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ARTIGO O Marxismo e o Cristão

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O Marxismo e o Cristão 
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por 
meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos 
homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo 
Cristo” (Cl 2.8). 
 
Começando com uma questão 
Atualmente os países muçulmanos são o maior grupo de 
perseguição aos cristãos. Do ranking criado pela 
organização missionária Portas Abertas, quase 90% dos 
cinqüenta paises listados são muçulmanos. Eles estão 
presentes em todos os níveis desde perseguição severa 
até problemas ocasionais com a Igreja. 
Entretanto, o primeiro lugar não pertence a um país 
muçulmano. Pertence à Coréia do Norte, um país 
governado pela ideologia marxista. A nota conferida por 
Portas Abertas é de 82 pontos contra 68,5 do segundo 
colocado, a Arábia Saudita. Uma diferença considerável. 
Se lembrarmos que o país já foi testemunha de um grande 
avivamento, chegando Pyioniang, sua capital, a possuir 
13% de cristãos, nos perguntamos: O que aconteceu? 
Podemos entender a oposição muçulmana-cristã por tratar-
se de duas religiões conflitantes em seus fundamentos, 
com uma inimizade histórica que vai desde os seus 
primórdios. Mas como entender que os países onde o 
marxismo foi adotado como ideologia o cristianismo foi 
perseguido de uma forma tão perversa, intensa e 
diabólica? Como explicar que um homem educado como 
judeu e protestante criasse uma ideologia tão inimiga do 
cristianismo? O que disse ou escreveu Karl Marx que no 
fim resultou em 70 anos de perseguição serrada à Igreja e 
que persiste até os dias de hoje? 
 
O QUE NOS INTERESSA NO MARXISMO 
“Examinai tudo. Retendo o que for bom” (1 Ts 5.21) 
Não é definitivamente o marxismo político que nos importa 
aqui, mas o marxismo como ideologia, com seus conceitos 
sobre o homem, sobre Deus, sobre o mundo, sobre o 
futuro. Quem o conhece profundamente sabe que não é a 
questão de um mero partido político, de uma doutrina 
econômica, mas de uma cosmologia que influência toda a 
maneira de ver a vida. Não queremos falar dos aspectos 
econômicos ou políticos da doutrina de Marx. Queremos 
apenas analisar os pontos que levaram os países que 
adotaram sua ideologia a perseguir, torturar e odiar aos 
cristãos. 
Somos cristãos e temos por base as Escrituras Sagradas 
como revelação única e infalível dos propósitos de Deus. 
Ela é o crivo e o prumo com o qual medimos qualquer 
afirmação, principalmente se estas se propõe a responder 
questões vitais como aquelas com as quais o marxismo 
lida. Queremos expor um pouco de Marx e sua doutrina, 
analisando-a à luz da Palavra de Deus 
Para efeitos de compreensão estaremos usando os termos 
marxismo, comunismo e socialismo como intercambiáveis, 
reconhecendo que em uma literatura política eles possam 
apresentar nuances que os diferenciam. 
 
O homem Karl Marx 
O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o 
homem mau do seu mau tesouro tira coisas más. (Mateus 
12.35) 
(…) aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se 
me pegará. Um coração perverso se apartará de mim; não 
conhecerei o homem mau. (Salmo 101.3,4) 
Karl Marx seguiu o sinistro caminho de Lúcifer, tendo sido 
criado nas Sagrada Letras, primeiro como um judeu, depois 
como um protestante. Aos quinze anos ele escreveria: 
“Assim a história da humanidade nos ensina a necessidade 
de união com Cristo. Também quando consideramos a 
história dos indivíduos, e a natureza do homem, vemos 
imediatamente a centelha do divino em seu peito (…) A 
união dos crentes com Cristo pode vencer estes [desejos 
pecaminosos] e dar uma felicidade que um epicureu em 
sua filosofia simples e o pensador mais profundo nas 
profundezas de seu conhecimento procuram em vão, que 
somente alguém ligado incondicionalmente e infantilmente 
em Cristo pode saber e dirige-se a uma vida mais bela e 
elevada” (Karl Marx, Vida e Pensamento, Vozes) 
E então nos perguntamos: O que aconteceu com ele? Por 
que veio a tornar-se um ateu militante, um inimigo da fé 
cristã e desenvolver um sistema de pensamento que bania 
a Deus completamente? Em nome de suas teorias, 
sistemas políticos mataram, torturaram e perseguiram 
cristãos no mundo inteiro. Difícil conceber que todo este 
veneno tenha vertido de uma mente que um dia fora 
supostamente cristã. Porém, muito do conteúdo dos 
escritos de Marx e mesmo do subseqüente 
desenvolvimento de sua doutrina é um frasco contendo 
uma peçonha mortal para o cristianismo (Rm 3.13). 
Seria muito bom lermos alguns trechos de alguns poemas 
escritos por Marx já durante o tempo em que estudou na 
universidade de Berlim. 
Com desdém jogarei minha luva. Bem na cara do mundo e 
verei o colapso deste gigante pigmeu cuja queda não 
sufocará meu ardor. Então errarei divino e vitorioso. Pelas 
ruínas do mundo e dando uma força ativa às minhas 
palavras. Me sentirei igual ao Criador (ver Isaías 14) 
Eu sou tão cru como um deus e me encubro em trevas 
como ele. Ensino palavras que estão enredadas numa 
confusão diabólica e caótica. 
Há algo mais forte, porém. Uma estranha confissão, tirada 
de um poema seu intitulado “O Violinista”, mas tarde 
declamado por ele e por seus seguidores, cujo tom sinistro 
realmente espanta: 
Os vapores infernais elevam-se e enchem o meu cérebro 
Até que eu enlouqueça e meu coração seja totalmente 
ligado 
Vê está espada? 
O príncipe das trevas 
Vendeu-a pra mim. 
Entendemos rebeldia adolescente. A perda da fé na idade 
adulta não é incomum. A indiferença do adulto contrasta 
muitas vezes com a bela devoção infantil. Marx porém, 
como Nietzche, fez da maturidade uma guerra à fé 
adolescente. O sistema de pensamento por ele criado só 
poderia subsistir com a morte de Deus e de tudo o que o 
Cristianismo ensinava. 
Tendo sido cativo por treze anos em prisões comunistas, o 
pastor Romeno Richard Wumbrand escreveu sua famosa 
obra “Era Karl Marx um satanista?”. Ele lança a pergunta 
como tese, não como afirmação indubitável. Mas ele 
propõe muitas questões que procuram mostrar 
características estranhas de Marx, sua doutrina e os efeitos 
dela decorrentes, que vai muito além daquilo que seria 
esperado de uma filosofia. 
Não queremos fazer um ataque pessoal irresponsável, pois 
sabemos da importância histórica de Marx. Existem 
testemunhos favoráveis a seu respeito. Mas este 
testemunho pertenceu a alguém que o conheceu já na 
idade madura e nos dá um quadro um tanto sinistro de sua 
pessoa: 
“A impressão que ele me causou foi de alguém que 
possuía uma rara superioridade intelectual e ele era 
evidentemente um homem de uma personalidade 
excepcional. Se seu coração se igualasse ao seu intelecto, 
se ele possuísse tanto amor quanto possui ódio, eu 
atravessaria o fogo por ele (…) Mas é de se lamentar (…) 
que este homem com seu intelecto esplêndido não tivesse 
nobreza de alma. Estou convicto de que uma ambição 
pessoal perigosíssima consumiu todo o bem nele. Ele ri 
dos tolos que papagueiam seu catecismo proletários como 
ele ri dos comunistas e dos burgueses. As únicas pessoas 
que ele respeita são os aristocratas genuínos (…) A fim de 
evitar que eles governem, ele precisa de sua própria fonte 
de força que ele só pode encontrar no proletariado (…) 
Apesar de todas as suas garantias em contrário, a 
dominação pessoal era o objetivos de todos os seus 
esforços” (Testemunho pessoal de um tenente prussiano) 
(David McLellan op. Cit) 
 
O Marxismo hoje 
 
A queda do muro de Berlim foi um símbolo histórico da 
queda do comunismo. A dicotomia mundial capitalismo-
socialismo representada de modo tão vivo na divisão da 
cidadede Berlim chegava ao fim. O que viria depois era só 
conseqüência. A história mundial não caminhou na direção 
apontada por Marx, pois dizia que o socialismo e o 
comunismo faziam parte de um processo normal da 
evolução histórica da humanidade. Foi um duro golpe para 
uma ideologia que em setenta anos influenciara de forma 
ampla o pensamento de uma boa parte da comunidade das 
nações. 
A atual declaração de um presidente “Pátria, socialismo ou 
morte” demonstra contudo que o marxismo não é um 
defunto consumido pela terra. Sua força espalhou-se por 
todo o mundo, mesmo nos lugares onde ele era condenado 
e criou raízes profundas no pensamento e na vida prática 
das pessoas. Sofreu transformações como qualquer outra 
ideologia, mas até mesmo o cristianismo foi por ele 
influenciado como é patente na Teologia da Libertação e no 
CMI. 
O marxismo tem o vigor de um a religião e por isso ainda 
possui adeptos em várias camadas da sociedade, de 
humildes camponeses até intelectuais acadêmicos, de 
operários a estadistas. Assim como os que acreditam nas 
teorias da reencarnação e karma não precisam estar 
ligados à alguma religião, os que acreditam nas idéias 
marxistas não precisam estar em um partido político 
comunista ou afim. 
O marxismo é o que se pode chamar de uma cosmologia, 
um sistema que procurava explicar totalmente a existência 
à sua volta, dando-lhe um sentido racional. E esta 
cosmologia, em diversos pontos, entra em choque direto 
com as Escrituras Sagradas. Reclama sua autoridade de 
supostas “leis de História” e exige uma aceitação 
incondicional de seu credo. 
Por causa disto, não se pode dizer que o marxismo está 
morto. Suas idéias ainda são centrais para muitos partidos 
políticos, no mundo acadêmico e sem dúvida alguma Marx 
é citado em discussões e debate sobre diversos temas. 
Basta olhar na Web, em sites como vermelho.org / 
marxistas.org e domínio público.gov.br e ver que seus 
livros são recomendados e seu pensamento é claramente 
defendido. Quem acha que a devoção por Marx e suas 
teoria chegou ao fim basta ainda olhar o site recém lançado 
Marxismo Revolucionário Atual.(www.mra.org.br). Não será 
preciso dizer mais nada. 
 
MARXISMO E ATEÍSMO 
“Diz o néscio no seu coração: Não há Deus” (Salmo 14.1) 
Marx não era apenas um ateu. Era inimigo do cristianismo. 
Ele não deixou a religião de lado, colocou-se contra ela. 
Uma coisa é não acreditar que Deus exista. Outra coisa é 
lutar por tirar do coração das pessoas a confiança nesse 
Deus. Ele adquiriu todo seu arsenal anti Deus com o falso 
teólogo Bruno Bauer e o filósofo Feuerbach. Deles se 
escreveu em seus tempos de estudante 
“O ateísmo de Marx certamente era de uma espécie 
extremamente militante. Ruge escreveu a um amigo: 
“Bruno Bauer, Karl Marx, Christiansen e Feuerbach estão 
formando uma nova “Montagne”(grupo mais radical da 
Revolução Francesa) e fazendo do ateísmo o seu lema. 
Deus, religião, imortalidade são derrubados de seu trono e 
o homem proclamado Deus. E George Jung, um jovem 
próspero advogado de Colônia e partidário do movimento 
radical, escreveu a Ruge: “Se Marx, Bruno Bauer e 
Feuerbach juntos fundarem uma revista teológico-filosófica, 
Deus faria bem em cercar-se de todos os seus anjos e se 
entregar à autopiedade, pois estes certamente o tirarão de 
seu céu…” (Karl Marx, Vida e Pensamento, David 
McLellan, Vozes, p. 54). 
Não são as idéias políticas que nos preocupam, mas toda a 
ideologia acessória que a acompanhou. Todos os governos 
estabelecidos com base no marxismo, tivessem eles o 
nome de comunismo, socialismo ou outro qualquer, foram 
inimigos implacáveis da religião. Em sua dissertação de 
doutorado ele escreveria que a filosofia verdadeira tinha um 
ódio a todos os deuses que era “ seu próprio lema contra 
todos os deuses do céu e da terra que não reconhecem a 
autoconsciência do homem como a mais alta divindade. 
Não deverá haver nenhum outro deus além dela” (Karl 
Marx, Vida e Pensamento, David McLellan, Vozes, p. 49). 
Sua famosa frase de que a religião era o ópio do povo é 
suficiente para sintetizar sua posição sobre a mesma e de 
todos que de alguma forma o seguiram. As cruéis mortes e 
torturas sofridas pelos cristãos não passava de “guerra ao 
ópio”. 
“Posso entender”, escreveu um pastor que passou anos 
sendo torturado por sua fé, “Posso entender que os 
comunistas prendam padres e pastores como contra-
revolucionários. Mas por que os padres foram forçados a 
dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão romena 
de Piteshti ? Por que cristãos foram torturados para 
tomarem a comunhão com esses mesmos elementos ? Por 
que a obscena zombaria da religião ?” (Era Karl Marx um 
satanista ?, p. 47). Sim, por quê? 
Por que após a Revolução Russa de 1917 baseada no 
marxismo mulheres cristãs recebiam 10 anos de prisão por 
causa de sua fé e prostitutas recebiam apenas 3 anos? Isto 
aconteceria se a doutrina marxista fosse apenas de 
ideologia política e econômica? 
É muito fácil derivar o ódio ao cristianismo e às religiões em 
geral dos escritos de Karl Marx e Friederich Engels. Não é 
à toa que a sua obra mais famosa, verdadeiro texto-marco 
da história do comunismo contenha esta assustadora 
afirmação “O que porém pretende o comunismo é suprimir 
estas verdades eternas e extirpar a religião e a moral ao 
invés de lhe dar forma nova” (Manifesto do Partido 
Comunista, Marx/Engels, Universidade Popular, Global 
Editora, 1986, 6ª edição, p.35). A aplicação prática desse 
pensamento os mártires dos países comunistas e suas 
famílias conhecem muito bem. 
 
MARXISMO E A TEORIA DA EVOLUÇÃO 
“Após Ter lido A Origem das Espécies, de Charles Darwin, 
Marx escreveu uma carta ao seu amigo Lassalle na qual 
exulta porque Deus – ao menos nas ciências naturais – 
recebeu o golpe de misericórdia” (Marx e Engels, Diltz publ. 
Berlim 1972, vol 30 p. 578). A criação era um empecilho 
para o pensamento marxista, uma vez que o seu 
“materialismo dialético” não pode sobreviver diante de um 
Deus e uma dimensão espiritual no universo. 
Em sua própria formulação da história, Marx estabelece 
uma espécie de “evolução dos meios de produção”, 
seguindo uma ordem de Modo de produção da sociedade 
primitiva (coletivista) – Asiático – Escravista – Feudalismo – 
Capitalismo – Socialismo e Comunismo, sendo este último 
o grau mais avançado na escala de evolução. 
Frederick Engels, que juntamente com Marx formulou toda 
a ideologia escreveu um livro intitulado “Sobre o Papel do 
Trabalho na Transformação do macaco em homem”. Este 
livro é uma aplicação direta das teorias de Darwin às 
teorias sobre o trabalho desenvolvidas pelo Marxismo. No 
discurso da morte de Marx, Engels diria que “assim como 
Darwin descobriu a lei da evolução da natureza orgânica, 
Marx descobriu a lei da evolução da História humana”. 
Mesmo que Karl Marx tenha posteriormente criticado o 
darwinismo, este era um elemento essencial na sua 
doutrina. O homem não precisava mais de um Criador. 
Bastava milhões de anos para que compostos inorgânicos 
dessem origem ao ser humano. Os que mais tarde 
abraçariam o comunismo como o destino glorioso do 
mundo não hesitaria em assassinar milhares de pessoas 
que nada mais eram do que animais sofisticados. Sacrificar 
uma geração em favor das gerações futuras soava como 
algo altamente coerente. 
 
MARXISMO E SEUS ATAQUES AOS FUNDAMENTOS 
DO CRISTIANISMO 
 
porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram 
como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus 
discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se 
obscureceu. Dizendo-se sábios,tornaram-se loucos. (Rm 
1.21-22) 
Sabemos que o ataque do comunismo não é exclusivo ao 
cristianismo mas a qualquer forma de religião, da mesma 
forma que se diz do “homem da iniqüidade” que ele se 
levantaria “contra tudo o que se chama Deus ou se adora” 
(2 Ts 2.4). “O nazismo odiava o Deus de Abraão; o 
comunismo odiava todo tipo de deus, principalmente 
aquele Deus”, escreveu Alain Besançon. Por ter nascido no 
seio do cristianismo e por ter se propagado em países onde 
este era maioria, os cristãos do mundo inteiro foram vítimas 
dessa ideologia. É bom ressaltar que não houve na História 
do século XX um único país que tenha adotado o marxismo 
e não tenha de alguma forma perseguido a Igreja. Por quê? 
Deus, salvação, pecado, espírito eram conceitos negados 
por Marx e seus seguidores. Só existe a matéria e tudo o 
mais além disso eram invenções das classes dominantes 
para manter sua supremacia. Envenenado pelo ateísmo de 
seu tempo sua doutrina não se ateve apenas às questões 
políticas e econômicas. Para chegar a estas teve que 
formular uma concepção do mundo e da História que 
suplantasse o próprio Cristianismo e a história da salvação. 
Sua teoria filosófica era superior a tudo o que houve antes. 
O cristianismo não passava de uma ilusão criada pelas 
condições econômicas, um inimigo a ser vencido. 
E Marx não aceitava concorrência. Assim escreveu Robert 
Heilbroner em sua História do Pensamento Econômico. 
“Ele era o homem mais intolerante, mais briguento do 
mundo e desde o começo demonstrou-se incapaz de 
pensar que alguém que não seguisse sua linha de 
raciocínio poderia estar certo”. De uma certa forma os 
conceitos cristãos negados foram de alguma forma 
substituídos filosófica ou psicologicamente. Mas o sistema 
marxista nunca co-existiu pacificamente com o 
Cristianismo. Ou ele tentou destruí-lo ou transformá-lo, 
como ocorreu com a Teologia da Libertação, que nada 
mais foi do que um “Evangelho Segundo Marx”. 
O problema do homem não era o pecado e sim sua 
condição social. A redenção não viria pela cruz, mas pela 
mudança da sociedade, pela do modo de produção do 
capitalismo para o socialismo e depois pelo comunismo. O 
conceito de um Deus pessoal que chegou até nós através 
da revelação judaico-cristã foi substituído pelo termo vago 
“Natureza” e depois “História”. Havia sim um futuro 
escatológico glorioso mas que não era o resultado de uma 
intervenção divina de qualquer natureza e sim do próprio 
processo histórico sendo o estágio de comunismo 
inevitável. 
Para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das 
mais imorais que existe” (Karl Marx, Vida e Pensamento, 
David McLellan, Vozes, p. 54). Como pois conciliar 
cristianismo e marxismo? Como pois acreditar em um 
convivência pacífica entre ambos? Andarão dois juntos se 
não estiverem de acordo (Am 3.3)? Eis a gênese pessoal 
daquilo que viria a se transformar em ódio estatal !! 
 
MARXISMO E SUA DEVOÇÃO À HISTÓRIA 
 
Ele muda os tempos e as estações; Ele remove os reis e 
estabelece os reis; é Ele quem dá a sabedoria aos sábios e 
o entendimento aos entendidos (Daniel 2.21) 
Todo homem tem um deus. Rejeitar o Deus da Bíblia levará 
o homem à busca de um substituto. Friederich Nietzsche, o 
filósofo da morte de Deus, substituiu-o pelo que ele 
chamou de “super-homem”. Alestier Crowley, revoltado 
com o puritanismo de sua infância voltou-se para os 
deuses pagãos. O marxismo fez da História o seu deus. 
Nela ele justificou muito dos seus crimes e fundamentou 
suas opiniões. “A História estava a seu favor” diziam os 
comunistas. 
Mesmo ateus confessos como o jornalista Janer Cristaldo 
foi explícito em demonstrar este aspecto “religioso da 
História” pertinente à doutrina marxista-comunista. Ele 
escreveu em seu artigo “Nós,os imorais” 
Não poucos articulistas trabalham com a falsa hipótese de 
que os comunistas são ateus. Nunca foram. Apenas 
trocaram o deus cristão por um outro. No caso, uma deusa, 
a História. Essa deusa teve uma encarnação humana, 
Stalin. Tanto que, em 1953, havia comunistas que não 
acreditavam em sua morte, afinal um deus não pode 
morrer. A fé absoluta na doutrina marxista era tal que um 
comunista sempre olhava com piedade para quem quer 
que dele discordasse: o coitado nada entendia do mundo. 
A Parusia proletária era dada como inelutável e a 
humanidade toda caminhava rumo ao comunismo. 
Ao dizer que Marx havia descoberto “as leis de evolução da 
história humana” Engels estava sancionando um dos 
elementos principais da ideologia por eles criada. Já que 
não havia um Deus para sancionar suas opiniões e não 
podendo alegar algum tipo de “revelação” transcendente, 
eles procuraram justificar sua autoridade apelando para a 
História. Esta segundo eles possuía leis fixas e inexoráveis. 
Por conhecerem estas leis eles podiam tranqüilamente 
proferir o que Karl Popper chamou de “profecias históricas”, 
isto é, a previsão do futuro baseado nestas supostas leis. 
Popper denunciou esta distorção em uma conferencia de 
filosofia realizada em 1948 
“A revolução naturalista (…) contra Deus substituiu o nome 
de Deus pelo termo Natureza (…) Hegel e Marx, por sua 
vez, substituíram a deusa Natura pela deusa História (…) 
As ofensas contra Deus foram substituídas pelos atos de 
‘criminosos que resistem em vão à marcha da História’ ”. 
Ao invés do Deus pessoal que “muda os tempos e as 
estações”; e “remove os reis e estabelece os reis;” (Dn 
2.21), Marx optou por conferir à História o domínio sobre 
todos os acontecimentos. Em sua adolescência ele já havia 
descrito a história como mestra das ciências. Ele agora se 
curvava perante ela e a tornava senhora de todos os 
destinos do mundo, seja lá o que se pessoa definir como 
História em seu pensamento. 
Como todo bom pensador do século XIX, o conhecimento 
científico era o crivo, era o fundamento de todo 
conhecimento. Desdenhando os socialismos anteriores 
como sendo utópicos, Engel classificou o seu como 
“científico”. Isto lhe dava um certificado de verdade, como 
fizera o espiritismo e outras formas de pensamento. Sua 
base eram as ciências sociais e históricas às quais ele 
queria conferir uma precisão igual às das ciências exatas. 
Embora a “Miséria do Historicismo” de Karl Popper seja 
todo ele um estudo de grande valor nesta questão, um 
trecho resume bem o pensamento que está por trás dessa 
ideologia 
A idéia de que deveria ser possível prever revoluções como 
se podem prever eclipses (…) é o fundamento do 
historicismo: o ponto de vista de que a evolução da 
humanidade segue um enredo e que se conseguirmos 
descobri-lo, teremos uma chave para nosso futuro. 
O impacto desta visão foi bastante forte. Funcionou para 
Marx quase como um oráculo. Quando morou na Inglaterra 
ele passou vários anos prevendo uma crise no capitalismo 
que nunca chegava. Marcou diversas datas, até que depois 
de diversos logros de fato aconteceu. Seus seguidores 
conclamavam que o capitalismo era um moribundo e que 
em breve a revolução proletária atingiria o mundo todo. 
Tentar evitar isso era querer parar a roda da História, tal a 
inevitabilidade do processo. 
Ao invés de reconhecer um Deus em cuja mão estão todas 
as coisas, Marx preferiu uma deusa que o frustrou 
completamente. Hoje, quase 200 anos depois, suas 
previsões soam como vã utopia. A classe operária está 
muito longe de ser o grupo místico imaginado por ele e as 
condições históricas estão longe de endossar suas 
previsões. Suas ácidas críticas talvez continuem em alta. 
Mas suas esperanças não passaram de mera ilusão. 
 
Prelúdio para a segunda parteO comunismo não queria apenas extinguir o cristianismo. 
Queria substituí-lo, tomar para si o papel de redentor da 
humanidade. Não poucos pensadores perceberam essa 
proximidade entre marxismo e religião. Mais do que uma 
filosofia, ele é uma crença baseada na capacidade do 
homem em resolver todos os seus problemas e na História 
como uma lei inexorável que sanciona o comunismo como 
sistema mundial. 
Até aqui pudemos ver sua tentativa de extinguir a fé teísta 
e cristã dos corações. Ainda nos resta ver suas propostas 
ousadas, sua tentativa de colocar-se como a panacéia 
universal que há de trazer felicidade eterna. Quem pensa 
que sabe o que verdadeiramente o marxismo/comunismo 
deve continuar acompanhando a segunda parte dessa 
matéria. 
 
PROLETARIADO – A IGREJA DE MARX 
Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador. 
(Isaías 43.11) 
A luta de classes era para Marx o ponto central da História. 
Senhores e escravos, camponeses e nobres, burgueses e 
proletários. Para ele estes últimos eram mais do que uma 
simples classe social. Eles eram a representação concreta 
de um grupo especial que havia de ser o grande 
instrumento para redenção do mundo. Assim como no 
Antigo Testamento Israel era o povo eleito para levar os 
propósitos de Deus adiante e no Novo Testamento a Igreja 
era o “Corpo de Cristo” que recebera dele sua missão, os 
proletários eram o grande fenômeno histórico para efetivar 
as previsões do comunismo. 
Ao lermos sua descrição sobre o proletariado é fácil 
perceber que ele lhe conferiu um papel quase místico. 
Cercou-o de uma auréola de perfeição e atribuiu-lhe um 
papel redentor que lembra em muito o servo sofredor do 
livro de Isaías, cuja hermenêutica judaica sempre 
identificou com Israel: 
“…na formação de uma classe com vínculos radicais, uma 
classe na sociedade civil, a formação de um grupo social 
que é a dissolução de todos os grupos sociais, a formação 
de uma esfera que tem caráter universal por causa de seus 
sofrimentos universais e não alega nenhum direito 
particular, porque é o objeto de nenhuma injustiça particular 
mas de uma injustiça geral. Esta classe não pode mais 
alegar um status histórico mas apenas humano. Ela não 
está em oposição unilateral às conseqüências do regime 
político alemão; está em oposição total aos seus 
pressupostos. É finalmente um esfera que não pode 
emancipar-se a si mesma sem se emancipar de todas as 
outras esferas da sociedade e assim emancipar estas 
mesmas outras esferas. Numa palavra, é a perda completa 
de humanidade e isso só pode ser recuperado por uma 
redenção completa da humanidade. Esta dissolução da 
sociedade, como uma classe particular, é o proletariado” 
Karl Marx, Vida e Pensamento, David MacLellan, Vozes, p. 
110). 
O teólogo católico Jacques Doyon que em seu livro 
“Cristologia para o nosso tempo” percebeu esse atributo 
redentor atribuído por Marx à classe operária. Ele escreveu 
O agente desta liberdade, o “Messias” libertador, sempre 
conforme Marx, é o trabalhador mesmo, tornando-se 
consciente do seu estado de alienação e não contando 
senão consigo mesmo para se libertar. E isso não se 
conseguirá a não ser pela ação violenta, que rompe com 
uma ordem social desumana para a substituir por uma 
sociedade comunista, onde não existe diferença entre as 
classes sociais, mas onde todos serão uns para com os 
outros, irmãos e camaradas (…) em lugar do Messias 
divino, o redentor, conforme Marx é o proletariado. 
Ainda Alain Besançon comenta sobre este fato: 
Esta ideologia propõe um mediador e um redentor. O 
“proletariado”, o “explorado”, aquele que não tem nada, vai 
abrir ao mundo a porta da libertação. Ele é para as outras 
classes o que Israel é para as nações, o que o 
“remanescente de Israel” é para Israel. Ele é o servo do 
Senhor de Isaías que sofre e é o Cristo. Ele é o fruto da 
história naturalizada como o outro é da sagrada. 
Havendo rejeitado Deus, havendo rejeitado a Igreja e por 
fim, havendo rejeitado a Cristo, Marx precisava de um outro 
redentor. Para ele “os princípios sociais do cristianismo são 
encobertos e hipócritas enquanto o proletariado é 
revolucionário” (David Mclellan, op. Cit). Sua esperança 
estava neste grupo ou pelo menos assim ele dizia. Seu 
deus era uma classe social capaz de transformar o mundo. 
Para ele valem as palavras de Jeremias “Assim diz o 
Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da 
carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” (Jr 
17.5). 
 
O MARXISMO E A REDENÇÃO DO UNIVERSO 
Os filósofos têm interpretado o mundo de várias maneiras. 
O que importa é mudá-lo 
Karl Marx 
Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não 
haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se 
recordarão. (Is 65.17) 
A frase de Karl Marx em epígrafe é sem dúvida muito 
bonita. Na verdade possui um conteúdo ideológico tão 
grandioso que incendiou o mundo. Toda uma geração 
sacrificou seus melhores anos por este “evangelho”. Os 
jovens queriam ser os transformadores do seu tempo, pois 
agora conheciam a receita. Basta lembrar o Exército 
Vermelho de Mao Tse Tung na revolução cultural de 1959 . 
Jovens seguiam matando intelectuais e burgueses crendo 
que através disto estariam destruindo a velha ordem e 
implantando a nova. No Camboja, onde não havia armas 
de fogo suficiente, a carnificina era feita com facas, 
machados e porretes. 
Não entendiam isto como um crime, mas como o caminho 
mais curto e necessário para “mudar o mundo”, que não 
aceitava as proposições de sua doutrina. Não estamos 
falando de especulações e sim de História real e bem 
documentada. 
A beleza de uma frase nem sempre é proporcional à sua 
verdade. A retórica pode empolgar, mas isto não significa 
que sempre conduzirá pelo caminho mais correto. Não há 
nada errado em querer melhorar as condições de vidas das 
pessoas e lutar por uma situação mais digna. O 
comunismo, porém falava em redenção em sentido mais 
amplo, cosmológico em seu alcance. 
A pergunta é: Pode o comunismo/marxismo ou qualquer 
outra doutrina transformar o mundo? Em que sentido? Até 
que ponto? As pretensões de Marx iam muito além de 
meras pretensões políticas, econômicas ou sociais mas 
avançavam a um grau que poderíamos descrever como 
religioso, redentor, salvador. 
O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada 
e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a 
reapropriação real da essência humana pelo e para o 
homem… É a solução genuína do antagonismo entre 
homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a 
solução verdadeira da luta entre existência e essência, 
entre objetivação e auto-afirmação, entre liberdade e 
necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do 
enigma da história e sabe que há de ser esta solução” (Karl 
Marx, Vida e Pensamento, David MacLellan, Vozes, p. 
133). 
Em seu famoso Manifesto Comunista, editado juntamente 
com Friederich Engels ele afirmou utopicamente, sobre a 
implantação do Comunismo no mundo: 
“Na proporção em que a exploração de um indivíduo por 
outro termina, a exploração de uma nação por outra 
também terminará. Na proporção em que o antagonismo 
entre classes dentro da nação desaparece, a hostilidade de 
uma nação por outra terminará” 
Quem não percebe nessa afirmação uma tentativa de 
concretizar a promessa bíblica de paz universal profetizada 
em Isaías 2.4? “E ele julgará entre as nações, e 
repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas 
espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; 
uma nação não levantará espada contra outra nação, nem 
aprenderão maisa guerra”. O marxismo é a religião do 
homem, não apenas se auto redimindo como nos sistemas 
religiosos em geral mas redimindo tudo: o homem, as 
relações entre os homens, a relação entre o homem e a 
natureza. 
Sim, o universo precisa de uma transformação, de uma 
redenção. Sabemos que o pecado a tudo contaminou, a 
tudo corrompeu e degenerou. Mas o caminho verdadeiro 
da redenção não vem através de alguma filosofia, ideologia 
ou ação humana, mas através da ação divina que passa 
pela cruz e irrompe na ressurreição. Em Romanos 8.19 –23 
Porque a criação aguarda com ardente expectativa a 
revelação dos filhos de Deus. Porquanto a criação ficou 
sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa 
daquele que a sujeitou, na esperança de que também a 
própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, 
para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque 
sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está 
com dores de parto até agora; e não só ela, mas até nós, 
que temos as primícias do Espírito, também gememos em 
nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a 
redenção do nosso corpo. 
O Novo Testamento prega uma redenção aguardada, 
iniciada na cruz e concretizada no Cristo ressuscitado e 
que se efetivará universalmente no futuro. Tudo isso 
através do poder de Deus e não como fruto de qualquer 
ação humana. Karl Marx queria rivalizar com a revelação 
bíblica através de sua cosmologia. Como um deus ele 
desejava transformar o mundo sim, mas à imagem e 
semelhança daquilo que foi idealizado por ele, à parte do 
Deus redentor. 
Quem acredita que os acontecimentos do final da década 
de 80 puseram um fim em todas as pretensões comunistas 
se engana, pois sua força vai muita além do que propostas 
políticas. O Curso Inicial de Comunismo Científico, foi 
editado em 1985, em Cuba, pelo Partido Comunista 
Cubano, através da “Editorial de Ciências Sociales La 
Habana”. Um calhamaço de 369 páginas, cópia de um 
velho manual do Partido Comunista da União Soviética. 
Como vemos foi utilizado não quando o 
comunismo/marxismo se encontrava no auge mas quanto 
em todo o mundo a estrutura criada ao seu redor já 
apresentava graves sinais de deterioração. Percebemos 
pelo texto abaixo não a força de uma filosofia mas algo tão 
intenso quanto uma religião, inspirando em seus 
seguidores uma fé de fazer inveja às grandes religiões 
mundiais e mesmo à muitas religiões de cunho missionário: 
“A classe operária soviética em aliança com o campesinato 
e sob a direção do Partido Comunista, construiu o 
socialismo desenvolvido e realiza atualmente a construção 
do comunismo (…) Os ganhos do socialismo são grandes e 
reconhecidos em todo o mundo. O comunismo abre 
perspectivas ainda maiores, pois é a fase superior da nova 
sociedade. O comunismo garantirá aos povos da Terra a 
paz eterna, e os homens serão libertados para sempre da 
intranqüilidade por seu futuro e o de seus filhos. O 
comunismo confirmará o Reino do Trabalho na Terra, fará 
o trabalho livre e criador para todos e o converterá na 
primeira necessidade vital do homem e em fonte de sua 
alegria e inspiração. O comunismo criará o verdadeiro 
Reino da Liberdade do homem como trabalhador, como ser 
social, como criador e pensador, possuidor das poderosas 
forças sociais e da natureza. O comunismo garantirá a 
Igualdade e Fraternidade entre todos os homens, já que 
todos serão trabalhadores que se desempenharão 
plenamente de acordo com suas capacidades, e na mesma 
medida serão satisfeitas suas necessidades. O homem 
será outro, companheiro e irmão no mais elevado sentido 
da palavra. O comunismo levará a todos os homens a 
verdadeira Felicidade, a confiança no belo futuro e a 
trabalhar criativamente para que seja de grande utilidade à 
humanidade e a si mesmo, e dará a possibilidade de 
aperfeiçoar infinitamente suas qualidades físicas e 
intelectuais. O comunismo é o futuro luminoso de toda a 
humanidade”. 
É difícil ler estas palavras sem reconhecer nelas um 
sentido religioso, redentor e mesmo profético. Marx não as 
escreveu é verdade. Nem mesmo matou uma única pessoa 
por causa daquilo que acreditava ser verdade. Este texto 
todavia não está muito longe de outros textos de sua 
autoria já demonstrados. É fácil traçar paralelos entre as 
proposições de Marx e aquelas originadas à parir de seus 
escritos. Se “pelos seus frutos os conhecereis” como disse 
Jesus então conhecemos muito bem o autor de O Capital. 
“A salvação marxista-leninista é otimista. Ela é comparável 
à salvação anunciada pela profecia bíblica. Seu objetivo é 
superar a natureza como ela é, o homem como ele é; 
chegar a um tempo messiânico de paz e justiça, em que o 
lobo conviva com o cordeiro, em que as disciplinas e 
frustrações do casamento, da família, da propriedade, do 
direito, da penúria sejam abolidas. Finalmente é a própria 
morte que é vencida: houve devaneios sobre esse tema no 
começo da revolução bolchevique, alimentados por certo 
Fedorov, um quimérico da ressurreição científica dos 
corpos e da imortalidade. O “ homem novo”, produto do 
socialismo, é um tipo de corpo gloriosos tal como a profecia 
bíblica entrevê. E a sua salvação está nas mãos do 
homem. Ela é obtida por meios políticos”. (A infelicidade do 
século, Alain Besançon, Bertrand Brasil, 2000, RJ) 
Produzir o homem novo tem sido uma das propostas do 
socialismo. Che Guevara, o ícone do comunismo mundial 
muitas vezes se utilizou desta expressão como o ideal a 
ser alcançado. Fazer o resgate do homem que se encontra 
“perdido” em sua condição social e torna-lo outro. Auto-
redenção, mas não só ao nível pessoal e sim global através 
da mudança da estrutura que rodeia o homem. É uma 
forma de auto-salvação também “Nenhum deles de modo 
algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate 
dele. (Pois a redenção da sua alma é caríssima, e cessará 
para sempre), (Sl 49.7,8) 
O pensamento marxista (…) propõe o caminho para atingir 
uma verdadeira existência humana e nesse sentido projeta 
a formação de um homem novo, um indivíduo superior, 
plenamente antecipado e desenvolvido multifacetalmente 
em todos os seus aspectos, isto é, aperfeiçoado espiritual, 
moral, físico e esteticamente. (El marxismo y la formación 
del hombre nuevo, Dra. Yolanda Corujo Vallejo, Profesora 
Titular. Universidad de Oriente. Santiago de Cuba) 
Onde quer o marxismo se manifeste este intenção de criar 
o novo homem está presente. O que seria este “novo 
homem” é difícil de dizer, pois é uma noção muito 
imprecisa dentro do conceito comunista. 
FAR-SE-Á intensa difusão da teoria socialista firmada no 
materialismo dialético, a fim de enraizar a cultura avançada 
entre as massas e consolidar o sistema do socialismo 
científico. A luta constante contra a ideologia burguesa, 
individualista e mesquinha, é fundamental para forjar 
culturalmente o novo homem e tornar definitivamente 
vitoriosos os ideais do proletariado revolucionário. 
(Programa de um partido comunista) 
(http://www.vermelho.org.br/pcdob/programa/default.asp) 
Contudo, sabemos muito bem que ela foi tomada do 
próprio Novo Testamento, uma expressão cristã a qual o 
comunismo sempre procurou roubar. Isto porque o novo 
homem, seja no sentido individual, seja no sentido coletivo 
já foi criado, quando Cristo morreu na cruz e formou uma 
nova humanidade a partir da união de judeus e gentios que 
crêem em Nele. 
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez 
um; e, derrubando a parede de separação que estava no 
meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos 
mandamentos, que consistia em ordenanças,para criar em 
si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela 
cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando 
com ela as inimizades.(Ef 2.14-16) 
Ou ainda podemos citar 2 Coríntios 5.17 
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as 
coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 
 
O MILENARISMO 
O que é milenarismo? Não falamos aqui simplesmente da 
crença de um reinado literal de Cristo sobre a terra por mil 
anos, conforme descrito em Apocalipse 20.1-6. Esta 
fundamenta-se em uma ação divina trazendo o Reino de 
Deus para os homens. Falamos do milenarismo como um 
sistema humano perfeito, implantado na terra pelo desejo e 
ação humanos. Hitler dizia que o Terceiro Reich iria durar 
mil anos. O comunismo, como vimos, mantinha esta 
mesma esperança. O problema é quando o homem se 
acha capaz de fazer o que só Deus pode fazer. 
O milenarismo está para a Vinda do Reino de Deus, assim 
como a auto-salvação está para a graça. No primeiro caso 
o homem é seu próprio salvador enquanto no segundo 
caso é Deus o agente. No caso do marxismo Deus foi 
completamente expulso de qualquer participação do mundo 
vindouro. No seu lugar o agente de transformação é o 
proletariado, é a História, é o próprio homem. Ao invés da 
salvação de Deus, uma salvação humana é pregada e 
ações são tomadas contra aqueles que se opõe. 
A idéia do futuro, Marx a toma do passado. Ele ensinava 
que o relacionamento dos homens entre si e dos homens 
com a natureza fora perfeito algum dia. Era o que ele 
chamava de “comuna primitiva”. Este era o seu Éden, seu 
paraíso perdido que fora perdido pela maior pecado que 
existe, segundo o marxismo – a propriedade privada. “Por 
que a infância da sociedade humana, onde ela atingiu o 
seu mais belo desenvolvimento, não exerceria um atrativo 
eterno como uma idade que nunca voltará?” (David 
MacLellan, op. Cit. ) Era este estágio inicial a base para o 
glorioso futuro do mundo sob o comunismo. Como disse 
Besançon No momento inicial era a comuna primitiva; no 
momento final será o comunismo, e hoje é o momento de 
luta entre os dois princípios. (Op. Cit.). Uma imitação 
humana das bases da Teologia Bíblica. 
Alguém resumiu a salvação messiânica-marxista em quatro 
pontos, que fornecem uma boa compreensão do que seja o 
milenarismo comunista: (I) a humanidade pecadora não 
será salva por Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por ela 
mesma; (II) o método para alcançar a redenção consiste 
em matar ou pelo menos subjugar todos os maus, isto é, os 
ricos; (III) os pobres são inocentes e puros, mas não 
entendem seu lugar no projeto da salvação e por isso têm 
de colocar-se sob as ordens de uma elite dirigente, os 
“santos”; (IV) o morticínio redentor gerará não somente a 
melhor distribuição das riquezas, mas a eliminação do mal 
e do pecado, o advento de uma nova humanidade 
Todavia, a salvação, seja a nível pessoal, coletivo ou 
cósmico, é e será um ato do Deus Criador. É esta redenção 
que aguardamos. 
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam 
apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos 
do refrigério pela presença do Senhor, E envie ele a Jesus 
Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o 
céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos 
quais Deus falou pela boca de todos os seus santos 
profetas, desde o princípio.(At 3,19-21) 
Não podemos de modo algum acreditar que algum tipo de 
“Reino de Deus” possa ser levado a efeito pelo homem, por 
mais belas que possam parecer estas aspirações. 
Desejamos sim a redenção. Nossa e do universo. Mas esta 
só será possível pela graça e poder de Deus. 
O conceito de progresso, entendido no sentido de uma 
transformação em profundidade do ser humano, sob a ação 
da história ou de uma vontade político-histórica, não pode 
ser aceito, pois ele faz depender da ação política uma 
transformação que , segundo a Bíblia, só se deve a graça 
divina. Quando o que só é possível pela graça divina se 
torna o objetivo da ação humana, esta visa realizar o 
impossível. (Alain Besançon, Op. Cit) 
 
MARXISMO E DEVOÇÃO RELIGIOSA 
O meu Santo dos Santos foi feito em pedaços e novos 
deuses tiveram que ser instalados 
Karl Marx, 10 de Novembro de 1837 
Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me 
deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram 
cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas (Jr 2.13) 
Entre outros autores, Vilfredo Pareto há muito tempo, em 
uma de suas mais desconhecidas e importantes obras, Les 
Systemes Socialistes (Giard, 1926, principalmente vol II, p. 
332 em diante), revelou de maneira enérgica o caráter 
religiosos do marxismo. Pareto, depois de mostrar as 
contradições e as inanidades de O Capital, argumenta que 
o Marxismo prospera não como filosofia da história, nem 
como sociologia, nem como teoria econômica, e sim como 
forma de religião. (MARXISMO E RELIGIÃO – HEREALDO 
BARBUY – DOMINUS EDITORA 1963 ) 
Talvez isto espante a muitos. Imaginar que um sistema 
político de caráter ateísta possa ter algo haver com religião 
parece demasiadamente absurdo, um paradoxo. Mas não é 
assim. Diversos foram os aqueles que perceberam essa 
afinidade, essa característica religiosa do marxismo. 
Pensadores e teólogos como Arnold Toynbee, Jacques 
Maritain e Rodolfo Bultmann entre outros descreveram o 
marxismo como um messianismo e uma heresia cristã. 
Albert Camus, que muito pouco tinha de cristão, foi um 
desses pensadores. Ele escreveria em O Homem 
Revoltado: 
O ateísmo marxista é absoluto. No entanto, ele restabelece 
o ser supremo ao nível do homem. A crítica da religião 
chega a esta doutrina na qual o homem é para o homem o 
ser supremo. Sob este ângulo, o socialismo é um 
empreendimento de divinização do homem e adquiriu 
certas características das religiões tradicionais”. 
Ainda um outro autor, escrevendo sobre economia faria um 
paralelo entre Marx e Engels com os líderes religiosso. 
Caso tivéssemos que julgar sob a luz da devoção de 
conceitos religiosos, diríamos que Marx poderia ser 
considerado um líder religioso do mesmo nível de Cristo ou 
Maomé, e Engels como uma espécie de São Paulo ou São 
João. No Instituto Marx-Engels, em Moscou, eruditos 
debruçam-se sobre seus trabalhos com a mesma idolatria 
que ridicularizam nos museus anti-religiosos que há por lá; 
mas enquanto Marx e Engels eram canonizados na Rússia, 
eram crucificados na maior parte do mundo 
E ele continua ainda de forma mais contundente 
Dirigindo-se ao operário abstrato, internacional, 
independentemente de sua língua, raça, religião, família, e 
de si mesmo, Marx aboliu a realidade da Nação mas por 
outro lado substancializou a idéia de Humanidade.O 
marxismo tornou-se desde então como todas as heresias e 
contrafacções do Cristianismo, um credo religioso de 
salvação internacional. Não se trata de um sistema 
científico mas duma religião que quer salvar o homem 
como gênero abstrato. 
É secundária portanto a verdade ou mentira científica do 
marxismo, como filosofia, como sociologia, economia ou 
método. (…) Se o marxismo vivesse como doutrina 
científica, como viveu por exemplo a teoria da geração 
espontânea, não poderia sobreviver a contestação os fatos 
e das novas perspectivas das ciências. Mas vive como 
esperança e como fé. 
Na medida em que a civilização ocidental se propaga, 
nivelando e sepultando por toda parte as culturas 
autoctones e levando consigo os dados do cristianismo, na 
mesma forma o marxismo também se propaga como a 
versão herética e revoltada dos ideais cristãos 
.(Robert Heilbroner, História do Pensamento Econômico,Nova Cultural) 
Encarar o marxismo como uma forma de religião não foi 
algo realizado somente por não-comunistas. Alguns 
teóricos marxistas também perceberam esse elemento 
religioso presente na ideologia comunista. Assim escreve 
José Carlos Mariátegui: 
A burguesia entretém-se numa crítica racionalista do 
método, da teoria, da técnica dos revolucionários. Que 
incompreensão! A força dos revolucionários não reside na 
sua ciência e sim na sua fé, na sua paixão, na sua vontade. 
É uma força religiosa, mística, espiritual. 
Gonzáles Prada se iludia (…) ao nos pregar anti-
religiosidade. Hoje conhecemos muito mais do que na sua 
época sobre religião. (…) Sabemos que uma revolução é 
sempre religiosa. A palavra religião tem um novo valor, um 
novo sentido. Serve para designar alguma coisa além de 
um rito ou uma igreja. Não importa que os soviéticos 
escrevam nos seus panfletos propagandísticos que “a 
religião é o ópio dos povos”. O comunismo é 
essencialmente religioso. (José Carlos Mariátegui, Sete 
ensaios sobre a realidade peruana (1928), Lima, Amauta, 
1976) 
 
 
O terrível perigo das ideias erradas 
Reiteramos que nosso alvo não é fazer qualquer crítica 
política. Se em algum momento nos utilizamos de alguma 
citação que esteja relacionada a isto, foi apenas incidental. 
Estamos plenamente cientes de que os crimes cometidos 
contra cristãos e pessoas inocentes não podem 
generalizadamente ser atribuído a qualquer um que 
simpatize com as ideias de Marx. 
Apenas queremos mostrar que os conceitos marxistas 
apresentam inúmeros pontos de divergência com o 
cristianismo. Essas divergências são muito patentes, pois 
onde quer que o marxismo tenha sido semeado, ele buscou 
destruir o cristianismo em sua prática ou em sua essência. 
Qualquer tentativa de unir as ideologias será um logro. As 
divergências são muitas e são essenciais. Deixemos que o 
próprio Marx fale. 
Por causa desta divergência devemos levar as obras 
teóricas o mais possível a sério. Estamos firmemente 
convencidos de que não é o esforço prático, mas antes a 
explicação teórica das ideias comunistas que é o perigo 
real. Tentativas práticas perigosas, mesmo aquelas em 
larga escala, podem ser respondidas com canhão. Mas as 
ideias conseguidas por nossa inteligência, incorporadas ao 
nosso modo de ver, e forjadas em nossa consciência, são 
correntes que nós mesmos não podemos romper sem partir 
nossos corações; elas são demônios que não podemos 
vencer sem nos submetermos a eles. (David MacLellan, op. 
Cit.) 
Se um pouco de fermento leveda toda a massa (1 Co 5.6), 
imagine muito fermento o que não fará? Deus nos conceda 
sabedoria e graça para discernimos as sutilezas 
enganadoras, as propostas ilusórias. Sabemos que muitos 
tomaram o caminho do marxismo idealizando ajudar e 
servir ao próximo. Porém, de nada vale o ímpeto quando se 
corre pela estrada errada. Não basta o zelo. É preciso 
também o entendimento. 
Eguinaldo Hélio de Souza 
 
BIBLIOGRAFIA 
BESANÇON, Alain. A Infelicidade do Século. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. 
DOYON, Jacques. Cristologia para o nosso tempo. São 
Paulol: Edições Paulinas, 1970 
MACLELLAN, David. Karl Marx – Vida e Pensamento. 
Petrópolis: Vozes, 1990. 
HEILBRONER, ROBERT. História do Pensamento 
Econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1992 
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HEILBRONER, ROBERT. O Futuro Como História. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1963 
BARBUY, Heraldo. Marxismo e Religião. Rio de Janeiro: 
Dominus Editora, 1963. 
WUMBRAND, Richard. Era Karl Marx um Satanista? Rio de 
Janeiro: Voz dos Mártires, 1980 
MARX, Karl e ENGELS, Friederich. O Manifesto do Partido 
Comunista, Rio de Janeiro: Global Editora, 1986. 
POPPER, Karl. A Miséria do Historicismo. São Paulo: 
Cultrix, EDUSP, 1980 
-------------- 
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