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O DIREITO REAL DE LAJE: Uma proposta de regularização fundiária no contexto de hipervalorização econômica e de “morte” dos programas sociais de moradia no marco do estado democrático em tempos de crise? Gabriela Almeida Sapori* Yasmin Sevaybricker Vilanova Pereira** RESUMO: O presente artigo tem como objetivo iniciar um estudo acerca do direito real de laje. Nos tempos de crise, o país não possui mais condições de construir novas moradias para atender às famílias que estão em situações de precariedade, irregulares e clandestinas, ocasionando a “morte” dos programas de moradia. A criação do direito real de laje contribuiu para a regularização dessas situações e consequentemente, para a hipervalorização da economia. PALAVRAS- CHAVE: Direito real de laje. Regularização fundiária. Reurb-S. Lei 13.465/2017. Moradia. Econômica. SUMÁRIO: 1. Introdução - 2. O direito real de laje como instrumento de regularização fundiária dos núcleos urbanos informais - 2.1. O direito real de laje: conceito e fundamento - 2.2. A regularização fundiária dos núcleos urbanos informais no âmbito da REURB-S - 2.2.1. O direito real de laje para regularização fundiária dos núcleos urbanos informais em favelas - 3. A regularização fundiária dos núcleos urbanos informais pelo direito real de laje no contexto político de hipervalorização econômica - 3.1. A preponderância da motivação econômica para o reconhecimento do direito real de laje pelo legislador - 3.2. O pagamento de tributos pela população de baixa renda a partir da formalização da laje e as possíveis consequências nefastas ao titular em caso de execuções de débitos fiscais - 3.3. Do direito social à moradia digna - 3.4. A crise do estado democrático, a “morte” dos programas sociais de moradia e a regularização da laje como política habitacional - 4. Considerações final 1. INTRODUÇÃO A Lei 13.465/2017 foi editada no mês de julho de 2017, convertendo a Medida Provisória 759/2016 e alterando totalmente o regime jurídico da regularização fundiária, principalmente ao introduzir o direito real de laje no rol do seu artigo 1.225 do Código Civil, inovando no que tange aos direitos reais sobre coisas alheias. Focando principalmente na regularização fundiária de interesse social, onde trata da população de baixa renda, abordamos sobre como o direito de laje é um instrumento fundamental para essa regularização nos núcleos urbanos informais, em especial nas favelas. O objetivo do presente estudo é explorar o direito real de laje, observando as mudanças na Lei em relação a Medida Provisória e realizar uma análise sobre a sua importância para a hipervalorização econômica, bem como para a regularização fundiária e o direito social à moradia, além do seu papel diante da “morte” dos programas sociais de moradia. 2. O DIREITO REAL DE LAJE COMO INSTRUMENTO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DOS NÚCLEOS URBANOS INFORMAIS Como é de se saber, a urbanização do nosso país é marcada pela ocupação informal. Milhares de brasileiros não têm acesso ao solo urbano e à moradia, senão através de instrumentos informais e ilegais, como a favela, lotes clandestinos, viadutos, marquises, ocupações de áreas públicas, entre outros. Para o doutrinador Nelson Saule Júnior, existem dois sistemas de apropriação e uso do solo nas cidades do Brasil: O primeiro atende a padrões mínimos urbanísticos ambientais e é destinado à população de renda média e alta, que vive na cidade legal-formal, com acesso a serviços e à infra-estrutura urbana. (...) O segundo não atende aos padrões urbanísticos e ambientais estabelecidos pelas legislações urbanísticas e são constituídos de forma informal e irregular. São os assentamentos precários, como as favelas, vilas, cortiços, loteamentos e conjuntos habitacionais populares, onde vive a população de baixa renda, gerando impactos negativos tanto no aspecto social como no meio ambiente. Essa população não tem a propriedade e sim a posse dessas áreas, sendo que muitas dessas áreas são públicas. 1 Esse segundo sistema, nada mais é, do que uma ocupação sem um projeto e sem a observância da Lei 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. Trata-se da única alternativa de moradia e ocupação de terra urbana para a população de baixa renda, que além disso, sofrem as consequências de localização dessas ocupações, com a maioria em áreas de risco, sob redes de alta tensão, troncos de distribuição de água ou coleta de esgoto, faixas de domínio de rodovias e terrenos com alto declínio. O direito real de laje se apresentou como uma forma alternativa à ocupação irregular urbana, contribuindo para a concretização do Direito social à moradia e possibilitando a regulação de unidades imobiliárias autônomas erguidas sobre uma construção base, encontradas em comunidades que não seguiram os trâmites burocráticos de uma construção em área urbana. O artigo 9º da Lei nº 13.465/17 dispõe sobre a Regularização Fundiária Urbana, que conforme a lei: Ficam instituídas no território nacional normas gerais e procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária Urbana (Reurb), a qual abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais destinadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à titulação de seus ocupantes. Ou seja, o direito real da laje é delimitado a essas regiões e a regularização fundiária confere a legitimação da propriedade às pessoas que vivem um contexto de precariedade e pobreza. 1 SAULE JUNIOR, 2004, p. 339 2.1 O direito real de laje: elucidando o conceito e fundamento O direito real de laje compreende-se como o poder de construir acima ou abaixo de um pavimento alheio, criando uma unidade independente dele. Conhecido na linguagem brasileira como “puxadinho”, esse direito já era admitido pela doutrina e jurisprudência, mas apenas como um direito obrigacional. Podemos dizer que há duas espécies de laje, a sobrelevada e a de infra partição. A primeira se refere a mais comum das lajes, as construções verticais superiores, enquanto a segunda se refere às construções verticais inferiores. Para o direito em questão ser configurado, é necessário que um terceiro edifique, não sendo possível sua configuração apenas com o simples uso, pois nesse caso teríamos uma posse temporária. O direito de laje tem como fontes o negócio jurídico, podendo ser inter vivos e por causa mortis, pelo fato de decorrer de contrato ou testamento e a usucapião se presentes seus requisitos legais da prescrição aquisitiva. Ele possui como características a natureza real, usucapiabilidade e tendência à perpetuidade. Através do art. 1510-A do Código Civil, podem ser observados três requisitos do direito de laje. O primeiro deles é a forma e a solenidade que ela possui. O segundo é a dualidade de imóveis e de proprietários, pois a laje é uma propriedadeindependente e de titularidade distinta do local onde se encontra, dessa forma ela não terá subordinação ou dependência ao imóvel em que ela está. O terceiro e último requisito é a autonomia funcional e acesso à via pública no qual a laje não pode permanecer encravada sob pena de inviabilizar sua função socioeconômica. Por ser um direito real imobiliário e ter efeitos parecidos com o da propriedade, a laje irá se extinguir pelos mesmos motivos dos direitos reais, como por exemplo abandono, renúncia, perecimento e das apropriações. Outra forma de extinção do direito real de laje, é quando ocorrer a ruína da construção base. Se a laje for construída no subsolo e sua construção base não for reconstruída no prazo de 5 anos, esse direito é extinto. É importante destacar também, os direitos e deveres do lajeado. Em relação aos seus deveres, eles dizem respeito a reconstrução da construção base em caso de sua ruína, arcar com despesas urgentes e contribuir com as áreas que servem à construção. De acordo com o segundo parágrafo do art. 1510-A, responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre sua unidade: O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre sua unidade. 2 Além disso, deverá respeitar o direito de preferência. Já os direitos, o primeiro é que não necessita da existência de acesso independente à laje para que essa se concretize. O segundo se refere ao fato de que o lajeário podem ser cobrados pelos tributos e encargos que recaiam sobre a sua laje. O lajeário possui o direito de usar, gozar, dispor e reivindicar, tendo assim a posse da laje. Um outro direito que o lajeário possui é que em caso do proprietário do imóvel base querer alienar onerosamente a sua parte, o lajeário terá o direito de igualdade perante a terceiros. Para alguns autores o direito real de laje pode ser considerado uma nova manifestação do direito de propriedade, que se concilia com a concepção do Direito Civil e que vence a visão de que o direito de propriedade só é possível quando o imóvel estiver fisicamente ligado ao solo. O autor Rosenvald dizia o seguinte: [...] abre-se um novo capítulo na constante ressignificação do direito de propriedade brasileiro, resultado da necessária tensão entre o “direito de propriedade” e o “direito à propriedade”. O direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF) como garantia institucional e direito fundamental individual, fundado na liberdade do indivíduo de se apropriar de bens e de excluir terceiros (o clássico sujeito passivo universal). Lado outro, o direito à propriedade (art 5º, ‘caput’, CF), como expressão do Estado Democrático de Direito pela via da universalização do acesso à propriedade. Trata-se de direito fundamental social, albergado no princípio da igualdade material, que defere a todo o ser humano o “vir a ter” e o direito de “não ser excluído” da condição de cidadão dotado de um piso patrimonial que materialize a sua dignidade e preserve a privacidade do núcleo familiar. 3 2 Código Civil – Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002 3 ROSENVALD, Nelson. O direito real de laje como nova manifestação de propriedade. O direito real de laje é visto um direito fundamental constitucional. Com a Carta Magna de 1988, o direito de propriedade passou a ser uma garantia mínima para o exercício da cidadania e é considerado pelo 5˚ da Constituição Federal um direito fundamental, vinculado ao mínimo existencial e à dignidade humana. Por se tratar de uma nova manifestação da propriedade, o direito de laje pode ser reconhecido como um direito fundamental implícito, tratando-se de simples decorrência do caráter fundamental do direito de propriedade. Caso seja reconhecido como tal, a ele serão atribuídos todos os efeitos desse contexto. Assim, o direito de laje deverá ser tratado como cláusula pétrea, não podendo diminuir sua proteção. Além disso, será reconhecida a sua impenhorabilidade, não podendo a laje ser objeto de penhora. Apesar disso, deverá ser atendido os fins sociais da propriedade pelo titular da laje de acordo com que é exigido pelo texto constitucional. Dessa maneira, pode-se entender que a adequação entre o direito de propriedade e o direito à propriedade, como mínimo existencial, inclui o direito de laje como um instrumento de regularização fundiária urbana que se adapta a realidade das famílias brasileiras, em especial as de baixa renda. Isso se dá devido a frequente existência de núcleos familiares que vivem em pavimentos distintos da construção original, assumindo a condição de “possuidores‘‘ da laje. O objetivo do direito real de laje é estimular a regularização fundiária e concretizar o direito social à moradia, admitido e assegurado na Constituição da República, regularizando assim, os programas habitacionais brasileiros e promovendo a cidadania e a dignidade humana. Introduzido pela Medida Provisória nº 759 de 26 de dezembro de 2016, o direito real de laje surgiu causando dúvidas relacionadas a sua eficácia e além disso, possuía fortes semelhanças com o direito de superfície. Posteriormente, a Medida Provisória foi convertida pela Lei 13.465/17, que se constituiu em resposta a atual situação social do Brasil no que diz respeito a regularização fundiária urbana e rural, trazendo uma nova perspectiva para o direito real de laje. A nova Lei incluiu algumas mudanças nos artigos do Código Civil relacionado a laje: Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. § 1° O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. § 2° O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua unidade. § 3° Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. § 4° A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas. § 5° Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje. § 6° O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. 4 A partir das disposições legais expostas e as demais existentes, percebemos que o que mudou na conversãoda antiga Medida Provisória em Lei foi a compreensão de que o mais importante é dar às pessoas o direito de propriedade, o direito de se tornarem proprietárias. O objetivo dos artigos do Código Civil direcionados ao direito real de laje é reforçar, mais do que nunca, a segurança jurídica sobre o titular e a sua propriedade, trazendo novos instrumentos para a regularização fundiária no Brasil e atendendo socialmente a necessidade dos cidadãos. 2.2 A regularização fundiária dos núcleos urbanos informais no âmbito da REURB-S A regularização fundiária consiste em regularizar a ocupação dos cidadãos e promover a urbanização, incluindo medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais, com o objetivo 4 Código Civil – Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002 de integrar assentamentos irregulares sem que haja a necessidade de remover a população para outros locais. Com a finalidade de alcançar um reordenamento do espaço territorial, em especial à busca de melhorias para as condições sociais do espaço urbano brasileiro, a legislação criou algumas modalidades de regularização fundiária para colaborar com a qualidade de vida da população: a regularização fundiária de interesse específico e a de interesse social. A de interesse específico (Reurb-E) é definida como aquela que não for caracterizado o interesse social. Essa, se refere aos casos de informalidade urbana que envolvem grupos com maior poder aquisitivo, como loteamentos fechados e condomínios urbanísticos divergentes da ordem jurídica. Já na regularização fundiária de interesse social (Reurb-S), são incluídas aquelas ocupações de pessoas com baixa renda. Elas receberão de forma gratuita o registro do imóvel, ficando toda a infraestrutura básica por conta do Poder Público, que se encarrega de empregar vários institutos jurídicos com o objetivo de conferir ao ocupante o direito real adequado à sua realidade e o foco do artigo se concentra justamente nessa modalidade. A Lei 13.465/2017, em seu artigo 63, permitiu que a construção seja efetivada baseada na “mera notícia”, independente de certidão previdenciária e apresentação de habite-se: Art. 63. No caso da Reurb-S, a averbação das edificações poderá ser efetivada a partir de mera notícia, a requerimento do interessado, da qual constem a área construída e o número da unidade imobiliária, dispensada a apresentação de habite-se e de certidões negativas de tributos e contribuições previdenciárias. 5 Esses trâmites facilitam o ingresso das construções nas matrículas, colaborando na regularização da situação registral da população de baixa renda que ocupam edificações sobrepostas. A Reurb-S é uma ferramenta eficaz no combate a irregularidade das áreas e assentamentos urbanos ocupados por milhares de pessoas de baixa renda. Com ela, grande parte da população terá sua ocupação legalizada nas áreas urbanas e consequentemente, promoverá uma melhor qualidade de vida, melhorias no ambiente urbano, incentivará o pleno exercício da cidadania e proporcionará o direito a uma vida digna. 5 Lei 13.465/2017 2.2.1 O direito real de laje para regularização fundiária dos núcleos urbanos informais em favelas As construções das favelas e periferias brasileiras possuem uma característica muito particular, pois são construídas umas sobre as outras. Como se fosse um “puxadinho”, elas apoiam suas lajes umas por cima das outras, com acessos independentes, já que cada construção sobreposta, é independente uma da outra. Por esse motivo, o Governo sabe que não adiantaria apenas regularizar os imóveis invadidos, sendo preciso também, criar um novo direito real que regularizasse a situação específica. Com isso, foi criado o direito real de laje e a partir da exposição de motivos da Medida Provisória 759/2016, convertida na Lei 13.465/2017, podemos perceber que a regularização fundiária de favelas foi o motivo principal da criação desse direito. Observa-se: 113. VI – SOBRE O DIREITO REAL DE LAJE. Em reforço ao propósito de adequação do Direito à realidade brasileira, marcada pela profusão de edificações sobrepostas, o texto prevê a criação do direito real de laje. 114. Por meio deste novo direito real, abre-se a possibilidade de se instituir unidade imobiliária autônoma, inclusive sob perspectiva registral, no espaço aéreo ou no subsolo de terrenos públicos ou privados, desde que esta apresente acesso exclusivo. Tudo para que não se confunda com as situações de condomínio. 115. O direito de laje não enseja a criação de co-domínio sobre o solo ou sobre as edificações já existentes. Trata-se de mecanismo eficiente para a regularização fundiária de favelas. 6 É um fato que a regularização fundiária dessas comunidades é uma grande preocupação dos poderes públicos desde a Constituição de 1998, passando pelo “Estatuto das Cidades” até chegar no famoso programa “Minha Casa, Minha vida” e portanto, é importante reconhecer a importância do direito de laje e os direitos que o proprietário dela vai possuir. Essas comunidades estão cercadas de moradores que desejam ter seu crescimento pessoal e profissional e desejam construir e empreender. O direito de laje nas favelas serve para garantir o direito de regularização e de uso da propriedade e tendo sua legitimidade 6 BRASIL. Exposição de Motivos Interministerial. 20/2016 reconhecida, essa propriedade poderá ser comercializada, alavancando o crescimento do mercado e do próprio cidadão. Sendo assim, a regularização passa a ser dos imóveis sobre as lajes, sendo a regularização fundiária das favelas. Aqui, o solo pertence a pessoa que construiu o imóvel primeiro e as construções sobrepostas pertencem a pessoa que adquiriu o direito sobre a laje. A regularização fundiária dessas favelas está distante de concretizar o direito à moradia digna, mas é um impulso para diminuir a desigualdade social do nosso país. A regularização da laje é gratuita no cartório de registro de imóveis e ao regulá-la, a pessoa passa a ter acesso ao mercado imobiliário, podendo até buscar um financiamento para reformas. 2.3 A possibilidade da usucapião da laje No direito real de laje, é possível a aquisição originária da laje através de usucapião. Para que isso aconteça seria necessário o preenchimento dos requisitos das espécies de usucapião previstas, seriam eles a posse mansa, pacífica, sem oposição, ininterrupta durante o lapso temporal exigido e animus domini. Ao ser reconhecida a usucapião lajearia, o direito real passará a ser bipartidário, ou seja, o imóvel originário irá permanecer com o seu titular mas em contrapartida o direito de laje será reconhecido ao seu usucapiente. Existe a discussão entre alguns autores sobre a possibilidade ou não da usucapião da laje de bem público. Os autores a favor dessa possibilidade usam como discurso o fato do direito real de laje ser independente e autônomo, além disso, para eles o bem público não perderiasua titularidade devido ao fato que o direito de laje passaria a ser bipartidária ao ser reconhecida a usucapião, assim a propriedade da coisa continuaria pertencendo ao Poder Público e sua titularidade ao usucapiente. Para esses autores na previsão legal do direito de laje daria a entender tal possibilidade, já que em seu artigo 1510-A, § 1° do Código Civil diz que : § 1º. O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017). Um outro argumento utilizado foi que o STF reconheceu a usucapião de enfiteuse de bens públicos. Já os autores que acreditam na sua impossibilidade usam o discurso que há uma proibição de usucapir bem público, essa proibição está disposta no artigo 183 § 3° e artigo 191, parágrafo único da CR/88, Dec-Lei n° 9.760/1946, artigo 200, súm. nº340 e artigo 102 do Código Civil. Além disso, de acordo com esses autores, no caso da decisão do STF de usucapião de enfiteuse de bem público, na verdade estaria sendo adquirido um direito real sobre coisa alheia. A partir disso, podemos ver que em nosso ordenamento perdura uma vedação sobre a usucapião de bem público. 3 A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DOS NÚCLEOS URBANOS INFORMAIS PELO DIREITO REAL DE LAJE NO CONTEXTO POLÍTICO DE HIIPERVALORIZAÇÃO ECONÔMICA A regularização pode contribuir de forma muito positiva para o desenvolvimento econômico do Brasil e para o combate à pobreza e à marginalização. A regularização e consequentemente, o registro de terras e seu cadastramento, geram uma certa segurança jurídica aos negócios imobiliários, tendo em vista que terceiros terão acesso direto às informações de titularidade pública ou privada de qualquer bem imóvel. Além disso, um imóvel formalizado configura o acesso ao crédito bancário e assim, permite que as empresas integrem a economia formal e se desenvolvam. Essa política não reflete apenas na economia do país, mas também na de milhares de cidadãos de baixa renda. Ela não só garante os direitos fundamentais da população, mas também colabora na autonomia e bem-estar das famílias, que terão a oportunidade de iniciar atividades produtivas e conseguir empréstimos bancários a juros mais baixos. A regularização fundiária faz com que os cidadãos se sintam incluídos, responsáveis e fortalecidos e com isso, eles buscarão formas de integração na economia formal, utilizando serviços como internet, luz, TV a cabo, pagando IPTU, contribuindo para a previdência, etc. É de extrema importância promover a legalização fundiária. Precisamos ter uma legislação que se adeque à realidade de grande parte da população de baixa renda e entenda que a marginalidade e a precariedade se escondem dentro das comunidades brasileiras devido à essa informalidade. É necessário regularizar as propriedades e também, regularizar o consumo para que o cidadão se sinta realmente incluído na sociedade e assim, possa aquecer na economia brasileira. 3.1 A preponderância da motivação econômica para o reconhecimento do direito real de laje pelo legislador O aproveitamento econômico da propriedade é uma finalidade já alcançada pelo direito de superfície. O direito real de laje deu um passo à frente em relação a isso, o que foi essencial para o seu reconhecimento pelo legislador. Esse incremento econômico da propriedade não é apenas alcançado através da exploração do bem, mas também pela conferência do título de domínio. O direito de laje insere a propriedade no mapeamento imobiliário do país, aumenta a riqueza nacional e a segurança das transações. 3.3 Do direito social à moradia digna Apesar de tentar reduzir seu déficit habitacional com programas sociais de moradia, a crise urbana do Brasil não permitiu que ele fosse reduzido por muito tempo. Por um lado, a nossa Constituição Federal prevê o direito à moradia como um direito social em seu artigo 6º, caput: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição 7 É importante ressaltar que o direito à moradia não deve ser visto apenas como um direito à moradia própria, mas sim, como um direito à moradia digna. A Declaração Universal dos Direitos Humanos valoriza e promove uma vida digna, como enuncia em seu artigo 25: 7 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 8 Podemos perceber então, que o direito à moradia envolve muito mais que o simples ato de habitação, ele envolve de forma direta a qualidade de vida do indivíduo, que tem direito também ao conforto e as condições adequadas de higiene, preservando assim, sua intimidade pessoal e a de sua família. O cidadão não pode ser privado de possuir uma moradia e nem impedido de consegui-la, sendo dever do Estado promover a defesa do direito do indivíduo ao mínimo existencial e principalmente, a garantia dele. Porém, raramente o Estado observa esse direito e muitas vezes é, inclusive, omisso quando se trata dos direitos fundamentais do cidadão e por isso, entre outros motivos, o Brasil não consegue se livrar do déficit habitacional. As desigualdades sociais geram uma exclusão social e a marginalização por parte da população de baixa renda, distanciando os indivíduos cada vez mais de uma moradia digna. Portanto, é por isso que a efetivação do direito à moradia digna deve ser executada, para que os problemas sejam solucionados e para que os cidadãos tenham seus direitos preservados e concretizados. 3.4. A CRISE DO ESTADO DEMOCRÁTICO, A “MORTE” DOS PROGRAMAS SOCIAIS E A REGULARIZAÇÃO DA LAJE COMO POLÍTICA HABITACIONAL Basta andar nas ruas brasileiras para notar o crescimento contínuo do número de pessoas vivendo nas ruas. Com a falta de moradia, elas passam a sobreviver em praças, pontes, viadutos e fazem deles a sua casa. Outras pessoas passam a morar em áreas de risco, ocupações ou casas de parentes. Todas essas questões nos fazem refletir quais os motivos levam a ser cada vez mais difícil morar de forma digna no Brasil. São várias as razões que contribuem para o déficit habitacional. A começar pelo crescente desemprego no país. Sem trabalho fica impossível sobreviver num país capitalista earcar com uma moradia de qualidade. Outro motivo é o alto preço dos aluguéis que costumam 8 Declaração Universal dos Direitos Humanos ser tão altos, que quando as famílias conseguem pagar, não sobra mais dinheiro pro resto do mês. Além disso, o ajuste fiscal também contribui muito para esse problema. Com a crise no país, o Governo decidiu economizar cortando a verba de vários programas sociais e com isso, inviabilizou a construção de novas moradias. Com a falta de recursos e planejamentos, o Brasil não tem mais condições de construir novas moradias para atender as famílias que ainda se encontram em situações irregulares e clandestinas e, sabendo que não vencerá o déficit habitacional, a solução foi trocar de estratégia e regularizar as moradias nas áreas urbanas invadidas. Dessa forma, em 2016, o governo publicou a Medida Provisória, atualmente convertida na Lei 13.465/17 com algumas alterações. Os motivos expostos foram: 2. Diversos são os dispositivos constitucionais que dispõem sobre o direito à moradia. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 6o que “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. 7. Demais disso, o crescimento muitas vezes desordenado dos grandes centros urbanos e a explosão demográfica brasileira em curto espaço de tempo vem causando diversos problemas estruturais que, por falta de regramento jurídico específico sobre determinados temas, ou mesmo por desconformidade entre as normas existentes e a realidade fática dos tempos hodiernos, não apenas impedem a concretização do direito social à moradia, como ainda produzem efeitos reflexos negativos em matéria de ordenamento territorial, mobilidade, meio ambiente e até mesmo saúde pública. 9 Com isso, a Regularização Fundiária Urbana (REURB) foi criada e poderia ser aplicada a todas as áreas urbanas invadidas destinadas à moradia e além disso, foi reconhecida formalmente pelo Governo Federal, conforme exposto: 79. Para fins da REURB, adotou-se conceito funcional dos núcleos urbanos que, deste modo, restaram conceituados como adensamentos com usos e características urbanas, ainda que situados em áreas qualificadas como rurais, em imóveis privados, públicos ou em co-propriedade ou comunhão 9 BRASIL. Exposição de Motivos Interministerial. 20/2016 com ente público ou privado, destinados predominantemente à moradia dos seus ocupantes. 80. A informalidade que os qualifica diz respeito, precisamente, à clandestinidade e irregularidade das ocupações, sob a forma de parcelamentos do solo, de conjuntos habitacionais ou condomínios, horizontais, verticais ou mistos, bem como abrange os casos que, atendendo à legislação vigente à época da implantação ou regularização, não foram passíveis de realização da titulação dos seus ocupantes. 82. Verifica-se, em âmbito habitacional, que as demandas por políticas públicas do Governo Federal, há muito concentraram-se na correção do déficit habitacional quantitativo, alcançado pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. 83. Mais recentemente, com o Programa Cartão Reforma, os problemas associados à correção do déficit habitacional qualitativo entraram no foco de atenção do Governo Federal. 84. Faltava, então, robustecer o terceiro suporte do tripé em que se apoia a questão urbana no País: o reconhecimento formal, pelo poder Público, das ocupações clandestinas e irregulares identificadas nas cidades brasileiras - situação fática que não poderia permanecer alheia aos mecanismos jurídicos. 10 Com essas exposições da Medida Provisória, podemos perceber que o Estado reconhece e admite que não consegue vencer a demanda da falta de moradia no Brasil e é por isso que decide regularizar os imóveis irregulares que estão sendo usados para a moradia de milhares de indivíduos. Várias famílias vivem em situações extremamente precárias e clandestinas e além disso, são excluídas do mercado imobiliário, devido à falta de documentos. Essa falta de documentos acaba refletindo também no próprio mercado de imóveis, que não consegue cobrar os tributos que deveria. É uma via de mão dupla. A mudança trazida pela regularização fundiária, além de favorecer o próprio indivíduo, favorece o mercado, assim como a exclusão da população de baixa renda nas cidades, também gera a 10 BRASIL. Exposição de Motivos Interministerial. 20/2016 exclusão do mercado. Podemos confirmar isso, com outro ponto da exposição de motivos da Medida Provisória: 93. Apesar da falta de dados oficiais, só o Ministério das Cidades recebeu, nos últimos quatro anos, pedidos de recursos para a regularização fundiária de mais de quatro milhões de unidades imobiliárias em todo o Brasil. Muitas dessas ocupações originam-se de contratações legítimas. Ocorre que seus ocupantes, quando muito, possuem, apenas, escrituras sem registro ou mesmo documentos particulares inaptos ao ingresso nos registros imobiliários. São localidades, bairros e, eventualmente, municípios inteiros em condição de informalidade; o que desordena as cidades, com vasto leque de consequências negativas para o bem-estar da população e o desenvolvimento local. 11 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se pode perceber através desse estudo, o direito real de laje foi reconhecido no ordenamento jurídico através da Lei 13.465/17. Analisamos informações importantes no que tange ao direito real de laje, bem como o conceito e o contexto histórico da regularização fundiária e como ela refletiu na hipervalorização econômica. Com esse trabalho, podemos concluir que apesar do direito à moradia está inserido na nossa Constituição e ser um direito fundamental, ele está limitado à disponibilidade financeira do Estado. Porém, como é sabido, estamos vivendo uma crise no Estado Democrático e isso dificulta bastante a realização dos programas sociais de moradia, pois o Estado não tem condições financeiras para arcar com eles. 11 BRASIL. Exposição de Motivos Interministerial. 20/2016 Com a urbanização crescendo de forma descontrolada, muitas famílias se sentem obrigadas a invadir imóveis em áreas irregulares e de risco para fazerem os seus lares. Por muitos anos o Estado prometeu uma melhoria de vida para essas famílias, mas infelizmente não conseguiu atender a demanda. Com isso, o Estado altera o seu método e regulariza essas situações, criando um novo direito real, conhecido como direito real de laje. A inclusão do direito real como o direito de laje concretiza a regularização do direito à moradia para milhares de famílias que viviam em situação precária e de marginalidade. Na prática, basta que o proprietário de uma construção-base ceda a superfície superior de sua construção paraque o titular do direito à laje mantenha sua unidade independente daquela originalmente construída sobre o solo. Um importante destaque também, é o quanto essa política pode contribuir na hipervalorização do país. Regularizando as propriedades, automaticamente se regulariza o consumo, fazendo com que a sociedade aqueça a economia, ajudando no combate à pobreza e facilitando o desenvolvimento do mercado imobiliário. Esse novo direito não será a solução, mas é um instrumento que irá corrigir a desorganização urbana que se encontra no nosso país. Essa medida, além de contribuir com importantes mudanças sociais e no bem-estar de várias pessoas, dá esperança a milhares de brasileiros excluídos socialmente de terem seus direitos garantidos e respeitados, tornando o Brasil um dos pioneiros a disciplinar tal direito, diferente de tantos outros países. REFERÊNCIAS BRASIL. 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