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TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL Aula 04 Professora: Josivete Ferreira (Josi) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL. Princípios teóricos: A terapia cognitiva baseia-se na premissa de que a inter-relação entre cognição, emoção e comportamento está implicada no funcionamento normal do ser humano e, em especial, na psicopatologia. Um evento comum do nosso cotidiano pode gerar diferentes formas de sentir e agir em diferentes pessoas, mas não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre o evento; nossas emoções e comportamentos estão influenciados pelo que pensamos. PRINCÍPIOS PRÁTICOS Afeto, comportamento, pensamento. Embora a TC seja fortemente identificada com intervenções desenhadas para modificar pensamentos, essa é apenas uma de muitas formas de intervenção. Se as emoções não forem trabalhadas, o tratamento cognitivo pode tornar-se apenas uma troca intelectual, o que não teria sentido terapêutico. Sem a presença do afeto, a reestruturação cognitiva do paciente não acontece. A visão cognitiva de psicopatologia, que inclui o modelo de interações entre cognição, humor e comportamento, sugere uma variedade de possíveis pontos de intervenção, envolvendo aquelas desenhadas para a modificação do afeto, para alcançar mudança comportamental, bem como intervenções focadas primariamente em cognições. OS PRINCÍPIOS BÁSICOS DA TCC SÃO OS SEGUINTES: Princípio nº 01 A TCC está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos. O terapeuta deve primeiro identificar o pensamento que está contribuindo para o sentimento de tristeza e seus comportamentos problemáticos. Em segundo lugar identificar os fatores que influenciaram suas percepções distorcidas. Em terceiro lugar levantar hipóteses dos eventos chaves que podem ser predispostos à uma depressão. Durante a terapia ajudar o paciente a examinar e aprender a identificar os pensamentos ao seu afeto ansioso. Princípio nº 02 A TCC requer uma aliança terapêutica sólida. O paciente geralmente apresenta dificuldades em confiar e trabalhar com o terapeuta, cabe a este demonstrar todos os ingredientes básicos necessários em uma terapia: afeto, empatia, atenção, interesse genuíno e competência. Ter uma escuta atenta, pontuar seus sucessos sejam eles pequenos ou grandes, se manter otimista e bem humorado e ao final de cada sessão se certificar de que o paciente se sente compreendido em relação a sessão. Princípio nº03 A TCC enfatiza a colaboração e a participação ativa. Encorajar o paciente a encarar a terapia como um trabalho em equipe, juntos decidir o que trabalhar em cada sessão, planejar juntos a frequência dos encontros terapêuticos e como devem ser feitos os exercícios. No início da terapia o terapeuta sempre é mais ativo, mas a medida que o paciente se familiariza e apresenta melhoras no comportamento, o terapeuta deve o incentivar a ser ativo e deixar que ele decida de qual problema prefere falar, buscar resumir os pontos importantes para planejar os exercícios a serem realizados em casa. Princípio nº 04 A TCC é orientada para os objetivos e focada nos problemas. O terapeuta deve pedir ao paciente para enumerar os seus problemas e estabelecer objetivos específicos de uma forma que em conjunto saibam qual direção que estão indo. É sua função orientar o paciente a melhorar a sua rotina diária e ajudá-lo a avaliar e responder aos pensamentos que interferem em seus objetivos. Ex. O paciente traz no seu relato que se sente isolado. Quando é orientado a sair com amigos, diz: “ Os meus amigos não vão querer sair comigo” “Estou muito cansada para sair com eles”. O paciente deve ser orientado a corrigir a distorção de pensamentos. Princípio nº 05 A TCC enfatiza inicialmente o presente. O tratamento da maioria dos pacientes envolve um foco intenso nos problemas atuais e em situações específicas que são angustiantes para eles. Geralmente o paciente começa a se sentir melhor depois que consegue responder ao seu pensamento negativo e tomar atitudes para melhorar sua vida. A terapia começa por um exame dos seus problemas no aqui e agora, independentemente do diagnóstico. A atenção se volta para o passado em duas circunstâncias: Se o paciente preferir por ser assim e se não fizer possa vir a colocar em perigo a aliança terapêutica. E a segunda hipótese é quando o paciente fica “emperrado” no seu pensamento disfuncional, quando um entendimento das raízes infantis de suas crenças poderá ajudar a modificar suas ideias rígidas. Ex.: Você ainda acredita que é incompetente? Não acha que qualquer criança que tivesse as mesmas experiências que você se acharia incompetente, e mesmo assim isso poderia não ser verdade, ou certamente não completamente verdadeiro? Princípio nº 06 A TCC é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída. Logo na primeira sessão, o terapeuta educa o paciente quanto à natureza e ao curso do seu transtorno, sobre o processo da TCC e sobre o modelo cognitivo, explicando como seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamento. Deve ajuda-lo a não só definir os objetivos, identificar e avaliar pensamentos e crenças, planejar a mudança comportamental, mas também ensinar como fazer. Ex. A cada sessão o paciente deve levar para casa algumas anotações sobre a terapia, ideias importantes que aprendeu, para que possa se beneficiar desse novo entendimento nas semanas seguintes e mesmo depois que terminar o tratamento. Princípio nº 07 A TCC visa ser limitada no tempo. Muitos pacientes com depressão e transtornos de ansiedade são tratados em um espaço de 6 a 14 sessões. Os objetivos do terapeuta são promover o alívio dos sintomas, facilitar a remissão dos transtornos, ajudar o paciente a resolver seus problemas mais urgentes e ensinar habilidades para evitar a recaída. Inicialmente as sessões são semanais, em casos mais graves, principalmente se houver risco de suicídio as sessões podem ser mais frequentes. Após dois meses as sessões podem ser quinzenais e depois sessões mensais. Após o término da terapia podem ser agendadas sessões trimestrais por um ano. No entanto, nem todos os pacientes podem seguir esse cronograma, alguns precisam de um a dois anos de terapia para modificarem crenças disfuncionais muito rígidas e comportamento que contribuem para seu sofrimento crônico. Princípio nº 08 As sessões de TCC são estruturadas. Independentemente do diagnóstico ou de estágio do tratamento, seguir uma determinada estrutura em cada sessão maximiza a eficiência e a eficácia. Ex.: Verificar o humor, examinar rapidamente a semana, definir junto com o paciente uma pauta para a sessão, examinar o exercício de casa, discutir os problemas da pauta, definir um ovo exercício de casa, fazer resumos e por fim eliciar um feedback. Seguir esse formato faz o processo da terapia ser mais compreensível para os pacientes e aumenta a probabilidade de eles serem capazes de fazer a autoterapia após o término. Princípio nº 09 A TCC ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais. Os pacientes podem ter dúzias ou até mesmo centenas de pensamentos automáticos por dia que afetam seu humor, comportamento ou fisiologia(a última é especialmente pertinente para a ansiedade). O terapeuta ajuda o paciente a identificar as principais cogniçõese a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas, o que leva o paciente a se sentir melhor emocionalmente, se comportar com mais funcionalidade e/ou diminuir sua excitação psicológica.Isso é feito usando o questionamento socrático. Princípio nº 10 A TCC usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento. Embora estratégias cognitivas como o questionamento socrático e a descoberta guiada sejam centrais para a TCC, as técnicas comportamentais e de solução de problemas são essenciais, assim como são as técnicas de outras orientações que são implementadas dentro de uma estrutura cognitiva. Por exemplo: Usar técnicas inspiradas na Gestalt para ajudar o paciente a entender como sua família contribuiu para o desenvolvimento da sua crença de que seja incompetente. Utilizar técnicas inspiradas na psicodinâmica com pacientes que aplicam suas ideias distorcidas sobre as pessoas na relação terapêutica. Os tipos de técnicas que você escolhe serão influenciados pela sua conceituação do paciente, pelo problema que estão sendo discutidos e pelos objetivos para a sessão. Observações: Esses princípios básicos se aplicam a todos os pacientes. No entanto, a terapia varia consideravelmente de acordo com cada paciente, com a natureza das suas dificuldades e seu momento de vida, assim como seu nível intelectual e de desenvolvimento, seu gênero e origem cultural. REFERÊNCIAS Beck S. Judith – Terapia Cognitiva Comportamental – Teoria e Prática -2ª edição – S. Paulo, Artmed-2013, Reimpressão 2019. Knapp Paulo e colaboradores – Princípios Fundamentais da Terapia Cognitiva.
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