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Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos 1. Conceito – Pressupõe procedimento contraditório, sendo em regram produzido no curso do processo, e é tudo aquilo que levo ao conhecimento do julgador na expectativa de convencê-lo dos fatos ou de um ato processual, ou seja, é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. 1.1. Limitação moderada em relação à investigação inquisitiva: a meta é a formação da convicção judicial lastreada em provas produzidas sob o crivo do contraditório, não podendo o magistrado fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos trazidos da investigação, em especial a policial, que constitui a maior parte dos procedimentos preparatórios da ação penal. Provas Teoria geral da prova (Artigos 155 a 157 CPP) Prova em espécie (Artigos 158 a 250 CPP) Provas Teoria Geral da Prova Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos OBS: Essa limitação se dá quanto à fundamentação exclusiva do magistrado nos elementos trazido pelo inquérito policial. Vejamos a jurisprudência do STF: “O art. 155 do Código de Processo Penal não impede que o juiz, para a formação de sua livre convicção, considere elementos informativos colhidos na fase de investigação criminal, mas apenas que a condenação se fundamente exclusivamente em prova da espécie.” (HC 105837 – RS, 1.ª T., rel. Rosa Weber, 08.05.2012, v.u.) e não impede que o magistrado utilize elementos dos inquéritos. 1.2. Ressalva das provas cautelares: Existem as provas urgentes, que por cautela são produzidas de imediato, sob pena de se perderem e nesse caso teremos a exceção, pois as provas que não serão repetidas, como vários tipos de exames periciais (ex.: laudo necroscópico) poderão fundamentar uma decisão, bem como as que são simplesmente antecipadas (ex: o depoimento de testemunha muito idosa), mas que admite, se possível, a repetição. 2. Princípio da comunhão da prova: significa dizer que a prova, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, pertence ao processo e pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual, destinando-se a apurar a verdade dos fatos alegados e contribuindo para o correto deslinde da causa pelo juiz. 3. Produção da prova sob o contraditório judicial: O sistema de apreciação das provas autoriza ao magistrado que forme a sua convicção livremente, analisando o conjunto probatório, desde que o faça motivadamente e calçado nos parâmetros constitucionais acerca dos limites ideais para a produção da prova. Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos Esses limites são traçados pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, num primeiro momento, vale dizer, que as partes têm o direito de participar da colheita da prova, influindo na sua formação, dentro de critérios regrados, e o réu tem o direito de se defender da maneira mais ampla possível, tomando ciência, por seu advogado, das provas coletadas e podendo influir para a produção de outras em seu benefício. 4. Elemento de prova: Os elementos de prova são todos os dados objetivos que confirmam ou negam uma asserção a respeito de um fato que interessa ao processo. O elemento de prova é representado por aquilo que, introduzido no processo, pode ser utilizado pelo juiz como fundamento da sua atividade julgadora e são todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz. Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. 5. Destinatário – Destinatários da prova são todos aqueles que devem formar sua convicção. De modo geral, tem-se como destinatário o órgão jurisdicional (juiz ou tribunal) sobre o qual recai a competência para o processo e julgamento do delito. → Destinatário imediato = Juiz que vai decidir a sorte e o futuro do réu. → Destinatário mediato = Partes que precisam se convencer dos fatos 6. Fonte de prova – É a pessoa ou coisa da qual emana a prova. 7. Objeto – É o que se deve demonstrar para que o juiz firme o seu juízo de convencimento para resolver aquele litígio. Da prova → está ligado com a Relevância (fatos importantes e úteis a demonstração da verdade) De prova → diz respeito a Pertinência, ou seja, o que é pertinente ser provado (encontrar o que é preciso provar). De uma dedução lógica observamos a dispensa de prova Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos 8. Quanto ao momento da produção. Antecipada ou Cautelar Preparatória – é aquela produzida no curso da investigação preliminar, ou seja, antes da deflagração do processo e a sua justificativa é justamente o risco de perecimento probatório. Cautelar incidental – é aquela produzida durante o curso do processo penal, e nos casos de desobedecer o rito procedimental como por exemplo a oitiva de testemunha antes da resposta preliminar a acusação em razão de moléstia grave. 9. Meios de provas – Estamos falando em instrumentos para prospectar a prova e levá-la ao conhecimento do julgador, para que o juiz tenha acesso a elas e firmar assim o seu convencimento. 9.1. Provas nominadas – são aquelas cujos meios de produção estão prevista em lei ou disciplinadas pela legislação. Estão disciplinadas nos artigo 158 a 250 do CPP. 9.2. Provas inominadas – o CPP não traz exaustivamente todos os meios de prova e por isto as inominadas são aquelas cujos meios de produção não estão disciplinados no ordenamento. No direito processual brasileiro é possível a utilização das provas nominadas e das inominadas, em razão do princípio da liberdade na produção da prova. Assim o juiz valorará qualquer dos meios de provas. No Brasil existe a socialização as provas, o que quer dizer que não existe predileção de provas e estas estão no mesmo patamar. Não há hierarquia entre as provas. Ex: testemunha não é mais importante que documento, pericia não é mais importante do que confissão. Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos 10. O princípio da liberdade na produção da prova está diretamente ligado com o principio da verdade real (deve o juiz criminal buscar reconstruir na audiência o que realmente aconteceu de fato não se conformando com meras especulações de verdade e podendo até mesmo de oficio determinar a produção de provas, ou melhor, se aproximar o máximo possível da realidade). 11. Limitações ao Princípio da Liberdade na Produção de Prova. Nenhum principio é absoluto, isto quer dizer que todos sofrem limitações, nem a liberdade é absoluta 11.1. Estado Civil das Pessoas (155, § único CPP) – para prová- lo é necessário que seja cumprida as exigências da lei civil, ou seja, só se demonstra o casamento e óbito com as respectivas certidões – nesses casos não existe uma ampla liberdade na produção, ou seja, somente as certidões de casamentoe de óbito têm o condão de provar o que se pretende. (Ex: quando o acusado de estupro for casado e o nos casos de falecimento do réu no curso do processo). Limitações Estado Civil das Pessoas Provas Ilícitas 11.2. Estão vedadas no processo as provas por meio ilícitos (Artigo 5º, LVI da CF) – o conceito no CPP não fez distinção entre provas ilícitas e provas ilegítimas, considerando que a prova ilícita (gênero) é aquela que viola a norma Constitucional ou infraconstitucional (artigo 157 CPP). Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos Importante - No processo penal é permitida a utilização de provas ilícitas com fins de beneficiar o réu, trata-se de exceção, em razão da teoria da proporcionalidade, criada da Alemanha, também conhecida como teoria da razoabilidade, também conhecida como teoria do sacrifício. Teoria da proporcionalidade (razoabilidade e sacrifício) permite a utilização da prova ilícita para beneficiar o réu. OBS: Existe uma teoria para utilização da prova ilícita para condenar, principalmente organização criminosa, entretanto abriria um precedente perigoso e deixaria de ser exceção para ser regra, essa teoria não foi aceita. Entre preservar a formalidade na produção da prova e a liberdade do réu, prevalece a liberdade do réu. As teorias apóiam também nos casos de pensões alimentícias contra os avôs, que acabem sendo presos por omitir endereços dos seus filhos ou tentar protegê-los. 12. Teorias que tratam sobre as provas ilícitas. 12.1. Teoria dos frutos da árvore envenenada, também conhecida como teoria da prova ilícita por derivação. Surgiu nos EUA e foi importada para o Brasil pelo STF e agora tem um tratamento expresso no artigo 157 do CPP. Seu conceito – as provas que decorrem de uma ilícita também estarão contaminadas, sendo que esta contaminação é de natureza material, já que a prova deflui de outra imprestável. Isto quer dizer que os efeitos da ilicitude podem transcender a prova viciada, contaminando todo o material dela decorrente. Exemplo mais claro, é confissão mediante tortura, prova embrionária ilícita, que originou a busca e apreensão de documentos, mesmo que esta busca se deu de maneira lícita. Teorias Sobre Provas Ilícitas Teoria dos Frustos da Árvore Envenenada Teoria da Descoberta Inevitável Teoria da Fonte Independente Teoria da Proporcionalidade Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos Dessa teoria sugiram outras duas que tentam afastar as conseqüências dessa teoria da árvore envenenada, ou seja, mitigam a teoria dos frutos da árvore envenenada. 12.1.1. Teoria da descoberta inevitável – surgida nos EUA e disposta no artigo 157 do CPP, nos permite concluir se a prova derivada da ilícita se ela fatalmente seria descoberta por meio de outra fonte autônoma. Se a prova, que decorre da ilícita, seria conseguida de qualquer maneira, por atos de investigação validos ela será aproveitada, eliminando-se a contaminação, ou seja, não houve um proveito real com a violação legal. 12.1.2. Teoria da prova absolutamente independente – por esta teoria a mera existência de uma prova ilícita no processo não necessariamente o contamina, pois havendo outras provas lícitas absolutamente independentes da prova ilícita o processo será aproveitado, ou seja, mesmo se existir uma prova ilícita e existir outras provas independentes, sem qualquer relação com a anterior o juiz deve fazer desentranhar a prova ilícita, permanecendo a prova independente da contaminada. (A prova declarada ilícita pelo juiz será desentranhada dos autos e destruída). 12.2. A teoria da proporcionalidade (que permite a utilização da prova ilícita para inocentar)– foi criada na Alemanha e importada pelo STF. Nesse caso deve o juiz diante das contradições entre bens jurídicos tutelados constitucionalmente dar prevalência ao bem de maior importância naquele caso. Logo, o que justifica a referida teoria é que entre a formalidade na produção da prova e Status Libertates do réu, este último deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para absorver ou beneficiar o réu. 13. Ônus da prova – é uma incumbência conferida as partes as partes de demonstrar aquilo que alegaram ao longo do processo. Ao Ministério Público incumbirá o ônus de comprovar: A autoria; materialidade; dolo ou a culpa. A Defesa incumbirá: excludentes de ilicitude; de culpabilidade e causas de extinção de punibilidades. Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos Importante: O juiz não tem ônus probatório, já que este é inerente a atuação das partes, todavia o magistrado possui iniciativa probatória nas seguintes hipóteses: de ofício determinar a produção de prova para dirimir duvidas. 14. Prova Emprestada – é aquela produzida em um processo e transferida documentalmente para outro processo. Os requisitos são: as mesmas partes em ambos os processos; respeito ao contraditório (A prova que se pretende emprestar deve ter sido produzido sob o crivo do contraditório), não existe prova emprestada de inquérito para processo, por aquele ser inquisitivo e sem contraditório; deve ter respeito a disciplina legal da prova (lícita) e a prova deve versar sobre os mesmo fatos. Isso significa que a prova que se pretende emprestar é importante para demonstrar a verdade dos dois crimes praticados. Prova emprestada → Mesma partes → Mesmo fato probande → Contraditório no processo emprestante → Respeito a formalidade na produção 15. Procedimento probatório – 15.1. Propositura da prova – a acusação fará a sua propositura na petição inicial ou queixa crime e a defesa propor a prova na defesa preliminar. 15.2. Admissão da prova – será realizada pelo juiz (ou ele autoriza a produção da prova ou autoriza que a prova pré-constituida seja inserida nos autos). Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) Direito Processual Penal II João Xavier dos Santos 15.3. Produção - a prova será produzida na audiência de instrução e julgamento e será aberta ao contraditório. 15.4. Valoração – o juiz precisa valorar todas as provas no momento da sentença. 16. Sistema de valoração da Prova – 16.1. Sistema da Verdade judicial – (exceção) também conhecido com o sistema da intima convicção – o juiz teria ampla liberdade para decidir sem precisar motivar e pode se valer de tudo. Aplicado no tribunal do Júri (os jurados não precisam motivar nada). 16.2. Sistema da Verdade legislativa – (exceção) também conhecido como o sistema da prova tarifada – as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso ordenamento como exceção, no art. 158 do CPP. O legislador era quem determinada o peso, pré estabelece o peso, de cada prova e o magistrado funcionaria como mero matemático em razão dos limites que a lei impõe. Isso retira o juiz o senso crítico. (resquício 158 do CPP. ex: nos crimes que deixa vestígio a lei determina a realização de pericia. Para provar a tortura devefazer a pericia e mesmo que exista a confissão esta será descartada). 16.3. Sistema do livre convencimento motivado – (regra - Artigo 93, IX, da CF e artigo 155, CPP) também conhecido com o sistema da persuasão racional – por esse sistema o juiz tem ampla liberdade para decidir, podendo utilizar provas nominadas ou inominadas, desde que motive a sua decisão.
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