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EBEJI-inquerito-policial-19112019

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INQUÉRITO POLICIAL
MATERIAL DEMATERIAL DE
APOIOAPOIO
INQUÉRITO POLICIAL
INQUÉRITO POLICIALINQUÉRITO POLICIAL
 
1. A PERSECUÇÃO CRIMINAL1. A PERSECUÇÃO CRIMINAL
 
Constitui-se de duas etapasduas etapas: (1) a investigação preliminarinvestigação preliminar, gênero do qual é espécie o inquérito
policial, cujo objetivo é formar lastro probatório mínimo para a deflagração válida da fase seguinte;
e (2) o processo penalprocesso penal, que é desencadeado pela propositura de ação penal perante o Judiciário.
O inquérito policial é um procedimento de caráter instrumentalprocedimento de caráter instrumental - uma instrumentalidadeinstrumentalidade
preliminar,preliminar, diante da natural instrumentalidade do processo penal em face do direito penal
material.
Sua importânciaSua importância verifica-se pelo fato de ser cediço que o processo penal fere o status dignitatis do
acusado.
FunçõesFunções do IP: (I) preservadorapreservadora: embora seja prescindível, sua instauração busca evitar ações
penais sem justa causa ou infundadas, com vantagens à economia processual; (2) preparatóriapreparatória:
coleta elementos de informação, protegendo a prova contra a ação do tempo e conferindo
robustez à justa causa para a ação penal.
 
2. POLÍCIA JUDICIÁRIA E POLÍCIA ADMINISTRATIVA2. POLÍCIA JUDICIÁRIA E POLÍCIA ADMINISTRATIVA
 
Polícia administrativa ou de segurançaPolícia administrativa ou de segurança
Atuação preventiva; visa, com o seu papel ostensivo de atuação, impedir a ocorrência de infrações.
Ex.: a Polícia Militar dos Estados-membros.
Polícia judiciáriaPolícia judiciária
Atuação repressiva; age, em regra, após a ocorrência de infrações, visando angariar elementos para
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apuração da autoria e constatação da materialidade delitiva.
Art. 144, § 4°, da CF/1988: "às polícias civis, dirigidas por delegados de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
penais, exceto as militares".
Assim, a polícia judiciária tem a missão primordial de elaboração do inquérito policial, além de
fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos
processos; realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; cumprir os
mandados de prisão e representar, se necessário for, pela decretação de prisão cautelar (art. 13,
CPP).
Parte da doutrina, capitaneada por Denilson Feitoza, sustenta a existência de polícias judiciária e
investigativa distintas, onde as diligências referentes ao IP seriam realizadas pela polícia
investigativa, enquanto que a função de auxiliar o Poder Judiciário recairia sobre a polícia
judiciária. A Lei n° 12.830/2013, no seu artigo 2°, parece adotar esta concepção, ao dispor que "as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia
são de natureza jurídica”.
 
3. CONCEITO E FINALIDADE3. CONCEITO E FINALIDADE
 
Procedimento administrativoProcedimento administrativo, preliminarpreliminar, presidido pelo delegado de políciadelegado de polícia, no intuito de
identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência),
contribuindo para a formação da opinião delitiva do titular da ação penal.
Art. 2º, §1o, Lei nº 12.830/2013: ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe
a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento
previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e datem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da
autoria das infrações penaisautoria das infrações penais.
 
Como os elementos de informaçãoelementos de informação colhidos no inquérito policial não são produzidas por juiz,
porém pela autoridade policial, assim como não há contraditório ou procedimento dialético -
salvo, excepcionalmente, quando se vislumbra a irrepetibilidade da prova -, tecnicamente não é
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correto chamar-lhes de "provas":
Art. 155, caput, do CPP: o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
 
Muito embora os diplomas acima mencionados não tratem expressamente do tema, não se pode
negar que o inquérito policial também contribui para a decretação de medidas cautelares nocontribui para a decretação de medidas cautelares no
decorrer da persecução penaldecorrer da persecução penal, onde o magistrado pode tomá-lo como base para proferir decisões
ainda antes de iniciado o processo , como por exemplo, a decretação de prisão preventiva ou a
determinação de interceptação telefônica.
Por fim, vejamos a seguinte súmula:
Súmula 444, do STJ: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso paraé vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-baseagravar a pena-base.
Tal súmula prestigia o princípio da presunção de inocência e reforçando o caráter preparatório
próprio do inquérito.
 
3.1. Natureza jurídica3.1. Natureza jurídica
Procedimento de índole administrativaadministrativa (rege-se pelas regras do ato administrativo em geral).
 
3.2. Verificação de procedência das informações recebidas pelo Delegado (VPI)3.2. Verificação de procedência das informações recebidas pelo Delegado (VPI)
 
Procedimento simplificado, iniciado de forma prévia ao IP, para constatação de elementospara constatação de elementos
mínimos de instauraçãomínimos de instauração, de modo que o IP não seja instaurado temerariamente:
Art. 5º, § 3o, CPP: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
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policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
 
Uma vez iniciado o VPI, se submete ao sistema de arquivamento, por meio de requerimento dose submete ao sistema de arquivamento, por meio de requerimento do
MP ao JuizMP ao Juiz:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
 
3.3. Destinatários3.3. Destinatários
 
Imediatos ou diretosImediatos ou diretos: o MP ou o ofendido, e, eventualmente, seus sucessores processuais;
Mediatos ou indiretosMediatos ou indiretos: o juiz.
OBS.:OBS.: No procedimento especial do Júriprocedimento especial do Júri, o destinatário será o juiz da instrução preliminar, que
conduz o processo em primeira fase (judicium accusationes ou de admissibilidade). Entende
Nestor Távora que os jurados só são destinatários das provas periciais irrepetíveis (posição
minoritária).
 
4. INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS4. INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS
 
 Art. 4º, CPP: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
 Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridadesA competência definida neste artigo não excluirá a de autoridadesadministrativas, a quem por lei seja cometida a mesma funçãoadministrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
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a) Inquéritos parlamentaresa) Inquéritos parlamentares
Patrocinados pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs):
Lei 1.579/52Lei 1.579/52
Art. 1º: As Comissões Parlamentares de Inquérito, criadas na forma do § 3º do art. 58 da
Constituição Federal, terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de
outros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com ampla
ação nas pesquisas destinadas a apurar fato determinado e por prazo certopor prazo certo. 
Parágrafo único. A criaçãoA criação de Comissão Parlamentar de Inquérito dependerá de requerimentorequerimento
de um terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, de um terço da totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, emem
conjunto ou separadamenteconjunto ou separadamente. 
Art. 2º No exercício de suas atribuições, poderão as Comissões Parlamentares de Inquéritopoderão as Comissões Parlamentares de Inquérito
determinar diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação de Ministros de
Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os
indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar da administração pública direta,
indireta ou fundacional informações e documentos, e transportar-se aos lugares onde se fizer
mister a sua presença. 
Art. 3º, § 1o, Em caso de não comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua
intimação será solicitada ao juiz criminalsolicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre, nos termos
dos arts. 218 e 219 do CPC.
Art. 3o-A: Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação desta,
solicitarsolicitar, em qualquer fase da investigação, ao juízo criminal competenteao juízo criminal competente medida cautelar
necessária, quando se verificar a existência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens.
 
OBS.:OBS.: O poder de condução coercitiva e a imposição de medidas cautelares restritivas de direitos
é reservado ao Poder Judiciário, exigindo-se decisão fundamentada que evidencie o atendimento
dos pressupostos legais.
 
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ATENÇÃO!!! NOVIDADE 2019!!!ATENÇÃO!!! NOVIDADE 2019!!!
A Segunda Turma do STF, diante de empate na votação, concedeu a ordem de habeas corpus para
convolar a compulsoriedade de comparecimento em facultatividade e deixar a cargo do paciente a
decisão de comparecer, ou não, à Câmara dos Deputados, perante comissão parlamentar de
inquérito (CPI), para ser ouvido na condição de investigado. Além disso, a Turma assegurou ao
paciente, caso queira comparecer ao ato: a) o direito ao silêncio, ou seja, a não responder
perguntas a ele direcionadas; b) o direito à assistência por advogado durante o ato; c) o direito de
não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de subscrever termos com esse
conteúdo; e d) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício
dos direitos anteriores. (...) O direito ao silêncio, que assegura a não produção de prova contra si
mesmo, constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e materializa uma
das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana. (...) (HC 171438/DF, rel. Min.
Gilmar Mendes, julgamento 28.5.201928.5.2019, Info 942Info 942).
 
Lei nº 10.001/200Lei nº 10.001/200
Art. 1º: Os Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional encaminharãoencaminharão o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito respectiva, e a
resolução que o aprovar, aos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados, ou ainda àsaos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados, ou ainda às
autoridades administrativas ou judiciais com poder de decisão, conforme o caso, para a prática deautoridades administrativas ou judiciais com poder de decisão, conforme o caso, para a prática de
atos de sua competênciaatos de sua competência (Nesse sentido, o art. 6º-A da Lei 1.579/52).
Art. 2º A autoridade a quem for encaminhada2º A autoridade a quem for encaminhada a resolução informará informará ao remetente, no prazo dede
trinta dias, as providências adotadas ou a justificativa pela omissãotrinta dias, as providências adotadas ou a justificativa pela omissão.
Parágrafo único. A autoridade que presidir processo ou procedimentoA autoridade que presidir processo ou procedimento , administrativo ou judicial,
instaurado em decorrência de conclusõesinstaurado em decorrência de conclusões de Comissão Parlamentar de Inquérito, comunicará,comunicará,
semestralmente, a fase em que se encontra, até a sua conclusãosemestralmente, a fase em que se encontra, até a sua conclusão.
Art. 3º O processo ou procedimento referido no art. 2o terá prioridade sobre qualquer outroprioridade sobre qualquer outro,
exceto sobre aquele relativo a pedido de habeas corpus, habeas data e mandado de segurança.
Súmula 397, STF: o poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em
flagrante do acusado e a realização do inquérito.
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OBS.OBS.: Sobre tal súmula, pondera Nestor Távora, parafraseando Rômulo Moreira, que cabe à
polícia legislativa a simples voz e efetivação da prisão em flagrante do autor do fato; a lavratura dea lavratura de
auto de prisão em flagrante e a realização de inquérito por delito ocorrido nas dependências dasauto de prisão em flagrante e a realização de inquérito por delito ocorrido nas dependências das
casas legislativas da União são atribuições da polícia federalcasas legislativas da União são atribuições da polícia federal;
 
(b) Inquéritos policiais militares(b) Inquéritos policiais militares
Conforme o art. 8º, CPPM, estão a cargo da polícia judiciária militar, composta por integrantes da
carreira. Nada impede que sejam requisitados à polícia civil e respectivas repartições técnicasrequisitados à polícia civil e respectivas repartições técnicas
pesquisas e os exames necessários a subsidiar o inquérito militar. Os crimes dolosos contra a vidaOs crimes dolosos contra a vida
praticados por militar contra civil (competência do tribunal do júri, art. 82, § 2°, do CPPM), são
passíveis de inquérito militar. Nada impede que seja também instaurado inquérito policial no
âmbito da polícia civil.
 
c) Inquérito civilc) Inquérito civil
É presidido pelo MPpresidido pelo MP e objetiva reunir elementos para a propositura da ação civil públicaação civil pública, além de
poder embasar ação penalação penal (art. 8°, § 1°, da Lei n° 7.347/1985).
 
d) Inquérito judiciald) Inquérito judicial
Tratado na antiga Lei de Falências (Dec-Lei n° 7.661/1945), consistia em um procedimento
preparatório para a ação penal, presidido pelo juiz de direito, e irrigado pelo princípio do
contraditório e da ampla defesa. A atual Lei de Falências, contudo, revogando o diploma anterior,
não disciplinou o instituto, de sorte que o inquérito judicial se encontra revogado.
Por outro lado, o art. 3°, da revogada Lei no 9.034/1995 (crime organizado) autorizava que as
diligências investigatórias no âmbito das organizações criminosas fossem realizadas diretamente
pelo magistrado. Tal previsão foi revogada expressamente pelo art. 26 da Lei n° 12.850/2013 (lei
que definiu organizações criminosas). Segundo a nova lei, todas as providências investigativas
criminais que não já decorram da finalidade da atividade policial, dependerão de requerimentodo
Ministério Público ou de representação da autoridade policial, ouvido o Parquet, formulado ao juiz
competente.
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(e) Inquéritos por crimes praticados por magistrados ou promotores(e) Inquéritos por crimes praticados por magistrados ou promotores
As investigações são presididas pelos órgãos de cúpula de cada carreira (art. 33, parágrafo único,
da LOMAN, e art. 41, parágrafo único, da LONMP).
 
(f) Investigações envolvendo autoridades que gozam de foro por prerrogativa de função(f) Investigações envolvendo autoridades que gozam de foro por prerrogativa de função
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas
exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33,
parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da
LC 75/93 e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é
plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No
entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal
competente para julgar a autoridade com foro por prerrogativa de função. Ex: em um inquérito
criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Delegado
de Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do
investigado. Diante disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no
STJ autorização para realizar o indiciamento do referido Governador. Chamo atenção para o fato
de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo da autoridade
policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF.
Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, j. em 18/04/20162016 (Info 825).
 
ATENÇÃO!!! NOVIDADE 2018!!!ATENÇÃO!!! NOVIDADE 2018!!![1][1]
STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.03/05/2018.
Segundo o entendimento acima, a autoridade policial e o MP não podiam investigar eventuais
crimes cometidos por Deputados Federais e Senadores, salvo se houvesse uma prévia
autorização do STF. Assim, eles deveriam remeter os indícios à Procuradoria Geral da República
para que esta fizesse requerimento pedindo a autorização para a instauração de investigação
criminal envolvendo essa autoridade. Essa investigação era chamada de inquérito criminal (não
era inquérito "policial") e deveria tramitar no STF, sob a supervisão judicial de um Ministro-
Relator que iria autorizar as diligências que se fizessem necessárias.
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Investigações criminais envolvendo Deputados Federais e Senadores DEPOIS da AP 937Investigações criminais envolvendo Deputados Federais e Senadores DEPOIS da AP 937
QOQO
SituaçãoSituação Atribuição para investigarAtribuição para investigar
Se o crime foi praticado antes da diplomação Polícia (Civil ou Federal) ou MP.
Não há necessidade de
autorização do STF
Medidas cautelares são deferidas
pelo juízo de 1ª instância (ex:
quebra de sigilo)
Se o crime foi praticado depois da diplomação (durante
o exercício do cargo), mas o delito não tem relação com
as funções desempenhadas.
Ex: homicídio culposo no trânsito.
Se o crime foi praticado depois da diplomação (durante
o exercício do cargo) e o delito está relacionado com as
funções desempenhadas.
Ex: corrupção passiva.
Polícia Federal e Procuradoria
Geral da República, com
supervisão judicial do STF.
Há necessidade de autorização
do STF para o início das
investigações.
 
OBSERVAÇÕES:OBSERVAÇÕES:
- O STF decidiu que essa nova linha interpretativa deve se aplicar imediatamente aos processos
em curso, ou seja, já vale a partir da data do julgamento da questão de ordem (03/05/2018).
- A decisão proferida na AP 937 QO restringindo o foro abrange, em um primeiro momento,
apenas Deputados Federais e Senadores. Isso porque, formalmente, a questão de ordem discutia
apenas a situação de parlamentares federais. A tendência, contudo, é que o STF estenda essa
mesma interpretação para outras autoridades.
 
(g) Investigações particulares(g) Investigações particulares
Embora carente a regulamentação no âmbito do processo penal, não há óbice à condução paralela
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de investigação pela defesa do indiciado (investigação criminal defensiva), desde que não ofenda
direitos individuais fundamentais.
A investigação defensiva, no entanto, poderá ser controlada pelo Judiciário, mormente se houver
excesso.
O Projeto de Código de Processo Penal (art. 13, Projeto no 156/2009), a propósito, prevê
disciplina específica para tal circunstância.
NOVIDADE LEGISLATIVA!!!NOVIDADE LEGISLATIVA!!!
Lei nº 13.432/20172017: Lei do Detetive ParticularLei do Detetive Particular.
Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se detetive particular o profissional que, habitualmente,
por conta própria ou na forma de sociedade civil ou empresarial, planeje e execute coleta de
dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos
e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do
contratante.
Art. 5º O detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que
expressamente autorizado pelo contratante.
Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de polícia, que poderá
admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo.
Art. 6º Em razão da natureza reservada de suas atividades, o detetive particular, no desempenho
da profissão, deve agir com técnica, legalidade, honestidade, discrição, zelo e apreço pela
verdade.
Art. 10. É vedado ao detetive particular: (...)
IV - participar diretamente de diligências policiais;
Art. 12. São direitos do detetive particular:
I - exercer a profissão em todo o território nacional na defesa dos direitos ou interesses que lhe
forem confiados, na forma desta Lei; (...)
VI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer autoridade, contra a inobservância
de preceito de lei, regulamento ou regimento;
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Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-se
em supostas declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de
qualquer autoridade pública (autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a
conferir-lhes fé pública e mínima confiabilidade. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 7/3/20172017 (Info 856).
 
(h) Investigações a cargo do Ministério Público(h) Investigações a cargo do Ministério Público
Pode o promotor de justiça instaurar procedimento administrativo investigatório (inquérito
ministerial), e colher os elementos que repute indispensáveis, dentro das suas atribuições, para
viabilizar a propositura da ação pena. Perceba que não se confunde com o inquérito policial,
atribuição da autoridade policial (art. 144, § 4°, da CF/1988). Eventuais excessos ensejam a
responsabilidade administrativa, civil e criminal do membro do Ministério Público (STJ- HC
18.060 -lnfo463). 
Súmula de n° 234, STJ: a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
"O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que
assistema qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,
sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei
8.906/1994, art. 7°, notadamente os incisos I, li, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da
possibilidade - sempre presente no Estado democrático de Direito - do permanente controle
jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (enunciado no 14, Súmula Vinculante),
praticados pelos membros dessa Instituição." (Recurso Extraordinário nº 5937271)
 
(i) Investigações pelos demais órgãos públicos(i) Investigações pelos demais órgãos públicos
É possível que a autoridade administrativa que conduz procedimento para apurar faltas
disciplinares, diante da notícia de crime de ação penal pública incondicionada, extraia cópias e
remeta ao órgão do Ministério Público, podendo este valer-se de tais peças para oferecer denúncia.
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De outra vertente, a Lei no 9.613/1998 criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(COAF), com atribuição, dentre outras, para identificar as operações suspeitas de práticas ilícitas
referentes à lavagem de capitais, sem prejuízo da atuação concorrente de outros órgãos. O poder
de controle e fiscalização do COAF é concretizado com a adoção da política de conhecer o cliente
(know your customer- KYC) e pode ser inferida pela conjugação dos artigos 9°, 10, III, e 14, § 3°,
da Lei de Lavagem de Capitais (branqueamento de capitais, em Portugal). O fito é compelir
instituições financeiras e similares a conhecer o perfil do cliente, o costume do correntista,
detectando operações incompatíveis, suspeitas de lavagem de dinheiro. Naturalmente, ciente o
COAF de indícios de crime, deve encaminhar peças de informação ao órgão do Ministério Público
para as providências penais cabíveis.
 
(j) Investigações conjuntas(j) Investigações conjuntas
É possível a reunião, formal (por convênio, por exemplo) ou informal (ocasional), de esforços de
órgãos para investigar determinados delitos, a exemplo do que ocorre com a formação de forças
tarefas (task forces). Para tanto, deve haver permissivo legal, delimitando as atribuições dos órgãos
envolvidos.
A Lei n° 13.344/2016, que dispõe sobre a prevenção e a repressão do tráfico interno e
internacional de pessoas, bem como sobre a proteção às vítimas, prevê a formação de equipes
conjuntas de investigação em seu art. 5°, III, ao lado da possibilidade de cooperação entre órgãos
do sistema de justiça e segurança, nacionais e estrangeiros (inciso I) e da integração de políticas e
ações de repressão aos crimes correlatos e da responsabilização dos seus autores (inciso III).
 
5. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL5. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
 
 5.1. Discricionariedade 5.1. Discricionariedade
 
A fase pré-processual não tem o rigor procedimental da persecução em juízo.
O rumo das diligências (arts. 6° e 7º, do CPP) está a cargo do delegado, que pode atender ou não
aos requerimentos patrocinados pelo indiciado ou pela própria vitima (art. 14, CPP), fazendo um
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juízo de conveniência e oportunidade quanto à relevância daquilo que lhe foi solicitado.
Entretanto, discricionariedade não é absoluta, vez que o Delegado não poderá indeferir a
realização do exame de corpo de delito, quando a infração praticada deixar vestígios. Havendo
denegação da diligência requerida, cabe recurso administrativo ao Chefe de Polícia, por analogia ao
art. 5°, § 2º, CPP.
Destaque-se que, apesar de não haver hierarquia entre juízes, promotores e delegados, caso os dois
primeiros emitam requisições ao último, este está obrigado a atender, por imposição legal (art. 13,
II, do CPP).
 
DISCRICIONARIEDADEDISCRICIONARIEDADE
DiligênciasDiligências
realizadas no IPrealizadas no IP Arts. 6° e 7º, do CPP; Há diligências facultativas e obrigatórias;
RequerimentosRequerimentos
do indiciado oudo indiciado ou
vítimavítima
Realização de acordo com
Conveniência e
oportunidade
do delegado;
Havendo denegação, cabível recurso para
o chefe de polícia (analogia, art. 5º-, §2,
CPP);
Infrações queInfrações que
deixam vestígiodeixam vestígio
Delegado está obrigado a
realizar exame de corpo de
delito.
Trata-se de diligência que não pode ser
denegada.
 
5.2. Escrito5.2. Escrito
 
Prescreve o art. 9°, do CPP, que todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. Os atos produzidos
oralmente serão reduzidos a termo. Nada impede, com base em interpretação progressiva da lei,
que outras formas de documentação sejam utilizadas, de maneira a imprimir maior fidelidade ao
ato, funcionando como ferramenta complementar à forma documental, como a gravação de som
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e/ou imagem na oitiva dos suspeitos, testemunhas e ofendidos na fase preliminar (art. 405, § 1°,
CPP), por meio de sistema audiovisual.
 
5.3 Sigiloso5.3 Sigiloso
 
Art. 20, do CPP, que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade". Este sigilo, contudo, não se estende, por uma razão
lógica, nem ao magistrado, nem ao membro do Ministério Público.
 
O sigilo do inquérito é o estritamente necessário ao êxito das investigações e à preservação da
figura do indiciado, evitando-se um desgaste daquele que é presumivelmente inocente.
 
Sigilo internoSigilo interno: imposto para restringir o acesso aos autos do procedimento por parte do indiciado
e/ ou do seu advogado.
Sigilo externoSigilo externo: imposto para evitar a divulgação de informações essenciais do inquérito ao público
em geral, por intermédio do sistema midiático.
 
ExceçãoExceção: o advogadoadvogado do indiciado pode consultar os autos do inquérito policial, extrair cópias e
fazer apontamentos (art. 7°, XlII a XV, e §1°, Estatuto da OAB). Pode a autoridade policial limitar
o acesso aos autos de advogado que não esteja atuando no interesse do interessado, por lhe faltar
instrumento do mandato.
Súmula Vinculante n° 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova elementos de prova que, já documentados já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
 
 
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Lei 13.245/2016 - participação do advogado na investigação criminalLei 13.245/2016 - participação do advogado na investigação criminal
 
DIREITO DO ADVOGADO DE EXAMINAR OS AUTOS DE INVESTIGAÇÃO
(INCISO XIV)(INCISO XIV)
 
Altera o estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94)Altera o estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94)
AntesAntes AgoraAgora
Art. 7º São direitos do advogado:
(...)
XIV - examinar em qualquer
repartição policial, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de
inquérito, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças
e tomar apontamentos;
Art. 7º São direitos do advogado: (...)
XIV - examinar, em qualquer instituição
responsável por conduzir investigação, mesmo
sem procuração, autos de flagrante e
de investigações de qualquer natureza, findos ou
em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital;
 
"Em qualquer instituição responsável por conduzir investigação": MP, as CPIs, o Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (COAFI),a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), etc.
 
- É necessário procuração para que o advogado tenha acesso aos autos da investigação?
• Regra: Não. Em regra, o advogado pode ter acesso aos autos da investigação mesmo que
não tenha procuração do investigado.
• Exceção: será necessário que o advogado apresente procuração caso os autos estejam
sujeitos a sigilo (art. 7º, § 10, do Estatuto da OAB).
 
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- O art. 13, II, da Resolução 13/2006 do CNMP (que regulamenta a investigação criminal no
âmbito do MP) fica derrogado com a nova redação do inciso XIV. Isso porque neste
dispositivo da Resolução exige-se que o advogado tenha poderes específicos para ter acesso
aos autos. O inciso XIV do art. 7º do Estatuto da OAB, contudo, afirma expressamente que
não é necessário procuração, salvo se os autos forem sigilosos.
 
- Documentos relacionados a diligências em andamento podem ou não ser disponibilizados,
de modo a não comprometer a investigação.
Art. 7º do Estatuto da OAB, também acrescentado pela Lei nº 13.245/2016: (...)
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia
ou da finalidade das diligências.
 
- Inciso XIV pode ser aplicado não apenas para investigações de crimes
Repare que a nova redação do inciso XIV utiliza a expressão "investigações de qualquer
natureza". Ex.: investigações disciplinares realizadas pela Administração Pública contra seus
servidores (sindicâncias), das investigações nos âmbitos dos Conselhos Profissionais (CREA,
CRM, CRO etc.), das investigações no CADE, na CVM, além do inquérito civil do MP.
 
- A súmula vinculante 14, STF continua válida. Contudo, depois da alteração promovida pela- A súmula vinculante 14, STF continua válida. Contudo, depois da alteração promovida pela
Lei nº 13.245/2016, a interpretação do enunciado deve ser ampliada para abranger qualquerLei nº 13.245/2016, a interpretação do enunciado deve ser ampliada para abranger qualquer
procedimento investigatório realizado por qualquer instituição, procedimento investigatório realizado por qualquer instituição, não mais somente o
"procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária",
como prevê a literalidade do seu texto.
 
- Prerrogativa semelhante foi conferida ao Defensor Público:
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Art. 44, LC 80/94. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: (...)
VIII – examinar, em qualquer repartição pública, autos de flagrantes, inquéritos e processos,
assegurada a obtenção de cópias e podendo tomar apontamentos;
 
- O que acontece caso o direito do advogado de amplo acesso aos autos for desrespeitado?
- negar o direito ao advogado de acesso aos autos,
- fornecer os autos de forma incompleta (ex: não fornecer os apensos) ou
- fornecer os autos, mas antes retirar algumas peças que já haviam sido juntadas ao processo,
...neste caso, a pessoa responsável poderá sofrer responsabilização criminal e funcional por
abuso de autoridade, nos termos do art. 3º, "j", da Lei nº 4.898/65:
Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
Além disso, o advogado poderá peticionar ao juiz requerendo o acesso completo aos autos.
 
DIREITO DO ADVOGADO DE ACOMPANHAR E AUXILIAR SEU CLIENTE
DURANTE O INTERROGATÓRIO OU DEPOIMENTO NO CURSO DA
INVESTIGAÇÃO (INCISO XXI)(INCISO XXI)
 
Art. 7º São direitos do advogado: (...)
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
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b) (VETADO).
 
A doutrina majoritária e a jurisprudência sempre entenderam que não é obrigatória a presença
de advogado ou Defensor Público durante o interrogatório ou em qualquer outro
procedimento de investigação pré-processual. O que esse dispositivo garantiu foi o direito do
advogado de, se assim desejar, se fazer presente no interrogatório do seu cliente e nos demais
depoimentos. Se, no momento da realização do interrogatório, o investigado não estiver
acompanhado de advogado ou Defensor Público, a autoridade que conduz a investigação não
está obrigado a designar um defensor dativo para acompanhá-lo no ato.
O inquérito policial é inquisitorial e a ele não se aplicam as garantias do contraditório e da
ampla defesa; o fato de o investigado possuir determinados direitos fundamentais, dentre eles
o direito ao silêncio, o direito à integridade física, o direito à assistência de advogado, entre
outros, não ilide essa característica. A exceção fica a cargo do inquérito para expulsão de
estrangeiro, no qual há previsão de um procedimento com ampla defesa e contraditório
(Decreto n.º 86.715/81).
Para que o advogado participe do interrogatório e dos depoimentos, assistindo ao seu cliente,
é necessário procuração (art. 5º, Estatuto da OAB). Contudo, se o advogado comparece ao
ato sem procuração, poderão ser adotadas duas soluções:
• Caso o investigado esteja presente, ele poderá conferir uma procuração apud acta,
registrando-se isso no termo. Aplica-se aqui, por analogia, o art. 266 do CPP (A constituição
de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do
interrogatório.);
• Se o investigado não estiver presente, deve a autoridade que conduz a investigação permitir a
participação do advogado, determinando, no entanto, que apresente a procuração no prazo de
15 dias, prorrogável por igual período, nos termos do § 1º do art. 5º do Estatuto da OAB.
O Delegado pode indeferir os quesitos do advogado? SIM, assim como a autoridade que
conduz a investigação (ex: Promotor), nas seguintes hipóteses, por analogia, do art. 212 CPP:
• quando a pergunta formulada puder induzir a resposta (“perguntas sugestivas”);
• quando o questionamento não tiver relação com a causa; ou
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• quando a perguntar importar na repetição de outra já respondida.
 
Destaque-se o art. 14 do CPP: “O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”. Obviamente,
se recusa for arbitrária, é possível ao investigado, por meio de seu advogado, formular o
pedido da diligência ao MP (no caso de recusa feita pelo Delegado em IP) ou ao Poder
Judiciário (em qualquer hipótese). Vale ressaltar, no entanto, que o indeferimento de
perguntas deve ser registrado no termo de inquirição, podendo ser, em tese, posteriormente
questionado pela defesa em juízo.
 
No processo penal, as perguntas são formuladas pelas partes diretamente à testemunha.
Somente ao final o juiz complementa a inquirição formulando as perguntas que entender
necessárias (art. 212 do CPP). Na investigação criminal, dá-se de forma diferente, dado seu
caráter inquisitorial. Destarte, sendo um procedimento discricionário, o Delegado de Polícia
tem liberdade de atuação para definir qual é a melhor estratégia para a apuração do delito.
 
Se for negado o direito de o advogado participar do interrogatório ou depoimento = haverá
nulidade absoluta desses atos e, por consequência, nulidade também de todas as "provas"que,
direta ou indiretamente, decorrerem deles.
 
Aplicável aos Defensores Públicos, com base na analogia, considerando que os membros
dessa carreira exercem, no processo penal, funções semelhantes às dos advogados
criminalistas.
Ministério Público também pode acompanhar o interrogatório e depoimentos ocorridos no
inquérito policial, podendo igualmente formular perguntas e expor razões.
 
Havendo arbítrio por parte da autoridadeHavendo arbítrio por parte da autoridade , caso se possa constatar, mesmo que indiretamente,
risco de ofensa à liberdade de locomoção do indiciado, sem prejuízo da responsabilidade por
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abuso de autoridade, admite-se o manejo do mandado de segurança, da reclamação constitucional
ao STF (para fazer valer o mandamento da súmula vinculante) e até mesmo de habeas corpus,
além da possibilidade de formulação de requerimento ao juiz competente, por meio de petição
autônoma. Naturalmente, tal requerimento é fato gerador de prevenção, fixando a competência
para o futuro processo criminal (art. 7º, §12, Lei nº 4.898/1965).
Art. 20, do CPP: nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policialnos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial
não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra osnão poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito contra os
requerentesrequerentes.
Assim, afora as condenações definitivas, quaisquer outras informações de inquéritos em curso só
serão certificadas se requisitadas por magistrado, membro do Ministério Público, autoridade
policial ou agente do Estado, em pedido devidamente motivado, explicitando o uso do documento
(vide STJ - RMS 5195-1 /SP).
 
Ampliação do acesso aos autos de investigação preliminar pelo advogadoAmpliação do acesso aos autos de investigação preliminar pelo advogado
 
(a) Necessidade de assegurar maior acesso às investigações criminais
O legislador ordinário, alterando alguns dispositivos do supracitado art. 7°, do Estatuto da OAB
(alterações promovidas pela Lei n° 13.245/2016), sufragou novos enunciados para ampliar e
efetivar o direito de acesso aos autos da investigação pelo advogado.
 
(b) Âmbito de aplicação das disposições incluídas pela Lei nº 13.245/2016
Não se restringem ao inquérito policial, mas têm incidência sobre qualquer apuração preliminar ao
processo penal, a exemplo dos estudados acima.
 
(c) Sigilo e sua relação com a natureza inquisitiva do inquérito policial
Entende Nestor Távora que a lei nova não aboliu a natureza inquisitiva do inquérito, mas trouxe a
possibilidade de incidência regrada de porção do contraditório e da defesa (sem ser ampla)
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assegurando a essencial "paridade de armas" à defesa técnica. Argumenta o autor que há previsão
para intervenção do advogado na produção dos elementos de informação das investigações,
similar a uma investigação defensiva, no bojo dos próprios autos do inquérito ou de outra
apuração, descrita na previsão do advogado "apresentar razões e quesitos" no curso da
investigação (art. 7°, XXI, "a”: Estatuto da OAB). Finaliza alertando que tais inovações não devem
ser entendidas como medidas aptas a conferir maior valor aos elementos de informação colhidos
nas investigações preliminares, para fins condenatórios, por exemplo.
 
(d) Direito do advogado do representado de examinar os autos da investigação
Art. 7°, XIV, Estatuto da OAB: é garantido ao advogado o direito de examinar, em qualquer
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuraçãomesmo sem procuração, autos de flagrante e
de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à
autoridade, podendo copiar peças e tornar apontamentos, em meio físico ou digital.
 
Para consultar os autos de investigação criminal, basta ao advogado apresentar-se como tal e que
está agindo no interesse do representado (investigado ou indiciado).
Exceção:Exceção:
§ 10, do art. 7°, do Estatuto da OAB: nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar
procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
 
Caso se verifique que o advogado não está agindo em proveito da defesa ou que está se valendo da
sua condição para divulgar informações das investigações à imprensa, a autoridade policial deve
indeferir o seu acesso aos autos. Fora dessas hipóteses, a negativa indevida de acesso aos autos do
inquérito sujeitará o encarregado da apuração à responsabilidade responsabilização criminal e
funcional por delito de abuso de autoridade (Lei n° art. 12, §7º, Lei 4.898/1965).
 
(e) Sigilo dos autos de investigação e autoridade responsável pelos seus limites
Primeira premissa: o sigilo de autos de inquérito policial, investigação criminal ou processo não
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deve ter como destinatário o advogado; o que está documentado é plenamente acessível pelo
advogado que age, legalmente, em favor dos interesses do imputado.
Limites à atuação do advogado no IPLimites à atuação do advogado no IP :
§ 11, do art. 7°, do Estatuto da OAB: a autoridade competente poderá delimitar o acesso doa autoridade competente poderá delimitar o acesso do
advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda nãoadvogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados.documentados.
 
Qual autoridade que tem a competência para tantoQual autoridade que tem a competência para tanto ??
Primeira correntePrimeira corrente: com tendência majoritária; é a policial, ministerial ou encarregada das
investigações, de forma fundamentada.
Segunda correnteSegunda corrente: sustenta a necessidade de decisão judicial. É o que na prática forense se dá
com a aposição de sigilo aos requerimentos de busca e apreensão, de interceptação telefônica
ou de quaisquer diligências cuja preservação de segredo seja essencial ao seu êxito. Todos são
formados em autos apartados aos da investigação preliminar e submetidos à apreciação do
juiz. De acordo com tal orientação, a autoridade competente deve descrever, de maneira
fundamentada nos autos, a parte que deve o advogado ter acesso. Se a autoridade policial se
deparar com questão dessa natureza, e não detiver atribuição para resolvê-la, deverá enviá-la
ao juiz competente para que a examine e decida motivadamente. A parte final do aludido §A parte final do aludido §
11, do art. 7°, do Estatuto da Ordem, expressa essa atribuição (competência) da autoridade11, do art. 7°, do Estatuto da Ordem, expressa essa atribuição (competência) da autoridade
responsável (juiz),responsável (juiz), averbando que deve ela observar os limites relativos a risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
 
OBS.:OBS.: Pondera Nestor Távora a desnecessidade do teor do § 11, do art. 7°Pondera Nestor Távora a desnecessidade do teor do § 11, do art. 7° , ora estudado, já que
tudo o que está nos autos das investigações preliminares é acessível ao advogado do representado.
O que não está naqueles autos, por outro lado, não é passível de acesso, simplesmente por não
estar ainda documentado. Pontua o autor que melhor seria que a lei dispusesse expressamentePontua o autor que melhor seria que a lei dispusesse expressamente
sobre a indispensabilidade de decisão judicial pormenorizada para resolver sobre os limites dosobre a indispensabilidade de decisão judicial pormenorizada para resolver sobre os limites do
segredo das investigações e sobre o dever da autoridade investigativa remeter ao juiz a questãosegredo das investigações e sobre o dever da autoridadeinvestigativa remeter ao juiz a questão
quando suscitado óbice de acesso do advogado ao conteúdo de diligências não fundamentadas ouquando suscitado óbice de acesso do advogado ao conteúdo de diligências não fundamentadas ou
documentadasdocumentadas. Isso porque, a rigor, o delegado de polícia não deveria ter atribuição para resolver
limites do sigilo de inquérito ou de diligências em andamento relativamente ao advogado do
imputado, como sujeito passivo do segredo, a fim de não conflitar com as prerrogativas da
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advocacia na tutela dos direitos fundamentais dos investigados.
 
(f) Direito do advogado de se fazer presente às declarações do investigado
Art. 7°, XXI, Estatuto da OAB: é direito do advogado assistir a seus clientes investigados
durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ousob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou
depoimentodepoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração: a) apresentar razões e quesitos.
 
O enunciado encontra compatibilidade com o inciso LXIII, do art. 5°, da ConstituiçãoConstituição: "o preso
será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado”.
O dispositivo legal traz uma dupla garantiadupla garantia : o direito de presença e de assistência do causídico e,
ao investigado, a ciência de que, querendo, tem o direito de constituir ou de solicitar defensor,
antes de ser ouvido. Se o investigado não desejar a presença de advogado para este ato inquisitivo,Se o investigado não desejar a presença de advogado para este ato inquisitivo,
deve ser documentada sua manifestação, de modo a evitar a nulidade aventada.deve ser documentada sua manifestação, de modo a evitar a nulidade aventada.
Se o advogado ou defensor se fizer presente, deve a autoridade policial admitir a formulação de
"razões e quesitosrazões e quesitos" , embora não se trate de um contraditório pleno, inclusive na produção dainclusive na produção da
prova pericialprova pericial, por meio de apresentação de quesitos aos experts. Sob outra vertente, o termo
"razões" torna possível concretizar o direito de petição nos autos de investigaçãodireito de petição nos autos de investigação, reduzindo o
caráter unilateral da investigação, embora possa, motivadamente, indeferi-los. Destaque-se que não
há previsão de possibilidade de requisição de diligências.
 
(g) Nulidade do ato investigativo sem que seja assegurado ou permitido advogado
O dispositivo foi expresso ao preconizar a aplicação do princípio da consequencialidade,
ordenando que devem ser inquinados de nulidade absoluta todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente. Com essa ferramenta,
dissipam-se as dúvidas, injustificáveis, sobre a possibilidade de controle sobre a higidez dos atos
do inquérito policial e dos demais procedimentos investigatórios.
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LawfareLawfare
É a manipulação de meios legais disponíveis para mitigar o sigilo das investigações em detrimento
das garantias do investigado. Trata-se de abuso de direitoabuso de direito que, em tese, pode ser usado pela parte
acusadora (Ministério Público ou querelante) ou pelo imputado (defesa).
No direito processual penal, geralmente é inferida pela auxílio dos meios de comunicação (mídia)geralmente é inferida pela auxílio dos meios de comunicação (mídia)
aos órgãos de persecução penal estatal, agravando a desproporção da parte acusadora
relativamente à defesa, eis que a técnica da lawfare, enquanto ilegítima guerra jurídica, tende atende a
enfraquecer, ainda mais, a imagem do acusado,enfraquecer, ainda mais, a imagem do acusado, fragilizando-o, principalmente quando se trata de
júri popular.
Ocasiona nulidade (absolutaOcasiona nulidade (absoluta), por suprimir ou debilitar sobremodo o direito à ampla defesa e ao
contraditório.
 
Trial by mediaTrial by media ou publicidade ostensiva ou publicidade ostensiva
No Brasil, a lawfare, em regra, está associada à publicidade ostensiva (trial by media), pela mídia
televisiva, com abuso do direito à informação para se formar antecipadamente juízo de culpa emcom abuso do direito à informação para se formar antecipadamente juízo de culpa em
desfavor do imputadodesfavor do imputado, a exemplo da deflagração de operação policial ou de processo penal que,
sistematicamente, trabalha com o envio à imprensa de informações relacionadas aos fatos
(documentos, depoimentos), para divulgação. Tal articulação, como regra, tende a desaguar em
lawfare.
 
5.4. Oficialidade5.4. Oficialidade
O delegado de polícia de carreira, autoridade que preside o inquérito policial, constitui-se em órgão
oficial do Estado (art. 144, § 4º, CF/1988).
 
5.5. Oficiosidade5.5. Oficiosidade
Crimes de açãoCrimes de ação
penal públicapenal pública Crimes de ação pública condicionada ou ação privadaCrimes de ação pública condicionada ou ação privada
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incondicionadaincondicionada
Atuação de
ofício;
A atuação do
delegado
decorre de
imperativo
legal (art. 5°, I,
CPP).
Atuação condicionada à manifestação da vítima (art. 5°, parágrafos 4° e 5º,
PP). Assim, havendo delação anônima em crime de ação penal privada, ou
se se terceiro for à delegacia no lugar do ofendido não poderá a autoridade
policial iniciar o inquérito sem a prévia autorização da vítima.
 
5.6. Indisponibilidade5.6. Indisponibilidade
A persecução criminal é de ordem pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de
polícia dele dispor, não podendo arquivá-lo, em virtude de expressa vedação contida no art. 17 do
CPP.
 
5.7. Inquisitivo5.7. Inquisitivo
As atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não háAs atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não há
oportunidade para o exercício do contraditório ou da ampla defesa.oportunidade para o exercício do contraditório ou da ampla defesa. Assim, não poderá o
magistrado, na fase processual, valer-se apenas do inquérito para proferir sentença condenatória,
pois incorreria em clara violação ao texto constitucional.
Destaque-se que há entendimento minoritário na doutrina admitindo a possibilidade de ampla
defesa na fase inquisitorial. Nestor Távora pontua que atenuar o contraditório e o direito de defesa
na fase preliminar, por suas próprias características, não pode significar integral eliminação:
 
Tem-se que assegurar ao indiciado não só a assistência de advogado, como direito fundamental,
mas também. a realização efetiva da defesa necessária no próprio inquérito, além da produção de
elementos que terão força probatória ao longo da persecução penal, seja para convencer o
magistrado que a inicial acusatória deve ser rejeitada, seja para lastrear habeas corpus trancativo do
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próprio inquérito, ou, à luz da atual perspectiva procedimental, embasar a defesa preliminar no
intuito do êxito na obtenção do julgamento antecipado do mérito. (TÁVORA, Nestor, 2017, p.
152).
 
Tais doutrinadores diferenciam duas formas de exercício de direito de defesa: (1) exercício
exógeno: trata-se de manejo de técnica paralela ao inquérito, mediante o ajuizamento, por
exemplo, de ação autônoma de impugnação com o fito de obter o trancamento da investigação
preliminar (habeas corpus trancativo); (2) exercício endógeno, de forma incidentee dependente,
tal como requerimentos dirigidos à autoridade policial, declarações do acusado ou intervenção do
advogado em situação excepcional, para garantir o acatamento às garantias individuais.
 
OBS.OBS.: Há inquéritos extrapoliciais onde a defesa é de rigorHá inquéritos extrapoliciais onde a defesa é de rigor, como no inquérito para a decretação
da expulsão de estrangeiro e aquele instaurado para apurar falta administrativa. Este último,
todavia, enfrenta resistência na jurisprudência do STF:
Enunciado n° 5, de natureza vinculante: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
J á o inquérito judicial, tratado nos arts. 103 e ss. da antiga Lei de Falências (Dec.-Lei n°
7.661/1945), que também admitia contraditório e ampla defesa, encontra-se revogado.
 
 
5.8. Autoritariedade5.8. Autoritariedade
 
O delegado de polícia, presidente do inquérito policial, é autoridade pública O delegado de polícia, presidente do inquérito policial, é autoridade pública (art. 144, § 4', da CF).
O § 4°, do art. 2°, Lei no 12.830/2013 suscita a ideia de um princípio do delegado natural:: “o
inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei somente poderá ser avocado ou
redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse
público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da
corporação que prejudique a eficácia da investigação”.
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Ainda há resistências da jurisprudência e da doutrina majoritária em admitir tal princípio do
delegado de polícia natural.
Corolário do princípio do delegado natural, é a imposição de limites à remoção da autoridadelimites à remoção da autoridade
policial, que só poderá ocorrer por ato fundamentadopolicial, que só poderá ocorrer por ato fundamentado (§ 5°, art. 2°, Lei no 12.830/2013). O art. 3°,
por outro prisma, averba que esse cargo é privativo de bacharel em Direitoesse cargo é privativo de bacharel em Direito , devendo-lhe ser
dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os advogados.
 
5.9. Dispensabilidade5.9. Dispensabilidade
 
O inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penalO inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penal (vide art. 39, § 5º, CPP).
Contudo, se o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicialContudo, se o inquérito policial for a base para a propositura da ação, este vai acompanhar a inicial
acusatória apresentadaacusatória apresentada (art. 12, CPP).
Embora não seja recomendável, nada obsta, de igual maneira, que as medidas cautelares sejam, nada obsta, de igual maneira, que as medidas cautelares sejam
decretadas sem que haja inquérito instauradodecretadas sem que haja inquérito instaurado. Neste caso, será necessária a produção de elementos
informativos suficientes à decretação da medida, devendo estes serem analisados de forma
cuidadosa, já que dispensado o procedimento formal preliminar.
 
6. COMPETÊNCIA (ATRIBUIÇÃO)6. COMPETÊNCIA (ATRIBUIÇÃO)
 
Apesar do parágrafo único do art 4° referir-se à competência, é certo que os delegados têmdelegados têm
atribuiçãoatribuição. Afinal, o termo competência é afeto aos juízes, significando a delimitação da jurisdição.
 
6.1. Critério territorial6.1. Critério territorial
 
Delegado com atribuição é aquele que exerce suas funções na circunscriçãoaquele que exerce suas funções na circunscrição (delimitação territorial
na qual o delegado exerce as suas atividades) em que se consumou a infraçãoem que se consumou a infração (art. 4°, caput, CPP).
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6.2. Critério material6.2. Critério material
 
É a segmentação da atuação da polícia, com delegacias especializadasdelegacias especializadas na investigação e no
combate a determinado tipo de infração, a exemplo das delegacias especializadas em homicídios,
entorpecentes, furtos e roubos, etc.
O sistema de segurança pública está delineado no art. 144, CF, onde se vê a definição das tarefas
dos diversos órgãos que o compõem, em especial: (1) a policia federal, com atribuição definida de
forma específica referente a delitos federais e a tráfico de entorpecentes e drogas afins,
contrabando e descaminho (sem prejuízo da atuação de outros órgãos); e (2) a polícia civil, com
atribuição residual, isto é, todo delito que não for afeto à competência da União ou da Justiça
Militar, incumbe a ela apurar.
A Lei n° 10.446/2002 prevê a atuação da polícia federal no tocante a outras infrações cuja práticaA Lei n° 10.446/2002 prevê a atuação da polícia federal no tocante a outras infrações cuja prática
tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, ao autorizar o
Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos
demais órgãos de segurança pública, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados,
proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
(1) sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159, CP), se o agente foi
impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela
vítima;
(2) formação de cartel (incisos I, "a'', I!, III e VII, do art. 4°, da Lei n" 8.137/1990);
(3) alusivas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a
reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte;
(4) furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação
interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando35 em
mais de um Estado da Federação;
(5) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Código Penal). Anote-se que esta previsão decorre
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de alteração legislativa promovida pela Lei n° 12.894/2013, que entrou em vigor em 17 de
dezembro de 2013.
(6) furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas
eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da
Federação. Esta hipótese foi inserida pela Lei 13.124/15, que entrou em
vigor na data de sua publicação (22 de maio de 2015).
Além desses casos, que evidenciam que a investigação preliminar de crimes de competência dainvestigação preliminar de crimes de competência da
Justiça Estadual não é de exclusividade da polícia civilJustiça Estadual não é de exclusividade da polícia civil, cabendo a atuação concorrente da polícia
federal, o Departamento de Polícia Federal , verificando o atendimento dos pressupostos da (a)
"repercussão interestadual ou internacional" e (b) da "exigência de repressão uniforme", procederá
à apuração de outras hipóteses, desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo
Ministro de Estado da Justiça.
 
6.3. Critério em razão da pessoa6.3. Critério em razão da pessoa
 
Leva-se em consideração a figura da vítimaLeva-se em consideração a figura da vítima, tais como as delegacias da mulher, do turista, do
idoso, dentre outras.
Nada impede, nas comarcas em que exista mais de uma circunscrição policial, que a autoridade
com exercício em uma delas ordene diligências em outra, independentemente de precatórias ou
requisições, podendo ainda prontamente atuar em razão de fatos que venham a ocorrer em sua
presença(art. 22, CPP).
É mera irregularidade o fato do inquérito tramitar em local diverso do da consumação da infraçãoÉ mera irregularidade o fato do inquérito tramitar em local diverso do da consumação da infração ,
afinal, a violação dos critérios de atribuição não tem o condão de macular o futuro processo. OO
advogadoadvogado do indiciado, entretanto, poderá impetrar entretanto, poderá impetrar habeas corpushabeas corpus para trancar o inquérito que para trancar o inquérito que
tramita irregularmentetramita irregularmente, por desrespeito à fixação da atribuição.
 
 
Critério territorialCritério territorial Critério materialCritério material
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Critério em razão da pessoaCritério em razão da pessoa
Ex.: circunscrição policial Ex.: natureza da infração Ex.: delegacia do idoso
 
7. PRAZOS7. PRAZOS
 
Alguns procedimentos terão prioridade na sua tramitação, a exemplo do que prevê o art. 19-A, da
Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas, o art. 71, do Estatuto do Idoso (Lei n' 10.741/2003), e o
art. 394·A, do CPP.
Entende Nestor TávoraEntende Nestor Távora (Renato Brasileiro entende de maneira diferente) que: (l) estando solto oestando solto o
indiciado:indiciado: os prazos de conclusão do inquérito ostentam natureza processual (são contados
excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento - art. 798, §§ 1° e 3°, CPP);
(2) estando preso o indiciadoestando preso o indiciado : os prazos para conclusão do inquérito recebem natureza material
para o fim de ser considerada excessiva a duração da prisão (deve ser contado incluindo-se o dia
do início - data da prisão, independentemente do horário - e excluído o dia do final). A ausência
de remessa do inquérito policial à Justiça ao final do prazo implica constrangimento ilegal sanável
via habeas corpus. Isso porque, havendo indiciado preso, o regime de tramitação deve ser urgente,
até porque existe regime de plantão nos fóruns (dias sem expediente forense, como sábados,
domingos e feriados - art. l0, CP).
 
7.1 Regra geral7.1 Regra geral
 
Para os crimes da atribuição da polícia civil estadualpolícia civil estadual:
Indiciado presoIndiciado preso: 10 dias; improrrogável;
 Indiciado soltoIndiciado solto: 30 dias; prorrogável, a requerimento do delegado e mediante autorização do
juiz (art. 10, CPP);
 - não especificou a lei qual o tempo de prorrogação nem quantas vezes poderá ocorrer, o que
leva a crer que esta pode se dar pela frequência e pelo tempo necessários, desde que haja
autorização judicial para tanto;
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 - também não se fez previsão quanto à prévia oitiva do MP, sendo razoável que o titular da
ação seja ouvido, afinal, estando satisfeito com os elementos até então colhidos, poderá de pronto
deflagrar a ação, sem a necessidade de maiores delongas.
 
7.2. Prazos especiais7.2. Prazos especiais
 
 Indiciado PresoIndiciado Preso Indiciado SoltoIndiciado Solto
PolíciaPolícia
FederalFederal
15 dias (+15, mediante autorização
judicial - art. 66, Lei n° 5.010/1966)
30 dias (art. 10, CPP); vide
observações da regra geral acima
CrimesCrimes
contra acontra a
EconomiaEconomia
PopularPopular
10 dias, sem prorrogação (§ 1º,
art.10, Lei nº 1.521/1951)
10 dias, sem prorrogação (§1º, art.10,
Lei nº 1.521/1951)
 
 
LeiLei
antitóxicosantitóxicos
30 dias (+30, conforme deliberação
judicial, ouvindo-se o Ministério
Público, mediante pedido justificado
da autoridade de polícia judiciária -
art. 51, Lei n" 11.343/2006)
90 dias (+90, conforme deliberação
judicial, ouvindo-se o Ministério
Público, mediante pedido justificado
da autoridade de polícia judiciária -
art. 51, Lei n" 11.343/2006)
 
 
InquéritosInquéritos
militaresmilitares
 
 
20 dias (art. 20, CPPM)
40 dias (+20, desde que não estejam
concluídos exames ou perícias já
iniciados, ou haja necessidade de
diligências indispensáveis à elucidação
do fato - art. 20, caput, § 1°, CPPM)
 
7.3 Contagem do prazo7.3 Contagem do prazo
 
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Para Mirabete:Para Mirabete: deve ser contado excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o último dia,
sem fazer distinção entre indiciado preso ou solto (art. 798, § 1º, CPP).
Para Nestor Távora e Guilherme de Souza NucciPara Nestor Távora e Guilherme de Souza Nucci: se o indiciado estiver preso, o prazo do
inquérito deve ser contado na forma do art. 10, do Código Penal, ou seja, incluindo-se o dia
do começo e excluindo-se o do vencimento. Em estando solto, segue-se a regra do §1º, do
art. 798, do CPP acima.
Se o prazo do inquérito encerrar-se em dia onde não há expediente forense, não cabe falar-se em
prorrogação para o primeiro dia útil subsequente, assim como se a prisão em flagrante ocorreu no
final de semana, o inquérito terá o seu início imediatamente, afinal as delegacias de polícia atuam
em sistema de plantão.
A jurisprudência pátria tem admitido um sistema de compensação caso haja o excesso prazal.
Assim, caso o delegado, estando o indiciado preso, conclua o inquérito em doze dias, mas o
promotor oferte a denúncia em dois dias, não há de se falar em constrangimento ilegal a viabilizar
o relaxamento da prisão, já que pode-se manter o suposto autor do fato preso por 15 dias (dez dias
para conclusão do inquérito e 5 dias para a oferta da denúncia). Nestor Távora critica tal
compensação, eis que o CPP em seu art. 10 não admite a prorrogabilidade do prazo para
conclusão do inquérito quando o indiciado estiver recluso.
 
7.4. Controle dos prazos e armazenamento de dados7.4. Controle dos prazos e armazenamento de dados
 
A Lei no 12.714/2012, diploma legal com regras para o controle e fiscalização do cerceio de
liberdade imposto pelo aparato estatal, conferiu ao Poder Executivo federal competência material
para instituir e apoiar os Estados e o Distrito Federal no desenvolvimento, implementação e
adequação de sistemas que permitam interoperabilidade, permitindo o acompanhamento
eletrônico de medidas limitativas de liberdade dos indiciados. É resumidamente, um sistema de
armazenamento de dados que estarão disponíveis às autoridades e pessoas envolvidas em tempo
instantâneo, possibilitando adequado cumprimento dos ditames constitucionais.
Visando otimizar a investigação, relativamente ao crime de tráfico nacional e internacional de
pessoas (arts. 148, 149 e 149-A, no§ 3° do art. 158 e no art. 159, do Código Penal, e no art. 239, do
Estatuto da Criança e do Adolescente), o art.10, da Lei 13.344/2016, autoriza o Poder Público a
criar sistema de informações visando à coleta e à gestão de dados que orientem o seu
enfrentamento.
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8. VALOR PROBATÓRIO8. VALOR PROBATÓRIO
 
O inquérito policial tem valor probatório relativotem valor probatório relativo, pois:
(1) os elementos colhidos não são submetidos à formação contraditória;
(2) o juiz não poderá tomar decisões fundadas apenas nos elementos de informação, ressalvadas as
provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis;
(3) os elementos de informação devem ser interpretados em conjunto com as provas carreadas em
juízo, com vistas à compatibilidade com a prova constituída durante o trâmite do processo penal,
sob o crivo do contraditório.
Como leciona Aury Lopes Jr., "podemos afirmar que o inquérito somente gera atos de
investigação, com uma função endoprocedimental, no sentido de que sua eficácia probatória é
limitada, interna à fase. Servem para fundamentar as decisões interlocutórias tomadas no seu
curso”.
A regra é que os elementos probatórios devem ser repetidos na fase processual, pois sóentãoA regra é que os elementos probatórios devem ser repetidos na fase processual, pois só então
poderão embasar uma sentença condenatóriapoderão embasar uma sentença condenatória.
Exceção:Exceção:
provas não repetíveis, não renováveis. Neste caso, é recomendável que a autoridade policial
autorize fundamentadamente que o indiciado e/ou seu advogado acompanhe a produção da
prova não repetível. Instaura-se um incidente de produção antecipada de prova, ainda
durante o inquérito, perante o magistrado, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa;
Antecipadas;
Da mesma forma, os documentos colhidos na fase preliminar, interceptações telefônicas,
objetos conseguidos mediante busca e apreensão, que são as cautelares indeterminadas, têm
sido valorados na fase processual, quando serão submetidos à manifestação da defesa, num
contraditório diferido ou postergado.
OBS.:OBS.: As provas de caráter eminentemente técnico, a exemplo das perícias, têm sido comumente
utilizadas na fase processual como prova de valor similar às colhidas em juízo, sobretudo pela
isenção e profissionalismo atribuídos aos peritos. Nestor Távora pontua que melhor seria, como já
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tem sido implementado, porém de forma minoritária, que durante o inquérito fosse permitido ao
defensor do indiciado formular quesitos aos peritos.
 
9. VÍCIOS9. VÍCIOS
 
Sendo o inquérito dispensável, não tem o condão de, uma vez viciado, contaminar a ação penalnão tem o condão de, uma vez viciado, contaminar a ação penal . A
irregularidade-ocorrida durante o inquérito poderá gerar a invalidade ou ineficácia do ato
inquinado ou do próprio procedimento, apenas. Esse é o posicionamento majoritário na doutrina
e jurisprudência, embora haja quem entenda em sentido contrário.
A despeito desta divergência, caso a inicial acusatória esteja embasada tão somente em inquérito
viciado, deverá ser rejeitada por falta de justa causa, diga-se, pela ausência de lastro probatório
mínimo e idôneo ao início do processo, com fundamento no art. 395, inciso III, do CPP. Já se
durante o inquérito obtivermos, por exemplo, uma confissão mediante tortura, e dela decorra todo
o material probatório, é de se reconhecer a aplicação da teoria dos frutos da árvore envenenada ou
da ilicitude por derivação.
 
 
10. 10. NOTITIA CRIMINISNOTITIA CRIMINIS (NOTÍCIA DO CRIME) (NOTÍCIA DO CRIME)
 
CONHECIMENTO, PELA AUTORIDADE, DE UM FATO APARENTEMENTECONHECIMENTO, PELA AUTORIDADE, DE UM FATO APARENTEMENTE
CRIMINOSOCRIMINOSO
EndereçamentoEndereçamento ProvidênciaProvidência
Autoridade policial Procede a investigações
Ministério Público Oferece denúncia ou requisita instauração de IP
Juiz Remete ao Ministério Público ou requisita instauração de IP
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O CPP dispõe sobre uma série de providências que devem ser tomadas pela autoridade policial
logo que tiver conhecimento da infração penal (art. 6°), sem, contudo, estipular um prazo geralsem, contudo, estipular um prazo geral
para a instauração do inquérito policial a contar da ciência da notícia do fato.para a instauração do inquérito policial a contar da ciência da notícia do fato.
Sem embargo, o §4°, do art. 13-B, do CPP, estipula, para os casos de tráfico de pessoaspara os casos de tráfico de pessoas, que oo
inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de setenta e duas horainquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de setenta e duas horas, contado do
registro da respectiva ocorrência policial.
 
EspéciesEspécies
 
Espontânea (cognição imediata)Espontânea (cognição imediata)
É o conhecimento direto dos fatos pela autoridade policial ou através de comunicação informal. O
STF e STJ têm admitido a denúncia anônima (apócrifa ou notitia criminis inqualificada) apenas
quando precedida de diligências preliminares que atestem a verossimilhança dos fatos noticiados
(vide STJ, HC 237.164- DJe 08/03/2013).
 
Provocada (cognição mediata)Provocada (cognição mediata)
É o conhecimento da infração pela autoridade mediante provocação de terceiros. São elas:
 
(a) Requisição do juiz ou do Ministério Público
 Nos crimes de ação penal pública. Aqui, requisição é sinônimo de imposição. Em eventual habeas
corpus visando o trancamento de procedimento arbitrário, a autoridade requisitante deve ser
indicada como coatora (Juiz ou promotor), o que vai direcionar a competência para apreciar para o
TJ, se a autoridade é estadual, ou para o TRF, se é federal.
 
b) Requerimento da vítima ou do seu representante legal
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Art. 5º, § 1°, CPP: a vítima da infração ou o seu representante legal noticiam o fato à autoridade
policial através de requerimento, devendo conter a narração dos fatos e suas circunstâncias; a
individualização do suposto autor da infração, ou seus sinais característicos e razões de convicção
de ser o mesmo o sujeito ativo do delito; a nomeação de testemunhas, com indicação da profissão
e das respectivas residências.
Da decisão do delegado que indefira o requerimento do ofendido para instauração do inquérito
policial por entender que o fato é atípico, poderá haver recurso administrativo ao chefe de polícia
(art.5º, § 2°, CPP). Entende o STJ não ser possível impetração de mandado de segurança (vide
STJ, RMS 7.598).
A posição francamente majoritária tem se inclinado pela impossibilidade do delegado de polícia
invocar o princípio da insignificância para deixar de atuar, pois estaria movido pelo princípio da
obrigatoriedade. A manifestação acerca da insignificância deve ficar com o titular da ação penal.
Nada impede, porém, que o suposto autor da conduta insignificante impetre habeas corpus para
trancar o procedimento investigatório iniciado.
Merece destaque o art. 3º, Lei 13.239/2015, ao estabelecer que hospitais e os centros de saúde
pública, ao receberem vítimas de violência doméstica e familiar, deverão informá-las da
possibilidade de acesso gratuito à cirurgia plástica para reparação das lesões ou sequelas de
agressão comprovada. A omissão da prestação da referida informação sujeita o responsável pelo
hospital ou centro de saúde à penalidades (art. 5°).
 
(c) Delação
Qualquer do povo, nos crimes de ação penal pública incondicionadacrimes de ação penal pública incondicionada.
 
(d) Representação da vítima (delatio criminis postulatória)
Nos crimes de ação penal pública condicionada à representação. A representação funciona como
verdadeira condição de procedibilidade, e sem ela, o inquérito não poderá ser instaurado. E se for?
A vítima poderá impetrar mandado de segurança para trancá-lo.
 
(e) Requisição do Ministro da Justiça
 19/11/2019 - 12:35:41 willfazdireito@hotmail.com 37 de 76 
Em alguns crimes, ditos de ação pública condicionada, a persecução criminal está a depender de
autorização do Ministro da Justiça, também chamada de requisição. O que é sempre conveniente
distinguir é que esta requisição, apresentada pelo Ministro da Justiça, ao contrário da requisição
emanada dos juízes e promotores, não é sinônimo de ordem, e sim uma mera autorização para o
início da persecução criminal em algumas infrações que a exigem.
 
Notícia crime revestida de forma coercitivaNotícia crime revestida de forma coercitiva
É aquela apresentada juntamente com o infrator preso em flagrante. Pode ser espontânea, quando
quem realiza a prisão é a própria autoridade policial ou seus agentes, ou provocada, quando quem
realiza a prisão é um particular (art. 301, CPP).
 
11. PEÇAS INAUGURAIS DO INQUÉRITO POLICIAL11. PEÇAS INAUGURAIS DO INQUÉRITO POLICIAL
 
O auto de prisão em flagrante, as requisições e os requerimentos se materializam