Buscar

Apostila Introdução ao Direito

Prévia do material em texto

1
Universidade Federal de Uberlândia 
Curso: Relações Internacionais
Disciplina: Instituições de Direito
Profª: Mônica Alves Costa Ribeiro
 
2
Unidade 1
1. NOÇÕES DE TEORIA GERAL DO DIREITO
Estabelecer uma teoria significa sistematizar um conjunto de regras ou leis para um 
determinado assunto, portanto a Teoria Geral do Direito refere-se a “um sistema de 
conceitos fundamentais” para todo o campo de Direito. (JORGE LEITE, Gisele Pereira. 
2014)
2. NATUREZA E CULTURA
a) Produto Natural e Produto Cultural
O homem ao viver em sociedade estabelece relações “de coordenação, de 
subordinação, de integração, ou de outra natureza”, com essas relações há também o 
aparecimento de regras de organização de conduta e podem ocorrer entre pessoas ou 
coisas. (REALE, Miguel. pag. 22)
Dessas relações nascem:
 PRODUTO NATURAL (realidade natural): são coisas, cuja origem não precisa de 
nenhuma participação do homem para existir, aquilo que é dado.
 PRODUTO CULTURAL (realidade humana): são coisas que se originam 
naturalmente, porém há a ação do homem para adaptá-las a um determinado 
fim, aquilo que é construído.
A partir desses conceitos podemos definir o que é cultura:
CULTURA: “é o conjunto de tudo aquilo que, nos plano material e espiritual, o homem 
constrói sobre a base da natureza, quer para modificá-la, quer para modificar-se a si 
mesmo.” (REALE, Miguel. pag. 24)
 Assim, a cultura existe porque o homem transforma o natural de acordo com seus 
fins, e não só a altera a natureza, mas também a si próprio. (REALE, Miguel. pag. 24)
 
3
b) Leis Físico- Matemáticas e Leis Culturais
Podemos ter a existência de Leis Físico- Matemáticas e de Leis Culturais, todavia 
ambas são diferentes. As Leis Físico- Matemáticas são baseadas na Ciência Física que 
“é uma ciência descritiva do real, visando a atingir leis que sejam sínteses do fato 
natural”, ou seja, são leis que podem ser alteradas caso o fato observado mude. 
(REALE, Miguel. pag. 26)
Já as Leis Culturais “caracterizam-se por sua referência a valores, ou por 
adequarem meios afins”, ou seja, são leis baseadas no que foi construído pelo homem 
e não podem ser mudadas caso descumpridas, mas o autor é punido. (REALE, Miguel. 
pag. 27)
As Leis Culturais devido a sua ligação com valores possuem caráter axiológico 
(teoria dos valores) ou teológico (teoria dos fins). Essas valorações podem ser 
econômicas, sociológicas, demográficas, entre outras, e o legislador leva-as em 
consideração ao projetar normas. (REALE, Miguel. pag. 28)
Portanto, uma lei cultural implica no “reconhecimento da obrigatoriedade de um 
comportamento”, como resultado temos o que chamamos de regra ou norma. (REALE, 
Miguel. pag. 28)
3. O MUNDO ÉTICO
a) Juízos de Valor e de Realidade
Uma das características do Direito é a imperatividade, isso se deve ao juízo de valor 
que lhe atribuído. Para esclarecer essa afirmação, primeiro é necessário definir o que 
juízo. 
 JUÍZO: “é o ato mental pelo qual atribuímos, com caráter de necessidade, certa 
qualidade a um ser, a um ente”, ou seja, liga-se uma qualidade a um indivíduo 
ou coisa. (REALE, Miguel. pag. 31)
 Há dois tipos de juízo: o juízo de valor e o juízo de realidade. O juízo de realidade diz 
respeito sobre o fato em si, o fato como ele realmente é. Enquanto que o juízo de valor 
refere-se a essa imperatividade do Direito, ou seja, o que deve ser, o que deveria ter 
 
4
ocorrido. (REALE, Miguel. pag. 31 e 32). Podemos representar esses dois tipos de juízo 
da seguinte forma: 
“S” é “P” (verbo no indicativo)
“S” deve ser “P¹” (verbo no imperativo)
 As normas éticas envolvem o juízo de valor no comportamento humano, dessa 
forma procuram definir “uma diretriz (regras) considerada obrigatória numa 
coletividade” (REALE, Miguel. pag. 31)
b) Estrutura das Normas Éticas
“Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga uma sanção, isto é, 
uma forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada 
permitida ou proibida.” (REALE, Miguel. pag. 33)
A palavra norma lembra aquilo que é normal, um comportamento previsto e 
esperado dos indivíduos que constituem a sociedade, baseado em valores dominantes 
nessa sociedade, todavia não descartando situações imprevistas ou particulares, que 
necessitem de normas complementares que agravem ou atenuem as consequências 
contidas na norma principal. (REALE, Miguel. pag 34)
A norma ética é formulada a partir do pressuposto da possibilidade de sua 
violação, ou seja, a formulação da norma considera a liberdade que o seu destinatário 
de obedecer ou não a norma, contudo a transgressão da norma não altera sua 
validade como norma ética, fixando a responsabilidade do transgressor. (REALE, 
Miguel. pag. 33)
c) Formas da Atividade Ética
A conduta ética pode se condicionar a realização de algum valor, determinado pela 
pessoa. Alguns desses valores são: (REALE, Miguel. pag. 35 - 37)
 BELO: “Há homens que se preocupam, na vida, única e exclusivamente com o 
problema da beleza e a transformam no centro do seu interesse.” (REALE, 
Miguel. pag. 35)
 ÚTIL: Busca pela realização de bens econômicos para a satisfação de 
necessidades. 
 SANTO: “É o valor ao qual correspondem as religiões e os cultos.” (REALE, 
Miguel. pag. 36) 
 AMOR
 
5
 PODER: “É o valor determinante da Política, que é a ciência daa organização do 
poder e a arte de realizar o bem social com o mínimo de sujeição.” (REALE, 
Miguel. pag. 36)
 BEM INDIVIDUAL E BEM COMUM
4. Direito e Moral
Os conceitos de Direito e Moral podem se confundir, por isso é necessário destingi-
los, contudo sem separá-los, isto é, mesmo que os conceitos sejam diferentes há uma 
relação entre eles. Assim podemos dizer que a Moral se refere um “conjunto de 
práticas, costumes e padrões de conduta formadora da ambiência ética. Trata-se de 
algo que varia no tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua moral, que 
evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar.” (EBAH, 2014) 
E o Direito é 
Há muitas teorias sobre a relação entre Direito e Moral, todavia algumas se sobre 
saem:
1. Teoria dos círculos concêntricos: por esta teoria haveria dois círculos, sendo que um 
está inserido no outro. O maior pertenceria à moral, enquanto que o menor 
pertenceria ao Direito. Isso significa que a moral é maior que o Direito, e que o Direito 
dela faz parte; e que o Direito se subordina às regras morais. (JURISWAY, 2014)
 
2. Teoria dos círculos secantes: por essa teoria haveria dois círculos que se cruzam até 
um determinado ponto apenas. Isso significa que o Direito e a moral possuem um 
ponto comum, sobre o qual ambos têm co
mpetência para atuar, mas deverá haver uma área delimitada e particular para cada 
um, pois há assuntos que um não poderá interferir na esfera do outro. (JURISWAY, 
2014)
3. A visão Kelseniana: Para Kelsen o Direito é autônomo e a validade de suas normas 
nada têm a ver com as regras morais. Para ele haveria dois grandes círculos totalmente 
independentes um do outro. (JURISWAY, 2014)
4. Teoria do mínimo ético: por essa teoria o Direito deveria conter o menor número 
possível de regras morais, somente aquelas que forem indispensáveis ao equilíbrio das 
relações. Pode-se dizer que essa teoria se opõe ao pensamento do máximo ético, que 
se expressa na adoção pelo Direito de uma grande parte da moral, para que as 
 
6
relações sociais sejam reguladas de forma mais próxima à consciência dos 
indivíduos.(JURISWAY, 2014)
Também é necessário que se faça a distinção entre o que imoral e amoral. Quando 
nos referimos a algo imoral, é tudo aquilo que fere a moral. Todavia algo amoral se 
refere a tudo aquilo que não influi no campo da moral, por exemplo, uma regra de 
trânsito, é uma norma jurídica que os veículos obedeçam à mão direita, mas se o 
legislador mudar essa norma, e em vez do lado direito for o esquerdo, essa alteração 
não influi no campo da moral. (REALE, Miguel. pag. 39)
Assim podemos dizer que a Moral se refere um “conjunto de práticas, costumes e 
padrões de conduta formadora da ambiência ética. Trata-se de algo que varia no 
tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua moral, que evolui no curso da 
história, consagrando novos modos de agir e pensar.” (EBAH, 2014)
*Os campos do Direito e da Moral possuem diferenças e semelhanças:
* Baseado nas páginas de 40 a 54 do livro de Miguel Reale
DIREITO MORAL
É objetivo É subjetiva
É coercitiva Não é coercitiva
É o mesmo em todo o nosso território 
nacional
Varia de uma região, de um grupo para 
outro.
É coletivo É individual
Projeta-se externamente Projeta-se internamente
 
7
Ambas têm conteúdo ético.
É heterônomo É autônomo (Kant)
Situa-se no âmbito imperativo 
categórico (Kant)
É um mandamento interno do homem 
(Kant)
Sua fonte é legislativa, podendo ter, nos 
costumes, uma fonte secundária
Suas fontes são a religião, a cultura 
social, a profissão ou a consciência 
individual
Preocupa-se, unicamente, com o homem 
em sociedade. Nas suas relações com os 
demais membros
Mira a conduta intima do homem e sua 
relação com a sociedade. Concentra-se 
no homem em relação aos deveres 
consigo mesmo e com os que estão 
próximos.
Os julgamentos são feitos pelo Estado Os julgamentos são feitos pela própria 
consciência
É provocada É espontânea
Tem sanção fixa e determinada pela lei A sanção é interna ou, se externa, é feita 
por uma eventual reprovação social
Regula quando se exterioriza Regula em seu momento interno
É assegurada pela possibilidade de uma 
coerção material, praticada pelo Estado
Sanção de ordem interna, o remorso, ou 
uma desconsideração social;
É um sistema denso e concreto, 
composto por um indeterminado 
número de leis
É um sistema rarefeito e genérico, 
inscrevendo-se, facilmente, na mente 
dos homens. São mandamentos simples, 
passados de geração em geração.
No Direito eu posso punir uma conduta 
sem culpa (responsabilidade objetiva)
Na moral, a culpa é essencial para a 
responsabilização do sujeito
 
8
No Direito eu posso punir uma conduta 
sem culpa (responsabilidade objetiva)
Na moral, a culpa é essencial para a 
responsabilização do sujeito
Não existe direito, nem sanção, sem 
prescrição normativa escrita
Na moral, nem as normas, nem as 
sanções estão escritas.
É possível a existência de Direito distante 
do senso moral, porém, será sempre 
uma norma de questionável injustiça
Não se questiona o caráter jurídico das 
normas morais.
A norma jurídica pode ser cumprida 
coercitivamente, nem por isso deixa de 
ser lícita
A norma moral se for cumprida 
impositivamente, deixa de ser moral. A 
moral é incoercitível.
Possui bilateralidade atributiva. É unilateral
SEMELHANÇAS ENTRE DIREITO E MORAL:
a) ambas têm, por objeto os atos humanos;
b) têm a ética por fundamento;
c) são de caráter obrigatório, embora suas sanções sejam diferentes;
d) ambos são de caráter prescritivo, vinculam e estabelecem obrigações;
e) ambos são elementos indispensáveis à vida em sociedade.
Observação:
- Coerção é uma força que se observa no campo psicológico, levando alguém a 
cumprir determinada regra, a ter uma certa conduta, somente devido à pressão 
“abstrata” que o sujeito emissor da norma impõe. O Estado utiliza a coerção quando 
diz que um dispositivo de lei deve ser respeitado, acarretando uma sanção no caso de 
não cumprimento. O indivíduo segue a norma estatal para que não lhe seja aplicada a 
sanção preestabelecida no ordenamento jurídico, ou seja, ele se porta de acordo com 
a lei por “medo” de ser punido. Se não houvesse a sanção, ele poderia descumprir a 
regra, pois não teria prejuízos, já que o Estado não o puniria pela prática do ato 
infringente. (JESUS, Paulo Roberto Rocha de. 2013)
 
9
- Coação é outra fase da imposição da força, que ocorre no plano fático, é uma 
força evidentemente manifesta, pois reflete no campo físico. O Estado utiliza a coação 
quando a coerção não funcionou, e a sanção decretada também não foi cumprida pelo 
indivíduo. Quando um sujeito não cumpre a norma naturalmente, pelo efeito 
psicológico da coerção, o Estado ordena que ele obedeça à sanção estabelecida, como 
punição pelo desrespeito à regra legal. Caso não cumpra a sanção, ele sofrerá então a 
coação estatal, ou seja, aquela será aplicada forçosamente, pelo ente competente para 
tal função. A coação é a execução compulsória da sanção, quando o indivíduo não a 
cumpre, após ter desrespeitado a norma legal. (JESUS, Paulo Roberto Rocha de. 2013)
Unidade 2
Direito Público
 
10
“Normas de Direito Público são aquelas em que o Estado toma parte, ou seja, regulam 
as relações em que o Poder Público [...]. Considerando que o Estado intervém na 
relação jurídica como autoridade Estatal, norma de direito público é aquela que se 
refere aos interesses do Estado.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 5) Assim quanto 
ao conteúdo ou objeto da relação jurídica é visado o interesse geral, e a forma da 
relação jurídica é de subordinação, isto é, o Estado se põe como autoridade eminente. 
(Reale, Miguel. pág. 320 e 321)
Direito Privado
“Norma de Direito Privado tende sempre a regular um interesse dos particulares, ou 
seja, regula as relações entre os particulares.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 7) 
Assim quanto ao conteúdo ou objeto da relação jurídica o prevalecente é o interesse 
particular, e a forma de relação jurídica é de coordenação, isto é, as partes 
interessadas se encontram no mesmo plano. (Reale, Miguel. pág. 321)
DIREITO COLETIVO
É aquele que atinge um grande número de pessoas interessadas, porém, é possível 
definir quem são. Ex: usuários de planos de saúde UNIMED.
DIREITO DIFUSO
É aquele que atinge uma coletividade que não se consegue enumerar. Ex: usuários do 
transporte coletivo.
 
 
 
11
Unidade 3
Normas Jurídicas
Normas Jurídicas são “esquemas ou modelos de organização e de conduta.” 
(REALE, Miguel. pág. 86)
Para Hans Kelsen, a norma é a exteriorização do direito. Para ele, toda regra de 
direito contém a previsão genérica de um fato, com a indicação de que, toda vez que 
um comportamento corresponder a esse enunciado, deverá advir um 
consequência.(REALE, Miguel. pág. 86)
Se F é, deve ser C. F=Fato; C= Consequência.
Todavia, as normas de organização, as dirigidas aos órgãos do Estado e as que 
fixam atribuições, na ordem pública ou privada, não seguem essa lógica, excluem 
qualquer condição. Por exemplo, Constituição Federal afirma no Art.18, que Brasília é 
a capital do Brasil. Qual a consequência jurídica disso? A norma pode ser 
infringida?(REALE, Miguel. pág. 86 e 87)
“O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, [...], é o fato de ser uma 
estrutura proposicional enunciativa de forma de organização ou de conduta, que deve 
ser seguida de maneira objetiva e obrigatória.” (REALE, Miguel. pág. 88)1. Tipos de normas jurídicas
a) Normas de organização e normas de conduta: são aquelas que disciplinam o 
comportamento humano. 
b) Normas primárias e secundárias: as normas primárias enunciam formas de 
ação ou comportamento lícito ou ilícito; as normas secundárias “possuem um 
caráter instrumental, visando à estrutura e funcionamento de órgãos, ou à 
disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação de normas, a fim 
de assegurar uma convivência juridicamente ordenada.” (REALE, Miguel. pag. 
89) 
5. Validade da Norma Jurídica
Para que a norma de torne obrigatória é necessário que seja vista sob três 
aspectos: o da validade formal (vigência); o da validade social (eficácia ou efetividade); 
e o da validade ética(fundamento). (REALE, Miguel. pag. 97)
a) Validade formal ou vigência 
 
12
A vigência refere-se à existência especifica da norma. Para que uma norma 
tenha vigência é preciso:
 Legitimidade quanto ao órgão: fiz respeito ao órgão autor da norma.
 Legitimidade quanto à competência ratione materiae: diz respeito ao conteúdo 
da norma.
 Legitimidade do procedimento: o processo de elaboração da norma deve ser 
correto. 
Isto é, “onde a norma é elaborada por um órgão competente, ou seja, legitimo, 
respeitando-se o objeto contido na competência de tal órgão, e observando 
também os procedimentos para produção da norma.” (PINTO, Davi Souza de Paula. 
2013)
b) Eficácia ou Efetividade
A eficácia refere-se a “aplicação ou execução da norma jurídica, ou por outras 
palavras, é a regra jurídica enquanto momento da conduta humana, [...], a norma 
precisa ser formalmente válida e socialmente eficaz. (REALE, Miguel. pag. 104) 
c) Fundamento
“O fundamento é o valor ou fim objetivado pela regra do direito.” (REALE, Miguel. 
pag. 106) Ou seja, o valor ou fim visado pela norma. 
A vigência, a eficácia e o fundamento constituem a chamada Estrutura 
Tridimensional do Direito, a qual, a vigência refere-se à norma em si, a eficácia refere-
se ao fato e o fundamento refere-se ao valor.
6. Classificação da Normas
a) Quanto ao território:
1) Normas jurídicas de direito interno: aplicáveis apenas no Brasil;
1.1) Federais;
 
13
1.2) Estaduais;
1.3) Municipais.
2) Normas jurídicas de direito externo: aplicáveis a nível internacional (com 
ressalvas).
b) Quanto às fontes de direito:
 Normas legais;
 Normas consuetudinárias;
 Normas jurisprudenciais;
 Regras negociais.
c) Quanto à violação
 plus quam perfectae: são aquelas cuja violação pode levar à nulidade do 
ato ou à imposição de uma pena; Ex. a bigamia, punida no cível, com a 
anulação do casamento e no penal, com pena.
 perfectae: são aquelas que determinam a nulidade do ato, sem contudo 
possuírem sanção penal. Ex. um contrato celebrado com um menor, é 
nulo, mas penalmente nada pode ser feito. O Direito se contenta com a 
sanção civil.
 Minus quam perfectae: se limitam a aplicar uma pena ou uma 
conseqüência restritiva e não querida, mas não privam o ato de sua 
eficácia. Ex. um contrato que rixa multa pelo atraso no pagamento das 
parcelas, no entanto não o torna nulo.
 Imperfectae: São aquelas que não estabelecem uma sanção para o caso 
que a norma seja descumprida. O direito proíbe jogos de azar, porém, 
se alguém tem uma dívida de jogo e paga, não poderá recorrer à Justiça 
para receber o que pagou. Acredito que tenhamos outro exemplo: o CC 
diz o prazo de prescrição de uma dívida. Alguém para dívida prescrita, 
não pode receber de volta o que pagou.
d) Quanto à imperatividade 
 Cogentes ou de ordem pública: são aquelas que implicam a exigência 
inegável de seu cumprimento, não importa o interesse dos 
 
14
contratantes. Isto ocorre, pois o interesse público é superior ao 
privado. Ex. João tenta matar Pedro, Pedro não quer processar João. O 
processo ocorrerá independentemente da vontade de Pedro. Outro 
exemplo, a compra a venda de bem imóvel sem escritura pública. 
 Norma dispositiva: são as normas de conduta que deixam aos 
destinatários o direito de dispor de maneira diversa. Ex. uma compra 
e venda de bem móvel, pode ser feita verbalmente, por escrito, por 
telefone, pela internet... A nomeação ou não de testamenteiro pelo 
testador, etc..
 Norma interpretativa: apenas faz uma interpretação autêntica. Não 
manda, não proíbe, apenas interpreta outra. Ex. Art. 24 e 25 do CP 
que definem legítima defesa e estado de necessidade.
Observação: Para determinar se as normas são de ordem pública ou dispositiva, 
depende da interpretação dada pela doutrina ou pela jurisprudência. 
7. Fontes do Direito 
“É chamada de Fonte do Direito os processos de produção de normas jurídicas.” 
(REALE, Miguel. pag. 129) Pode ser dividida em: 
 Fontes materiais: são aqueles que têm mais a ver com a sociologia do direito do 
que com o próprio direito. Dizem respeito às situações econômicas, sociais, 
problemas de justiça, de segurança e outros fatores que levaram à criação da 
norma. Ou seja, é uma definição totalmente fora do direito.
 Fontes formais: são os processos ou meios em virtude dos quais as regras 
jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e 
eficácia no contexto de uma estrutura normativa
Uma fonte de direito pode sobrepujar a outra dependendo do tipo de 
ordenamento jurídico: 
 Tradição romanística (nações latinas e germânicas):caracteriza-se pelo primado 
do processo legislativo, com atribuição de valor secundário às demais fontes do 
direito. Acentuou-se após a revolução francesa, quando a lei passou a ser 
considerada a única expressão autêntica da Nação; (REALE, Miguel. pag. 131)
 
15
 Tradição anglo-americana (common law): tem como base o uso e os costumes, 
assim como as decisões judiciais. É o que ocorre na Inglaterra. Se alguém quer 
saber se tem algum direito não procura na lei e sim procura saber como os 
tribunais decidem aquela situação. (REALE, Miguel. pag. 131)
Há quatro principais fontes de direito:
a) Os Usos e Costumes Jurídicos 
O costume se torna “um costume jurídico quando passa a interferir 
intencionalmente a valores do Direito, tanto para realizar um valor positivo, [...], como 
para impedir a ocorrência de um valor negativo” (REALE, Miguel. pag. 149), é o 
chamado Direito consuetudinário (baseado em costumes). Porém há divergências 
quanto os costumes e as leis:
*Quadro: REALE, Miguel. pág. 146 a 149
LEIS COSTUMES
Quanto à origem É sempre certa e pré 
determinada. Sua fonte 
será sempre o legislativo.
Ninguém pode 
determinar, seguramente, 
sua origem.
Quanto à forma de 
elaboração
Resulta de um processo 
que culmina na lei.
Não se pode determinar a 
partir de quanto um uso 
ou um costume passou a 
repetido, tanto pode ter 
sido uma determinação 
social, como um mero 
acaso.
Quanto à eficácia Devem ser cumpridas por 
todos. 
Costuma ser cumprida por 
um grupo. Dentro de uma 
mesma sociedade temos 
costumes diferentes em 
grupos diferentes.
Quanto à forma É sempre escrita. Nem sempre é escrito, 
 
16
podendo acontecer de sê-
lo, como no direito 
costumeiro mercantil.
Quanto à vigência Ou vige até que seja 
revogada por outra lei, ou 
tem prazo 
predeterminado, como no 
caso das leis excepcionais 
ou temporárias.
Ninguém sabe quando um 
costume perde sua 
vigência, visto que isto 
acontece com o desuso.
b) ProcessoLegislativo 
Entende-se por Processo Legislativo Brasileiro a sequência dos atos realizados que 
buscam a elaboração de normas jurídicas. Para atingir esta finalidade é necessária a 
observação de regras particulares, como a iniciativa, o emendamento, a discussão, a 
votação, participação do Presidente da República em casos onde seja necessário, entre 
outras disposições que formam o conjunto de regras para o devido processo de 
elaboração de leis no país. Tal processo está previsto em nossa Carta Magna, no artigo 
59 e o Congresso Nacional, respeitando este sistema, poderá produzir leis de vários 
tipos e características, como: (SANTIAGO, Emerson. 2011)
 Emendas constitucionais - são as reformas no texto constitucional de grande 
ou pequena monta. São realizadas a partir de aprovação, em dois turnos, por 
três quintos de cada uma das casas do Congresso.
 Leis complementares - atos legislativos admissíveis somente nos casos em que 
a própria constituição autorize. Destina-se a detalhar matéria que a 
constituição abordou genericamente. Terá de ser aprovada em dois turnos de 
casa do Congresso em maioria absoluta, dependendo ainda de aprovação do 
Presidente da República.
 Leis ordinárias - leis comuns, produto da função primordial do Poder Legislativo 
em produzir leis, versando sobre todos os assuntos, exceto aqueles abordados 
por lei complementar. Sua aprovação depende de maioria simples.
 Decretos legislativos - atos cuja competência é de total exclusividade do 
congresso, independentes de sanção do presidente. Aprovada por maioria 
simples, sua finalidade básica é a aprovação dos atos do chefe da nação.
 
17
 Resoluções - atos vinculados à atividade privativa do congresso, 
independentes de aprovação do presidente, assim como os decretos 
legislativos. Sua aprovação é por maioria simples, sendo que existem algumas 
resoluções, que apesar de não fazerem parte do processo legislativo, possuem 
força de lei, como a resolução que institui o Regimento Interno do Supremo 
Tribunal Federal e as resoluções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral com a 
finalidade de garantir a execução fiel da legislação eleitoral.
Além de apreciar as medidas provisórias e autorizar a elaboração de leis delegadas, 
o artigo 59 da Constituição menciona ainda que é de alçada de lei complementar 
abordar a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Estruturada dentro 
da organização política brasileira, o Poder Legislativo está presente, além da esfera 
federal, nos Estados e Municípios, deste modo: (SANTIAGO, Emerson. 2011)
 Esfera Federal: Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal) - 
atuam os deputados federais e senadores, respectivamente;
 Esfera Estadual: Assembleia Legislativa - âmbito dos deputados estaduais;
 Esfera Distrital (Distrito Federal): Câmara Legislativa - atuação dos deputados 
distritais;
 Esfera Municipal: Câmara Municipal - reservada aos vereadores;
São estes os componentes do Poder Legislativo, e, do mesmo modo que o 
Congresso irá elaborar leis na esfera federal, os outros entes deste poder irão elaborar 
leis dentro do espaço que lhes é cabível. Como o Congresso Nacional se desdobra em 
Câmara dos Deputados e Senado Federal, dizemos que o sistema legislativo federal é 
bicameral, sendo que os dois recebem auxílio técnico do Tribunal de Contas da União 
(TCU), de modo que as leis elaboradas estejam em sintonia com a receita acumulada 
pelo poder público. Considera-se a câmara representativa direta do povo, enquanto 
que os senadores são interpretados como representantes dos Estados. (SANTIAGO, 
Emerson. 2011)
A elaboração das leis passará por um processo deveras complexo, que inclui:
 iniciativa;
 discussão;
 votação;
 aprovação;
 sanção ou veto;
 promulgação;
 publicação;
O processo legislativo então terá início com um projeto de lei, em uma das casas, 
seja câmara ou senado, que será considerada deste ponto de vista, a "casa iniciadora". 
Presidente da República, Supremo Tribunal Federal e tribunais superiores, Procurador 
 
18
Geral da República, deputados e cidadãos em geral entram com seus projetos 
obrigatoriamente pela câmara. Já senadores e membros de Assembleia Legislativa 
encaminham seus projetos ao senado. Na casa iniciadora, o projeto passa por análise 
técnica, material e formal feita por uma das 16 comissões da casa (no caso da câmara; 
no senado, são 7). Passada esta fase, o projeto de lei é votado em plenário, e se 
rejeitado, será arquivado; se aprovado, irá para a casa revisora. Na casa revisora, se 
rejeitado, será arquivado; em caso de emendas, é devolvido para a apreciação da casa 
iniciadora; se aprovado, é enviado ao Presidente da República para sanção ou veto. 
(SANTIAGO, Emerson. 2011)
Ao presidente cabo aprovar, ou vetá-lo total ou parcialmente (não sendo permitido 
o veto de palavras soltas); o veto deve ser feito até 15 dias, e ser embasado 
juridicamente; mas este pode ser derrubado em até 30 dias pelo Congresso. 
Derrubado o veto, o projeto é encaminhado ao presidente, para promulgação. Caso o 
presidente se recuse a promulgar, o Presidente do Senado poderá assinar em seu 
lugar. (SANTIAGO, Emerson. 2011)
c) Jurisprudência
As Jurisprudências são, por conseguinte, normas originadas da atividade 
jurisdicional dos juízes que se formam, não apenas quando há lacunas da lei ou 
quando esta é defeituosa, e sim também na interpretação da norma preexistente, 
influenciando diretamente no fenômeno de produção do direito normativo. (UNAMA, 
2011)
Ao analisarmos o atual conceito de jurisprudência, chegamos à conclusão de que 
existem duas noções a respeito à da jurisprudência: em sentido amplo e em sentido 
estrito. (UNAMA, 2011)
 A Jurisprudência em sentido amplo é a coletânea de decisões proferidas pelos 
juízes ou tribunais sobre uma determinada matéria jurídica. Tal conceito comporta 
outras duas sub-definições: a) Jurisprudência uniforme, caracterizada quando a 
interpretação judicial oferece idêntico sentido e alcance as normas jurídicas; e b) 
jurisprudência contraditória, que ocorre em face da divergência, entre os aplicadores 
do Direito, quanto à compreensão do Direito Positivo. (UNAMA, 2011)
 A Jurisprudência em sentido estrito consiste apenas no conjunto de decisões 
uniformes, prolatadas pelos órgãos do Poder Judiciário, sobre uma determinada 
questão jurídica. (UNAMA, 2011)
As decisões tomadas pelos juízes em um primeiro caso são chamadas de 
precedentes jurisprudenciais, 
 As espécies de jurisprudência, segundo Nader (2004), são:
 
19
a) Secundum legem , que se limita a interpretar determinadas regras definidas na 
ordem jurídica;
b) Praeter legem , que se desenvolve na falta de regras específicas, quando as leis são 
omissas;
c) Contra legem , que se forma ao arrepio da lei, é aplicada e surge quase sempre em 
face de leis anacrônicas ou injustas.
Com a intenção de solucionar o problema, o sistema jurídico brasileiro criou 
dispositivos capazes de combater as jurisprudências conflitantes. (UNAMA, 2011)
“Assim, com base na divergência de julgados entre dois ou mais tribunais de estados 
diferentes, a parte interessada, poderá, com fundamento no art. 105, III, “c”, da 
Constituição Federal, interpor recurso especial para pronunciamento do Superior 
Tribunal de Justiça, que dará o seu ponto de vista, provocando, naturalmente, a 
unificação nos procedimentos de aplicação do Direito.” (NADER, 2004). 
Outro importante instrumento para solucionar o problema das divergências 
jurisprudenciais são as súmulas dos tribunais, pois sobre questões de Direito, em que 
se manifestam divergência de interpretação entreturmas ou câmaras, os tribunais 
fixam a sua inteligência, mediante ementas que servem de orientação para advogados 
e juízes, favorecendo a unificação da jurisprudência. (UNAMA, 2011
d) Fonte Negocial
As normas negociais regulamentam a relação jurídica entre os participantes, 
dentre elas há as normas contratuais, que normalmente são denominadas cláusulas 
contratuais. Essas normas tomam por base a autonomia da vontade, “isto é, o poder 
que tem cada homem de ser, de agir e de omitir-se nos limites das leis em vigor, tendo 
por fim alcançar algo de seu interesse e que, situado no âmbito da relação jurídica, se 
denomina bem jurídico.” (REALE, Miguel. pag. 170) (REALE, Miguel. pag. 169)
O caracteriza a fonte negocial é :
 Manifestação de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo;
 Forma de querer que não contrarie a exigida em lei;
 Objeto lícito;
 Quanto não paridade, pelo menos uma devida proporção entre os participantes 
da relação jurídica.
8. Hierarquia das Normas
 
20
 
21
Hermenêutica e Interpretação das normas
Interpretar a norma jurídica é fixar seu sentido e, ainda fixar seu alcance, isto é, 
quando o objeto da interpretação é a norma jurídica, é preciso, além do sentido, fixar 
seu alcance, de modo que se deixe patente a que situações ou pessoas a norma 
jurídica interpretada se aplicada.
Em outros termos, podemos compreender que a diferença entre uma e outra 
forma de interpretação é que somente na norma jurídica é que buscamos o sentido do 
alcance. Ex: interpretar de forma comum e de forma jurídica a seguinte proposição: a 
casa pertence ao credor.
- Para se interpretar uma norma jurídica é necessário se observar todo o contexto na 
qual ela está inserida. Por exemplo: interpretar uma norma do CDC, do ECA ...
- Quando se interpreta uma norma, busca-se, dentre diversas hipóteses de conclusões 
que seriam possíveis, a que parecer melhor.
a)Distinção entre interpretação e hermenêutica:
 Interpretação é um trabalho prático que busca fixar o sentido e o alcance das 
normas jurídicas.
 Hermenêutica é a Teoria Científica da Interpretação, que busca construir um 
sistema que propicie a fixação do sentido e a alcance das normas. Ou seja, o 
objeto da hermenêutica é a interpretação. A hermenêutica não tem sido 
estudada como uma ciência autônoma, como quer a tradição, mas apenas 
fornece instrumentos (já preparados), que são impostos de forma dogmática 
pela escola de Direito. Ou seja, não se dá àquela a liberdade necessária na área 
da interpretação e simplesmente lhe fornecem fórmulas prontas de forma que 
o intérprete acaba se confundindo com o cientista do Direito.
b)O problema da linguagem
Como toda linguagem possui vícios e ambigüidades, cada ciência busca construir 
uma linguagem própria e desprovida destes e de outros problemas. Assim, as normas 
jurídicas foram escritas, numa linguagem própria, de forma a ser entendida por toda a 
população, pois é a ela que se destina. Ex:Lei 8.078/90, art.103, “Nas ações coletivas 
de que trata este Código, a sentença fará coisa julgada:
 
22
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de 
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico 
fundamento, valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do 
art.81.”
Com relação à “clareza” da norma ela é facilmente explicada quando 
percebemos que as pessoas que as elaboram possuem forte conhecimento técnico e, 
por isso, utilizam-se de termos com os quais estão habituados.
Alguns autores pensam que sim, mas esta posição não é pacífica, alguns 
acreditam que sempre haverá algo a interpretar, outros que, sendo a norma clara, o 
interprete nada mais fará do que trocar termos para dizer a mesma coisa (trocar 6 por 
meia dúzia).
Rizzatto dá o exemplo do art. do CPC que diz assim: “ O prazo para apresentar 
recurso de apelação é de 15 dias” . O que se tem a interpretar num caso como este? 
Claro que o leigo pode ter algumas coisas como, por exemplo, o que é apelação? Se o 
prazo é contado corrido? A partir de que dia ele começa a ser contado? Etc. Porém, 
qualquer advogado consegue responder estas perguntas sem precisar buscar 
argumentos na interpretação
c) Tipos de Interpretação
O bom cientista do Direito conhece as regras de interpretação, pois é através delas 
que ele apreende e compreende o sistema jurídico.
 Interpretação gramatical: parecida com as regras já conhecidas de 
interpretação. Analisa um texto segundo as palavras, suas funções sintáticas e 
semânticas. A vontade da lei, ou do legislador, deveria ter sido reproduzida no 
texto, de tal forma que uma análise morfológica e sintática conseguiria 
resolver qualquer dúvida.
Funções:
- Eliminar as ambigüidades próprias da redação dos textos;
- Extirpar termos técnicos que também contenham ambigüidades;
- Adaptar os termos abertos ao momento atual;
- Corrigir erros de redação;
- Fixar o significado das palavras contidas no texto;
 
23
 Interpretação lógica: cuida do valor lógico das frases, abstração feita da posição 
distribuída a cada grupo de normas no conjunto geral do ordenamento jurídico. 
É aplicada para tentar problemas que surgem quando um mesmo vocábulo é 
empregado em sentidos nem sempre compatíveis entre si. Ex.art.155§3º da CF 
e art.146, III da CF usam o termo imposto como se fosse tributo.
Para evitar a incompatibilidade podemos aplicar os seguintes 
procedimentos:
- Formal: procura as condições de decidibilidade pelo estabelecimento de 
recomendações gerais prévias à ocorrência de conflitos, como o são o princípio 
da prevalência do especial sobre o geral, o princípio de que nada na lei é 
desnecessário e o princípio de que, o que o legislador não distinguiu, não cabe 
ao intérprete distinguir.
- Prático: Corresponde a recomendações que emergem das situações 
conflitivas, por sua consideração material, como o procedimento das 
classificações e reclassificações, definições e redefinições ou de conjugação 
(caso em que os conteúdos são aproximados na forma de gêneros e espécies de 
um gênero superior);
- Diplomática: exige certa inventividade do intérprete, como é a proposta das 
ficções (cria-se situações para vislumbrar o que ocorreu).
 Interpretação sistemática: quando se enfrentam as questões de 
compatibilidade num todo estrutural. Ou seja, ao se analisar uma norma, 
devemos ver todo o artigo, com seus incisos e parágrafos, de acordo com os 
princípios gerais do direito.
Obs: Para Reale, existe é uma interpretação lógico-sistêmica. Neste sentido, 
toda norma deve ser analisada de forma que nunca fique afastada do sistema 
em geral. Ou seja, se falo do crime de bigamia devo analisar em que capítulo se 
situa o crime, em que título, pois é necessário ver sua correlação com todo um 
sistema. Para ele, interpretar de forma lógica é, também, situar a norma.
 Interpretação teleológica: (Rizzatto) telos = fim. Deve levar em conta a 
finalidade para a qual a norma foi criada. Toda norma é criada com um fim. Em 
alguns casos, é fácil descobrir: o CDC, o ECA... Além disso, não pode se 
esquecer dos fins maiores do direito, como seus princípios básicos (ex. respeito 
à dignidade da pessoa humana, Estado Democrático de Direito).
Obs: Para Tércio, temos também uma interpretação axiológica, na qual se 
procurará estabelecer um juízo de valoração da norma interpretada. Tanto que 
 
24
ele fala da interpretação teleológica e axiológica que seria feita ao mesmo 
tempo, buscando-senão apenas os fins da norma, mas uma valoração da 
situação expressa. Ex. a norma que fala sobre pátrio-poder que hoje é 
interpretada, inclusive pelo Supremo, como um dever e não como um direito.
 Interpretação histórica: não se pode afastar uma norma do contexto histórico 
em que foi criada. Com o passar do tempo, este contexto servirá para explicar a 
norma, assim como para determinar uma forma atual de interpretação. Neste 
sentido, ao analisar as razões da existência da norma no tempo em que foi 
criada, devemos pensar como teria agido o legislador, se, naquela época, 
existissem os fatos que existem hoje
d)Quanto ao resultado a interpretação pode ser:
 Declarativa ou especificadora: o intérprete se limita a declarar o sentido da 
norma, sem amplia-la ou restringi-la. É como se ele apenas traduzisse o texto 
legal. É também chamada tautológica pois busca o alcance e o sentido da 
norma;
 Restritiva: ocorre quando se percebe que a norma disse mais do que deveria 
dizer. Ex. o proprietário poderá pedir o imóvel locado para uso próprio. 
Pergunta-se, qualquer proprietário? Não, o nu proprietário (somente tem a 
propriedade mas não a posse) não pode, e, art.28 do CP: a embriagues não 
exclui a imputabilidade penal. Ora, o sujeito que perde totalmente os sentidos 
em razão de embriagues pode ser punido se não sabia o que fazia?
 Extensiva: ocorre quando se percebe que a lei disse menos do que deveria. Ex. 
o CP diz que a bigamia é crime, e a poligamia? A lei não se refere a ela? 
9. Integração 
Pode ocorrer que, numa determinada situação, eu tenha uma lacuna da lei. Ou 
seja, não tenho o que interpretar, pois não tenho norma a respeito, o que preciso é 
integrar. Este fato ocorre com muita freqüência visto que, por mais que o Direito 
evolua, a sociedade evolui mais rápido. Para suprir as lacunas usamos a integração. A 
integração pode ocorrer nas formas:
 Analogia: consiste em utilizar-se de uma norma criada para o caso “X” e 
empregá-la para o fim “Y”. Ou seja, existe uma lei que regula um fato parecido, 
mas parecido não é igual. Ex: é permitido o aborto em caso de grave risco de 
vida para a mãe. E nos casos de fetos com anencefalia? 
Observemos, no entanto, que para aplicar analogia devemos ficar 
atentos às diferenças existentes entre os dois casos: o previsto e o não 
 
25
previsto. Ex: Corrupção de menores é crime, já corrupção de maiores não 
possui previsão legal e nem poderia ser “criada” por analogia. Existe despejo 
para uso próprio, de descendentes ou de ascendentes, mas não existe para os 
colaterais. Não posso ampliar a previsão legal.
 Equidade: consiste em fazer justiça no caso concreto (já estudada). O juízo por 
equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição, no 
concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional.
 Costumes: não se pode confundir com o direito costumeiro, a aplicação dos 
costumes funciona como complemento quando não existe norma à respeito, 
ou quando precisamos dos costumes para entende-la, não é usar direito 
consuetudinário.
 Princípios gerais do direito: neste caso, a integração da norma será feita com a 
utilização dos princípios fundamentais que regem o direito. (continuaremos a 
discorrer sobre eles na próxima aula)
A integração apresenta alguns problemas, como, nenhum meio integrador gera, 
por si, um efeito generalizante. O ato integrado é singular e o preenchimento da 
lacuna é sempre caso a caso, devendo-se repetir o processo de argumentação para os 
casos semelhantes; o direito penal não admite analogia nas normas penais 
incriminadoras; sua peculiaridade é que abre exceção para um caso e não para todos; 
pode ser que tenhamos uma norma que não se coadune mais com os costumes. Em 
tese, o costume contra legem não pode ser aplicado, mas esta regra não é totalmente 
aceita. Ex: união estável entre pessoas do mesmo sexo;
 
26
Unidade 4
TEORIA DO ESTADO
ESTADO
Conceito de Estado: é uma organização destinada a manter, pela aplicação do 
Direito, as condições universais de ordem social.
Sobre a existência ou não de uma separação entre Estado e Direito, existem 3 
correntes:
a) Teoria monista, também chamada de estatismo jurídico, segundo a qual o 
Estado e o Direito se confundem numa só realidade, visto que só existe um 
Direito estatal, pois toda força coativa vem do Estado;
b) Teoria dualista: sustenta que o Estado e o Direito são duas realidades distintas, 
independentes e inconfundíveis. O que provém do Estado é apenas uma 
parcela especial do Direito;
c) Teoria do paralelismo: segundo esta corrente, Estado e Direito não se 
confundem, mas se complementam. São interdependentes. Segundo esta 
teoria, existe Direito que não emana do Estado, assim como no dualismo. 
Porém, no paralelismo, eu tenho uma ligação entre eles.
TEORIA GERAL DO ESTADO
Conceito: corresponde à parte geral do Direito Constitucional. Seu conteúdo é 
predominantemente político. Daí alguns cursos ministrarem Teoria do Estado junto 
com Ciência Política.
NAÇÃO
 
27
É uma realidade sociológica. Uma entidade de direito natural e histórico. É um 
conjunto homogêneo de pessoas ligadas entre si por vínculos permanentes de sangue, 
idioma, religião, cultura e idéias. Nação é, sempre, anterior ao Estado.
Podemos ter nações sem Estado, como existia com a Áustria e a Hungria que eram 
nações distintas e formavam um Estado chamado Áustria-Hungria. Assim com a 
Escócia, Irlanda e Inglaterra formavam o Estado da Grã-Bretanha.
POPULAÇÃO
É a expressão que envolve um conceito aritmético, quantitativo, demográfico, 
pois designa a massa total dos indivíduos que vivem dentro das fronteiras e sob o 
império das lei de um determinado país. É o conjunto heterogêneo dos habitantes de 
um país, sem exclusão de estrangeiros, apátridas, etc.
POVO
No sentido estrito, equivale ao conceito de nação.
RAÇA
É uma unidade bio-antropológica. Uma nação pode ser formada por diversas 
raças, ou, por grupos étnicos diferentes (lusitanos, africanos, ameríndios).
ESTADO
 
28
Cito o conceito de Clóvis Beviláqua: “ O Estado é um grupamento humano, 
estabelecido em determinado território e submetido a um poder soberano que lhe dá 
unidade orgânica.”
Para Von Iherng: “ O Estado é a sociedade que coage; e para poder coagir é que ela se 
organiza tomando a forma pela qual o poder coativo social se exercita de um modo 
certo e regular; em uma palavra, é a organização das forças coativas sociais.”
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO:
a) População;
b) Território: é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade 
da sua ordem jurídica; (Kelsen);
c) Governo: é uma delegação de soberania nacional. É a própria soberania posta 
em ação. É um atributo indispensável da personalidade abstrata do Estado.
Pode ser entendido de forma coletiva: como conjunto dos órgãos que presidem 
a vida política do Estado.
Singular: como poder executivo órgão que exerce a função mais ativa na 
direção dos negócios públicos
.
SOBERANIA
Alguns autores a incluem como um quarto elemento do Estado. Constitui-se 
como pressuposto essencial par o entendimento do fenômeno estatal. Não há Estado 
sem soberania
Conceito: é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum 
outro poder.
É incorreto afirmar que cada estado federativo tem soberania própria. A 
soberania é uma só, a nacional.
 
29
1) TEORIA DA SOBERANIA ABSOLUTADO REI: a soberania do rei é originária, 
ilimitada, absoluta, perpétua e irresponsável em face de qualquer outro 
poder temporal ou espiritual.
2) TEORIA DA SOBERANIA POPULAR: contrapondo-se à teoria do poder divino. 
Alerta que todo poder deve ser limitado por um poder maior, exercido pelo 
povo.
3) TEORIA DA SOBERANIA NACIONAL: a coroa não pertence ao rei. O rei é que 
pertence à coroa. Esta é um princípio, é uma tradição, de que o Rei é 
depositário e não proprietário.(ideais da Revolução Francesa). Sustentam, 
seus adeptos que a nação é a fonte única do poder de soberania. O órgão 
governamental só o exerce legitimamente mediante o consentimento 
nacional.
4) TEORIA DA SOBERANIA DO ESTADO: parte do princípio de que a soberania é 
a capacidade de autodeterminação do Estado de autodeterminação do 
Estado por direito próprio e exclusivamente.
5) TEORIA NEGATIVISTA DA SOBERANIA: a soberania é uma Idéia abstrata. 
Não existe concretamente. O que existe é apenas a crença na soberania. 
Estado, nação, direito e governo são uma só e única realidade. Não á direito 
natural nem qualquer outra fonte de normatividade jurídica que não seja o 
próprio Estado.
6) TEORIA REALISTA DA SOBERANIA: é forçoso admitir que a soberania é 
originária da Nação, mas só adquire expressão concreta e objetiva quando 
se institucionaliza no órgão estatal, recebendo através deste o seu 
ordenamento jurídico formal dinâmico.
LIMITAÇÕES DA SOBERANIA
A soberania se limita pelos princípios de direito natural, pelo direito grupal, isto é, 
pelos direitos dos grupos particulares que compõem o Estado (grupos biológicos, 
pedagógicos, econômicos, políticos, espirituais, etc, bem como pelos imperativos da 
coexistência pacífica dos povos na órbita internacional.
 
30
GLOBALIZAÇÃO
Termo utilizado genericamente como representativa do fenômeno de disseminação de 
processos globais que extrapolam os limites das fronteiras nacionais e influenciam as 
culturas, as economias, as liberdades e até as organizações políticas dos países, em 
escala mundial.
Ela produz reflexos no conceito de soberania, na medida em que acaba por atingir 
cada país de forma desigual, na proporão da riqueza, poder, ou desenvolvimento 
social, econômico e tecnológico de cada um. Esses reflexos assumem maior gravidade 
entre os país chamados de terceiro mundo, ou, em desenvolvimento, os quais ficam 
mais vulneráveis, diante da incapacidade de enfrentamento das imposições originadas 
da ordem internacional.
Ex: embargos econômicos.
FEDERAÇÃO: 
Associação de Estados que conservam sua autonomia administrativa dentro de limites 
atribuídos, formando um novo /Estado soberano com os seguintes caracteres: 
- descentralização político administrativa;
- repartição de competências feita constitucionalmente;
- participação da vontade regional na vontade nacional, que se opera mediante um 
órgão representativo dos Estados-Membros, no Poder Legislativo, que é o Senado;
- autonomia administrativa e financeira;
 
31
- existência de Constituições estaduais e de um órgão que a controle a 
constitucionalidade das leis.
REPÚBLICA:
Vem do latim ‘ res publica’, ou seja, coisa pública. É a forma de governo em que o 
governante exerce suas funções temporariamente, sendo substituído por outro 
quando findo seu mandato. Por der:
- presidencialista: na qual uma só pessoa – o presidente da República – assume as 
funções de chefe de governo e de Estado.
- parlamentarista: a chefia do Estado é do Presidente que e quem tem as funções 
administrativas e a chefia do governo que é exercida pelo parlamento,
Monarquia: caracteriza-se pelo aspecto vitalício do cargo. No entanto, existe um chefe 
de governo (em regra o primeiro ministro) e o chefe de Estado: rei.
Presidencialismo: a chefia de governo e do Estado se confundem e são exercidos pela 
mesma pessoa: o presidente da república.
Parlamentarismo: a chefia de Estado é exercida pelo Presidente, mas o governo 
efetivo é exercido por um gabinete de ministros, formado pelo partido majoritário no 
parlamento, liderado pelo primeiro ministro.
No parlamentarismo é bastante interessante o relacionamento entre o 
executivo e o legislativo. O parlamento pode derrubar o gabinete, através da moção da 
desconfiança. Já o gabinete pode dissolver a assembleia, convocando novas eleições. 
Tal sistema presta-se a evitar o excesso de poder em um ou outro órgão, deixando ao 
eleitor a última e soberana palavra em caso de divergência.
 
32
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
 O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado 
que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos 
humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma 
proteção jurídica. Em um estado de direito, as próprias autoridades políticas estão 
sujeitas ao respeito das regras de direito. Este trabalho foi orientado pela Professora 
Rosana Aparecida Valderano de Lima.
Sempre que o Brasil se encontra em tempos de eleições, os candidatos 
empunham a bandeira da democracia, sobem ao palanque e bradam em seus 
discursos invocando o Estado Democrático de Direito, as vezes nem eles sabem o que 
estão dizendo.
A ideia do Estado Democrático de Direito da maneira como hoje é conhecido é 
em decorrência de um extenso processo da evolução da forma como as sociedades 
foram se organizando ao longo dos séculos, como bem lembrou a professora Terezinha 
Seixas em suas aulas magnificamente ministradas no inicio do curso de graduação em 
Ciências Sociais e Jurídicas. Explanava a referida professora que as origens do Estado 
Democrático de Direito é oriundo dos antigos povos gregos e seus inesquecíveis 
pensadores, que já no século V a I a. C. dentre eles citava Sócrates, Platão e Aristóteles 
que criou a teoria do “Estado Ideal”, pensadores que refletiam sobre a melhor forma 
de organização da sociedade para o atendimento do interesse comum.
Entretanto, foi no final do século XIX que as grandes bases do Estado de Direito 
foram consolidadas.
No término do século XVIII, observamos nos livros de História a queda dos 
Estados absolutistas, modelo de Regime político que superou o modelo feudal e que 
concentrava todo o poder nas mãos dos reis soberanos, considerados representantes 
de Deus na Terra.
 
33
Nos Estados absolutistas, os reis passavam a ter poderes plenos, reunindo em 
suas mãos os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do controle espiritual 
dos súditos.
 Assim, eles, os reis, governavam de forma arbitrária e despótica, gerando uma 
série de injustiças e desequilíbrios sociais e prejudicando, sobretudo, os interesses de 
uma nova classe social que então ascendia – a burguesia.
 abuso de poder por parte do rei absolutista revoltou a burguesia, classe 
econômica, política e social ascendente na época, que buscaram novos modelos de 
organização social onde o poder do rei fosse restrito e controlado.
A revolução burguesa, segundo o professor José Jobson Arruda, culminou com 
o fim do absolutismo monárquico e da política econômica mercantilista, onde a 
burguesia favorecida pelo crescimento econômico pretendia mais liberdade para 
ampliação dos negócios.
Alguns filósofos e teóricos passaram a refletir sobre as melhores formas de 
organização política e social que poderiam ser adotadas para a proteção da 
coletividade e das liberdades individuais.
Nestas reflexões refutaram atese de que o poder político derivaria de dádiva 
Divina, pois concluíram que o poder da sociedade deveria vir das pessoas que a 
formavam.
Então, o homem, e somente ele, estaria incumbido de descobrir quais seriam 
os direitos básicos de todo ser humano e como deveria se organizar socialmente para 
que esses direitos fossem respeitados.
Com essa racionalização dos direitos naturais, os quais até então eram divinos, 
foram surgindo movimentos que reduziram o poder do rei absolutista.
Além de outros embasamentos para os direitos naturais do homem e aqueles 
fundamentados meramente na fé e em Deus acelerou o rompimento definitivo entre 
Estado e religião.
 
34
Foi aí que surgiu o conceito de jusnaturalismo, ou seja, de que existem direitos 
que são naturais ao homem e que fluem da própria natureza humana os direitos 
básicos para que o ser humano pudesse viver de forma digna.
Dentre os filósofos e teóricos que se destacaram na procura dos direitos 
naturais e irrenunciáveis do homem, convém destacar alguns que ofereceram suas 
contribuições, cujas ideias permanecem atuais.
Thomas Hobbes defendia, já em 1651, que somente o direito de amparar-se a si 
mesmo era irrenunciável, sendo todos os outros direitos decorrentes deste, o que 
serviu de fundamento à reivindicação das duas conquistas fundamentais do mundo 
moderno no campo político: o princípio da tolerância religiosa e o da limitação dos 
poderes do Estado. Desses princípios nasceu de fato o Estado liberal moderno.
Já John Locke, teórico do liberalismo, destacava três direitos naturais básicos: a 
liberdade, a propriedade e a vida, defendendo, até mesmo, o direito de qualquer povo 
destituir o poder que não garantisse tais direitos.
Jean - Jacques Rousseau, em fins do século XVIII defendia que todos os homens 
nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do homem e os direitos inalienáveis 
do homem seriam a garantia equilibrada da igualdade e da liberdade, é dele também 
aquela idéia de que a organização social deve basear-se em um contrato social firmado 
entre todos os cidadãos que compõem a sociedade e a partir do contrato social surgiu 
a vontade geral que é soberana e que objetiva a realização do bem geral.
Charles de Montesquieu (1748) contribuiu com essa racionalização quando 
lançou as sementes da ideia de separação dos poderes (tripartição das funções do 
Estado), obra de importância fundamental na defesa dos direitos individuais: “existem 
as leis da natureza, assim chamadas porque decorrem unicamente de nosso ser. Para 
conhecê-las bem é preciso considerar o homem antes do estabelecimento das 
sociedades” .
Nas ultimas linhas demonstramos a transição do mundo medieval para o 
mundo moderno, representada pelo nascimento e pela queda dos Estados 
 
35
absolutistas, onde os fatos históricos contribuíram definitivamente para a 
consolidação do Estado moderno e de direitos naturais do ser humano, na geração do 
que hoje conhecemos como direitos humanos. Tais fatos históricos produziram 
documentos que até hoje fundamentam os direitos humanos no mundo.
Na Inglaterra, país que durante o século XVII foi palco de importantes 
movimentos em defesa das liberdades individuais e contra arbitrariedades do Estado, 
dentre os quais destacamos os seguintes:
I - Revolução Puritana, 1628
– PetitionofRights, que institui a necessidade de aprovação parlamentar de tributos e a 
proibição de punição de súditos sem amparo na lei;
II - Habeas Corpus Act – 1679, em proteção à liberdade e ao devido processo legal;
III - Revolução Gloriosa – 1689 – Bill ofRights, obrigatoriedade de aprovação das leis 
pelo Parlamento, garantia de liberdade religiosa.
Aproveitando a maré de reviravoltas que ecoavam da metrópole, os Estados 
Unidos da América declararam, em 1776, sua independência, afirmando em sua Carta 
de Independência valores como os da igualdade de todos os homens e a existência de 
certos direitos inalienáveis, como a vida, a liberdade e a busca pela felicidade.
Mas o marco principal e mais significativo acontecimento histórico na 
edificação dos direitos humanos e consequentemente do direito, foi a Revolução 
Francesa de 1789, da qual derivou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 
um dos principais documentos históricos que marcam o início do Estado moderno.
A Declaração de 1789 assegurava que “todos os homens são iguais pela 
natureza e perante a lei” e que “a finalidade da sociedade é a felicidade comum – o 
governo é instituído para garantir a fruição de seus direitos naturais e imprescritíveis. 
Esses direitos são a liberdade, a segurança e a propriedade”
 
36
Já Hans Kelsen, no século XX, também conceituou o Estado como sujeito 
artificial como a personalização da ordem jurídica, e como a lei passa a ter a partir de 
então um papel essencial na organização das sociedades, sendo o instrumento por 
meio do qual o poder do povo se manifesta e que vincula a todos de forma igualitária: 
governantes e governados são igualmente sujeitos às determinações da lei.
A lei passa a representar a vontade dos cidadãos, pois a partir do 
comportamento destes que influencia o desenvolvimento das sociedades, devendo 
assim por todos ser respeitada, não importando a sua condição, implicando finalmente 
a ideia de Estado de Direito.
O Estado de Direito nos dias atuais tem um significado de fundamental 
importância no desenvolvimento das sociedades, após um amplo processo de 
afirmação dos direitos humanos, sendo um dos fundamentos essenciais de 
organização das sociedades políticas do mundo moderno.
Mesmo assim continuamos no Século XXI com o objetivo de buscarmos 
mecanismos de aperfeiçoamentos para o modelo do Estado para que o mesmo atinja o 
quanto antes o equilíbrio entre a liberdade e igualdade dos seres humanos e possa 
proporcionar o ideal de oportunidades de desenvolvimento com saúde, segurança, 
habitações dignas, educação para todos.
http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10143&revista_cadern
o=9
 
37
Unidade 5
1. Constituição
“A Constituição Federal é o código de leis máximas e fundamentais do país sobre as 
quais todas as outras devem amoldar-se. É o estatuto da nação que trata dos direitos 
da pessoa humana, tanto os individuais como os sociais, da organização do Estado. É o 
conjunto de normas escritas impostas pelo Poder Constituinte, as quais têm o poder 
de constituir o Estado dando-lhe o estatuto fundamental de uma organização básica, 
que declara os direitos civis, sociais, políticos e econômicos da população e define a 
sua organização administrativa.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 26) 
2. Classificação 
(ESPAÇO JURÍDICO,2009)
a) Quanto à Origem
 Promulgada: é aquela que conta com a participação popular seja para elaborá-
la, seja para escolher seus representantes para a feitura da Lei Maior.
 Outorgadas: são frutos de um ato unilateral de poder. Nascem em regimes 
ditatoriais, sem a participação do povo.
b) Quanto ao Conteúdo
 Formal: nessa classificação, leva-se em conta apenas o modo de elaboração da 
norma. Se ela passou por um processo mais solene, mais dificultoso de 
formação (constituição rígida), será formalmente constitucional, não 
importando de que matéria venha a tratar.
 Material: por sua vez, para serem consideradas materialmente constitucionais 
é completamente irrelevante o modo como as normas foram elaboradas. 
Tratando de matéria essencialmente constitucional (estabelecimentode poder 
e sua limitação – através de divisão de poderes e de estabelecimento de 
direitos fundamentais, por exemplo) será norma materialmente constitucional.
c) Quanto à Extensão
 Sintética: é aquela Constituição que versa apenas de normas essenciais à 
estruturação do Estado, sua organização e funcionamento, bem como da 
divisão de Poderes e dos direitos fundamentais.
 Analítica: de conteúdo extenso, a constituição analítica (prolixa, desenvolvida) 
trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, trazendo minúcias que 
 
38
encontrariam maior adequação fora da Constituição, em normas 
infraconstitucionais.
d) Quanto ao Modo de Elaboração
 Dogmáticas: elaboradas em um momento determinado, refletem os valores 
(dogmas) daquela época. Podendo ser classificadas em sua ideologia como 
ecléticas ou ortodoxas. São sempre escritas.
 Históricas: formam-se a partir do lento evoluir da sociedade, dos seus costumes 
(daí serem chamadas de costumeiras). Em razão desse lento processo de 
formação e sedimentação dos valores, são sempre não escritas.
e) Quanto à Ideologia
 Ecléticas (Pragmáticas): também chamadas de compromissórias, são 
Constituições dogmáticas que se fundam em várias ideologias.
 Ortodoxas: são fundadas em uma só ideologia.
f) Quanto à finalidade
 Constituição-Garantia: de texto reduzido (sintética), busca precipuamente 
garantir a limitação dos poderes estatais frente aos indivíduos.
 Constituição Dirigente: caracterizada pela existência, em seu texto, de normas 
programáticas (de cunho eminentemente social), dirigindo a atuação futura dos 
órgãos governamentais.
 Constituição-Balanço: destinada a registrar um dado estágio das relações de 
poder no Estado. Sua preocupação é disciplinar a realidade do Estado num 
determinado período, retratando o arranjo das forças sociais que estruturam o 
Poder. Faz um “balanço” entre um período e outro.
g) Quanto à Ontologia (Correspondência com a realidade)
 Normativas: estão em plena consonância com a realidade social, conseguindo 
regular os fatos da vida política do Estado.
 Nominativas (Nominalistas): são elaboradas com a finalidade de, efetivamente, 
regular a vida política do Estado. Mas, não alcança o seu objetivo.
 Semântica: são criadas apenas para legitimar o poder daqueles que já o 
exercem. Nunca tiveram o desiderato de regular a vida política do Estado. É 
típica de regimes autoritários.
h) Quanto à Alterabilidade
 Imutável: não prevê mecanismos para sua alteração. Tem a pretensão de ser 
eterna.
 Rígida: prevê um procedimento solene, mais dificultoso do que o previsto para 
alteração das leis ordinárias. Fundamenta-se no princípio da Supremacia 
Formal da Constituição.
 
39
 Flexível: o procedimento para alterar a Constituição é o mesmo processo 
legislativo de elaboração e alteração das leis ordinárias.
 Semirrígida: é em parte rígida e noutra parte flexível. Desse modo, algumas 
normas da Constituição só podem ser modificadas por um procedimento mais 
dificultoso, enquanto que as outras se submetem ao mesmo processo 
legislativo das leis infraconstitucionais.
i) Quanto à Forma
 Escritas: formadas por um conjunto de regras formalizadas por um órgão 
constituinte, em documentos escritos solenes. Podem ser (a) codificadas, 
quando sistematizadas em um único texto, ou (b) legais, quando se apresentam 
esparsas ou fragmentadas.
 Não-Escritas (Costumeiras ou Consuetudinárias): não são solenemente 
elaboradas por órgão encarregado especialmente desse fim. São sedimentadas 
pelos usos, costumes, jurisprudência, etc.
3. Primado da Constituição
O primado da constituição significa a supremacia da constituição sobre todas as 
outras normas, sejam elas de origem pública ou privada. É por meio da Constituição 
que são explícitos os direitos e as garantias fundamentais, porém é importante 
salientar as diferenças entre esses dois conceitos. (CAMARGO, Daniel Marques de. 
2011)
"[...]Os direitos representam por si só certos bens, as garantias destinam-se a 
assegurar a fruição desses bens; os direitos são principais, as garantias são acessórias; 
os direitos permitem a realização das pessoas e inserem-se direta e imediatamente, 
por isso as respectivas esferas jurídicas; as garantias só nelas se projetam pelo nexo 
que possuem com os direitos[...]os direitos declaram-se, as garantias estabelecem-se". 
(WADY, Ariane Fucci. 2009)
4. Controle de Constitucionalidade das Leis e dos Atos Normativos 
 ADIN: pode ser proposta perante o STF para obter a declaração de 
inconstitucionalidade de lei em tese ou ato administrativo normativo. (art.103, 
CF);
 ADIN por omissão: é proposta quando, por falta de norma reguladora, uma 
determinação constitucional não pode ser cumprida (art.103, § 2º);
 Ação Declaratória de Constitucionalidade: ocorre quando o poder público 
propõe, perante o STF para obter declaração de constitucionalidade de lei ou 
ato normativo. A decisão tem efeito vinculante. (art.102, § 2º).
 
40
 Arguição de descumprimento de preceito constitucional: coloca-se ao lado da 
ADIN e da ação declaratória de constitucionalidade. É mais restrita que estas, 
abrangendo atos comissivos e omissivos do Poder Público e também processos 
administrativos e judiciais, podendo incidir sobre estes em pleno andamento 
em Através desse, é possível suspender-se, liminarmente, ações judiciais ou 
processos administrativos em curso, os quais atingem TODOS os processos, os 
quais devem acatar a decisão do Supremo.
 Controle de Constitucionalidade

 Enviado por: 
 Roldan Alencar | comentários
 Arquivado no curso de Direito na UFMS
 . INTRODUÇÃO
 Controle da constitucionalidade é a verificação da adequação vertical que deve 
existir entre as normas infraconstitucionaise a Constituição. E sempre um 
exame comparativo entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição. 
Todo ato legislativo ou normativo que contrariar a Lei Fundamental de 
organização do Estado deve ser declarado inconstitucional.
 2. FUNDAMENTO
 O fundamento do controle da constitucionalidade encontra-se na idéia de 
supremacia da Constituição escrita, da existência de uma lei maior que se 
sobrepõe a todas as demais normas jurídicas existentes no País. A supremacia 
decorre da própria rigidez das Constituições escritas. Por exigir a norma 
constitucional um procedimento especial de alteração mais rigoroso que o das 
normas infraconstitucionais, todos os demais atos legislativos e administrativos 
são hierarquicamente inferiores.O que estiver em desacordo com a 
Constituição, vértice de todo o sistema jurídico, deve ser declarado 
inconstitucional. Dois pressupostos são indispensáveis para que o controle de 
constitucionalidade seja exercido:
 1°) a presença de uma Constituição rígida, da qual resulte a superioridade das 
normas constitucionais sobre as demais; e
 2°) existência de um órgão que efetivamente assegure a supremacia do texto 
constitucional.
 3. ORIGENS DO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE
 
41
 O mecanismo de verificação da constitucionalidade das normas 
infraconstitucionais pelo Poder Judiciário é uma construção do 
constitucionalismo norte-americano. Diversos precedentes judiciais levaram ao 
mecanismo de verificação judicial da adequação vertical das leis com o Texto 
Constitucional, até a eclosão do famoso case Marbury versus Madison, relatado 
pelo Presidente da Suprema Corte norteamericana John Marshall em 1803. 
Essa doutrina do controle da constitucionalidade das leis pelo Poder Judiciário 
como uma decorrênciainevitável da superioridade da Constituição escrita em 
relação às demais normas consolidou-se na jurisprudência norteamericana. O 
Brasil, influenciado por esse modelo, passou a admitir o controle judicial da 
constitucionalidade a partir da primeira Constituição Republicana, em 1891.Por 
sua ver, na Europa, a partir do século X, com fundamento nas idéias de Kelsen, 
desenvolveu-se um outro modelo para assegurar a supremacia das normas 
constitucionais. Foi instituído o controle de constitucionalidade em abstrato, 
exercido por um órgão não pertencente ao Poder Judiciário, um Tribunal ou 
uma Corte Constitucional, examinando a lei em tese e com efeitos e erga 
omnes. No Brasil, essa forma de controle foi definitivamente introduzida em 
1965, com a Emenda Constitucional n. 16 à Constituição de 1946. A 
Constituição de 1934 jácontinha a possibilidade de representação interventiva 
por iniciativa do Procurador-Geral da República perante o Supremo Tribunal 
Federal.
 4. ESQUEMA Inconstitucionalidade:
 - por ação: formal e material - por omissão
 - Formas de controle: preventivo e repressivo
 - Órgão de controle: político e judiciário
 - Critérios de controle: difuso e concentrado
 - Meios de controle: incidental e principal
 - Efeitos da decisão: inter partes e erga omnes
 - Retroatividade: ex tunc e ex nunc
 5. FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE
 Inconstitucionalidade é a incompatibilidade entre um ato legislativo ou 
administrativo e a Constituição Federal. Existem duas formas de 
inconstitucionalidade: por ação e por omissão.
 
42
 5.1. INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO
 É a produção de atos legislativos ou normativos que contrariem dispositivos 
constitucionais. A inconstitucionalidade pode ser por motivos formais ou 
materiais. A primeira ocorre quando o ato é produzido por autoridade 
incompetente ou em desacordo com as formalidades legais, como prazos, ritos 
etc.Já a inconstitucionalidade material é a produção de atos legislativos ou 
normativos que desrespeitem o próprio conteúdo das normas constitucionais.
 5.2. INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO
 É a não-elaboração de atos legislativos ou normativos que impossibilitem o 
cumprimento de preceitos constitucionais. É uma inovação da Constituição 
portuguesa de 1976, que foi adaptada, pelo constituinte de 1988 à atual Lei 
Maior. Sempre que um preceito constitucional não puder ser cumprido por 
inércia legislativa ou administrativa dos poderes constituídos estaremos diante 
de uma inconstitucionalidade por omissão. Exemplo: participação dos 
trabalhadores na gestão da empresa, "conforme definido em lei" (CF, art. 7°, 
XI). Enquanto esse direito não for passível de cumprimento por falta de 
legislação regulamentadora, existirá uma inconstitucionalidade por omissão. 
Duas novas ações foram introduzidas pela Constituição de 1988 para solucionar 
a inércia legislativa ou administrativa: a ação de inconstitucionalidade por 
omissão (art. 103, § 2º) e o mandado de injunção (art. 5º, LXXI), com 
pressupostos e efeitos diferentes. Essas novas ações serão estudadas em 
capítulos próprios.
 6. FORMAS DE CONTROLE
 O controle da constitucionalidade pode ser exercido em dois momentos, antes 
e depois da aprovação do ato legislativo ou normativo. São as duas formas de 
controle: preventivo e repressivo.
 a) Controle preventivo. Feito a priori, antes da elaboração da lei, impede que 
um projeto de lei inconstitucional venha a ser promulgado. Como o controle 
preventivo é realizado antes da aprovação da lei, incide sobre o projeto de lei. É 
exercido pelos Poderes Legislativo e Executivo. O Legislativo executa esse 
controle pelas Comissões (CF, art. 58). Toda Casa legislativa possui uma 
Comissão de Constituição e Justiça, ou órgão semelhante, que tem como 
função primordial justamente a verificação da constitucionalidade do projeto 
de lei apresentado para aprovação. O Poder Executivo exerce essa forma de 
controle pelo veto do Presidente da República ao projeto de lei aprovado pelo 
Legislativo (CF, art. 6, § 1°).
 b) Controle repressivo, sucessivo ou "a posteriori". E realizado após a 
elaboração da lei ou do ato normativo. Sua finalidade é retirar uma lei ou ato 
 
43
normativo. Sua finalidade é retirar uma lei ou ato normativo inconstitucional da 
esfera jurídica. Essa forma de controle é exercida nos países que adotaram o 
sistema constitucional norteamericano pelo Poder Judiciário. No Brasil, o Poder 
Judiciário exerce o controle repressivo da constitucionalidade mediante dois 
sistemas, em abstrato e em concreto, que serão examinados no item 13. 
Excepcionalmente, como veremos no item 12, em duas hipóteses, a 
Constituição admite o controle realizado após a edição da lei ou do ato 
normativo pelo Poder Legislativo.
 7. ÓRGÃOS DE CONTROLE
 O controle da constitucionalidade pode ser exercido por diversos órgãos, 
pertencentes ou não ao Poder Judiciário.
 a)Político: O controle político da constitucionalidade é exercido por órgão não 
pertencente ao Poder Judiciário. Exemplos: na França, ele é feito pelo Conselho 
Constitucional e, na extinta URSS, era exercido pelo [Presidium] do Soviete 
Supremo.
 b)Judicial ou judiciário: O controle judicial da constitucionalidade é exercido 
pelos integrantes do Poder Judiciário. A verificação da adequação vertical, da 
correspondência entre atos legislativos e a Constituição, é Feita pelos ,juízes e 
tribunais. Exemplos: Brasil e Estados Unidos. Esse controle pode ser feito pelos 
critérios difuso ou concentrado.
 8. CRITÉRIOS DE CONTROLE a) Difuso: O controle da constitucionalidade é 
exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. Qualquer juiz ou tribunal 
pode declarar a inconstitucionalidade da lei no caso em exame (Estados 
Unidos).
 b) Concentrado: O controle só é exercido por um Tribunal Superior do país ou 
por uma Corte Constitucional (Alemanha). O Brasil adota os dois critérios: o 
difuso no controle em concreto e o concentrado no controle em abstrato. Essas 
formas de controle serão examinadas no item 13.
 9. MEIOS DE CONTROLE a)Incidental ou via de defesa: O objeto da ação é a 
satisfação de um direito individual ou coletivo. sendo alegada de forma 
incidental a ofensa do ato legislativo ou normativo ao Texto Constitucional.
 b) Principal ou via de ação: O objeto da ação é a própria declaração da 
inconstitucionalidade do ato legislativo ou normativo.
 10. EFEITOS DA DECISÃO a) ["Inter partes"]: A decisão produz efeitos somente 
entre as partes, para as pessoas que participaram da relação processual. É uma 
 
44
conseqüência da via de defesa. b) ["Erga omnes"]: A decisão produz efeitos 
para todos. É uma conseqüência da via de ação.
 1. NATUREZA DA DECISÃO a)["Ex tunc"]: A decisão que declara a 
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo é retroativa, alcançando a lei 
e todas as suas conseqüências jurídicas desde a sua origem.
 b) ["Ex nunc"]: A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo não é retroativa, produzindo efeitos a partir da sua publicação.
 12. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
 No Brasil o controle da constitucionalidade é exercido por todos os poderes 
constituídos, que têm o dever de zelar pelo respeito à Constituição. O controle 
preventivo é exercido pelos Poderes Legislativo e Executivo, que impedem que 
um projeto de ato legislativo inconstitucional venha a ser aprovado. O Poder 
Legislativo realiza O controle pela Comissão de Constituição e Justiça existente 
em toda Casa Legislativa, que examina o projeto de ato legislativo sob esse 
aspecto antes da votação em Plenário (CF, art. 58). O Poder Executivo

Continue navegando