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EBEJI-principios-do-direito-penal-19112019

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Princípios do Direito Penal
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Princípios do Direito Penal
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENALPRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
 
 
1. CONCEITO1. CONCEITO
 
São os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico,
tendo a função de orientar o legislador ordinário e o aplicador cio Direito Penal, no
intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias aos
cidadãos.
 
2. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA ESTRITA LEGALIDADE2. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA ESTRITA LEGALIDADE
 
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;
 Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.
 Art. 1º, Lei das Contravenções penais: Aplicam-se as contravenções às regras gerais
do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso.
 
Trata-se de cláusula pétreacláusula pétrea que preceitua a exclusividade da lei para a criação de delitos e
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contravenções penais e cominação de penas: nullum crimen nula poena sine lege .
Art. 62, § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a: (...)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (...)
 
O STF firmou jurisprudência no sentido de que as medidas provisórias podem seras medidas provisórias podem ser
utilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agenteutilizadas na esfera penal, desde que benéficas ao agente (vide RHC 117.566/SP).
O fundamento jurídico é a taxatividadeO fundamento jurídico é a taxatividade , certeza ou determinação, pois implica, por parte
do legisladorlegislador, a determinação precisa, ainda que mínima ainda que mínima (conforme ocorre com as leis
penais em branco, com os tipos penais abertos e com os crimes culposos), do conteúdo
e da sanção penal a ser aplicada, bem como, da parte do juizjuiz, na máxima vinculação ao
mandamento legal, inclusive na apreciação de benefícios legais (vide HC 92.010/ES).
Sendo assim, o Direito Penal não tolera a analogia o Direito Penal não tolera a analogia in malam partemin malam partem, nas situações de
vácuo legislativo.
O fundamento político é a proteção do ser humano em face do arbítrio do EstadoO fundamento político é a proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado ,
enquadrando-se entre os direitos fundamentais de 1ª geração (ou dimensão).
 
OBS.:OBS.: NomenclaturaNomenclatura – a doutrina consagrou, corretamente, as expressões reserva legal
e estrita legalidade, pois somente se admite lei em sentido material (matéria
constitucionalmente reservada à lei) e formal (lei editada em consonância com o
processo legislativo previsto na Constituição Federal). Contudo, algumas provas
adotam o termo legalidade, o que não é correto, pois nele se enquadram quaisquer das
espécies normativas elencadas pelo art. 59 da CF, e não apenas a lei. Em verdade, no
inc. II, art. 5º, CF encontra-se o princípio da legalidade ("ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei''), enquanto no inc. XXXIX
repousa o princípio da reserva legal. Assim, se as alternativas em prova objetivaem prova objetiva
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 3 de 28 
apontarem somente o princípio da legalidade, adote essa nomenclatura; por outro lado,
no confronto entre legalidade e reserva legal ou estrita legalidade, fique com os
últimos. Se a prova for dissertativa ou oraldissertativa ou oral, argumente sobre o assunto, sempre de
forma equilibrada, visto que geralmente não se conhecem as preferências da banca
examinadora.
 
2.1. Princípio da reserva legal e mandados de criminalização2.1. Princípio da reserva legal e mandados de criminalização
 
A CF estabelece mandados expressos (ou explícitos) e tácitos (ou implícitos) de
criminalização (ou penalização). Cuida-se de matérias sobre as quais o legislador
ordinário tem a obrigatoriedade de tratar.
Os mandados de criminalização expressos na CF são encontrados nos artigos: 5º, XLII
(racismo), XLIII (tortura), tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e
crimes hediondos), XLIV (ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado democrático), e § 3. º (os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais); 7º, X (retenção dolosa do salário dos trabalhadores); 227, § 4.º
(abuso, violência e exploração sexual da criança ou adolescente); e 225 (condutas lesivas
ao meio ambiente) (vide STF, HC 102.087/MG).
Podemos citar como exemplo de mandado tácito de criminalização o necessário e
urgente combate eficaz à corrupção eleitoral.
 
3. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE3. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
 
Também presente no Art. 5º, XXXIX, CF e Art. 1º, CP:
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Art. 5º, XL, CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu ;
 
4. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU DA CRIMINALIDADE DE4. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU DA CRIMINALIDADE DE
BAGATELABAGATELA
4.1. Introdução4.1. Introdução
Sustenta ser vedada a atuação penal do Estado quando a conduta não é capaz de lesar ou
no mínimo de colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma penal.
 
4.2. Finalidade4.2. Finalidade
Destina-se a diminuir a intervenção do Direito Penal, não podendo em hipótese alguma
ampliá-la.
Para o Supremo Tribunal Federal:
O princípio da insignificância é vetor interpretativovetor interpretativo do tipo penal, tendo por escopoescopo
restringir a qualificação de condutasrestringir a qualificação de condutas que se traduzam em ínfima lesão ao bem jurídico
nele (tipo penal) albergado. Tal forma de interpretação insere-se num quadro de válida
medida de política criminalmedida de política criminal, visando, para além da descarcerização, ao
descongestionamento da Justiça Penal, que deve ocupar-se apenas das infrações tidas por
socialmente mais graves. Numa visão humanitária do Direito Penal, então, é de se
prestigiar esse princípio da tolerância, que, se bem aplicado, não chega a estimular a ideia
de impunidade. (HC 104.787/RJ)
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 5 de 28 
4.3. Natureza jurídica4.3. Natureza jurídica
Causa de exclusão da tipicidade material:
O princípio da insignificância qualifica-se, como fator de descaracterização material da
tipicidade penal. O princípio da insignificância – que deve ser analisado em conexão com
os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal
- tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na
perspectiva de seu caráter material.
 (RHC 122.464/BA)
 
Nada impede a concessão de oficio de habeas corpus pelo Poder Judiciário (vide HC
97.836/RS), quando caracterizado o princípio da insignificância. Além disso, o trânsito
em julgado da condenação não impede seu reconhecimento (vide HC 95.570/SC).
4.4. Requisitos4.4. Requisitos
Seu cabimento deve ser analisado no caso concreto, de acordo com as suas
especificidades, e não no plano abstrato (vide STF: HC 123.108/MG).
4.4.1 Requisitos objetivos
Para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto
do crime e os aspectos objetivos do fato, tais como, a mínima ofensividade da condutaa mínima ofensividade da conduta
do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau dedo agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido graude
reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causadareprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. (STF,
RHC 118.972/MG)
4.4.1 Requisitos subjetivos
Condições pessoais do agente:
a) Reincidente
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Como regra, é vedada a sua aplicação, já que não é interesse de política criminal nem da
sociedade beneficiar reincidentes. O STF já decidiu nesse sentido (vide HC
123.108/MG). Segundo o STJ, o julgador poderá aplicar o referido princípio se,
analisando as peculiaridades do caso concreto, entender que a medida é socialmente
recomendável (vide STJ. 3ª Seção. EREsp 1217514-RS, j. 9/12/2015 Info 575 - abaixo).
b) Criminoso habitual
É aquele que faz da prática de delitos o seu meio de vida. A ele não se permite a
incidência, pois leva-se em conta não cada crime isoladamente, mas a conduta em sua
totalidade, além do desvalor social dispensado em relação à sua conduta.
e) Militares
É vedada a utilização do princípio, em face da elevada reprovabilidade da conduta, da
autoridade e da hierarquia que regulam a atuação castrense, bem como do desprestígio
ao Estado, responsável pela segurança pública.
Condições da vítima:
Há que se averiguar a importância do objeto material para a vítima, levando-se em
consideração a sua condição econômica, o valor sentimental do bem, como também as
circunstâncias e o resultado do crime, tudo de modo a determinar, subjetivamente, se
houve relevante lesão.
A análise da extensão do dano causado ao ofendido é imprescindível para verificar a
pertinência do princípio da insignificância (STJ: HC 241.713/0F). Ex.: O agente subtrai
uma bicicleta quase sem nenhum valor econômico de pessoa rica = será cabível o
princípio da insignificância. Mas se a vítima é um servente de pedreiro que utiliza a
bicicleta para trabalhar diariamente em uma construção, estará caracterizado o furto.
Neste sentido, não se aplica o princípio quando a conduta do agente atingir bem de
grande relevância para a população, a exemplo do dano em aparelho de telefone público,
embora diretamente sob os cuidados de concessionária de serviço público.
4.5. Aplicabilidade4.5. Aplicabilidade
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O princípio da insignificância é aplicável a qualquer delito que seja com ele compatível, e
não somente aos crimes patrimoniais. Sua maior incidência prática ocorre no furto (CP,
art. 155, caput), mas é evidente que a este não se limita.
Se o juiz negou o princípio da insignificância ao furto, mas cogitou conceder o benefício,Se o juiz negou o princípio da insignificância ao furto, mas cogitou conceder o benefício,
neste caso, deverá aplicar o regime inicial abertoneste caso, deverá aplicar o regime inicial aberto
Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação do
princípio da insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento seja
cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em
regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso
concreto, com base no princípio da proporcionalidade. STF. Plenário. HC 123108/MG,
HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015
(Info 793).
 
A propósito, não há um valor máximo (teto) a limitar a incidência do princípio da
insignificância. Sua análise há de ser efetuada no caso concreto levando-se em conta os
critérios acima.
Ex. de delitos que são incompatíveis com o princípio da insignificância: crimes
hediondos e equiparados (tráfico de drogas, tortura e terrorismo), no racismo e na ação
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático (crimes de máximo potencial ofensivo, CF, art. 5.º, XLII, XLIII e XLIV).
Situações controversas:
a) Roubo e demais crimes cometidos com grave ameaça ou violência à pessoa
Não há espaço para o princípio da insignificância, pois os reflexos derivados destes
crimes não podem ser considerados irrelevantes, ainda que o objeto material apresente
ínfimo valor econômico. Inclusive a violência doméstica.
Não há como aplicar, ao crime de roubo, o princípio da insignificância, pois, tratando-
se de delito complexo, em que há ofensa a bens jurídicos diversos (o patrimônio e a
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integridade da pessoa), é inviável a afirmação do desinteresse estatal à sua repressão
STJ, HC 60.185/MG)
 
b) Crimes contra a Administração Pública
Em uma visão tradicional, o princípio da insignificância jamais foi admitido em tais
crimes, ainda que a lesão econômica seja irrisória, pois há ofensa à moralidade
administrativa e à probidade dos agentes públicos (vide STJ REsp 1.062.533/RS).
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
administração pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017.
O STF, contudo, já decidiu em sentido contrário, admitindo o princípio da
insignificância em hipóteses extremas (vide HC 107.370/SP). Cléber Masson se filia a
essa posição, exemplificando não existir peculato (CP, art. 312) quando o funcionário
público se apropria de poucas folhas em branco pertencentes a determinado órgão
público.
 
c) Crimes previstos na Lei 11.343/2006 - Lei de Drogas
São crimes de perigo abstrato (ou presumido) e tutelam a saúde pública. No tráfico de
drogas, delito constitucionalmente equiparado a hediondo, é indiscutível a
inadmissibilidade do princípio da insignificância. O STJ adota igual raciocínio na posse
de droga para consumo pessoal, pois entendimento diverso seria equivalente a
descriminalizar, contra o espírito da lei, o porte de pequenas quantidades de drogas (vide
HC 107.370/SP RHC 35.920/DF; vide também STF: HC 91.759/MG). O STF, todavia,
já decidiu em sentido diverso, acolhendo o princípio da insignificância no crime do art.
28 da Lei 11.343/2006 (STF, HC 110.475/SC).
 
d) Descaminho e crimes tributários
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O princípio da insignificância também incide nos crimes de natureza tributária,
especialmente no descaminho (CP, art. 334).
O princípio da insignificância é aplicável quando o valor do tributo devido não
ultrapassar RS 20.000,00. É o entendimento do STFSTF (vide HC 120.620/RS).
Art. 2º, Portaria MF 75/2012: O Procurador da Fazenda Nacional requererá o
arquivamento, sem baixa na distribuição, das execuções fiscais de débitos com a
Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte
mil reais), desde que não conste dos autos garantia, integral ou parcial, útil à satisfação
do Crédito.
 
ATENÇÃO!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO - STJ!!!ATENÇÃO!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO - STJ!!!
Até pouco tempo atrás entendia o STJ que o teto para o princípio da insignificância nos
crimes tributários era o valor de R$ 10.000,00, com base no seguinte dispositivo:
Art. 20, Lei 10.522/2002. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante
requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de
débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00
(dez mil reais).
 
Contudo, recentemente, passou a seguir o entendimento do STFrecentemente, passou a seguir o entendimento do STF:
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações
efetivadas pelas Portariasn. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção.
REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018
(recurso repetitivo).(recurso repetitivo).
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 10 de 28 
 
OBS.:OBS.: O limite imposto alcança somente os tributos federaisO limite imposto alcança somente os tributos federais . Com efeito, para os
tributos estaduais e municipais deve existir previsão específica por cada ente federativo,
no exercício da respectiva competência tributária.
É inaplicável o patamar estabelecido no art.. 20 da Lei 10.522/2002, no valor de R$ 10
mil, para se afastar a tipicidade material, com base no princípio da insignificância, de
delitos concernentes a tributos que não sejam da competência da União. (...) porque a
arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara à dos demais entes federativos.
Ademais, um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a
inexpressividade da lesão jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o
sujeito passivo (...).
OBS.:OBS.: na apropriação indébita previdenciáriaapropriação indébita previdenciária (CP, art. 168-A), a qual, nada obstante
capitulada entre os crimes contra o patrimônio, apresenta indiscutível natureza
tributária, o STF rechaçou o princípio da insignificância, com fundamento no valor
supraindividual do bem jurídico tutelado, o que torna irrelevante o pequeno valor das
contribuições sociais desviadas da Previdência Social (vide HC 107.331/RS).
 
Em regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticouEm regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticou
descaminho se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa (criminoso habitual).descaminho se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa (criminoso habitual).
Exceção:Exceção: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades
do caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável. STJ. 3ª Seção.
EREsp 1217514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/12/2015
(Info 575).
 
e) Contrabando (art. 334-A do Código Penal)
O princípio da insignificância não é aplicável, em face da natureza proibida da
mercadoria importada ou exportada. Este crime não tem natureza tributária. Outros
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 11 de 28 
bens jurídicos são tutelados, a exemplo da saúde, da moralidade administrativa e da
ordem pública (vide STF, HC 110.964/SC e STJ, REsp 1.427.796/RS).
 
t) Crimes ambientais
À primeira vista, o princípio da insignificância soa incompatível, em face da natureza
difusa e da relevância do bem jurídico protegido. Mas, em situações excepcionais, há
espaço para a criminalidade de bagatela, como já decidido pelo STF:
A 2.ª Turma, por maioria, concedeu habeas corpus para aplicar o princípio da
insignificância em favor de condenado pelo delito descrito no art. 34, caput, parágrafo
único, II, da Lei 9.605/l 998 ("Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida
ou em lugares interditados por órgão competente: (...) Parágrafo único. Incorre nas
mesmas penas quem: (...) II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante
a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos"). No caso, o
paciente fora flagrado ao portar 12 camarões e rede de pesca fora das especificações da
Portaria 84/2002 do IBAMA. Prevaleceu o voto do Min. Cezar Peluso, que reputou
irrelevante a conduta em face do número de espécimes encontrados na posse do
paciente. O Min. Gilmar Mendes acresceu ser evidente a desproporcionalidade da
situação; porquanto se estaria diante de típico crime famélico. Asseverou que outros
meios deveriam reprimir este tipo eventual de falta, pois não seria razoável a imposição
de sanção penal à hipótese. (HC 112.563/SC)
 
g) Crimes contra a fé pública
O bem jurídico tutelado é a credibilidade depositada nos documentos, nos sinais e
símbolos públicos, razão pela qual não há espaço para o princípio (STF: HC
117.6381RJ). A propósito, o STF assim se manifestou no tocante ao crime de moeda
falsa, em situação envolvendo dez notas de pequeno valor (HC 93.251/DF).
 
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 12 de 28 
h) Tráfico internacional de arma de fogo (art. 18 da Lei 10.826/2003)
Não comporta o princípio da insignificância, pois se trata de crime de perigo abstrato e
atentatório à segurança (STF, HC 97.7771MS)
 
i) Rádio pirata (Lei 9.472/1997, art. 183)
1ª posição: Para o STF, é possível a incidência da criminalidade de bagatela, desde
que o serviço de radiodifusão apresente finalidade social e objeto lícito, e também
não apresente capacidade para interferir nos demais meios de comunicação e na
segurança do tráfego aéreo. (RHC 119.123IMG)
2ª Turma2ª Turma – A Segunda Turma concedeu a ordem em “habeas corpus” para absolver o
paciente, denunciado pela alegada prática de desenvolver clandestinamente atividades de
telecomunicação (Lei 9.472/1997, art. 183), em face da aplicação do princípio da
insignificância. De acordo com a Turma, em laudo técnico da ANATEL, é possível
perceber que o bem jurídico tutelado pela norma (segurança dos meios de
comunicação) permaneceu incólume, sem sofrer qualquer espécie de lesão nem ameaça
de lesão a merecer intervenção do Direito Penal, não tendo sido demonstrada lesividade
concreta, mas APENAS potencial, devendo, pois, a matéria ser solucionada na via
administrativa. Destacou-se ainda a importância das rádios comunitáriasrádios comunitárias como
prestadoras de serviço público e a aparente boa-fé do paciente. HC 138134/BA, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 7.2.20172017. (HC-138134). INFO 853.
 
2ª posição: Para o STJ, é incompatível com o princípio da insignificância:
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão
clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto
no art. 183 da Lei n. 9.472/1997.
 
 
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 13 de 28 
j) Atos infracionais
São os crimes e as contravenções penais cometidos por crianças ou adolescentes (art.
103 da Lei 8.069/ 1990 – ECA). O STF aceita a incidência do princípio da
insignificância se a natureza do ato infracional for compatível com tal postulado (vide
HC 112.4001RS).
 
k) Atos de improbidade administrativa (arts. 9º, 10 e 11, Lei 8.429/1992)
Não ostentam natureza penal. O STJ não admite o princípio da insignificância, pois o
bem jurídico protegido é a moralidade administrativa, que deve ser objetivamente
considerada: ela não comporta relativização a ponto de permitir "só um pouco" de
ofensa. Vige, em nosso sistema jurídico, o princípio da indisponibilidade do interesse
público, a que o Poder Judiciário também está jungido (vide REsp 892.8181RS).
 
l) Posse ou porte de arma ou munição
Não se aplica o princípio da insignificância .
O STJ possui posição consolidada no sentido de que o princípio da insignificância não é
aplicável aos crimes de posse e de porte de arma de fogo, por se tratarem de crimes de
perigo abstrato, sendo irrelevante inquirir a quantidade de munição apreendida. STJ. 5ª
Turma. HC 338153/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2016.
 
m) Furto qualificado
Como regra, a aplicação do princípio da insignificância tem sido rechaçada nas hipóteses
de furto qualificado, tendo em vista que tal circunstância denota, em tese, maior
ofensividade e reprovabilidade da conduta. Deve-se, todavia, considerar as circunstâncias
peculiares de cada caso concreto, de maneira a verificar se, diante do quadro completo
 19/11/2019- 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 14 de 28 
do delito, a conduta do agente representa maior reprovabilidade a desautorizar a
aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 785755/MT,
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 22/11/2016.
 
4.6. Princípio da insignificância e infrações penais de menor potencial ofensivo4.6. Princípio da insignificância e infrações penais de menor potencial ofensivo
 
São todas as contravenções penais e os crimes com pena privativa de liberdade em
abstrato igual ou inferior a dois anos. Não há falar em automática insignificância da
conduta (art. 61 da Lei 9.099/1995):
(...) quando a Constituição Federal concebe a categoria das infrações de menor
potencial ofensivo, parece mesmo que o faz na perspectiva de uma conduta
atenuadamente danosa para a vítima e a sociedade, é certo, mas ainda assim em grau
suficiente de lesividade para justificar uma reação estatal punitiva. Pelo que estabelece
um vínculo operacional direto entre o efetivo dano ao bem jurídico tutelado, por
menor que seja, e a necessidade de uma resposta punitiva do Estado. (HC 111.017/RS)
 
4.7. A questão do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2.º)4.7. A questão do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2.º)
 
Na figura privilegiada, a coisa é de pequeno valor (inferior a um salário mínimo), não se
confundindo com o princípio da insignificância, onde seu valor é irrelevante para o
Direito Penal, por não colocar em risco o bem jurídico penalmente tutelado (STF, HC
120.0831SC). A coisa de pequeno valor não necessariamente é irrelevante penalmente.
Este raciocínio é igualmente aplicável aos demais delitos contra o patrimônio que
admitem o privilégio, a exemplo da apropriação indébita (CP, art. 170), do estelionato
(CP, art. 171, § 1º) e da receptação (CP, art. 180, § 5º, in fine).
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4.8. Princípio da insignificância e sua valoração pela autoridade policial4.8. Princípio da insignificância e sua valoração pela autoridade policial
 
O STFSTF entende que somente o juiz é dotado de poderes para efetuar o reconhecimento
do princípio da insignificância, de sorte que a autoridade policial está obrigada a efetuar a
prisão em flagrante, cabendo-lhe submeter imediatamente a questão à autoridade
judiciária competente (HC 154.949/MG).
Cléber Masson entende em sentido contrário, tendo em vista que o princípio da
insignificância afasta a tipicidade do fato, que também será atípico para o delegado.
 
4.9. Princípio da insignificância imprópria/bagatela imprópria4.9. Princípio da insignificância imprópria/bagatela imprópria
 
Hipóteses em que, nada obstante a infração penal esteja indiscutivelmente caracterizada e
seja relevante para o direito penal, a aplicação da reprimenda desponte como
desnecessária e inoportuna no caso concreto, pois diversos fatores recomendam seu
afastamento, tais como: sujeito com personalidade ajustada ao convívio social (primário
e sem antecedentes criminais), colaboração com a Justiça, reparação do dano causado à
vítima, reduzida reprovabilidade do comportamento, reconhecimento da culpa, ônus
provocado pelo fato de ter sido processado ou preso provisoriamente etc.
Tal análise há de ser realizada, obrigatoriamente, na situação fática, e jamais no plano
abstrato, sempre se levando em conta o princípio da necessidade da pena (art. 59, caput,
CP).
Exemplo: "A" cometeu o crime furto privilegiado (CP, art. 155, § 2.º), sendo que nos
dois anos subsequentes ao fato, sem ter ainda se verificado a prescrição, durante ação
penal, nota-se que ele não apresentou conduta reta, razão pela qual a pena revela-se
prescindível para atender às finalidades do Direito Penal.
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Veja-se que, ao contrário do que se verifica no princípio da insignificância (própria), o
sujeito é regularmente processado. Destarte, a bagatela imprópria funciona como causa
supralegal de extinção da punibilidade.
Finalmente, é de se observar que a bagatela imprópria tem como pressuposto
inafastável a não incidência do princípio da insignificância (própria).
 
5. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (art. 5.º, XLVI, CF)5. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (art. 5.º, XLVI, CF)
 
Em matéria penal, significa a aplicação da pena levando em conta não a norma penal em
abstrato, mas, especialmente, os aspectos subjetivos e objetivos do crime.
No prisma legislativo, é respeitado quando o legislador descreve o tipo penal e estabelece
as sanções adequadas, indicando precisamente seus limites, as reprimendas cabíveis.
A individualização judicial complementa a legislativa quando aplica a pena utilizando-se
de todos os instrumentos fornecidos pelos autos da ação penal, em obediência ao
sistema trifásico delineado pelo art. 68 do CP (pena privativa de liberdade), ou ainda ao
sistema bifásico inerente à sanção pecuniária (CP, art. 49).
Finalmente, a individualização administrativa é efetuada durante a execução da pena,
quando o Estado deve zelar por cada condenado de forma singular, mediante tratamento
penitenciário ou sistema alternativo no qual se afigure possível a integral realização das
finalidades da pena: retribuição, prevenção (geral e especial) e ressocialização.
 
 
 
6. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE6. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
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Criado por Claus Roxin, em síntese preceitua que ninguém pode ser punido por causar
mal apenas a si próprio, pois uma das características inerentes ao Direito Penal moderno
repousa na necessidade de intersubjetividade nas relações penalmente relevantes (STJ:
HC 81.175/SC).
Nesse princípio se fundamenta a impossibilidade de punição da autolesão, bem como a
atipicidade da conduta de consumir drogas, uma vez que o crime tipificado pelo art. 28
da Lei 11.343/2006 tem a saúde pública como objetividade jurídica.
 
7. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA7. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
 
Trata-se de requisito para a existência do fato típico. Deve-se confiar que o
comportamento dos outros se dará de acordo com as regras da experiência, levando-se
em conta um juízo estatístico alicerçado naquilo que normalmente acontece (id quod
plerumque accidit). Foi desenvolvido inicialmente pela jurisprudência para enfrentar os
problemas resultantes dos crimes praticados na direção de veículo automotor, mas
atualmente sua utilização é bastante ampla, notadamente nas atividades comunitárias ou
em divisão de trabalho.
 
8. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL8. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
 
De acordo com esse princípio, não pode ser considerado criminoso o comportamento
que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça. Ex.: trotes
acadêmicos moderados e da circuncisão realizada pelos judeus.
Entretanto, a autorização legal para o exercício de determinada profissão não implica,
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automaticamente, na adequação social dos crimes praticados em seu bojo. Já decidiu o
STJ que, em crime de descaminho praticado por camelô, a existência de lei
regulamentando tal atividade não conduz ao reconhecimento de que o descaminho é
socialmente aceitável (HC 45.153/SC).
 
OBS.:OBS.: Não confundir com a teoria social da conduta, idealizada por Johannes Wessels.
 
 
9. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA9. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão estatuiu em seu art. 8.º que a lei
somente deve prever as penas estrita e evidentemente necessárias.
Segundo tal princípio, só é legítima a intervenção penal quando a criminalização de um
fato se constitui meio indispensávelpara a proteção de determinado bem ou interesse,
não podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento jurídico.
A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais
relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário,
protegendo apenas os bens jurídicos mais importantes e em casos de lesões de maior
gravidade (STJ, HC 50.863/PE).
 
A intervenção mínima se dirige tanto ao legislador quanto ao intérprete do Direito. É
utilizado para amparar a corrente do direito penal mínimo:
O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da
liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando
estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da soc1edade e de outros bens
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jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores
penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de
significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam
resultado, cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos
relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem
jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.
(STF, HC 92.463/RS)
 
9.1. Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal9.1. Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal
 
Nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra
valores fundamentais para a sociedade.
 
Esse princípio refere-se à atividade legislativa, abstrata, vez que deverão ser criados tipos
penais somente quando os demais ramos do Direito tiverem falhado na tarefa de
proteção de um bem jurídico.
Com a evolução da sociedade e a modificação dos seus valores, nada impede a
fragmentariedade às avessas, nas situações em que um comportamento inicialmente
típico deixa de interessar ao Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos
do Direito. Ex.: adultério, revogado do CP, mas continua sendo ilícito Civil.
 
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9.2. Princípio da subsidiariedade9.2. Princípio da subsidiariedade
 
O Direito Penal entra em cena somente quando outros meios estatais de proteção mais
brandos, e, portanto, menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes para
a proteção do bem jurídico tutelado.
Nas palavras de Santiago Mir Puig:
 
Trata-se de uma exigência de economia social coerente com a lógica do Estado Social,
que deve buscar o maior bem social com o menor custo social. O princípio da "máxima
utilidade possível" para as possíveis vítimas deve combinar-se com o de "mínimo
sofrimento necessário" para os delinquentes. EIe conduz a uma fundamentação
utilitarista do Direito Penal no tendente a maior prevenção possível, senão ao mínimo de
prevenção imprescindível. Entra em jogo assim o "princípio da subsidiariedade”,
segundo o qual o Direito Penal há de ser a ultima ratio, o ultimo recurso a utilizar a falta
de outros menos lesivos.[1][1]
 
Esse princípio refere-se à aplicação da lei penal, concreta, vez que o crime existe, mas, no
plano da realidade, o tipo penal não pode ser utilizado, pois, nesta hipótese, não há
legitimidade na atuação do Direito Penal.
 
10. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE10. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
 
Também conhecido como princípio da razoabilidade ou da convivência das liberdades
públicas, prescreve que a criação de tipos penais incriminadores deve constituir-se em
atividade vantajosa para os membros da sociedade, eis que impõe um ônus a todos os
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cidadãos, decorrente da ameaça de punição que a eles acarreta.
A lei penal que não protege um bem jurídico é ineficaz, por se tratar de intervenção
excessiva na vida dos indivíduos em geral.
Destaque-se que incide também na dosimetria da pena-base, para que a resposta penal
seja justa e suficiente para cumprir o papel de reprovação do ilícito, conforme decidido
pelo STJ no HC 84.427/RJ.
DESTINATÁRIOSDESTINATÁRIOS
O legisladorO legislador (proporcionalidade abstrata ou legislativa) - são eleitas as penas mais
apropriadas para cada infração penal (seleção qualitativa), bem como as respectivas
graduações - mínimo e máximo (seleção quantitativa);
O juiz da ação penalO juiz da ação penal (proporcionalidade concreta, ou judicial) - orienta o julgamento
da ação penal, promovendo a individualização da pena adequada ao caso concreto;
Os órgãos da execução penalOs órgãos da execução penal (proporcionalidade executória, ou administrativa) -
incidem regras inerentes ao cumprimento da pena, levando-se em conta as condições
pessoais e o mérito do condenado.
Modernamente, é analisado sobre uma dupla face:
- proibição ao excessoproibição ao excesso, pois é vedada a cominação e aplicação de penas em dose
exagerada e desnecessária. Ex.: a reprimenda cominada ao delito do art. 273, CP -
falsificação de medicamentos, com reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa; o
STJ, inclusive, já aplicou, em substituição à sanção atribuída no § 1º-B, V, do citado
dispositivo legal, a pena prevista ao tráfico de drogas - Lei 11.343/2006, art. 33, caput,
mais branda (vide AI no HC 239.3631PR).
- impede a proteção insuficienteimpede a proteção insuficiente de bens jurídicos, pois não tolera a punição abaixo da
medida correta. Ex.: crimes de abuso de autoridade (Lei n. 4.898/1965), que comina
pena de detenção de dez dias a seis meses (art. 6.º, § 3.º, b).
 
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11. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE11. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
 
Decorre da dignidade da pessoa humana (art. 10, III, CF) e proíbe a criação de tipos
penais ou a cominação de penas que violam a incolumidade física ou moral de alguém.
Dele resulta a impossibilidade de a pena passar da pessoa do condenado, com exceção
de alguns efeitos extrapenais da condenação, como a obrigação de reparar o dano na
esfera civil (CF, art. 5º, XLV).
Foi com base nesse princípio, entre outros, que o STF declarou inconstitucional o regime
integralmente fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes
hediondos e equiparados.
 
12. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU DA LESIVIDADE12. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU DA LESIVIDADE
 
Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos perigo de lesão
ao bem jurídico. De acordo com o clássico ensinamento de Francesco Palazzo:
Em nível legislativo, o princípio ela lesividade (ou ofensividade), enquanto dotado de
natureza constitucional, deve impedir o legislador de configurar tipos penais que já
hajam sido construídos, in abstracto, como fatores indiferentes e preexistentes à norma.
Do ponto de vista, pois, do valor e dos interesses sociais, já foram consagrados como
inofensivos. Em nível jurisdicional-aplicativo, a integral atuação do princípio da
lesividade deve comportar, para o juiz, o dever de excluir a subsistência do crime quando
o fato, no mais, em tudo se apresenta na conformidade do tipo, mas, ainda assim,
concretamente é inofensivo ao bem jurídico específico tutelado pela norma.[2][2]
 
13. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO13. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 23 de 28 
 
Veda ao Direito Penal a preocupação com as intenções e pensamentos das pessoas, do
seu modo de viver ou de pensar, ou ainda de suas condutas internas, enquanto não
exteriorizada a atividade delitiva.
O Direito Penal nãopode ser utilizado para resguardar questões de ordem moral, ética,
ideologia, religião, política ou semelhantes.
É falar: em tema de política criminal, a Constituição Federal pressupõe lesão
significante a interesses e valores (os chamados "bens jurídicos") por ela avaliados
como dignos de proteção normativa. (vide STF, HC 111.017/RS)
 
Não se confunde com o princípio da alteridade, onde o bem jurídico a ser penalmente
tutelado pertencente exclusivamente ao responsável pela conduta legalmente prevista,
razão pela qual não há interesse legítimo a ser protegido pelo Direito Penal.
13.1. Eleição de bens jurídicos e a teoria constitucional do Direito Penal13.1. Eleição de bens jurídicos e a teoria constitucional do Direito Penal
 
De acordo com a teoria constitucional do Direito Penal, a tarefa de criação de crimes e
cominação de penas somente se legitima quando são tutelados valores consagrados na
Constituição Federal. Ex.: o fundamento de validade do homicídio é o direito à vida (CF,
art. 5.º, caput); o fundamento de validade dos crimes contra a honra encontra-se no art.
5.º, X, da CF, relativo à inviolabilidade da honra.
 
13.2. A espiritualização (desmaterialização ou liquefação) de bens jurídicos no Direito13.2. A espiritualização (desmaterialização ou liquefação) de bens jurídicos no Direito
PenalPenal
 
A crescente incursão pela seara dos interesses metaindividuais e dos crimes de perigo,
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especialmente os de índole abstrata - definidos como os delitos em que a lei presume, de
forma absoluta, a situação de risco ao bem jurídico penalmente tutelado -, tem sido
assim chamada.
 
14. PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO PESSOAL14. PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO PESSOAL
 
Não se admite a punição quando se tratar de agente inimputável, sem potencial
consciência da ilicitude ou de quem não se possa exigir conduta diversa (sem
culpabilidade). O fundamento da responsabilidade penal pessoal é a culpabilidade (nulla
poena sine culpa).
 
15. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PELO FATO15. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PELO FATO
 
Não se admite um Direito Penal do autor, mas somente um Direito Penal do fato.
Ninguém pode ser punido exclusivamente por questões pessoais; não é permitido
estereotipar autores em razão de alguma condição específica.
A tese que sustenta ser a agravante genérica da reincidência resquício de um Direito
Penal do autor não é aceita pela jurisprudência (vide STJ, AgRg nos EDcl).
 
16. PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA INTRANSCENDÊNCIA16. PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA INTRANSCENDÊNCIA
 
A pena não pode passar da pessoa do condenado (CF, art. 5.º, XLV).
 
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17. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA17. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA
 
Art. 19, CP - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que
o houver causado ao menos culposamente.
 
Há doutrinadores que também o denominam "principio da culpabilidade". Cléber
Masson, entretanto, adverte que culpabilidade, dependendo da estrutura do crime e da
teoria da conduta que se adotem, deve ser entendida como elemento do delito ou
pressuposto de aplicação da pena, não se confundindo com os elementos subjetivos do
delito, os quais, na teoria clássica da conduta, funcionam como requisitos da
culpabilidade.
A doutrina aponta vestígios da responsabilidade objetiva em duas situações no
Direito Penal brasileiro: 1) Rixa qualificada (art. 137, parágrafo único, CP); e 2) Punição
das infrações penais praticadas em estado de embriaguez voluntária ou culposa,
decorrente da ação da teoria da actio libera in causa (art. 28, II do CP).
Falava-se, também, em violação ao princípio em estudo na responsabilidade penal
sucessiva, ou responsabilidade penal "em cascata", nos crimes previstos na Lei de
Imprensa (arts. 37 a 39 da Lei 5.250/1967). Esta Lei, entretanto, não foi recepcionada
pela CF (ADPF 130-7/DF, j. 30.04.2009).
 
18. PRINCÍPIO DO 18. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEMNE BIS IN IDEM
 
Este princípio, derivado da dignidade da pessoa humana e consagrado no art. 8º, 4, do
Pacto de São José da Costa Rica, proíbe de forma absoluta a dupla punição pelo mesmo
fato.
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 26 de 28 
Súmula 241, STJ: "A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial".
 
A reincidência como agravante genérica quando da prática de novo crime, contudo, não
importa em violação desse princípio (vide STF RE 453.000/RS).
Também a existência de duas ou mais ações penais, em searas judiciais diversas, pela
suposta prática de fatos distintos, não acarreta violação a esse princípio (vide STJ, CC
91.016/MT).
Em caso de duas condenações definitivas proferidas contra o mesmo agente, e com base
em idêntico fato, a primeira, lançada por juízo incompetente (com pena maior), e a
segunda, editada por juízo competente (com pena mais branda), a solução adequada é a
anulação da primeira decisão judicial, com a necessária relativização dos efeitos da coisa
julgada (vide STJ, HC 297.482/CE,).
Finalmente, a vedação do bis in idem impede a imputação ao agente de um crime (e de
uma nova ação penal), cometido no contexto fático de outro delito, o qual era
desconhecido na ação penal a este correspondente (vide STJ, HC 285.5891MG).
 
19. PRINCÍPIO DA ISONOMIA19. PRINCÍPIO DA ISONOMIA
 
Tratar igualmente aos iguais, e desigualmente aos desiguais, na medida de suas
desigualdades. Volta-se tanto para o aplicador da lei quanto para o próprio legislador.
Destaque-se que, em direito penal, as pessoas (nacionais ou estrangeiras) em igual
situação devem receber idêntico tratamento jurídico.
 
[1] MIR PUIG Santiago Derecho penal. Parte general. 5. ed. Barcelona: Reppertor, 1998.
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p. 89
[2] PALAZZO, Francesco C. Valores constitucionais e direito penal . Trad. Gérson
Pereira dos Santos. Porto Alegre: Fabris, 1989. p. 80
 19/11/2019 - 12:33:27 willfazdireito@hotmail.com 28 de 28 
	Princípios do Direito Penal

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