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Indaial – 2021 Educação dE JovEns E adultos Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira 2a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: O48e Oliveira, Pablo Rodrigo Bes Educação de jovens e adultos. / Pablo Rodrigo Bes Oliveira. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 226 p.; il. ISBN 978-65-5663-572-9 ISBN Digital 978-65-5663-571-2 1. Educação de adultos. - Brasil. 2. Educação do adolescente. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 374.012 aprEsEntação Caro acadêmico, bem-vindo ao nosso livro de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Neste livro, você conhecerá muitos dos aspectos pertinentes desta modalidade educacional que envolve os jovens e adultos em nosso país, contribuindo para consolidar sua formação para atuar com êxito como pedagogo. Assim, percorreremos desde aspectos históricos e legais até o detalhamento das questões pedagógicas envolvidas nas propostas que se direcionam a este público específico. A Educação de Jovens e Adultos se reveste de importância no Brasil devido ao grande número de analfabetos ainda existente na faixa etária acima de 15 anos e, principalmente, pelo grande contingente de pessoas jovens e adultas que se enquadram nas taxas de analfabetismo funcional em nosso país. Logo, como pedagogos nos cabe conhecer os fundamentos, teorias e metodologias que nos habilitam a desenvolver os processos de ensino e aprendizagem com esses alunos. Dessa forma, com o intuito de agregar para a sua formação docente, instrumentalizando-o a atuar com os adolescentes e adultos em sua escolarização, procuramos distribuir esta obra de acordo com as seguintes unidades: Na Unidade 1, abordaremos a História da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, quando iremos percorrer os principais componentes contextuais que contribuíram para que a EJA se estabelecesse ao longo do século XX e XXI. Nesta unidade, aprenderemos a legislação pertinente a EJA e teremos contato com os seus dados estatísticos ao longo do período estudado, procurando estabelecer um panorama da atualidade. Abordaremos, ainda, o perfil dos sujeitos que compõe esta modalidade educacional e as conquistas e desafios enfrentados pela EJA. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as Conexões da EJA com o Mundo do Trabalho e com a Cidadania, momento em que analisaremos as características do mundo do trabalho atuais e suas exigências sobre os jovens e adultos. Conheceremos a Andragogia e seus princípios e a educação profissional, que se voltam a este público. Também analisaremos as principais concepções norteadoras das práticas pedagógicas direcionadas para a EJA, discriminando as funções desta modalidade educacional e como sua oferta é organizada na atualidade. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as Particularidades Pedagógicas da Docência na EJA, o que faremos a partir da análise das propostas curriculares e políticas públicas hoje existentes para a EJA e os atributos necessários ao docente para atuar com os estudantes jovens e adultos. Conheceremos, então, as contribuições de Paulo Freire para o trabalho com os jovens e adultos. Também exploraremos as principais teorias, práticas e metodologias que contribuem para que nossa atuação docente se efetive com esse público em questão. Ao final de seu estudo desta obra, esperamos ter contribuído com os conhecimentos necessários para que seu olhar sobre a EJA tenha se reconfigurado e sua prática docente tenha sido aprimorada. Bons estudos e sucesso em sua trajetória docente! Prof. Pablo Rodrigo Bes Oliveira Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL .......... 1 TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS ........................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O CONTEXTO BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX .................................................... 3 2.1 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A EJA ..................................... 10 2.2 AS CAMPANHAS DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ............................... 12 2.3 O PROGRAMA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE E O INÍCIO DO REGIME MILITAR ........................................................................................................ 16 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 20 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS .................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23 2 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO DA EJA ................................................................................. 24 2.1 MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA RECENTE DA EJA .................................. 24 2.1.1 A Conferência Mundial sobre Educação para Todos ..................................................... 25 2.1.2 Relatório: Educação Um Tesouro a Descobrir ................................................................. 26 2.1.3 A V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (CONFINTEA) .............. 28 2.2 A EJA NA LDB ATUAL ............................................................................................................. 29 2.3 A EJA NOS PLANOS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO ............................................................ 32 2.3.1 O Plano Nacional de Educação (2001-2010) .....................................................................32 2.3.2 O Plano Nacional de Educação (2014-2024) ..................................................................... 35 3 DADOS ESTATÍSTICOS DA EJA NA CONTEMPORANEIDADE ....................................... 39 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 50 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 51 TÓPICO 3 — A DIVERSIDADE DE SUJEITOS, AS CONQUISTAS E DESAFIOS DA EJA ........ 53 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53 2 A DIVERSIDADE DE SUJEITOS DA EJA ................................................................................... 54 2.1 OS ADOLESCENTES ................................................................................................................... 54 2.2 OS JOVENS E ADULTOS ........................................................................................................... 59 2.3 A TERCEIRA IDADE .................................................................................................................. 62 3 AS CONQUISTAS E OS DESAFIOS DA EJA .............................................................................. 63 3.1 AS CONQUISTAS JÁ OBSERVADAS ...................................................................................... 63 3.2 OS DESAFIOS A SEREM SUPERADOS ................................................................................... 64 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 67 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 73 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 75 UNIDADE 2 — CONEXÕES DA EJA COM O MUNDO DO TRABALHO E COM A CIDADANIA ........................................................................................................ 81 TÓPICO 1 — PANORAMA CONTEMPORÂNEO DO MUNDO DO TRABALHO .............. 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83 2 AS COMPETÊNCIAS EXIGIDAS .................................................................................................. 84 2.1 AS COMPETÊNCIAS PRODUZINDO CAPITAL HUMANO .............................................. 84 2.1.1 Competências técnicas ....................................................................................................... 89 2.1.2 Competências comportamentais/sociais .......................................................................... 89 2.2 PRECARIZAÇÃO ........................................................................................................................ 91 2.3 ENDIVIDAMENTO E DESALENTO ........................................................................................ 93 3 ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................... 95 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 100 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101 TÓPICO 2 — EJA: CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS NORTEADORAS ................................ 103 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103 2 A EDUCAÇÃO POPULAR DE ADULTOS ................................................................................ 104 2.1 A PEDAGOGIA LIBERTADORA DE PAULO FREIRE ......................................................... 107 3 A EDUCAÇÃO PERMANENTE ................................................................................................... 110 4 APRENDIZAGEM AO LONGO DE TODA A VIDA ............................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 120 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 121 TÓPICO 3 — FUNÇÕES E ORGANIZAÇÃO DA OFERTA DA EJA ...................................... 123 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123 2 AS FUNÇÕES E OBJETIVOS DA EJA ....................................................................................... 123 2.1 FUNÇÃO REPARADORA ....................................................................................................... 124 2.2 FUNÇÃO EQUALIZADORA .................................................................................................. 127 2.3 FUNÇÃO QUALIFICADORA ................................................................................................. 130 3 ORGANIZAÇÃO E OFERTA DA EJA ......................................................................................... 132 3.1 AS CLASSES E POSSIBILIDADES DA EJA ........................................................................... 133 3.1.1 Ensino fundamental – primeiro segmento .................................................................... 134 3.1.2 Ensino fundamental - segundo segmento ...................................................................... 136 3.1.3 Ensino médio ...................................................................................................................... 138 3.1.4 Encceja ................................................................................................................................. 141 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 143 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 148 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 149 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 151 UNIDADE 3 — PARTICULARIDADES PEDAGÓGICAS DA DOCÊNCIA NA EJA ......... 157 TÓPICO 1 — PROPOSTAS CURRICULARES NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DA EJA....... 159 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 159 2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAS DA EJA ........................................................... 160 2.1 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA EJA ............................................ 161 2.1.1 O Parecer CNE/CEB 11/2000 ........................................................................................... 166 2.2 RESOLUÇÃO CNE/CEB N°1, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2016 ............................................ 168 2.2.1 Problematizando a educação à distância na EJA ......................................................... 171 3 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR ........................................................................ 173 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 177 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................178 TÓPICO 2 — IDENTIDADE DOCENTE E SABERES ESSENCIAIS AO PROFESSOR DA EJA ......................................................................................................................... 181 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 181 2 A IDENTIDADE DO PROFESSOR DA EJA .............................................................................. 181 2.1 A FORMAÇÃO DOCENTE PARA EJA .................................................................................. 183 2.2 OS PAPÉIS DO PROFESSOR DA EJA .................................................................................... 185 3 OS SABERES ESSENCIAIS AO PROFESSOR DA EJA ........................................................... 188 3.1 AS CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE ........................................................................... 189 3.1.1 Curiosidade, incompletude e discência .......................................................................... 189 3.1.2 O esquema da alfabetização de adultos freiriana ........................................................ 191 3.1.3 A escuta, o diálogo e o afeto ............................................................................................. 194 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 196 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 197 TÓPICO 3 — TEORIAS, PRÁTICAS E METODOLOGIAS APLICÁVEIS NA EJA ............. 199 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 199 2 METODOLOGIAS ATIVAS PARA A EJA ................................................................................. 200 2.1 APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL DE KOLB ..................................................................... 202 2.1.1 Outras metodologias ativas interessantes ...................................................................... 204 2.2 PEDAGOGIA DE PROJETOS .................................................................................................. 206 2.2.1 Oficinas pedagógicas ........................................................................................................ 209 3 A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE ............................................................ 210 3.1 O USO DAS TICS ....................................................................................................................... 212 3.1.1 O ensino híbrido ................................................................................................................ 214 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 216 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 219 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 221 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 223 1 UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os aspectos contextuais que envolvem a história da EJA no Brasil; • conhecer a legislação referente a EJA; • identificar a diversidade de sujeitos que frequentam modalidade educacional; • apropriar-se das conquistas e desafios desse segmento educacional ao longo do tempo. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS TÓPICO 3 – A DIVERSIDADE DE SUJEITOS, AS CONQUISTAS E DESAFIOS DA EJA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 1 INTRODUÇÃO Acadêmicos, ao começarmos a aprender sobre a educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil, no Tópico 1, precisamos entender que as discussões acerca de sua importância em nosso país remontam as primeiras décadas do século XX, sobretudo à década de 1930, período em que o Brasil se insere em grandes transformações econômicas, políticas e culturais que irão modificar a vida em sociedade. Assim, precisamos conhecer esses aspectos contextuais históricos para que possamos perceber como os discursos e as práticas que recaem sobre a educação escolar e, mais precisamente, sobre a educação de jovens e adultos, vão surgindo e reforçando algumas concepções desta modalidade educacional. Embora essas concepções se reconfigurem ao longo do tempo, algumas delas ainda mantém resquícios quando se trata desta modalidade educacional na contemporaneidade. Da mesma forma, o contexto de cada época vai fornecendo base para que a legislação educacional e suas políticas públicas para a educação de jovens e adultos venha a ser organizada e ofertada pelo Estado. Assim, abrange-se um contingente diverso de pessoas, que buscam na educação a emancipação de sua condição social e almejam um futuro melhor para si e para o país em que habitam. Existe uma diversidade de sujeitos que compõe a EJA, com origens e propósitos distintos, que também nos cabe conhecer e problematizar ao longo dessa unidade de aprendizagem. 2 O CONTEXTO BRASILEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX O início do século XX para o Brasil foi decisivo nas áreas da economia, política, social, cultural e educacional. Iremos explorar ao longo deste tópico esses campos, uma vez que se correlacionam com a escolarização dos sujeitos e com os necessários níveis de instrução formal (educação) que precisariam possuir para contribuírem com o processo de industrialização tardia que se instaura no período em questão. O Brasil possui no início do século XX um grande contingente de adultos analfabetos, que, por tais motivos, se vê impossibilitado de ocupar as vagas nas indústrias que por aqui se instalam, sejam elas nacionais ou multinacionais que UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 4 passam a ocupar nosso território. Assim, se faz urgente que sejam lançadas campanhas nacionais visando erradicar o analfabetismo entre os adultos e fornecer instrução mínima necessária para que os trabalhadores possam executar com eficiência suas funções. Vemos, assim, que a economia do país, as imposições do mundo do trabalho e os fatores sociais existentes, como a pobreza que impera ao redor dos grandes centros urbanos que surgiram no início desse século, irão intervir e proporcionar que a educação escolar venha a ser focalizada. Acompanhe na linha do tempo a seguir alguns marcos contextuais importantes do Brasil no início do século XX: FIGURA 1 – MARCOS HISTÓRICOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX NO BRASIL FONTE: O autor O Brasil vivenciou, nesse período, a chamada Revolução de 1930, que “[...] insere-se numa conjuntura de instabilidade gerada pela crise mundial aberta em 1929, que caracterizou toda a América Latina” (FAUSTO, 2010, p. 181). A crise de 1929 impulsiona a busca por soluções para os problemas de ordem econômica que assolavam as nações da época, o que exige aumento do conhecimento e estímulo ao intelecto. Reforçamos que, nos anos de 1930 ainda são fortes as influências das ideias iluministas que propõe a escola como aquela que irá propiciar o acesso à “descoberta da Verdade” e sua incumbência maior de transformaras pessoas e, consequentemente o mundo. A Revolução de 1930 fez com que houvesse uma substituição no poder político que havia se instaurado no país até então, enfraquecendo as oligarquias associadas aos grandes produtores rurais e fazendo ascender os militares, aqueles que possuíam conhecimento técnico (diploma) e os empresários das indústrias. TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 5 REVOLUÇÃO DE 30 Segundo o historiador Boris Fausto (2010) a Revolução de 30 não foi feita por representantes de uma suposta classe social, fosse ela a classe média ou a burguesia industrial, sendo que os vitoriosos de 1930 compunham um quadro muito heterogêneo tanto do ponto de vista social quanto político, porém, que haviam se unido contra um mesmo adversário, os velhos oligarcas, porém com perspectivas muito diferentes. A partir de 1930 no Brasil ocorre uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram assim os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados e, um pouco mais tarde, os industriais. A CRISE DE 1929 A crise econômica que se inicia em 1929 e fica conhecida como “A grande depressão” tem seu início nos EUA, com o declínio da produção industrial e quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. É importante observar que os Estados Unidos tiveram um crescimento de sua indústria muito grande, aproveitando-se do enfraquecimento das nações europeias por ocasião da Primeira Guerra Mundial e que, com a recuperação do mercado europeu, houve uma diminuição brusca das importações dos produtos norte-americanos, que fez com que a crise fosse iniciada. Dessa forma, viu-se a indústria americana sem possíveis compradores para suas mercadorias que lotavam os estoques das fábricas. Uma dessas fábricas é a montadora de automóveis de Henry Ford, por exemplo. Essa recessão financeira irá atingir o mundo inteiro e, no caso do Brasil especialmente o setor cafeeiro, uma vez que os Estados Unidos eram os principais compradores desse produto base de nossa economia nacional na época. A relação que queremos estabelecer ao citar a Grande Depressão com a educação escolar é que, como esta representa um grande abalo às ideias capitalistas, era necessário que a escola reforçasse tais ideias e procurasse preparar ainda melhor as crianças para o mundo do trabalho a partir de então. IMPORTANT E A criação do primeiro Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930, foi um marco importante para que a educação escolar começasse a ser pensada em termos nacionais. Poderíamos nos questionar: qual a implicação de termos um ministério que reúna educação e saúde pública nessa época? A resposta é simples, no contexto existente, de precariedade e pobreza, a educação escolar assume um papel também moral e higienista, sendo a escola a instituição que se encarregará de ensinar boas práticas de asseio e cuidados com o corpo, bem como as condutas necessárias para a vida em sociedade. Sobre o contexto da época, Lima e Pinto (2003, p. 1044) destacam a existência dos seguintes pontos: “a aceleração do processo de urbanização, a ampliação da massa trabalhadora em precárias condições de higiene, saúde e habitação, a acumulação de capital industrial, próprios dessa economia em expansão [...]”. Fatores estes que demandavam que políticas sociais fossem postas em funcionamento com urgência. Podemos considerar que se aplica no Brasil, em meados do século XX, o que já vinha sendo realizado na Europa a partir da metade do século XIX, conforme comentam Varela e Alvarez-Uria (1992, p. 20): UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 6 A educação das classes populares e, mais concretamente, a instrução e formação sistemática de seus filhos na escola nacional, fazem parte, na segunda metade do século XIX e em princípios do século XX, das medidas gerais do bom governo: "...o operário é pobre e é forçoso socorrê-lo e ajudá-lo; o operário é ignorante e faz-se urgência instruí- lo e educá-lo; o operário tem instintos avessos, e não há outro recurso senão moralizá-lo se queremos que as sociedades e os estados tenham paz e harmonia, saúde e prosperidade”. Assim, incumbe-se à escola ensinar regras de conduta e profilaxia a todas as crianças desde a sua escolarização inicial. Mas o que fazer com o grande contingente de pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola e que, no início do século XX somam mais de 50 % da população adulta brasileira? É interessante percebermos, ainda, que o século XX será marcado pelo discurso internacional que associa o desenvolvimento econômico à prosperidade das nações, com a educação de seu povo, o que também impulsionará que o Brasil assuma para si a importância de um projeto de escolarização mais abrangente. Assim, o Brasil, acompanhando a tendência europeia que propunha uma “Escola Nova”, produz, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, liderado por inúmeros intelectuais e que objetiva propor outra forma de organização e a produção de um novo sentido ou concepção filosófica para a educação em nosso país. Questões estas que, segundo este documento, ainda não haviam nem sequer sido pensadas na época. Afinal, a escola no manifesto desponta como o músculo central da estrutura política e social da Nação. Os intelectuais que fizeram parte do manifesto da educação nova foram: Fernando de Azevedo, Afranio Peixoto A. de Sampaio Doria, Anisio Spinola Teixeira, M. Bergstrom Lourenço Filho, Roquette Pinto, J. G. Frota Pessôa, Julio de Mesquita Filho Raul Briquet, Mario Casassanta, C. Delgado de Carvalho, A. Ferreira de Almeida Jr., J. P. Fontenelle, Roldão Lopes de Barros, Noemy M. da Silveira, Hermes Lima, Attilio Vivacqua, Francisco Venâncio Filho, Paulo Maranhão, Cecilia Meirelle,s Edgar Sussekind de Mendonça, Armanda Álvaro Alberto, Garcia de Rezende, Nobrega da Cunha, Paschoal Lemme e Raul Gomes. NOTA Ao referir-se às finalidades da educação, o documento Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (AZEVEDO et al., 2010, p. 39) traz a constatação de que “é evidente que as diferentes camadas e grupos (classes) de uma sociedade dada terão respectivamente opiniões diferentes sobre a “concepção do mundo [...]”. O trecho explicita a preocupação com a estratificação social em classes e sua repercussão sobre a área educacional e um apelo para que a educação escolar deixe “de constituir um privilégio determinado pela condição econômica e social do indivíduo” (AZEVEDO et al., 2010, p. 40). TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 7 Percebe-se a necessidade de modificar o cenário da época proporcionando a educação escolar a todos e não somente a uma elite dominante, “reconhecendo ao indivíduo o direito a ser educado até onde permitiam suas aptidões naturais, independente das razões de ordem econômica e social” (AZEVEDO et al., 2010, p. 40, grifo nosso). Logo, propunha-se através desse manifesto de 1932 que, com a reconstrução e organização da estrutura escolar no Brasil, todos fossem contemplados (crianças, jovens e adultos) independentemente de suas posses ou condições financeiras. APTIDÃO Note que, no início do século XX, existia um posicionamento na ciência de que alguns indivíduos tinham aptidão, ou seja, nasciam com maior “talento” ou “herança” para realizar algo. Hoje sabemos que as habilidades podem ser desenvolvidas, logo, não são inatas como se acreditava na época. Temos múltiplas inteligências que nos proporcionam ser mais hábeis em algumas áreas, porém, caso queiramos, podemos desenvolver todas as demais. Então, não se limite! INTERESSA NTE A Constituição da República de 1934 propõe a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário a todos (BRASIL, 1934). Este foi o impulso para que fossem pensadas as primeiras ações para escolarizar a grande massa de adultos analfabetos existentes na época, ao menos com o ensino primário, ou seja, focalizar a sua alfabetização. Ideia esta que se firma a partir do início da década de 1940 com a busca pela criaçãode uma política nacional para a educação de jovens e adultos (EJA). É importante destacar que “[...] na década de 1940, quando começaram as primeiras iniciativas governamentais para lidar com o analfabetismo entre adultos, entendia-se que o seu fim seria fundamental para o crescimento econômico do país. O analfabetismo era visto como um mal social e o analfabeto como um sujeito incapaz.” (BRASIL, 2006, p. 26). Assim, cabe ao Estado promover que a escolarização seja realizada, produzindo sujeitos capazes de agir de forma mais produtiva em sociedade. Para que possamos ter uma noção mais precisa do analfabetismo entre jovens e adultos citado anteriormente e sua erradicação ao longo do tempo, acompanhe a tabela a seguir: UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 8 QUADRO 1 – TAXA DE ANALFABETISMO NO BRASIL ANO População de 15 anos ou mais Total (em milhares) Analfabeta (em milhares) Taxa de analfabetismo 1940 23.648 13.269 56,1 1950 30.188 15.272 50,6 1960 40.233 15.964 39,7 1970 53.633 18.100 33.7 1980 74.600 19.356 25,9 1991 94.891 18.682 19,7 2000 119.533 16.295 13,6 2017 164.285 11.500 7 2019 209.276 11.041 6,6 FONTE: Adaptado de Brasil (2019) e IBGE (2019) Percebemos, ao analisar o Quadro 1, que na década de 1940 o Brasil possuía mais da metade de sua população com mais de 15 anos, analfabeta, o que trazia muitos prejuízos ao processo tardio de industrialização e urbanização que vivenciava o Brasil. Assim, era necessário e urgente que os jovens e adultos – que ofertavam sua mão de obra para serem operários nas fábricas existentes – fossem alfabetizados, uma vez que a educação era vista como o caminho em direção ao desenvolvimento do país. Você já deve ter ouvido falar de analfabetismo funcional, não é mesmo? O analfabetismo funcional se refere à falta de capacidade de uma pessoa em entender mensagens e textos simples. Isto é, ainda que consiga decifrar o código escrito, reconhecer palavras e realizar leituras, o indivíduo não consegue as entender plenamente, muito menos interpretar ou inferir questões a partir do que leu. Segundo o Indicador Nacional do Analfabetismo Funcional (INAF), em pesquisa realizada no ano de 2018, três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos de idade são considerados analfabetos funcionais! Este tipo de analfabetismo diminui, segundo esta pesquisa, com o aumento do tempo de escolarização. NOTA TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 9 Conheça mais sobre o analfabetismo funcional no Brasil, através da pesquisa do INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional). Disponível em: https://acaoeducativa. org.br/wp-content/uploads/2018/08/Inaf2018_Relat%C3%B3rio-Resultados-Preliminares_ v08Ago2018.pdf. DICAS A taxa de analfabetismo entre jovens e adultos que apresentamos no Quadro 1 veio decrescendo na medida em que o Estado foi investindo em políticas públicas que focalizassem aumentar a escolarização dessa parcela da população, conforme estaremos aprendendo ao longo desta unidade. No entanto, cabe salientar que os aspectos da desigualdade social, regional e étnico-racial são fatores que acompanham o Brasil nessa luta pela equidade educacional. Atualmente ainda possuímos grande parte dos jovens e adultos analfabetos e um grande índice de analfabetismo funcional localizado nos estados da região Norte e Nordeste do Brasil, segundo apontam os dados estatísticos no INEP, o que confirma uma história de desenvolvimento econômico e social assimétrica ao longo das últimas décadas. Você pode perceber estes aspectos analisando a tabela a seguir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), conduzida pelo IBGE em 2019: UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 10 QUADRO 2 – TAXA DE ANALFABETISMO DAS PESSOAS DE 15 ANOS OU MAIS POR COR E RAÇA FONTE: Adaptado de <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/7125#resultado>. Acesso em: 1° jun. 2021. Percebe-se, analisando o Quadro 2, que as pessoas analfabetas, que não conseguem ler nem escrever um recado simples, se concentram em maior quantidade em algumas regiões brasileiras (Norte e Nordeste) e são preponderantes nas etnias de cor preta/ parda ao longo de todo o território nacional. Esse, provavelmente, é o resultado de nossa história de colonização e que veio se afirmando ao longo do século XX, criando bolsões de pobreza em algumas regiões e, por vezes, reforçando práticas discriminatórias e racistas em algumas regiões brasileiras. Cabe à escola, neste caso, colocar em prática uma educação decolonial, que busque assimetria de poder entre todas as etnias e grupos culturais existentes e estabeleça entre os estudantes uma cultura antirracista. 2.1 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A EJA Nas primeiras décadas do século XX, para dar conta de administrar este combate ao analfabetismo entre jovens e adultos ao longo do período de desenvolvimentismo brasileiro, que viemos estudando ao longo deste primeiro tópico, o governo federal deu início às seguintes políticas públicas educacionais: TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 11 FIGURA 2 – PRIMEIRAS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL PARA A EJA FONTE: Adaptada de Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001) O Fundo Nacional do Ensino Primário foi instituído pelo decreto-lei n° 4.958 de 14 de novembro de 1942 com o objetivo de direcionar os recursos federais provenientes de tributos para auxiliar na “[...] ampliação e melhoria do sistema escolar primário de todo o país. Esses recursos serão aplicados em auxílios a cada um dos Estados e Territórios e ao Distrito Federal, na conformidade de suas maiores necessidades” (BRASIL, 1942). Conforme comentamos anteriormente, era urgente começar a combater as grandes taxas de analfabetismo, que existiam em todos os grupos sociais (crianças, jovens e adultos). Essa iniciativa foi realizada na gestão do então Presidente Vargas, tendo como seu ministro da educação Gustavo Capanema. Lourenço Filho, um dos intelectuais brasileiros, que inclusive fez parte do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, era um dos defensores da educação de adultos. Acompanhe um trecho de uma de suas palestras proferida em 1945 para um grupo de professores no Rio de Janeiro ao referir-se ao problema da educação de adultos no Brasil: O caso de numerosíssimas pessoas, que chegam à idade adulta, sem mesmo haverem logrado o domínio das técnicas elementares da cultura – a leitura, a escrita e os rudimentos do cálculo – é, sem dúvida, o mais premente. A educação de adultos apresenta-se, assim, a um primeiro exame, em sua função supletiva, a de suprir ou remediar deficiências, a ineficiência ou incapacidade da organização escolar. Aparece, em novos e velhos países, com a mesma feição: a do combate ao analfabetismo, muito embora nisso não se possa conter todo o seu conceito. Seria inútil, no entanto, obscurecer a importância da aprendizagem da leitura e da escrita. Sem o domínio dessas técnicas elementares, o homem de hoje permanece em minoridade cultural; não pode, por si mesmo, cumprir numerosos atos da vida civil; na maioria dos países, está incapacitado para a vida política. Tão grave situação encontra justificativa na incapacidade que ele tem de intercomunicação social, ou de ligar-se mais fácil, pronta e eficientemente, à vida da comunidade a que pertença. Numa grande cidade, o homem iletrado é elemento sempre dependente de outrem; nas pequenas povoações, ou no campo, homem “marginal”, ao qual não podem chegar, por UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 12 via direta, os problemas de mais relevância na vida cívica; estão-lhes defesas, em grande parte, as conquistas da civilização e da cultura, no país e no mundo. Se toda uma pequena povoação do interior é analfabeta, então esse aspecto de “marginalidade” se agrava e tende a perdurar (LOURENÇO FILHO, 1945, p. 170). Percebemos nas palavras de Lourenço Filho (1945) o quanto a educação de adultos na época estava atrelada a ideiade suplência, de continuidade dos estudos, para que os adultos pudessem tornar-se capazes de integrar-se à cultura e a vida social existentes. Associa-se ainda a ideia de uma possível marginalização àqueles que fossem iletrados ou analfabetos, ideias estas que, ainda hoje, produzem representações mentais acerca dos pobres e analfabetos, não é mesmo? 2.2 AS CAMPANHAS DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS O Serviço de Educação de Adultos foi criado, em 1947, pelo Departamento Nacional de Educação, órgão que compunha o então Ministério da Educação e Saúde, tendo como objetivo orientar e coordenar os trabalhos e os planos que poderiam vir a estruturar o ensino supletivo no Brasil. Para isso foi criada a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), que se valia do Fundo Nacional de Ensino Primário para o seu financiamento. Paiva (1973) acrescenta que essa iniciativa também atendia aos apelos internacionais da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em prol da educação popular. Assim, além de incrementar o contingente de mão de obra alfabetizada no Brasil, essa iniciativa também visava tornar-se “[...] um instrumento para melhorar a situação do Brasil nas estatísticas mundiais de analfabetismo” (PAIVA, 1973, p. 178). Caro aluno, cabe esclarecermos que o ensino supletivo, de fato, somente será institucionalizado e organizado em nível nacional a partir da LDB de 1971, conforme veremos logo mais! ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 13 A Campanha de Educação Rural (CNER), instituída em 1952 pelo Ministério da Educação e Saúde, tinha como finalidade a difusão da educação básica no meio rural brasileiro. Entendia-se que os baixos índices de escolarização e as taxas de analfabetismo altas entre jovens e adultos também se evidenciavam no campo e precisavam ser ampliados e reduzidos, respectivamente, com tal iniciativa. A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, instituída em 1958 pelo Ministério da Educação e Cultura, propunham, em conjunto com a CEAA (Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos) e a CNER (Campanha Nacional de Educação Rural), o aperfeiçoamento e desenvolvimento do ensino primário em municípios selecionados, procurando, assim, as melhores práticas de erradicação do analfabetismo. Acompanhe no Quadro 3 os objetivos de cada campanha, conforme o Decreto n° 47.251, de 17 de novembro de 1959:a) QUADRO 3 – OBJETIVOS DAS CAMPANHAS VOLTADAS PARA O COMBATE DO ANALFABETISMO DE JOVENS E ADULTOS CAMPANHAS OBJETIVOS Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) a) A escolarização, em nível primário, onde for mais aconselhável, de adolescentes e adultos, tendo em vista a elevação do nível cultural do povo brasileiro. b) O aproveitamento efetivo de radiodifusão na educação popular de base. Campanha de Educação Rural (CNER) a) O aperfeiçoamento e o desenvolvimento dos meios de educação das populações rurais. b) A formação e a preparação pedagógica, em caráter de emergência, dos professores primários leigos das áreas rurais. Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA) a) O aperfeiçoamento e o desenvolvimento do ensino primário comum em áreas municipais pré-estabelecidas. b) A aplicação intensiva dos métodos e materiais utilizados pelas outras duas Campanhas nas mesmas áreas municipais pré- estabelecidas. c) A verificação experimental da validade socioeconômica dos métodos e processos de ensino primário, educação de base e educação rural, utilizados no Brasil, com vistas à determinação dos mais eficientes meios de erradicação do analfabetismo. FONTE: Adaptado de Brasil (1959) Acompanhando o Quadro 3, podemos comentar alguns pontos importantes e interessantes, que dizem respeito à história da educação no Brasil. O primeiro é a associação da cultura com a escolarização. Assim, acompanhando a tendência eurocentrada – que entendem a cultura como algo típico das nações que dominam o código escrito – o Brasil enxerga a educação escolar como estratégia de incremento cultural. UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 14 Existe a menção à utilização dos sistemas de radiodifusão para que essas campanhas chegassem aos seus públicos de interesse, o que é uma iniciativa de educação a distância em seus primórdios no território brasileiro. Basta salientar que o rádio tinha um alcance e uma audiência muito grandes na época tanto no ambiente urbano quanto no rural. Ao tratar-se das iniciativas educacionais que ocorriam no campo, muitas delas eram realizadas por professoras que possuíam uma escolarização mínima e que precisariam ser preparadas pedagogicamente para exercerem melhor suas funções docentes. Essas ações além de visarem à erradicação do analfabetismo entre os adultos, a partir da escolarização, também visavam atingir e melhorar a participação das crianças na escola, a partir do exemplo e da iniciativa de seus pais. Alguns dos intelectuais brasileiros da época, como Anísio Teixeira e Lourenço Filho, frisavam que era importantíssimo que as crianças convivessem com pais alfabetizados para que pudessem inspirar-se e compartilhar do sentimento e benefício mútuo da escolarização em suas vidas. Muitas das crianças da época, por possuírem pais analfabetos, sentiam-se constrangidas e desanimadas em prosseguir seus estudos, pois não queriam assumir uma condição superior aos pais neste quesito. Assim, nesse contexto, era imperativo que pai e mãe fossem alfabetizados. É importante salientar também que, na década de 1950, somente tinham direito a votar aqueles que eram alfabetizados, o que também contribui para que os adultos tivessem interesse em se alfabetizar. Segundo Ceratti (2007, p. 3), na década de 1950 “[...] a alfabetização de adultos teve o propósito de transformar o analfabeto em um eleitor em potencial”. Assim, investindo na alfabetização, também estaria aumentando o contingente de eleitores que participariam das votações, o que, num primeiro momento poderia reforçar o poder político dos oligarcas que costumavam estar entre os grandes produtores rurais brasileiros. Na década de 1960 o Brasil vivenciou inúmeras discussões em torno da educação de adultos, destacando-se como principal expoente em nível nacional o educador Paulo Freire. Foram organizados espaços de discussão da temática e ocorreu o engajamento de vários grupos populares nessas problematizações pertinentes à educação de adultos, especialmente pobres e analfabetos. “No começo da década de 1960 a alfabetização juntou-se aos movimentos estudantis e sindicais e a questão do analfabetismo passou a ser vista como consequência direta da pobreza e de uma política de manutenção de desigualdades” (BRASIL, 2006, p. 26). TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 15 Nessa época, a educação de adultos passou, então, a ser uma bandeira política em busca de igualdade de acesso à educação para todos. Ao referirem-se a este período do início da década de 1960, Di Pierro, Joia e Ribeiro (2001, p. 60) comentam que: Embaladas pela efervescência política e cultural do período, essas experiências evoluíam no sentido da organização de grupos populares articulados a sindicatos e outros movimentos sociais. Professavam a necessidade de realizar uma educação de adultos crítica, voltada à transformação social e não apenas à adaptação da população a processos de modernização conduzidos por forças exógenas. O paradigma pedagógico que então se gestava preconizava com centralidade o diálogo como princípio educativo e a assunção, por parte dos educandos adultos, de seu papel de sujeitos de aprendizagem, de produção de cultura e de transformação do mundo. Paulo Freire, hoje patrono da educação nacional, destacou-se nas iniciativas pioneiras da educação popular de adultos que viviam em condição de pobreza no Brasil, criando um sistema de alfabetização relacionado com a vida social desses indivíduos, conhecimentos que aprofundaremosmelhor na Unidade 3 deste livro. ESTUDOS FU TUROS Considerada como a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei n° 4.024/61, reconheceu a educação como um direito de todos e em seu Título VI, capítulo II, que se refere ao ensino primário, estabelece no Art. 27, que “o ensino primário é obrigatório a partir dos sete anos e só será ministrado na língua nacional. Para os que o iniciarem depois dessa idade, poderão ser formadas classes especiais ou cursos supletivos correspondentes ao seu nível de desenvolvimento” (BRASIL, 1961). Observamos aqui o primeiro indício de busca pela institucionalização da formação e jovens e adultos de forma reparadora, preenchendo as lacunas de escolarização que não haviam ocorrido na infância. E, ainda mais, a partir de classes de aceleração desse processo de ensino e aprendizagem. UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 16 2.3 O PROGRAMA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE E O INÍCIO DO REGIME MILITAR Nesse contexto, é criado o Programa Nacional de Alfabetização, pelo Decreto n° 53.465, de 21 de Janeiro de 1964 que visa valer-se do sistema de alfabetização desenvolvido por Paulo Freire. Esse programa visa tornar-se “[...] um esforço nacional concentrado para eliminação do analfabetismo;” (BRASIL, 1964) uma vez que os esforços até então empreendidos não tinham correspondido às necessidades da alfabetização em massa que se fazia urgente. Assim, conforme propõe o decreto: “[...] urge conclamar e unir todas as classes do povo brasileiro no sentido de levar o alfabeto àquelas camadas mais desfavorecidas que ainda o desconhecem” (BRASIL, 1964). O Programa Nacional de Alfabetização, ainda estabelece que: Art. 4° A Comissão do Programa Nacional de Alfabetização convocará e utilizará a cooperação e os serviços de: agremiações estudantis e profissionais, associações esportivas, sociedades de bairro e municipalistas, entidades religiosas, organizações governamentais, civis e militares, associações patronais, empresas privadas, órgãos de difusão, o magistério e todos os setores mobilizáveis. Essas iniciativas, porém, que propunham valer-se de espaços típicos da sociedade em que se encontravam as iniciativas da educação popular propostas por Paulo Freire na época, não vieram a se estabelecer devido a tomada do poder pelos militares em 1964. Assim, Paulo Freire, de referência a ser utilizada para a alfabetização brasileira, passa a ser considerado subversivo e é exilado, ficando distante ao longo dos próximos vinte anos. Dentro do regime militar, aliada as ideias de expansão empresarial que comentamos anteriormente, é instituído o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Valendo-se da lógica discursiva da palavra movimento para dar a conotação de ter partido de iniciativa popular, conforme haviam sido os movimentos sociais de alfabetização de adultos propostos por Paulo Freire anteriores à ditadura militar, porém, “[...] no contexto violador de direitos, da Ditadura Militar, o significado da palavra movimento adquiriu os contornos tecnicistas da alfabetização funcional, calcada na aprendizagem das técnicas de leitura e escrita sem a reflexão diante das problemáticas sociais do momento ditatorial” (SANTOS, 2015, p. 62). TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 17 A EDUCAÇÃO NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR O Brasil permaneceu em regime de ditadura militar desde 1° de abril de 1964 até 15 de março de 1985, tendo sido governado por inúmeros presidentes militares ao longo deste período. A educação brasileira durante o regime militar passou a receber apoio técnico, pedagógico e financeiro dos Estados Unidos, principalmente através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development – USAID), o que ficou conhecido como os Acordos MEC/ USAID. A partir desses acordos, novas leis foram criadas e reformas foram estabelecidas em todos os níveis educacionais, visando colocar o Brasil em sintonia com a educação norte-americana. Aciona-se, assim, uma submissão também no campo educacional do Brasil ao seu principal financiador do desenvolvimento econômico e industrial que vinha acontecendo nas primeiras décadas do século XX. IMPORTANT E A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal n° 5.692, de 11 de agosto de 1971, ampliou a obrigatoriedade do ensino da educação básica de quatro para oito anos e trouxe também avanços para a educação de jovens e adultos, pois instituiu a educação supletiva possível para esse primeiro grau de escolarização (BRASIL, 1971), ou seja, aqueles que não tinham podido concluir o ensino obrigatório na idade apropriada agora poderiam concluir a partir de “[...] cursos supletivos, centros de estudo e ensino a distância, entre outras” (DI PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001, p. 62). Os estudos supletivos que inicialmente eram voltados aos adultos em busca da conclusão de seu processo de alfabetização e dos anos de ensino obrigatórios, porém, começaram a receber inúmeros jovens que, em virtude de sua inserção e exigências do mercado de trabalho buscavam uma aceleração em seus estudos. Sobre esse aspecto da inserção de jovens no ensino supletivo, cabe destacarmos que: A entrada precoce no mercado de trabalho e o aumento das exigências de instrução e domínio de habilidades no mundo do trabalho constituem os fatores principais a direcionar os adolescentes e jovens para os cursos de suplência, que aí chegam com mais expectativas que os adultos mais velhos de prolongar a escolaridade pelo menos até o ensino médio para inserir-se ou ganhar mobilidade no mercado de trabalho (DI PIERRO; JOIA; RIBEIRO, 2001, p. 65). Essa questão, iniciada na década de 1970, irá perpetuar-se até os dias atuais, quando a EJA absorve uma quantidade significativa de jovens que visam conciliar seus trabalhos com a sua escolarização, que, aliás, é cada vez mais exigida pelo mercado de trabalho. UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 18 É interessante salientar que a possibilidade da educação a distância como apoio ao processo educativo já havia sido manifestada na LDB de 1971, o que presenciamos ocorrer na atualidade em algumas iniciativas do Ministério da Educação e, com muito mais ênfase, nas escolas privadas. INTERESSA NTE É importante destacarmos as quatro funções que se referiam ao ensino supletivo, instituído e organizado a partir da LDB de 1971, segundo o Parecer 699/72: A suplência (substituição compensatória do ensino regular pelo supletivo via cursos e exames com direito à certificação de ensino de 1 ° grau para maiores de 18 anos e de ensino de 2 ° grau para maiores de 21 anos), o suprimento (complementação do inacabado por meio de cursos de aperfeiçoamento e de atualização), a aprendizagem e a qualificação (BRASIL, 2000, p. 20). Assim, são necessárias medidas que compensem, complementem e promovam a aprendizagem dos adultos, qualificando-os para o trabalho e para a vida em sociedade. Aspectos estes que serão reforçados com a Constituição Federal de 1988. Ao longo da década de 1980, as discussões em nível nacional e internacional sobre a educação de jovens e adultos seguiram estabelecendo aproximações com as questões voltadas à qualificação e reparação da escolarização não realizada na “idade própria”. Com o processo de abertura política ao final do regime da ditadura militar e a busca pela redemocratização brasileira, teremos, com a Constituição Federal de 1988 uma retomada no direito educacional extensível a todos, citando em particular os adultos, conforme estabelece o texto original da CF/88, em seu Art. 208: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;” Atualmente, com a Emenda Constitucional n° 59/2009, este artigo se encontra da seguinte forma: “I - educação básicaobrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (BRASIL, 1988). Cabe esclarecer, ainda, que a educação escolar a partir da CF/88 torna-se um direito público subjetivo de todo cidadão brasileiro. TÓPICO 1 — ASPECTOS CONTEXTUAIS HISTÓRICOS 19 O direito social à educação deve ser garantido pelo Estado, podendo ser os órgãos competentes responsabilizados pelos sujeitos em busca da concretização desse direito. Assim, todo cidadão brasileiro deve possuir um local, uma turma, uma escola para que possa desfrutar dessa escolarização obrigatória e gratuita que hoje envolve 14 anos de experiência escolar. IMPORTANT E Agora que conhecemos mais detalhadamente como a história da educação de jovens e adultos foi se configurando nas primeiras décadas do século XX e os aspectos contextuais brasileiros que perpassam essa trajetória, vamos conhecer os eventos e legislações mais recentes sobre o tema. 20 Neste tópico, você aprendeu que: • O desenvolvimento de programas e políticas educacionais voltadas para a escolarização de jovens e adultos se associa com o contexto político e econômico de cada época. • As primeiras ações voltadas para a EJA surgem visando combater o analfabetismo em adultos que assolava o Brasil no início do século XX, obstaculizando o desenvolvimento industrial que se afirmava. • Campanhas foram criadas no intuito de atingir tanto os públicos (jovens e adultos) dos centros urbanos quanto do meio rural com o objetivo de ampliar a instrução primária. • No ano de 1964 foi criado o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos, que se baseava no sistema de alfabetização desenvolvido pelo educador Paulo Freire para esta finalidade. No entanto, com o advento do Regime Militar que fora imposto, este plano não chegou a ser posto em execução. • Ao longo do Regime Militar, sofrendo as influências diretas dos Estados Unidos, através da USAID, o Brasil implementa o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que se mantém em funcionamento ao longo das décadas de 1970 e 1980, porém, sem atingir os objetivos que se propunha, sendo alvo de grandes críticas em sua organização. • A Lei de Diretrizes e Bases de 1971 organiza e estrutura o ensino supletivo, que assume as funções de suplência, suprimento, aprendizagem e qualificação do contingente de jovens e adultos que não haviam tido acesso à educação escolar. • Com o movimento de abertura política e busca pela redemocratização do país, os temas da educação de jovens e adultos são retomados sendo que na Constituição Federal de 1988, a educação torna-se direito social público e subjetivo de todo cidadão brasileiro. RESUMO DO TÓPICO 1 21 1 No início do século XX, no Brasil, alguns marcos históricos podem ser destacados pela contribuição que trouxeram para que a educação de jovens e adultos começasse a ser entendida como importante e prioritária. Com base nesses marcos históricos, analise as sentenças a seguir: I- A Revolução de 1930, em que Getúlio Vargas assume como presidente, fez com que houvesse uma alternância entre aqueles que ocupavam o poder, permitindo que o Brasil pudesse agir frente às questões econômicas que se impunham. II- A criação do primeiro Ministério da Educação e Saúde de forma integrada, em 1930, significa que a educação deveria se empenhar em resolver, também, as demandas de higiene e profilaxia da população mais pobre. III- O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932, fez com que o Brasil acompanhasse as ideias da escola nova que se afirmava na Europa e nos Estados Unidos, porém sem apresentar ideias ou planos para a nossa educação nacional. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 2 O Brasil implementou algumas campanhas de alfabetização voltadas para o público jovem e adulto ao longo das décadas de 1940 – 1960 visando erradicar o analfabetismo e compensar àqueles que não haviam frequentado a escola na sua infância. Com base no seu estudo desta unidade de aprendizagem acerca destas campanhas, assinale a alternativa CORRETA em ordem cronológica: a) ( ) Campanha de Educação Rural (CER); Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA); Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). b) ( ) Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA); Campanha de Educação Rural (CER); Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). c) ( ) Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA); Campanha de Educação Rural (CER); Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA). d) ( ) Campanha de Educação Rural (CER); Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA); Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA). AUTOATIVIDADE 22 3 Ao longo do século XX, algumas legislações serviram como impulso para que a Educação de Jovens e Adultos pudesse reduzir as grandes taxas de analfabetismo que existiam entre as pessoas acima de 15 anos de idade. A partir de seu estudo destas legislações nesta unidade de aprendizagem, analise as sentenças a seguir e classifique V para as verdadeiras e F para as falsas: ( ) A Constituição Federal de 1934 estabeleceu que o ensino primário (1ª – 4ª série) era obrigatório e gratuito para todo brasileiro. ( ) Com a criação do Fundo Nacional do Ensino Primário, pelo decreto-lei n° 4.958/ 42 são direcionados recursos para a ampliação e melhoria do sistema escolar primário brasileiro. ( ) Embora a Lei n° 4.024/61 já mencione a possibilidade de existirem turmas de suplência, o ensino supletivo somente se estrutura no Brasil a partir da LDB de 1971. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A Educação de Jovens e Adultos no Brasil está muito associada com questões políticas e econômicas que eram presentes em nosso contexto ao início do século XX. Assim, disserte sobre a necessidade da EJA nas primeiras décadas do século XX, considerando as questões de expansão industrial, de aumento das populações urbanas e da pobreza que existia no período. 5 A partir da LDB de 1971, se institui o ensino supletivo no Brasil, que, embora fosse criado originalmente focalizando o público adulto que não havia tido a oportunidade de completar sua escolarização obrigatória na idade apropriada, atraiu milhares de jovens que passaram a ocupar suas classes. Disserte sobre os motivos que fizeram com que os jovens passassem a frequentar o ensino supletivo. 23 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS 1 INTRODUÇÃO Após o período de abertura política, consolidado com a eleição indireta que elegeu Tancredo Neves e seu vice José Sarney, em 1985, rompe-se com o regime de ditadura militar que se impunha nos últimos 20 anos, dando margem para que um novo texto constitucional fosse elaborado. Ideias de uma educação progressista, como as freirianas, passam a poder ocupar novamente o espaço de discussão acerca dos objetivos da educação. Tancredo Neves, considerado pelo povo, nas eleições de 1985, como a grande esperança de renovação do quadro político existente, veio a hospitalizar-se e acabou falecendo de uma diverticulite, não chegando a assumir o governo. Assim, José Sarney, seu vice, é nomeado o presidente da república. INTERESSA NTE A Constituição Federal de 1988 traz mudanças significativas relacionadas à educação escolar, entre elas a ampliação do período de escolarização obrigatória e a conversão deste direito social em público e subjetivo conforme aprendemos anteriormente. Desdobram-se as finalidades educacionais em três áreas distintas: o desenvolvimento integral; a preparação para o trabalho; e o preparo para a cidadania. Assim, aliado àsnovas tendências internacionais que visam combater o analfabetismo e estender o direito à educação a todos, o Brasil irá intensificar em suas políticas públicas educacionais ações mais efetivas que se voltem à EJA. Essas ações consideram as mudanças advindas na década de 1990 a partir da Globalização, que introduzem a educação permanente (longlife learning) e o aprender a aprender como condições básicas da vida social para o século XXI. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos as legislações pertinentes à EJA na contemporaneidade, bem como, analisaremos os dados estatísticos referentes a esta modalidade educacional visando estabelecer um panorama da sua condição atual. 24 UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 2 CONHECENDO A LEGISLAÇÃO DA EJA A década de 1990 pode ser considerada como uma época de grande impulso das políticas públicas educacionais, que visavam tanto atender aos novos anseios democráticos quanto acompanhar as ideias internacionais que entendiam a educação como mecanismo essencial para a participação social e para o resgate da cidadania. Assim, as legislações que se referem à EJA no Brasil, nessa época, se relacionam com marcos legais internacionais que precisamos conhecer. 2.1 MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA RECENTE DA EJA Os anos de 1990 ao redor do mundo propuseram novos entendimentos para a educação escolar, que se voltavam para uma construção universal deste direito, principalmente visando um novo século que se anunciava. Também é interessante desatacarmos que se investe em um projeto de desenvolvimento econômico, político e cultural que pretende ser global, isto é, atingir a todas as nações capitalistas existentes. Esse projeto se consolida a partir da Globalização que, no Brasil, terá seus efeitos a partir dos anos de 1995 principalmente. Assim, para organizar nossa aprendizagem, vamos acompanhar alguns desses marcos internacionais que se relacionam com a educação de jovens e adultos, e irão impactar as ações no Brasil. Faremos isso a partir da imagem a seguir: FIGURA 3 – MARCOS IMPORTANTES PARA A HISTÓRIA RECENTE DA EJA FONTE: O autor Vamos analisar esses marcos internacionais, pois, a partir deles, a educação de jovens e adultos no Brasil e no mundo, começa a ser perseguida de forma mais contundente na busca da garantia deste direito social básico: a educação. TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS 25 2.1.1 A Conferência Mundial sobre Educação para Todos Entre os dias cinco e nove de março de 1990, nações de todos os continentes se reuniram sob a organização da Unesco, em Jomtien, na Tailândia, com o intuito da criação de um plano de ação que pudesse satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem que desafiavam o mundo inteiro. Esse encontro ficou conhecido como Conferência de Jomtien. O panorama da educação mundial, nessa época, apontado pelos dados da Declaração Mundial da Educação para Todos, foi o resultado dessa conferência: • mais de 100 milhões de crianças, das quais pelo menos 60 milhões são meninas, não têm acesso ao ensino primário; • mais de 960 milhões de adultos – dois terços dos quais mulheres são analfabetos, e o analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento; • mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais; e • mais de 100 milhões de crianças e incontáveis adultos não conseguem concluir o ciclo básico, e outros milhões, apesar de concluí-lo, não conseguem adquirir conhecimentos e habilidades essenciais (UNESCO, 1990, s. p.). Como podemos perceber pelo que os números retratam na própria Declaração de Jomtien, era urgente que ações fossem estruturadas em nível global visando garantir maior equidade de acesso à educação escolar. Deviam, ainda, serem consideradas as distorções de gênero existentes no campo educacional mundial, fomentando que as mulheres pudessem ter maior acesso a esse direito. Da mesma forma, reforça-se mais uma vez a necessária escolarização para apoiar o desenvolvimento de países em desenvolvimento, como era o caso do Brasil. Ainda sobre o comprometimento que assinar essa declaração trouxe para os países participantes, percebemos que “tendo assinado a Declaração Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, em 1990, os 155 governos que firmaram o acordo se comprometeram em garantir uma educação básica para crianças, jovens e adultos, independentemente de sexo, etnia, classe social, religião e ideologia” (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2007, p. 7). Assim, todos deveriam ter uma educação básica garantida, fossem crianças, jovens ou adultos. 26 UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL A educação básica no Brasil atualmente compreende as etapas da educação infantil, o ensino fundamental (anos iniciais e anos finais) e o ensino médio. ATENCAO 2.1.2 Relatório: Educação Um Tesouro a Descobrir Um dos mais impactantes documentos produzidos na década de 1990, pelos seus efeitos na área da educação mundial é o Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI (1996), da UNESCO, escrito por uma comissão liderada por Jacques Delors. Neste documento, intitulado “Educação: um tesouro a descobrir”, são estabelecidos os quatro pilares sobre os quais a educação contemporânea deveria se assentar, que são: FIGURA 4 – OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI FONTE: Adaptada de Delors et al. (1998) Assim, a educação escolar deveria perseguir a preparação do homem para a vida social plena, indo além dos conhecimentos acumulados na cultura humana, mas também focalizando as questões práticas, a convivência e o ser em sua integralidade. Em relação à educação de jovens e adultos, esse relatório aponta alguns aspectos interessantes, como a necessária separação entre o que seria uma educação inicial e a educação permanente, conforme aponta: [...] a distinção tradicional entre educação inicial e educação permanente precisa ser repensada. Uma educação permanente, realmente dirigida às necessidades das sociedades modernas não pode continuar a definir-se em relação a um período particular da vida — educação de adultos, por oposição à dos jovens, por exemplo — ou a uma finalidade demasiado circunscrita — a formação profissional, distinta da formação geral. Doravante, temos de aprender ao longo de toda a vida e uns saberes penetram e enriquecem os outros (DELORS et al., 1998, p. 103). TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS 27 Assim, procura-se romper com a visão restritiva e que, muitas vezes, segregava o adulto que não havia acompanhado a escolarização na infância ou juventude, para as questões profissionais unicamente. Estabelece-se para o século XXI o conceito de educação permanente (longlife learning), que deveria acompanhar o sujeito em todas as etapas de sua vida. O relatório também amplia as discussões da educação para outros níveis, além da educação primária e da educação básica perseguida em documentos anteriores, conforme cita: A Comissão pensa, porém, que deve constar da agenda das grandes conferências internacionais do próximo século um empenho semelhante a favor do ensino secundário. Este deve ser concebido como uma “plataforma giratória” na vida de cada um: é nessa altura que os jovens devem poder decidir em função dos seus gostos e aptidões; é aí, também, que podem adquirir as capacidades que os levem a ter pleno sucesso na vida de adultos (DELORS et al., 1998, p. 122). Dessa forma, articula-se a educação secundária, direcionada aos jovens com os requisitos necessários para que se tornem adultos aptos a viver uma vida plena. Isto também implica a continuidade dos estudos no nível superior, que deve ser perseguido pelos mesmos e pelos adultos dentro do contexto dolonglife learning que se estabelece para o século XXI. O termo longlife learning pode ser traduzido como educação permanente ou educação ao longo de toda a vida e representa um discurso muito forte para o século XXI, pois se refere a uma busca constante por aperfeiçoamento de conhecimentos e habilidades. Esta ideia se associa com o chamado aprender a aprender que coloca os homens como eternos aprendizes de novas formas de realizar aprendizagens ao longo de suas vidas. NOTA Essas discussões e propostas que fazem parte do Relatório Educação: um tesouro a descobrir, conhecido também como Relatório Delors, irão compor as iniciativas educacionais internacionais, impactando, também, as discussões e políticas educacionais brasileiras, desde então. 28 UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL 2.1.3 A V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (CONFINTEA) Vinham sendo realizadas desde a década de 1960 algumas conferências internacionais que tinham como foco discutir e implementar a educação de jovens e adultos, porém, o alcance dessas mobilizações ainda havia sido incipiente para transformação da realidade educacional deste público. No entanto, a V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos (V CONFINTEA), realizada em Hamburgo, na Alemanha, em 1997, teve uma adesão muito maior por parte das nações que já vinham perseguindo as metas com as quais haviam se comprometido em Jomtien. Como resultado dessa conferência, foi produzida a Declaração de Hamburgo, que procurou estabelecer uma agenda para o futuro. Segundo a Declaração de Hamburgo (UNESCO, 1999, p. 19), a educação de adultos é a “[...] chave para o século XXI. É tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade”. Assim, a Declaração de Hamburgo vem ao encontro do que estabelece o nosso texto constitucional, o qual associa a cidadania com as possibilidades educacionais ofertadas a todo cidadão brasileiro. Afirmam-se, ainda, nesta declaração os princípios de uma educação ao longo de todo a vida, discurso que costuma se fazer presente nos documentos educacionais internacionais que projetam a educação para o século XXI. Sobre esta conferência, podemos acrescentar, ainda, que: [...] a V CONFINTEA inovou do ponto de vista das participações: delegações oficiais e representantes da sociedade civil organizada privavam do mesmo espaço, quase sem barreiras. A voz de todos se fazia ouvir por igual nas discussões que levaram à formulação de uma Agenda para o Futuro da Educação de Adultos, firmada pelos países- membros, que vem sendo avaliada e reavaliada internacionalmente em diferentes momentos [...] (PAIVA; MACHADO; IRELAND, 2007, p. 12). Inspirado nesse modelo de discussão dos temas e participação de todos os agentes de forma democrática e interativa, começam a ocorrer no Brasil os Fóruns de EJA, que procuram manter até a atualidade, dentro de cada estado brasileiro, as discussões acerca das necessárias políticas públicas para a educação de jovens e adultos. TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO PERTINENTE A EJA E DADOS ESTATÍSTICOS 29 2.2 A EJA NA LDB ATUAL A educação de jovens e adultos, como modalidade de ensino, também é regulada pela Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) em vigência no momento. Primeiramente, convém destacar que a LDB/96 reitera o que está posto na Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205 acerca das finalidades da educação, conforme consta em seu “Art. 2° A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996). Neste artigo, definem-se os agentes corresponsáveis pela educação: a família e o Estado; bem como os três principais objetivos da educação escolar, que seriam o desenvolvimento pleno, integral do ser humano, seu preparo para exercer a sua cidadania e a qualificação necessária para atuar perante o mundo do trabalho. Na Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205, os agentes responsáveis pela educação escolar em nível de sistema são as famílias, o Estado e todos os demais que compõe a sociedade. NOTA A LDB/96 traz em sua Seção V toda uma regulação da EJA para o sistema educacional brasileiro, que devemos conhecer, começando por sua conceituação no Artigo 37, que estabelece: “Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da vida” (BRASIL, 1996). A partir desta denominação da EJA na LDB/96 percebemos o seu caráter inclusivo e social, que visa trazer para a escola todos aqueles jovens e adultos que não puderam concluir seus estudos na idade própria, normalmente associada com a infância e adolescência. Também é importante perceber que já se faz menção da aprendizagem ao longo de toda a vida quando se refere a este público específico. Assim, os adultos tendem a permanecer estudando como veremos a seguir no Tópico 3 e, para que isso seja possível, devem ser ofertadas condições de ingresso tanto na educação básica quanto no ensino superior. O parágrafo único do Artigo 37 da LDB/96 estabelece que “§ 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (BRASIL, 1996). Aqui destaca-se o caráter 30 UNIDADE 1 — HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL gratuito da oferta educacional e, mais ainda, os necessários cuidados com este público ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Afinal, as metodologias aplicadas para educar jovens e adultos devem diferir daquelas utilizadas com as crianças, pois devem ajustar-se ao que a vida em sociedade já lhe exige, tornando-os mais aptos para essa vivência social. Neste parágrafo citam-se ainda a possibilidade da realização de cursos e exames, isto significa que tanto os jovens e adultos poderão estar frequentando uma classe regular para complementar seus estudos, quanto simplesmente submeter-se a provas específicas para testar se adquiriram as habilidades de cada área de conhecimento pertinentes ao nível de escolaridade que almejam. Na Unidade 3 deste livro, você conhecerá uma das políticas públicas educacionais que hoje se destina diretamente à Educação de Jovens e Adultos, o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA). ESTUDOS FU TUROS A EJA na LDB/96 é associada, ainda, com a educação profissional, perseguindo a preparação e qualificação para o trabalho, necessária para que jovens e adultos possam se inserir de forma produtiva na sociedade. Cabe comentarmos que a educação profissional e tecnológica, neste caso, abrange, segundo o Artigo 39 da LDB/96, cursos de “[...] formação inicial e continuada ou qualificação profissional; de educação profissional técnica de nível médio; de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.” Perceba que a educação profissional e tecnológica, que deve se articular com a EJA, envolve desde cursos de extensão e formação básica para o trabalho como até mesmo formações em nível de graduação e pós-graduação, devendo o Estado garantir o acesso e permanência desses jovens e adultos nesses ambientes escolares. A LDB/96 estabelece, ainda, em seu Artigo 38 que “Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.” Assim, embora deva considerar as especificidades deste público específico, jovens e adultos,
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