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Profa. Ma. Celia Braga UNIDADE II Estudos Disciplinares Terceirização No ano de 1974, a Lei n. 6.019 criou o chamado de trabalho temporário, sendo o primeiro instrumento legal no Brasil a autorizar a terceirização, entretanto, tinha duas hipóteses, no caso de acréscimo extraordinário de serviço ou nos casos de substituição de um colaborador regular e permanente. Logo, é possível afirmar que nos últimos anos, os diversos ramos dos estudos sobre trabalho no Brasil deram origem a uma produção proveitosa sobre o tema da terceirização no processo de reestruturação capitalista. Contudo, há uma ressalva, a profusão de pesquisas nesse campo não foi acompanhada por uma definição conceitual precisa que viabilizasse um consenso a respeito da chamada terceirização. Introdução O criador do termo “terceirização” foi Aldo Sani, engenheiro e diretor superintendente da Riocell, uma empresa de celulose de Guaíba (RS), no início da década de 1970. A palavra “terceirização” é um neologismo, sendo que sua origem é o latim terciariu, derivada do ordinal tertiariu. Origem Ao que tudo indica, o neologismo é uma exclusividade brasileira, uma vez que, em todos os outros países, o termo usado se refere à relação entre as duas empresas, ou seja, é sempre a tradução da palavra subcontratação: em francês: soustraitance, em italiano: sobcontrattazione, em espanhol: subcontratación, em inglês: outsourcing, e em Portugal: subcontratação. Neologismo Durante os anos 1990, diversas publicações da área de Administração foram lançadas e consistiam, em sua grande maioria, em manuais sobre como implementar o chamado “mecanismo de gestão” ou “técnica moderna de administração”. Em sua quase totalidade, defendia-se a ideia de que as empresas deveriam focar suas “atividades-fim” e delegar tarefas e processos acessórios (“atividades-meio”) a outras empresas especializadas. Década de 1990 O tom fortemente pragmático desse discurso em direção aos benefícios para as empresas tem como pano de fundo uma vaga ideia das noções de modernidade e globalização. A crescente “modernização” das relações de trabalho no país diminuiria os aspectos “negativos” da terceirização. Dava-se forma ao que muitos chamavam de “as duas modalidades de terceirização”, conforme veremos a seguir. Década de 1990 No que tange às formas distintas de subcontratação, temos duas modalidades a saber: A primeira modalidade de subcontratação envolve uma terceirização da produção motivada pelas necessidades de alcançar níveis de qualidade e produtividade superiores. As inovações tecnológicas e de gestão da produção obtidas ao nível da empresa subcontratante são transferidas para as empresas subcontratadas. Década de 1990 A segunda modalidade de subcontratação, também chamada de “terceirização por contingência”, significa externalização da produção como mecanismo de redução de custos de produção. Nessa modalidade, os custos de energia, equipamento e espaço são transferidos para o trabalhador e se apoiam em uma força de trabalho sem o ônus da legislação trabalhista, tornando-se as principais motivações da subcontratação. Década de 1990 Para outros autores, as duas modalidades da terceirização são vistas sobre outro prisma, dessa forma, a primeira modalidade de terceirização seria aquela que vem “dos países industrializados”, chamada de outsourcing total, que gira em torno da busca do aumento de produtividade e qualidade a partir de um novo “posicionamento comportamental”, o seja, o “ganha-ganha”, baseado na parceria e na satisfação das partes. Década de 1990 A segunda modalidade é o “outsourcing tupiniquim” e se refere à terceirização predominante para o “gosto do atrasado empresarial brasileiro”, na qual o objetivo é a obtenção de lucros em curto prazo, reduzindo-se custos de forma generalizada. Somente essa última levaria a uma situação de antagonismo entre os interesses empresariais, os trabalhadores e os sindicatos. Década de 1990 Uma proposta diferente de compreensão foi apresentada por outra autora, Graça Druck. Em sua opinião, a terceirização precisava ser vista como uma estratégia inclusa em um programa maior de reestruturação produtiva. Tal programa visava às novas fontes de acumulação de capital e a tentativa de contornar as barreiras a essa acumulação criadas pelos custos da força de trabalho e pelas resistências dos trabalhadores. Década de 1990 O fato é que, quando se postulava uma suposta “terceirização à brasileira”, ignorava-se um complexo movimento econômico e político que atingia todos os países do mundo. Dessa forma, não havia como contrapor a “redução de custos” versus “qualidade, produtividade e competitividade”, pois, para se atingir os novos padrões de competitividade exigidos pela reordenação do mercado internacional, o “tripé” custos, qualidade e produtividade é o principal sustentáculo, não apenas da terceirização, mas do modelo japonês no seu conjunto, e isso porque o processo de melhoria de qualidade significa, geralmente, redução de custos. Década de 1990 A referência ao “modelo japonês” se explica pelo fato de as inovações da indústria daquele país, principalmente na Toyota, terem influenciado significativamente muitos projetos de reestruturação em várias empresas de outras partes do mundo, isto é, a Toyota serviu de base para o que se projetava como moderno. A questão era demonstrar que não havia dualidade para esse projeto. Modelo japonês Para os grandes grupos japoneses, o objetivo das transferências de atividades para redes de subcontratação foi o de fazer recair sobre firmas terceirizadas os imprevistos conjunturais, assim como para impor aos assalariados dessas organizações o peso da precariedade contratual, combinado com níveis de salários bem inferiores. Modelo japonês Outro autor, Ruduit-Garcia, construiu uma nova análise em que seria preciso superar teses que visavam, a priori, concluir se a terceirização é positiva ou negativa. O argumento principal por ele desenvolvido é de que as relações entre empresas são multiformes e não tendem, necessariamente, para um ou para outro lado. Para o autor, se a empresa central estabelece vínculos baseados em estratégias competitivas, de cooperação, sobre produtos técnicos mais complexos, haverá melhores condições para existência de formas estáveis e não precárias de emprego. Década de 2000 Porém, se a relação é de subordinação e as intenções somente giram em torno da redução de custos, os contratos de trabalho geralmente têm sido precários, ou seja, quanto mais próxima da empresa central estiver a empresa contratada, maiores seriam as chances de práticas não precárias de emprego. Década de 2000 O mesmo autor busca diferenciar os dois termos. Para ele, subcontratação seria um termo genérico para toda transferência de atividades e tarefas de uma empresa a outra unidade empresarial, o que pode se referir tanto à atividade-fim de uma empresa quanto a atividades de suporte ou de apoio. Década de 2000 As modalidades de subcontratação eram diversas: trabalho em domicílio, cooperativas, autônomo, por empreitada, franquias, teletrabalho, por projetos etc. Década de 2000 Já a terceirização expressa o recurso gerencial pelo qual uma empresa transfere parte de sua atividade-fim (industrial, de serviços ou agrícola) para outra unidade empresarial, tendo em vista a flexibilização da organização e suas relações de trabalho, focando, dessa forma, esforços em atividades com mais especialização e redução de custos. Década de 2000 O neologismo é uma exclusividade brasileira, uma vez que, em todos os outros países, o termo usado se refere à relação entre as duas empresas, ou seja, é sempre a tradução da palavra subcontratação: I. Em francês: subcontratación. II. Em italiano: soustraitance.III. Em espanhol: sobcontrattazione. IV. Em inglês: outsourcing. V. Em Portugal: subcontratação. Assinale a alternativa correta: a) IV e V, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III, IV e V, apenas. d) I, IV e V, apenas. e) I, II, III, IV e V. Interatividade O neologismo é uma exclusividade brasileira, uma vez que, em todos os outros países, o termo usado se refere à relação entre as duas empresas, ou seja, é sempre a tradução da palavra subcontratação: I. Em francês: subcontratación. II. Em italiano: soustraitance. III. Em espanhol: sobcontrattazione. IV. Em inglês: outsourcing. V. Em Portugal: subcontratação. Assinale a alternativa correta: a) IV e V, apenas. b) I, II e III, apenas. c) II, III, IV e V, apenas. d) I, IV e V, apenas. e) I, II, III, IV e V. Resposta Terceirização do trabalho é o processo no qual uma empresa contrata outra empresa para realizar determinado serviço, em vez de contratar os funcionários individualmente. Quando se terceiriza um trabalho, estabelece-se a chamada relação B2B (business to business, traduzindo, empresa para empresa). É totalmente diferente de selecionar colaboradores e registrar contratos de trabalho com eles, obedecendo ao que prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Terceirização do trabalho É importante destacar que, apesar disso, quando uma empresa terceiriza, não quer dizer que os trabalhadores que prestam o serviço perdem os direitos garantidos pela legislação. Eles têm um vínculo trabalhista formal, sim, mas com outra empresa e não com aquela que está terceirizando parte do trabalho. A não ser que estejamos falando da contratação de profissionais autônomos ou microempreendedores individuais, é claro. Terceirização do trabalho Nesses casos, as relações trabalhistas não são regidas pela CLT – Consolidação das Leis de Trabalho, conforme veremos a seguir. O exemplo mais comum de terceirização é a contratação de empresas de limpeza para realizar faxina em lojas, escritórios e fábricas. Nesse caso, os profissionais são enviados aos locais dos contratantes e realizam o serviço lá, porém são pagos pelas empresas terceirizadas, que recebem dos contratantes. Terceirização do trabalho A Câmara dos Deputados aprovou, no dia 08 de abril de 2015, o Projeto de Lei 4330/2004, que regulamenta contratos de terceirização no mercado de trabalho. Agora, o projeto será encaminhado diretamente para votação no Senado. O projeto tramita há 10 anos na Câmara e vem sendo discutido desde 2011 por deputados e representantes das centrais sindicais e dos sindicatos patronais. Ele prevê a contratação de serviços terceirizados para qualquer atividade, desde que a contratada esteja focada em uma atividade específica. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera As normas atingem empresas privadas, empresas públicas, sociedades de economia mista, produtores rurais e profissionais liberais. O texto somente não se aplica à administração pública direta, autarquias e fundações. Representantes dos trabalhadores argumentam que a lei pode provocar precarização no mercado de trabalho. Empresários, por sua vez, defendem que a legislação promoverá maior formalização e mais empregos. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera A definição que tramita na Câmera é: Na terceirização, uma empresa prestadora de serviços é contratada por outra empresa para realizar serviços determinados e específicos. A prestadora de serviços emprega e remunera o trabalho realizado por seus funcionários ou subcontrata outra empresa para realização desses serviços. Não há vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios das prestadoras de serviços. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera Conforme dito anteriormente, é a Súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determina que a terceirização no Brasil só deve ser dirigida a atividades-meio. Essa súmula, que serve de base para decisões de juízes da área trabalhista, menciona os serviços de vigilância, conservação e limpeza, bem como “serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador”, “desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta” do funcionário terceirizado com a empresa contratante. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera O PL 4330/04 envolveu quatro grandes polêmicas, que causaram protestos das centrais sindicais: a abrangência das terceirizações tanto para as atividades-meio como atividades- fim; obrigações trabalhistas serem de responsabilidade somente da empresa terceirizada – a contratante tem apenas de fiscalizar; a representatividade sindical, que passa a ser do sindicato da empresa contratada e não da contratante; e a terceirização no serviço público. Em contrapartida, os empresários defenderam que a nova lei vai aumentar a formalização e a criação de vagas de trabalho. A seguir iremos conferir na tabela as mudanças. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera O que diz o Projeto de Lei 4330 O que muda na prática O contrato de prestação de serviços abrange todas as atividades, sejam elas inerentes, acessórias ou complementares à atividade econômica da contratante. Proposta permite que qualquer atividade de uma empresa possa ser terceirizada, desde que a contratada esteja focada em uma atividade específica. Segundo o relator, o objetivo é evitar que a empresa funcione apenas como intermediadora de mão de obra, como um “guarda-chuva” para diversas funções. A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas dos funcionários da prestadora de serviços/devedora. O terceirizado só pode cobrar o pagamento de direitos da empresa tomadora de serviços quando a contratada não cumpre as obrigações trabalhistas e após ter respondido, previamente, na Justiça ou quando a empresa contratante não fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora de serviços. A contratante terá de fiscalizar mensalmente o pagamento de salários, horas-extras, 13º salário, férias, entre outros direitos. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera O que diz o Projeto de Lei 4330 O que muda na prática A administração pública pode contratar prestação de serviços de terceiros, desde que não seja para executar atividades exclusivas de Estado, como regulamentação e fiscalização. A administração pública pode contratar terceirizados em vez de abrir concursos públicos e será corresponsável pelos encargos previdenciários, mas não quanto às dívidas trabalhistas. Sempre que o órgão público atrasar sem justificativa o pagamento da terceirizada, será responsável solidariamente pelas obrigações trabalhistas da contratada. O texto somente não se aplica à administração pública direta, autarquias e fundações. O recolhimento da contribuição sindical compulsória deve ser feito ao sindicato da categoria correspondente à atividade do terceirizado e não da empresa contratante. Os terceirizados não serão representados por sindicatos das categorias profissionais das tomadoras de serviços. O argumento é que isso favorecerá a negociação e a fiscalização em relação à prestação de serviços. O terceirizado será representado pelo sindicato dos empregados da empresa contratante quando a terceirização for entre empresas com a mesma atividade econômica, o que possibilitará que o trabalhador receba as correções salariais anuais da categoria. O projeto propõe que a responsabilidade da empresa contratante pelo cumprimento dos direitos trabalhistas do empregado terceirizado, como pagamento de férias e licença- maternidade, seja subsidiária, ou seja, a empresa que contrata o serviço é acionada na Justiça somente se forem esgotados os bens da firma terceirizada, quando a contratada não cumpre as obrigaçõestrabalhistas e após ter respondido, previamente, na Justiça. Ao mesmo tempo, a empresa contratante poderia ser acionada diretamente pelo trabalhador terceirizado, mas apenas quando não fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas pela contratada. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera A responsabilidade pelos pagamentos de encargos previdenciários e do Imposto de Renda relativos aos empregados terceirizados fica por conta da empresa contratante, e não mais da que terceiriza o serviço. Antes, cabia à contratante apenas fiscalizar todo o mês o cumprimento desses pagamentos. A preocupação do governo era que as empresas terceirizadas não cumprissem com o pagamento dos tributos. A avaliação é que é mais fácil controlar os pagamentos se eles forem feitos pela empresa que contrata o serviço. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera Referente à representação sindical, a proposta prevê que os trabalhadores empregados terceirizados sejam regidos pelas convenções ou acordos trabalhistas feitos entre a contratada e o sindicato dos terceirizados. As negociações da contratante com seus empregados não se aplicariam aos terceirizados. Para obter o apoio de centrais sindicais, foi incorporada ao projeto emenda que estabelece que o funcionário terceirizado será representado pelo sindicato dos empregados da empresa contratante quando a terceirização for entre empresas com a mesma atividade econômica, o que possibilitará que o trabalhador receba as correções salariais anuais da categoria. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera O Ministério do Trabalho não tem números oficiais de terceirizados no país. De acordo com um estudo da CUT em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o total de trabalhadores terceirizados em 2013 no Brasil correspondia a 26,8% do mercado formal de trabalho, somando 12,7 milhões de assalariados. Os estados com maior proporção de terceirizados, segundo o estudo, São Paulo (30,5%), Ceará (29,7%), Rio de Janeiro (29,0%), Santa Catarina (28%) e Espírito Santo (27,1%), superior à média nacional de 26,8%. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera De acordo com o Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem), com apoio da Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) e Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), a terceirização empregava, em 2014, 14,3 milhões de trabalhadores formais no país. O setor é composto por 790 mil empresas, que faturam R$ 536 bilhões ao ano. Os dados foram coletados de 60 entidades representativas do setor. Projeto de Lei da terceirização aprovado pela Câmera De acordo com um estudo da CUT em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o total de trabalhadores terceirizados em 2013 no Brasil correspondia a 26,8% do mercado formal de trabalho, somando 12,7 milhões de assalariados. Os estados com maior proporção de terceirizados, segundo o estudo, são: I. São Paulo (35,5%). II. Ceará (29,7%). III. Rio de Janeiro (28,9%). IV. Santa Catarina (28%). V. Espírito Santo (27,1%). Assinale a alternativa correta: a) I, II e III, apenas. b) II, IV e V, apenas. c) III, IV e V, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II, III, IV e V. Interatividade De acordo com um estudo da CUT em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o total de trabalhadores terceirizados em 2013 no Brasil correspondia a 26,8% do mercado formal de trabalho, somando 12,7 milhões de assalariados. Os estados com maior proporção de terceirizados, segundo o estudo, são: I. São Paulo (35,5%). II. Ceará (29,7%). III. Rio de Janeiro (28,9%). IV. Santa Catarina (28%). V. Espírito Santo (27,1%). Assinale a alternativa correta: a) I, II e III, apenas. b) II, IV e V, apenas. c) III, IV e V, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II, III, IV e V. Resposta Geralmente, a empresa terceirizada ajuda a realizar um projeto que demanda alta especialização em um tempo mais curto. Nesse caso, pode ocorrer de os custos serem menores do que se o trabalho fosse realizado internamente. Objetivos da terceirização Isso está relacionado com a eficiência, e não com a redução nos encargos: obtém-se profissionais “sob demanda” e com as especializações necessárias para realizar o serviço exigido. Logo, pode-se concluir que o principal objetivo da terceirização é proporcionar flexibilidade e agilidade nos processos da companhia. Objetivos da terceirização A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais é um exemplo que remonta ao século 17. Tratava-se de uma empresa privada dos Países Baixos que continha um alvará, concedido pela Coroa, para comercializar com as colônias no Novo Mundo. O objetivo dos comandantes do trono holandês era superar a competição entre Espanha e Portugal nos principais pontos de comércio estabelecidos nas Américas. Quando a Coroa finalmente liberou o alvará, a burguesia local financiou as expedições, como se fosse um investimento em uma startup* em troca de participação nos lucros futuros. * é um grupo de pessoas iniciando uma empresa, trabalhando com uma ideia diferente, escalável e em condições de extrema incerteza. A história da terceirização Vamos fazer uma breve análise: Os holandeses tinham um objetivo comercial, entretanto, ao invés de capacitarem navegadores e construirem navios para explorar o comércio no novo continente, optaram pelo estabelecimento de uma parceria com uma empresa privada. Não lhe parece ser um caso de terceirização? A história da terceirização Considerando a história da administração moderna, a terceirização começou a ser utilizada de forma estruturada como técnica de gestão durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos. A necessidade de produzir com maior velocidade armamentos e suprimentos para o conflito obrigou a indústria e os prestadores de serviços a se tornarem mais eficientes em seus processos, o que culminou em várias inovações na gestão e na produção. A história da terceirização no mundo Uma delas foi a terceirização de setores periféricos, o que permitiu às empresas se concentrarem em evoluções na produtividade. Com o fim da guerra, perdeu-se a urgência em atender as demandas bélicas. Por outro lado, os EUA se mobilizavam para desenvolver sua economia. A fórmula americana incentivava a concorrência, o que estimulava práticas administrativas que conferiam vantagens competitivas às empresas – e terceirizar determinadas atividades atendia a esse propósito. A história da terceirização no mundo Conforme a terceirização passou a ser cada vez mais comum nas grandes empresas americanas, o mesmo passou a ocorrer no Brasil. Afinal, a presença de multinacionais no país cresceu muito a partir dos anos 1960, trazendo essas e outras práticas de gestão empresarial já consolidadas no exterior. Até hoje, a ideia da terceirização gira ao redor de uma medida adotada para reduzir despesas com direitos trabalhistas. A história da terceirização no Brasil Talvez por esse motivo, o trabalhador terceirizado recebe, em média, consideravelmente menos que aquele que é contratado diretamente pela empresa, conforme indica pesquisa realizada pelo Ipea realizada em 2015. A história da terceirização no Brasil Outra explicação é que o salário é menor por existir outra empresa como intermediadora nessa relação. Nesse cenário surge a legislação trabalhista. Idealmente, a lei deve encontrar um equilíbrio para regulamentar o mercado de modo que não haja prejuízo para os empregados e tampouco para a liberdade das empresas. As leis e os projetos sobre o assunto são polêmicos, justamente porexistirem os dois lados da moeda. A história da terceirização no Brasil Percebe-se, pelo que já foi dito anteriormente, que as maiores vantagens da terceirização se manifestam quando ela ocorre nas atividades-meio, e não nas atividades-fim das empresas. Dessa forma, algumas áreas não têm relação direta, mas sim indireta, com o core business, que é o núcleo da geração de valor da companhia. A organização se torna mais enxuta, com menos setores e um organograma menor. Vantagens da terceirização Consequentemente, a grande vantagem tem a ver com o aumento na agilidade nas tomadas de decisão e na diminuição da burocracia. Graças à estrutura otimizada, a empresa também se torna mais flexível, conseguindo se adaptar mais facilmente às mudanças no mercado e no comportamento do consumidor. Vantagens da terceirização A terceirização não ajuda a melhorar somente as atividades centrais do negócio, mas também aquelas que foram terceirizadas. Afinal, se elas não são o core business do contratante, são do contratado, que é especializado naquilo. Vantagens da terceirização À parte dos efeitos negativos para os trabalhadores em um cenário macro, há possíveis desvantagens também para as empresas que terceirizam serviços. Uma das principais desvantagens é a falta de identificação do profissional com a cultura e os valores da empresa. Desvantagens da terceirização Ele não conhece ou não se conecta com a identidade e o propósito do local onde está trabalhando da mesma forma que aqueles que são contratados de forma direta. Esse é mais um argumento em favor da terceirização como recurso preferencial em atividades acessórias, e não centrais. Desvantagens da terceirização Porque o senso de pertencimento e a adequação com a cultura organizacional é muito mais importante em quem desempenha uma função diretamente relacionada à atividade-fim. Outra desvantagem, que ocorre apenas em alguns casos, é a baixa qualidade nos serviços prestados, afinal, não podemos nos esquecer que muitos administradores enxergam na terceirização apenas uma oportunidade de reduzir custos. Desvantagens da terceirização Dessa forma, ao optar pela empresa mais barata, provavelmente a remuneração que a terceirizada paga a seus funcionários não é das maiores, o que indica que sua qualificação também não é de primeira linha. Desvantagens da terceirização Preencha as lacunas: Conforme a terceirização passou a ser cada vez mais comum nas grandes empresas americanas, o mesmo passou a ocorrer no Brasil. Afinal, a presença de ____________ no país cresceu muito a partir dos anos 1960, trazendo essas e outras ____________ de gestão empresarial já consolidadas no exterior. Até hoje, a ideia da ____________ gira ao redor de uma medida adotada para reduzir despesas com direitos trabalhistas. Assinale a alternativa correta: a) Empresas; aplicações; gestão. b) Organizações; convenções; administração. c) Multinacionais; práticas; terceirização. d) Firmas; realidades; economia. e) Cooperativas; experiências; associação. Interatividade Preencha as lacunas: Conforme a terceirização passou a ser cada vez mais comum nas grandes empresas americanas, o mesmo passou a ocorrer no Brasil. Afinal, a presença de ____________ no país cresceu muito a partir dos anos 1960, trazendo essas e outras ____________ de gestão empresarial já consolidadas no exterior. Até hoje, a ideia da ____________ gira ao redor de uma medida adotada para reduzir despesas com direitos trabalhistas. Assinale a alternativa correta: a) Empresas; aplicações; gestão. b) Organizações; convenções; administração. c) Multinacionais; práticas; terceirização. d) Firmas; realidades; economia. e) Cooperativas; experiências; associação. Resposta A aprovação do STF dificilmente acabará com as críticas à terceirização, que começaram a ganhar evidência conforme a tramitação dos projetos de lei sobre o tema avançava no Congresso Nacional. Uma das grandes vozes nesse sentido é a de Grijalbo Coutinho, desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, autor do livro chamado Terceirização: a máquina de moer gente trabalhadora, em que conclui que a terceirização reduz custos graças à exploração e à precarização do trabalho, causando adoecimento e mutilação nos trabalhadores. Críticas à terceirização Na declaração que Grijalbo Coutinho fez ao Diário de Pernambuco, ele afirmou que constatou em sua pesquisa, com base em dados produzidos por fontes diversas, que os terceirizados estão muito mais sujeitos ao terror de acidentes, adoecimentos, mortes e mutilações relacionados ao trabalho. Na mesma linha, opinou o pesquisador José Augusto Pina, em entrevista ao Informe ENSP. Segundo ele, estudos apontam que o trabalhador terceirizado tem menor remuneração, menos benefícios (alimentação, moradia, transporte e assistência médica), jornada de trabalho mais extensa e trabalha em ambientes com maior nocividade à saúde. Críticas à terceirização Outra crítica que se tornou comum conforme se caminhava para a mudança na legislação foi que a terceirização colocaria em risco os direitos assegurados pela legislação trabalhista. Esse foi um discurso disseminado principalmente nas redes sociais, porém, foi fruto de uma confusão relacionada ou com a lei que alterou a CLT ou com a chamada pejotização*. *Pejotização é um termo informal que se usa para se referir à prática de contratar funcionários como pessoas jurídicas (PJs ou “pejotas”), e não físicas. Terceirização da CLT versus terceirização de serviços Assim, ao invés de trabalhar com carteira assinada, em regime celetista, o empregado se registra como microempreendedor individual e passa a fornecer nota fiscal para o empregador, pois, dessa forma, a relação não precisa obedecer o que diz a CLT e não são obrigatórios direitos como 13º salário, por exemplo. Pode parecer uma simples terceirização, pois se trata da contratação dos serviços de uma empresa. Terceirização da CLT versus terceirização de serviços Quando um funcionário PJ tem uma relação de subordinação e cumpre horários, por exemplo, essas são características de um vínculo empregatício, entretanto, não há relação entre empresa contratante e empresa prestadora de serviços. Nesses casos, não se trata, portanto, de terceirização, mas sim de uma prática ilícita disfarçada para diminuir os encargos trabalhistas pagos pelo empregador. Referente à essa questão, nada mudou: a pejotização não era permitida antes e, com as novas leis, continua sendo ilegal. Terceirização da CLT versus terceirização de serviços Os exemplos mais conhecidos de terceirização são de atividades que não são centrais nas empresas. Vamos conhecer alguns deles? Limpeza: há empresas especializadas na limpeza de escritórios, lojas e fábricas. Entregas: em vez de se preocupar com motoboys, motoristas e caminhões, por que não deixar tudo isso a cargo de uma empresa? Exemplos de terceirização Segurança: companhias de segurança submetem seus funcionários a rigorosas rotinas de treinamentos. Gerir isso por conta própria seria uma complicação desnecessária. Recursos humanos: processos de recrutamento, seleção, retenção e desenvolvimento de pessoas podem ficar a cargo de outras empresas, embora seja importante ter uma forte política interna sobre o tema. Exemplos de terceirização Quanto à terceirização de serviços na atividade-fim da empresa, podemos citar um escritório de arquitetura que contrata um coletivo de arquitetos para desenvolver um projeto conceitual. Algo parecido pode ocorrer com engenheiros em uma construtora ou programadores em uma fabricante de softwares. Com a liberação do STF, qualquer possibilidade pode ser testada. Exemplos de terceirização Apesar de ser uma estatal, a maioria dos trabalhadores é terceirizada. Antes de o STF aprovar que se terceirize na atividade-fim,havia uma discussão sobre a legalidade de parte das contratações de terceiros na empresa. A celeuma seguiu mesmo após o Tribunal Superior do Trabalho decidir que os terceirizados realizavam serviços especializados, ligados à atividade-meio da Petrobras. O papel da Petrobras na terceirização Um dos problemas apontados era que foram feitos concursos públicos para o provimento de vários cargos, no entanto, a estatal dispensou os aprovados em detrimento aos empregados terceirizados. Em 11 de maio de 2018, o processo TST-ARR-766-07.2013.5.20.0005 afirmou ser lícita a terceirização, pela Petrobras, dos serviços relacionados à execução dos serviços de completação simples e múltipla e outras intervenções em poços de petróleo, gás e água, mediante a utilização de sondas de produção terrestre e seus equipamentos auxiliares. O papel da Petrobras na terceirização Esse é o entendimento da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, apesar de reconhecer a licitude da terceirização dos serviços, entendeu pela manutenção do direito à nomeação dos candidatos aprovados em concurso público. Segundo o relator do processo, ministro Mauricio Godinho Delgado, os serviços especializados estão ligados à atividade-meio da Petrobras e exigem a utilização de maquinário específico e de mão de obra com qualificação especial. “Situações, portanto, suscetíveis de terceirização lícita”. O papel da Petrobras na terceirização No entanto, o magistrado destacou que mesmo assim a terceirização foi irregular porque a Petrobras, apesar de ter realizado concurso público para provimento dos cargos, preteriu os candidatos aprovados e manteve os empregados terceirizados, sem demonstrar a necessidade de contratação emergencial, o que resultou em “patente lesão a interesses individuais homogêneos, com impacto comunitário próprio e destacado, em razão do desrespeito às regras gerais e aos princípios envoltos à Administração Pública, despontando assim o dano moral coletivo”. O papel da Petrobras na terceirização Mesmo com a aprovação de leis e regulamentações de órgãos do trabalho, é possível que a terceirização de serviços nunca deixe de ser um tema polêmico. Quanto aos administradores, vale a pena adotar uma postura responsável e ficar longe de problemas. Mesmo que contratar uma empresa terceirizada seja legal, qualquer que seja sua atividade, convém procurar saber quais são as condições de trabalho dos funcionários da possível parceira. Considerações Além de essa ser uma postura ética, é uma questão de direto interesse do contratante. Porque boas condições de trabalho e remuneração justa são fatores totalmente relacionados à qualidade do serviço a ser executado. E este deve ser o objetivo de qualquer organização: prestar um ótimo serviço ou desenvolver um produto de excelência. Considerações A Turma, por unanimidade, declarou a licitude na terceirização dos postos de trabalho, mas resguardou o direito à nomeação dos candidatos aprovados para o cargo de “técnico de perfuração e poços júnior”, sujeitos ao cadastro de reserva para o polo de trabalho no Estado de Sergipe, conforme a ordem de classificação e demais requisitos de contratação previstos no Edital Petrobras/PSP-RH-1/2012. O processo está sendo acompanhado na Coordenadoria de Recursos Judiciais (CRJ) da Procuradoria-Geral do Trabalho (PGT) pela subprocuradora-geral Maria Aparecida Gugel. O papel da Petrobras na terceirização Analise as asserções abaixo: I. Uma crítica que se tornou comum conforme se caminhava para a mudança no STJ – Superior Tribunal de Justiça foi que a terceirização colocaria em risco os direitos assegurados pela legislação trabalhista. PORQUE II. Esse foi um discurso disseminado principalmente nas redes sociais, porém, foi fruto de uma confusão relacionada ou com a lei que alterou a CLT ou com a chamada pejotização. Assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II estão corretas e a II complementa a I. b) As asserções I e II estão corretas e a II não complementa a I. c) A asserção I está correta e a asserção II está incorreta. d) A asserção I está incorreta e a asserção II está correta. e) As asserções I e II estão incorretas. Interatividade Analise as asserções abaixo: I. Uma crítica que se tornou comum conforme se caminhava para a mudança no STJ – Superior Tribunal de Justiça foi que a terceirização colocaria em risco os direitos assegurados pela legislação trabalhista. PORQUE II. Esse foi um discurso disseminado principalmente nas redes sociais, porém, foi fruto de uma confusão relacionada ou com a lei que alterou a CLT ou com a chamada pejotização. Assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II estão corretas e a II complementa a I. b) As asserções I e II estão corretas e a II não complementa a I. c) A asserção I está correta e a asserção II está incorreta. d) A asserção I está incorreta e a asserção II está correta. e) As asserções I e II estão incorretas. Resposta ABREU, A.; SORJ, B. Subcontratação e trabalho a domicílio. In: MARTINS, Heloísa Helena Teixeira de Souza; RAMALHO, José Ricardo. (Org.) Terceirização: diversidade e negociação no mundo do trabalho. São Paulo: Hucitec, CEDI/NETS, 1994. CHESNAIS, F. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996. CONCEIÇÃO, J. J.; LIMA, C. R. Empresários e trabalhadores diante da regulamentação da terceirização: é possível um acordo mínimo? In: DAU, Denise Motta; RODRIGUES, Iram Jácome; CONCEIÇÃO, J. J. Terceirização no Brasil: do discurso da inovação à precarização do trabalho (atualização do debate e perspectivas). São Paulo: Annablume, CUT, 2009. p. 187- 213. DRUCK, G. Terceirização: (des)fordizando a fábrica; um estudo do complexo petroquímico. São Paulo: Boitempo, 1999. Referências FARIA, A. Terceirização. Um desafio para o movimento sindical. In: RAMALHO, José R.; MARTINS, Heloisa (Org.) Terceirização: negociação e diversidade no mundo do trabalho. São Paulo: Hucitec, 1994. GENJURÍDICO: https://genjuridico.jusbrasil.com.br/artigos/456088300/a-terceirizacao-o-direito- do-trabalho-e-a-lei-13429-17 G1-GLOBO: http://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2015/04/entenda-o-projeto-de- lei-da-terceirizacao-que-sera-votado.html G1-GLOBO: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/10/terceirizados-recebem-17-menos- que-contratados-diz-estudo-do-ipea.html Referências LEIRIA, Jerônimo Souto; SARATT, Newton. Terceirização: uma alternativa de flexibilidade empresarial. São Paulo: Gente, 1995. FIA: https://fia.com.br/; https//fia.com.br/blog/terceirizacao RUDUIT-GARCIA, Sandro. Relações interfirmas e emprego na rede de empresas: a experiência de externalização de uma empresa no setor de telecomunicações. Sociologias, Porto Alegre, UFRGS, v.4, n. 8, 2002. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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