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Educação de Jovens e Adultos no Brasil

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Educação de Jovens e 
Adultos: Fundamentos 
e Práticas
Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no 
Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período 
de 1930-1980
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago
Revisão Textual:
Profa. Ms. Vera Lídia de Sá Cicaroni
5
• Introdução
• Educação e Escolarização de Jovens e 
Adultos no Brasil: conceitos, trajetória, 
programas e políticas
• Conclusão
O objetivo central desta unidade é que você possa adquirir conhecimentos sobre os 
fundamentos teóricos: a história e a política de educação de jovens e adultos. Além disso, 
buscamos proporcionar a você o estudo crítico dos fundamentos teóricos da educação de 
jovens e adultos e o seu envolvimento com os estudos da história, da política e das questões 
atuais da EJA. 
As atividades da unidade I consistem na leitura do material teórico e do material complementar, 
na realização de estudos de aprofundamento por meio da utilização de espaços interativos, 
como o fórum de discussão. Na atividade de sistematização do conhecimento, você terá 
acesso a seis questões de autocorreção. Aproveite e estude!
Não deixe de acompanhar os prazos de entrega; para isso uma rotina de estudo é sempre 
bem-vinda!
Você irá adquirir conhecimentos sobre os fundamentos teóricos: 
a história e a política de educação de jovens e adultos. Para tanto, 
abordaremos o conceito de escolarização e educação de jovens 
e adultos; a história da escolarização dos jovens e adultos no 
Brasil, com ênfase no processo inicial dessa escolarização; por 
fim, destacaremos algumas iniciativas, programas e políticas, 
como: a Campanha de Educação de Adultos - Lourenço Filho, 
a Política e Educação de Adultos a partir da década de 1950, 
as políticas implementadas pelos governos para Educação de 
Jovens e Adultos analfabetos após 1964 até os dias atuais.
Educação e Escolarização de Jovens 
e Adultos no Brasil no Século XX: 
percurso e trajetória do analfabetismo
6
Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Contextualização
A questão da universalização da escolarização brasileira ainda se apresenta como um desafio 
para estudiosos, políticos e defensores da escola pública. O Mapa abaixo explicita a taxa de 
pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever em cada estado do Brasil. O Mapa 
apresenta dados significativos que demonstram a desigualdade no acesso à escola nas diferentes 
regiões brasileiras. Vemos que a maior taxa de analfabetismo concentra-se na região Nordeste, 
tendo como destaque os estados de Piauí, Paraíba e Alagoas.
 
PNAD - 2009
Para darmos início à unidade I, assista ao vídeo Memórias de EJA, que retrata a memória 
de programas e ações no campo da Educação de Jovens e Adultos como o MOBRAL e o atual 
Brasil Alfabetizado, do Governo Lula. Há relatos de pesquisadores e educadores que retratam 
os desafios dessa modalidade e quem são os analfabetos no Brasil. 
Explore
Para ter acesso à reportagem acesse o link: https://youtu.be/vrd9b_0oDGA
7
Introdução
Esta unidade tem como finalidade conceituar educação e escolarização de jovens e adultos e 
historiar o seu processo educacional no Brasil, com um recorte temporal baseado no marco da 
reformulação do papel do Estado, ou seja, o Período de Getúlio Vargas, Revolução de 1930 até 
o processo de redemocratização do país situado da década de 1980.
Embora compreendamos a educação de jovens e adultos como uma diversidade de processos 
e práticas que ocorrem, formal e informalmente, fora do espaço escolar e, sistematicamente, 
no espaço escolar, na educação básica - ensino fundamental e médio -, daremos ênfase, nesta 
unidade, à análise que situa as práticas nas etapas iniciais do ensino fundamental. 
Adotaremos, também, a perspectiva quantitativa, de forma que possamos demonstrar o que 
mudou, em termos quantitativos, no que diz respeito ao analfabetismo no Brasil nesse período 
de 50 anos de história da educação.
Nesse sentido, cabe a problematização por meio de questões fundamentais e centrais para 
refletirmos sobre a complexidade da temática de educação de jovens e adultos no Brasil: 
por que chegamos ao atual contexto, início do Século XXI, com indicadores tão alarmantes 
de analfabetismo e não escolarização da população de 15 anos e mais no Brasil? Podemos 
considerar que avançamos na expansão educacional quando nossos indicadores demonstram 
que, no ano de 1940, havia 16.452.832 pessoas não alfabetizadas entre a população de 10 anos 
ou mais, 56,7%, e finalizamos a década de 1980 com 22.393.295 pessoas não alfabetizadas 
entre a população de 10 anos ou mais, um índice de 25,5%? (FERRARO, 2009, p. 87)
Objetivos de aprendizado
O tema principal desta unidade são os fundamentos teóricos: a história e a política de educação 
de jovens e adultos. Para tanto, abordaremos o conceito de escolarização e educação de jovens e 
adultos; a história da escolarização dos jovens e adultos no Brasil, com ênfase no processo inicial 
dessa escolarização, mesmo entendendo que o debate perpassa toda a educação básica: ensino 
fundamental e médio; por fim, destacaremos algumas iniciativas, programas e políticas, como a 
Campanha de Educação de Adultos - Lourenço Filho, a Política e Educação de Adultos a partir da 
década de 1950 e as políticas implementadas pelos governos para Educação de Jovens e Adultos 
analfabetos após 1964 até 1980.
8
Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil: Conceitos, 
trajetória, programas e políticas
Entendemos [...] não ser possível pensar, sequer, a educação, sem que se 
esteja atento à questão do poder. (Paulo Freire, 1986)
Abordaremos a educação de jovens e adultos e o seu processo de escolarização inseridos no 
período de 1930-1980. Embora a história da escolarização de jovens e adultos tenha início no 
período da Colônia e Império brasileiros, nossa atenção estará centrada após a Revolução de 
1930, período em que o Estado modificou o seu papel frente à educação ao reafirmar a educação 
como um direito de todos e ao estabelecer várias medidas que o colocavam como responsável pela 
sua manutenção e desenvolvimento. Como podemos verificar, uma nova concepção de Estado 
fez-se presente na Constituição de 1934, um Estado preocupado com a problemática econômica, 
mas também com o seu olhar voltado para as questões educacionais e culturais.
A nova Constituição propôs a elaboração de um Plano Nacional de Educação, fixando as 
responsabilidades da União, estados e municípios, como veremos a seguir. Dentre suas atribuições 
está o fato de assegurar o “ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo 
aos adultos”. Reafirma, dessa forma, o direito de todos e o dever da família e do Estado para 
com a educação por meio da oferta do ensino primário integral e gratuito, sendo extensiva aos 
adultos a sua obrigatoriedade. Vejamos o Artigo 150 a seguir:
 [...]
e) exercer ação supletiva, onde se faça necessária, por deficiência de iniciativa 
ou de recursos e estimular a obra educativa em todo o País, por meio de 
estudos, inquéritos, demonstrações e subvenções. 
Parágrafo único - O plano nacional de educação constante de lei federal, nos 
termos dos arts. 5º, nº XIV, e 39, nº 8, letras a e e , só se poderá renovar em 
prazos determinados e obedecerá às seguintes normas: 
a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória 
extensivo aos adultos; 
b) tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de 
o tornar mais acessível; 
 [...]
Mesmo com essa determinação legal, a educação de adultospassou a ser encarada como um 
problema de política nacional somente ao final da década de 1940. Em 1942, instituiu-se o Fundo 
Nacional do Ensino Primário, sendo regulamentado somente em 1945 e ficando estabelecido que 
“25% dos recursos de cada auxílio deveriam ser aplicados num plano geral de Ensino Supletivo 
destinado a adolescentes e adultos analfabetos” (HADDAD e DI PIERRO, 2000, p. 111). 
9
Sendo assim, ficaram a cargo da União as despesas com construção de escolas e qualificação 
dos professores e os estados assumiram a manutenção do sistema de ensino. Como bem destaca 
Ferraro (2009, p. 93), fundamentado em Paiva (1973), “O efeito dessa política se traduziu num 
aumento notável do número de prédios escolares, o qual passou de 28.300 em 1946 para 77.000 
em 1958 e 98.000 em 1962, com novos aumentos nos anos seguintes”.
Essa década aponta outras iniciativas na área da educação de adultos, como a instalação, 
em 1947, do Serviço de Educação de Adultos (SEA), considerado um serviço especial do 
Departamento Nacional de Educação no Ministério da Educação e Saúde. Sua finalidade 
consistia em reorientar e coordenar os trabalhos dos planos anuais do ensino supletivo 
direcionados a adolescentes e adultos analfabetos. Responsabilizou-se pela Campanha de 
Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA, que atuou no período de 1947 até 1950.
Lourenço Filho, educador e signatário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova - 1932, foi o 
idealizador e primeiro coordenador da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA. 
Caracterizou-se como um amplo movimento de mobilização nacional em favor da educação de 
jovens e adultos analfabetos. Previu a instalação de classes noturnas de ensino de adultos nas áreas 
rurais e urbanas de todo o país. Apresentava-se como parte da “Educação de base” ou “educação 
fundamental”, baseando-se no desenvolvimento de conhecimentos de leitura, escrita e cálculo e 
noções gerais de história, geografia, ciências, higiene, saúde e civismo (FERRARO, 2009). 
Ainda temos em destaque duas Campanhas: a primeira denominada Campanha Nacional 
de Educação Rural – CNER, que atuou de 1952 até 1963, ano de sua extinção pelo 
Departamento Nacional de Educação, e a segunda, a Campanha Nacional de Erradicação 
do Analfabetismo, em 1958. Destaca-se que ambas pouco realizaram durante o tempo de 
atuação junto ao público de adultos analfabetos. 
A partir de 1950, deparamo-nos com uma nova forma de encarar a Educação de Jovens e 
Adultos - EJA. Como bem destacam os autores abaixo, a EJA foi
Elevada à condição de educação política, através da prática educativa de 
refletir o social, a educação de adultos ia além das preocupações existentes 
com os aspectos pedagógicos do processo ensino-aprendizagem (HADDAD 
& DI PIERRO, 2000, p. 113).
Em termos políticos, essa condição favoreceu a formação de pessoas mais críticas, sendo 
compreendida como instrumento de formação de agentes de construção do futuro desejado. 
Houve uma forte mobilização nacional, principalmente no período entre 1958 e março de 1964, 
sendo o Brasil palco de inúmeros movimentos sociais, vários dos quais estavam diretamente 
ligados à questão do analfabetismo e da alfabetização. Situamos, abaixo, cinco movimentos:
1. O Movimento de Educação de Base (MEB), estabelecido em 1961, da CNBB. Originou-
se das ações das arquidioceses de Natal e Aracaju, por meio de escolas radiofônicas. Foi 
oficializado pelo Decreto nº 50.370, de 21 de março de 1961. Seu funcionamento previa 
o estabelecimento de parcerias e convênios entre o Governo da União e a CNBB. Houve 
financiamento para o desenvolvimento dos trabalhos de educação popular nas regiões 
subdesenvolvidas do Norte, do Nordeste e do Centro- Oeste do país. Atuava por meio de 
sistema radiofônico de educação de base. Atingiu 15 unidades federadas: Amazonas, Pará, 
10
Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, 
Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e o território de Rondônia. Eram mantidos 55 
sistemas radiofônicos de educação de base (BEISIEGEL, 1997, p. 223).
O número de alunos concluintes no período de 1961/1965 foi de cerca 
de 380.000, com um pico de 146.310 em setembro de 1963. Os alunos 
concentravam-se entre os 15 e 30 anos, mas com número apreciável de 
menores de 15 anos. A evasão ficava por volta de 25% (WANDERLEY apud 
BEISIEGEL, 1997, p. 224). 
2. O Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife, a partir de 1961. Tinha como princípio 
a criação de escolas para o povo, aproveitando salas de associações de bairros, de entidades 
esportivas, de templos religiosos etc. Deu início ao plano de alfabetização de adultos e buscava 
realizar a conscientização das massas por meio da alfabetização e educação de base.
3. Os Centros Populares de Cultura (CPC), órgãos da UNE, foram constituídos em 
1961. Sua principal forma de atuação foi o teatro de rua. Outras formas de atuação: 
cursos, encontros, festivais, produção de filmes e promoção de alfabetização de adultos. 
4. A Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”, da Secretaria Municipal 
de Educação de Natal, teve início em 1962. Como as outras iniciativas, buscou ofertar 
a educação escolar para as populações mais pobres. Quando foi suprimida, em abril de 
1964, a Campanha já atendia a mais de 17 mil alunos, entre crianças, jovens e adultos 
participantes de diferentes cursos profissionalizantes.
5. Em 1964, o Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação 
e Cultura contou com a presença do professor Paulo Freire. Este programa resultou de 
uma ação abrangente de alfabetização de adultos desenvolvida, inicialmente, no âmbito 
do MCP e que utilizava o método Paulo Freire de Alfabetização. O método Paulo Freire 
favorecia o desenvolvimento de uma consciência crítica e de classe entre as pessoas jovens 
e adultas envolvidas nos trabalhos que centravam sua ação na relação entre o trabalho 
educativo e a atividade política, de forma a reafirmar a impossibilidade de “negar a natureza 
política do processo educativo” (FREIRE, 1986, p. 26). Em menos de um mês após a vitória 
do movimento militar que depôs o Presidente João Goulart, o Programa Nacional de 
Alfabetização teve sua Portaria nº 237, de 14 de abril, revogada (BEISIEGEL, 1997).
 
 Explore
Para saber mais sobre as Campanhas e Programas voltados para a Educação de Jovens e Adultos no 
período de 1947-1963, siga os links:
https://www.youtube.com/watch?v=z9xjLADzLlA;
https://www.youtube.com/watch?v=iX97anetW8Q
https://www.youtube.com/watch?v=C7uBYIFuWKc
11
Do ponto de vista crítico, é tão impossível negar a natureza política do 
processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político.
(Paulo Freire, 1986)
Expusemos, até aqui, os conceitos de educação e escolarização de jovens e adultos, as 
políticas e programas no período de 1930 a 1964, o papel do Estado como garantidor do direito 
educacional e a inscrição da educação de jovens e adultos no quadro mais amplo dos embates 
políticos em um contexto de mudanças sociais, políticas e econômicas. 
Consideramos, também, importante demonstrar a evolução do número e da taxa de pessoas 
não alfabetizadas, população de 10 anos ou mais, no Brasil de 1930 a 1980. Para aprofundar o 
nosso olhar sobre as ações voltadas para a educação de adultos, abordaremos, posteriormente, 
o MOBRAL e sua atuação nas décadas de 1970 e 1980.
Neste período, entre 1930 e 1980, retratamos a preocupação pela busca de alfabetização dos 
adolescentes e adultos e, ao mesmo, destacamos a incapacidade de produzir uma tendência de 
queda substancial da taxa de analfabetismo. Vejamos a Tabela 1
Tabela 1 – Evolução do número e da taxa de pessoas não alfabetizadas entre a 
populaçãode 10 anos ou mais. Brasil, 1940 a 1980.
Ano/Censo 
demográfico
População 
Total
Não alfabetizada
N. %
1940 29.037.849 16.452.832 56,7
1950 36.557.990 18.812.419 51,5
1960 48.839.558 19.378.801 39,7
1970 65.867.723 21.638.913 32,9
1980 87.805.265 22.393.295 25,5
Fonte: Censo IBGE 1940, 1950, 1960, 1970, 1980 apud FERRARO (2009, p. 87)
Segundo Ferraro (2009, p. 96),
Para Freire e outros educadores populares da época, a alfabetização era um 
processo político-pedagógico. Para o regime militar e os administradores 
da educação por ele improvisados, a alfabetização era uma questão 
técnica, não política. 
O período que se seguiu após o golpe militar de 1964 é tratado de forma muito particular na história 
do analfabetismo e deixa sua marca com o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL.
12
Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
O MOBRAL foi criado pela Lei 5.379, de 15 de dezembro de 1967. Apresentou-se como uma 
alternativa ao trabalho da Cruzada ABC 1. O economista Mário Henrique Simonsen assumiu a 
Presidência do Movimento e com o Ministro da Educação, Coronel Jarbas Passarinho, passou a 
fazer a propaganda junto a empresários.
O MOBRAL configurou-se como um programa – atendendo aos objetivos de dar uma resposta 
aos marginalizados e aos objetivos políticos dos governos militares (instrumento de segurança 
interna). Seus recursos financeiros tinham origem em 1% do Imposto de Renda devido pelas 
empresas mais 24% da renda líquida da Loteria Esportiva. 
O MOBRAL apresentava-se como um programa que buscava atender aos objetivos políticos 
dos governos militares.
Buscava-se ampliar junto às camadas populares as bases sociais de 
legitimidade do regime, no momento em que esta se estreitava junto às 
classes médias em face do AI-5, não devendo ser descartada a hipótese 
de que tal movimento tenha sido pensado também como instrumento 
de obtenção de informações sobre o que se passava nos municípios do 
interior do país e na periferia das cidades e de controle sobre a população. 
Ou seja, como instrumento de segurança interna (PAIVA apud HADDAD 
e DI PIERRO, 2000, p. 114).
Sua função política estava bem delineada como um programa que atendia aos interesses 
hegemônicos do regime militar, legitimando o modelo socioeconômico daquele contexto.
Quanto às suas características, os teóricos apontam três:
1 – o paralelismo em relação aos demais programas de educação;
2 – a organização operacional descentralizada – Comissões Municipais encarregadas 
de executar a campanha nas comunidades, promovendo-as, recrutando analfabetos, 
providenciando salas de aula, professores e monitores;
3 – centralização de direção do processo educativo – Gerência Pedagógica do 
MOBRAL Central – organização da programação, da execução e da avaliação do processo 
educativo; treinamento de pessoal. O planejamento e a produção de material didático 
eram de responsabilidade das empresas privadas. 
De acordo com Haddad e Di Pierro,
As três características convergiam para criar uma estrutura adequada 
ao objetivo político de implantação de uma campanha de massa com 
controle doutrinário: descentralização com uma base conservadora para 
garantir a amplitude do trabalho; centralização dos objetivos políticos e 
controle vertical pelos supervisores; paralelismo dos recursos e da estrutura 
institucional, garantindo mobilidade e autonomia (2000, p. 115).
1 A Cruzada de Ação Básica Cristã (ABC), nascida no Recife, buscou ocupar os espaços deixados pelos movimentos de cultura 
popular. Tinha como finalidade servir, de forma assistencialista, aos interesses do regime militar. Ocorreu uma série de críticas à condução da 
Cruzada e ela foi se extinguindo progressivamente nos vários estados entre os anos de 1970 e 1971.
13
A Reforma Educacional do ensino de 1º e 2º Graus, realizada por meio da Lei 5692, de 11 
de agosto de 1971, representou a consolidação do projeto educacional do regime militar. Esta 
lei regulamentou, além da educação de modo geral, também o Ensino Supletivo, que teve seus 
fundamentos e características melhor desenvolvidos pelos documentos CFE n. 699, publicados 
em 28 de julho de 1972, de autoria de Valnir Chagas e, ainda, pelo documento “Política para o 
Ensino Supletivo”, produzido por um grupo de trabalho e relatado pelo próprio Valnir Chagas 
(HADDAD e DI PIERRO, 2000).
Segundo Haddad e Di Pierro (2000, p. 116), a Lei atenderia a dois objetivos: 
[...] recuperar o atraso dos que não puderam realizar a sua escolarização 
na época adequada e [...] germinar ‘a educação do futuro, essa 
educação dominada pelos meios de comunicação, em que a escola 
será principalmente um centro de comunidade para sistematização de 
conhecimentos, antes que para sua transmissão’. 
Além disso, destacamos, tomando como base Haddad e Di Pierro (2000), três princípios ou 
“ideias-força” estabelecidas pelos documentos acima citados. São eles: o Ensino Supletivo, como 
um subsistema integrado, independente do Ensino Regular; a integração pela alfabetização da 
mão de obra marginalizada; a adoção de uma doutrina e uma metodologia apropriadas aos 
“grandes números característicos desta linha de escolarização”. 
O Ensino Supletivo apresentava quatro funções: Suplência, Suprimento, Aprendizagem e 
Qualificação. Apareceu como uma oportunidade para aqueles que, por diferentes motivos, não 
acessaram a escola ou como a possibilidade de escolarização e atualização para aqueles que 
perderam a chance de escolarização em outras épocas. 
Quanto ao Ensino Supletivo, o que se verifica é que: 
[...] se propunha a recuperar o atraso, reciclar o presente, formando 
uma mão de obra que contribuísse no esforço para o desenvolvimento 
nacional, através de um novo modelo de escola. [...]
Segundo o Parecer 699, era necessária, também, a ampliação da oferta de 
formação profissional para ‘uma clientela já engajada na força de trabalho 
ou a ela destinada a curto prazo’ (HADDAD & DI PIERRO, 2000, p. 117).
Cabe, ainda, ressaltar o sentido político da Educação de Jovens e Adultos no período militar, 
pois autores como Haddad, Di Pierro (2000) e Ferraro (2009) destacam que o regime militar 
traduzia a oferta educacional para os jovens e adultos como uma nova chance individual de 
as camadas populares realizarem a ascensão social. A educação assumiria a responsabilidade 
pela correção das desigualdades produzidas pelo modo de produção capitalista. O MOBRAL 
colocava-se como uma alternativa aos movimentos sociais e educacionais de inspiração freiriana 
– Paulo Freire – que foram reprimidos pela Ditadura pós-1964. 
14
Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Esperava-se que a educação no período militar formasse uma infraestrutura adequada de 
recursos humanos atendendo às necessidades socioeconômicas, políticas e culturais daquele 
contexto. Em especial, a Educação de Jovens e Adultos passou a ser considerada uma “poderosa 
arma e capaz de acelerar o desenvolvimento, o progresso social e a expressão ocupacional” 
(HADDAD e DI PIERRO, 2000, p. 118).
Tabela 2 – Evolução do número de pessoas de 5 anos ou mais que não sabem 
ler e escrever, no período de 1970 a 1980, por grupos de idade. Brasil
Grupos de 
Idade
Pessoas que não sabem ler e escrever
1970 1980 Saldo
Total 30.718.597 32.731.347 + 2.017.750
5 a 9 anos 9.079.684 10.338.052 + 1.258.368
5 a 6 anos 4.869.582 5.585.278 + 715.696
7 a 9 anos 4.210.102 4.752.774 + 542.672
10 anos e mais 21.638.913 22.393.295 + 754.382
10 a 14 anos 3.491.936 3.676.448 + 184.512
15 a 19 anos 2.487.024 2.235.370 - 251.654
20 a 24 anos 2.199.723 1.799.071 - 400.652
25 a 29 anos 1.947.3901.699.039 - 248.351
30 a 34 anos 1.772.124 1.683.251 - 88.873
35 a 39 anos 1.763.552 1.685.783 - 77.769
40 a 44 anos 1.682.965 1.694.856 + 11.891
45 a 49 anos 1.431.446 1.498.207 + 66.761
50 a 54 anos 1.310.994 1.453.185 + 142.191
55 a 59 anos 1.045.336 1.245.951 + 200.615
60 a 64 anos 900.760 1.089.299 + 188.539
65 a 69 anos 614.809 1.024.476 + 409.667
70 anos e mais 943.667 1.540.498 + 596.831
Idade ignorada 47.187 67.861 + 20.674
Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1970 e Censo Demográfico 1980 apud Ferraro (2009, p. 116)
Por meio da Tabela 2, é possível identificar que a redução do analfabetismo da população 
ocorreu na faixa etária de 15 a 39 anos (- 1,1 milhão), entretanto não reduziu na mesma 
proporção do seu aumento registrado nos grupos de 40 anos e mais, que, em número absoluto, 
representou + 1,7 milhão. Uma observação relevante de Ferraro (2009) aponta que essa redução 
é constatada, mas o número de analfabetos nos grupos compreendidos entre 15 a 39 anos 
ainda é extremamente elevado, pois ultrapassa a casa de 9,5 milhões de pessoas adolescentes 
e adultas analfabetas.
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O que se percebe é que a política educacional pós-1964 pretendia eliminar o analfabetismo 
de adolescentes e adultos por meio de Programas como o MOBRAL e o Ensino Supletivo. Nesse 
sentido, não foi possível a eliminação do analfabetismo, e a redução que ocorreu não foi mérito 
somente da atuação do MOBRAL, mas também do Ensino Supletivo direcionado para o 1º 
grau, bem como dos movimentos e associações de caráter popular.
Em avaliação aos resultados do MOBRAL, Ferraro (2009, p. 117) sintetiza:
[...] pode-se dizer que, de 1970 a 1980, o número de analfabetos diminuiu nos grupos de 15 
a 39 anos, precisamente nos grupos que foram alvo da ação do MOBRAL, e aumentou tanto 
entre a população de 7 a 14 anos como entre a população de 40 anos e mais. Para o conjunto 
da população de 7 anos e mais, aos 25,8 milhões de analfabetos existentes em 1970, somaram-
se mais 1,3 milhão durante a década de 70.
Conclusão
Esta unidade propôs-se a conceituar educação de jovens e adultos e historiar o seu processo 
educacional no Brasil, focando na escolarização inicial e no processo de alfabetização. Vimos 
que a educação de jovens e adultos apresentou-se, ao longo desse período de 1930-1980, por 
meio de uma diversidade de práticas. Apresentamos as iniciativas dos diferentes governos desse 
período apontando claramente para uma característica de ações pontuais, dispersas, em formas 
de campanhas que pouco contribuíram para a escolarização da população de jovens e adultos 
de 10 anos e mais e para a superação do quadro de analfabetismo no Brasil.
Consideramos importante destacar, ainda, que, embora a década de 1980 tenha se 
apresentado como um período democrático e de alargamento dos direitos sociais e políticos, 
notamos o esvaziamento da EJA como política de Estado e uma crescente visibilidade de 
programas compensatórios. Dessa forma, a EJA continua ocupando um espaço secundário 
no campo das políticas públicas, quando analisada frente a outras modalidades da educação. 
Encontramos diversos desafios a serem enfrentados na modalidade de educação de jovens e 
adultos, que serão explorados nas próximas unidades.
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Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Material Complementar
Neste espaço, você terá acesso a conteúdos complementares ao material da unidade I. 
Aproveite para aprofundar e sistematizar os conhecimentos acerca da história da educação de 
jovens e adultos bem como das políticas adotadas ao longo do período de 1930 a 1980.
Por meio do site Domínio Público, você poderá ampliar seus conhecimentos assistindo 
a vídeos que tratam de educação de forma geral e de educação de jovens e adultos, mais 
especificamente. Como, nesta unidade e em outras, o educador Paulo Freire estará sempre 
presente com contribuições significativas para a compreensão da educação e seus aspectos 
históricos, políticos e pedagógicos, indicamos o vídeo abaixo para que você possa conhecer 
esse grande educador, suas ideias e contribuições para o campo educacional. Aproveite!
Paulo Freire Contemporâneo (Parte 1)
https://goo.gl/vECiXw
Paulo Freire Contemporâneo (Parte 2)
https://goo.gl/9EUNYT
Confira o artigo “Escolarização de jovens e adultos”, de Sérgio Haddad e Maria 
Clara Di Pierro, acessando o link:
https://goo.gl/KxsSUZ
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Referências
BEISIEGEL, Celso de Rui. A política de educação de jovens e adultos analfabetos no Brasil. In: 
OLIVEIRA, Dalila A. (org.) Gestão Democrática da Educação: desafios contemporâneos. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
FERRARO, Alceu Ravanello. História inacabada do analfabetismo no Brasil. São Paulo: 
Cortez, 2009.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São 
Paulo, SP: Cortez Editora: Autores Associados, 1986.
HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista 
Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, RJ. Autores Associados. Nº 14, Mai/Jun/Ago 2000. 
(p. 108-130)
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Unidade: Educação e Escolarização de Jovens e Adultos no Brasil no Século XX: percurso e trajetória do analfabetismo no período de 1930-1980
Anotações
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