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Demonstrações Financeiras Suplementares Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Alexandre Saramelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos 5 É inegável a necessidade de uma empresa ser bem administrada em seus aspectos técnicos, ou seja, o produto ou serviço que se disponibilize em oferecer para a sociedade precisa ter boa qualidade. Porém, por melhor que seja a qualidade técnica, todas as empresas precisam ter uma boa administração do seu caixa. A Demonstração do Fluxo de Caixa tem o nobre objetivo de proporcionar aos usuários da contabilidade a possibilidade de analisar a qualidade da administração financeira de uma empresa. Nesta unidade, você irá aprender estrutura de uma Demonstração do Fluxo de Caixa, tanto pelo método direto, quanto pelo método indireto. Nesta unidade, iremos estudar a estrutura da importante Demonstração do Fluxo de Caixa. Trata-se de uma demonstração muito rica para usuários da contabilidade que se interessam em observar a qualidade da administração financeira da entidade. Por isso, é muito importante que você acompanhe atentamente o texto principal, colocando-se no lugar, de um investidor que preza pela análise do caixa. Mais do que apenas ler o texto, a orientação é que você acompanhe a formação de um fluxo de caixa, tanto pelo método direto como pelo método indireto, em seu caderno. Também é válido analisar demonstrações financeiras reais. Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto · Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direto e Indireto · Principais Demonstrações Financeiras 6 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Contextualização Os jornalistas estarão na sala de reuniões às 11h00 Sala de reuniões, lotada, cheia de câmaras, filmadoras e microfones É verdade que a W Química está enfrentando uma série crise financeira? Eu não diria uma grave crise financeira, mas de fato nós não conseguimos exportar nos últimos dois anos por causa da crise financeira internacional, mas nossa administração financeira está muito boa mesmo com essa situação! Constate isso em nossa demonstração do Fluxo de Caixa. 7 Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direto e Indireto Em particular, trata-se de uma demonstração contábil nova, que não era elaborada no Brasil até a convergência do país às normas contábeis internacionais em 2007. Embora alguns contadores brasileiros já a utilizassem para fins gerenciais, era publicada outra demonstração no Brasil, a DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de recursos, de caráter mais técnico). Portanto, a Demonstração do Fluxo de Caixa, para muitos contadores, ainda é uma novidade. Isso torna o estudo da Demonstração do Fluxo de Caixa ainda mais imprescindível. Não se trata apenas de mais uma demonstração contábil, ou de um simples “extrato”, mas uma poderosa análise da qualidade da administração financeira de uma empresa. Principais Demonstrações Financeiras As Demonstrações Financeiras são importantes pelas informações que prestam à sociedade de uma forma geral. A partir da Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07 e 11.941/09, algumas demonstrações se tornaram obrigatórias para as empresas de capital aberto, e que operam com ações na Bolsa de Valores, são elas: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulados (DLPA); • Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); • Demonstração do Valor Adicionado (DVA) • Notas Explicativas. Conforme mencionado anteriormente, o nosso foco de estudo será a Demonstração do Fluxo de Caixa, que foi uma das principais mudanças da Lei 11.638/07. Demonstração do Fluxo de Caixa – DFC Com o advento da Lei 11.638/07, a Demonstração do Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto e para as companhias fechadas, quando atingem valor superior a dois milhões de reais (2.000.000,00) do Patrimônio Líquido. Essa lei veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, uma vez que a Demonstração do Fluxo de Caixa possui a principal característica de facilitar a compreensão de seus usuários sobre as informações de forma mais clara e precisa. O objetivo da Demonstração do Fluxo de Caixa é apresentar informações financeiras sobre a movimentação do caixa e equivalentes de caixa, detalhando os pagamentos e recebimentos de uma empresa, em um determinado período de tempo, assim como, a necessidade de liquidez. 8 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto A DFC se completa com outras demonstrações financeiras como o Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL), permitindo assim que o leitor possa avaliar a geração do caixa, como também o financiamento do capital de giro e a capacidade de pagamento das obrigações. O Financial Accounting Standart Board (FASB) é o principal órgão responsável pela criação dos princípios de Contabilidade nos Estados Unidos da América, os US GAAP. A orientação e apresentação da DFC está definida no Statement of Financial Accounting Standards ( SFAS 95), obrigatório nos Estados Unidos a partir de 1988. Caixa e Equivalente de Caixa Para a elaboração da DFC, é necessário saber a definição de Caixa e Equivalente de Caixa. O caixa para a DFC representa a disponibilidade imediata de valores que estão em conta caixa e conta banco movimento, sendo que na conta caixa temos o dinheiro e na conta banco movimento temos os valores através dos depósitos bancários. Ambas as contas são apresentadas no Balanço Patrimonial, grupo Ativo Circulante, subgrupo disponibilidades. Assim, considera-se “Caixa” todo o dinheiro que a empresa tiver no cofre, no banco e em investimentos. Importante Valores em moedas estrangeiras, travellers, cheques, depósitos no banco, valores investidos no banco, tudo isso é considerado “equivalente de caixa”. Formas de Apresentação do Fluxo de Caixa O Fluxo de Caixa pode ser apresentado pelos Métodos Direto e Indireto. O Método Direto apresenta a movimentação das disponibilidades, ou seja, as contas caixa e banco, suas entradas e saídas. Quanto ao Método Indireto, é mais completo. Inicia-se a partir do Resultado Líquido do Exercício obtido através da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE –, e a este são efetuadas as adições e ou exclusões. Estrutura da DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa Sua estrutura divide as atividades da empresa em Operacionais, Financiamento e Investimentos. Caso ocorra prejuízo, a DFC também deverá ser elaborada. 9 Atividades Operacionais São as atividades principais que geram receita para a empresa. Normalmente estão relacionados às contas de resultados que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Podemos citar alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais: • Recebimentos de caixa obtidos pela venda de mercadorias ou pela prestação de serviços; • Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; • Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; • Pagamentos de caixa a empregados. Atividades de Investimentos As Atividades de Investimentos, na maioria das vezes, estão relacionada aos elementos patrimoniais do Ativo Não Circulante, que envolve, Ativo Realizável a Longo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. São a aquisição ou alienação, no caso de alienação ocorre quando há transferência de um bem para terceiros (3º), de ativos de longo prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. Você Sabia ? A alienação é a transferência da propriedade de um bem para um terceiro, sendo que a posse desse bem continua com o beneficiário. As instituições financeiras têm como uma praxe em muitas operações alienar um bem, pois, caso esse bem não seja pago, ou surjaalguma dificuldade, basta reaver a posse, o que é bem mais fácil do que reaver a propriedade. Sugestão: procure saber os conceitos de posse e propriedade no direito. Abaixo, alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de investimento: • Pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado, ativos intangíveis e outros ativos de longo prazo; • Recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo; • Pagamentos para aquisição de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto; • Recebimentos de caixa resultantes da venda de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto; • Adiantamentos de caixa e empréstimos concedidos a terceiros; • Recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos e amortização de empréstimos concedidos a terceiros; • Pagamentos de caixa por contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; • Recebimentos de caixa derivados de contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e contratos de swap. 10 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Importante Os contratos de swap representam um acordo entre duas partes que podem substituir o risco de uma posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em data futura, conforme critérios pré- estabelecidos. É um tipo de contrato comum em instituições financeiras, envolvendo taxas de juro, moedas e commodities e serve para avaliar e diminuir os riscos. Atividades de Financiamentos As atividades de financiamento representam as alterações no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos empréstimos da empresa. Podemos mencionar alguns exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de financiamento: • Caixa recebido pela emissão de ações ou quotas ou outros instrumentos patrimoniais; • Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações ou quotas da entidade; • Caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazo; • Pagamentos para amortização de empréstimo; • Pagamentos de caixa oriunda de uma operação de Leasing para redução do passivo. Normas Internacionais de Contabilidade Em 1972, durante o 10º Congresso Mundial dos Contadores, foi sugerida a criação de um comitê de pronunciamentos contábeis internacionais conhecido como IASC. O objetivo deste comitê seria formar e publicar um novo padrão de normas internacionais que fossem aceitas e entendidas em todo mundo. A Demonstração do Fluxo de Caixa foi regulamentada pela IAS 7. E as empresas que publicarem suas demonstrações em conformidade com os padrões internacionais deverão segui-la. Porém, no Brasil, as empresas estão tentando se adequar ao conjunto de normas internacionais e para a DFC a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o pronunciamento técnico CPC 03 e o Conselho Federal de Contabilidade através da Resolução 1.125 CFC/2008 aprovou a NBC T 3.8. 11 Modelos de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto A seguir, apresenta-se a estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Direto: I - ATIVIDADES OPERACIONAIS 1. ENTRADAS Vendas à vista Recebimento de clientes Outros 2. SAÍDAS Compras à vista Pagamentos a fornecedores Pagamento de tributos Pagamentos de salários e encargos Pagamentos de despesas (exceto financeiras) Outros SALDO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (1-2) II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS 3. ENTRADAS Venda de ativos investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Receitas financeiras Outros 4. SAÍDAS Investimentos no realizável de longo prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros SALDO DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (3-4) 12 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO 5. ENTRADAS Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos 6. SAÍDAS Amortização de empréstimos Despesas financeiras Distribuição de resultados SALDO DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (5-6) IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V) (modelo adaptado – NBC TG 03) A soma do resultado líquido em cada uma das atividades demonstra o total da variação do caixa. Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto A seguir, apresenta-se a estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto: I - ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro Líquido do Exercício Ajustes ( + ) Depreciações ( + / - ) Equivalência Patrimonial ( + / - ) Ganhos/Perdas de capital ( + / - ) Outros ajustes Variações nos ativos e passivos circulantes ( + ) Aumentos no passivo circulante ( + ) Reduções no ativo circulante ( - ) Aumentos no ativo circulante ( - ) Reduções no passivo circulante 13 FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DAS OPERAÇÕES II – ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Venda de ativo investimentos Venda de ativo imobilizado Venda de ativo intangível Recebimento de principal de empréstimos Investimentos no realizável de longo prazo Investimentos no ativo investimentos Investimentos no ativo imobilizado Investimentos no ativo intangível Concessão de empréstimos Outros FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE INVESTIMENTOS III – ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Emissão de ações Integralização de capital Novos empréstimos Amortização de empréstimos Distribuição de resultados FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO DE FINANCIAMENTO IV - SALDO DO PERÍODO (I + II + III) V - SALDO INICIAL DO DISPONÍVEL VI – SALDO FINAL DO DISPONÍVEL (IV + V) (modelo adaptado – NBC TG 03) 14 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Material Complementar Como um tema para complementar os seus estudos desta unidade, leia o seguinte artigo científico: DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA: APRESENTAÇÃO E DIVULGAÇÃO Resumo Este artigo tem por objetivo verificar a uniformidade das práticas de apresentação e divulgação das Demonstrações dos Fluxos de Caixa, divulgadas no Brasil no exercício de 2011, com o proposto no Pronunciamento CPC 03. Para isto, foram coletadas e analisadas as demonstrações dos fluxos de caixa e notas explicativas, de todas as companhias abertas, de todos os setores econômicos, listadas na BM&F Bovespa, que publicaram suas Demonstrações Contábeis no exercício de 2011. Os procedimentos de análise fundamentais são as comparações efetuadas entre os requerimentos exigidos pelo Pronunciamento CPC 03 com as práticas contábeis observadas nos relatórios publicados através de questões formuladas a partir das normas estabelecidas no Pronunciamento CPC 03. Os resultados demonstram que ainda há dúvidas de interpretação e aplicação do Pronunciamento CPC 03, independente do setor de atuação ou porte da entidade, tanto na apresentação, quanto na divulgação da DFC, por exemplo, agregação de contas e falta de uniformidade na classificação de algumas contas, como juros e dividendos, entre atividades operacionais, de investimento ou de financiamento. Explore Artigo completo disponível em: http://www.congressousp.fipecafi.org/web/artigos132013/264.pdf 15 Referências BRASIL ___. Lei nº 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedadesde grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11638.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. ___. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários: concede remissão nos casos em que específica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. 2011. Disponível em: < http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_ R1.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2014. Comitê de pronunciamentos contábeis (Brasília) (org.). Pronunciamento 26 (R1) Apresentação das demonstrações contábeis. 2011. Disponível em: < http://www.cpc.org. br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_R1_rev%2003.pdf >. Acesso em: 01 jul. 2014. IUDÍCIBUS, S. (Coord.) et al. Contabilidade introdutória. 10. ed. Equipe de professores da FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2010. QUINTANA, A. C. et al. (Org.). Exame de Suficiência do CFC Comentando: Aplicável aos demais Concursos Públicos da Área Contábil. São Paulo: Atlas, 2012. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2013. 16 Unidade: Demonstração do Fluxo de Caixa: Modelo Direito e Indireto Anotações
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