só faz presunção de validade perante o signatário (Art. 408 do CPC). Os documentos também podem ter, ou não, autenticidade. O documento autêntico é aquele em que se identifica com clareza quem o confeccionou, daí, em muitos casos, exige-se como autenticidade o reconhecimento de firma. Outros documentos também podem ser reconhecidos como autênticos, como por exemplo o conteúdo de um e-mail com a identificação de quem o enviou, que é válido como prova sendo documento autêntico. O documento não autêntico não permite identificar quem o produziu. Os documentos também poderão ser de autoria material ou autoria intelectual. No primeiro caso, a identidade ocorre entre quem confeccionou materialmente o documento e o autor do seu conteúdo; enquanto que na autoria intelectual, há a dissonância entre quem confeccionou o documento, que serve como prova, e quem produziu o seu conteúdo, podendo citar como exemplo uma entrevista publicada em uma revista. Quem confeccionou a revista? A editora! ● Art. 422 e parágrafo 1° do CPC É possível arguir a falsidade do documento perante o juízo tratando-se de incidente processual, a fim de excluir a prova do acervo probatório dos autos. Requerido o incidente, o prazo é de 15 dias a partir da juntada dos documentos nos autos, feito isso, o juízo irá intimar a outra parte para apresentar defesa em 15 dias cabendo exame pericial para permitir ao juízo declarar, ou não, a falsidade. É possível a juntada de documento em outras fases do processo, atendendo-se ao princípio da ampla defesa, devendo o juízo assegurar o exercício do contraditório conferindo 15 dias de prazo para manifestação a respeito da prova produzida. ● 437, parágrafo 1° do CPC É possível impugnar a admissibilidade da prova documental, como também impugnar sua autenticidade e ainda suscitar sua falsidade, como também discutir o seu conteúdo. ● Art. 436 do CPC Prova Testemunhal: Toda a sorte de fatos pode ser declarado por testemunha e qualquer pessoa, salvo os incapazes, os impedidos ou suspeitos, não podem servir como testemunha, permitindo ao indivíduo que serve como testemunha declarar a sua versão da verdade sobre um determinado fato, não dispondo a lei de proibir qualquer fato a ser reconhecido por uma testemunha. ● Art. 442 do CPC As únicas impossibilidades para a produção da prova testemunhal encontram-se no art. 443 do CPC, principalmente quando o fato só for admitido por meio documental. Em relação a esse tipo de prova é possível o arrolamento prévio das testemunhas, convencendo-se o juízo da necessidade da produção da prova em momento antecipado, evitando a perda da mesma, e da mesma forma, poderão as partes que requereram a prova testemunhal nomeá-las individualmente antes mesmo do juiz determinar a fase instrutória, e diante do novo CPC, cabe ao advogado da parte intimar a testemunha pessoalmente ou por AR a respeito da data da audiência, recaindo esse ônus sobre o advogado da parte. Somente admitirá a intimação judicial se forem frustradas todas as outras tentativas, exigindo o juízo a prova da necessidade. Prova Pericial: É tipo de prova que depende de um conhecimento técnico específico ou de uma expertise própria, consistindo em: ● Exame: que é a inspeção para verificação de fatos ou circunstâncias que interessam a causa; ● Vistoria: que é uma inspeção restrita a imóveis; ● Avaliação: estimação de valor de algo em moeda corrente no país. A prova pericial admite a produção de documentos elucidativos sobre a questão de fato, cabendo às partes apresentar esses documentos, podendo ser dispensada a perícia técnica desde que o juízo reconheça o convencimento do fato por meio desse documento, cabendo as partes requererem esses documentos elucidativos apresentando-os na inicial ou na contestação. De outra forma é possível também a prova técnica simplificada que deverá ser trazida pela parte em substituição à perícia, caso o fato a ser comprovado seja se menor complexidade para a produção da prova e esse parecer técnico poderá ser deferido de ofício ou a requerimento da parte. ● Art. 464, parágrafo 2° do CPC É possível também a nomeação de perito através de negócio jurídico processual, admitindo-se as partes de comum acordo nomear o perito indicando ao juízo, conforme art. 471 do CPC combinado com os arts. 190 e 191 do CPC. Procede-se a prova pericial mediante requerimento desta e a nomeação pelo juízo do perito, podendo as partes se manifestar no prazo de 15 dias para arguir o impedimento ou a suspeição do perito além de poderem indicar assistente técnico e desde logo apresentar quesitos ao perito, que são questionamentos acerca da perícia para serem respondidos no ato da apresentação do laudo técnico pericial, podendo os assistentes técnicos acompanhar o perito na diligência e emitirem pareceres técnicos. Inspeção Judicial: É prova produzida pelo próprio juízo que poderá ser feita de ofício ou a requerimento, verificada a necessidade do juiz em inspecionar pessoalmente pessoas ou coisas, visando esclarecer fatos da causa, determinando a presença do julgador in loco (no local do evento). É possível o juiz ser assistido por perito e também acompanhado pelas partes na forma do artigo 483 do CPC e seu parágrafo único, e as hipóteses descritas no art. 483 que admitem a inspeção são meramente exemplificativas, e após a inspeção será lavrado auto circunstanciado com as conclusões da inspeção. *Contestar é impugnar cada fato e cada fundamento narrado pelo autor na petição inicial e na medida em que o réu deixa de impugnar algum desses fatos ou fundamentos, não haverá contestação sobre eles, e a consequência disso é presumir-se como verdadeiro o fato ou o fundamento não impugnado, que é o efeito da revelia (falta de contestação). A contestação tem como princípios fundamentais o princípio da eventualidade e o princípio da impugnação específica, presentes nos artigos 336 e 341 respectivamente. Quanto ao princípio da eventualidade, afirma que a contestação é o único e exclusivo momento que o réu tem de apresentar toda a sua defesa, tanto de fato quanto de direito, e a não contestação acarreta no fenômeno da preclusão, que é a perda do direito da prática de um ato processual. Já o princípio da impugnação específica diz respeito a contestação ser o meio de impugnar especificamente todas as questões de fato e de direito trazidas pelo autor em sua peça vestibular, e o não atendimento a esse princípio acarreta à revelia. A contestação é uma resposta que permite ao réu apresentar dois tipos de defesa: A) Defesa Processual: está no art. 337 do CPC, que são as preliminares de contestação, enquanto que a defesa indireta de mérito são as prejudiciais de mérito, que são alegações de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. B) Defesa de Mérito: poderá ser indireta e direta. É a impugnação do fato constitutivo do direito do autor. Sentença: É ato processual praticado pelo juiz de primeira instância que encerra a fase de conhecimento, com ou sem análise de mérito, encerrando também a execução. Note-se que a sentença não põe fim ao processo, mas apenas encerra uma fase dele, autorizando-se aos sucumbentes iniciar a fase recursal desse mesmo processo, ou ao credor iniciar a fase executiva do processo sincrético, podendo-se com isso, afirmar que a sentença põe fim a fase cognitiva,com fundamento nos artigos 485 e 487 do CPC, decorrendo daí, respectivamente, sentença terminativa ou sentença definitiva. A sentença terminativa é aquela que não se mostra capaz de permitir ao juízo exaurir todas as fases do procedimento em virtude de algum vício ou nulidade, que impõe ao magistrado extinguir a fase de conhecimento sem declarar o mérito, conforme art. 485 do CPC. A sentença definitiva é aquela que cumpre a plenitude da cognição, normalmente exaurindo a análise dos fatos e fundamentos trazidos pelas partes e que irá declarar o mérito, conforme art. 487 do CPC. A sentença, necessariamente, deve conter certos elementos sob pena de nulidade, conforme o art. 489 do CPC. Esses requisitos da sentença são o relatório, a fundamentação (ou motivação) e o dispositivo e a ausência de qualquer desses elementos levará a nulidade da sentença, salvo nos juizados especiais, em que é dispensado o relatório em virtude dos princípios informadores dos juizados, que são: oralidade, simplicidade, informalidade, e principalmente a celeridade. Requisitos da sentença: ● O relatório visa retratar tudo que foi realizado no processo, permitindo ao juiz inventariar todos os atos processuais praticados no procedimento, evitando que algum detalhe fique fora de sua apreciação, tratando-se de elemento meramente descritivo, mas essencial, e sua ausência torna a sentença nula. ● A fundamentação da decisão (ou motivação) é na verdade um dever do magistrado de motivar qualquer decisão judicial, e com isso exigir-se da sentença a exposição dos motivos que levaram ao magistrado a formar o seu convencimento acerca do mérito, e tais motivos devem estar fundados em fontes do direito, ou nos elementos probatórios constantes dos autos. Não é considerada fundamentação da decisão a transcrição de julgados do próprio tribunal ou de tribunais superiores, como por exemplo: reproduzir modelos de decisão ou transcrever precedentes de tribunais superiores. Quando se tratar de aplicação de normas colidentes, a sentença deverá trazer de forma justificada o critério usado na ponderação das normas colidentes e que basearam na decisão do magistrado. O Limite subjetivo não afeta o novo fundamento de uma nova ação, mesmo havendo o mesmo pedido e mesmas partes de um processo anteriormente já julgado. ● O dispositivo é o comando imperativo da sentença, e é onde o juiz resolve a questão principal submetida a apreciação. É no dispositivo que o juiz determinará, com todas as especificações, a obrigação que deverá ser cumprida pelo sucumbente, e sobre ele (dispositivo) incidirá os efeitos da coisa julgada material, e é no dispositivo que o juiz irá ordenar as partes no cumprimento da decisão, levando-se em conta o princípio da adstrição, correlação ou congruência, previstos no art. 492 do CPC. Será sobre o dispositivo que se fará a coisa julgada, que é o que se chama limite objetivo da coisa julgada. Em relação a coisa julgada, ela é um efeito da sentença que torna imutável a decisão, não sujeitando mais a nenhum recurso, não se admitindo as partes voltar a demandar o mesmo objeto em juízo, impedindo o juízo de voltar a decidir sobre o mesmo objeto alcançado pela coisa julgada e nem mesmo autorizando ao legislativo, por força de lei, alterar o que já ficou decidido para as partes, uma vez que já superou a coisa julgada. Cumpre salientar que a coisa julgada produz eficácia preclusiva, isto é, ficam preclusos todos os atos processuais que pudessem vir a alterar a decisão transitada em julgado. Ainda sobre a coisa julgada, como se sabe, ela se opera sobre o dispositivo da sentença, devendo ressaltar que questões de interesse público, questões preliminares, questões prejudiciais e questões de estado da pessoa não se operam sobre ela os efeitos da coisa julgada. Outra questão relevante sobre a coisa julgada é que ela foi criada para trazer segurança Jurídica nas decisões, daí o caráter da imutabilidade, mas o entendimento atual é pela relativização da coisa julgada, quando se verifica a chamada coisa julgada inconstitucional, ou seja, uma sentença fundada em lei ou ato normativo que, após o trânsito em julgado da sentença, é declarado inconstitucional, permitindo-se tornar inexigível a sentença. A sentença, ao produzir coisa julgada se opera sobre limites, limites esses subjetivos e objetivos, podendo-se afirmar que a coisa julgada se estende as partes, ao fundamento, e ao dispositivo da sentença. Sobre as partes e sobre a motivação da sentença, opera-se o limite subjetivo da coisa julgada, enquanto que sobre o dispositivo da sentença opera-se o limite objetivo. Somente sobre o dispositivo da sentença é que realmente a coisa julgada se opera objetivamente, e sobre o dispositivo, não há como alterar o que ficou decidido, e somente sobre ele é que objetivamente pode ser arguida a coisa julgada. A sentença irá declarar o pedido indicado pelo autor exatamente no limite em que for pedido, sob pena de produzir error in judicando, que é o erro na aplicação do direito que se da nas sentenças ultra petita, extra petita, infra petita ou citra petita. Após a fase de saneamento ou mesmo após a inicial e a contestação, é lícito às partes juntarem aos autos novas provas ou alegar novos fatos, desde que intime-se a outra parte a se manifestar e produzir prova sobre esses novos fatos, mesmo que esses fatos possam influenciar a sentença, atendendo-se aos princípios da economia processual e da solução integral do mérito, conforme art. 4° do CPC. Caso a sentença seja publicada, em regra, não poderá mais sofrer alteração, com exceção do que dispõe o art. 494 do CPC, que se trata se inexatidão material, erro de cálculo ou atuar em embargos de declaração, já que o mérito já foi decidido. Encerrada a fase de conhecimento, não possui o juiz competência para modificar o mérito após exaurir a fase do conhecimento, pois a competência para modificar o mérito de uma decisão já publicada é funcional do órgão revisor (colegiado). A sentença do processo de conhecimento possibilita múltiplos desfechos, dependendo do que a parte espera obter com o processo e a natureza da ação de conhecimento será determinada pela natureza Jurídica de suas sentenças, ou seja, para cada resultado útil esperado pelo processo, haverá uma sentença específica. Sobre esse assunto, a corrente trinária, adotada no Brasil, reconhece as naturezas: declaratória, condenatória e constitutiva positiva ou negativa (desconstitutiva). Corrente trinária: A sentença declaratória visa eliminar incerteza sobre determinada relação jurídica e reconhece juridicamente o que existe de fato, além de reconhecer juridicamente a falsidade ou idoneidade (verdade) de um documento. A sentença condenatória tem por finalidade obrigar o réu ao cumprimento de uma prestação inadimplida, ou seja, para que haja ação condenatória é essencial que se demonstre uma obrigação e que se requeira ao juiz que o réu seja condenado ao cumprimento da obrigação. Cabe ressaltar que a sentença condenatória autoriza o credor a promover o procedimento de cumprimento de sentença, caso esta não se cumprida voluntariamente, formando o processo sincrético. A sentença constitutiva é aquela em que se busca uma declaração pericial para criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica, e possui eficácia imediata, normalmente dispensando o procedimento executivo. Vários autores, encabeçados pelas teorias de Pontes de Miranda, reconhecem a teoria quinária das sentenças de conhecimento, acrescentando outras três: a sentença mandamental e a sentença executiva lato sensu. As sentenças mandamentaisse caracterizam por uma ordem, não havendo apenas a condenação pelo juízo e sim uma ordem de cumprimento possibilitando a coação do réu ao cumprimento da ordem, normalmente adequada aos remédios constitucionais, na defesa dos direitos individuais ou coletivos fundamentais como o mandado de segurança, habeas corpus, entre outros. Já as sentenças executivas lato sensu são aquelas auto executáveis e dispensam a fase de cumprimento de sentença, bastando a parte demonstrar ao juízo o descumprimento da decisão e requerer uma ordem de cumprimento (mandado), não sendo necessário proceder ao cumprimento de sentença. Ex.: ação de despejo, ação possessória. Cabe ressaltar que nas ações condenatórias de obrigação de fazer, não fazer e entrega da coisa é possível ao magistrado, na hipótese de a prestação tornar-se impossível de ser realizada, mesmo na fase de conhecimento converter a obrigação em perdas e danos condenando o réu ao pagamento de quantia certa. Nessas ações que exigem obrigação de fazer e de não fazer, e entrega de coisa certa, é permitido ao juízo a concessão de tutela específica que é medida coativa que tem por finalidade alcançar o resultado prático equivalente ao cumprimento da prestação e estas tutelas específicas também podem se apresentar como tutelas inibitórias que buscam evitar o dano ao credor, caracterizando se pelas astreintes, que são a fixação de multa em razão do descumprimento da prestação. Em relação a todas essas sentenças, a coisa julgada material torna imutável o direito declarado na sentença e essa coisa julgada também se estende às questões prejudiciais arguidas pelo réu em defesa indireta de mérito, bem como nos incidentes de declaração invocados pela parte que visa reconhecer um fato prejudicial ao direito do autor. Em relação aos processos coletivos previstos no art. 81 do CDC, a coisa julgada coletiva pode ser estendida ao plano individual, permitindo ao beneficiário da decisão coletiva executar a sentença individualmente principalmente na defesa dos direitos individuais homogêneos, em razão do transporte in utilibus na decisão coletiva para o plano individual. Proferida a sentença, caso esta tenha como parte sucumbente a fazenda, a união, o estado, o município, bem como suas autarquias e fundações, deverá esta sentença proceder ao duplo grau obrigatório de jurisdição, denominado como necessária, que é a reapreciação obrigatória do julgado, independente de eventual recurso interposto pela parte visto que a sentença contraria os interesses da fazenda pública, conforme art. 496 CPC. A regra vista acima é excetuada pelos §§ 3° e 4° do artigo 496 do CPC, que dizem respeito ao valor da condenação ou quando a sentença estiver fundada em excedente judicial do próprio tribunal, a que está submetido o juiz prolator da sentença ou tribunal superior. Recebida a remessa necessária, o relator poderá julgar o recurso monocraticamente, dando ou negando provimento ao mesmo, conforme súmula 253 do STJ. Homologação De Sentença Estrangeira: É procedimento que visa permitir transferir para o Brasil a eficácia de uma sentença proferida no exterior, permitindo a execução do julgado no Brasil. É o STJ quem promove essa homologação mediante procedimento denominado como juízo de delibação, que de forma alguma interfere no mérito da decisão, fazendo apenas análise processual e material sobre os requisitos da sentença para verificar se é adequada a legislação nacional para passar a ter os mesmos efeitos que uma sentença proferida no Brasil. O juízo de delibação verifica a existência ou não dos requisitos necessários para a homologação que podem ser processuais, como por exemplo, o juízo competente que proferiu a decisão que houve respeito ao contraditório, ampla defesa, imparcialidade, e que foram permitidos o uso de recurso, caso existam; e também requisitos materiais como: a tipicidade do direito declarado equivalente ou não, proibido na lei brasileira; condenação compatível com a previsão legal; e também o respeito a valores fundamentais de nossa constituição, como a dignidade, por exemplo, e a isso denomina o juízo de delibação, que se preenchidos os requisitos, autorizam a homologação autorizando a execução da sentença no Brasil que se dará perante a justiça federal em uma de suas varas cíveis mediante expedição de carta de sentença, conforme art. 109, X da CF/88 . Ação Rescisória: Em primeiro lugar, esta ação é de competência originária do tribunal que atua como primeiro grau de jurisdição quando se busca rescindir sentença de mérito mediante qualquer das hipóteses do artigo 966 do CPC e seus incisos, como por exemplo, um fato novo impossível de ter sido alegado na fase de conhecimento, ou na fase recursal; o impedimento do juiz; a incompetência absoluta do juízo; coisa julgada; como também o reconhecimento da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em que se fundamentou a sentença que se busca rescindir. Em se tratando de sentença homologatória, de acordo entre as partes que é de mérito, não será possível a ação rescisória, pois qualquer alteração da decisão se dará por via de ação anulatória e não rescisória. A ação rescisória poderá ser arguida por aquele que se sentir lesado, por ter sido parte na demanda que originou a sentença de mérito ou qualquer outro terceiro interessado na lide, ou também o MP, que quando não for parte deverá se manifestar se assim preferir. OBS.: Não cabe rescisória em sede de juizado especial pois não é permitido o controle externo sobre a decisões do juizado.
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