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A NEGRA TATUADA VENDENDO CAJU Em Negra tatuada vendendo caju, Debret traduz a observação da paisagem humana do Rio de Janeiro em termos conceituais. Embora o formato da aquarela - horizontal, como todas as pranchas dedicadas aos escravos. O pintor francês situa a escrava à direita da imagem, em um espaço externo e urbano, próximo a elementos sólidos e estáveis, como os degraus de uma escada, à frente de uma construção semelhante a uma casa. E o que lhe confere particular estabilidade é o marco vertical de pedra, que a supera em altura. A negra foi representada na postura tradicional da melancolia: o braço esquerdo sustenta o peso da cabeça e a mão direita descansa ociosa sobre a saia. Mas sua atitude é toda mais frontal, ereta, clara e aberta do que a criada por Dürer. Em Negra tatuada, a figura da mulher, sentada diretamente ao solo, inscreve-se mulher sentada num quadrado, o que potencializa a sensação de peso próprio à melancolia. O panejamento volumoso da saia, em tonalidades escuras, confere maior estabilidade à negra, que parece inamovível. À esquerda da composição, o céu da recém-fundada nação brasileira. A presença do mar na aquarela é mais importante do que na gravura. Debret mostra uma vista da baía de Guanabara, e suas águas falaciosamente tranqüilas e pacíficas. No plano intermediário, entre a vendedora de cajus e o mar, duas escravas conversam, fazem negócios, tratam de assuntos mundanos. Embora possuam o mesmo estatuto social e exerçam as mesmas funções de ambulante, as negras que conversam parecem pertencer a uma dimensão distinta à da vendedora de cajus, que permanece alheia e indiferente no primeiro plano da imagem. Como observou Rodrigo Naves, a quem devo a descoberta da obra central deste ensaio, a vendedora de cajus encarna perfeitamente “o alheamento tristonho dos escravos” (NAVES, 1996:77). Em seu rosto, traços de pintura branca sublinham os olhos, enquanto pequenos círculos marcam a linha que vai da testa ao queixo. Uma tatuagem em forma de bracelete é visível logo abaixo de seu ombro nu. Os contornos de seu corpo e sua sensualidade explícita destacam-se contra o fundo da paisagem. À sua frente, uma grande bandeja de cajus reforça a sua sensualidade triste e a exposição de seu corpo, que compartilha com a fruta - cuja iguaria é situada externamente - o mesmo destino: mostrar-se, expor-se, ou, mais exatamente, vender-se. “O amor é menos uma paixão do que um delírio indomável que induz [o escravo] muitas vezes a fugir da casa de seus senhores, expondo-se, subjugado pelos sentidos, aos mais cruéis castigos” (DEBRET: op.cit., 257). O VENDEDOR DE ARRUDA Práticas dos negros consideradas supersticiosas por Debret aparecem em outras imagens. Em O vendedor de arruda, o comércio da planta, à qual atribui-se variados poderes de proteção, é realizado numa esquina da cidade, entre o vendedor e três negras. Em O Vendedor de arruda, as trocas se dão exclusivamente entre os negros, como a sugerir que aquele tipo de prática restringia-se a eles. Mas se a crença que envolve a arruda diz que esta teria sido introduzida no Brasil pelos africanos, estes são os transmissores de uma tradição bem mais antiga, que remonta à Antiguidade. É justamente a transmissão, a permanência e o conflito entre diferentes formas de saber, grosso modo, entre a magia e a geometria. Observe-se, por exemplo, que a coroa de plantas sobre a cabeça do anjo é formada por dois tipos de ervas aquáticas (renoncule d’eau e cresson de fontaine). Essas ervas eram emplastros que deveriam combater a secura do temperamento melancólico. ● Retrata o cotidiano da cidade no séc, XIX ● Cores claras e suaves ao fundo ● Cores mais forte nos personagens o negro e as três negras ● Uma coluna na parede com estilo grego, assimetria ● Simplicidade na pintura retratando o dia a dia ● Compram e usam arruda como medida terapeutíca e praticas antigas. Jean -Baptiste Debret foi um grande desenhista, pintor, gravador e professor francês. O artista nasceu em 18 de abril de 1768 em paris e em 1816 integrou, juntamente com outros membros, a Missão Artística Francesa ao Brasil, organizada a mando do rei Dom João VI. Referências: https://www.ebiografia.com/jean_baptiste_debret/ https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/arquitetura-neoc lassica/ http://www.dezenovevinte.net/obras/melancolia_ld.htm
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