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2018 2 RESUMO MATERIAL 04 D EMPRESARIAL III TIT CRED UCAM

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CURSO DE DIREITO - Disciplina: Direito de Empresa III - Professora: SFWK 
UCAM Niterói - TÍTULOS DE CRÉDITO - 2018.2 
SEMANA 041 
2. LETRA DE CÂMBIO (LC). 
2.1. Conceito 
- no Brasil, a LC foi adotada pelo Código Comercial de 1850, cujos artigos foram revogados pelo Decreto nº 
2.044/1908, com a posterior alteração da LUG (Lei Uniforme d Genebra). 
 
CONCEITO DE LC- “é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que este pague a 
importância devida a um terceiro – o tomador.” Amador Paes de Almeida. É um instrumento de declaração unilateral 
de vontade, enunciada em tempo e lugar certos (nela afirmados), por meio da qual uma certa pessoa (sacador) declara 
que uma certa pessoa (sacado) pagará, pura e simplesmente, a certa pessoa (tomador), uma quantia certa, num local e 
numa data – ou prazo – especificados ou não. É considerada emitida quando o sacador nela apõe sua assinatura, 
completando o ato unilateral de sacar a LC. É uma ordem de pagamento e origina 3 relações jurídicas envolvendo – 
sacador, sacado e tomador. 
2.2. Características 
 - na classificação quanto ao modelo, a LC é de modelo livre (não há forma específica ou padrão previsto em lei, os 
requisitos devem ser cumpridos). Quanto à estrutura, é uma ordem de pagamento. É um TC abstrato, que não 
precisa de uma causa específica para ser criada. 
- Cambial incompleta ou em branco: SÚM. 387 STF – permite que a LC seja sacada incompleta, contanto que seja 
completada pelo credor de boa-fé antes do protesto. 
2.3. Agentes Cambiários da Letra de Cambio – Figuras intervenientes: por ser ordem de pagamento, do seu 
saque, resultam inicialmente 3 situações jurídicas distintas: 
1. situação jurídica daquele que dá a ordem de pagamento, que determina que certa quantia seja paga por uma 
pessoa a outra. É o sacador ou dador ou emissor. 
2. situação daquele para quem a ordem é dirigida, o destinatário da ordem, que deverá, dentro das condições 
estabelecidas, realizar o pagamento ordenado. É o sacado. 
3. situação jurídica do beneficiário da ordem de pagamento, aquele em favor de quem se fez dita ordem e que, por 
isso, é o credor da quantia expressa no TC. É o tomador ou beneficiário ou credor. 
a. Sacador ou dador ou emissor ou emitente: aquele que dá a ordem de pagamento, que determina que certa quantia 
seja paga por uma pessoa a outra (pessoa natural ou jurídica). Cria/saca a LC, dando ordem ao sacado. 
- ATENÇÃO!!! Se o sacado não pagar ou não se realizarem as condições da obrigação do sacado, o tomador poderá 
cobrar a LC do próprio sacador que, ao praticar o saque, se tornou codevedor do TC (art. 9º LUG). O sacador é 
garante tanto da aceitação como do pagamento da LC. É permitido que o sacador se exonere da garantia da aceitação, 
mas não pode se desonerar do pagamento (art. 9º LUG). 
b. Sacado: para quem a ordem é dirigida; o destinatário da ordem, que deverá, dentro das condições estabelecidas, 
realizar o pagamento ordenado (pessoa natural ou jurídica). É o devedor, o encarregado de pagar a LC. A figura do 
sacado é indispensável à LC. Em regra, aceita a LC e irá pagá-la no vencimento. 
c. Tomador ou beneficiário ou credor: beneficiário da ordem de pagamento, aquele em favor de quem se fez dita 
ordem e que, por isso, é o credor da quantia expressa no TC (pessoa natural ou jurídica). A quem deve ser paga a LC, 
que pode ser um terceiro ou se confundir com o sacador (o que é comum). É a pessoa que recebe a LC e deve cobrá-la 
no vencimento. 
• Há ainda outras figuras que podem existir na LC: d. Endossante; e. Avalista. 
2.4. Legislação aplicável: a Lei Brasileira e a Lei Uniforme de Genebra (LUG) - Decreto n 57.663/66 
- Decreto nº 2.044/1908 (só se aplica nas omissões da LUG ou quando há reservas quanto à LUG) - não foi 
expressamente revogado por lei. 
- Lei Uniforme de Genebra (LUG) - Decreto nº 57.663/66 - Convenção de Genebra de 1930 para a adoção de uma lei 
uniforme sobre LC e NP. 
- “reservas” à LUG: previsão no Anexo II da Convenção 
- reservas feitas pelo Brasil: arts. 2º, 3º, 5º, 6º, 7º, 9º,10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20, do Anexo II da LUG 
- a LC não se submete ao CC, pois é regulada em lei especial. 
- Atenção: 
																																																													
1 OBS: este material foi elaborado com base na legislação, jurisprudência e doutrina de referência para a matéria em questão, especialmente os 
ensinamentos de Amador P. Almeida Fabio Konder Comparato, Fábio Ulhoa Coelho, Fran Martins, Gladston Mamede, Haroldo Malheiros 
Duclerc Verçosa, João Eunápio Borges, José Edwaldo Tavares Borba, Modesto Carvalhosa, Nelson Eizirik, Rubens Requião, Salomão Calixto 
Filho, Tulio Ascarelli, Waldirio Bulgarelli, dentre outros. Por não esgotar a matéria, é importante que o aluno complemente seus estudos nos 
livros pertinentes. 
	
	
- reserva: declaração unilateral, qualquer que seja sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, 
ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de 
certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado”(art.2º,nº1º, d), de acordo com a definição da 
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969. 
- a Convenção de Genebra previu no Anexo II as “reservas” que podem ser adotadas [ou não] por países para 
impedir a introdução em seu direito interno de certas normas uniformes, tendo em vista a preservação de suas 
conveniências e tradições jurídicas. 
- “Resumo do Fábio Ulhoa: 
1. Em princípio, vigora a LUG (anexo I) para a LC e NP 
2. Em função das reservas feitas pelo Brasil, não vigoram no direito brasileiro, os seguintes dispositivos: 
- art. 10 da LUG (reserva do art. 3º do Anexo II LUG) 
- alínea 3ª do art. 41 da LUG (reserva do art. 7º do Anexo II LUG) 
- números 2 e 3 do art. 43 da LUG (reserva do art. 10º do Anexo II LUG) 
- 5ª e 6ª alíneas do art. 44 da LUG (reserva do art. 10º do Anexo II LUG) 
3. Por causa da reserva do art. 5º do Anexo II, o art. 38 da LUG deve ser completado nos termos da reserva: as LC 
pagáveis no Brasil devem ser apresentadas ao aceitante no próprio dia do vencimento. 
4. A taxa de juros por mora no pagamento da LC ou NP não é a dos arts. 48 e 49, mas a mesma devida em caso de 
mora no pagamento de impostos à Fazenda Nacional (art. 406 CC), em função da reserva do art. 13 do Anexo II. 
5. Permanecem em vigor, por omissão da LUG, os seguintes artigos do Decreto 2.044/1908: 
a. art. 3º do D. 2.044/1908 – relativo aos títulos sacados [criados] incompletos 
b. art. 10º do D. 2.044/1908 – sobre pluralidade de sacados 
c. art. 14º do D. 2.044/1908 - quanto à possibilidade de aval antecipado 
d. art. 19º, II do D. 2.044/1908 – em decorrência da reserva do art. 10º do Anexo II LUG 
e. art. 20 do D. 2.044/1908 reserva do art. 5º do Anexo II LUG, salvo quanto às consequências da inobservância 
do prazo nele consignado 
f. art. 33 do D. 2.044/1908 - sobre a responsabilidade civil do oficial do cartório de protesto 
g. art. 36 do D. 2.044/1908 – referente à ação de anulação de títulos 
h. art. 48 do D. 2.044/1908 – quanto aos títulos prescritos 
i. art. 54, I do D. 2.044/1908 – referente à expressão “nota promissória” devido à reserva do art. 19 do Anexo II 
LUG 
6. As regras do CC só se aplicam se idênticas às da lei específica do TC, mesmo assim, em caráter supletivo. (art. 903 
CC) 
2.5. Da criação e emissão da letra de câmbio: a LC é considerada emitida quando o sacador nela apõe sua 
assinatura, completando o ato unilateral de sacar a LC. 
- SAQUE OU EMISSÃO: com base na LUG, é o ato de criação do TC, é o ato originário. “Éo ato de criação, de 
emissão da LC. Após este ato cambial, o tomador estará autorizado a procurar o sacado para, dadas certas condições, 
poder receber dele a quantia referida no título. O saque também produz outro efeito, o de vincular o sacador ao 
pagamento da LC.” Fábio Ulhoa. O sacado se encontra na posição de destinatário da ordem de pagamento, é ele quem 
deverá pagar, em princípio, o TC. Se o sacado não pagar ou não se realizarem as condições da obrigação do sacado, o 
tomador poderá cobrar a LC do próprio sacador, que, ao praticar o saque, se tornou codevedor do TC. (art. 9º LUG). 
Após a entrega da LC ao tomador, este procura o sacado para obter o aceite ou o pagamento, conforme o caso. 
- atenção: embora o saque crie 3 situações jurídicas distintas, a lei faculta que a mesma pessoa ocupe mais de uma 
dessas situações. “Art. 3º LUG A letra pode ser a ordem do próprio sacador. Pode ser sacada sobre o próprio 
sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro”. 
2.6. Requisitos: intrínsecos e formais. Vício de Forma. Súmula STF nº 387 
- SÚM 387 STF – permite que a LC seja sacada incompleta, contanto que seja completada pelo credor de boa-fé antes 
do protesto. É a Cambial incompleta ou em branco. 
- a LC (e os TCs em geral) pode ser sacada incompleta e circular incompleta. Os requisitos precisam estar cumpridos 
totalmente antes da cobrança ou protesto. Entende-se que o portador de boa-fé é procurador bastante do sacador para 
completar a LC emitida com omissões. Se for preenchida em desacordo com o combinado ou com a realidade dos 
fatos, o portador terá agido de má-fé e deixará de ser procurador do emitente do TC. 
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• Além das características da cartularidade, literalidade, autonomia e abstração, ainda há a formalidade que impõe a 
necessidade de requisitos intrínsecos e extrínsecos. 
1. Requisitos intrínsecos da LC – comuns a todas as obrigações: sujeito/agente capaz, vontade sem vícios e objeto 
lícito, possível, determinado ou determinável. 
	
	
2. Requisitos extrínsecos ou formais ou essenciais da LC: art. 1º do Anexo I da LUG. Fábio Ulhoa não dá a 
importância à classificação que alguns doutrinadores fazem de requisitos essenciais e não essenciais, sendo que os 
últimos seriam aqueles do art. 2º da LUG, que podem ser substituídos ou supridos. 
- REQUISITOS ESSENCIAIS DA LETRA DE CÂMBIO - o formalismo é da essência da letra de câmbio, 
devendo conter determinados requisitos essenciais preestabelecidos por lei. Faltando um dos requisitos essenciais, não 
se pode aplicar a disciplina do regime jurídico-cambial e a LC não produzirá efeito como TC, salvo em alguns casos a 
serem estudados. 
1. a palavra LETRA/letra de câmbio no texto do título, na língua empregada para a redação da LC. Art. 1º, 1 LUG. 
Atesta rigor da cambial, distinguindo-a dos outros TCs; evita incerteza sobre cambiaridade e executoriedade, além de 
e representar renúncia aos favores do direito comum. Deve estar no texto do título da LC, não bastando estar fora do 
texto, mesmo que com destaque. 
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada. Art. 1º, 2 LUG. Não está sujeito a qualquer 
condição de pagar quantia determinada. A quantia a ser paga, por extenso. O termo mandato é controverso na doutrina 
(até por questões de tradução). Não é contrato, nem representação, é apenas declaração unilateral de vontade do 
emitente, da existência de um crédito em dinheiro, que será saldado por uma certa pessoa. É ato jurídico unilateral 
desconectado do negócio subjacente. Na verdade, é uma declaração pura e simples e que deve esclarecer qual é o valor 
do crédito. Deve ser indicado com precisão e é fundamental à validade do TC. Se há divergência entre o valor por 
extenso e o valor em algarismo, prevalece o por extenso. Se em diversas indicações, vale a quantia inferior. (art. 6 
LUG). Indexação: predomina o entendimento de que a lei não veda a emissão de cambial indexada ou com cláusula 
de correção monetária, desde que o índice usado como relação do seu valor ou como critério de atualização seja oficial 
ou de amplo conhecimento do comércio. A quantia deve ser determinada pela simples operação matemática. A 
declaração da quantia em cifra não é requisito essencial, tanto que, se surgir uma disparidade entre a importância 
declarada por cifra e a declarada por extenso, valerá esta última. 
3. o nome da pessoa que deve pagá-la (sacado/devedor). Art. 1º, 3 LUG. Indispensável. Deve haver também a sua 
identificação pelo nº da cédula de identidade, de inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF), do título eleitoral ou 
carteira profissional (art. 3º Lei nº 6.268/1975). 
4. indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento: ao lado do nome do sacado, o qual será tomado como 
lugar do pagamento e como domicílio do sacado (art. 1º, 5 e art. 2º, alínea 3ª da LUG). 
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga - beneficiário/tomador. Não se admite, portanto, 
LC ao portador (art. 1º, 6 LUG). 
6. assinatura de próprio punho do sacador/emitente ou do mandatário especial - art. 1º, 8 LUG. O sacador se 
vincula com a assinatura e é o garante tanto do aceite quanto do pagamento (art. 9º LUG). Atenção: é somente o 
sacador quem a assina. A assinatura do sacado ou aceitante não figura entre os requisitos indispensáveis à validade da 
LC. Se o sacador não puder ou não souber assinar, só pode praticar o ato através de procurador nomeado por 
instrumento público e com poderes especiais. Não se admite chancela mecânica. 
7. época do pagamento – vencimento. Discussão na doutrina se é ou não requisito essencial (art. 1º, alínea 4). Se não 
há data de vencimento, é à vista (art. 2º, alínea 2 LUG). Sua falta não descaracteriza a LC como TC, já que a lei fixa 
ser à vista nessa situação. 
8. indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada – do saque. Discussão na doutrina se é ou não 
requisito essencial. O local e data do saque: a indicação deste local pode ser substituída por menção de um lugar ao 
lado do nome do sacador (art. 1º, 7 e art. 2º, última alínea LUG). 
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MODELOS – LETRA DE CÃMBIO 4 
 
 
 (fonte: internet) 
 
 
 (fonte: internet) 
 
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