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Prospecção Internacional em Calçado Esportivo: Nike e Reebok

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
PROSPECÇÃO INTERNACIONAL EM CALÇADO ESPORTIVO: NIKE E REEBOK
Laís Pires Ferreira
Trabalho da disciplina Direitos e Garantias Fundamentais
 		 
Salvador 
2019
PROSPECÇÃO INTERNACIONAL EM CALÇADO ESPORTIVO: NIKE E REEBOK
Referências: ROSENZWEIG, Philip M. Prospecção Internacional em Calçado Esportivo: Nike e Reebok. Escola de Negócios de Harvard, Rev. 14 jul. 1994.
O caso gira em torno da produção de calçados da Nike e da Reebok, que, para essa função, contratavam uma rede de empresas em países do continente asiático, as quais faziam os calçados de acordo com as especificidades fornecidas, com alta qualidade, e seguindo prazos precisos de entrega. O baixo custo de trabalho dos empregados dessas empresas subcontratadas fazia com que a Nike e a Reebok mantivessem baixos custos. Ademais, não precisavam gerenciar diretamente a fabricação e não tinham que atrelar o capital social da empresa à matéria-prima.
Nos anos de 1970, o diretor chefe da Nike percebeu o sucesso das câmeras produzidas no Japão, na década de 1950, em comparação aos modelos alemães e decidiu que o mesmo raciocínio poderia ser utilizado no fabrico de calçados esportivos. 
No início, a Nike já produzia a maior parte de seus calçados em Taiwan e na Coreia do Sul. Com o passar do tempo, outras empresas estadunidenses do mesmo ramo começaram a exportar a sua produção de calçados para a Ásia. As contratadas na Ásia construíam as fábricas, compravam matéria-prima, treinavam os trabalhadores, estabeleciam os salários e as condições de trabalho, e gerenciavam as operações.
O trabalho de fabricação do calçado esportivo era intenso, os trabalhadores eram sujeitos ao contato com substâncias tóxicas, e grande parte do trabalho era feito à mão.
Nos anos 1980, a Nike conseguia combinar o design de alta tecnologia de seus produtos, com o baixo custo da mão de obra asiática. Para evitar a dependência a empresa, ainda, desenvolveu relações com fabricantes em diversos países. Assim, muitas vezes uma mesma contratada produzia para mais de uma firma de calçados, pois esse modo de produção estava se expandindo no âmbito das empresas norte-americanas, entre elas a Reebok.
Entretanto, o custo crescente da mão de obra nas fábricas da Coreia do Sul era uma grande preocupação para a Nike e para a Reebok, o que fez com que diversas contratadas da Nike se mudassem para outros países, onde o custo da mão de obra fosse mais barato. Muitas foram para a Indonésia.
A Indonésia era atrativa devido a sua grande população e ao problema do desemprego, o que contribuiu, também, para que o governo do país apoiasse esse influxo.
Contudo, em 1991, um instituto de pesquisa indonésio e o Instituto de Trabalho Livre Asiático-Americano constataram que o sistema de produção da Nike era predominantemente exploratório, com a prática de vários abusos laborais, como pagar menos do que o salário mínimo diário, forçar os empregados a trabalhar fora do horário, violar leis de trabalho infantil e não respeitar regras especiais para o labor das mulheres. Em sua defesa, a Nike afirmava que não possuía nenhum controle sobre as práticas laborais de suas contratadas.
Outrossim, no final de 1992, a referida empresa produziu um “Memorando de Entendimento” para suas contratadas e fornecedores, onde as orientava para a observancia das leis locais aplicáveis sobre trabalho, segurança, saúde ocupacional e seguro do trabalhador, além de serem solicitadas a aderirem as práticas ambientais da Nike. Porém, em 1993, a CBS relatou a manutenção de péssimas condições de trabalho em uma das contratadas da Nike, na Indonésia.
No que se refere a Reebok, em 1991, o Fundo de Pesquisa e Educação de Direitos Laborais criticou a empresa por utilizar trabalho infantil na fabricação de seus calçados, além de outras situações insatisfatórias para o labor. 
Ocorre que a Reebok já vinha a algum tempo tomando fortes posicionamentos públicos em defesa dos direitos humanos, e, em resposta à divulgação do Fundo, iniciou trabalhos no âmbito dos direitos humanos em setores da saúde e segurança do trabalhador, nas fábricas de suas contratadas, através da imposição de padrões de conduta, que traziam várias proibições relacionadas ao abuso laboral, admitindo o cancelamento daquelas contratadas que não seguissem o padrão Reebok. Decidiu, então, realizar auditorias, mesmo ciente do alto custo que elas gerariam para a empresa.
Em 1994, as empresas viram a necessidade de ampliar o mercado de consumo e a variedade de seus produtos, além de dar mais importância à publicidade, haja vista o sofrimento de uma queda na indústria estadunidense de calçados esportivos.
No presente caso, houve violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando esta disciplina, no seu art. XXIII, que todo ser humano tem direito a condições justas e favoráveis de trabalho; a ter igual remuneração por igual trabalho; e a receber uma “remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade da humana e a que se acrescentarão, se necessário outros meios de proteção social. 
As empresas Nike e Reebok, ao buscarem a política do “lucro a todo custo”, não estavam se preocupando com as consequências da utilização de mão de obra cada vez mais barata, pelo contrário, buscavam vínculos com empresas em vários países, para que, justamente, tivessem sua responsabilidade trabalhista afastada. 
Desse modo, não há dúvidas da grave violação aos direitos humanos presente e, em contrapartida, aos direito e garantias fundamentais dessas pessoas, no âmbito interno, pois estas se encontravam em condições de trabalho análogas a de escravos, além do fato da remuneração dos empregados de diferentes países que praticavam a mesma função e fabricavam calçados para a mesma empresa ser diferente, não havendo proporcionalidade com relação aos custos de qualidade de vida de cada país ou região. 
Acrescenta-se, ainda, o fato dos governos desses países também serem responsáveis pela violação desses direitos, quando permite atos atentatórios aos direitos e garantias fundamentais laborais em seu território e não fiscaliza os ambientes de trabalho, ferindo, assim, os direitos dos trabalhadores como direitos sociais, direitos fundamentais de segunda geração, onde o Estado tem responsabilidade na concretização de uma vida digna para o indivíduo social.
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