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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2 SUMÁRIO 1- Princípios do processo do trabalho 3 2- Solução de conflitos 11 3- Organização da Justiça do Trabalho 21 4- Atos, termos e prazos processuais 47 Referências DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 3 1- PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO PRINCIPIO INQUISITIVO, INQUISITÓRIO OU IMPULSO OFICIAL O princípio inquisitivo, ou inquisitório, é um dos princípios mais importantes do direito processual, e não apenas do processo trabalhista, pois dispõe sobre a liberdade e a autonomia assegurada aos magistrados na condução do processo. Bezerra Leite, que também chama o princípio de “Impulso Oficial”, salienta que pode ser extraído do art. 262, do CPC e do art. 765, da CLT, art. 852-D . A ideia central, que vale para todos os casos, é que após o ajuizamento da ação o juiz assume o dever de prestar a jurisdição valendo-se de todas as prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe atribui, sendo certo que o processo deve se desenvolver por impulso oficial. De maneira simples, compete ao juiz, uma vez instaurada a relação processual, mover o procedimento de fase em fase, até exaurir a função jurisdicional: O processo começa por iniciativa das partes, mas se desenvolve por impulso oficial. PRINCIPIO DA PROTEÇÃO AO HIPOSUFICIENTE No direito material (direito do trabalho) por reconhecer a hipossuficiência do empregado, trata-se desigualmente os desiguais, por aplicação do: 1) in dubio pro operário – na duvida, pro trabalhador 2) condição mais benéfica – na duvida, vale a condição mais benéfica ao trabalhador 3) norma mais favorável - na duvida, vale a norma mais benéfica ao trabalhador DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 4 No Processo do trabalho também há aplicação de regras que beneficiam aquele que é considerado a parte mais fraca. exemplos: Pagamento de custas ao final (art 789$1º clt)- tanto rico quanto pobre podem entrar na justiça trabalhista § Pagamento de honorários da pericia ao final do processo o que não impede o hipossuficiente de realiza-la. Se o ausente é o reclamante o processo é extinto sem resolução de mérito. Caso o ausente seja o reclamado, será aplicada a revelia. (# tratamentos). CONCILIAÇÃO Art. 852-E Art. 846 e 850 Art. 764 da CLT Extremamente importante no processo do trabalho. Verdadeira fixação do legislador.Por meio dela são extintos milhares de processo do trabalho por ano. Há dois momentos obrigatórios para a proposição da conciliação: 1. No início da audiência 2. No final da audiência Ao ser homologado o acordo, o juiz sentenciará extinguindo o feito com resolução de mérito. Porem o magistrado não é obrigado a aceitar o acordo. Segundo a sumula 418 do tst ,é ato facultativo do juiz. O magistrado não está obrigado a aceitar o que foi proposta pela parte.A única forma de desfazer o acordo é através de ação rescisória (sumula 259 do TST). A reforma trabalhista inseriu o procedimento de homologação extrajudicial (ou seja homologa tb acordos antes do ajuizamento das demandas trabalhistas). IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS INTERLOCUTORIAS (art 893$1º clt) DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 5 São incabíveis recursos de decisões proferidas no curso do processo, devendo a parte aguardar ser proferida decisão final para recorrer. Tal PP está totalmente atrelado a celeridade processual da Justiça do trabalho. Há algumas exceções. Não significa que não caiba recurso contra as decisões interlocutórias, mas sim que não cabe de imediato, só quando for recorrer da sentença. JUS POSTULANDI (art 791 CLT) Possibilidade das partes ajuizarem por elas mesmas as suas ações sem necessidade advogado. As exceções são ditadas pela SUMULA 425 o que permite dizer que tal pp (jus postulandi) foi mitigado. As exceções são: 1) Mandado de segurança 2) Ação rescisória 3) Ação cautelar 4) Recursos direcionados ao TST Mais uma restrição é o art. 855-B ao afirmar que o acordo extrajudicial deve ser assinado por advogado. ORALIDADE Muitos dos atos processuais podem ser realizados oralmente na justiça o que facilita o Jus Postulandi. Prevalência dos atos orais praticados em audiência, incluindo as provas. Vale destaque aos seguintes atos que podem ser realizados oralmente: Petição inicial: 840 clt pode ser escrita ou oral por opção do autor Defesa pode ser oral (em 20 minutos) art 847 clt Razoes finais: art 850 clt (em ate 10 minutos para cada parte) DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 6 Protesto em audiência: Sendo proferida decisão interlocutória deve a parte manifestar seu protesto de forma oral para evitar a preclusão em relação a matéria ; O protesto é a demonstração do inconformismo com a decisão proferida, não sendo um recurso, mas a inclusão da informação na ata da audiência. PRINCIPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS O juiz deve tentar concentrar a maior parte dos atos processuais em uma única audiência, para que a sentença seja prolatada o mais rápido possível. Art. 849 da CLT: A audiência será contínua (hoje, é quase impraticável a audiência "una", e, portanto quase todos os magistrados do trabalho costumam partilhar a audiência em três sessões: audiência de conciliação (inaugural), audiência de instrução e audiência de julgamento. No entanto, segundo o art. 852-C, as demandas que seguem o procedimento sumaríssimo deverão ser de fato unas). PRINCIPIO DA IDENTIDADE FISICA DO JUIZ: O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai proferir a sentença. Claro que há exceções como férias, doença, promoções do magistrado,... PP DO CONTRADITORIO E DA AMPLA DEFESA: Princípio constitucional, Art. 5º, LV da CF/88. Também incide no âmbito trabalhista. Direito ao pronunciamento daquele contra quem foi proposta a demanda, podendo contrapor as alegações e produzir todas as provas admitidas. PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE OU IMEDIAÇÃO: (Art. 342, 440 e 446, II do CPC Art. 820 da CLT). Permite um contato mais próximo entre o magistrado, partes e testemunhas. O juiz é o destinatário da prova, e por isso o depoimento pessoal e as provas devem ser DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 7 apresentadas perante o juiz, é preciso haver um contato próximo para o juiz exercer a tutela jurisdicional com mais eficiência. Ex1: Juiz pode até mesmo comparecer em diligência com as partes para ver quem está falando a verdade. EX2: Reclamação trabalhista em que a reclamante requer o reconhecimento do vínculo de emprego com a empresa “GHJ Ltda.”. A empresa reclamada, por sua vez, nega o referido vínculo, alegando que a reclamante não trabalhou para ela, não tendo, inclusive, jamais ingressado no interior do estabelecimento. O Magistrado converteu a audiência em diligência e se dirigiu à empresa reclamada com as partes. No local, o Magistrado solicitou que a reclamante indicasse o banheiro feminino. Esta não soube indicar e o Magistrado percebeu qual das partes estava faltando com a verdade. PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE: A pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz imparcial, que não tenha interesse nas partes ou no objeto do litígio. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: Não está expresso na CF/88 e nem na CLT porem a CF não assegurou o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório. Entretanto, é um princípio implícito em virtude de Convenções Internacionaisassinadas pelo Brasil. A Súmula 303 do TST regulamenta a aplicação deste princípio na Justiça do Trabalho. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL: (Art. 765 da CLT) O que o juiz busca no processo é a verdade dos fatos, e não a verdade meramente formal ou documental (semelhança com o princípio da primazia da realidade). PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA: Possibilidade de a justiça do trabalho estabelecer o seu poder normativo, de proferir a chamada sentença normativa de cunho obrigatório para os sindicatos dos DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 8 trabalhadores e sindicatos patronais, caso não haja o acordo entre eles. Art. 114, § 1º da CF/88. Chamado também de jurisdição normativa ou nomogênese derivada: a Justiça do Trabalho exerce o Poder Normativo, pelo qual substitui as partes na resolução de um conflito coletivo de natureza econômica. É feito por uma ação chamada dissídio coletivo. Na prática, pode-se estabelecer normas e condições de trabalho". PRINCÍPIO DA EXTRAPETIÇÃO: O magistrado pode condenar o reclamado em pedidos que não constaram no rol da inicial (Ex.: condenação em juros e correção monetária). Art. 137, §§ 1ºe 2º da CLT (juiz pode determinar as férias do trabalhador e ao mesmo tempo pode condenar o empregador a uma multa). Art. 467 da CLT: As parcelas incontroversas devem ser pagas em audiência, sob pena de acréscimo de 50% pelo juiz. Art. 496 e 497 da CLT: Na ação de reintegração, quando esta se tornar desaconselhável, o juiz poderá converter a reintegração em indenização, mesmo que a parte não peça. Portanto, o juiz pode condenar além da inicial, sem que se configure uma sentença extra ou ultra-petita. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS Se o ato atinge a sua finalidade sem causar prejuízo às partes, ainda que contenha vício, não se declara a sua nulidade. O que vale é o fim (finalidade). EVENTUALIDADE: Verdadeira pegadinha esse principio devido ao nome! Compete ao réu alegar, na contestação, toda matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Não confundir com o Princípio da Economia Processual que visa a obtenção do máximo rendimento da lei com o mínimo de atos processuais DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 9 PP DA NÃO PERMISSAO DA INQUIRIÇÃO DIRETA DAS TESTEMUNHAS PELA PARTE De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, NÃO se aplica (m) ao processo laboral a (s) norma (s) do novo Código de Processo Civil que Permite (m) a inquirição direta das testemunhas pela parte. Sabe-se que a aplicação do CPC ao processo do trabalho é subsidiária. No caso, o art. 459 do NCPC fala que"as perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha...". Ocorre que esse dispositivo é incompatível com o art. 820 da CLT" As partes etestemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados ". Portanto, neste caso, prevalece o art. 820 da CLT por ser norma mais específica. PRINCÍPIO DA PARIDADE DAS ARMAS O princípio constitucional da igualdade substancial das partes no processo manifesta-se por meio do princípio da paridade das armas, com o qual autorizam- se desequilíbrios no direito de ação como forma de compensação da inferioridade própria do hipossuficiente. PRINCIPIO DA CELERIDADE É um reflexo direto da simplicidade e da informalidade dos atos. O Processo Trabalhista, por cuidar, na maior parte dos casos, de verbas salariais que serão usadas para a subsistência da parte, deve ser realizado de maneira rápida e simples. É o fato de que o empregado deve receber mais rapidamente as verbas que lhe são devidas, porque é de natureza alimentar, devendo assim, haver simplificação de procedimento. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 10 PRINCIPIO DISPOSITIVO Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição, o princípio dispositivo preconiza que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.A inércia se restringe apenas à iniciativa do processo, pois uma vez provocada a Jurisdição, ou seja, uma vez ajuizada a demanda, haverá o impulso oficial para o andamento do processo. O direito processual trabalhista, contudo, em homenagem à celeridade que é uma de suas marcas, bem como à simplicidade que é um de seus vetores, concebe algumas mitigações ao princípio, como por exemplo, a execução ex officio pelo juiz, prevista no art. 878, da CLT. É fácil encontrarmos que o PP dispositivo é regra e o inquisitivo (o primeiro estudado nesse artigo) é a exceção. Segundo a doutrina, o pp inquisitivo não se aplica em detrimento do princípio dispositivo, dependendo da manifestação das partes para que os atos sejam praticados, ainda que na seara laboral haja um maior grau de inquisitoriedade (como na aplicação do artigo 878 da CLT), mas isso não significa a aplicação do princípio inquisitório plenamente. O principio dispositivo se mostra antagônicos ao pp inquisitivo em parte. Enquanto um está atrelado a necessidade de pedido da parte para que o poder judiciário atue (sendo inclusive chamado de pp da inercia com previsão no cpc2º) o outro o judiciário age sem provocação das partes. Um outro exemplo: O artigo 39 da Consolidação das Leis do Trabalho permite que a Delegacia Regional do Trabalho - DRT encaminhe processo administrativo à Justiça do Trabalho, onde conste reclamação de trabalhador no tocante a recusa de anotação da CTPS pela empresa. Este é um exemplo de exceção ao princípio DISPOSITIVO. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 11 2- SOLUÇÃO DE CONFLITOS Formas de composição frente aos conflitos trabalhistas Uma das funções principais do Direito do Trabalho é pacificar as divergências decorrentes das relações de trabalho, utilizando-se, segundo a doutrina majoritária trabalhista dos meios de solução dos conflitos que são a autotutela ou autodefesa, autocomposição e heterocomposição. Busca o Direito do Trabalho, como instrumento de justiça social, além de melhores condições para o trabalhador, assegurar seus direitos e garantias laborais e lutar para o aprimoramentos das relações continuamente em prol do bem estar social nas relações de trabalho. Para tanto, uma das funções principais do Direito do Trabalho é pacificar as divergências decorrentes das relações de trabalho, utilizando-se, segundo a doutrina majoritária trabalhista dos meios de solução dos conflitos que são a “autotutela ou autodefesa, autocomposição e Heterocomposição”. A diferença entre tais meios de composição dos conflitos encontra-se nos sujeitos envolvidos. Enquanto, autodefesa ou autotutela e autocomposição tem seus conflitos autogeridos pelas próprias parte, a heterocomposição necessita da intervenção de um agente exterior aos sujeitos do conflito para dirimí-lo. AUTODEFESA OU AUTOTUTELA Na autodefesa as próprias partes defendem seus interesses, aplicada no Direito do trabalho através das greves, já que o lockout é expressamente proibido no Brasil conforme Art. 17. da Lei LEI Nº 7.783, DE 28 DE JUNHO DE 1989, que dispõe sobre o exercício do direito de greve em que diz: “ Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout).” DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 12O artigo primeiro da mesma lei, assegura ao trabalhador a defesa de seus interesses, nas resoluções dos conflitos, por meio da autodefesa através de greve, expressamente descrita em seu artigo primeiro, “ Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.” E exercído na forma da referida lei, com o amparo Constitucional do artigo 9º, que asegura o direito de greve.” Carlos Henrique Bezerra Leite, leciona que a greve não soluciona o conflito, mas através desse instrumento coercitivo se obtém a autocomposição: É preciso advertir, no entanto, que a greve por si só não soluciona conflito trabalhista, mas constitui importante meio para se chegar à autocomposição ou à heterocomposição. A rigor, é com o fim da greve que se chega à solução autônoma ou heterônoma do conflito. Contudo, é inegável que a autodefesa ou autotutela não se concretiza sem a negociação coletiva. A negociação coletiva precede qualquer composição dos conflitos coletivos. AUTOCOMPOSIÇÃO Forma de solucionar um conflito a partir do consentimento em sacrificar o interesse próprio, em todo ou em parte, em favor do interesse de outrem buscando a resolução de um conflito. A autocomposição é a negociação direita entre as partes interessadas sem a intervenção de um terceiro. “Este é, realmente, o melhor meio de solução dos conflitos, pois ninguém melhor do que as próprias partes para solucionar suas pendências, porque conhecem os problemas existentes em suas categorias.” Pode- se dividir a autocomposição em “unilateral e bilateral,” esta ocorre quando cada uma das partes faz concessões recíprocas, o que se denomina de transação, enquanto aquela, é caracterizada pela renúncia de uma das partes a sua pretensão. Nesse diapasão, vale a pena destacar a seguinte ementa: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 13 DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. ACORDO CELEBRADO ENTRE AS PARTES. A finalidade principal da justiça do trabalho é conciliar as partes, alcançando a paz e harmonia social. Assim, tendo a empresa suscitante e o sindicato suscitado celebrado acordo dando fim ao movimento paredista, homoçoga-se parcialmente o acordo, com exceção da cláusula nona, em relação à qual, no termo de acordo, consta a anotação sem efeito. Processo que se extingue com resolução do mérito, nos termos do art. 296,III, do CPC Forma autocompositiva é, principalmente, a negociação coletiva para os conflitos coletivos e o acordo ou a conciliação para os conflitos individuais. As modalidades de autocomposição são as seguintes: “renúncia aceitação e a transação”[9]. A renúncia ocorre quando o titular de um direto deixa de exigi-lo, por ato unilateral seu, em favor de outrem. Já a aceitação acontece quando uma das partes após analisado a situação em conflito, reconhece o direito da outra. E, a transação ocorre quando as partes que se consideram titulares do direito, após análise do conflito em questão, chegam em um acordo cedendo reciprocamente a alguns de seus direitos em favor do acordo. HETEROCOMPOSIÇÃO A heterocomposição é o meio utilizado para solucionar os conflitos decorrentes da relação de trabalho em que as partes utilizando-se de suas prórias forças não conseguem dirimi-lo, e utiliza-se, para resolução dos mesmos, de um órgão ou um agente externo e desinteressado a lide que irá solucioná-lo e sua decisão será imposta às partes de forma coercitiva. Utiliza-se para o bom entendimento sobre heterocomposição a divisão didática apontada por Sérgio Pinto Martins, como sendo subdividida em mediação, arbitragem e jurisdição. Somente a presença de um agente externo à relação do conflito não caracteriza heterocompozição. Este tem que ser impositivo, deve impor sua posição influenciando na solução do conflito. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 14 MEDIAÇÃO Também é forma de autocomposição que visa aproximar a conciliação por meio de um mediador, mas não é conciliação pela diferença apresentada na ação do agente externo. Mediação vem do latim mediatio (intervenção, intercessão), é o vocábulo empregado, na terminologia jurídica, para indicar todo ato de intervenção de uma pessoa em negócio ou contrato que se realiza entre outras. É o meio pelo qual as partes almejam uma solução na resolução de seus conflitos trabalhistas sem a necessidade de recorrerem à justiça do trabalho, utilizando-se de mediador para encontrar um denominador comum e assim, dando fim ao litígio de um modo informal. Trata-se de de um processo eficaz onde busca-se o entendimento e solução das divergências de forma mais rápida e amistosa, mesmo que para isso seja necessário utilizar-se de um medidor, como já explanado, um terceiro alheio à causa e interesses debatidos, sem poder de decisão, com a única e exclusiva missão de sintonizar os interesses das partes. O mediador busca o diálogo entre as partes, aproxima-os para que por meio da conversa e da discução sobre determinado assunto cheguem a um conconsenso. Para tanto, o mediador ouve, interpreta, alude e sugere soluções, sempre buscando que diálogo entre as partes o façam um mero facilitador, onde as ideias ou soluções possam em sua maioria surgir das próprias partes. Nesse sentido, esclarece João de Lima Teixeira Filho sobre a figura do mediador: A mediação é conduzida por um terceiro, estranho às tratativas interrompidas. Sua atribuição é mover as partes da posição em que se encontram, fazendo-as afunilar para uma proposta aceitável. Para tanto, as tentativas formuladas para o mediador, de eliminação da distância que separa as partes, são despojadas de efeito vinculante sobre os mediados e decorrentes da evolutividade própria do processo. Essas características tornam o mecanismo extremamente flexível e de fácil redirecionamento. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 15 O conciliador não tem as mesmas possibilidades de iniciativa busca simplismente a aproximação das partes, enquanto o mediador propõe sempre um meio, um rumo para a resolução do impasse. Daniel Funes de Rioja, “apud” Zoraide Amaral de Souza,conceitua conciliador como: O conciliador deve estimular as partes a dialogar até a exaustão e a negociarem. Para tanto, o instrumento por ele utilizado são as suas próprias possibiliades de argumentação e persuasão, pois a sua função precípua é convencer as partes envolvidas no litígio a que chegaram, e que para isso deverão encontrar uma solução, sem que terceiros, no caso o conciliador, tenham que apresentar uma forma para solucionar a questão, e que em tal procedimento não pode ocorrer, sob pena de desvirtuar o instituto da conciliação. Entende-se pelo estudo das formas de composições dos conflitos trabalhistas que medição e conciliação trata-se do mesmo instituto, sem diferença prática entre eles. A diferença está no papel do terceiro, isto é, do conciliador ou mediador, do qual a doutrina apresenta diferenças entre suas atuações. E por último em sua forma, podendo ser a conciliação judicial como extrajudicial e a mediação geralmente, é extrajudicial. A conciliação e a mediação, para alguns, apresentam características que permitem distingui-las, para outros são tecnicamente iguais, adota-se um ponto de vista misto no qual soma-se as duas opniões como acima explanado. ARBITRAGEM No Brasil a arbitragem é disciplinada na Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996 e no Código Civil, em seus arts. 841 e 851 a 853, que possui a definição dos conteúdos identificados das contrvérsias que podem ser resolvidas pela arbitragem. Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniaisde caráter privado se permite a transação. c Art. 1.035 do CC/1916. Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 16 Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial. Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial. c Art. 4º da Lei nº 9.307, de 23-9-1996 (Lei da Arbitragem).[14] A arbitragem no direito do trabalho, ao contrário de muitos países, atinge uma parcela muito insignificante da resolução dos conflitos trabalhistas, que em sua grande parte ainda procuram as soluções na jurisdição do Estado. E caminha a passos curtos, pois a cultura do povo brasileiro tende a confiar mais nas resoluções advindas dos tribunais com juizes estatais do que nos árbitros, pelo fato desses não pertencerem ao quadro do poder judiciário. Mesma opnião expressa Amauri Mascaro Nascimento, em sua obra Compêndio de Direito Sindical: A arbitragem não conseguiu, ainda, no Brasil, a mesma aceitação que tem em outros países, nem com a previsão da Constituição de 1988, facultando-a para a composição dos conflitos coletivos. Tem crescido. Há experiencias de arbitragens em alguns setores, em especial em São Paulo. Em outros ordenamentos jurídicos, a arbitragem é obrigatória para alguns tipos de questões, como as de greve em atividade essencial, e facultativa em outros. No Brasil é facultativa. A arbitragem é forma de solução dos conflitos , feita por um terceiro estranho a relação e imparcial (árbitro) ou um órgão previamente escolhido pelas partes para solucionar o conflito de forma definitiva. É uma forma voluntária de terminar o conflito, isto é, não obrigatória, diante do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal). Nessa esteira, conceitua-se arbitragem João de Lima Teixeira Filho, “a arbitragem é mais um mecanismo auxiliar ao qual as partes podem recorrer para concluir a negociação coletiva que diretamente não lograram compor.” Conceito mais detalhado é apresentado pelo ilustre doutrinador Carreira Alvim: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 17 A arbitragem é uma instituição pela qual as pessoas capazes de contratar confiam a árbitros, por elas indicados ou não, o julgamento de seus litígios relativos a direitos transigíveis. Esta definição põe em relevo que a arbitragem é uma especial modalidade de resolução de conflitos; pode ser convencionada por pessoas capazes, físicas ou jurídicas; os árbitros são juízes indicados pelas partes, ou consentidos por elas por indicação de terceiros, ou nomeados pelo juiz, se houver ação de instituição judicial de arbitragem; na arbitragem existe o „julgamento‟ de um litígio por „sentença‟ com força de coisa julgada. A arbitragem como meio de resolução de conflitos, além de não vilolar a Constituição Federeal como dito acima, proporciona uma maior agilidade nas decisões, em face da inexistência de recursos e da morosidade judiciária brasileira. Mesmo a justiça do trabalho, sendo mais rápida que os outros ramos do direito, a arbitragem se reveste de maior agilidade, além de que o árbitro por ser particular, pode se dedicar muito mais tempo na análise do caso e aprofundar na real dimensão do conflito e sua decisão pode alcançar uma maior equidade se assim convencinarem as partes. Na esfera do Direito Coletivo do Trabalho, há autorização constitucional para que o conflito coletivo do trabalho, se assim convencionarem as partes possa ser dirimido pela arbitragem. Expressamente descrito em nossa Constituição Federal no art. 114, §1º, com o seguinte texto: “Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros”. Enquanto nos conflitos individuais as decisões não tem admitido a arbitrgem como meio de solução dos conflitos laborais tendo como argumento mais contundente a hipossuficiência do trabalhador, conforme se constata da seguinte redação do Acórdão: RECURSO DE REVISTA. ARBITRAGEM. RELAÇÕES INDIVIDUAIS DE TRABALHO. INAPLICABILIDADE. As fórmulas de solução de conflitos, no âmbito do Direito Individual do Trabalho, submetem-se, é claro, aos princípios nucleares desse segmento especial do Direito, sob pena de a mesma ordem jurídica ter criado mecanismo de invalidação de todo um estuário jurídico-cultural tido como DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 18 fundamental por ela mesma. Nessa linha, é desnecessário relembrar a absoluta prevalência que a Carta Magna confere à pessoa humana, à sua dignidade no plano social, em que se insere o trabalho, e a absoluta preponderância deste no quadro de valores, princípios e regras imantados pela mesma Constituição. Assim, a arbitragem é instituto pertinente e recomendável para outros campos normativos (Direito Empresarial, Civil, Internacional, etc.), em que há razoável equivalência de poder entre as partes envolvidas, mostrando-se, contudo, sem adequação, segurança, proporcionalidade e razoabilidade, além de conveniência, no que diz respeito ao âmbito das relações individuais laborativas. Recurso de revista não conhecido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR- 192700-74.2007.5.02.0002, em que é Recorrente COMÉRCIO DE TECIDOS SILVA SANTOS LTDA e Recorrido JOSIMAR SANTANA DE SOUZA. O referido Acórdão segue a esteria da Lei A lei 9.307/96 que trata da arbitragem, determinando seu campo de aplicação apenas acerca de direitos patrimoniais disponíveis, impedindo, assim, a arbitragem em relação aos conflitos individuais de trabalho. JURISDIÇÃO Jurisdição é o poder do Estado de aplicar o direito ao fato concreto, com força de coisa julgada. Derivado do latim jurisdictio ( ação de administrar a justiça, judiciatura), formado como se vê, das expressões jus dicere, juris dictio, é usada precisamente para designar as atribuições especiais conferidas aos magistrados encarregados de administrar a justiça. A jurisdição é a função estatal exercida pelos Juízes e tribunais, encarregada de dirimir, de forma imperativa e definitiva, os conflitos de interesses, aplicando o direito a um caso concreto, pacificando o conflito. Por isso, a maioria das lides é solucionada pelo Poder Judiciário, que é o orgão encarregado de exercer a jurisdição, através dos Juízes e Tribunais regularmente investidos. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 19 Essa nítida preferência pela solução jurisdicional estatal nos conflitos de interesses faz com que se afirme, na doutrina, que a jurisdição é monopólio do poder estatal... São princípios da jurisdição: Inércia; é uma atividade que precisa ser provocada pelas partes, nesse sentido dispõe o art. 2º do CPC: “Nenhum juíz prestará tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado requerer nos casos legais.” Caráter publicista; a jurisdição é exercida pelo Estado não podendo ser delegada. O órgão jurisdicional não pode delegar funções de acordo com os seus próprios critérios, somente se previsto pelo judiciário (ou seja, legalmente autorizado). Inafastabilidade; O juíz não pode se negar de atender quem venha a juízo apresentar uma pretensão ou solicitar uma solução para a mesma. Princípio este expressamente descrito na Constituição Federal em seu art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Atividade substitiva; o Estado deve se substituir à vontade dos litigantes para imparcialmente resolvero conflito Imutabilidade; a decisão judicial faz coisa julgada material, por isso, é definitiva. Territorialidade; Os juízes só exercem sua atividade nos território para os quais foram investidos de jurisdição. Na Justiça do Trabalho a jurisdição se apresenta da seguinte maneira, os dissídios individuais são processados nas Varas do Trabalho enquanto os dissídios coletivos são ajuizados nos Tribunais Regionais do Trabalho e no Superior Tribunal do Trabalho. Nesse sentido, aponta Amauri Mascaro Nascimento, sobre a jurisdição em relação ao direito do trabalho: Cabe a jurisdição, sem a qual nenhum sistema de solução de conflitos pode manter- se – a não ser pela imposição de um sobre outro interessado –, a interpretação definitiva e oficial das normas que integram o ordenamento jurídico, precedida de uma diversidade de mecanismos internos, que podem existir nas empresas e nos DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 20 sindicatos, para permitir soluções autocompostas, céleres e simplificadas, como convém para a maioria dos conflitos trabalhistas. Assim, tem-se, a jurisdição como meio de resolução dos conflitos claramente eleito, nos costumes do direito brasileiro, como a melhor forma de resolução dos conflitos, mesmo com sua morosidade, tem a jurisdição preferência na resolução das lides em relação a arbitragem, esta, ainda pouco utilizada. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 21 3- ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04 Importante destacar que referida emenda alterou não só a organização da Justiça do Trabalho, mas também a sua competência material (art. 114CF), que não será tratado neste artigo, pois nos limitaremos à organização. Estabelece o artigo 111 da Constituição Federal que são órgãos da Justiça do Trabalho o TST (Tribunal Superior do Trabalho), os TRT‟s (Tribunais Regionais do Trabalho) e os Juízes do Trabalho. Referido dispositivo havia sido alterado pela EC 24/99 que alterou o inciso III para substituir “Juntas de Conciliação e Julgamento” por “Juízes do Trabalho”. Isso porque a Emenda 24 eliminou a composição colegiada em primeiro grau, que antes era composta por um juiz togado e dois classistas (um represente dos empregados e outro dos empregadores). A EC 45 introduziu o artigo 111-A, que ampliou o número de Ministros para de 17 para 27 e ainda, no § 2º, estabeleceu o funcionamento de dois órgãos junto ao TST. São eles: 1 – A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrado e; 2 – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho. O primeiro possui, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira da magistratura. O segundo tem como função exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho. As decisões do Conselho Superior da Justiça do Trabalho terão efeito vinculante. Oportuno ressaltar, que o inciso III do artigo 111 da CF ao tratar do primeiro grau de jurisdição se refere à “Juízes do Trabalho” e não “Varas do Trabalho”. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 22 A EC 45 também alterou a redação do artigo 112 da CF, nos seguintes termos: Art. 112CF – A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. A redação antiga estabelecia: Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal, e a lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito. Ou seja, a EC 45 eliminou a necessidade de pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho para cada Estado e estabeleceu expressamente que o recurso da decisão do juiz de direito investido de jurisdição trabalhista será apreciado pelo TRT. A possibilidade de um juiz de direito investido de jurisdição trabalhista já estava prevista na Constituição Federal. A alteração limitou-se a eliminar qualquer dúvida quanto a competência para apreciar o recurso nesta hipótese. Apenas por curiosidade, 4 Estados brasileiros não possuem Tribunais Regionais do Trabalho, quais sejam: Tocantins, Acre, Roraima e Amapá. O Estado de São Paulo é o único que possui dois Tribunais Regionais. (vide artigo 674CLT). A EC 45 também alterou o artigo 115 para estabelecer que os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos por, no mínimo, 7 juízes e ainda, determinou que os Regionais instalarão justiça itinerante, realizando audiências e atividades jurisdicionais nos limites territoriais da respectiva jurisdição. (§ 1º art. 115CF) e que poderão funcionar de forma descentralizada, por meio de Câmaras Regionais, a fim de assegurar o pleno aceso à Justiça (§ 2º art. 115CF). Importante destacar aqui que o § 1º do art. 115 da CF estabelece uma obrigação aos Regionais, enquanto que o § 2º do mesmo artigo estabelece uma faculdade. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 23 Quanto às Varas do Trabalho não houve alteração pela EC 45. Contudo, cumpre lembrar o recente cancelamento da Súmula 136 do TST. Referida súmula estabelecia que não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz, segundo o qual o juiz que instrui o processo ficará vinculado ao julgamento. O entendimento que originou a súmula se justificava quando o primeiro grau de jurisdição era composto por um órgão colegiado (Junta de Conciliação e Julgamento), o que deixou de existir com a EC 24, conforme já mencionado. Em suma, essas são as principais alterações trazidas pela EC 45 no que tange à Organização da Justiça do Trabalho. ORGANIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO A sistemática organizacional da Justiça do Trabalho está esculpida no artigo 111 da Carta Maior, tendo como órgãos: os juízes do trabalho, responsáveis pelas Varas do Trabalho, os quais manejarão a jurisdição em primeira instância; os Tribunais Regionais do Trabalho correspondentes à segunda instância; e, por conseguinte, no terceiro (e maior) grau de jurisdição, o Tribunal Superior do Trabalho. Insta salientar, contudo, que este modelo de organização passou a viger tão somente com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 que, dentre outras mudanças, galgou a Justiça do Trabalho – antes subalterna ao Poder Executivo – a condição de parte integrante (e muito relevante, diga-se de passagem) do Poder Judiciário. Antes das Varas do Trabalho - como hoje se concebe - o primeiro grau de jurisdição da esfera trabalhista operacionalizava-se pela chamada “representação paritária”, coordenadas pelos Juízes Classistas, modelo este inspirado na italiana Carta Del Lavoro de Benito Mussolini. A Justiça Classista era composta, portanto, de um juiz togado (indicado pelo Estado entre pessoas com notório saber e reputação ilibada) e dois outros representantes eleitos, um pelas entidades representativas dos trabalhadores e outro, paritariamente – daí a nomenclatura – pelas entidades de aspiração patronal. Sobre o assunto, ensina MARTINS (2016, p.128): DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 24 “Nosso modelo de Justiça do Trabalho seguiu o sistema coorporativo italiano integrado por um juiz togado e dois representantes classistas, um do empregador e outro do empregado. A esta participação de classistas dá-se o nome de representação paritária. Em 1932 foram criadas as Juntas de Conciliaçãoe Julgamento para resolver dissídios individuais do trabalho e as Comissões Mistas de Conciliação para dirimir dissídios coletivos. Dispunha o art.122 da Constituição de 1934 que a Justiça do Trabalho era instituída para dirimir questões entre empregadores e empregados, não se aplicando aos juízes as garantias pertinentes aos juízes do Poder Judiciário. Isso era justificado pelo fato de que pertencia a Justiça do Trabalho ao Poder Executivo. O parágrafo único do citado artigo determinava que a constituição dos Tribunais do Trabalho e das Comissões de Conciliação obedecerá sempre ao princípio da eleição de seus membros, metade pelas associações representativas dos empregados e metade pelas dos empregadores, sendo o presidente de livre nomeação do governo, escolhido entre pessoas de experiência e notória capacidade moral e intelectual.” Superada esta tormentosa época, vislumbra-se atualmente que a Justiça do Trabalho destoa como ferramenta imprescindível à efetividade do próprio direito material trabalhista, mormente pelo fato de que o Processo do Trabalho passou a caminhar paralelamente e harmonicamente com a defesa integral do trabalhador, seja por seus prazos diminutos ou pela pertinácia de seus julgadores. Sem a sua atual configuração, certamente, as lides laborais estenderiam sua vida ao funesto império da letargia, intransponível paradigma da Justiça Comum. De outro turno, convém salientar que a Justiça do Trabalho compõe – ao lado da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar – o patamar de Justiça Especializada Federal, sendo o seu primeiro grau de jurisdição conferido aos Juízes do Trabalho. Aos Tribunais Regionais compete a revisão das decisões prolatadas no cotidiano das Varas do Trabalho. O terceiro grau é exercido exclusivamente pelo Tribunal Superior do Trabalho, sediado na Capital Federal. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 25 Isto posto, passa-se a pormenorizar os três níveis de jurisdição laboral. Varas do Trabalho Consoante alhures disposto, os Juízes do Trabalho integram as Varas do Trabalho e destinam-se a apreciar, na origem, os litígios trabalhistas. São eles que, investidos de jurisdição através de concurso público (e não mais por indicação do Poder Estatal), apreciam prima facie os pleitos reclamatórios, constituindo-se, portanto, como o grande esteio de todo o organograma laboral. Os juízes do trabalho ingressam na carreira como Juízes Substitutos, até atingirem, gradativamente, a titularidade de uma Vara Trabalhista. Devem, ainda, na ocasião da investidura no cargo, consoante com o que dispõe o artigo 93, inciso I do Texto Maior, ter, pelo menos, três anos de atividade jurídica e idade no intervalo temporal de 25 a 45 anos. A posse é assinada pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho a qual o juiz está vinculado. Assevera MARTINS (2016,p.131): “Os juízes do trabalho ingressam na magistratura do trabalho como juízes substitutos. Os juízes substitutos são nomeados após aprovação em concurso público de provas e títulos realizado pelo Tribunal Regional do Trabalho da região respectiva. (...) O candidato deve ser Bacharel em Direito. Deve ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica (art.93, I, da Constituição).” Por óbvio, imiscuído de um juízo meramente opinativo da presente pesquisa, tem-se que os juízes do trabalho detêm não apenas mais legitimidade que os extintos classistas, mas representam, sobretudo, a pujança da decisão trabalhista, formulada por quem tem a isenção de assim fazê-lo sem a interferência, pelo menos em tese, de interesses de classes. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 26 Consecutivamente, pertine frisar que apesar de a Justiça Trabalho alocar-se no âmbito federal da Justiça pátria, nem sempre, em razão da robustez territorial do Brasil e da insuficiente dotação orçamentária anual, a jurisdição trabalhista é exercida, na fase inaugural (primeiro grau) por juízos laborais legalmente constituídos. Em alguns rincões do Brasil não há Varas do Trabalho, mas sim, na maioria das vezes, Varas Cíveis únicas que concentram jurisdição quase que na totalidade da matéria jurídica, inclusive trabalhista. Aqui emergem os juízes estaduais investidos de jurisdição trabalhista que, ao apreciarem litígios desta natureza, devem aplicar, seja do ponto de vista procedimental ou material, o disposto no Diploma Consolidado Trabalhista. No tocante ao assunto, leciona MARTINS (2016, p.130): “A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-las aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho (art.112 da Constituição). A lei mencionada é a ordinária federal.” Em verdade, a possibilidade excepcional de um juiz de direito versar sobre matéria trabalhista tem amparo no princípio processual da inafastabilidade da jurisdição. Tribunais Regionais do Trabalho Os Tribunais Regionais do Trabalho são divididos no Brasil em 25 regiões e estão são aptos a exercer a segunda instância laboral, revisando as decisões emanadas do julgador monocrático das Varas do Trabalho. A instalação destas Cortes tem fundamento constitucional no artigo 115 da Carta Magna, o qual depreende: “Art.115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 27 I- um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II- os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. § 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.” Os Tribunais Regionais, que sucederam os Conselhos Regionais do Trabalho, são compostos, em regra, por, no mínimo, sete juízes escolhidos no primeiro grau de jurisdição da respectiva região, avalizados pelo Presidente da República entre brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos. Os membros dos Tribunais Regionais denominam-se Desembargadores e, diferentemente do Tribunal Superior do Trabalho - TST, consoante será oportunamente estudado, não necessitam de qualquer controle por parte do Poder Legislativo Federal. A composição do segundo grau de jurisdição da seara trabalhista também segue a lógica da Justiça Comum no tocante ao propalado “quinto constitucional”. Tal fenômeno corresponde à possibilidade de ingresso de integrantes de outras carreiras jurídicas aos quadros do Tribunal Regional, notadamente advogados e DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 28 procuradores do trabalho com mais de dez anos de atividade, escolhidos mediante lista sêxtupla formulada pela Ordem dos Advogados do Brasil e/ou pelo Ministério Público do Trabalho (no caso dos Tribunais do Trabalho), lista esta reduzida a condição de tríplice pelo Tribunal Regional e remetida ao Chefe do Poder Executivo, in casu o Presidente da República, que escolherá um dentre os três. A noção dequinto constitucional no Brasil surgiu com a Carta de 1967 e tinha o intuito de “democratizar” os Tribunais do país, inovação recepcionada pela Constituição Federal de 1988 em seu artigo 94. Referente ao quinto constitucional, leciona SCHIAVI (2016, p.190): “Nos Tribunais Regionais do Trabalho e no Tribunal Superior do Trabalho, há o chamado quinto constitucional, vale dizer: um quinto das vagas desses tribunais será ocupada por advogados e membros do Ministério Público do Trabalho, ambos com mais de dez anos de exercício profissional, de notório saber jurídico e reputação ilibada, que não prestam concurso, sendo nomeados pelo Presidente da República em listas sêxtuplas elaboradas pelos próprios tribunais. A inclusão de ministros provenientes da Advocacia e do Ministério Público foi ordenada pela Constituição de 1967 (art. 141, § 12, a, da EC n. 1, de 1969), estendendo a tradição prevalente nos demais Tribunais à Justiça do Trabalho, e mantida pela Carta Constitucional de 19880 7J. A existência do quinto constitucional é fundada na democratização dos Tribunais em razão do ingresso de membros oriundos de outras esferas jurídicas que podem contribuir para o aperfeiçoamento da Instituição.” Os demais assentos, a maioria, serão ocupados por juízes de carreira no primeiro grau de jurisdição, levando-se em consideração os critérios de promoção por DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 29 antiguidade e merecimento, nos termos do que preconiza o artigo 115, parágrafo único, inciso I da Constituição. Tribunal Superior do Trabalho O Tribunal Superior do Trabalho é disposto no artigo 111-A da Constituição Federal, representando a máxima instância da Justiça do Trabalho. A Corte é composta por 27 juízes, denominados Ministros, escolhidos pelo Presidente da República (e referendados por maioria absoluta do Senado Federal) dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, sendo tal procedimento de investidura verdadeiro aceno ao sistema checks and balances(freios e contrapesos) de Montesquieu. A composição da Corte Superior Trabalhista também, a luz do princípio da simetria, comporta o quinto constitucional. Estruturalmente, o TST, de acordo com o seu Regimento Interno, é composto pelos seguintes órgãos: o Plenário, representando a totalidade dos 27 ministros da Corte; o Órgão Especial - composto por 14 Ministros, sendo o Presidente, o Vice- Presidente, o Corregedor, os sete Ministros mais antigos e outros sete eleitos pelo Pleno -, responsável por se manifestar acerca das arguições de inconstitucionalidade em controle difuso; a Seção Especializada em Dissídios Individuais – SDI; a Seção Especializada em Dissídios Coletivos – SDC; oito Turmas; três Comissões Permanentes (Regimento Interno, de Jurisprudência e Precedentes Normativos e de Documentação). Ministério Público do Trabalho Segundo LEITE (2002, p. 29): “No início, a figura do Ministério Público relacionava-se à dos agentes do rei (les gens du roi), isto é, à 'mão do rei' e, atualmente, para manter a metáfora, à 'mão da lei'. A expressão parquet, bastante utilizada com referência ao Ministério Público, advém da tradição francesa, assim como 'magistratura de pé' e les gens du roi. Com efeito, os procuradores do rei, antes de adquirir a condição de DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 30 magistrados e ter assento ao lado de juízes, ficavam, inicialmente, sobre o assoalho (parquet) da sala de audiências, e não sobre o estrado, lado a lado à 'magistratura sentada.” O Ministério Público do Trabalho tem agasalho no artigo 128 da Constituição Federal e atua como custo legis em matéria trabalhista. Cabe ao MPT o manejo de ações civis de caráter público, nos limites da Justiça do Trabalho, objetivando a defesa irrestrita dos interesses coletivos, em ocasiões em que restarem desrespeitados direitos de ordem constitucional dos trabalhadores. Em outras palavras, o MPT é o fiscal da lei em questões trabalhistas. O quadro de carreiras do MPT, esculpido no artigo 86 da Lei Complementar nº 75/93, compreende os seguintes cargos: o Procurador do Trabalho, investido através de concurso e dotado de, como os magistrados, de vitaliciedade; o Procurador Regional do Trabalho que atua junto aos Tribunais Regionais do Trabalho; e o Subprocurador Geral do Trabalho, o cargo mais alto do MPT. O Procurador do Trabalho, diferentemente do Juiz do Trabalho, quando adentra no quadro funcional de seu órgão já é efetivado no ato de sua posse, inexistindo a figura do Procurador do Trabalho substituto. No entendimento do renomado MARTINS (2016, p.220): “A carreira do Ministério Público do Trabalho será constituída pelos cargos de Subprocurador Geral do Trabalho, Procurador Regional do Trabalho e Procurador do Trabalho. O cargo inicial da carreira é o de Procurador do Trabalho e o do último nível o de Subprocurador Geral do Trabalho. As promoções são feitas, alternadamente, por merecimento e antiguidade. O Procurador-Geral do Trabalho é o chefe do Ministério Público do Trabalho (art.87 da Lei Complementar nº 75/93), exercendo seu ofício perante o Plenário do TST DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 31 (art.90), instância em que os Subprocuradores-gerais oficiarão (art.107).Os Procuradores Regionais do Trabalho atuam nos Tribunais Regionais do Trabalho (art.110). Os Procuradores do Trabalho serão designados para funcionar junto aos Tribunais Regionais do Trabalho e, na forma das leis processuais, nos litígios trabalhistas que compreendam, especialmente, interesse de menores e incapazes (art.112).” De outro lado, do ponto de vista federativo, O Ministério Público do Trabalho pertence ao Ministério Público da União, tendo sua operacionalização regida pelos ditames da Lei Complementar nº 75/93, dispositivo que revogou tacitamente os artigos 736 a 757 da CLT. JURISDIÇÃO TRABALHISTA Antes de adentrar na propriamente dita competência da Justiça do Trabalho comporta que alguns comentários sejam feitos e algumas definições sejam tecidas, notadamente no que concerne a jurisdição, um fundamento do processo. Em uma preliminar análise, jurisdição deriva do vocábulo latino “júris” e significa direito, ao passo que “dictio” significa dizer. Ou seja, jurisdição corresponde ao instituto processual que define quem tem competência para dizer o direito, prerrogativa que, in casu, não se destina a pessoalidade isolada do magistrado, mas sim a este imbuído de jurisdição concedida e pertencente ao Estado. Sobre o assunto, vocifera SCHIAVI (2016, p.66): “O Poder do Estado é uno, por isso se diz que o Poder se subdivide em funções. Assim temos a função legislativa, a administrativa e a jurisdicional. Proibida a justiça com as próprias mãos, e restritas as hipóteses de autotutela, destaca-se a jurisdição que é função social de resolver os conflitos de interesses. A jurisdição é a função estatal exercida pelos Juízes e tribunais, DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 32 encarregada de dirimir, de forma imperativa e definitiva, os conflitos de interesses, aplicando o direito a um caso concreto, pacificando o conflito.” Pode-se inferir, portanto, que jurisdição é o poderio, a função, a prerrogativa ou atividade do Estado de, no universo dos autos, aplicar o direito e resolver as contendas, tendo como norte a composição (conciliação) e a paz social. A composição, inclusive, muito presente no cotidiano forense trabalhista e que permeia também, ungido pela nova codificação adjetiva, todo o arcabouço axiológico do Processo Civil pátrio. A jurisdição como instituto processualguarda, ainda, algumas características relevantes que merecem destaque e relevância, são elas: a imparcialidade, a substitutividade e a definitividade. Por imparcialidade entende-se o distanciamento do julgador em relação às partes, de modo a evitar um julgamento tendencioso e alicerçado sob interesses escusos de quaisquer dos polos da relação piramidal do processo. Substitutividade, a seu turno, diz respeito à supremacia da decisão do magistrado sob as partes, de modo que o decisum prolatado arqueie-se diante da vontade individual dos litigantes. Definitividade, por oportuno, como definida por NEVES (2017, p.123) “(...) significa que a decisão que solucionou o conflito deverá ser respeitada por todos: partes, juiz do processo, o Poder Judiciário e até mesmo por outros poderes”, abarca a premissa de que a decisão proferida pelo juiz, investido de jurisdição, produzirá, com o trânsito em julgado, o que se chama de coisa julgada material, tornando-se assim inquestionável e irrecorrível. Duplo Grau de Jurisdição Para iniciar as discussões acerca de competência faz-se necessário perpassar pelo princípio jurisdicional, no tocante ao assunto, de maior importância, qual seja o Princípio do Duplo Grau de Jurisdição, assim definido por CÂMARA (2017, p. 261): “O princípio do duplo grau de jurisdição (que no processo civil, diferentemente do que acontece no processo penal, tem status meramente legal, e não supralegal ou DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 33 constitucional) é responsável por tornar possível que um segundo órgão jurisdicional promova o reexame integral da causa, o que se assegura através de recursos como a apelação (ou afins, como o recurso ordinário trabalhista e o recurso ordinário constitucional, ambos também capazes de viabilizar um segundo exame integral da causa)”. Em uma análise mais apurada, o duplo grau, nada mais é que o direito da parte de levar suas angústias – não atenuadas pelo juízo de piso – a uma instância superior que a apreciará por meio de um mecanismo processual interposto perante o juízo singular para análise formal e, posteriormente, remetido ao julgador de teto. A este conhecido mecanismo processual se dá o nome de “recurso” que, na peculiaridade do Processo do Trabalho corresponde ao Recurso Ordinário Trabalhista, meio pelo qual qualquer das partes insatisfeita com o julgamento de mérito proferido por uma Vara do Trabalho tem a oportunidade de proporcionar ao Tribunal Regional respectivo a análise da contenda. Corrobora, ainda, ALVIM (2015, p.256) “o recurso se liga, de ordinário, ao duplo grau de jurisdição, em que uma decisão proferida pelo juízo inferior recebe novo julgamento por um juízo superior”. Entretanto, com o passar dos anos, face aos avanços sobre o estudo do processo, esse princípio restou mitigado, muito por conta da preocupação do legislador e dos operadores do Direito com a garantia de celeridade jurisdicional. A exemplificação clássica deste avanço - que sob o juízo da presente pesquisa já veio tardiamente – dedica-se ao Processo Civil, mais especificamente sobre o Recurso de Agravo de Instrumento – antes cabível contra qualquer decisão interlocutória – e que hoje, graças ao CPC/2015, possui hipóteses de cabimento taxativas. Nos Juizados Especiais Cíveis, de outro lado, sequer há a previsão de agravo, face ao princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, particular do rito. Deste modo, é certo que o princípio em estudo tem não somente um viés político na medida em que é interessante ao Estado conhecer e revisar certas decisões, mas também outro de natureza ideológica, ao passo que permite uma reflexão mais aclarada e apurada sobre a decisão, pois se pressupõe que uma instância superior, composta por julgadores mais experientes e constituídos de forma colegiada, tenha DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 34 mais legitimidade para apreciar determinada demanda, comportando assim uma menor possibilidade, pelo menos em tese, de equívocos (e injustiças) na prestação jurisdicional. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Explicitados alguns dos conceitos essenciais para a compreensão mais apurada do regime de competências da Justiça do Trabalho, passa-se a aprofundar na discussão. Em razão do vasto número de demandas levadas à apreciação dos Tribunais Trabalhistas, o legislador pátrio tratou de criar critérios tendentes a proporcionar uma paritária distribuição das lides, intentando uma atuação mais eficiente do julgador, proporcionando ao obreiro celeridade na tutela jurisdicional, aspecto que se aloca como a razão de existir da presente pesquisa. Tendo a noção clara disso, portanto, a doutrina majoritária trabalhista, enumerou os seguintes critérios de competência: em razão da matéria; em razão do lugar; em razão da pessoa; e em razão do órgão. Pertine, portanto, discriminá-las doutrinariamente. Competência em razão da matéria A competência em razão da matéria, consoante com o que explica MARTINS (2016, p.170) “(....) vai dizer respeito aos tipos de questões que podem ser suscitadas na Justiça Laboral, compreendendo a apreciação de determinada matéria trabalhista”. Em outras palavras, o ilustre doutrinador preconiza que a Justiça do Trabalho, por se tratar de uma ramo especializado da Justiça Federal, só deverá julgar demandas que versem sobre relação de trabalho e/ou contrato de empreitada o que, em suma, se refere a matéria trabalhista, do modo que é competente um juiz do trabalho, por exemplo, apreciar um pleito indenizatório de dano moral ou até mesmo um Mandado de Segurança, desde que, obviamente, estes versarem sobre matéria de Direito do Trabalho. A compreensão acerca da competência material é elementar, mas muito importante, afinal, tendo em vista o princípio da especialidade que rege a Justiça do Trabalho, não há como conceder que uma Justiça dita especializada se propusesse a apreciar aquilo que, por entendimento legal, não cabe a ela assim fazê-lo. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 35 Competência em razão do lugar (territorial) Em paralelo, a competência territorial, disposta no artigo 651 da CLT, tem lastro no limite espacial dos órgãos integrantes da Justiça do Trabalho. Via de regra, a competência em razão do lugar guarda relatividade, ao passo que não pode ser conhecida ex oficio pelo juiz, mas arguida pela representação das partes em preliminar de contestação ou em sede recursal (principalmente em se tratando de hipóteses de competência originária dos Tribunais Regionais). Diante deste cenário, portanto, aduz-se que a competência territorial, segundo PIZZOL (2003, p.155) “se deve à necessidade de fixar um juiz entre a pluralidade de outros da mesma espécie ou com o mesmo grau de jurisdição, atribuindo-se a ele uma porção territorial, dentro da qual está sua sede”, e é fixada pelo próprio Diploma Consolidado como sendo a Vara do Trabalho do local da última prestação de serviço do obreiro, de modo que, a título exemplificativo, se um mecânico contratado de determinada empresa trabalhou em Belém e depois em São Luiz, o juízo competente para analisar eventual reclamação trabalhista será o da capital maranhense. Todavia, é importante ponderar que o agente de vendas (viajante comercial) é uma exceção, explicitada no §1º do artigo 651, decerto que por ele exercer sua função em vários locais distintos, o juízo competente para julgar demandas trabalhistas por ele eventualmente ajuizada é o local da filial da empresa onde ele está vinculado. Outra notável exceção a regra da competência territorial é o trabalhador circense, o qual, por sua natureza laboral – onde é obrigado a trabalharem vários lugares distintos -, tem a prerrogativa de, no ato do ajuizamento da reclamatória escolher fazê-lo no lugar da celebração do contrato de trabalho ou no local da prestação do respectivo serviço. Tal entendimento tem alicerce na Orientação Jurisprudencial nº 19 – SDI-II do TST. Versa a Orientação Jurisprudencial: “Não cabe declaração de ofício de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, § 3º, da CLT. Nessa hipótese, DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 36 resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do local onde a ação foi proposta”. A exceção última reside no bojo do §2º do mesmo artigo 651 da CLT ao deduzir que a Justiça do Trabalho tem a competência de julgar as demandas oriundas de agências e/ou filiais de empresas no estrangeiro, desde que não haja convenção internacional que disponha de forma diversa. Majoritariamente, a doutrina se aloca no sentido de adotar que a notificação só terá validade se a empresa possuir no Brasil agência ou filial ou até, pelo menos, representante, caso contrário à mesma não será processualmente válida. À título exemplificativo, se considerar que um empregado foi contratado em território Brasileiro para exercer atividade laboral na Argentina, e não havendo qualquer convenção internacional em sentido contrário, a Ação Trabalhista deve ser, necessariamente, ajuizada no Brasil, haja vista que a Competência da Justiça do Trabalho passa a ser plena, consoante com o que dispõe o artigo 651, §2º da CLT. Sobre o assunto, elucida MARTINS (2016, p.207): “Se o empregado trabalhar no estrangeiro, terá competência a Vara do Trabalho para dirimir a questão, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em sentido contrário. A lei de direito material a ser aplicável, porém, será a vigente no país da prestação de serviço e não aquela do local da contratação, ou seja: os direitos trabalhistas serão analisados de acordo com a lei estrangeira, embora a Vara do Trabalho tenha competência para examinar a questão, se a empresa tiver agência ou filial no Brasil.” Competência em relação à pessoa A competência em relação à pessoa, de outro prisma, é regida pela premissa da ex ratione personae, que diz respeito, precipuamente, no fato de que a Justiça do DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 37 Trabalho é competente para julgar ações em que dois sujeitos, o empregado e o empregador, estejam envolvidos. Desse modo, seria incompetente, pois, a Justiça do Trabalho julgar ações envolvendo, por exemplo, um acidente de consumo ocorrido no interior de uma loja de departamentos, e assim o é pela simples eventualidade de os sujeitos envolvidos se tratarem de um consumidor e um fornecedor. A Emenda Constitucional nº 45/2004, que alterou o artigo 114 da Constituição Federal, enumerou quais são as pessoas jurídicas que podem, além, por evidente, do obreiro e seu empregador, figurar como parte na Justiça do Trabalho, são elas: os sindicatos patronais e de trabalhadores; entes de direito público externo; o Ministério Público do Trabalho em razão de sua atuação como custo legis trabalhista; o INSS, ao promover o seu ofício de executar contribuições previdenciárias; e os órgãos da Administração Pública Direta e Indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios quando estes figurarem como empregadores. Outrossim, por competência funcional, definida por SCHIAVI (2016, p.312) “a competência funcional também é denominada hierárquica ou interna. Trata-se de competência dos órgãos de 1º, 2º e 3º graus, dentro de um mesmo segmento do Poder Judiciário. Por esse critério, fixa-se a competência dos órgãos das Justiça do Trabalho para atuar no processo, durante diversas fases” e por THEODORO JÚNIOR (2016, p.123) como “a que provém da repartição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos que devam atuar dentro de um mesmo processo”, depreende aquela que incide sobre os órgãos judiciais da Justiça do Trabalho, podendo ser vertical, onde prevalece a hierarquia de um órgão sobre outro, e a horizontal, oportunidade em que se defrontam dois órgãos de mesmo patamar hierárquico. Destarte, a juízo doutrinário, a competência funcional se amolda como originária, recursal e executória. Primeiramente, a competência funcional originária trata do conhecimento casuístico em primeiro plano, ou seja, um feito será de competência originária quando for a demanda proposta diretamente ao órgão que deve apreciá-lo. Via de regra, as Varas do Trabalho detém a competência originária em matéria DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 38 trabalhista, excetuando-se os casos previstos na alínea „b‟ do inciso I do artigo 678 da CLT. Consecutivamente, a competência recursal é aquela destina a julgar determinada contenda levada a conhecimento por meio de recurso de quaisquer das partes, modalidade funcional esta destinada aos Tribunais Regionais e Tribunal Superior. Por fim, tem-se a competência para executar, ou executória, para qual se canaliza a aptidão, determinada pela legislação adjetiva, de dar ensejo aos procedimentos executórios de títulos (judiciais e extrajudiciais) no processo. Competência em relação ao órgão (funcional) Varas do Trabalho As Varas do Trabalho, sucessoras das malsinadas Juntas de Conciliação e Julgamento, representam o piso da pirâmide hierárquica da Justiça Laboral, cabendo a elas apreciarem o que emana da dicção dos artigos 652 e 653 da CLT. A competência funcional das Varas Trabalhistas é manejada de maneira singular pelos Juízes do Trabalho titulares. Com este entendimento, coaduna-se LEITE (2017, p.347): “Com a extinção da representação classista pela EC nº 24/99, a competência funcional das Varas do Trabalho passou a ser exercida monocraticamente pelo juiz titular, sendo que a antiga denominação era Juiz Presidente da Junta de Conciliação de Julgamento ou, simplesmente, juiz togado. Atualmente, além do juiz titular, há o juiz substituto, que tem a atribuição de substituir ou auxiliar o titular”. Primeiramente, elucida-se que cabe as Varas do Trabalho a análise, em primeiro grau de jurisdição, de todas as questões relativas a dissídios individuais, bem como realizar diligências necessárias a apuração de suas lides e/ou determinadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior, notadamente no que tange à execução, em alçada própria, de sentenças e de acórdãos (prolatados pelas instâncias maiores de forma colegiada). Compete às Varas do Trabalho, também, DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 39 por entendimento norteado pela Orientação Jurisprudencial nº 130 da SBDI-II, o julgamento de ações civis públicas trabalhistas ajuizadas pelo parquet laboral. Ipsis literis, no tocante à competência das Varas Trabalhistas, dispõe os verbetes trabalhistas: “Art.652. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: a) conciliar e julgar: I - os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado; II- os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho; III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho; V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão de Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave; c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência. Parágrafo único - Terão preferência para julgamento os dissídios sobre pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador, podendo o presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo em separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos. Art. 653. Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 40 a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua apreciação, representando contra aquelas que não atenderem a tais requisições; b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho. c) julgar as suspeições arguidas contra os seus membros; d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas; e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas; f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras atribuições que decorram da sua jurisdição”. O Diploma Consolidado Trabalhista, por força de seu artigo 659, define, ainda, as competências privativas dos juízes do trabalho, quais sejam: presidir as audiências; determinar a execução de suas próprias decisões ou, por determinação, das decisões proferidas pelas instâncias superiores; apreciar tutelas de urgência e evidência requeridas por quaisquer das partes; e analisar, a título prelibatório, a admissibilidade de recursos interpostos contra suas decisões e, posteriormente, remeter a peça recursal ao Tribunal Regional respectivo para julgamento. Tribunais Regionais Em relação aos Tribunais Regionais, e por determinação do artigo 678 da CLT, a competência funcional – em suas três modalidades – subdivide-se entre competências destinadas ao Tribunal em caráter pleno, as dirigidas as Turmas Recursais. Há, pois, Tribunais Regionais Trabalhistas que, em razão de suas composições, não comportam Turmas Julgadoras, oportunidade em que a competência funcional ganha regulamentação no artigo 679 da CLT. Cuidando dos Tribunais Regionais divididos em Turmas Recursais, compete ao Plenário, originariamente: processar e julgar os dissídios coletivos e seus efeitos; revisar sentenças normativas; e julgar Mandado de Segurança em matéria DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 41 trabalhista. Verticalmente, em grau de recurso advindo de suas próprias Turmas, compete ao Tribunal Pleno julgar: os recursos de multa fixada pelas Turmas Recursais; as ações rescisórias ajuizadas em face de sentenças de mérito das Varas do Trabalho, de acórdãos de sua própria autoria e de suas Turmas; julgar e resolver conflitos de competência entre Varas do Trabalho, Turmas Recursais e Juízes de Direito investidos de jurisdição trabalhista. Finalmente, na condição de instância única, pronunciar-se-á o Pleno do Tribunal sobre reclamação correcional apresentada contra juízes, serventuários ou quaisquer de seus membros, inclusive o Presidente da Corte. As Turmas Recursais, por seu turno, incumbe: julgar os recursos ordinários e agravos, em sede executória, de petição e, relativo à admissibilidade recursal negativa, de instrumento; julgar verticalmente em primeiro grau ações rescisórias oriundas das Varas do Trabalho e conflitos de competências entre estas e Juízes de Direito investidos de jurisdição laboral. No que tange aos Tribunais Regionais não divididos em Turmas, o Plenário decidirá tudo aquilo destinados as Turmas Recursais, exceto, por óbvio, questões relativas a conflito de competência entre as mesmas. Outrossim, cumpre pontuar que as sentenças de mérito e decisões interlocutórias proferidas em matéria laboral por Juízes de Direito investidos de jurisdição trabalhistas serão apreciadas, em sua maioria, pelas Turmas Recursais com possibilidade de revisão pelo Plenário do Tribunal quando se tratar de duplo grau relativo à julgamento de ação rescisória proposta em face de seus julgados, lógica que vale também para os conflitos de competência aos quais este quedar-se envolvido. Sobre a atuação dos Juízes de Direito na Justiça do Trabalho, arremata LEITE (2017, p.180): “A competência dos Juízos de Direito, quando investidos na administração da Justiça do Trabalho, é a mesma das Varas do Trabalho (CLT, art. 669), sendo certo que nas localidades onde houver mais de um Juízo de Direito a competência é determinada, entre os juízes do cível, por distribuição ou DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 42 pela divisão judiciária local, na conformidade da lei de organização respectiva, como prescreve o§ 1º do art. 669 da CLT. Todavia, se o critério de competência da lei de organização judiciária for diverso do previsto no referido parágrafo, será competente o juiz do cível mais antigo”. Tribunal Superior do Trabalho A função precípua do Tribunal Superior do Trabalho é atuar, por meio de suas Súmulas e Orientações Jurisprudenciais, como o guardião da uniformidade jurisprudencial trabalhista, prerrogativa que se reputa da mais alta relevância e assim o é, sobretudo, por se tratar a Consolidação das Leis Trabalhistas de um regramento datado de tempos mais longínquos da história nacional. Deste modo, os mecanismos jurisprudenciais utilizados pelo Tribunal Superior do Trabalho atendem a necessidade constante de atualização da legislação trabalhista o que, legalmente, só seria possível por intermédio do processo legislativo formal. Há, pois, controvérsias sobre o assunto, as quais não cabem maiores divagações, limitando-se a presente pesquisa a opinar de forma favorável pela motivação clara de que o a Corte Superior, ao editar verbetes sumulares, como Tribunal que é, cria jurisprudência – função que lhe é afeta – e não lei. Além disso, cabe ao TST, segundo LEITE (2017, p.352) “(...) processar, conciliar e julgar, na forma da lei, em grau originário ou recursal ordinário ou extraordinário, as demandas individuais e os dissídios coletivos que excedam a jurisdição dos Tribunais Regionais (...)”, da mesma maneira assuntos relativos a direito sindical; arbitragem internacional trabalhista; direito coletivo; e entraves envolvendo efeitos de seus próprios decisórios. Na condição de Corte Colegiada, assim como os Tribunais Regionais, o TST também se divide em órgãos, são eles: Pleno, cujas funções estão dispostas no artigo 68 do Regimento Interno; o Órgão Especial, disposto no artigo 69 do Diploma Regimental, com destaque para sua atuação como órgão responsável pelo controle de constitucionalidade feito pelo Tribunal em controle difuso; Seção Especializada DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 43 em Dissídios Coletivos, responsáveis, principalmente, em se manifestar acerca dos dissídios coletivos, consoante com o que preconiza o artigo 70 do Regimento Interno do TST; Seção Especializada em Dissídios Individuais, destinada a julgar, em sua composição plena, divergências nascida entre suas Subseções quanto a aplicação de normativo federal e, em sua disposição fracionada apreciar o disposto nos incisos II e III do dispositivo regimental; Turmas, tendentes a julgar recursos interpostos ao Tribunal Superior, seja de acórdãos proferidos por Desembargados dos Tribunais Regionais ou em matéria de sua competência ordinária. PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO Os princípios da celeridade e razoável duração do processo, cerne da presente pesquisa e o eldorado jurídico de operadores do Direito e jurisdicionados, têm disposição expressa no inciso LXXVIII da Carta Maior.
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