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O PAPEL DA RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA 
NO SUCESSO DA ONCOLOGIA PERSONALIZADA 
 
 
Introdução 
A incidência de câncer e sua morbimortalidade permanecem elevadas, embora 
haja grande evolução de sua biologia, bem como das tecnologias diagnóstica e 
terapêutica. A incorporação no cotidiano desse conhecimento é lenta, 
impactando apenas gradualmente no sucesso efetivo da terapêutica e no 
desfecho clínico favorável. Tradicionalmente, drogas quimioterápicas atuam de 
forma inespecífica, tendo como alvo o processo de divisão celular. Novas 
terapias-alvo foram criadas seletivamente contra processos e vias celulares 
específicas envolvidos no crescimento tumoral. As terapias-alvo trabalham 
apenas contra características particulares das células cancerígenas, inibindo de 
forma eficaz o desenvolvimento destas, com mínimo efeito sobre os demais 
tecidos do corpo. A Radiologia Intervencionista (RI) é uma parceira fundamental 
na capacidade de aplicar referida terapêutica. Essa atua no início do protocolo, 
adquirindo o tecido que será investigado pelos testes genômicos. Permite-se 
otimizar o tempo e direcionar o tratamento de forma mais rápida, visto que 
anteriormente a obtenção dos tecidos era realizada por meio de cirurgias 
abertas, tendo em vista o grande volume de material necessário à avaliação 
dos testes genômicos. Além disso, os riscos e efeitos colaterais das biópsias 
percutâneas são expressivamente menores. 
Discussão 
Estudos recentes revelam que tumores com morfologias similares podem ter diferentes mutações oncogênicas e variadas respostas à mesma terapia. A oncologia personalizada visa 
diminuir essa diferença, por meio da análise da identidade (DNA) do tumor, possibilitando a atuação da terapia-alvo. Com o aprimoramento das técnicas de biópsias realizadas por meio 
da Radiologia Intervencionista, a coleta de material para o estudo genômico facilitará a atuação da medicina personalizada. O radiologista intervencionista deve buscar coletar uma 
amostra específica significativa do tumor, visando áreas bastante celulares. Assim, preferem-se sempre as regiões com alta captação pelo FDG no PET-CT e procura-se evitar áreas de 
necrose. A técnica coaxial e a introdução de matriz hemostática absorvível ou coágulo autólogo pelo trajeto da agulha são recomendados com a finalidade de diminuição do risco de 
hemorragia. Além disso, há preferência por agulhas de grosso calibre (16-18 gauge), pois há necessidade de considerável volume tumoral (1cm3). A presença de um médico patologista 
na sala durante o procedimento evita fragmentos adicionais desnecessários e aumenta a taxa de sucesso da biópsia. 
Rafael Dahmer Rocha, Lelivaldo Antônio de Britto Neto, Bruna de Fina, Antônio Rahal Jr., 
Marcos Roberto Gomes Queiroz, Rodrigo Gobbo Garcia 
Referências: 
1. Li J.; Chen F.; Cona M.M.; et al. A review on various targeted anticancer therapies. Target Oncol 2012; 7:69–85 
2. Abi-Jaoudeh N , Duffy AG, Greten TF, Kohn EC, Clark TW, Wood BJ. Personalized oncology in interventional radiology. J Vasc Interv Radiol. 
2013 Aug;24(8):1083-92; quiz 1093. doi: 10.1016/j.jvir.2013.04.019. 
3. Marshall D, Laberge JM, Firetag B, Miller T, Kerlan RK. The changing face of percutaneous image-guided biopsy: molecular profiling and 
genomic analysis in current practice. J Vasc Interv Radiol. 2013 Aug;24(8):1094-103. doi: 10.1016/j.jvir.2013.04.027. Epub 2013 Jun 24. 
4. Sheth RA1, Hesketh R, Deipolyi AR, Oklu R. Circulating tumor cells: personalized medicine in interventional oncology? J Vasc Interv Radiol. 2013 
Feb;24(2):221-8. doi: 10.1016/j.jvir.2012.10.018. Epub 2012 Dec 20. 
Conclusão 
Com o aprimoramento das técnicas de biópsias realizadas pela Radiologia 
Intervencionista, a coleta de material para o estudo genômico possibilita a 
atuação da medicina personalizada. A Radiologia Intervencionista, por 
conseguinte, é uma parceira na implantação da terapia-alvo, no intuito de que 
essa seja aplicada sem necessidade de procedimentos cirúrgicos. 
5%	
  
95%	
  
Próprio	
  tumor	
  
Apenas	
  para	
  
outros	
  tumores	
  
33%	
  
67%	
  
Não	
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específica	
  
Terapia	
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Fig 1: Alterações Genômicas 
Figura 3. Biópsia percutânea de nódulo hepático guiada por 
imagem. Na imagem A observa-se um corte axial de uma 
ressonância magnética de abdome, demonstrando-se um 
pequeno nódulo no segmento II do lobo hepático esquerdo, 
medindo 1,3 cm (seta). Em B e C, observa-se a imagem 
ultrassonográfica da referida lesão (colchetes), bem com o trajeto 
da agulha trucut 18 G (setas). Na imagem D, no controle 
tomográfico imediato após a biópsia, observa-se o conteúdo 
hipodenso (setas), representando a matriz hemostática absorvível 
utilizada na embolização do trajeto da biópsia. 
Hospital Israelita Albert Einstein 
Resultados 
Durante o referido período, 31 pacientes (17 mulheres e 14 homens) realizaram a biópsia com 
solicitação de pesquisa de alterações genômicas. A idade média foi de 57 anos (intervalo, 21 a 89 
anos). Foram encontradas 53 alterações genômicas, sendo a do gene TP53 a mais frequente 
(Fig 1). Em 30 pacientes (96,7%) foi caracterizada pelo menos uma alteração genômica. Dessas 
alterações genômicas, 20 já possuiam terapias-alvo específicas aprovadas, contudo, em 19 
casos era apenas para tumores de sítio primário diferente (fig. 2B). Em relação às biópsias, 
nenhuma das amostras enviadas para o Foundation Medicine foi considera insuficiente, como 
também não houve complicações significativas durante os procedimentos. 
Objetivo 
Descrever a atuação e os benefícios da Radiologia Intervencionista no sucesso 
da oncologia personalizada. 
Materiais e Métodos 
Análise retrospectiva de pacientes submetidos a biópsias percutâneas com 
solicitação de análise genômica tumoral, no Hospital Israelita Albert Einstein, 
durante o período de abril a novembro de 2013. Os dados foram coletados por 
meio de prontuários eletrônicos. As amostras foram inicialmente avaliadas 
pelos médicos patologistas do hospital e então, enviadas para realização do 
estudo Foundation OneTM, na instituição Foundation Medicine®. Esse teste 
pesquisa alterações genômicas oncogênicas em 248 genes envolvidos na 
oncogênese e/ou com papel prognóstico ou diagnóstico em câncer. Foram 
avaliados os seguintes dados dos pacientes: perfil clínico, tipo de tumor, laudo 
do teste genômico e terapias aprovadas baseadas nas alterações genômicas. 
Em relação ao procedimento da biópsia, foram avaliadas a incidência de 
complicações e a satisfatoriedade das amostras. 
Figura 2A: Terapias-alvo para as alterações 
genômicas encontadas 
Figura 2B: Terapias-alvo aprovadas 
3A 
3B 3C 3D

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