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[EMBRIOLOGIA - RESUMO] Controle hormonal

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REGULAÇÃO HORMONAL DA FUNÇÃO OVARIANA 
 
 O FSH e o LH regulam a maturação dos folículos ovarianos e a ovulação. A secreção pulsátil 
destes hormônios gonadotróficos, produzidos pela pars distalis da hipófise anterior, é, por sua vez, 
controlada por GnRH (LHRH), liberado de um modo pulsátil, aproximadamente a cada 90 minutos, 
pelos neurônios neurossecretores localizados no núcleo arqueado do hipotálamo (Fig. 20.8 e Quadro 
20.2). Apesar de não ter sido esclarecido qual sinal estimula o desenvolvimento dos folículos primários 
primordiais e iniciais (unilamelares), sabe-se que a molécula sinalizadora ativina, produzida pelo 
ovócito, causa a proliferação das células da granulosa; entretanto, o desenvolvimento dos folículos 
iniciais parece ser independente de FSH. A continuação do desenvolvimento para folículos secundários 
depende do FSH. 
 
 Fig. 20.8 
 
A ligação de GnRH a receptores nas células basófilas da pars distalis induz a liberação de FSH e LH 
armazenados e estimula a manutenção da síntese de FSH e LH. A ligação subseqüente de FSH a 
receptores específicos das células da granulosa de folículos primários multilamelares estimula seu 
desenvolvimento para folículos secundários, O FSH também induz as células da teca interna dos 
folículos em desenvolvimento a expressarem receptores para LH. O LH liga-se a estes receptores 
induzindo, desta maneira, as células da teca interna a produzirem andrógenos a partir do colesterol. 
Andrógenos, liberados pelas células da teca interna, atravessam a membrana basal e entram nas 
células da granulosa. A enzima aromatase das células da granulosa converte os andrógenos em 
estrógenos, As células da granulosa dos folículos secundários também produzem vários outros 
hormônios (p. ex., inibina, folioestatina, ativina), que ajudam a regular a liberação de FSH (Fig. 20.8). 
Quando o nível de estrógeno e de outros hormônios produzidos pelas células da granulosa se eleva 
no sangue, eles continuam a estimular a produção de LH pelas células basófilas da hipófise anterior. 
Quando a concentração de estrógeno do sangue chega a um nível limiar, ele restringe a secreção de 
FSH de duas maneiras: indiretamente, suprimindo a liberação de GnRH pelo hipotálamo, e diretamente, 
inibindo a liberação de FSH pela hipófise anterior. 
 
Pouco antes da metade do ciclo menstrual (14º dia antes do início da menstruação), o alto nível de 
 
estrógeno do sangue causa uma elevação do nível de LH produzido pelas células gonadotróficas da 
hipófise. O alto nível repentino de LH do sangue estimula o ovócito primário (ativando a substância 
indutora da meiose) a completar a meiose 1 e avançar para a metáfase. A meiose II é interrompida na 
metáfase até a fertilização desencadear sua finalização. 
Esta elevação de LH também desencadeia o processo da ovulação, por meio da qual o ovócito é 
expulso do folículo maduro. As células da granulosa e as células restantes da teca interna do folículo 
que ovulou, ambas possuindo receptores para LH, são ativadas por LH para formarem o corpo Iúteo. 
As células da granulosa e as células da teca interna são convertidas em células granuloso-luteínicas e 
em células teca-luteínicas, respectivamente. Agora ambos os tipos celulares luteais produzem 
ativamente progesterona, apesar de a maior parte desta ser produzida pelas células 
granuloso-luteínicas. Além disso, a inibina, foliostatina e ativina — reguladoras por retroalimentação da 
liberação de FSH — continuam a ser produzidas pelo corpo lúteo. 
Quando não ocorrem a fertilização e a implantação, a atividade secretora do corpo lúteo continua 
durante cerca de 14 dias e este órgão é denominado corpo lúteo da menstruação. 
Quando ocorrem a fertilização e a implantação, o corpo lúteo aumenta de tamanho e é denominado 
corpo Iúteo da gravidez. Este órgão continua sua função secretora apesar de a placenta assumir a 
responsabilidade primária pela regulação hormonal (Fig. 20.8). 
A progesterona estimula o desenvolvimento do endométrio uterino, durante cada ciclo menstrual, e 
inibe a produção de LH, direta e indiretamente (agindo tanto sobre o hipotálamo como sobre as células 
gonadotróficas da hipófise). Na ausência de gravidez, o LH logo cai abaixo do nível necessário para a 
manutenção do corpo lúteo, e começa o processo da degeneração do corpo lúteo. Quando ocorre a 
gravidez, o HCG produzido pela placenta cria uma retroalimentação positiva para o corpo lúteo da 
gravidez, mantendo, desta maneira, a produção da progesterona no início da gravidez. Por volta do 4º 
mês da gravidez, grande parte do controle hormonal é assumido pela placenta. Outro hormônio, a 
relaxina, produzido pela placenta, facilita o parto amolecendo a fibrocarfilagem da sínfise pubiana para 
facilitar a dilatação da saída pélvica. 
Apesar de até 50 folículos começarem a amadurecer a cada ciclo menstrual e até cinco poderem 
chegar ao estágio de folículo de Graaf, geralmente somente um destes folículos é liberado. A razão 
precisa é desconhecida; entretanto, quando um folículo de Graaf chega a um determinado estágio de 
desenvolvimento e é denominado folículo dominante, ele não é mais dependente de FSH. O foliculo 
dominante começa a produzir grande quantidade de inibina, hormônio que suprime a liberação de FSH 
pela hipófise anterior. A falta de FSH, por sua vez, leva os fo]ículos de Graaf restantes, que ainda são 
dependentes de FSH, a se atrofiarem, deixando somente o foliculo de Graaf dominante em posição de 
tornar-se pronto para a ovulação. 
 
CONTROLE HORMONAL DA ESPERMATOGENESE 
 
No tecido conjuntivo que envolve os túbulos seminíferos (lâmina própria) de vertebrados se 
diferenciam, na fase de amadurecimento sexual, células endócrinas: as células intersticiais de 
Leydig, que têm origem ainda na vida fetal de células mesenquimatosas do estroma existente entre os 
túbulos seminíferos. Sua maturidade fisiológica, contudo, só ocorre na puberdade. No macho 
sexualmente maduro apresentam um tamanho de 20 m ou mais. Apresentam-se isoladamente ou em 
grupo. São células arredondadas com núcleos também arredondados ou ovais, pálidos e um ou mais 
nucléolos. Seu citoplasma periférico, por técnicas histológicas de rotina, apresenta-se vacuolizado pela 
dissolução de gotículas lipóides. Essas células são produtoras de esteróides e, como tais, são 
glândulas endócrinas, por isso mesmo situadas junto de capilares. São consideradas glândulas 
endócrinas difusas e, diferentemente de outras glândulas que têm origem epitelial, são oriundas do 
mesênquima. Como são produtoras de esteróides, a organela mais desenvolvida nessas células é o 
retículo endoplasmático liso. 
As células intersticiais produzem um hormônio, a testosterona, que atua como principal estímulo 
na diferenciação das células germinativas. Esse hormônio difunde-se para os túbulos seminíferos, onde 
promove a espermatogênese. 
A produção de testosterona, por sua vez, é regulada por um hormônio produzido pela hipófise, o 
hormônio luteinizante (LH), também conhecido como hormônio estimulante das células intersticiais 
(ICSH). 
A hipófise ainda contribui na espermatogênese pela liberação de outro hormônio: o hormônio 
folículo estimulante (FSH). A produção dos hormônios gonadotróficos ICSH e FSH é regulada pelo 
hormônio liberador gonadotrófico (GnRH — gonadotropin-releasing hormone), produzido pelo 
hipotálamo. 
A testosterona circulante atua tanto no hipotálamo quanto na hipófise para modular a produção de LH. A 
concentração de LH aumenta a produção do andrógeno; no entanto, o aumento da testosterona circulante conduz 
a uma redução dos níveis de LH. Esse é um mecanismo clássico de inibição por feedback. 
O hormônio folículo estimulante (FSH) tem ação direta sobre as células de Sertoli, estimulando-as 
a produzir, nos mamíferos, uma proteína androgênica de ligação(ABP), a qual, segundo Turner e 
Baganara (1976), tem grande afinidade pela testosterona e age retendo esse esteróide nos túbulos 
seminíferos. 
Tanto a testosterona quanto a ABP são encontradas no epidídimo. Segundo Howards e 
colaboradores (1979), a testosterona e, provavelmente, também a ABP são necessárias para a 
maturação dos espermatozóides.

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