Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE FENÔMENOS DE TRANSPORTE PROFa. Dra. VÁDILA GIOVANA GUERRA BÉTTEGA RELATÓRIO – EXPERIMENTO 07 TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM BARRAS (ALETAS) DE SECÇÃO CIRCULAR UNIFORME SÃO CARLOS 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2 2. OBJETIVO ................................................................................................................. 4 3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 4 3.1. MATERIAIS .......................................................................................................... 4 3.2. MÉTODOS ............................................................................................................ 4 4. RESULTADOS ........................................................................................................... 5 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................................... 6 6. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 7 7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 8 APÊNDICE A ................................................................................................................. 9 2 1. INTRODUÇÃO Diversas aplicações industriais envolvem a transferência de calor como resultado da diferença de temperatura, sendo que na engenharia química, os modos de transferência geralmente são por condução e convecção. A transferência por condução ocorre entre partículas vizinhas adjacentes, da mais energética para a menor devido a interação entre elas (ÇENGEL, 2012), pode ocorrer em sólidos, por conta das vibrações da microestrutura do material com a energia transportada pelos elétrons livre, e em líquidos e gases com ausência de movimento, devido as colisões e difusões das moléculas. A “lei de Fourier da condução térmica” relaciona o gradiente de temperatura, área de troca, espessura e o material, como demostra a Equação 1, para obter a taxa de calor transferido (INCROPERA, 2008). �̇�𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘. 𝐴. 𝑑𝑇 𝑑𝑥 (1) A convecção acontece quando há transferência de energia entre um sólido e um líquido ou gás em movimento. Se o fluido é forçado fluir sobre o material, denomina-se convecção forçada, caso contrário chama-se convecção natural, onde o movimento é causado por forças de empuxo devido a diferenças na densidade e temperatura. A partir da “lei de Newton de resfriamento”, demonstrada pela Equação 2, pode-se relacionar a taxa de transferência de calor com a área de troca, a diferença de temperatura entre a superfície do material e do fluido e o coeficiente de transferência de calor por convecção, cujo valor depende da geometria do objeto, do movimento do fluido e de suas propriedades (INCROPERA, 2008). �̇�𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ. 𝐴. (𝑇𝑆 − 𝑇∞) (2) Um dos desafios para processos de transferência de energia por convecção é a troca eficiente de calor. As duas principais rotas: é aumentar o coeficiente de transferência de calor ou aumentar a área de troca. A primeira requer a instalação de uma bomba ou ventilador, ou trocar o fluido de operação, o que pode não ser prático e gerar custos altos; já a outra alternativa se baseia em aumentar a superfície de contato ao inserir superfícies estendidas, chamadas de aletas, no objeto. É possível calcular a taxa de calor transferido através da aleta a partir de um balanço diferencial de taxa de calor, para isso é considerado operação permanente, condução unidimensional em x, as propriedades térmicas do material (k) não se alteram e o h é uniforme e constante ao longo da aleta. Ao considerar um volume da aleta na localização x, com comprimento Δx, área transversal As e perímetro p, como demonstra a Figura 1. 3 Figura 1 – Elemento de volume de aleta. Fonte: Adaptado de (ÇENGEL, 2012). O balanço de energia pode ser expresso pela Equação 3. �̇�𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑥 = �̇�𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑥+∆𝑥 + �̇�𝑐𝑜𝑛𝑣 = �̇�𝑐𝑜𝑛𝑑,𝑥+∆𝑥 + ℎ. (𝑝. ∆𝑥). (𝑇 − 𝑇∞) (3) Ao dividir por Δx e fazer Δx→0, tem-se a Equação 4. 𝑑�̇�𝑐𝑜𝑛𝑑 𝑑𝑥 + ℎ. 𝑝. (𝑇 − 𝑇∞) = 0 (4) Com a substituição da Equação 1 na Equação 4, obtém-se a Equação 5. E com a definição de excesso de temperatura representada pela Equação 6, a Equação 5 pode ser reescrita na Equação 7, com o m explicitado na Equação 8 (ÇENGEL, 2012). 𝑑2𝑇 𝑑𝑥2 − ℎ.𝑝 𝑘.𝐴𝑐 (𝑇 − 𝑇∞) = 0 (5) 𝜑 = 𝑇 − 𝑇∞ (6) 𝑑2∅ 𝑑𝑥2 − 𝑚2. ∅ = 0 (7) 𝑚2 = ℎ.𝑝 𝑘.𝐴𝑐 (8) A solução geral é apresentada pela Equação 9, que depende de C1 e C2, constantes arbitrárias cujos valores são determinados a partir das condições de contorno do problema, sendo elas a temperatura na base da aleta, geralmente conhecida, e outra na ponta (ÇENGEL, 2012). 4 ∅(𝑥) = 𝐶1. 𝑒 𝑚.𝑥 + 𝐶2. 𝑒 −𝑚.𝑥 (9) Para a condição de contorno na ponta da aleta, há quatro principais possibilidades que podem ocorrer. a) aleta infinitamente comprida, assim a temperatura na ponta será igual à do ambiente; b) a troca de calor pela extremidade pode ser desconsiderada; c) a temperatura é ficada e especificada; d) ocorre processo de convecção na ponta (ÇENGEL, 2012). Assim é possível obter uma solução especifica para cada situação e analisar corretamente o quanto de calor ela dissipa em um processo. 2. OBJETIVO A partir da aferição das temperaturas locais em barras cilíndricas aquecidas em uma das extremidades, determinar o coeficiente médio de transferência de calor por convecção e o calor trocado com o ambiente. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. MATERIAIS 3 barras cilíndricas com diferentes diâmetros e materiais (alumínio e aço inox) acopladas a uma fonte de calor; Termopar; Paquímetro; Trena SQ de 5 m. 3.2. MÉTODOS Inicialmente, mediu-se com o paquímetro o diâmetro de cada aleta e, com a trena, a distância entre os furos nos quais foram encaixados os termopares. Foram considerados equivalentes os espaços entre os furos para as 3 aletas. Com um termopar livre, aferiu-se a temperatura ambiente em um momento inicial. Coletou-se o valor das temperaturas locais, encaixando-se os termopares nos furos ao longo de todo o comprimento das 3 aletas. Por fim, repetiu-se mais uma vez a medição das temperaturas para o posterior cálculo dos valores médios, em caso de discrepância entre as duas medidas efetuadas. Da mesma forma, mediu-se uma segunda vez a temperatura ambiente ao fim do experimento. Para a realização dos cálculos, levou-se em consideração que as aletas são compridas o suficiente para que suas extremidades estejam em equilíbrio térmico com o ar atmosférico. Assim, chega-se a solução descrita pela Equação 10 para o perfil de temperaturas ao longo das aletas (ÇENGEL, 2012). 5 𝜃(𝑥) = 𝑇(𝑥) −𝑇∞ 𝑇𝑏−𝑇∞ = 𝑒−𝑚∙𝑥 (10)O coeficiente m da aleta pode ser estimado a partir da linearização dos dados experimentais. Através da Equação 11, específica para aletas de secção circular, este valor é utilizado no cálculo do coeficiente h de transferência de calor por convecção. 𝑚 = 2√ ℎ 𝑘∙𝐷 (11) Com o coeficiente de transferência de calor, pode-se determinar o calor de troca das aletas com o meio externo com a Equação 12 (ÇENGEL, 2012). 𝑄𝑥 = (𝑇𝑏 − 𝑇∞)√ℎ ∙ 𝑃 ∙ 𝑘 ∙ 𝐴𝑡𝑟 = (𝑇𝑏 − 𝑇∞)√ℎ ∙ 𝑘 ∙ 𝜋2𝐷³ 4 (12) A partir do calor real trocado, utiliza-se a Equação 13 para o cálculo da eficiência do processo, tomando como referência o calor máximo trocado se toda a aleta estivesse na mesma temperatura que a sua base. Essa transferência hipotética de calor equivale a calculada pela Equação 2, mostrada anteriormente. 𝜂 = 𝑄𝑥 𝑄𝑚á𝑥 = 𝑄𝑥 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 (13) 4. RESULTADOS As tabelas com os parâmetros e dados do experimento, os valores para os cálculos dos coeficientes de calor, dos calores trocados e da eficiência das três barras, além dos dados para a construção dos gráficos estão contidos no Apêndice A. A Figura 2 apresenta a distribuição de temperatura ao longo do comprimento para cada uma das barras, com a regressão linear obtida e seu coeficiente de determinação (R2). Figura 2 – Distribuição de temperatura na barra. Fonte: Elaborado pelos autores. 6 A Tabela 1 apresenta os coeficientes da aleta (m) para cada uma das barras, obtidos a partir dos coeficientes angulares das linearizações e os coeficientes de transferência de calor calculados a partir da Equação 11. Tabela 1 – Coeficiente m e coeficientes de transferência de calor. Aletas m ( - ) hexp (Wcm-2 K-1) Barra 1 0,0441 1,24.10-3 Barra 2 0,1091 5,08.10-4 Barra 3 0,9890 1,07.10-3 Fonte: Elaborado pelos autores. A Tabela 2 contém os resultados de calor e calor máximo trocado entre as barras e o ambiente, e da eficiência das aletas, estimados com o auxílio das equações 12, 2 e 13, respectivamente. Tabela 2 – Calores trocados entre as aletas e o ambiente e a eficiência dessas. Aletas 𝑄 (𝑊) 𝑄𝑚á𝑥(𝑊) ƞ Barra 1 4,285 16,259 0,264 Barra 2 0,628 6,129 0,102 Barra 3 4,432 39,227 0,113 Fonte: Elaborado pelos autores. 5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A partir dos resultados obtidos, é possível atestar que as barras de fato obedecem às hipóteses formuladas, uma vez que para diferentes posições x medem-se diferentes temperaturas cada vez menores quanto maior a distância da base e na extremidade contrária à base, a temperatura medida é equivalente à temperatura ambiente. Além disso, as linearizações apresentam coeficiente de determinação maior que 0,95, o que certifica a validade do modelo adotado. Os resultados obtidos demonstraram que, para barras de mesmo material (barras 2 e 3), o coeficiente convectivo obtido é maior naquela que apresenta o maior diâmetro, pois há um aumento de área de troca térmica para um maior diâmetro. Já para barras com seção transversal similar (barras 1 e 2), é possível afirmar que o coeficiente convectivo é maior quanto maior a condutividade térmica do material, neste caso a barra de alumínio apresenta um maior coeficiente dado que a sua condutividade térmica é aproximadamente 15 vezes maior que a do aço inox. O calor trocado obtido para barras de mesmo material foi de 0,6 e 4,4 W para as barras 2 e 3, respectivamente. Isso ocorreu, pois a barra 3 possui um maior diâmetro e consequentemente um volume maior, o que implica em mais calor conduzido nessa barra, e, a área de troca maior, um aumento do calor trocado em relação a barra de mesmo material com diâmetro menor. Para barras de mesmo diâmetro e materiais diferentes, pela Tabela 2, verifica- se que a barra de alumínio trocou mais calor. Como o coeficiente de condução do alumínio é 7 maior, então este conduz mais calor ao longo da barra, deste modo, o calor trocado será maior, pois a barra de alumínio se mantém aquecida por um comprimento maior da barra. A eficiência para barras de materiais diferentes, pela Tabela 2 verifica-se que é maior para a barra de alumínio, pois esta troca mais calor. Para a barra de mesmo material e de diferentes diâmetros, tem-se que as eficiências são próximas, isso ocorre, pois estas barras conduzem calor igualmente e o coeficiente convectivo é proporcional à área de troca. Uma das possíveis fontes de erros nesse experimento provêm dos instrumentos de medida. Os três terminais do termopar, para um mesmo local, mediam temperaturas diferentes e para medir o tamanho da barra nos diferentes pontos, a medida era feita a partir de uma trena, o que implica em uma imprecisão de alguns milímetros. 6. CONCLUSÃO A prática experimental possibilitou a determinação do coeficiente convectivo de transferência de calor e o calor trocado com o ambiente para barras cilíndricas de materiais e seções transversais diferentes. Os resultados obtidos permitiram atestar a validade do modelo e hipóteses adotadas, bem como avaliar os efeitos dos materiais e dimensões das barras nos valores dos coeficientes convectivos. Ademais, foi possível verificar que aletas de alumínio apresentam eficiência dobrada com relação às de aço inox. 8 7. REFERÊNCIAS INCROPERA, F. P., BERGMAN, T.L., DEWITT, D.P. (2008), Fundamentos de transferência de calor e de massa. 6 ed. Editora LTC, Rio de Janeiro-RJ, 643p. ÇENGEL, Y. A. (2012), Transferência de calor e de massa: uma abordagem prática. 4 ed. Editora AMGH, Porto Alegre-RS, 904p. 9 APÊNDICE A Tabela 3 – Parâmetros da para as barras utilizadas. Composição D (cm) L (cm) k (Wcm-1K-1) Tambmédia (°C) Alumínio (Barra 1) 1,165 89,5 2,370 30,0 Aço Inox -304 (Barra 2) 1,145 0,149 30,0 Aço Inox -304 (Barra 3) 2,950 0,149 30,0 Tabela 4 – Dados para a construção do gráfico para a Barra 1. Posição (cm) T1 (°C) T2 (°C) Tmédia(°C) - ln(θ) 0,0 71 69 70,0 0,000 3,0 64 66 65,0 0,134 8,0 56 55 55,5 0,450 14,8 49 48 48,5 0,771 22,3 43 43 43,0 1,124 29,7 40 36 38,0 1,609 44,7 36 35 35,5 1,984 59,7 33 32 32,5 2,773 74,7 32 31 31,5 3,283 89,5 31 31 31,0 3,689 Tabela 5 – Dados para a construção do gráfico para a Barra 2. Posição (cm) T1 (°C) T2 (°C) Tmédia (°C) - ln(θ) 0,0 68 67,5 67,5 0,000 3,0 52 53 53,0 0,489 8,0 42 42 42,0 1,139 14,8 36 35,5 35,5 1,920 22,3 33 33 33,0 2,526 29,7 32 32 32,0 2,931 44,7 30 30 30,0 - 59,7 30 30 30,0 - 74,7 30 30 30,0 - 89,5 30 30 30,0 - 10 Tabela 6 – Dados para a construção do gráfico para a Barra 3. Posição (cm) T1 (°C) T2 (°C) Tmédia (°C) - ln(θ) 0,0 74 74 74,0 0,000 3,0 64 64 64,0 0,258 8,0 50 50 50,0 0,788 14,8 40 40 40,0 1,482 22,3 35 35 35,0 2,175 29,7 32 33 32,5 2,868 44,7 30 31 30,5 4,477 59,7 30 30 30,0 - 74,7 30 30 30,0 - 89,5 30 30 30,0 -
Compartilhar