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Ensino de História e Consciência Histórica Thaís Caroline Letícia Miola Thalissa Mendonça Autor Luis Fernando Cerri Graduado em bacharelado e licenciatura em História pela Unicamp Mestrado e doutorado na Unicamp Professor de Prática de Ensino no Departamento de História da UEPG Objetivo do livro “ com este pequeno livro temos por objetivo contribuir para a visão de novos quadros da realidade escolar por parte do professor, entendendo-o política e ricamente como um intelectual, academicamente procurando promover uma maior aproximação entre a teoria da história em processo de reflexão didática e prática do ensino” (p.18) Consciência Histórica O que é Consciência Histórica ? Agir é um processo contínuo em que o passado é interpretado a partir do presente e na expectativa para o futuro, tanto distante quanto imediato. Ex: Acordar atrasado “O passado e o futuro participam ativamente de nossas sociedades” (p. 7) Função e Como Usamos Criar uma identidade coletiva (tudo aquilo que podemos chamar de nós como imagens, ideias, origem e NOME) ou individual Ex: Todos os grupos tem reatos de origem - Míticos (mitologias) - Memoria histórica ( origem do Brasil pela frota do rei Manuel capitaneada por Cabral) - Terias científicas (Big Bang) Todas essas narrativas irão definir condutas, noção de tempo ou efeitos sobre a vida Identidade Coletiva: Composta da consciência de vários elementos (família, ideias, objetos, valores ...), que são atributos exclusivos ou excludentes. Ex: amizades Identidade individual: Resultado de experiências pelas quais passamos e que vão influenciar nas decisões futuras. Ex: ser assaltado ou apanhar quando criança Aplicações Política: O autor coloca que a consciência histórica é constantemente usada para definir relações de poder, principalmente na identificação de grupos nacionais ou regionais. Ex: Nazismo – raça ariana Entrevista sobre as eleições presidenciais na França em 2002: “ Porque sou de origem francesa. Além disso, sou de origem celta. Após milhares de anos, nós somos celtas e franceses.[...] Ele é o único que defende o povo francês hoje.[..] Ele é o único capaz de dar uma boa contribuição. Do contrário seria o caos na França. [...] estamos entre bárbaros.” Em Aulas: O aluno vai para a aula com um conhecimento prévio de história e sua própria consciência histórica. A rejeição de muitos em estudar história, também, está no conflito da matéria com a sua consciência histórica. Crítica ao modelo tradicional, onde o professor “cheio” preenche o aluno “vazio”. A história não é um saber erudito Pesquisa sobre Consciência História na Europa: A influência do professor de história sobre as opiniões históricas é limitada. Os currículos oficiais de história ou a formação do professor não se reproduz, necessariamente na aprendizagem dos alunos A formação histórica do aluno depende apenas em parte da escola. É preciso considerar a influência dos meios (comunicação, família, onde vive) se quisermos alcançar a relação entre história ensinada e consciência histórica Conscientização Histórica ? Pensar Históricamente Não aceitar informações, dados, ideias sem antes analisar o contexto “Tudo está vinculado a um contexto”. Qualquer assunto pode ser melhor entendido quando estudados sua história Estudar o autor e seus pontos de vista Não Pensar Históricamente É aceitar que “ as coisas sempre foram assim e vão continuar sendo”. Ex: Corrupção no Brasil. Não explora o assunto Memória imediata Aprendizado Estudar o que se passou, argumentando sobre isso. Diálogos Paulo Freire e a conscientização: estar consciente do mundo em que vive Objetivo dos Professores Fazer com que os alunos pensem historicamente Analisar Explorar Desenvolver um pensamento crítico Ensiná-los a aplicar na vida real o que foi ensinado A consciência histórica é histórica... e múltipla! A consciência história faz um fator do processo de nossas vidas, por isso também é afetada pelas marcas de seu tempo. - Para pensar o conceito dentro de sua historicidade, devemos começar pelo contexto em que o criamos, para que possamos reconhecer determinados fenômenos que antes não eram identificados, ou eram percebidos, mas considerados irrelevantes. O conceito de consciência histórica ganha espaço expressivo ao final da década de 70. Desde então tivemos o aprofundamento de um contexto econômico e social que continua sendo decisivo para a política e para o pensamento em geral no campo das humanidades. Agnes Heller procura sistematizar o quanto sua consciência histórica se difere dos modelos da atualidade. Chama essas diferenças de ”estágios da consciência histórica” nas formas de responder à questão “ de onde viemos, quem somos e para onde vamos”. -Generalidade (referência a uma parte dos humanos) Universalidade (referência a todos os humanos) A compreensão da morte que gera a noção de tempo. O indivíduo “não deixa de existir” enquanto for lembrado de alguma maneira (passado). Do mesmo modo, as pessoas continuam vivendo após a partida do indivíduo (futuro). Heller divide a consciência histórica no tempo em estágios. Não necessariamente ligado a evolução. Stage – “ palco”, “teatro”, “drama” “Palcos” da consciência histórica -Primeiro estágio da consciência histórica – Generalidade não refletida Gênese da ideia de humanidade. Observação que não consegue enxergar muito além do próprio grupo que se descobre como uma coletividade pensante. As normas substituem o instinto, e para isso é necessário a legitimação dessa ordem, e a forma mais antiga é o mito. Quanto mais ancestral o mito parecer, maior será o seu poder de legitimar a ordem, através da legitimação de origem. Mito da gênese. O tempo é infinito em retrospectiva e a noção de futuro é pouco definida. As narrativas míticas expressam a consciência coletiva. - Segundo estágio da consciência histórica – Generalidade refletida em particularidade Aparece a consciência de história. Na mitologia grega o titã Cronos devorava os filhos, mantinha o amanhã sob controle e eternizava o presente. História é transformação, movimento. Mitologicamente e metaforicamente, a história nasce com Zeus; o filho que mata o pai tirano e permite que o tempo (futuro representado pelos filhos) siga seu curso. Ser envolve estar não só no tempo, mas num tempo particular. Reconhece a existência de outros, mas como não fazem parte do nosso grupo, eles não são dotados da condição imortal, de permanecer na coletividade que não morre. A consciência histórica é a consciência de mudança. Agora o passado, presente e futuro se distinguem mais claramente. A gênese já não legitima todas as instituições. Havendo história, nem tudo foi criado do “mito fundador”, mas por grupos, subgrupos e indivíduos. A coletividade pode desaparece, pois, a eternidade de algo não está na vida dos membros, mas na capacidade de registrar. Por isso a escrita surge como algo mais confiável e duradouro do que a oralidade. Com a escrita surge a consciência de mudança ainda que não possa ser interpretada. A Estado já é visto como criação humana, mas o código moral é dado pelo mito -Terceiro estágio da consciência histórica - Consciência da universalidade não refletida Esse estágio exclui a particularidade: não importa o grupo ao qual pertenço. É não refletida porque fala de uma sociedade convertida (cristandade), e não são todas as sociedades que refletem essa universalidade. O mito universal normalmente surge de um colapso real. No caso do cristianismo, foi o colapso da sociedade judaica no primeiro século. Esse mito não permite pensar o que somos e de onde viemos, pois já oferece a resposta completa. Essa universalidade do Criador, exclui a particularidade pois qualquer que seja o seu povo, só existe salvação vinculada a essa universalidade de Cristo. O futuro não é incerto, mas já está definido. O tempo é definido pela vontade divina. 21 - Quarto estágio da consciência histórica – Consciência da particularidade refletida em generalidade Nesse ponto ocorre a tentativa de unir todas as histórias dos povos em uma única história comum, como também do que se pode e não pode ser modificar no tempo. Essa é a crise de “grandes narrativas”. A autora indica dois níveis nesse estágio: - A consciência da generalidade refletida em particularidade propriamente dita A natureza humana que se sobrepõe a todas as culturas. - A consciência do recomeço da história Para a consciência do recomeço da história necessita da escolha de um passado. Leva a refletir sobre o colapso de uma sociedade passada na temática: “ o fim de um mundo não é o fim do mundo”. Surge a noção que as sociedades têm seus ritmos, de que começam e terminam. - Quinto estágio da consciência histórica - Consciência da universalidade refletida ou consciência do mundo histórico. Nesse estágio, a história é inerente ao ser humano. Acabam as histórias no plural em favor de uma única história, a universal. Há um plano único em que se faz a história como a Paris da Revolução. Fica implícito uma gama de lugares em que nada acontece de significativo então apenas repetem o ciclo vital. Os europeus por exemplo não consideravam a visão de mundo chinesa por simples ignorância até o século XIX. Chama-se universalidade refletida porque diferentes visões sobre o futuro de uma sociedade debatem entre si. Portanto o particular sustenta o universal. - Sexto estágio da consciência histórica – Confusão da consciência histórica, a consciência de generalidade refletida enquanto tarefa. A consciência de universalidade foi abalada no século XX com as guerras mundiais e outros fenômenos. A dimensão dos acontecimentos aliado a tecnologia que levava a informação muito mais ao alcance de todos, fez a humanidade achar que estava da beira da extinção total. Foi notado que não caminhamos do pior para o melhor e que a racionalidade pode ser ruim. Isso coloca o individualismo como centro absoluto. Uma das possibilidades da generalidade refletida é de que cada civilização seria um mosaico de outra, o que faria com que nenhuma fosse superior a outra. Para Heller, a saída seria assumir a responsabilidade planetária. A generalidade é refletida porque reconhecemos a humanidade como o grupo que pertencemos, mas apenas de modo material e não da forma abstrata que as filosofias da história do século XIX fizeram dela. A humanidade é o que é, não o que gostaríamos que ela fosse. Por isso a humanidade não é uma coisa e sim uma tarefa. Estamos longe disso. Os estágios não formam uma linha evolucionista. Do primeiro ao sexto estágio, o que vemos é uma dilatação da história. Vemos nos estágios algumas linhas de força: - Consciência do tempo - A libertação progressiva do homem é prefigurada pelas gerações anteriores (não necessariamente seria uma melhoria. A resposta parece estar do acolhimento da sua individualidade e diversidade). Formas de geração de sentido Para Jörn Rüsen, a consciência histórica não é homogênea, se realiza segundo diferentes formas de geração de sentido. Em cada uma dessas formas de geração de sentido, o passado é lembrado de forma diferente. Os quatro tipos de geração de sentido histórico são o tradicional, o exemplar, o crítico e o genético. Eles se relacionam com o contexto histórico em que foram predominantes. - Modo de sentido tradicional Atenção prioritária à recordação das origens das atuais formas de organização de nossa vida. Os pontos de vista são preservados desde o passado. Nesse sentido a tradição é natural e certa, sem questionamento. As religiões podem exemplificar esse modo, pois tem uma representação única de passado. - Modo de sentido exemplar A história é um conjunto de exemplos que servem para reforçar as regras regais de conduta de uma sociedade. O passado, presente e futuro mantem a validade dessas regras. Esse sentido se abre a ais experiências que o tradicional. As regras podem ser baseadas em algo mais abstrato e que não de uma mesma origem. - Modo critico de geração de sentido Junto com os padrões históricos, estabelece novas perspectivas diferentes. A história tem condições para colocar em crise as normas do presente. Tenta encontrar contradições na tradição. O tempo é submetido ao julgamento e a capacidade de criar uma contra história. O exemplo disso é o feminismo. - Modo genético de sentido histórico As mudanças são decisivas para a compreensão da realidade. As três dimensões anteriores são tomadas de forma que o modo mude se ele tiver capacidade de mudar. Caracterizada pela diversidade de pontos de vista. Os pontos de vista se ligam em um todo. A identidade histórica vem do processo de mudança. É a forma dominante. O que diferencia os indivíduos não é sua consciência histórica mas a lógica que utiliza entre os modos de sentido.
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