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CAPÍTUlO 2 téCniCaS e ProCedimentoS de Seleção de PeSSoaS A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Examinar o conhecimento de técnicas e procedimentos utilizados para a seleção de pessoas. 3 Discutir sobre as ferramentas estratégicas utilizadas pelas organizações no processo de seleção de pessoas. 3 Planejar as técnicas e procedimentos de seleção de acordo com cada cargo. 3 Diagnosticar, executar e avaliar processos relacionados às técnicas e procedimentos de seleção de pessoas nas organizações. 26 Técnicas e Processos de seleção 26 27 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 27 Capítulo 2 Contextualização Agora que você já estudou os conceitos que norteiam a prática da seleção de pessoas, podemos estudar as principais técnicas e procedimentos para realizarmos um processo de seleção satisfatório. Uma regra fundamental é que não existe uma técnica melhor que outra, o que vai definir a eficácia da técnica é se ela é apropriada para determinado perfil do cargo. Por exemplo, cargos com alto nível de exigência em conhecimentos específicos devem utilizar provas de conteúdo em sua seleção, enquanto cargos que exigem boa forma física devem utilizar testes físicos, como no caso de bombeiros e policiais. você estudou, no capítulo anterior, que a seleção de pessoas tem, como finalidade central, escolher candidatos que atendam às necessidades internas da organização, podendo ser definida como uma comparação, ou seja, as exigências do cargo e as características do candidato. Entretanto, você irá compreender, com o estudo do capítulo 2, que as técnicas adotadas neste processo, bem como os procedimentos para a realização do mesmo, são fundamentais para que o gestor de pessoas consiga encontrar o candidato mais adequado para determinada função. Este capítulo auxiliará você a compreender quais técnicas devem ser utilizadas, em quais situações e com quais cargos. logo, não existe receita para se fazer uma boa seleção. O sucesso neste procedimento depende da capacidade do avaliador em escolher boas técnicas e aplicá-las de maneira adequada. Após compreender as técnicas do processo de seleção, você poderá compreender os próximos capítulos, sobre os aspectos éticos em seleção de pessoas e sobre a seleção por competências. téCniCaS de Seleção Técnicas de seleção consistem em instrumentos de que o profissional da área de gestão de pessoas dispõe para auxiliá-lo na escolha do candidato. imagine um gestor que decida optar por um candidato apenas analisando seu currículo e, quando este candidato ingressa na organização, o gestor começa a perceber que o indivíduo não era nada daquilo que estava escrito? Ou então selecionar pessoas apenas entrevistando as mesmas, mas sem critério, como uma conversa informal e sem foco? se não forem utilizadas técnicas adequadas para selecionar o profissional, e nem padronizadas para todos os candidatos a uma determinada vaga, o gestor poderá realizar escolhas equivocadas, mais baseadas na intuição do que de fato nos conhecimentos, Não existe uma técnica melhor que outra. 28 Técnicas e Processos de seleção 28 habilidades e atitudes dos candidatos. As técnicas de seleção permitem que o profissional que irá selecionar as pessoas observe determinadas características, que você compreenderá ao longo deste capítulo, além de proporcionar mais seriedade ao processo perante os candidatos, bem como uma melhor precisão de que aquela pessoa que foi selecionada de fato irá agregar valor à organização, conseguindo desempenhar com qualidade as funções atribuídas a determinado cargo. Para Chiavenato (1999), as informações sobre o cargo a ser preenchido, ou seja, a descrição e a análise dos cargos deverá ser a base de todo o processo de seleção e da escolha das técnicas a serem aplicadas. As técnicas permitirão identificar as características pessoais de cada indivíduo por meio de amostras de seu comportamento. sendo assim, uma técnica de seleção torna- se válida quando consegue medir as características que de fato são relevantes para o desempenho das funções do cargo a ser ocupado. A primeira técnica de seleção de que iremos tratar neste tópico é a análise de currículo. seguem, então, as características desta técnica: a) Análise de currículo Em 99,9% dos processos de seleção, a primeira ferramenta a ser solicitada para o candidato e analisada pelo avaliador é o currículo. Ele é um instrumento útil para a obtenção de informações do candidato, porém, estas são insuficientes para proporcionar uma visão real do candidato. Isso porque os currículos são excelentes fontes de informações sobre os conhecimentos (cursos, formação escolar, treinamentos, etc.) e habilidades (experiências, empregos anteriores, etc.), entretanto, não evidenciam as atitudes dos candidatos, por isso, convém combinar seu uso com o de outras técnicas, como a entrevista, por exemplo. Embora seja comum o relato de características pessoais nos currículos, como “sou proativo”, “busco sempre o melhor”, ou “sou dinâmico e perspicaz”, na qualidade de avaliador, não se deve levar a sério esse tipo de anúncio. Uma técnica capaz de analisar comportamentos é mais adequada do que acreditar nas próprias palavras do candidato. Outro aspecto a ser destacado é que os currículos devem ser objetivos, ou seja, não devem ultrapassar três páginas. Currículos muito extensos podem indicar má-fé do candidato. Os currículos são excelentes fontes de informações sobre os conhecimentos e habilidades, entretanto, não evidenciam as atitudes dos candidatos. 29 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 29 Capítulo 2 Para Pontes (2004), o desemprego, os cortes de pessoal ocorridos nas organizações e a procura de novas colocações pelos indivíduos fazem com que muitas vezes os candidatos exagerem algumas qualidades ou omitam outras, na tentativa de impressionar a organização. O currículo consiste no instrumento inicial para a seleção de pessoas nas organizações. Com exceção dos cargos menos complexos, que não exijam muito em termos de conhecimentos do profissional, a seleção inicia pela análise de currículos. O currículo deve conter uma visão ampla da trajetória profissional e acadêmica do candidato, deve ser claro, coerente e bem redigido. Geralmente os tópicos que constam na elaboração de um currículo são os dados pessoais; os objetivos pretendidos (posição desejada, área de interesse ou cargo); a formação escolar; experiência profissional (últimos três empregos, constando o porte da organização, atividades desenvolvidas e resultados alcançados); habilidades e qualificações profissionais (capacidades, competências e cursos de aperfeiçoamento). Para Pontes (2004), ao analisar o currículo, deve-se ter clareza do perfil desejado do candidato, uma vez que, nas entrelinhas, este pode revelar determinada estagnação em empregos anteriores, ou instabilidade, baixo ou alto grau de especialização profissional, redação adequada ou inadequada, desorganização ao ordenar as idéias, dentre outros aspectos. O currículo deve ser ainda utilizado no momento das entrevistas, no qual o avaliador faz perguntas sobre as informações que constam no documento, servindo como um guia. isso ajuda também a detectar possíveis informações falsas que podem constar no currículo, visto que existem indícios de que muitos candidatos mentem em seus currículos no intuito de se mostrarem mais capacitados do que realmente são. Mas, afinal, o que deve ser analisado no currículo? Basicamente, os requisitos exigidos pelo cargo! Por exemplo: Costureira P/artesanato. Necessário saber costurar bem à mão e à máquina, ser organizada,caprichosa e rápida. Sálario R$400 F: 3018-1565 Publicado em 27/01/2009. 30 Técnicas e Processos de seleção 30 no caso deste anúncio, teríamos que analisar no currículo informações que comprovem ou deem indícios de que a candidata saiba costurar à mão e à máquina, como cursos ou empregos anteriores, por exemplo. Aquelas que atendessem os requisitos estariam aptas para a próxima etapa da seleção; as que não se encaixassem nos requisitos estariam fora. Mas, digamos que nenhum candidato atenda os critérios do cargo. O que fazer? nesse caso, selecionamos os “menos piores”, ou seja, aqueles que mais se aproximam dos requisitos exigidos. Caso isto ocorra, é pertinente que se avalie a forma como a empresa está recrutando seus candidatos, para que isso não aconteça novamente. Portanto, ao analisar um currículo, todos os detalhes devem ser observados. Pontes (2004) revela que a omissão de certos dados pode ser uma tentativa do candidato em encobrir alguns problemas, por exemplo, não aparecem datas de entradas e saídas de empregos anteriores, o que pode indicar uma pessoa instável nos empregos, e omissão de instrução, o que pode indicar que a pessoa não apresenta a escolaridade mínima para a função. O currículo deve ser analisado em termos de consistência, observando se o crescimento profissional ocorre de forma hamônica, o estilo das organizações anteriores em que o sujeito trabalhou, as datas de entrada e saída em empregos, eventuais crescimentos nos cargos anteriores ocupados em outras organizações, e, em especial, as realizações profissionais do candidato. Deve-se verificar também se a escolaridade e o perfil profissional do sujeito correspondem ao perfil exigido. Anote os aspectos que chamem a sua atenção no currículo para posteriormente questionar ao candidato e, por fim, verifique também a redação do candidato e a forma como ele organiza suas ideias e experiências profissionais ao longo do documento. selecionados os currículos, é dada então sequência ao processo de seleção, aplicando as demais técnicas que você verá a seguir. Antes, porém, resolva uma atividade sobre o que foi visto a respeito dos currículos. 31 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 31 Capítulo 2 Analise os pontos fracos do currículo a seguir, tendo em vista as aprendizagens obtidas em relação a esta técnica de seleção. CURRICULUM VITAE 1. Dados Pessoais nome: Maria José da silva CPF: 12.369.896.569-00 nacionalidade: Brasileira Endereço: Rua: Costa e silva, 245 – Tapera _ Florianópolis – sC. idade: 50 anos Estado Civil: separada 2. Formação: Ensino Médio Completo superior incompleto em Pedagogia 3. Experiência Profissional Auxiliar de sala – 10/02/1984 a 10/10/1990 Telefonista – 01/03/1994 a 01/03/2004 4. Cursos Atendimento ao público (1990) Gestão de pessoas (1994) Pretendo uma vaga relacionada à Pedagogia. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Agora, analisaremos a carta de apresentação, que é outro instrumento utilizado para selecionar pessoas. 32 Técnicas e Processos de seleção 32 b) Carta de apresentação É a correspondência enviada pelo candidato, juntamente com seu curriculum vitae, atendendo a uma solicitação explicitada no recrutamento, formalizando seu interesse e sintetizando as qualificações que, na opinião do candidato, são relevantes. Expectativas quanto ao trabalho a ser realizado, à carreira e ao pacote de remuneração podem ser incluídas no conteúdo da carta. É importante destacar que somente se deve enviar a carta de apresentação se a organização exigir este documento. Na carta de apresentação, verificamos se as expectativas em relação ao emprego e à qualificação do candidato correspondem às expectativas da empresa. veja a carta de apresentação a seguir: Fonte: Adaptado de Oliveira e Cavallini (2009). no caso de a organização optar por alguém formado em Administração ou Psicologia, esta candidata já estaria fora do processo. Caso a experiência seja o fator a ser analisado pela empresa, ela possui grandes chances, já que conta com nove anos de experiência. Zucarello (2008) revela que a carta de apresentação deve reter a atenção do gestor para que este a leia até o final e queira entrar em contato com o candidato. Dessa forma, as cartas de apresentação devem ser breves, objetivas e focadas em resultados. A carta deve demonstrar os São Paulo, 19 de julho de 2003. Senhores: Estou à procura de novos desafios profissionais na área de Recursos Humanos e acredito que sua empresa possa ter interesse por minhas qualificações. Sou graduada em Comunicação Social e História, com pós-graduação em Administração. Atuo na área de Recursos Humanos há nove anos, com destaque para o desenvolvimento e coorde- nação de atividades de treinamento, tenho inclusive obtido a certificação ISO-9001. Envio anexo o meu currículo para fazer parte de seu banco de dados e coloco-me à disposi- ção para uma entrevista pessoal, quando poderei fornecer mais informações sobre minha experiência profissional. Atenciosamente, Amélia Machado. 33 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 33 Capítulo 2 pontos fortes do candidato, revelando motivação e interesse do indivíduo em trabalhar na organização. Deve conter também as habilidades do candidato, de forma que o selecionador comece a considerá-lo para determinado cargo, algum conhecimento da missão da organização e a capacidade do indivíduo de crescer junto à mesma, auxiliando no alcance da missão. Aspectos positivos que não estejam relacionados ao cargo pretendido não devem ser mencionados. Dessa forma, assim como no currículo aspectos tais como organização, redação, habilidades e conhecimentos devem ser avaliados, na carta de apresentação esses mesmos aspectos também merecem atenção e podem indiciar já algum perfil do candidato. Por exemplo, candidatos que focam a sua carta de apresentação mais em aspectos pessoais e eventuais promessas para a organização podem estar omitindo determinados aspectos profissionais. Analisada a carta de apresentação, a palestra informativa consiste em outro procedimento utilizado na seleção de pessoas. c) Palestra informativa A palestra informativa consiste na apresentação dirigida pelo representante da organização (ou o selecionador) que deve conter informações sobre as características da empresa, dos cargos, condições de trabalho, política de carreira, remuneração, entre outros. É o momento em que o candidato pode esclarecer dúvidas e decidir pela sua participação, ou não, no processo seletivo. É muito utilizada em um grande volume de contratações, principalmente em programas de trainees e estagiários. A palestra proferida pelo representante deve relatar características reais da cultura da organização, para evitar a formação de expectativas equivocadas nos candidatos em relação à empresa. Um diretor de uma grande empresa de bebidas dizia em sua palestra informativa: “aqueles que não conseguem lidar com suas frustraçõesnão devem trabalhar nesta corporação”. Para alguns, isso pode soar agressivo, todavia, ele apenas estava relatando a realidade daquela organização e aqueles que, de fato, não se encaixavam nesse perfil poderiam desistir do processo seletivo. você sabia? Alguns especialistas em comportamento organizacional denominam de “esquizofrenia organizacional” o fato de a empresa possuir um determinado discurso e, na prática, realizar o contrário daquilo que prega. Exemplo: empresas que pregam o respeito ao ser humano e praticam assédio moral. 34 Técnicas e Processos de seleção 34 A seguir, trataremos de outra técnica de seleção, a prova de conhecimento ou de capacidade. d) Provas de conhecimentos ou de capacidade Para Chiavenato (1999), as provas de conhecimentos consistem em instrumentos utilizados para avaliar o nível de conhecimentos gerais e específicos exigidos pelo cargo a ser preenchido pelos candidatos. As provas procuram mensurar os conhecimentos profissionais e técnicos, bem como a habilidade do candidato para desempenhar determinadas tarefas, por exemplo, informática e contabilidade, dentre outras. Esta técnica é bastante comum em concursos públicos, no qual se exigem conhecimentos em português, matemática, lógica e conhecimentos específicos nas determinadas áreas. Como o próprio nome diz, a técnica é capaz de avaliar o conhecimento do candidato, porém, não é capaz de verificar sua habilidade, muito menos seu comportamento. As provas podem ser orais ou escritas. Chiavenato (1999) revela que as provas orais são aquelas aplicadas por meio de perguntas e respostas orais. São similares a uma entrevista padronizada, mas com questões específicas. As provas escritas consistem em perguntas e respostas realizadas por escrito, sendo utilizadas comumente no meio acadêmico para avaliar os conhecimentos dos discentes. As provas devem ser elaboradas de acordo com os conteúdos que serão utilizados no cargo. Como exemplo, citamos o caso de uma empresa que elaborava catálogos telefônicos e cobrava questões de geografia em sua prova de seleção, visto que estes conhecimentos eram necessários para os colaboradores dessa organização. No item de abrangência, as provas podem ser gerais e específicas. Para Chiavenato (1999), as provas gerais são as avaliações que abordam questões culturais e de conhecimento geral, e as provas específicas abordam questões técnicas e específicas, relacionadas diretamente ao cargo que se pretende preencher. limongi-Franca e Arellano (2002) revelam que as provas gerais visam avaliar o grau de cultura geral do candidato. Pode ser, por exemplo, uma redação, para verificar a fluência escrita, o conhecimento da língua portuguesa e a ordenação de ideias e pensamentos, ou uma prova de matemática, nos diversos níveis de complexidade, de acordo com a escolaridade exigida para o cargo. Essas provas têm baixa correlação com o desempenho profissional imediato, porém servem para entender melhor o universo do candidato e 35 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 35 Capítulo 2 sua atitude pessoal e profissional. As provas específicas visam avaliar os conhecimentos profissionais que o candidato possui, imprescindíveis para o bom desempenho da função. Podem ser de cálculos matemáticos, matemática financeira, mecânica, idiomas e afins, de acordo com o exigido pela função. É importante que esses instrumentos sejam desenvolvidos e avaliados internamente na empresa, para não eliminar bons candidatos. As provas também podem ser classificadas quanto à organização, podendo ser tradicionais ou objetivas. As provas tradicionais, segundo Chiavenato (1999), consistem em avaliações dissertativas e expositivas, exigindo assim respostas longas, explicativas e por isso envolvem um número menor de questões. Entretanto, sua avaliação é demorada, exigindo um especialista no assunto. As provas objetivas referem-se a avaliações planejadas e estruturadas, tendo rápida aplicação e facilidade na correção. A próxima técnica de seleção são os testes. Porém, é importante enfatizar que por si eles não “dizem nada” e não predizem algum comportamento. Devem sempre estar aliados a outras técnicas de seleção. e) Testes Os testes são instrumentos que possibilitam auxiliar o processo de seleção. Para Marras (2000), os testes psicológicos e os demais testes são considerados elementos adjetivos, complementares aos demais instrumentos. A aplicação dos testes, segundo Pontes (2004, p. 148), deve ser a mais humana possível, não sendo utilizada como ferramenta única. O autor cita um pensamento de Maslow: “se a única ferramenta que você tiver for um martelo, tende a tratar tudo como se fosse um prego”. Os resultados dos mesmos também devem ser comunicados com cautela ao candidato, evitando atuar de forma desumana. É comum ouvir relatos de candidatos que saem desmotivados de um processo seletivo, relatando que foram reprovados em algum teste, em especial no psicológico. É importante frisar que um teste não reprova ou aprova, apenas indica caminhos e capacidades do candidato. vamos conhecer alguns tipos de testes descritos por Marras (2000): • Teste prático – é utilizado, em geral, para avaliar um determinado conhecimento ou prática de trabalho. Adequado para atividades técnicas e operacionais, tais como, digitação, atendimento, motoristas, etc. Por exemplo, para a vaga de telefonista, o selecionador pode solicitar que o candidato ou candidata atenda algumas ligações, anote recados, organize documentos, visando à observação de seu desempenho. É importante frisar que um teste não reprova ou aprova, apenas indica caminhos e capacidades do candidato. 36 Técnicas e Processos de seleção 36 • Teste de simulação – tem a propriedade de avaliar candidatos em determinadas situações práticas do dia a dia. Atualmente são utilizados diversos programas em computador para colocar o candidato frente a situações problemáticas para avaliar sua rapidez e eficácia na tomada de decisão. Esse teste é comumente utilizado para pilotos, uma vez que um teste prático talvez pudesse se configurar como um risco. • Testes psicológicos (aptidão, personalidade, etc.) – são o instrumento que permite ao psicólogo prospectar, mensurar e avaliar características específicas do indivíduo. Os testes de aptidão buscam avaliar características naturais dos candidatos e traços que identifiquem tendências claras de capacidade para a realização de determinadas tarefas. Os testes de personalidade são utilizados para conhecer o funcionamento psíquico dos indivíduos, formado por características que determinam o perfil comportamental de cada um. Alguns tipos de testes são: o Rorscharch, de Hermann Rorschach, que visa avaliar a estrutura da personalidade do indivíduo e o funcionamento de sua dinâmica interna; Wartegg, de Ehrig Wartegg, que consiste em uma prova gráfica projetiva de personalidade, e o Teste de Apercepção Temática – TAT, de Murray Henry e Morgan, que consiste em uma técnica projetiva com dez a doze quadros, em que o sujeito deve relatar o que cada um significa. Somente psicólogos com registro profissional podem aplicar esses tipos de testes. Para Pontes (2004), os testes psicológicos visam avaliar as características individuais do candidato em relação ao cargo, podendo mensurar a possibilidade de adaptação entre candidato, cargo e organização. Anastasi e Urbina (2000) revelam que os testes não possuem critérios predeterminados de aprovação ou reprovação, mas consistem em ferramentas de medição psicológica, e, como qualquer instrumento, podem tanto fazer o bem quanto o mal, dependendo da forma como forem aplicados. A função dos testes consiste em medir diferenças individuais e as reações dos indivíduos em situaçõesdiversas. Os testes psicológicos são instrumentos padronizados que servem de estímulo a determinado comportamento do examinado. visam predizer o comportamento humano com base no que foi revelado na situação de teste. Os testes podem ser divididos em psicométricos e de personalidade. Os testes psicométricos são aqueles que medem as aptidões individuais, determinando um índice comparado com escores ponderados e validados anteriormente. Os testes de personalidade identificam traços de personalidade, aspectos motivacionais e interesses (liMOnGi-FRAnÇA; AREllAnO, 2002). 37 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 37 Capítulo 2 Por serem de uso exclusivo do psicólogo, foi apresentada neste tópico apenas uma breve caracterização de sua função. Para mais informações sobre os testes psicológicos, você pode acessar o site do Conselho Federal de Psicologia: www.pol.org.br . As dinâmicas de grupo, também conhecidas como técnicas vivenciais, configuram-se como uma técnica de seleção comumente utilizada pelos selecionadores. segue a sua caracterização. f) Dinâmica de grupo ou técnicas vivenciais nesta técnica, os candidatos são reunidos em uma sala onde, sob a coordenação de um profissional especializado e alguns assistentes, serão submetidos a um exercício ou teste situacional que permita avaliar as ações e reações de cada um com relação a um perfil esperado. É recomendado que somente um profissional com formação nesse tipo de técnica faça sua aplicação, pois a má utilização pode permitir a externalização de sentimentos desconhecidos pelos candidatos, como emoções ou ódio retidos que podem vir à tona. isso nos lembra a seguinte situação: certa vez uma profissional mal preparada aplicou uma técnica que trazia conteúdos da infância dos candidatos, ocasionando em uma das candidatas uma crise de choro que obrigou a profissional a encerrar o processo seletivo naquele dia. Esta técnica, desde que bem utilizada, permite ao avaliador reconhecer perfis comportamentais dos candidatos que, pelas técnicas estudadas até o momento, não seria possível identificar. As técnicas vivenciais exigem respostas a situações de forma que os candidatos interajam e participem ativamente delas. Por se tratar de atividades que envolvem atuação e muitas vezes simulações de uma circunstância profissional, o controle da situação por parte do candidato pode ficar minimizado e os resultados podem ser mais visíveis e espontâneos. Essas técnicas necessitam de estruturação anterior e devem ser aplicadas por profissionais qualificados, capazes de controlar a situação e evitar conflitos ou descontrole emocional de algum participante. A dinâmica em grupo envolve jogos de grupo com situações estruturadas, relativas ou não ao cargo, nas quais os integrantes interagem. É uma técnica muito utilizada, pois permite observar padrões de relacionamento, integração social, liderança e demais aspectos. (liMOnGi-FRAnÇA; AREllAnO, 2002). 38 Técnicas e Processos de seleção 38 Para Orlickas (2001), as vivências grupais consistem em uma situação de integração grupal, que envolve os candidatos a determinada vaga, podendo ser estimulada por meio de textos, técnicas específicas ou filmes. O objetivo central desta técnica é consolidar hipóteses sobre aspectos da personalidade dos candidatos, identificados em etapas anteriores do processo seletivo. Apresentamos a seguir alguns exemplos de vivências grupais. Porém, cabe ressaltar que devem ser adaptadas para cada organização, para cada cargo e ser aplicadas com cautela e profissionalismo. Por exemplo: para um cargo de telefonista, alguns aspectos específicos devem ser avaliados, diferentemente do que aconteceria em uma seleção para um pedagogo para atuar na área da infância. As atitudes esperadas de um ou outro cargo diferem. Também devem ser observados os valores organizacionais, identificando nos candidatos se estes apresentam um perfil desejado para trabalhar na organização. As técnicas abaixo foram adaptadas pelos autores do seu caderno de estudos. • Jogo das figuras: Selecionar de revistas várias figuras contendo pessoas e lugares. Deixar no chão da sala e solicitar que cada candidato selecione uma figura com a qual se identifique, devendo se apresentar por meio da figura escolhida. Você poderá, por meio desta dinâmica, observar a ansiedade dos participantes, a forma como se expressam, a capacidade de criatividade, dentre outros aspectos relacionados às características do cargo em questão. Por exemplo, para uma função que demande trabalhar com crianças, pode ser relevante expor figuras de crianças e verificar de que forma ocorre a identificação do candidato. • Jogo dos bichos: Dizer aos candidatos que o Rei leão está se aposentando como rei da selva e que deverá ser escolhido um novo rei. Distribuir aos participantes papéis, contendo diversos bichos, tais como barata, lagarto, cobra, rinoceronte, macaco, formiga, tamanduá, dentre outros. Cada candidato deverá defender seu ponto de vista argumentando o porquê de determinado bicho ser o novo rei da Selva. Ao final, todos deverão entrar em consenso e decidir quem será o novo rei. nesta dinâmica você poderá observar a capacidade de criação, criatividade, tolerância, persistência, comunicação, relação interpessoal, liderança, capacidade de tolerância à frustração, trabalho em equipe, dentre outros aspectos. • Jogo do balão: Divida os participantes em grupos de 5 e diga a eles que todos estão em um balão. Porém, o balão teve um problema e irá pegar fogo se continuar com tal capacidade, devendo apenas ficar com duas pessoas. As outras três pessoas deverão se jogar do balão e não irão sobreviver. Dê ao grupo um tempo de 15 minutos para a decisão. Cada participante deverá argumentar o motivo da permanência no balão. nesta dinâmica, você 39 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 39 Capítulo 2 poderá avaliar capacidade de frustração, trabalho em equipe, comunicação, trabalho com prazo/tempo, persistência, liderança, dentre outros. Esses foram apenas alguns exemplos de técnicas que costumamos utilizar ao realizar um processo de seleção. Cada técnica é adaptada ao grupo, ao cargo almejado e às características que se deseja observar. Existem diversos livros que trazem inúmeras dinâmicas de grupo. Procure a biblioteca da sua universidade, ali certamente você encontrará vários deles. Alguns sites interessantes também trazem dinâmicas de grupo. vale a pena acessar! http://www.formador.com.br/ http://www.cdof.com.br/ http://www.chittoni.com.br/ Após termos estudado as vivências grupais, segue a descrição de outra técnica, o teste grafológico. g) Teste grafológico Análise da escrita (grafia) individual, através da qual se pode concluir sobre traços da personalidade. Para isso os grafólogos solicitam ao candidato para escrever o que desejarem, numa folha em branco, sem linhas, nem parágrafos, numa redação de 20 ou mais linhas, assinando ao final. Interpretam-se diversas variáveis como tamanho da letra, inclinação, direção, altura, pressão, velocidade, etc. Em alguns casos, o conteúdo da redação não é levado em conta. Em outros casos, pede-se ao candidato para escrever apenas uma frase. veja o exemplo de uma solicitação de exame grafológico retirado da prova de um concurso público da Escola de Administração Fazendária (2006): 3. Transcreva a frase abaixo para o local indicado no seu CARTÃO DE REsPOsTAs em letra cursiva, para posterior exame grafológico: “Certas derrotas preparam-nos para grandes vitórias.” Para luginger (2005), a grafologia é uma técnica que permite estudar e analisar a caligrafia, tendo como objetivo principal determinar estados físicos, mentais e emocionais do escritor. Para uma análisegrafológica, geralmente é solicitada a construção de um texto de vinte linhas, em papel branco não pautado, sendo possível assim observar aspectos da personalidade do sujeito. 40 Técnicas e Processos de seleção 40 Por exemplo, a qualidade da linha ou do curso do que fora escrito pode revelar tendências emocionais, hesitação, dentre outros aspectos. Agora você vai ver a principal técnica utilizada no processo de seleção, em que você consegue, frente a frente com o candidato, conhecê-lo melhor: a entrevista. h) Entrevista Representa a técnica de seleção mais utilizada, por isso, utilizaremos um bom espaço de nosso caderno para discutir esta técnica. De acordo com Haguette (1999, p. 86), “A entrevista pode ser definida como um processo de interação social entre duas pessoas, na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”. O primeiro procedimento a ser feito é o de elaborar o roteiro de entrevista e delimitar os objetivos desta atividade. O entrevistador deve esclarecer para si mesmo quais dados ele deseja levantar nesta técnica, de acordo com o perfil exigido pelo cargo. Em seguida, deve-se entrar em contato com o possível entrevistado e marcar um horário para o encontro. O roteiro é elaborado com base no currículo do candidato e nos requisitos do cargo e da organização. nunca se esqueçam de que, às vezes, o melhor candidato para o avaliador não é o melhor candidato para o cargo ou para a organização. Cada cargo possui características muito peculiares e cada organização possui uma cultura fortemente arraigada, portanto, para que o candidato se torne um colaborador parceiro da empresa, ele deve ir ao encontro dos objetivos da mesma. Outro fator importante sobre as perguntas é que elas devem ser realizadas para obter informações sobre as atitudes e os comportamentos dos candidatos. O local da entrevista deve ser discreto e reservado, pois as informações passadas em uma entrevista podem ser confidenciais. Não é recomendado realizar essa técnica em locais com trânsito frequente de pessoas ou salas em que existem outras pessoas trabalhando. Deve-se tentar ao máximo deixar o candidato o mais confortável possível. A entrevista é recomendada quando o número de pesquisados não for elevado. Em caso contrário, devem ser utilizadas outras técnicas, como a dinâmica de grupo, por exemplo, até chegar por eliminação a um número menor de candidatos, viabilizando sua aplicação. De acordo com Goldenberg (2000), existem algumas vantagens e desvantagens na utilização de entrevistas: Nunca se esqueçam de que, às vezes, o melhor candidato para o avaliador não é o melhor candidato para o cargo ou para a organização. Entrevista é recomendada quando o número de pesquisados não for elevado. 41 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 41 Capítulo 2 • Vantagens da entrevista: - Tem um índice alto de resposta. - A estrutura flexível permite a expressão de comportamentos, ou seja, você pode ir e vir nas perguntas de acordo com o comportamento apresentado pelo candidato. - não exige habilidade de ler e escrever do candidato, mas de comunicação e expressão. - Permite orientação do entrevistador para a compreensão das perguntas. • Desvantagens da entrevista: - Exige tempo maior. Uma entrevista não dura menos que 30 minutos. - Exige maior habilidade para a aplicação. O selecionador deverá ter técnica, domínio de tempo, das perguntas a serem realizadas, dentre outros aspectos. - não pode ser enviada por correio (e-mail), nem entregue em mãos, é feita pessoalmente. - Apresenta dificuldade ao ser aplicada a um grande número de pessoas ao mesmo tempo. O entrevistador deve obter e manter a confiança do entrevistado, promovendo um clima de informalidade durante a técnica. lembremos que a maioria dos candidatos chega para a entrevista com um nível de ansiedade muito alto, o que prejudica o seu desempenho. Para diminuir a ansiedade dos candidatos, é comum que, antes de iniciar as perguntas, o entrevistador faça uma espécie de rapport, ou seja, converse sobre temas do dia a dia como, por exemplo, futebol, política, previsão do tempo, o que ele fez no dia, se encontrou o local com facilidade, etc., a fim de estabelecer um vínculo e um clima agradável para iniciar a entrevista. vale salientar que alguns cargos exigem capacidade de lidar sob pressão e outras competências desse tipo; nesse caso, não é necessário o rapport, visto que o modo como o candidato lida com a ansiedade já é parte da técnica de seleção. Um exemplo seria uma vaga para delegado de polícia. É conveniente apresentar primeiro as perguntas mais neutras, que causem menos impacto ao pesquisado e ir gradativamente fazendo perguntas mais específicas. É importante lembrar que o entrevistador deve ficar atento às contradições que porventura possam aparecer no discurso do pesquisado. seguem abaixo algumas questões sugeridas pelos autores deste caderno de estudos, que podem ser realizadas pelos gerentes antes da condução de uma entrevista. são elas: É importante lembrar que o entrevistador deve ficar atento às contradições que porventura possam aparecer no discurso do pesquisado. 42 Técnicas e Processos de seleção 42 • Como você está visualizando a pessoa que ocupará este cargo? Que competências este candidato deverá apresentar? • Quais são as maiores forças e fraquezas da sua organização? • Você tem uma descrição das atividades do cargo? • Qual é o aspecto ou característica mais importante da pessoa que você deseja admitir? • Quais são as expectativas da organização em relação a esta contratação? • Quais são as expectativas das pessoas que atuam na área em que a pessoa atuará sobre este candidato? • Quais são as maiores responsabilidades inerentes ao cargo? Esses são questionamentos centrais que o gestor deve fazer antes de realizar a entrevista. É importante ter clareza de qual local a pessoa escolhida para determinada vaga ocupará na organização e de que forma ela poderá auxiliar a organização a alavancar os seus processos. Tendo em mente os requisitos do cargo, reflita sobre o que você quer da entrevista e escolha a melhor estratégia. se você souber que as habilidades técnicas do candidato são satisfatórias, talvez seja preferível se concentrar nas características emocionais ou testar as reações do candidato em situações de pressão. Durante a entrevista, convém dispor-se a ouvir mais do que falar, pois o que interessa é o que o entrevistado tem a dizer (CERvO; BERviAn, 1996). O entrevistador deve baixar a sua ansiedade em relação às respostas e permitir que o candidato fale abertamente, deixando-o livre para realizar qualquer comentário. Alguns avaliadores ficam ansiosos e completam as frases pelo candidato, ou olham o relógio constantemente, ou até mesmo interrompem com outras perguntas, fugindo do foco e prejudicando a efetividade da técnica. Uma entrevista não é uma prova de fogo ou um exercício para o ego! É uma chance para que você encontre alguém com os conhecimentos e as habilidades necessárias para a organização apresentar um desempenho ainda melhor, e para que o candidato escolhido encontre um trabalho que o ajude a desenvolver e pôr em prática suas competências. não esqueça: antes de realizar a entrevista, faça um roteiro com perguntas- chave e mantenha esse roteiro com todos os candidatos. É por meio dele que você terá subsídios para poder comparar o desempenho dos entrevistados. De nada adianta fazer questões muito divergentes para os candidatos. Ao 43 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 43 Capítulo 2 final do processo,você não terá clareza de que forma deverá realizar alguma comparação entre eles. Algumas perguntas são mais comuns na condução de uma entrevista e auxiliam o selecionador a ter uma melhor compreensão sobre o candidato. veja algumas delas, elaboradas pelos autores deste caderno: • Por qual motivo você saiu de seu emprego anterior? É importante que essa pergunta seja feita ao candidato. nela podem ser observadas as expectativas do candidato e também a sua ética em relação às empresas anteriores. Se ele criticar e abrir informações confidenciais a você, certamente fará isto com a sua empresa caso algum dia seja demitido! • Quais características você considera importantes em um funcionário? • O que você sente dificuldade em realizar? Quais são as suas limitações? nesta pergunta pode-se observar se o candidato apresenta humildade e permite que suas limitações sejam expostas, ou se tenta “maquiar” sua imagem e vendê-la. • Que tipo de pessoa você se considera no ambiente de trabalho? • Quais são as suas principais qualidades? De que forma você procura aplicá-las no dia a dia? • Em que tipo de organização você espera trabalhar? Podem ser observadas nesta questão as expectativas do candidato, e, dependendo das mesmas, verifique se a sua organização poderá ou não supri-las. • Como descreveria uma organização ideal para você trabalhar? Da mesma forma que na pergunta acima, esta pergunta permite observar se existe um alinhamento entre os valores e expectativas organizacionais e individuais. • Quais são as suas atividades em seu tempo livre? Questões deste tipo auxiliam a observar aspectos pessoais do candidato. • Nos empregos anteriores, quais foram as maiores dificuldades que você encontrou e o que fez para superá-las? • Nos empregos anteriores, quais foram as suas maiores contribuições? • Por que você escolheu esta profissão? • Por que a organização deveria dar esta vaga a você e não a outro candidato? Esta pergunta mostra-se sempre muito interessante no processo de seleção. É nela que podemos observar a capacidade de argumentação do candidato e o quanto ele acredita em seu potencial. Fizemos esta pergunta em um processo seletivo e pedimos que respondessem a ela por escrito, aproveitando também para observar este aspecto. Uma das candidatas disse que mereceria a vaga porque sua mãe estava com uma grave doença e ela precisava deste emprego, sendo que no meio do processo seletivo sua mãe já havia ligado para seu celular duas vezes e ela tinha atendido as ligações. A outra candidata disse que merecia a vaga porque tinha potencial e acreditava nele, que era competente e, além disso, gostaria de poder realizar trocas de aprendizagens com uma organização. Qual candidata você selecionaria? Muitos selecionados certamente ficariam comovidos e dariam A seleção deve ser centrada em aspectos técnicos e não pessoais. 44 Técnicas e Processos de seleção 44 a vaga à primeira candidata, porém, a seleção deve ser centrada em aspectos técnicos e não pessoais. A primeira candidata não demonstrou postura profissional na seleção ao atender por duas vezes seu celular sem avisar à selecionadora. A segunda candidata foi selecionada e hoje tem apresentado um desempenho acima do esperado no trabalho. Outras perguntas podem ser realizadas e devem sempre estar focadas na: da organização, objetivando um alinhamento funcionário – organização. É impor tante frisar que não existe um manual pronto de perguntas a serem feitas, mas apenas algumas ideias que poderão auxiliar na busca do melhor candidato. O avaliador deve controlar a entrevista, reconduzindo-a quando necessário, porque é possível que, ao longo dela, o entrevistado fuja do tema e comece a falar sobre outros assuntos que não interessam para a seleção. Em outros casos, candidatos tímidos podem apresentar dificuldade em se expressar e se essa característica não for determinante para o cargo, o entrevistador deve conduzir com maior assertividade a entrevista, fazendo perguntas mais pontuais. na Proxis, empresa de contact center, são os futuros subordinados que realizam a entrevista com o candidato a chefe. são eles que aprovam ou não o candidato. O que você pensa sobre isso? Anote os pontos fortes e fracos deste procedimento. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ MISSÃO VISÃO VALORES 45 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 45 Capítulo 2 ProCedimentoS Para a Seleção Para realizar o processo de seleção, alguns procedimentos são necessários. Primeiramente, deve-se identificar as técnicas de seleção mais adequadas para cada cargo, ou seja, de nada adianta solicitar um teste psicológico se ele não é relevante para determinado cargo. sendo assim, deve-se escolher, dentre as técnicas disponíveis, quais lhe fornecerão mais subsídios a fim de selecionar candidatos para determinado cargo. Por exemplo, se você irá selecionar um profissional para trabalhar em uma creche, talvez seja interessante aplicar um teste situacional, apresentando ao candidato situações-problema e perguntando qual seria sua postura, ou até um teste prático, colocando o candidato em sala de aula e observando seus comportamentos. Após identificar as técnicas adequadas a cada cargo, realiza-se a sua aplicação e obtém-se um laudo avaliativo, que contém o perfil de cada candidato, de acordo com as técnicas aplicadas. Passadas as etapas já mencionadas, realizam-se exames médicos, a fim de verificar a saúde do candidato. Esta etapa também é muito importante em um processo seletivo. Certa vez, estávamos selecionando um candidato à vaga de auxiliar de manutenção, que exigia destreza e força física. O candidato havia se destacado em todas as etapas do processo de seleção e parecia a pessoa perfeita para o cargo. Porém, ao realizar os exames médicos, verificou-se que ele tinha um problema na coluna que o impossibilitaria, a médio prazo, de desenvolver suas atividades. imagine se esta etapa do processo seletivo tivesse sido desconsiderada? A organização certamente sairia perdendo e, além disso, poderia gerar desmotivação nos demais colegas de trabalho, por sobrecarga. Por fim, o último procedimento para a seleção consiste no registro de admissão, que é a contratação propriamente dita do profissional. algumaS ConSideraçõeS As técnicas relatadas neste capítulo correspondem às mais utilizadas pelas organizações brasileiras, contudo, a criatividade do selecionador em criar e improvisar técnicas que atendam às demandas dos cargos cada vez mais complexos é um grande diferencial competitivo para os processos de seleção. Certa vez, um gestor cobrava de uma organização, em um processo de seleção, um funcionário com perfil proativo, dinâmico e autônomo. Ele dizia que não importava o conhecimento, nem a experiência do candidato, Deve-se identificar as técnicas de seleção mais adequadas para cada cargo. 46 Técnicas e Processos de seleção 46 porque nisso ele “dava um jeito”. O que importava era a proatividade, o dinamismo e a autonomia. Qual técnica o selecionador deve utilizar neste caso? na sala onde eram realizadas as seleções, havia uma pia. Então, antes de chamar os candidatos, o selecionador deixou a torneira levemente aberta, de modo que as gotas de água caíssem na pia e fizessem um barulho nada agradável. Chamou os candidatos e passou uma atividade que exigiasilêncio absoluto. não demorou um minuto, uma moça pediu licença, levantou-se e foi até a pia fechar a torneira. Ela está até hoje trabalhando na empresa e já teve duas promoções. neste capítulo, você pôde compreender as ferramentas estratégicas utilizadas pelas organizações no processo de seleção, estando apto assim para planejar as técnicas e procedimentos adequados de acordo com o perfil exigido por determinada organização. Por fim, você, ao final do estudo deste capítulo, está capacitado para diagnosticar, executar e avaliar os processos relacionados às técnicas de seleção utilizadas pelos gestores nas organizações. Agora que você já compreendeu, no primeiro capítulo, em que consiste uma seleção de pessoas e identificou neste capítulo as técnicas e procedimentos que podem ser utilizados para selecionar o candidato mais adequado para determinado cargo e determinada organização, você estudará, no capítulo 3, os aspectos éticos desse processo, que são essenciais a fim de preservar a integridade do pesquisado e a imagem da organização, garantindo que a seleção seja bem-sucedida e consiga com êxito alcançar os objetivos almejados. atividade de eStudo sobre as técnicas e procedimentos envolvidos no processo de seleção, marque V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas, justificando as alternativas falsas. 1. ( ) O local em que a entrevista é realizada não interfere na sua qualidade. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 47 téCniCas e ProCedimentos de seleção de Pessoas 47 Capítulo 2 2. ( ) Testes psicológicos são apenas instrumentos adicionais em um processo de seleção. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3. ( ) Utiliza-se a entrevista quando não temos um número expressivo de candidatos. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4. ( ) se o entrevistado fugir do tema, deve-se deixá-lo o mais à vontade possível. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5. ( ) A entrevista exige mais intuição que estudo e preparo. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 6. ( ) O entrevistador exerce um papel fundamental na condução da entrevista, por isso deve ter treinamento e habilidade para tal. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 7. ( ) Dos procedimentos para a seleção, o laudo avaliativo contém os aspectos observados nos candidatos ao longo do processo, subsidiando a escolha final. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 48 Técnicas e Processos de seleção 48 8. ( ) As vivências grupais não demandam um profissional com habilidade e técnica, basta adaptar uma dinâmica ao cargo e à organização. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Para obter mais informações sobre as técnicas de seleção, visite os sites: www.rh.com.br www.guiarh.com.br www.sbdg.org.br referênCiaS AnAsTAsi, A.; URBinA, s. Testagem sicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. CERvO, A. l.; BERviAn, P.A. Metodologia científica. 4. ed. são Paulo: Makron Books, 1996. CHiAvEnATO, i. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. EsCOlA DE ADMinisTRAÇÃO FAZEnDÁRiA. Prova de conhecimentos Gerais. 2006. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 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